Tem algumas coisas interessantes, mas empalidece ao lado de "Deus e o Diabo", "Terra em Transe" ou "Antonio das Mortes". Um filme menor do Glauber, mas que dá para identificar alguns elementos de suas futuras narrativas.
Que belo controle de mise-en-scene! Em certos aspectos, esse filme é mais maduro do que "A Aventura" ou até "A Noite". Cortes realmente necessários e enquadramentos inesquecíveis com ótimo uso da tridimensionalidade e de recursos que expressam certo afastamento, como personagens atrás de portas ou janelas. E o final é bem chocante! Realmente um filme incrível que explora a complexidade dos relacionamentos interpessoais pela ótica de um cara "desequilibrado".
Simplesmente perfeito! Sem palavras para o que esse filme representou e ainda representa. Glauber é com certeza um dos maiores artistas que esse país já viu. Unindo o neorrealismo com a nouvelle vague, esse filme nos apresenta uma das experiências mais viscerais e talentosas do cinema. Obra de primeira categoria!
Esse filme é um verdadeiro monumento! Impressionante como a Nouvelle Vague nos trouxe grandes mestres que sabiam dominar uma câmera como poucos. E Jacques Demy foi uma dessas criações esplêndidas do movimento francês. Suas mudanças de perspectivas, o modo como quebra a quarta parede, como organiza sua mise-en-scene. Demy faz coisas espetaculares e consegue evocar as melhores sensações que um musical pode trazer. Te deixa em êxtase. Belíssimo!
E a Paixão por Godard que só vem crescendo dentro de mim? Anarquia cinematográfica realizada de modo sublime... Pena que não se fazem mais filmes assim...
Que incrível filme de Kurosawa! Mais uma vez provando o porquê é considerado um mestre. Esse filme tem alguma das sequências mais marcantes do cinema dele que eu já vi: a mulher contando sobre sua infância, o flashback dentro do flashback, o monólogo da filha do enfermo, o poço, o protagonista assistindo à uma morte, etc. É realmente difícil escolher apenas uma dessas sequências para nomear como a melhor. Kurosawa realmente tem um domínio incrível da mise-en-scene. As atuações são brilhantes (destaque para o elenco infantil) e o melodrama é realizado na dose certa. Emocionante e cruel!
De Palma também teve seu momento de lançar mais de uma obra-prima no mesmo ano. No caso de 1976, grande ano para o cinema, foram "Carrie" e "Obsession" os filmes gigantes de De Palma. Eu realmente sou um grande admirador de seu trabalho. Seu talento para o cinema é incrível e esse filme é cheio de provas. Por exemplo o plano da passagem de tempo ou a introdução da personagem Sandra, entre outros. Enfim, mais um filme gigante do De Palma. Para assistir e se maravilhar.
Essa é a melhor coisa já feita sobre "Carrie". E nisso eu incluo o próprio livro do Stephan King. Acho que é o filme de terror mais poético que eu já vi. Lembro de mim, mais ou menos 4 anos atrás, um jovem garoto que tinha preconceitos com filmes antigos, assistindo ao "Carrie" de 2013 e adorando o filme. Tinha me apaixonado por aquele filme e tinha certeza que ele era bem melhor que a versão de 76, mesmo me recusando a assistir o filme. Até que um belo dia eu decidi assistir a versão de 76 e gostei bem mais que a versão de 2013. Não sabia muito bem o porquê, mas tinha ficado bem mais tenso e mais perturbado. Eis que, depois de anos, depois de ter assistido um penca de filmes e estudado o cinema mais profundamente, revi esse filme que, como já disse, se consolidou como uma obra-prima. Na revisão, eu cheguei a chorar, coisa que eu pensaria que iria me ocorrer. Mas, como eu disse, a poesia desse filme me pegou de surpresa. Desde a primeira cena já fiquei emocionado e, com o decorrer da narrativa, Carrie foi cada vez mais conquistando meu coração. Falar que a direção de De Palma é incrível é redundância, mas pqp, toda a sequência do baile é uma aula (daí se percebe a influência de Hitchcock)! Está na minha lista de cenas mais tensas que eu já vi (e olha que eu já sabia tudo o que ia acontecer). Enfim, realmente mexeu comigo...
