Na história acompanhamos Paul Baumer, um estudante alemão que se alistou no exército juntamente com todos os seus colegas de classe, inspirados pelo sentimento nacionalista que tomava conta da Alemanha à época. Quem estava na idade de se alistar e não o fazia era tido como um verdadeiro covarde e uma vergonha para a família, amigos e pátria. Assim, uma guerra que os alemães pensavam que já estava ganha e que duraria poucos meses, acabou se estendendo por quatro anos e devastando o país, com milhares de vidas jovens perdidas e uma economia quebrada. Os jovens, animados pelo sentimento nacionalista, viram-se em uma guerra sem sentido, passando, além dos horrores dos combates, por privações de sono e comida e constantemente ameaçados pela morte. No dia a dia das trincheiras, o sentimento nacionalista se torna distante e o medo da morte desesperadoramente próximo. Ao longo do filme, mesmo tentando evitar, fiquei o tempo todo comparando-o com o livro, o que tirou um pouco do seu impacto. Eu penso que foi uma boa adaptação, ainda mais se considerando os recursos da época e, de fato, as cenas de batalhas foram bem feitas, mas duas horas não me pareceram suficientes para adaptar a obra de Remarque. Além disso, como o livro é narrado em primeira pessoa, além de contar o que está vivendo, Paul também nos conta o que está sentindo, seus medos, sofrimentos, desilusões e como a guerra destruiu seus sonhos e sua própria juventude, pois mesmo se a guerra não o matasse, ele estaria marcado para sempre. Ou seja, muitas das observações e reflexões mais críticas e impactantes em relação à guerra, no livro, são os seus pensamentos, o que faz o leitor se aproximar do personagem e se sentir mais angustiado com a situação; já no filme, algumas observações feitas pelos personagens não me pareceram naturais - inclusive, algumas ficaram expositivas demais. É uma história difícil de adaptar, tanto pelo conteúdo quanto pela forma como a narrativa é construída no livro, por isso, no filme, algumas partes ficaram, na minha perspectiva, um pouco "corridas", o que não permitiu que eu me conectasse com os personagens (e muitas cenas aconteceram de forma bastante diferentes, especialmente levando-se em consideração que, no livro, no começo da narrativa, Paul e seus amigos já estão na guerra há quase dois anos, pois eles se alistaram logo no começo da guerra, então o alistamento, treinamento e primeiros anos são contados como lembranças que se misturam, na narrativa, com o que está acontecendo "em tempo real" e com os pensamentos e angústias do protagonista).
Eu não sabia ao certo o que esperar de Bonnie e Clyde, e preferi não criar expectativas, até por eu já conhecer um pouco da história real do casal, mas me surpreendi positivamente, apesar do filme não ser fiel à realidade em diversos pontos. Arthur Penn conseguiu adaptar e “condensar” a história de Bonnie e Clyde em menos de duas horas, entregando um filme instigante tanto em relação ao enredo principal como em relação ao pano de fundo histórico da Grande Depressão, o que eu, particularmente, achei até mais interessante por mostrar um pouco do cenário econômico e social dos Estados Unidos da década de 30 e como parte da população enxergava Bonnie e Clyde, apesar de serem criminosos, como símbolos da luta contra a opressão do Estado. Eu gostei bastante das atuações da Faye Dunaway e do Warren Beatty e eles deixaram os personagens bem carismáticos. No que concerne ao desenrolar da história em si, eu me incomodei um pouco com algumas transições, na primeira metade do filme, que deixaram a sensação de certos eventos estarem ocorrendo rápido demais e não parecerem verossímeis (eu sei que os cortes rápidos e o ritmo mais frenético são uma marca da Nova Hollywood, mas em certas cenas isso atrapalhou o meu envolvimento com a história). Já na segunda metade, o ritmo mais acelerado funcionou muito bem, especialmente nas cenas de ação, o que me deixou mais engajada na história central.
Um filme que trata sobre a vida de uma forma simples, delicada, sensível e um pouco nostálgica. Terminei de assistir com um sorriso no rosto e uma sensação reconfortante. Por mais que seja uma história fictícia sobre uma realidade diferente da minha, me senti ligada àquela cidade e àquelas pessoas, justamente por não haver nada mais simples e verdadeiro do que uma história sobre a vida, a passagem do tempo, a necessidade de conhecer o que está além da nossa realidade, os relacionamentos que construímos com os outros, as perdas e desilusões e, como um adeus, às vezes, é uma maneira de encontrarmos a nós mesmos: “Cada um de nós tem uma estrela para seguir. Vai embora daqui...O que vieste procurar não está mais aqui. O que era teu, desapareceu. Tens de ficar ausente por muito tempo antes que possas voltar e encontrar o que conheces.” Além disso, a trilha sonora do Ennio Morricone, como sempre, é belíssima; o elenco é extremamente carismático; e Cinema Paradiso ainda faz uma bela homenagem ao cinema.
Apocalypse Now é, definitivamente, um dos filmes mais intensos que já assisti. O roteiro, inicialmente, consistiria na adaptação, feita por Millus, do livro Coração das Trevas, mas Coppola acabou realizando diversas modificações por achar o enredo problemático. A história acompanha um oficial do exército americano que precisa cumprir uma missão que se torna cada mais problemática e expõe toda a insanidade e falta de sentido que a Guerra do Vietnã representava bem como os impactos na sanidade mental dos soldados. É interessante que apesar de ter a Guerra do Vietnã como pano de fundo, a crítica se concentra, na minha visão, mais na política de guerra americana e na relação entre civilização e selvageria que muito foi usada, ao longo da nossa história, para justificar os projetos de colonização. O filme, ainda, impressiona do ponto de vista técnico, em especial as montagens, enquadramentos e efeitos sonoros que muito contribuem para a construção da ideia de horror. Além disso, a forma como os acontecimentos vão se desenrolando é sufocante e tensa de assistir, especialmente em razão da atmosfera de loucura/alucinação que se intensifica na segunda metade da história – o que fica visível com a deterioração mental dos personagens. Um dos melhores filmes que já assisti.
