como cinema fica devendo um pouco, mas e daí? eu passei os 62 minutos com um sorriso costurado no rosto! Baden é mestre. com toda sua simplicidade, seu carisma, seu talento absurdo... destaque também pra cena do bar, onde Paulinho e Bethânia, jovens, desfilam alguns sambas de modo despretensioso.
A mulher pública me soou como uma mistura dos dois trabalhos anteriores de Zulawski - "O importante é amar", com seu caótico clima metalinguístico e "Possessão" (sem o surrealismo desse), com suas infidelidades e obsessões claustrofóbicas. Apesar de fazer parte de uma filmografia ímpar (!), não é uma obra ímpar na filmografia do diretor.
fascinante ambientação — fria, incômoda, ameaçadora — e uso semiótico do som em off. experimental, é um filme aparentemente desconexo, que permite múltiplas interpretações. por algum motivo eu senti uma vontade esmagadora de favoritar, mas sei que Cronenberg pode mais. muito mais.
quando olhei pra capa desse filme na home do filmow, pensei na hora "a história de uma mãe viúva e batalhadora que precisa lutar pra cuidar do filho..." entrei aqui e li a sinopse "Enquanto Ilene ainda enfrenta a dor da trágica perda de seu marido, um heroico bombeiro da cidade, ela começa a encarar de frente a revolta de seu filho adolescente..."
Cosmópolis é genuinamente uma tragédia, com todos os elementos que esse título implica: a jornada inevitavelmente autodestrutiva de um protagonista que carrega em si, de modo aflorado, todas as características de seu arquétipo. Iluminando o que eu digo, um comentário feito pelo personagem do Paul Giamatti (seu antagonista) sobre como as ações da vida de Eric convergiram para aquele momento específico. Talvez por isso não tenha se tornado um filme favorito ou de maior nota. Acaba sendo meio didático em certas partes, sobretudo nos minutos iniciais. Apesar disso, Cosmópolis é sofisticado, conciso, maduro e direto ao mostrar a relação caótica entre o ser humano e a tecnologia; entre o ser humano e suas criações que tomam proporções indevidas; entre o ser humano e seu semelhante. Sobre Pattinson, eu já era um admirador do seu trabalho, e sua atuação aqui só coroou minha admiração. Sim, Pattinson não é um ator expressivo, de caras e bocas, mas isso é característica, não defeito. Buster Keaton, por exemplo, encantou e ainda encanta gerações, munido de sua única e inabalável expressão facial.
como o próprio autor disse (tirando o corpo fora), é uma história comum, contada de um jeito diferente. e pra mim, o diferencial foi a narração em off muito bem sucedida, somada aos trechos do próprio autor comentando o conto/filme. velha técnica usada pelo também argentino Bioy Casares pra passar credibilidade ao que é fantástico. mas o filme perde força no trecho em que Ernesto se torna jovem, pelo fato do ator ser totalmente isento de carisma e talento - ainda que essa tenha sido a intenção, achei que prejudicou a qualidade da obra. sem contar que aquela história do plágio foi totalmente desnecessária.
quanta baboseira num filme só. filosofia barata com um toque de auto-ajuda, numa roupagem de comercial de margarina e situações extremamente forçadas. típico filme-tumblr, pras pessoas tomarem como lição de vida e esquecerem absolutamente tudo na semana seguinte.
que tour de force impressionante dessas duas atrizes! que equilíbrio de arquétipos, e que análise minuciosa da psique feminina e humana! aqueles monólogos da Bibi Andersson estão entre as melhores atuações que eu já vi no cinema. extremamente sincera e ingênua, atormentada e frágil, amargurada, mas esperançosa. tudo isso ao mesmo tempo, pra depois entrar num turbilhão de ódio e loucura e vergonha por ter se exposto muito além da zona de conforto, afinal, como ela disse, sempre foi a ouvinte perfeita. e Liv Ullmann, que compreendia tudo isso, demonstrando com um simples olhar estático, porque as palavras se faziam desnecessárias, mas nós aqui, tensos, com a respiração suspensa, implorando: VAI, FALA ALGUMA COISA, PELO AMOR DE DEUS!
antes de assistir, por se tratar do Buñuel, eu imaginava um Simão alienado, patético, caricato e digno de pena, mas o que eu encontrei foi um personagem que sabia exatamente o que estava fazendo. e fazia. até os limites, com uma fé admirável e/ou - no mínimo - respeitável. é claro que a ironia e o sarcasmo estão presentes, mas em outros personagens e principalmente naquele final ABSURDO!
caótico, intenso e vivo. do jeitinho que eu gosto, mas por algum motivo não me arrebatou completamente. e puta que pariu, José Lewgoy e Paulo Autran são dois MONSTROS.
com um vasto acervo em mãos, o diretor não soube o que fazer. o documentário parece não ter roteiro, só alguns temas que são jogados na tela ao longo da exibição (em cenas realmente boas de stop motion), que sequer são respeitados.
definitivamente, não se criou um vínculo entre Burroughs e o espectador; em nenhum momento surge uma empatia.