Caramba! Que aula de cinema é esse filme. De Palma é um diretor genial que realmente entende a essência do cinema. Cada plano se torna um espetáculo nesse filme. É realmente perfeito a mescla entre filme policial investigativo e slasher. Um dos melhores filmes sobre espionagem que já vi, realmente uma obra-prima! Estou tão encantado que irei ver outro De Palma agorinha!
Obra-prima absoluta sobre as essências mais selvagens do ser humano. Cada vez que penso, mais belo esse filme fica. Diria sim que não é só um dos melhores filmes de terror que eu já vi, mas também um dos melhores filmes eróticos que eu já vi. Todas as interpretações são de espetaculares para cima. Roteiro simples, bem costurado e bem fechadinho, e é incrível. Shindo, pelo menos nesse único filme que eu vi seu, tem habilidade de mestre. Enfim, só algumas observações. E O FINAL É DE ARREPIAR DE TÃO INCRÍVEL!
Uma das coisas mais legais do cinema (da arte, no geral) é conseguir fazer com o espectador extraia para si diversos significados de uma única obra, significados estes que trazem diferentes reflexões sobre o que foi proposto e acabam multiplicando a capacidade da obra de acrescentar algo no espectador. Por isso odeio o termo "conclusão" e suas variantes quando se trata de arte, não é necessário ter apenas uma conclusão. Se fosse isso, qual seria a graça de vermos e revermos filmes como 2001, Persona ou A Regra do Jogo (entre muitos outros)? Pra que restringir algo que pode te acrescentar tantas coisas? Dito isso, esse último de Tarkovsky é um desses filmes com um leque gigante de possibilidades. Ele pode ser sobre a perda da fé e da esperança da sociedade moderna ou sobre o fanatismo que a fé e a esperança podem causar em um humano. Ou os dois ao mesmo tempo, afinal, o filme tem elementos suficientes para sustentar ambos. Tarkovsky foi um dos grandes mestres do cinema. Tinha um domínio da linguagem cinematográfica como poucos. Era imbatível na técnica dos planos-sequências e das sequências oníricas. Sem falar da poesia de seus filmes, que arrebata qualquer um que se deixa levar por suas obras. Mesmo com poucos filmes em sua carreira, o diretor conseguiu ter mais obras-primas no currículo do que muito diretores por aí que tem mais de 50 filmes.
Que filme belíssimo!! Acho que foi o melhor filme do Dreyer que vi desde Joana D'Arc! A habilidade dele de contar uma história é fantástica! Extremamente econômico, o diretor utiliza longos e belos planos sequências que chega a arrepiar. Ele sabe a hora de cortar e mover a câmera, deixando os atores conduzirem as cenas, que são extremamente intensas apesar da "inexpressividade" dos atores. É, com certeza, um dos melhores filmes sobre o vazio existencial e sobre relacionamentos que eu já vi. Uma história sobre a loucura do amor contada de forma poeticamente magistral! Me apaixonei <3
É apenas o terceiro filme que eu assisto do Mizoguchi, mas também é a sua terceira obra-prima que vejo. Que filme deslumbrante! Todos os planos-sequência, movimentos bem calculados de câmera, mise-en-scene impecável! Tudo realmente muito perfeito! Com um ritmo perfeito, esse filme segue a Oharu, mostrando toda a sua decadência e como o seu passado de cortesã a assombra e destrói sua vida. Nesse sentido, o filme se torna até um pouco perturbador, ainda mais com a magnífica performance de Kinuyo Tanaka, que encarna todos os sentimentos da personagem de maneira genial. É um filme deprimente e tocante mais extremamente importante, até os dias de hoje, inclusive!