Cantando na Chuva é um daqueles filmes que quando terminam deixam uma sensação boa e é uma mistura bem sucedida de musical, romance, comédia e um leve toque de drama. Eu sempre achei musicais divertidos, apesar de não ser meu gênero preferido, mas acho que até mesmo quem não gosta vai se entusiasmar assistindo a Cantando na Chuva. O roteiro em si é simples, mas bem executado e as cenas musicais funcionam muito bem, especialmente por terem um toque cômico, o que proporciona leveza ao filme – as danças são muito contagiantes e Gene Kelly está extremamente carismático. Um dos pontos que eu mais gostei na história foi a abordagem da transição do cinema mudo para o sonoro - já que, apesar da produção ser de 1952, a história se passa na década de 20, e faz referência, inclusive, ao Cantor de Jazz – sendo mostrados os desafios dessa transição e como a forma de “fazer cinema” mudou bem como as dificuldades que os estúdios passaram com a captação de som. Cantando na Chuva ainda me lembrou de Crepúsculo dos Deuses (apesar do direcionamento diferente) no que se refere ao impacto que o cinema sonoro gerou na carreira de alguns atores e atrizes consagrados no cinema mudo. O filme tem, ainda, momentos irônicos e de crítica a si mesmo, além de mostrar a presença dos tabloides (as fofocas e polêmicas do mundo dos famosos), mas tudo de forma muito leve e, inclusive, apresentando os produtores de cinema de uma forma muito bondosa - o que não corresponde exatamente a realidade, especialmente no que se refere às grandes produtoras, como é o caso da MGM, mas é compreensível que não era esse o direcionamento do filme. Enfim, vale muito a pena assistir.
Eu acho incrível como Kubrick conseguiu entregar obras impressionantes em gêneros diversos e sempre com uma presença maior ou menor de crítica política ou social. É interessante que o filme, inspirado no livro Red Alert de Peter George (que o publicou sob um pseudônimo porque o autor na época ainda era oficial da Força Aérea), inicialmente, seria um drama sério, mas Kubrick acabou decidindo que o roteiro funcionaria melhor como uma comédia que satirizasse a Guerra Fria. E convenhamos que uma coisa é satirizar uma guerra/época/movimento depois deste haver terminado, outra bem diferente é satirizar a Guerra Fria em plena Guerra Fria. E a forma como o humor foi construído no filme está intrinsicamente ligada ao medo, desconforto e tensões políticas causadas pela Guerra Fria (e se o filme hoje causa aquele "riso nervoso" que mistura humor e tensão, eu fico imaginando o que na época as pessoas devem ter sentido ao assistir). E, se fosse possível resumir, para mim, Dr, Fantástico em uma frase seria o slogan da força aérea, afinal uma força armada ter como slogan "Paz é a nossa profissão" não poderia ser mais contraditório.
Quando um filme é classificado em tantas listas como o melhor do mundo ou nas primeiras posições de melhor do mundo, nossas expectativas ficam altas demais. Mas, no caso de Cidadão Kane, minhas expectativas foram até superadas. Eu achei o filme impressionante tanto do ponto de vista técnico (com os todos os planos em foco, as transição das cenas, a maquiagem bastante convincente em relação ao envelhecimento dos personagens) quanto do roteiro. A forma como a narrativa é construída e como aos poucos a imagem de quem seria Kane vai se formando na nossa cabeça é extremamente interessante, ainda mais se considerando que essa visão é construída a partir da perspectiva de seus admiradores e desafetos, sendo, assim, bastante parcial. E mesmo que o personagem, em um primeiro momento, não seja alguém com quem consigamos nos identificar (afinal não somos homens bilionários de moral duvidosa e que viveram no século XX), aos poucos certos nuances nos aproximam de Kane – a forma como ideais podem ser perdidos, a busca por sentido e felicidade e a necessidade de nos sentirmos amados e até admirados são características terrivelmente humanas. E resta a reflexão: será mesmo possível resumir uma vida em uma palavra? Ou melhor: é possível resumir uma vida? E para quem se interessa pelos bastidores, estes também têm histórias interessantes e que valem a pena serem conferidas, como as dificuldades de produção do filme e a pessoa real na qual Kane foi inspirado (e que rendeu um inimigo poderoso a Orson Welles).
Assisti ao filme e fiquei com sentimentos conflitantes a respeito da história e, por isso, decidi não avaliar. Ao mesmo tempo que a trama passa mensagens bonitas acerca da amizade, inteligência, bondade e coragem, também tem uns momentos um pouco perturbadores e eticamente duvidosos, mas que são apresentados como se não fossem um problema. Somado a isso, quando eu fui pesquisar mais sobre os bastidores do filme, eu fiquei angustiada e revoltada com os abusos que a Judy Garland sofreu. O filme é, de fato, lindo visualmente falando, ainda mais quando se tem o contraste entre o preto e o branco do Kansas e as cores vibrantes de Oz e, além disso, a maquiagem, os figurinos, os efeitos forem muito bem trabalhados, impressionando por ser uma produção de 1939. Também, como musical, o Mágico de Oz é muito cativante, tanto pelas músicas em si quanto pela voz belíssima da Judy Garland; e eu achei bastante interessante a reflexão que o filme parece propor sobre o que verdadeiramente é coragem, bondade e inteligência e como essas qualidades são socialmente relacionadas a diplomas, medalhas e condecorações.
