Não é tão ruim quanto o "Expelled", mas ainda é bem fraco. O documentário tenta assumir uma posição "neutra" na disputa, mas, talvez precisamente por isso, acaba sendo sem foco e por muitas vezes repetitivo. Além disso, é completamente enganoso tratar a disputa como tendo a ver com a fé que o Darwin tinha e veio a questionar e os cristãos que não a questionam, sendo que o centro da questão envolvendo a seleção natural, que é a pergunta "por que a bíblia e o evolucionismo não podem ser conciliados?", nem sequer é abordada. No fim, o documentário assume o ponto de vista fundamentalista cristão como a única alternativa cristã possível, e postula, em oposição, as descobertas e descrições do Darwin como sendo, na mesma medida, carregadas de um peso teológico, ao invés de científico, o que é simplesmente uma falsidade que induz um espectador desatento ao erro.
"Into the Wild" é um filme ambíguo. Por um lado, existe um genuíno fascínio pela natureza, uma jornada, em certa medida, verdadeira e honesta de autodescobrimento, mas por outro, o filme pesa a mão, romantiza a vida de um andarilho e os comportamentos muitas vezes mimados, irresponsáveis, autocentrados e autodestrutivos do protagonista.
A certa altura, eu me angustiei pelo constante comportamento de fuga que era apresentado e pelo fato de que o mundo ao redor do personagem era sempre manso, gentil e acolhedor, fiquei constantemente me perguntando "quando esse cara vai tomar um pouco na cara?". Não posso negar que vibrei quando o responsável pelo trem espancou o garoto.
O final, ao menos, me pareceu justo. O comportamento de fuga do protagonista o levou a seu destino inevitável: a constatação da importância do outro (levando em conta que, pouco tempo antes na cronologia do filme o próprio havia argumentado contra a interdependência humana) acompanhada pela morte, lenta e dolorosa, a qual eu gostaria que o filme nos tivesse forçado a presenciar de forma mais delongada.
No fim, acho que o filme peca em assumir uma postura leniente demais com o protagonista (talvez por consideração pelo personagem histórico retratado e sua família, se poderia argumentar), o que acaba por romantizar a história ao ponto de gerar em mim repulsa por tamanho cinismo. Ainda assim, há sinceridade no filme, na tentativa de buscar nos cenários filmados de maneira quase documental e nas relações passageiras, mas, ainda assim, sinceras, de Chris uma mensagem que possa ser extraída, uma verdade mais profunda que ele, em todas as suas contradições, poderia ter encontrado.
O título sintetiza a mensagem do filme. Por que chamá-lo de "O Bebê de Rosemary"? Chamar de "O Bebê/Filho do Demônio" não seria mais interessante (e vendável)? Sim, mas esse é o ponto, a ironia dessa escolha de título aponta para o fato de que, no final de tudo, a protagonista cedeu para a única forma de alienação que ela não foi capaz de notar, para além do satanismo, dos velhos bizarras e dos sucos suspeitos. Após todas as diversas formas simbólicas e factuais de alienação do seu eu enquanto mulher, da sua individualidade, do seu pensamento autônomo ("não leia livros"), no fim ela se conformou.
Rosemary é então deixada, após todos aqueles que fizeram de sua vida um inferno confessarem que todas as coisas pelas quais ela sofreu gaslighting eram verdade, com a opção de aceitar ou não criar o bebê fruto de todas essas formas de abuso. E ela aceita. Mas há outra saída para alguém que, desde o começo do filme, supostamente antes da manipulação começar, já guiava sua vida e direcionava suas esperanças para o mito da maternidade?
Shinkai e seus temas recorrentes. É impressionante a sua capacidade de representar os mesmos embates já tão abordados na arte japonesa, tendo Tokyo como epicentro, com uma lente tão única, crítica na mesma proporção em que é fascinada, conformada, mas sempre inescapavelmente humana.