É o primeiro filme que assisto do mestre indiano e eu me apaixonei! Sobre um homem cujo orgulho e ignorância começam a consumi-lo e fazem com que sua vida e fortuna acabem decaindo, criando aqui um dos melhores filmes que eu já vi sobre o declínio de um homem. A direção de Ray é incrível. Utilizando uma câmera que se movimenta elegantemente, ele cria um dinamismo necessário (já que o filme se passa dentro de um palácio) que encanta qualquer admirador do cinema. Além disso, a fotografia do filme é bastante expressiva, utilizando um jogo de luz e sombras para realçar os sentimentos do personagem principal. Há muita utilização de símbolos incríveis aqui, como a utilização do lustre que vai adquirindo diversos significados ao longo do filme à medida que o personagem vai caminhando ao seu declínio. Contando com sequências magníficas, como as musicais e a sequência dos lustres se apagando (talvez a minha preferida do filme), "A Sala de Música" é uma obra-prima para ser admirada e endeusada!
Esse filme é excelente! A direção do Antonioni é muito interessante, principalmente o controle da mise-en-scene. O tema da incomunicabilidade foi muito bem trabalhado, todos os diálogos não ditos, os desejos reprimidos, as palavras que não conseguem traduzir os sentimentos. É um belíssimo trabalho! Infelizmente achei o filme um pouco longo e cansativo, mas ele me prendeu o suficiente para me deixar ansioso para ver o "A Noite". Enfim, é demais!
Há filmes que transcendem o conceito de perfeição. E com certeza "O Intendente Sansho" é um deles! É um dos filmes mais comoventes que eu já vi, construído de uma forma muito inteligente e sensível. Eu derramei lágrimas em pelo menos 4 cenas diferentes. A simplicidade da direção do Mizoguchi aqui é o que torna o filme realmente impactante. Por exemplo: uma das cenas mais comoventes é quando os irmãos, já adultos, vão recolher galhos e palha para construir uma coberta para a personagem que está à beira da morte. Essa cena não poderia ser construída de maneira mais simples. Apenas pelo fato de já ter sido apresentado para o público uma cena dos dois crianças fazendo algo semelhante, a intensidade dramática da cena de ambos adultos é absurda e diz muito sobre o momento. E o final do filme é daqueles de despedaçar o coração! Um dos finais mais intensos que eu já vi...
Caramba!! Daqueles filmes de terror que você não vai esquecer facilmente, com certeza! Um filme extremamente tenso e claustrofóbico e muito bem construído. Tem estilo e apresenta cenas realmente violentas e chocantes
(uma das que mais me marcou foi quando a mulher matou a amiga dela sem querer)
. Os monstros são excelentes. Um visual que parece uma espécie de anfíbio carnívoro com inspiração no Nosferatu. E a movimentação deles é bem rasteira, me lembrou bastante o "Mad Max: Fury Road". Acho que a única coisa que me irritou um pouco foi a utilização da trilha-sonora, principalmente nas cenas mais emocionantes. Aquela trilha com batidas curtas e seguidas que lembra as trilhas do John Carpenter é incrível, mas achei ela pouco utilizada, predominando as trilhas mais convencionais. O que é uma pena, pois tem cenas que seriam bem melhores mais cruas, sem a presença da trilha, que acaba transformando alguns momentos em melodramáticos
O filme é excelente!! Tanto pelas atuações (onde todas são sensacionais), quanto pela construção do suspense. Um filme realmente tenso e angustiante. Meu único problema com o filme é a trilha-sonora que incomoda bastante. Ela é muito presente (embora tenham sequências incríveis sem som) e acaba tirando o peso emocional de cenas que poderiam ser incríveis. Mas é um filmaço!