Luzes da Cidade consegue mesclar a comédia e o romance de uma forma muito natural. É uma história, de maneira geral, muito “simples”, mas que consegue ser divertida e fofa – e, inclusive, dos filmes do Chaplin que eu assisti, esse foi o “romance” que me pareceu mais genuíno. E as interações do Carlitos com o milionário bêbado são muito divertidas e compõem minhas cenas preferidas do filme.
A sensação que eu senti durante todo o filme foi uma mistura de desconforto com divertimento, o que na minha perspectiva define muito bem o desenrolar dos acontecimentos. É quase palpável o desconforto, perceptível através das atuações e dos diálogos, dos personagens que parecem, em alguns momentos, estarem a ponto de “rirem de desespero”. E o mais “desconfortavelmente engraçado” é a forma como a sucessão de erros leva os personagens a complicarem ainda mais suas vidas a ponto de não terem como voltar atrás – é como se eles estivessem em um círculo vicioso de criar um problema para resolver outro problema, o que resulta em um problema ainda maior. É também muito interessante o contraste entre os personagens que se comportam de uma forma estranhamente calma e os que estão à beira de um colapso nervoso.
O plot twist da história pode até não ser tão surpreendente, afinal, um pouco depois da metade do filme é possível suspeitar dessa possibilidade narrativa, mas ainda sim a trama consegue prender a atenção, instigando a curiosidade e a expectativa acerca do seu desfecho. A sensação que eu tive é que eu poderia separar o filme em duas histórias: uma com base no que inicialmente o filme sugere e a outra com base na virada do roteiro – virada essa que, inclusive, torna o desenrolar dos acontecimentos mais plausível. É interessante como, além do enredo em si, o cenário, a fotografia e até a maquiagem dos atores são essenciais para a construção do tom sombrio e misterioso da história.
Esse filme me deixou indignada de uma forma que parecia que eu estava vivendo aquela história – justamente por saber que algo assim poderia facilmente ter ocorrido na realidade. Eu não sei nem o que me deixou mais revoltada: o descaso dos oficiais para com as vidas dos soldados, sendo suas mortes no máximo uma inconveniência; os generais preocupados apenas com suas carreiras e reputações; ou a forma como o caso contra os acusados foi fabricado, não sendo garantido nem o mínimo que seria o devido processo legal. Glória Feita de Sangue é o tipo de filme o qual não tem como ficar indiferente, mais uma obra impressionante de Kubrick.
Provavelmente já fizeram essa associação muitas vezes, mas assim que comecei a assistir a The Rocky Horror Picture Show, eu só consegui pensar que essa era a definição de uma “festa estranha com gente esquisita”. Uma mistura de musical, ficção científica, comédia e terror, com um roteiro bastante ousado, especialmente no que se refere à sexualidade, esse filme é muito bizarro e divertido (e Tim Curry está maravilhoso no papel de Frank).
E pensar que tudo transcorreu em menos de uma semana. Sempre que eu entro em contato com alguma obra/produção relativa a Romeu e Julieta, eu deixo de lado o ceticismo e quando menos espero já estou torcendo pelo casal (mesmo sendo em vão). E que versão mais linda foi essa de Zeffirelli; com direito, ainda, a umas cenas um tanto cômicas. Além disso, Olivia Hussey e Leonard Whiting estão excelentes e conseguiram transmitir toda ingenuidade e emoção dos seus personagens. Mas, certamente, o que mais me encantou foi a trilha sonora maravilhosa de Nino Rota.
Eu achei esse filme bastante instigante, e só liguei os pontos do que realmente havia acontecido poucos minutos antes da revelação através da carta não entregue. É muito interessante a forma como a história inicialmente sugere algo e depois segue um rumo diferente, ao mesmo tempo em que trabalha com a acrofobia e o desenvolvimento da obsessão do protagonista. E as cenas dos créditos iniciais e do sonho psicodélico são maravilhosas, assim como a representação dos momentos de vertigem do Scottie. Algumas atitudes dos personagens não foram muito convincentes para mim, mas o filme foi tão intrigante que eu não me ative a elas.
Terminei o filme angustiada, mas afinal é sobre isso que é uma guerra – fome, medo, perseguição, mortes, miséria e tristeza – e Rossellini não nos poupa de nada. Roma, Cidade Aberta é um retrato cru e dolorido da Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Na história temos uma Itália marcada pela guerra, com racionamento de comida, toques de recolher, presença de soldados alemães e perseguições a quaisquer atividades suspeitas – Rossellini lança aqui um olhar sobre civis que fizeram parte da Resistência Italiana (movimento de oposição ao fascismo e à ocupação nazista). Fico pensando no impacto que o filme deve ter tido na época, já que foi lançado cerca de vinte e cinco dias após o fim oficial da Segunda Guerra Mundial.