Tive uma sensação com essa obra similar a de quando assisti Love Exposure do Sion Sono: "essa é a epopeia de 3h+ que é vista como obra-prima do diretor e que compila tudo aquilo que há de mais importante em seus temas e em seu estilo". Entretanto, assim como no caso do Sono, esse não é o meu favorito do Yoshida. Pra mim seu filme seguinte, Rengoku Eroika, que abraça mais abertamente a estética e o estilo de narrativa anárquico criado, em grande parte, nesse filme, é mais agradável, já que realça as características que mais me atraem no diretor. De qualquer forma, Eros + Massacre é um filme visualmente estonteante, ainda que incômodo, erótico, ainda que repleto de pudor (tal qual a teoria de amor livre tão ainda preenchida com contradições do Osugi), com uma narrativa não-ortodoxa e instigante e um texto inspirado que encanta, mas que acaba por perder um pouco a força no trecho final, por mais que este seja ainda muito bom. Talvez o corte de cinema com 2h e pouco fosse melhor para mim nos pontos que me incomodaram. E uma dica importante: leiam pelo menos a página da wikipédia sobre o Osugi Sakae pra ter um mínimo de contexto dos eventos históricos que o filme "reproduz", ajuda bastante.
Uma epopeia de sexualidade, fé, transgressão, violência e... amor, no fim das contas. Impressionante como o Sono conseguiu fazer um filme de 4h completamente frenético e absurdamente bem cadenciado. Não é o meu favorito dele, mas com certeza é o seu ápice. Love Exposure está para Sion Sono assim como O Capital está para Marx. Estonteante.
Esse filme é repugnante. Não afirmo isso de um ponto de vista purista e moralista que acredita que uma violência tão visceral não deveria ser mostrada, mas sim do de alguém que vê o como esses artifícios são terrivelmente usados da forma mais problemática possível. A temática do "freakshow", de pensar personagens considerados bizarros e curiosos por uma sociedade profundamente higienista e moralista como o Japão da era Meiji, era um terreno fértil para abordar temas como preconceito, exclusão e diversidade, entretanto o que é de fato feito é diametralmente oposto a isso. Ao invés de trabalhar a violência como partindo de uma maioria preconceituoso em direção àquelas pessoas marginalizadas, o filme fica ao lado dessa maioria, vendo todas aquelas pessoas como monstros, repugnantes, degenerados que deveriam jamais ter nascido, mas, ao mesmo tempo, tirando um prazer sádico do ato de os observar em sua suposta inumanidade. No fim os idealizadores desse filme não são diferentes dos frequentadores daqueles tipos de circos apresentados na obra, perversos, sádicos e excludentes, que pensam aqueles indivíduos como um outro distante e repulsivo. E, além disso, nos obriga a acompanhá-los nessa terrível jornada unidimensional e preconceituosa.
Atuação e direção excelentes. Um filme cru, agoniante e vazio. Acho que a comparação óbvia com o Von Trier se encaixa muito bem aqui. Esse filme carrega a essência bizarra, impactante e, de certa forma, poética dos filmes dele. Nunca tinha visto nada da Ducournau, mas me parece uma diretora extremamente promissora.
Esse filme me lembrou The End of Evangelion: uma continuação desnecessária, mas exigida e que é plenamente consciente dessa sua posição. O que você diz quando não há mais nada a dizer? O que você faz quando a crítica ao sistema feita por jovens idealistas agora é percebida não mais como crítica, mas como escapismo barato, idealizado e industrializado, fruto desse sistema? Você se volta a si mesmo, ao absurdo da metalinguagem. Questionar a própria natureza do cinema, da arte como força capaz de mudar algo, se negar a dar aos fãs e ao estúdio o que eles queriam, debochar dessa expectativa, era a única forma de dar sequência a franquia. Sequência amarga, mas auto-consciente, mais do que a zona de conforto do público gostaria que fosse. No fim, a aceitação da obra como o que ela é, sempre algo falso, vazio, mas que, ainda assim, deve aceitar sua própria insignificância e abraçar o seu destino, mas não sem antes o desvirtuar e o resignificar. Eu gostaria que o filme tivesse seguido até o final completamente na crítica levantada, um final mais Talking Head, mas entendo o que foi feito e respeito.