Essa obra-prima do Bergman, que compõe a segunda parte da "Trilogia do Silêncio", é um filme que arranca todas as armaduras do espectador e permite que ele entre na pele do personagem principal, que está sofrendo uma das doenças mais complicadas que um ser humano pode aguentar: a incerteza sobre todos os seus preceitos e o confronto contra a sua natureza ignorante e hostil. Gunnar Bjornstrand, nesse filme, oferece umas das performances mais incríveis que eu já vi. Acompanhando o seu personagem e todas as suas dúvidas, inseguranças e culpa, o ator dá uma aula de atuação, desde a maneira como o seu rosto evidencia as incertezas até a maneira como o ator treme em uma momento de abalo emocional do personagem. Tomas não aguenta mais viver naquele mundo onde Deus é egoísta e silencioso, só aparecendo para ele em momentos íntimos de glória mas destruindo cada vez mais o mundo. Não aguenta mais viver sob a máscara do samaritano enquanto transborda uma ignorância de dentro dele que ele não pode ignorar. Além de tudo isso, o filme ainda consegue desromantizar a imagem sacra do pastor, mostrando um ser essencialmente humano que tem dúvidas e possui diversos erros e defeitos.
Enigma do Poder
3.5 40Adorei! Ferrara é realmente incrível... E o que é aquela baixíssima nota do IMDB??
Profissão: Repórter
4.0 90Mais uma obra-prima de mistério dos anos 70, uma das décadas de ouro do gênero. É também o melhor filme de Antonioni junto com "O Grito".
Romance na Itália
3.9 34A cena do museu é inesquecível!
Barravento
3.9 70Tem algumas coisas interessantes, mas empalidece ao lado de "Deus e o Diabo", "Terra em Transe" ou "Antonio das Mortes".
Um filme menor do Glauber, mas que dá para identificar alguns elementos de suas futuras narrativas.
O Grito
4.0 21Que belo controle de mise-en-scene! Em certos aspectos, esse filme é mais maduro do que "A Aventura" ou até "A Noite". Cortes realmente necessários e enquadramentos inesquecíveis com ótimo uso da tridimensionalidade e de recursos que expressam certo afastamento, como personagens atrás de portas ou janelas.
E o final é bem chocante! Realmente um filme incrível que explora a complexidade dos relacionamentos interpessoais pela ótica de um cara "desequilibrado".
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 430 Assista AgoraSimplesmente perfeito! Sem palavras para o que esse filme representou e ainda representa. Glauber é com certeza um dos maiores artistas que esse país já viu.
Unindo o neorrealismo com a nouvelle vague, esse filme nos apresenta uma das experiências mais viscerais e talentosas do cinema. Obra de primeira categoria!
O Show Deve Continuar
4.0 126 Assista AgoraUm dos melhores filmes americanos de uma das melhores décadas do cinema americano.
Sensual, cru, delirante e corajoso. Absurdo!
Duas Garotas Românticas
4.1 65 Assista AgoraEsse filme é um verdadeiro monumento!
Impressionante como a Nouvelle Vague nos trouxe grandes mestres que sabiam dominar uma câmera como poucos. E Jacques Demy foi uma dessas criações esplêndidas do movimento francês.
Suas mudanças de perspectivas, o modo como quebra a quarta parede, como organiza sua mise-en-scene. Demy faz coisas espetaculares e consegue evocar as melhores sensações que um musical pode trazer. Te deixa em êxtase.
Belíssimo!
A Rua da Vergonha
4.2 25Caramba, como o Mizoguchi consegue nos deixar arrebatados depois de assistir a um de seus filmes!
Passion
3.5 17E a Paixão por Godard que só vem crescendo dentro de mim?
Anarquia cinematográfica realizada de modo sublime... Pena que não se fazem mais filmes assim...
O Barba Ruiva
4.4 26Que incrível filme de Kurosawa! Mais uma vez provando o porquê é considerado um mestre.