Que filme! Logo nos primeiros diálogos, eu já sabia que Casablanca entraria para os meus preferidos. A história gira em torno de um triângulo amoroso e tem como pano de fundo os “refugiados” que estão fugindo da perseguição nazista para a Cidade de Casablanca (que funciona como uma espécie de “purgatório” no sentido de ser a rota de fuga para a Lisboa e posteriormente para os EUA, mas na qual as pessoas poderiam passar anos até conseguirem sair). Além disso, cheio de momentos memoráveis, diálogos inteligentes e personagens interessantes, Casablanca é uma mistura muito bem executada de trama romântica e política na qual até os clichês funcionam bem.
É incrível que mesmo já sabendo o que aconteceria com os personagens, eu ainda fiquei extremamente envolvida na história e no suspense de Psicose. A forma como o enredo vai se revelando cria uma tensão que explode toda vez que o Prelúdio de Bernard Herrmann é tocado, já em antecipação ao que vai acontecer. E que atuação de Anthony Perkins. A única parte que eu não gosto é a da “explicação” que me parece um pouco desnecessária.
Um filme aparentemente fofinho e leve, mas que tem como pano de fundo a época da depressão americana e cuja história gira em torno de uma menina órfã que fica aos cuidados - um tanto quanto negligentes - de um estranho, que pode ou não ser seu pai. Moses, o estranho, é um trambiqueiro que vê na pequena Addie (que também leva jeito para a trapaça) uma parceira de negócios. E mesmo com esse pano de fundo, o filme consegue ser divertido e ter um clima gostoso de “filmes de estrada” – e a fotografia belíssima torna o filme ainda mais cativante. Além disso, os personagens são muito carismáticos e a pequena Tatum O’Neal, então com nove anos, entrega uma atuação impressionante, e é bastante convincente a forma como a relação de “pai e filha” vai se desenvolvendo (o fato de serem pai e filha na vida real muito contribui para a química em cena). No que se refere a parte “moral”, a forma como a história é conduzida nos faz simpatizar com os protagonistas, ainda que as suas ações sejam bastantes questionáveis e, apesar de Moses ser trapaceiro, ele não é uma pessoa ruim e a Addie é apenas uma criança que provavelmente sempre foi negligenciada e que não tem muita noção de certo ou errado. Para além disso, o filme também tem seus momentos realmente desconfortáveis – as cenas nas quais a Tatum aparece fumando me deixaram muito incomodada.
Não acredito que me “desencantei” com um dos meus filmes preferidos de quando eu era criança. Eu sei a importância de Tubarão para o cinema, Spielberg foi extremamente engenhoso na construção do suspense, e a trilha-sonora é maravilhosa (e essencial para a construção da tensão). Mas, sinceramente, assistindo recentemente, eu achei o filme, em muitos momentos, arrastado e os personagens dividi mentalmente em dois grupos: os que eu era indiferente e os que eu estava torcendo para o tubarão comer logo.
Touro Indomável possui uma carga dramática muito forte, tornando um pouco agoniante assistir aos altos e baixos da vida de Jake LaMotta. Scorsese soube trabalhar muito bem com o roteiro, conseguindo nos envolver na história mesmo que o protagonista seja, na maior parte do tempo, extremamente detestável. Foi bastante difícil de acompanhar as atitudes de LaMotta - ele é abusivo, violento e egoísta - mas ainda sim é deprimente a forma como ele vai afundando sua vida e deteriorando seus relacionamentos.
Um Sonho de Liberdade é um daqueles filmes que parecem ser quase uma unanimidade, com uma história e protagonistas cativantes e com a mensagem de esperança – algo que nos é tão estimado. É um filme lento (no bom sentido) que nos situa naquele mundo e que vai nos envolvendo na história de Andy – a ideia de alguém que perde sua liberdade de forma injusta é tão angustiante que automaticamente a gente pensa: “e se fosse eu?”. Além disso, Frank Darabont conseguiu trabalhar o filme muito bem, fazendo com que emocione e passando as mensagens de esperança, liberdade, amizade e persistência, mas sem se tornar piegas; e Morgan Freeman e Tim Robbins estão ótimos em seus papéis, sendo bastante convincente a construção da relação de amizade.
Assisti ao Em busca do Ouro com expectativas elevadas por ter ouvido que esse era um das obras mais engraçadas do Chaplin, e terminei de assistir com a sensação de que faltou algo.
Em Nascido para matar, acompanhamos os horrores da guerra sob uma perspectiva mais psicológica, através do processo de desumanização dos soldados que passam, na primeira parte do filme, por uma verdadeira lavagem cerebral para se tornarem “perfeitas” máquinas de matar. Na segunda parte, ainda temos a presença da “imprensa”, usada para construir uma boa imagem da ofensiva americana – “Caso não saiba, essa não é uma guerra popular. Nosso trabalho é divulgar notícias que justifiquem nossa ação para os repórteres civis.” O filme é impressionante, e além da crítica cortante não só à guerra do Vietnã, mas a todas as guerras; ainda é muito bem dirigido e tem uma trilha-sonora maravilhosa e excelentes atuações.
Sem Novidade no Front
4.3 140 Assista AgoraNa história acompanhamos Paul Baumer, um estudante alemão que se alistou no exército juntamente com todos os seus colegas de classe, inspirados pelo sentimento nacionalista que tomava conta da Alemanha à época. Quem estava na idade de se alistar e não o fazia era tido como um verdadeiro covarde e uma vergonha para a família, amigos e pátria. Assim, uma guerra que os alemães pensavam que já estava ganha e que duraria poucos meses, acabou se estendendo por quatro anos e devastando o país, com milhares de vidas jovens perdidas e uma economia quebrada. Os jovens, animados pelo sentimento nacionalista, viram-se em uma guerra sem sentido, passando, além dos horrores dos combates, por privações de sono e comida e constantemente ameaçados pela morte. No dia a dia das trincheiras, o sentimento nacionalista se torna distante e o medo da morte desesperadoramente próximo.