O estilo frio e seco de Bresson não combinou com a novela humanitária, romântica e quase surreal de Dostoievski. O protagonista da história original borbulha sentimentos. Vai do êxtase à amargura com extrema facilidade; se perde em devaneios, beira a loucura, o sonho. É, de fato, um sonhador, ao passo que Jacques não demonstra quaisquer emoções. Existem duas cenas lindíssimas nesse filme, ao som de músicas brasileiras igualmente lindas. Ótima surpresa!
Esse filme é um deleite pra todos os seis sentidos - o 6º nesse caso é a libido. Tudo bem que foi feito num momento conturbado (e qual não é?) politicamente, tem certo teor crítico, mas quem ficou se ligando nisso perdeu o principal: a beleza, a luxúria, a graça, o caos, a rebeldia infantil exercida por duas já mulheres com 'preguiça' de crescer, ao mesmo tempo em que não estavam totalmente satisfeitas com o próprio comportamento; mais ou menos como Buster Keaton, o humorista que não ri.
Blow-Up é incrível. Traz aquele ritmo quase frígido que parece ser comum quando se trata de Antonioni, mas dessa vez, por diversos motivos, não perdeu a qualidade. David Hemmings é um ator que esbanja talento e carisma; impossível se entediar quando ele está em cena.
Eu li em algum comentário dessa página que o Antonioni não se preocupou em agradar o público. Discordo. A trilha sonora é contagiante, a sequência do show dos Yardbirds, por exemplo, não era necessária, mas está lá. É, sim, um presente, bem como a cena onde Thomas se engalfinha com as garotas, destruindo as roupas, cenários e pintando a tela com cores e instinto. Também o ensaio fotográfico com as modelos que parecem mortas... tudo isso é um presente pro espectador. Mas o grande trunfo de Blow-Up é a metáfora sobre a imagem e a interpretação da imagem. As pinturas do Bill: primeiro a imagem é criada e só depois é que ele dá sentido a ela; enxerga o que quer enxergar. As fotografias do casal: Thomas criou um vínculo com as fotografias, então passou a enxergar algo a mais nelas. E a cena onde os clowns - que finalmente (!) fazem silêncio - se mobilizam para uma partida de tênis onde não existe bola, apenas a projeção dela, que todos enxergam - inclusive Thomas.
Não sou fã do Antonioni. Blow-Up foi seu primeiro filme que me cativou. E foi de aplaudir em pé.
Foi me conquistando aos poucos, a ponto de eu pensar que tava diante de uma pequena obra-prima, mas desandou no final. E depois de uma hora, já nem lembrava direito do filme...
mediano, o filme perde força quando opta por dar demasiada importância à estética e uma semiótica forçada, além de muitos cortes desnecessários. sem contar que o apartamento onde eles estão nada se parece com o de um gueto negro. e mesmo o diálogo - carro chefe do filme - não é tão bom quanto poderia ser; em poucos momentos ele é realmente aprofundado, creio que pensando no grande público que não suportaria uma verdadeira discussão entre homens no limite (ainda que sem abrir mão) de suas crenças. as atuações são boas, mas muito teatrais. eu penso que se você quer dizer algo, deve ser direto. não foi o que aconteceu aqui.
por algum motivo eu imaginava que esse filme fosse mudar minha vida. acabei me decepcionando um pouco. era como se eu pudesse prever as cenas alucinadas... vermes, órgãos expostos, pau, sexo pervertido... sem contar que essa temática do trauma materno tá meio batida. que pena...
Saravah
4.4 14como cinema fica devendo um pouco, mas e daí? eu passei os 62 minutos com um sorriso costurado no rosto!
Baden é mestre. com toda sua simplicidade, seu carisma, seu talento absurdo...
destaque também pra cena do bar, onde Paulinho e Bethânia, jovens, desfilam alguns sambas de modo despretensioso.
Velho Amigo: O Universo Musical de Baden Powell
4.5 3meu mestre.
A Mulher Pública
3.8 20A mulher pública me soou como uma mistura dos dois trabalhos anteriores de Zulawski - "O importante é amar", com seu caótico clima metalinguístico e "Possessão" (sem o surrealismo desse), com suas infidelidades e obsessões claustrofóbicas.
Apesar de fazer parte de uma filmografia ímpar (!), não é uma obra ímpar na filmografia do diretor.