Esse filme tem alguma das sequências mais marcantes do cinema dele que eu já vi: a mulher contando sobre sua infância, o flashback dentro do flashback, o monólogo da filha do enfermo, o poço, o protagonista assistindo à uma morte, etc. É realmente difícil escolher apenas uma dessas sequências para nomear como a melhor. Kurosawa realmente tem um domínio incrível da mise-en-scene.
As atuações são brilhantes (destaque para o elenco infantil) e o melodrama é realizado na dose certa.
Emocionante e cruel!
Trágica Obsessão
3.8 60De Palma também teve seu momento de lançar mais de uma obra-prima no mesmo ano. No caso de 1976, grande ano para o cinema, foram "Carrie" e "Obsession" os filmes gigantes de De Palma.
Eu realmente sou um grande admirador de seu trabalho. Seu talento para o cinema é incrível e esse filme é cheio de provas. Por exemplo o plano da passagem de tempo ou a introdução da personagem Sandra, entre outros.
Enfim, mais um filme gigante do De Palma. Para assistir e se maravilhar.
Carrie, a Estranha
3.7 1,4K Assista AgoraEssa é a melhor coisa já feita sobre "Carrie". E nisso eu incluo o próprio livro do Stephan King. Acho que é o filme de terror mais poético que eu já vi.
Lembro de mim, mais ou menos 4 anos atrás, um jovem garoto que tinha preconceitos com filmes antigos, assistindo ao "Carrie" de 2013 e adorando o filme. Tinha me apaixonado por aquele filme e tinha certeza que ele era bem melhor que a versão de 76, mesmo me recusando a assistir o filme. Até que um belo dia eu decidi assistir a versão de 76 e gostei bem mais que a versão de 2013. Não sabia muito bem o porquê, mas tinha ficado bem mais tenso e mais perturbado.
Eis que, depois de anos, depois de ter assistido um penca de filmes e estudado o cinema mais profundamente, revi esse filme que, como já disse, se consolidou como uma obra-prima.
Na revisão, eu cheguei a chorar, coisa que eu pensaria que iria me ocorrer. Mas, como eu disse, a poesia desse filme me pegou de surpresa. Desde a primeira cena já fiquei emocionado e, com o decorrer da narrativa, Carrie foi cada vez mais conquistando meu coração.
Falar que a direção de De Palma é incrível é redundância, mas pqp, toda a sequência do baile é uma aula (daí se percebe a influência de Hitchcock)! Está na minha lista de cenas mais tensas que eu já vi (e olha que eu já sabia tudo o que ia acontecer).
Enfim, realmente mexeu comigo...
Um Tiro na Noite
3.9 236 Assista AgoraCaramba! Que aula de cinema é esse filme.
De Palma é um diretor genial que realmente entende a essência do cinema. Cada plano se torna um espetáculo nesse filme. É realmente perfeito a mescla entre filme policial investigativo e slasher. Um dos melhores filmes sobre espionagem que já vi, realmente uma obra-prima!
Estou tão encantado que irei ver outro De Palma agorinha!
Onibaba: A Mulher Demônio
4.1 117Obra-prima absoluta sobre as essências mais selvagens do ser humano. Cada vez que penso, mais belo esse filme fica. Diria sim que não é só um dos melhores filmes de terror que eu já vi, mas também um dos melhores filmes eróticos que eu já vi. Todas as interpretações são de espetaculares para cima. Roteiro simples, bem costurado e bem fechadinho, e é incrível. Shindo, pelo menos nesse único filme que eu vi seu, tem habilidade de mestre. Enfim, só algumas observações.
E O FINAL É DE ARREPIAR DE TÃO INCRÍVEL!
O Sacrifício
4.3 148Uma das coisas mais legais do cinema (da arte, no geral) é conseguir fazer com o espectador extraia para si diversos significados de uma única obra, significados estes que trazem diferentes reflexões sobre o que foi proposto e acabam multiplicando a capacidade da obra de acrescentar algo no espectador. Por isso odeio o termo "conclusão" e suas variantes quando se trata de arte, não é necessário ter apenas uma conclusão. Se fosse isso, qual seria a graça de vermos e revermos filmes como 2001, Persona ou A Regra do Jogo (entre muitos outros)? Pra que restringir algo que pode te acrescentar tantas coisas?