Ao longo do filme, mesmo tentando evitar, fiquei o tempo todo comparando-o com o livro, o que tirou um pouco do seu impacto. Eu penso que foi uma boa adaptação, ainda mais se considerando os recursos da época e, de fato, as cenas de batalhas foram bem feitas, mas duas horas não me pareceram suficientes para adaptar a obra de Remarque. Além disso, como o livro é narrado em primeira pessoa, além de contar o que está vivendo, Paul também nos conta o que está sentindo, seus medos, sofrimentos, desilusões e como a guerra destruiu seus sonhos e sua própria juventude, pois mesmo se a guerra não o matasse, ele estaria marcado para sempre. Ou seja, muitas das observações e reflexões mais críticas e impactantes em relação à guerra, no livro, são os seus pensamentos, o que faz o leitor se aproximar do personagem e se sentir mais angustiado com a situação; já no filme, algumas observações feitas pelos personagens não me pareceram naturais - inclusive, algumas ficaram expositivas demais. É uma história difícil de adaptar, tanto pelo conteúdo quanto pela forma como a narrativa é construída no livro, por isso, no filme, algumas partes ficaram, na minha perspectiva, um pouco "corridas", o que não permitiu que eu me conectasse com os personagens (e muitas cenas aconteceram de forma bastante diferentes, especialmente levando-se em consideração que, no livro, no começo da narrativa, Paul e seus amigos já estão na guerra há quase dois anos, pois eles se alistaram logo no começo da guerra, então o alistamento, treinamento e primeiros anos são contados como lembranças que se misturam, na narrativa, com o que está acontecendo "em tempo real" e com os pensamentos e angústias do protagonista).
Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas
4.0 399 Assista AgoraEu não sabia ao certo o que esperar de Bonnie e Clyde, e preferi não criar expectativas, até por eu já conhecer um pouco da história real do casal, mas me surpreendi positivamente, apesar do filme não ser fiel à realidade em diversos pontos. Arthur Penn conseguiu adaptar e “condensar” a história de Bonnie e Clyde em menos de duas horas, entregando um filme instigante tanto em relação ao enredo principal como em relação ao pano de fundo histórico da Grande Depressão, o que eu, particularmente, achei até mais interessante por mostrar um pouco do cenário econômico e social dos Estados Unidos da década de 30 e como parte da população enxergava Bonnie e Clyde, apesar de serem criminosos, como símbolos da luta contra a opressão do Estado. Eu gostei bastante das atuações da Faye Dunaway e do Warren Beatty e eles deixaram os personagens bem carismáticos. No que concerne ao desenrolar da história em si, eu me incomodei um pouco com algumas transições, na primeira metade do filme, que deixaram a sensação de certos eventos estarem ocorrendo rápido demais e não parecerem verossímeis (eu sei que os cortes rápidos e o ritmo mais frenético são uma marca da Nova Hollywood, mas em certas cenas isso atrapalhou o meu envolvimento com a história). Já na segunda metade, o ritmo mais acelerado funcionou muito bem, especialmente nas cenas de ação, o que me deixou mais engajada na história central.
Cinema Paradiso
4.5 1,4K Assista AgoraUm filme que trata sobre a vida de uma forma simples, delicada, sensível e um pouco nostálgica. Terminei de assistir com um sorriso no rosto e uma sensação reconfortante. Por mais que seja uma história fictícia sobre uma realidade diferente da minha, me senti ligada àquela cidade e àquelas pessoas, justamente por não haver nada mais simples e verdadeiro do que uma história sobre a vida, a passagem do tempo, a necessidade de conhecer o que está além da nossa realidade, os relacionamentos que construímos com os outros, as perdas e desilusões e, como um adeus, às vezes, é uma maneira de encontrarmos a nós mesmos: “Cada um de nós tem uma estrela para seguir. Vai embora daqui...O que vieste procurar não está mais aqui. O que era teu, desapareceu. Tens de ficar ausente por muito tempo antes que possas voltar e encontrar o que conheces.” Além disso, a trilha sonora do Ennio Morricone, como sempre, é belíssima; o elenco é extremamente carismático; e Cinema Paradiso ainda faz uma bela homenagem ao cinema.
Apocalypse Now
4.3 1,2K Assista AgoraApocalypse Now é, definitivamente, um dos filmes mais intensos que já assisti. O roteiro, inicialmente, consistiria na adaptação, feita por Millus, do livro Coração das Trevas, mas Coppola acabou realizando diversas modificações por achar o enredo problemático. A história acompanha um oficial do exército americano que precisa cumprir uma missão que se torna cada mais problemática e expõe toda a insanidade e falta de sentido que a Guerra do Vietnã representava bem como os impactos na sanidade mental dos soldados. É interessante que apesar de ter a Guerra do Vietnã como pano de fundo, a crítica se concentra, na minha visão, mais na política de guerra americana e na relação entre civilização e selvageria que muito foi usada, ao longo da nossa história, para justificar os projetos de colonização.
O filme, ainda, impressiona do ponto de vista técnico, em especial as montagens, enquadramentos e efeitos sonoros que muito contribuem para a construção da ideia de horror. Além disso, a forma como os acontecimentos vão se desenrolando é sufocante e tensa de assistir, especialmente em razão da atmosfera de loucura/alucinação que se intensifica na segunda metade da história – o que fica visível com a deterioração mental dos personagens. Um dos melhores filmes que já assisti.