Assisti só pela participação especial do Oshii-san, mas acabei saindo com um romance bem legalzinho. Por mais que seja um pouco clichê, falhe em ter sutileza na abordagem das problemáticas e possua um ritmo estranho, o filme também tem umas escolhas de direção bem interessantes, uma vibe atrativa e uma conclusão diferente.
O Beijo no Asfalto é o suprassumo de tudo que a arte brasileira é capaz de produzir. Texto extraordinário do Nelson Rodrigues, hipnotizante, como disse o comentário abaixo, com uma cadência e uma sutileza de tirar o fôlego. Esse texto unido a nata da atuação e uma das direções mais fora da caixa que já vi. O jogo com meta linguagem e todos os inúmeros méritos da direção que ocorrem simultaneamente a performance do sublime texto por um elenco dos mais competentes disponíveis cria uma atmosfera arrebatadora e que rouba o lugar nos favoritos e a nota 10 sem cerimônias. É uma obra prima de fato.
Tokyo Tribe é um filme bem divertido, gostoso de assistir e muito bem dirigido que emana originalidade, inventividade e bom humor em toda sua duração, mas algumas coisas me incomodaram. Majoritariamente o roteiro, que é bem confuso e desconexo, e a hipersexualização das personagens femininas. Ambas características são parcialmente justificadas e explicadas pela estética descompromissada, caricata e abertamente surreal que o filme se outorga, entretanto isso não foi o bastante para me fazer relevar completamente esses problemas de roteiro e a misoginia quase cômica (mas não completamente intencional) que o Sono coloca aqui. Pelo menos a Nana Seino teve a compensação pela sua objetificação nesse filme no ano seguinte, com o Mamoru Oshii em Nowhere Girl, um filme onde ela é igualmente porradeira, porém é mais respeitada como personagem e ainda é centro de uma trama que representa simbolicamente uma revolta e vingança contra o patriarcado. Ao menos na minha interpretação do filme.
Tentar fazer uma adaptação fiel sem entender o que fazia o mangá uma obra tocante dá nisso. No final é uma adaptação boa mas um filme mediano, não consegue transmitir o que o mangá transmitia, por mais que tente nos fazer acreditar que consegue, em partes por conta dos atores e a direção mediocre, o que, acompanhado da retirada da maior parte da narração em off que nos conectava com os personagens, acaba resultando em um sentimento eterno de "tanto faz" pra tudo que acontece. É uma pena, mas pelo menos a transposição da música ficou bem legal e ainda consegue dar uma esquentada no coração.
Esse filme é impecável. A montagem do Yorgos Lamprinos é estonteante e as atuações, ambas do Anthony Hopkins e da Olivia Colman, são profundas, densas e tocantes. É um filme espetacular, que te envolve do início ao fim no sentimento e que vai te deixar na merda por um bom tempo. Irretocável. 10/10
"Bela Vingança" (péssimo título em português, diga-se de passagem) não é um filme que se limita a tratar de forma unidimensional seus personagens. A protagonista não é uma vitima de estupro em busca de uma vingança avassaladora e catártica, na verdade ela nem sequer foi a vítima e sim a amiga dela. Ela não é abordada portanto como uma vítima direta da violência, mas sim como um dos diversos afetados indiretamente por ela, alguém traumatizado e em busca de respostas.
O filme não tenta se poupar de complexificar um pouco as coisas, nenhum dos abusadores ou daqueles que são coniventes (que são a maioria) é algum louco degenerado e aculturado como esse tipo de filme costuma apresentar para que você não tenha nenhum resquício de empatia quando a vingança é executada (sendo esses muitas vezes parte de algum grupo minoritário, o que acaba servindo como combustível e justificador para um medo e um ódio racista que é historicamente usado como ferramenta institucional, vide a constante propaganda feita pelos nazistas acusando os não-arianos de serem bárbaros selvagens que vão estupras "nossas mulheres") mas sim apenas perpetradores inconscientes de tal mentalidade, perpetuação essa que não se limita a um único gênero.