Dito isso, esse último de Tarkovsky é um desses filmes com um leque gigante de possibilidades. Ele pode ser sobre a perda da fé e da esperança da sociedade moderna ou sobre o fanatismo que a fé e a esperança podem causar em um humano. Ou os dois ao mesmo tempo, afinal, o filme tem elementos suficientes para sustentar ambos.
Tarkovsky foi um dos grandes mestres do cinema. Tinha um domínio da linguagem cinematográfica como poucos. Era imbatível na técnica dos planos-sequências e das sequências oníricas. Sem falar da poesia de seus filmes, que arrebata qualquer um que se deixa levar por suas obras.
Mesmo com poucos filmes em sua carreira, o diretor conseguiu ter mais obras-primas no currículo do que muito diretores por aí que tem mais de 50 filmes.
Gertrud
4.1 33Que filme belíssimo!! Acho que foi o melhor filme do Dreyer que vi desde Joana D'Arc!
A habilidade dele de contar uma história é fantástica! Extremamente econômico, o diretor utiliza longos e belos planos sequências que chega a arrepiar. Ele sabe a hora de cortar e mover a câmera, deixando os atores conduzirem as cenas, que são extremamente intensas apesar da "inexpressividade" dos atores.
É, com certeza, um dos melhores filmes sobre o vazio existencial e sobre relacionamentos que eu já vi. Uma história sobre a loucura do amor contada de forma poeticamente magistral! Me apaixonei <3
Oharu - A Vida de uma Cortesã
4.4 24 Assista AgoraÉ apenas o terceiro filme que eu assisto do Mizoguchi, mas também é a sua terceira obra-prima que vejo.
Que filme deslumbrante! Todos os planos-sequência, movimentos bem calculados de câmera, mise-en-scene impecável! Tudo realmente muito perfeito!
Com um ritmo perfeito, esse filme segue a Oharu, mostrando toda a sua decadência e como o seu passado de cortesã a assombra e destrói sua vida. Nesse sentido, o filme se torna até um pouco perturbador, ainda mais com a magnífica performance de Kinuyo Tanaka, que encarna todos os sentimentos da personagem de maneira genial.
É um filme deprimente e tocante mais extremamente importante, até os dias de hoje, inclusive!
A Sala de Música
4.0 19É o primeiro filme que assisto do mestre indiano e eu me apaixonei!
Sobre um homem cujo orgulho e ignorância começam a consumi-lo e fazem com que sua vida e fortuna acabem decaindo, criando aqui um dos melhores filmes que eu já vi sobre o declínio de um homem.
A direção de Ray é incrível. Utilizando uma câmera que se movimenta elegantemente, ele cria um dinamismo necessário (já que o filme se passa dentro de um palácio) que encanta qualquer admirador do cinema. Além disso, a fotografia do filme é bastante expressiva, utilizando um jogo de luz e sombras para realçar os sentimentos do personagem principal.
Há muita utilização de símbolos incríveis aqui, como a utilização do lustre que vai adquirindo diversos significados ao longo do filme à medida que o personagem vai caminhando ao seu declínio.
Contando com sequências magníficas, como as musicais e a sequência dos lustres se apagando (talvez a minha preferida do filme), "A Sala de Música" é uma obra-prima para ser admirada e endeusada!
A Aventura
4.1 113Esse filme é excelente!
A direção do Antonioni é muito interessante, principalmente o controle da mise-en-scene.
O tema da incomunicabilidade foi muito bem trabalhado, todos os diálogos não ditos, os desejos reprimidos, as palavras que não conseguem traduzir os sentimentos. É um belíssimo trabalho!