Cantando na Chuva
4.4 1,1K Assista AgoraCantando na Chuva é um daqueles filmes que quando terminam deixam uma sensação boa e é uma mistura bem sucedida de musical, romance, comédia e um leve toque de drama. Eu sempre achei musicais divertidos, apesar de não ser meu gênero preferido, mas acho que até mesmo quem não gosta vai se entusiasmar assistindo a Cantando na Chuva. O roteiro em si é simples, mas bem executado e as cenas musicais funcionam muito bem, especialmente por terem um toque cômico, o que proporciona leveza ao filme – as danças são muito contagiantes e Gene Kelly está extremamente carismático. Um dos pontos que eu mais gostei na história foi a abordagem da transição do cinema mudo para o sonoro - já que, apesar da produção ser de 1952, a história se passa na década de 20, e faz referência, inclusive, ao Cantor de Jazz – sendo mostrados os desafios dessa transição e como a forma de “fazer cinema” mudou bem como as dificuldades que os estúdios passaram com a captação de som. Cantando na Chuva ainda me lembrou de Crepúsculo dos Deuses (apesar do direcionamento diferente) no que se refere ao impacto que o cinema sonoro gerou na carreira de alguns atores e atrizes consagrados no cinema mudo. O filme tem, ainda, momentos irônicos e de crítica a si mesmo, além de mostrar a presença dos tabloides (as fofocas e polêmicas do mundo dos famosos), mas tudo de forma muito leve e, inclusive, apresentando os produtores de cinema de uma forma muito bondosa - o que não corresponde exatamente a realidade, especialmente no que se refere às grandes produtoras, como é o caso da MGM, mas é compreensível que não era esse o direcionamento do filme. Enfim, vale muito a pena assistir.
Dr. Fantástico
4.2 665 Assista AgoraEu acho incrível como Kubrick conseguiu entregar obras impressionantes em gêneros diversos e sempre com uma presença maior ou menor de crítica política ou social. É interessante que o filme, inspirado no livro Red Alert de Peter George (que o publicou sob um pseudônimo porque o autor na época ainda era oficial da Força Aérea), inicialmente, seria um drama sério, mas Kubrick acabou decidindo que o roteiro funcionaria melhor como uma comédia que satirizasse a Guerra Fria. E convenhamos que uma coisa é satirizar uma guerra/época/movimento depois deste haver terminado, outra bem diferente é satirizar a Guerra Fria em plena Guerra Fria. E a forma como o humor foi construído no filme está intrinsicamente ligada ao medo, desconforto e tensões políticas causadas pela Guerra Fria (e se o filme hoje causa aquele "riso nervoso" que mistura humor e tensão, eu fico imaginando o que na época as pessoas devem ter sentido ao assistir). E, se fosse possível resumir, para mim, Dr, Fantástico em uma frase seria o slogan da força aérea, afinal uma força armada ter como slogan "Paz é a nossa profissão" não poderia ser mais contraditório.
Cidadão Kane
4.3 990 Assista AgoraQuando um filme é classificado em tantas listas como o melhor do mundo ou nas primeiras posições de melhor do mundo, nossas expectativas ficam altas demais. Mas, no caso de Cidadão Kane, minhas expectativas foram até superadas. Eu achei o filme impressionante tanto do ponto de vista técnico (com os todos os planos em foco, as transição das cenas, a maquiagem bastante convincente em relação ao envelhecimento dos personagens) quanto do roteiro. A forma como a narrativa é construída e como aos poucos a imagem de quem seria Kane vai se formando na nossa cabeça é extremamente interessante, ainda mais se considerando que essa visão é construída a partir da perspectiva de seus admiradores e desafetos, sendo, assim, bastante parcial. E mesmo que o personagem, em um primeiro momento, não seja alguém com quem consigamos nos identificar (afinal não somos homens bilionários de moral duvidosa e que viveram no século XX), aos poucos certos nuances nos aproximam de Kane – a forma como ideais podem ser perdidos, a busca por sentido e felicidade e a necessidade de nos sentirmos amados e até admirados são características terrivelmente humanas. E resta a reflexão: será mesmo possível resumir uma vida em uma palavra? Ou melhor: é possível resumir uma vida?
E para quem se interessa pelos bastidores, estes também têm histórias interessantes e que valem a pena serem conferidas, como as dificuldades de produção do filme e a pessoa real na qual Kane foi inspirado (e que rendeu um inimigo poderoso a Orson Welles).
O Mágico de Oz
4.2 1,3K Assista AgoraAssisti ao filme e fiquei com sentimentos conflitantes a respeito da história e, por isso, decidi não avaliar. Ao mesmo tempo que a trama passa mensagens bonitas acerca da amizade, inteligência, bondade e coragem, também tem uns momentos um pouco perturbadores e eticamente duvidosos, mas que são apresentados como se não fossem um problema. Somado a isso, quando eu fui pesquisar mais sobre os bastidores do filme, eu fiquei angustiada e revoltada com os abusos que a Judy Garland sofreu. O filme é, de fato, lindo visualmente falando, ainda mais quando se tem o contraste entre o preto e o branco do Kansas e as cores vibrantes de Oz e, além disso, a maquiagem, os figurinos, os efeitos forem muito bem trabalhados, impressionando por ser uma produção de 1939. Também, como musical, o Mágico de Oz é muito cativante, tanto pelas músicas em si quanto pela voz belíssima da Judy Garland; e eu achei bastante interessante a reflexão que o filme parece propor sobre o que verdadeiramente é coragem, bondade e inteligência e como essas qualidades são socialmente relacionadas a diplomas, medalhas e condecorações.