Emerald Fennell busca então ir mais fundo no problema, abordando sim, todos os questões sistemáticas de onde emergem tais problemáticas, mas também indo gradualmente no decorrer do filme questionando a busca de uma vingança puramente pessoal, que, em última instância, apenas destrói ainda mais o psicológico daqueles afetados sem resolver o problema institucional.
Como um todo, Promising Young Woman é um filme ao mesmo tempo pesado e divertido, catártico e reflexivo. É uma obra estilosa e surpreendentemente ambígua, com um final amargo que, acima de tudo, nos faz questionar o valor da vingança enquanto nos dá uma conclusão que, apesar de triste, é muito mais interessante do que normalmente se tem.
Um filme ruim. Uma direção bem pouco inspirada, com ares de propaganda, sempre propondo semioticamente que os "darwinianos" são todos ateus comunistas/nazistas e etc. e ainda supondo uma pseudo neutralidade completamente falsa no início. É uma aula de desonestidade intelectual e de manipulação do início ao fim. Perda de tempo. Mas pelo menos serve para quem quiser ver quais são os principais argumentos dos defensores dessa ideia pseudocientífica que é o Design Inteligente.
Hiso Hiso Boshi é uma meditação, um filme sobre os detalhes, sobre a solidão, e principalmente, como dito pela personagem, sobre "o tempo e a distância". Lembra muito Death Stranding, ao ponto que chega a ser impossível que o Kojima não tenha se inspirado. É um filme muito diferente do que eu já vi do Sono, mas é uma grata surpresa, os japoneses foram os melhores alunos do Tarkovsky, aparentemente.
É ótimo poder revisitar esse filme depois de anos e perceber o quão incrível ele é. Quando o vi pela primeira vez eu já havia gostado muito, porém minha percepção do mesmo era no mínimo incompleta. Eu acreditava que era algo como: "Esse filme é incrível, muito existencialista, é isso aí mesmo, nós sempre vamos estar buscando algo que não existe, blá blá blá" (algo assim). Por mais que eu ainda considere essa abordagem válida, o fato de, na época, eu ser muito o esteriótipo do "adolescente niilista" me fez pensar que eu iria gostar menos do filme hoje, já minimamente mais maduro, mas não. Foi apenas com o final do filme que eu notei que ele, na verdade, era um tapa na cara de pessoas como o eu do passado, ao menos em partes. No momento em que o filho do protagonista, brincando com a boneca comprada por seu pai em um sex shop, por acidente ativa algo nela fazendo-a começar a cantar, trazendo a realização de aquela boneca também, assim como a Lisa, não ser dublada pelo Tom Noonan nos mostra a verdadeira crítica ali ou, ao menos, uma outra faceta dela: Talvez, de fato, todos nós estejamos nessa busca eterna sem sentido por amor, pela pessoa ideal. Mas, talvez, o protagonista (e muitos de nós, consequentemente) esteja condenado a essa busca por sua própria culpa, por não ver no outro um indivíduo, atitude essa que ele mesmo pregava e incentivava em suas palestras, mas por vê-lo exatamente como "o outro", por não ambicionar uma pessoa verdadeira, humana, com defeitos e qualidades, com costumes diferentes, mas sim uma "boneca sexual japonesa" por assim dizer, um ideal que, esse sim, de fato, nunca será alcançado. Aparte do dito acima o filme também é muito bem feito, a animação é espetacular, os dubladores são excelentes e o mesmo é dotado de um realismo e uma sensibilidade ímpar, maior que o da maioria dos filmes live-action por aí. É indubitavelmente um filme incrível.
