Cheguei a esse filme graças ao Nelson Rodrigues e conseguiu me surpreender positivamente. Para uma obra que repercutiu por conta de uma cena de sexo, me encanta como se revela inocente.
A ideia de espelhamento que rege a relação entre as personagens de Portman e Moore que é belíssima, somada a textura da fotografia e a invasão musical melodramática (digna de um thriller de 1990) deslocada que enriquece essa tentativa (sempre malsucedida) de recriação do Outro em si.
Nesse caso, torna-se ainda mais evidente a armadilha da nossa necessidade egocêntrica de revelação sobre algo que tem nada a ser revelado, pois já nos foi afirmado. Ou seja, nossa incapacidade de aceitar uma situação onde nos é simbolicamente privado a submissão do Outro à nossas fantasias.
Aronosfsky tropeça nas sutilezas do texto de A Baleia, mas não Fraser, que consegue nos lembrar que Moby Dick não é uma literal fera albina. De novo, o choque entre a direção misantropa e atuações humanas resulta num filme que provoca e bipolariza opiniões.
Mais uma vez, um filme com camadas. Pode-se discutir sobre a cultura midiatizada, sobre a questão do olhar, nossa relação com outras espécies e o modo como os exploramos, a própria Hollywood, sobre luto e o desejo de legado (um que seja registrado)... Mas o que me pegou foi:
Eu compreendo o objetivo dos anacronismos da ambientação do filme, porém se fosse algo estabelecido desde o começo (como em Titus, da Julie Taymor, ou em Romeu + Julieta) não surgiria como ruído, uma traição à própria proposta de filme de época.
Mesmo que o efeito ambicionado fosse justamente o rompimento em prol da crítica, como acontece em A Marvada Carne, acaba se perdendo pela mau gestão das invasões da atualidade.
Este é um dos "documentários" mais antiéticos que acredito ter visto. Talvez só não seja mais pelo único ato de bom senso (ou restrição legal, mais provável) de Sami Saif de não ter incluído o suicídio na edição.
Cruella tinha a obrigação de ter uma boa direção de arte, já a trilha musical é um capricho muito bem recebido. Por outro lado, o roteiro é mediano, não vai muito além do que se propõem e surpreende apenas pelo histórico de insucessos da Disney em reinventar em live action seus clássicos.
Por fim, dizer que esta é a melhor atuação de Emma Stone é quase um desrespeito à atriz diante de seu desempenho em A Favorita, de Yorgos Lanthimos.
'Eu, Empresa' é uma atualização de 'André, a Cara e a Coragem' e 'Um Homem Sem Importância' (ambos de 1971), expondo o quanto regredimos e quanto os atuais discursos de sucesso e empreendedorismo mascaram os velhos e os novos problemas. A escolha de fundir a trama com cenas de caráter documental é sagaz, no entanto sinto fortemente que o filme deveria ter acabado aos 75 minutos. As cenas finais seguintes, independente das intenções, aliviam a angústia que não deveria ser aliviada. Logo, a solução do problema acaba meio que traindo toda a crítica construída.
A força do filme está justamente no sentimento de "ser o estranho apesar de ser o nativo". A analogia da espécie exótica invasora é didática e uma p*ta ducha fria.
Os Novos Mutantes é essa bomba que dizem? Não. Então o filme é bom? Também não.
O que deixa o filme apático é justamente o medo em assumir o tom de terror claramente desenhado no começo da produção e que se manifesta de modo morno ao longo da trama. Honestamente, Os Novos Mutantes tem um bom material, só faltou o tempero certo.
O filme é o Mulholland Drive de Charlie Kaufman, o que não me surpreende tanto visto suas marcas autorais em obras passadas.
Pessoalmente, não compreendo as queixas de que o filme não faz sentido se Kaufman nos entrega tudo nos diálogos e voz-overs. Tudo que é necessário para compreender a obra é explicado nas falas e pensamentos. Nesse aspecto ele é bem mais solidário do que Lynch
Os Amantes
3.9 60Cheguei a esse filme graças ao Nelson Rodrigues e conseguiu me surpreender positivamente. Para uma obra que repercutiu por conta de uma cena de sexo, me encanta como se revela inocente.
Segredos de um Escândalo
3.5 287 Assista AgoraA ideia de espelhamento que rege a relação entre as personagens de Portman e Moore que é belíssima, somada a textura da fotografia e a invasão musical melodramática (digna de um thriller de 1990) deslocada que enriquece essa tentativa (sempre malsucedida) de recriação do Outro em si.
Nesse caso, torna-se ainda mais evidente a armadilha da nossa necessidade egocêntrica de revelação sobre algo que tem nada a ser revelado, pois já nos foi afirmado. Ou seja, nossa incapacidade de aceitar uma situação onde nos é simbolicamente privado a submissão do Outro à nossas fantasias.
World Apartment Horror
3.3 3Sem ironia, a falta de sutileza da metáfora é um dos pontos mais fortes do filme. Infelizmente, carece de personalidade.
Drácula: A Última Viagem do Deméter
2.9 230 Assista AgoraDrácula, o oitavo passageiro.
Gonjiam: Manicômio Assombrado
3.0 110 Assista AgoraO filme leva 2/3 para engatar. Segue a receita sem arriscar muito, executando o que propõe bem e sem grandes invenções, maaas
a cena da Charlotte no quarto 402 com o bicho contorcido é uma das melhores do gênero, algo que eu não via a anos e que carrega o filme nas costas.