Luzes da Cidade
4.6 625 Assista AgoraLuzes da Cidade consegue mesclar a comédia e o romance de uma forma muito natural. É uma história, de maneira geral, muito “simples”, mas que consegue ser divertida e fofa – e, inclusive, dos filmes do Chaplin que eu assisti, esse foi o “romance” que me pareceu mais genuíno. E as interações do Carlitos com o milionário bêbado são muito divertidas e compõem minhas cenas preferidas do filme.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 920 Assista AgoraA sensação que eu senti durante todo o filme foi uma mistura de desconforto com divertimento, o que na minha perspectiva define muito bem o desenrolar dos acontecimentos. É quase palpável o desconforto, perceptível através das atuações e dos diálogos, dos personagens que parecem, em alguns momentos, estarem a ponto de “rirem de desespero”. E o mais “desconfortavelmente engraçado” é a forma como a sucessão de erros leva os personagens a complicarem ainda mais suas vidas a ponto de não terem como voltar atrás – é como se eles estivessem em um círculo vicioso de criar um problema para resolver outro problema, o que resulta em um problema ainda maior. É também muito interessante o contraste entre os personagens que se comportam de uma forma estranhamente calma e os que estão à beira de um colapso nervoso.
O Gabinete do Dr. Caligari
4.3 524 Assista AgoraO plot twist da história pode até não ser tão surpreendente, afinal, um pouco depois da metade do filme é possível suspeitar dessa possibilidade narrativa, mas ainda sim a trama consegue prender a atenção, instigando a curiosidade e a expectativa acerca do seu desfecho. A sensação que eu tive é que eu poderia separar o filme em duas histórias: uma com base no que inicialmente o filme sugere e a outra com base na virada do roteiro – virada essa que, inclusive, torna o desenrolar dos acontecimentos mais plausível. É interessante como, além do enredo em si, o cenário, a fotografia e até a maquiagem dos atores são essenciais para a construção do tom sombrio e misterioso da história.
Glória Feita de Sangue
4.4 448 Assista AgoraEsse filme me deixou indignada de uma forma que parecia que eu estava vivendo aquela história – justamente por saber que algo assim poderia facilmente ter ocorrido na realidade. Eu não sei nem o que me deixou mais revoltada: o descaso dos oficiais para com as vidas dos soldados, sendo suas mortes no máximo uma inconveniência; os generais preocupados apenas com suas carreiras e reputações; ou a forma como o caso contra os acusados foi fabricado, não sendo garantido nem o mínimo que seria o devido processo legal. Glória Feita de Sangue é o tipo de filme o qual não tem como ficar indiferente, mais uma obra impressionante de Kubrick.
The Rocky Horror Picture Show
4.1 1,3K Assista AgoraProvavelmente já fizeram essa associação muitas vezes, mas assim que comecei a assistir a The Rocky Horror Picture Show, eu só consegui pensar que essa era a definição de uma “festa estranha com gente esquisita”. Uma mistura de musical, ficção científica, comédia e terror, com um roteiro bastante ousado, especialmente no que se refere à sexualidade, esse filme é muito bizarro e divertido (e Tim Curry está maravilhoso no papel de Frank).
Romeu e Julieta
4.1 269 Assista AgoraE pensar que tudo transcorreu em menos de uma semana. Sempre que eu entro em contato com alguma obra/produção relativa a Romeu e Julieta, eu deixo de lado o ceticismo e quando menos espero já estou torcendo pelo casal (mesmo sendo em vão). E que versão mais linda foi essa de Zeffirelli; com direito, ainda, a umas cenas um tanto cômicas. Além disso, Olivia Hussey e Leonard Whiting estão excelentes e conseguiram transmitir toda ingenuidade e emoção dos seus personagens. Mas, certamente, o que mais me encantou foi a trilha sonora maravilhosa de Nino Rota.
Um Corpo que Cai
4.2 1,3K Assista AgoraEu achei esse filme bastante instigante, e só liguei os pontos do que realmente havia acontecido poucos minutos antes da revelação através da carta não entregue. É muito interessante a forma como a história inicialmente sugere algo e depois segue um rumo diferente, ao mesmo tempo em que trabalha com a acrofobia e o desenvolvimento da obsessão do protagonista. E as cenas dos créditos iniciais e do sonho psicodélico são maravilhosas, assim como a representação dos momentos de vertigem do Scottie. Algumas atitudes dos personagens não foram muito convincentes para mim, mas o filme foi tão intrigante que eu não me ative a elas.
Roma, Cidade Aberta
4.3 119 Assista AgoraTerminei o filme angustiada, mas afinal é sobre isso que é uma guerra – fome, medo, perseguição, mortes, miséria e tristeza – e Rossellini não nos poupa de nada. Roma, Cidade Aberta é um retrato cru e dolorido da Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Na história temos uma Itália marcada pela guerra, com racionamento de comida, toques de recolher, presença de soldados alemães e perseguições a quaisquer atividades suspeitas – Rossellini lança aqui um olhar sobre civis que fizeram parte da Resistência Italiana (movimento de oposição ao fascismo e à ocupação nazista). Fico pensando no impacto que o filme deve ter tido na época, já que foi lançado cerca de vinte e cinco dias após o fim oficial da Segunda Guerra Mundial.