Mano do céu, Oshii rules demais!! Esse é um dos filmes mais intrigantes do Oshii, fica claro aqui o quanto ele amadureceu como diretor, tanto pela INCRÍVEL cena de ação quando pela própria direção de atores. A competência com que os atores conseguem interpretar personagens psicologicamente complexos e mais expressivos que os de qualquer outro filme do Oshii é claramente um mérito e uma evolução do mesmo. Além disso, os planos que ele faz aqui demonstram um controle sobre a câmera que muitos negavam que ele tinha no quesito "filmes live-action", planos longos, coesos e carregados de significado que, assim como muita coisa que o Oshii sempre fez, me remetem diretamente pro cinema do Tarkovski. O único "problema" que eu posso apontar aqui é que esse filme sequer veio pro ocidente, eu tive que assisti-lo em japonês sem legendas, sofri muito pra entender as coisas com o meu japonês extremamente básico. Se alguém tiver uma legenda pra esse filme eu aceito e agradeço. Independentemente disso é um filme MUITO interessante que prova que o Oshii continua, sim, um incrível diretor. Permanece sendo o meu favorito.
O filme é bem feito, as atuações são boas. a história é instigante, é bom de ver e o final é bem legal, acaba na hora certa. Agora, em uma camada mais profunda: a mensagem é bobinha, mais do mesmo. Nada contra, mas eu não entendo esses caras, será que eles pensam "opa, vou fazer uma metáfora foda aqui criticando o sistema capitalista numa perspectiva marxista. Como ninguém pensou nisso antes?? Eu sou um gênio, vou revolucionar o cinema!"? Mas falando sério, tirando essa camada mais basal da alegoria que já é muito batida e é fácil de notar os problemas, o filme tem outras sacadas bem legais, como a alegoria religiosa que foi uma grata surpresa, assim como o filme como um todo. Mas enfim, dá pra dizer que é um filme cult de respeito, vale a pena assistir.
Villeneuve primeiro criou um Blade Runner melhor que o original (sim, me julguem) e agora criou um 2001 que não terei a audácia de dizer que é melhor, mas se aproxima bastante. Filmes de extraterrestres sempre foram muito pouco sobre seres de outros mundos e muito mais sobre o ser humano, esse filme representa isso ainda mais claramente. Aqui temos o melhor que a ficção científica tem a oferecer, uma mistura de 2001 com Stalker com Solaris e ainda abordando um tema que eu pessoalmente amo, a linguística. Além disso, trata de outro tema que sempre me foi central e as ficções científicas sempre pecaram em abordar: o quão formas de vida de outros planetas poderiam experienciar a realidade de forma totalmente diferente, de formas inconcebíveis para mentes tão pequenas, formas, talvez, até paradoxais. E isso me encanta. Resumidamente, The Arrival é uma experiência incrível, algo entre a beleza dura, científica e filosófica do Kubrick e a arte suave, transcendental e poética do Tarkovsky. Uma música tema tocante como a de Solaris e uma filosofia profunda como a de 2001. Humanidade, existência, amor, transcendência. Uma experiência que todos deveriam ter.
É um bom filme, tem um timing cômico bom, a Margot Robbie tá boa como sempre e, por mais que não seja um filme que não se leva muito a sério (o que é uma das maiores qualidades dele), a mensagem é legal, toda a questão de emancipação, de descobrir o próprio valor como mulher e tals, por mais que, obviamente, ele não se aprofunde nesse tema e acabe ficando meio caricato. Mas aí acho que seria pedir demais de um filme de herói né.
A ideia é legal, mas o filme é bobo, é engraçadinho as vezes, mas nada demais e não se engaja muito na discussão mais profunda da coisa, e quando tenta, falha miseravelmente, com diálogos didáticos e rasos que só fazem passar vergonha e não instigar uma reflexão mais profunda como deveria. Mas é um bom filme de sessão da tarde.