Infelizmente achei o filme um pouco longo e cansativo, mas ele me prendeu o suficiente para me deixar ansioso para ver o "A Noite". Enfim, é demais!
O Intendente Sansho
4.5 65Há filmes que transcendem o conceito de perfeição. E com certeza "O Intendente Sansho" é um deles!
É um dos filmes mais comoventes que eu já vi, construído de uma forma muito inteligente e sensível. Eu derramei lágrimas em pelo menos 4 cenas diferentes.
A simplicidade da direção do Mizoguchi aqui é o que torna o filme realmente impactante. Por exemplo: uma das cenas mais comoventes é quando os irmãos, já adultos, vão recolher galhos e palha para construir uma coberta para a personagem que está à beira da morte. Essa cena não poderia ser construída de maneira mais simples. Apenas pelo fato de já ter sido apresentado para o público uma cena dos dois crianças fazendo algo semelhante, a intensidade dramática da cena de ambos adultos é absurda e diz muito sobre o momento.
E o final do filme é daqueles de despedaçar o coração! Um dos finais mais intensos que eu já vi...
Abismo do Medo
3.2 884 Assista AgoraCaramba!! Daqueles filmes de terror que você não vai esquecer facilmente, com certeza!
Um filme extremamente tenso e claustrofóbico e muito bem construído. Tem estilo e apresenta cenas realmente violentas e chocantes
(uma das que mais me marcou foi quando a mulher matou a amiga dela sem querer)
Os monstros são excelentes. Um visual que parece uma espécie de anfíbio carnívoro com inspiração no Nosferatu. E a movimentação deles é bem rasteira, me lembrou bastante o "Mad Max: Fury Road".
Acho que a única coisa que me irritou um pouco foi a utilização da trilha-sonora, principalmente nas cenas mais emocionantes. Aquela trilha com batidas curtas e seguidas que lembra as trilhas do John Carpenter é incrível, mas achei ela pouco utilizada, predominando as trilhas mais convencionais. O que é uma pena, pois tem cenas que seriam bem melhores mais cruas, sem a presença da trilha, que acaba transformando alguns momentos em melodramáticos
(como aquela em que a personagem sacrifica sua amiga com uma pedra)
Enfim, é um filme espetacular que entra, com certeza, para a lista de melhores filmes de terror do século.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraO filme é excelente!! Tanto pelas atuações (onde todas são sensacionais), quanto pela construção do suspense. Um filme realmente tenso e angustiante.
Meu único problema com o filme é a trilha-sonora que incomoda bastante. Ela é muito presente (embora tenham sequências incríveis sem som) e acaba tirando o peso emocional de cenas que poderiam ser incríveis.
Mas é um filmaço!
Luz de Inverno
4.3 173Essa obra-prima do Bergman, que compõe a segunda parte da "Trilogia do Silêncio", é um filme que arranca todas as armaduras do espectador e permite que ele entre na pele do personagem principal, que está sofrendo uma das doenças mais complicadas que um ser humano pode aguentar: a incerteza sobre todos os seus preceitos e o confronto contra a sua natureza ignorante e hostil.
Gunnar Bjornstrand, nesse filme, oferece umas das performances mais incríveis que eu já vi. Acompanhando o seu personagem e todas as suas dúvidas, inseguranças e culpa, o ator dá uma aula de atuação, desde a maneira como o seu rosto evidencia as incertezas até a maneira como o ator treme em uma momento de abalo emocional do personagem.
Tomas não aguenta mais viver naquele mundo onde Deus é egoísta e silencioso, só aparecendo para ele em momentos íntimos de glória mas destruindo cada vez mais o mundo. Não aguenta mais viver sob a máscara do samaritano enquanto transborda uma ignorância de dentro dele que ele não pode ignorar.
Além de tudo isso, o filme ainda consegue desromantizar a imagem sacra do pastor, mostrando um ser essencialmente humano que tem dúvidas e possui diversos erros e defeitos.