Casablanca
4.3 1,0K Assista AgoraQue filme! Logo nos primeiros diálogos, eu já sabia que Casablanca entraria para os meus preferidos. A história gira em torno de um triângulo amoroso e tem como pano de fundo os “refugiados” que estão fugindo da perseguição nazista para a Cidade de Casablanca (que funciona como uma espécie de “purgatório” no sentido de ser a rota de fuga para a Lisboa e posteriormente para os EUA, mas na qual as pessoas poderiam passar anos até conseguirem sair). Além disso, cheio de momentos memoráveis, diálogos inteligentes e personagens interessantes, Casablanca é uma mistura muito bem executada de trama romântica e política na qual até os clichês funcionam bem.
Psicose
4.4 2,5K Assista AgoraÉ incrível que mesmo já sabendo o que aconteceria com os personagens, eu ainda fiquei extremamente envolvida na história e no suspense de Psicose. A forma como o enredo vai se revelando cria uma tensão que explode toda vez que o Prelúdio de Bernard Herrmann é tocado, já em antecipação ao que vai acontecer. E que atuação de Anthony Perkins. A única parte que eu não gosto é a da “explicação” que me parece um pouco desnecessária.
Lua de Papel
4.3 156 Assista AgoraUm filme aparentemente fofinho e leve, mas que tem como pano de fundo a época da depressão americana e cuja história gira em torno de uma menina órfã que fica aos cuidados - um tanto quanto negligentes - de um estranho, que pode ou não ser seu pai. Moses, o estranho, é um trambiqueiro que vê na pequena Addie (que também leva jeito para a trapaça) uma parceira de negócios. E mesmo com esse pano de fundo, o filme consegue ser divertido e ter um clima gostoso de “filmes de estrada” – e a fotografia belíssima torna o filme ainda mais cativante. Além disso, os personagens são muito carismáticos e a pequena Tatum O’Neal, então com nove anos, entrega uma atuação impressionante, e é bastante convincente a forma como a relação de “pai e filha” vai se desenvolvendo (o fato de serem pai e filha na vida real muito contribui para a química em cena). No que se refere a parte “moral”, a forma como a história é conduzida nos faz simpatizar com os protagonistas, ainda que as suas ações sejam bastantes questionáveis e, apesar de Moses ser trapaceiro, ele não é uma pessoa ruim e a Addie é apenas uma criança que provavelmente sempre foi negligenciada e que não tem muita noção de certo ou errado. Para além disso, o filme também tem seus momentos realmente desconfortáveis – as cenas nas quais a Tatum aparece fumando me deixaram muito incomodada.
Tubarão
3.7 1,2K Assista AgoraNão acredito que me “desencantei” com um dos meus filmes preferidos de quando eu era criança. Eu sei a importância de Tubarão para o cinema, Spielberg foi extremamente engenhoso na construção do suspense, e a trilha-sonora é maravilhosa (e essencial para a construção da tensão). Mas, sinceramente, assistindo recentemente, eu achei o filme, em muitos momentos, arrastado e os personagens dividi mentalmente em dois grupos: os que eu era indiferente e os que eu estava torcendo para o tubarão comer logo.
Touro Indomável
4.2 708 Assista AgoraTouro Indomável possui uma carga dramática muito forte, tornando um pouco agoniante assistir aos altos e baixos da vida de Jake LaMotta. Scorsese soube trabalhar muito bem com o roteiro, conseguindo nos envolver na história mesmo que o protagonista seja, na maior parte do tempo, extremamente detestável. Foi bastante difícil de acompanhar as atitudes de LaMotta - ele é abusivo, violento e egoísta - mas ainda sim é deprimente a forma como ele vai afundando sua vida e deteriorando seus relacionamentos.
Um Sonho de Liberdade
4.6 2,4K Assista AgoraUm Sonho de Liberdade é um daqueles filmes que parecem ser quase uma unanimidade, com uma história e protagonistas cativantes e com a mensagem de esperança – algo que nos é tão estimado. É um filme lento (no bom sentido) que nos situa naquele mundo e que vai nos envolvendo na história de Andy – a ideia de alguém que perde sua liberdade de forma injusta é tão angustiante que automaticamente a gente pensa: “e se fosse eu?”. Além disso, Frank Darabont conseguiu trabalhar o filme muito bem, fazendo com que emocione e passando as mensagens de esperança, liberdade, amizade e persistência, mas sem se tornar piegas; e Morgan Freeman e Tim Robbins estão ótimos em seus papéis, sendo bastante convincente a construção da relação de amizade.
Em Busca do Ouro
4.4 276 Assista AgoraAssisti ao Em busca do Ouro com expectativas elevadas por ter ouvido que esse era um das obras mais engraçadas do Chaplin, e terminei de assistir com a sensação de que faltou algo.
Nascido Para Matar
4.3 1,1K Assista AgoraEm Nascido para matar, acompanhamos os horrores da guerra sob uma perspectiva mais psicológica, através do processo de desumanização dos soldados que passam, na primeira parte do filme, por uma verdadeira lavagem cerebral para se tornarem “perfeitas” máquinas de matar. Na segunda parte, ainda temos a presença da “imprensa”, usada para construir uma boa imagem da ofensiva americana – “Caso não saiba, essa não é uma guerra popular. Nosso trabalho é divulgar notícias que justifiquem nossa ação para os repórteres civis.” O filme é impressionante, e além da crítica cortante não só à guerra do Vietnã, mas a todas as guerras; ainda é muito bem dirigido e tem uma trilha-sonora maravilhosa e excelentes atuações.