Crimes do Futuro
2.5 33 Assista Agorafascinante ambientação — fria, incômoda, ameaçadora — e uso semiótico do som em off.
experimental, é um filme aparentemente desconexo, que permite múltiplas interpretações.
por algum motivo eu senti uma vontade esmagadora de favoritar, mas sei que Cronenberg pode mais. muito mais.
Jornada de Esperança
2.8 20 Assista Agoraquando olhei pra capa desse filme na home do filmow, pensei na hora "a história de uma mãe viúva e batalhadora que precisa lutar pra cuidar do filho..."
entrei aqui e li a sinopse "Enquanto Ilene ainda enfrenta a dor da trágica perda de seu marido, um heroico bombeiro da cidade, ela começa a encarar de frente a revolta de seu filho adolescente..."
deus, por que fizeste filhos tão previsíveis?!
Cosmópolis
2.7 1,0K Assista AgoraCosmópolis é genuinamente uma tragédia, com todos os elementos que esse título implica: a jornada inevitavelmente autodestrutiva de um protagonista que carrega em si, de modo aflorado, todas as características de seu arquétipo. Iluminando o que eu digo, um comentário feito pelo personagem do Paul Giamatti (seu antagonista) sobre como as ações da vida de Eric convergiram para aquele momento específico. Talvez por isso não tenha se tornado um filme favorito ou de maior nota. Acaba sendo meio didático em certas partes, sobretudo nos minutos iniciais.
Apesar disso, Cosmópolis é sofisticado, conciso, maduro e direto ao mostrar a relação caótica entre o ser humano e a tecnologia; entre o ser humano e suas criações que tomam proporções indevidas; entre o ser humano e seu semelhante.
Sobre Pattinson, eu já era um admirador do seu trabalho, e sua atuação aqui só coroou minha admiração. Sim, Pattinson não é um ator expressivo, de caras e bocas, mas isso é característica, não defeito. Buster Keaton, por exemplo, encantou e ainda encanta gerações, munido de sua única e inabalável expressão facial.
Querida Vou Comprar Cigarros e Já Volto
3.8 172 Assista Agoracomo o próprio autor disse (tirando o corpo fora), é uma história comum, contada de um jeito diferente. e pra mim, o diferencial foi a narração em off muito bem sucedida, somada aos trechos do próprio autor comentando o conto/filme. velha técnica usada pelo também argentino Bioy Casares pra passar credibilidade ao que é fantástico.
mas o filme perde força no trecho em que Ernesto se torna jovem, pelo fato do ator ser totalmente isento de carisma e talento - ainda que essa tenha sido a intenção, achei que prejudicou a qualidade da obra. sem contar que aquela história do plágio foi totalmente desnecessária.
mas no geral, grata surpresa.
Sr. Ninguém
4.3 2,7Kquanta baboseira num filme só.
filosofia barata com um toque de auto-ajuda, numa roupagem de comercial de margarina e situações extremamente forçadas. típico filme-tumblr, pras pessoas tomarem como lição de vida e esquecerem absolutamente tudo na semana seguinte.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista Agoraque tour de force impressionante dessas duas atrizes! que equilíbrio de arquétipos, e que análise minuciosa da psique feminina e humana!
aqueles monólogos da Bibi Andersson estão entre as melhores atuações que eu já vi no cinema. extremamente sincera e ingênua, atormentada e frágil, amargurada, mas esperançosa. tudo isso ao mesmo tempo, pra depois entrar num turbilhão de ódio e loucura e vergonha por ter se exposto muito além da zona de conforto, afinal, como ela disse, sempre foi a ouvinte perfeita. e Liv Ullmann, que compreendia tudo isso, demonstrando com um simples olhar estático, porque as palavras se faziam desnecessárias, mas nós aqui, tensos, com a respiração suspensa, implorando: VAI, FALA ALGUMA COISA, PELO AMOR DE DEUS!
Imperador Ketchup
3.7 48como se a sinopse já não estivesse incrível, me deparo com "Tudo isto ao som de Wagner, Stravinski e Tchaikovski."
porra!
Simão do Deserto
4.2 32antes de assistir, por se tratar do Buñuel, eu imaginava um Simão alienado, patético, caricato e digno de pena, mas o que eu encontrei foi um personagem que sabia exatamente o que estava fazendo. e fazia. até os limites, com uma fé admirável e/ou - no mínimo - respeitável.
é claro que a ironia e o sarcasmo estão presentes, mas em outros personagens e principalmente naquele final ABSURDO!
que filme.
Terra em Transe
4.1 286 Assista Agoracaótico, intenso e vivo. do jeitinho que eu gosto, mas por algum motivo não me arrebatou completamente.
e puta que pariu, José Lewgoy e Paulo Autran são dois MONSTROS.