A Baleia
4.0 1,0K Assista AgoraAronosfsky tropeça nas sutilezas do texto de A Baleia, mas não Fraser, que consegue nos lembrar que Moby Dick não é uma literal fera albina. De novo, o choque entre a direção misantropa e atuações humanas resulta num filme que provoca e bipolariza opiniões.
Não! Não Olhe!
3.5 1,3K Assista AgoraMais uma vez, um filme com camadas. Pode-se discutir sobre a cultura midiatizada, sobre a questão do olhar, nossa relação com outras espécies e o modo como os exploramos, a própria Hollywood, sobre luto e o desejo de legado (um que seja registrado)... Mas o que me pegou foi:
Jordan Peele assistiu a Neon Genesis Evangelion, e sustentarei isso até que se comprove o contrário.
Avalon
3.5 11Na primeira vez que assisti, confesso ter achado regular. Porém, após ler Baudrillard este filme cresceu muito para mim.
Incêndios
4.5 1,9KOlha, esse filme tem uma pancada nível Sófocles que dificilmente se encontra por aí. Ainda bem que assisti sem ter visto os spoilers.
Bob Cuspe: Nós Não Gostamos de Gente
3.7 39Pirandello mandando um forte 'Salve' neste filme.
Todos os Mortos
3.1 29 Assista AgoraEu compreendo o objetivo dos anacronismos da ambientação do filme, porém se fosse algo estabelecido desde o começo (como em Titus, da Julie Taymor, ou em Romeu + Julieta) não surgiria como ruído, uma traição à própria proposta de filme de época.
Mesmo que o efeito ambicionado fosse justamente o rompimento em prol da crítica, como acontece em A Marvada Carne, acaba se perdendo pela mau gestão das invasões da atualidade.
The House
3.6 151Este filme é uma das coisas mais bizarras que já assisti.
Amei.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraFoi só eu ou mais alguém teve a impressão de que transformaram o Skarsgard no Marlon Brando pro papel de Barão Harkonnen?
Jesus Kid
2.5 23 Assista AgoraAdoro essas obras à Pirandello.
The Video Diary of Ricardo Lopez
2.9 1Este é um dos "documentários" mais antiéticos que acredito ter visto. Talvez só não seja mais pelo único ato de bom senso (ou restrição legal, mais provável) de Sami Saif de não ter incluído o suicídio na edição.
Cruella
4.0 1,4K Assista AgoraCruella tinha a obrigação de ter uma boa direção de arte, já a trilha musical é um capricho muito bem recebido. Por outro lado, o roteiro é mediano, não vai muito além do que se propõem e surpreende apenas pelo histórico de insucessos da Disney em reinventar em live action seus clássicos.
Por fim, dizer que esta é a melhor atuação de Emma Stone é quase um desrespeito à atriz diante de seu desempenho em A Favorita, de Yorgos Lanthimos.
História do Oculto
3.5 42 Assista AgoraGente, e esse WandaVision sul-americano? Que sagacidade do filme em retratar a situação política local e que manejo de ritmo. Uma ótima surpresa.
O Som do Silêncio
4.1 985 Assista Agora"Mas para mim, esses momentos de quietude, esse lugar, é o Reino de Deus".
Fala potente.
Eu, Empresa
3.2 14'Eu, Empresa' é uma atualização de 'André, a Cara e a Coragem' e 'Um Homem Sem Importância' (ambos de 1971), expondo o quanto regredimos e quanto os atuais discursos de sucesso e empreendedorismo mascaram os velhos e os novos problemas. A escolha de fundir a trama com cenas de caráter documental é sagaz, no entanto sinto fortemente que o filme deveria ter acabado aos 75 minutos. As cenas finais seguintes, independente das intenções, aliviam a angústia que não deveria ser aliviada. Logo, a solução do problema acaba meio que traindo toda a crítica construída.
A Febre
3.8 55A força do filme está justamente no sentimento de "ser o estranho apesar de ser o nativo". A analogia da espécie exótica invasora é didática e uma p*ta ducha fria.
Mank
3.2 462 Assista AgoraSem dúvidas, Cidadão Kane foi o ápice e a sentença tanto de Mank como de Wellles.
Wolfwalkers
4.3 236 Assista AgoraO Canto do Mar já tinha me deixado satisfeito, mas Wolfwalkers conseguiu ser uma das minhas animações preferidas. Conto de fadas bem feito.
Os Novos Mutantes
2.6 719 Assista AgoraOs Novos Mutantes é essa bomba que dizem? Não.
Então o filme é bom? Também não.
O que deixa o filme apático é justamente o medo em assumir o tom de terror claramente desenhado no começo da produção e que se manifesta de modo morno ao longo da trama. Honestamente, Os Novos Mutantes tem um bom material, só faltou o tempero certo.
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraO filme é o Mulholland Drive de Charlie Kaufman, o que não me surpreende tanto visto suas marcas autorais em obras passadas.
Pessoalmente, não compreendo as queixas de que o filme não faz sentido se Kaufman nos entrega tudo nos diálogos e voz-overs. Tudo que é necessário para compreender a obra é explicado nas falas e pensamentos. Nesse aspecto ele é bem mais solidário do que Lynch