William S Burroughs: Um Retrato Íntimo
4.1 17com um vasto acervo em mãos, o diretor não soube o que fazer. o documentário parece não ter roteiro, só alguns temas que são jogados na tela ao longo da exibição (em cenas realmente boas de stop motion), que sequer são respeitados.
definitivamente, não se criou um vínculo entre Burroughs e o espectador; em nenhum momento surge uma empatia.
Me Excita, Droga!
3.1 208vazio, desconexo e maniqueísta, não disse a que veio.
Crash: Estranhos Prazeres
3.6 330 Assista Agoracomo Marcelo D2: à procura da batida perfeita
Quatro Noites de um Sonhador
3.8 22O estilo frio e seco de Bresson não combinou com a novela humanitária, romântica e quase surreal de Dostoievski.
O protagonista da história original borbulha sentimentos. Vai do êxtase à amargura com extrema facilidade; se perde em devaneios, beira a loucura, o sonho. É, de fato, um sonhador, ao passo que Jacques não demonstra quaisquer emoções.
Existem duas cenas lindíssimas nesse filme, ao som de músicas brasileiras igualmente lindas. Ótima surpresa!
As Pequenas Margaridas
4.2 267 Assista AgoraEsse filme é um deleite pra todos os seis sentidos - o 6º nesse caso é a libido.
Tudo bem que foi feito num momento conturbado (e qual não é?) politicamente, tem certo teor crítico, mas quem ficou se ligando nisso perdeu o principal: a beleza, a luxúria, a graça, o caos, a rebeldia infantil exercida por duas já mulheres com 'preguiça' de crescer, ao mesmo tempo em que não estavam totalmente satisfeitas com o próprio comportamento; mais ou menos como Buster Keaton, o humorista que não ri.
Blow-Up: Depois Daquele Beijo
3.9 370 Assista AgoraBlow-Up é incrível.
Traz aquele ritmo quase frígido que parece ser comum quando se trata de Antonioni, mas dessa vez, por diversos motivos, não perdeu a qualidade. David Hemmings é um ator que esbanja talento e carisma; impossível se entediar quando ele está em cena.
Eu li em algum comentário dessa página que o Antonioni não se preocupou em agradar o público. Discordo. A trilha sonora é contagiante, a sequência do show dos Yardbirds, por exemplo, não era necessária, mas está lá. É, sim, um presente, bem como a cena onde Thomas se engalfinha com as garotas, destruindo as roupas, cenários e pintando a tela com cores e instinto. Também o ensaio fotográfico com as modelos que parecem mortas... tudo isso é um presente pro espectador.
Mas o grande trunfo de Blow-Up é a metáfora sobre a imagem e a interpretação da imagem. As pinturas do Bill: primeiro a imagem é criada e só depois é que ele dá sentido a ela; enxerga o que quer enxergar. As fotografias do casal: Thomas criou um vínculo com as fotografias, então passou a enxergar algo a mais nelas. E a cena onde os clowns - que finalmente (!) fazem silêncio - se mobilizam para uma partida de tênis onde não existe bola, apenas a projeção dela, que todos enxergam - inclusive Thomas.
Não sou fã do Antonioni. Blow-Up foi seu primeiro filme que me cativou. E foi de aplaudir em pé.
Cidade Baixa
3.4 356 Assista Agoranão que eu goste dos finais amarradinhos que solucionam todas as questões propostas, mas... esse final foi bem covarde. as atuações, excelentes.
O Desespero de Veronika Voss
4.1 47é impressão minha ou tem um pentelho que fica negativando os comentários nas páginas do fassbinder?
Não Por Acaso
3.5 155Foi me conquistando aos poucos, a ponto de eu pensar que tava diante de uma pequena obra-prima, mas desandou no final. E depois de uma hora, já nem lembrava direito do filme...
O Garoto de Liverpool
3.8 1,0K Assista grátismesmo assistindo com baixas expectativas - sabia que assistiria a um filme teen - achei bem fraquinho
The Sunset Limited
3.9 157 Assista Agoramediano, o filme perde força quando opta por dar demasiada importância à estética e uma semiótica forçada, além de muitos cortes desnecessários.
sem contar que o apartamento onde eles estão nada se parece com o de um gueto negro.
e mesmo o diálogo - carro chefe do filme - não é tão bom quanto poderia ser; em poucos momentos ele é realmente aprofundado, creio que pensando no grande público que não suportaria uma verdadeira discussão entre homens no limite (ainda que sem abrir mão) de suas crenças.
as atuações são boas, mas muito teatrais. eu penso que se você quer dizer algo, deve ser direto.
não foi o que aconteceu aqui.
Irei Como um Cavalo Louco
3.9 25por algum motivo eu imaginava que esse filme fosse mudar minha vida. acabei me decepcionando um pouco. era como se eu pudesse prever as cenas alucinadas... vermes, órgãos expostos, pau, sexo pervertido... sem contar que essa temática do trauma materno tá meio batida.
que pena...