Contestando Darwin
3.3 6 Assista AgoraNão é tão ruim quanto o "Expelled", mas ainda é bem fraco. O documentário tenta assumir uma posição "neutra" na disputa, mas, talvez precisamente por isso, acaba sendo sem foco e por muitas vezes repetitivo. Além disso, é completamente enganoso tratar a disputa como tendo a ver com a fé que o Darwin tinha e veio a questionar e os cristãos que não a questionam, sendo que o centro da questão envolvendo a seleção natural, que é a pergunta "por que a bíblia e o evolucionismo não podem ser conciliados?", nem sequer é abordada.
No fim, o documentário assume o ponto de vista fundamentalista cristão como a única alternativa cristã possível, e postula, em oposição, as descobertas e descrições do Darwin como sendo, na mesma medida, carregadas de um peso teológico, ao invés de científico, o que é simplesmente uma falsidade que induz um espectador desatento ao erro.
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista Agora"Into the Wild" é um filme ambíguo. Por um lado, existe um genuíno fascínio pela natureza, uma jornada, em certa medida, verdadeira e honesta de autodescobrimento, mas por outro, o filme pesa a mão, romantiza a vida de um andarilho e os comportamentos muitas vezes mimados, irresponsáveis, autocentrados e autodestrutivos do protagonista.
A certa altura, eu me angustiei pelo constante comportamento de fuga que era apresentado e pelo fato de que o mundo ao redor do personagem era sempre manso, gentil e acolhedor, fiquei constantemente me perguntando "quando esse cara vai tomar um pouco na cara?". Não posso negar que vibrei quando o responsável pelo trem espancou o garoto.
O final, ao menos, me pareceu justo. O comportamento de fuga do protagonista o levou a seu destino inevitável: a constatação da importância do outro (levando em conta que, pouco tempo antes na cronologia do filme o próprio havia argumentado contra a interdependência humana) acompanhada pela morte, lenta e dolorosa, a qual eu gostaria que o filme nos tivesse forçado a presenciar de forma mais delongada.
No fim, acho que o filme peca em assumir uma postura leniente demais com o protagonista (talvez por consideração pelo personagem histórico retratado e sua família, se poderia argumentar), o que acaba por romantizar a história ao ponto de gerar em mim repulsa por tamanho cinismo. Ainda assim, há sinceridade no filme, na tentativa de buscar nos cenários filmados de maneira quase documental e nas relações passageiras, mas, ainda assim, sinceras, de Chris uma mensagem que possa ser extraída, uma verdade mais profunda que ele, em todas as suas contradições, poderia ter encontrado.
O Bebê de Rosemary
3.9 1,9K Assista AgoraO título sintetiza a mensagem do filme. Por que chamá-lo de "O Bebê de Rosemary"? Chamar de "O Bebê/Filho do Demônio" não seria mais interessante (e vendável)? Sim, mas esse é o ponto, a ironia dessa escolha de título aponta para o fato de que, no final de tudo, a protagonista cedeu para a única forma de alienação que ela não foi capaz de notar, para além do satanismo, dos velhos bizarras e dos sucos suspeitos. Após todas as diversas formas simbólicas e factuais de alienação do seu eu enquanto mulher, da sua individualidade, do seu pensamento autônomo ("não leia livros"), no fim ela se conformou.
Rosemary é então deixada, após todos aqueles que fizeram de sua vida um inferno confessarem que todas as coisas pelas quais ela sofreu gaslighting eram verdade, com a opção de aceitar ou não criar o bebê fruto de todas essas formas de abuso. E ela aceita. Mas há outra saída para alguém que, desde o começo do filme, supostamente antes da manipulação começar, já guiava sua vida e direcionava suas esperanças para o mito da maternidade?
O Tempo com Você
3.9 140 Assista AgoraShinkai e seus temas recorrentes. É impressionante a sua capacidade de representar os mesmos embates já tão abordados na arte japonesa, tendo Tokyo como epicentro, com uma lente tão única, crítica na mesma proporção em que é fascinada, conformada, mas sempre inescapavelmente humana.
Eros + Massacre
4.1 11Tive uma sensação com essa obra similar a de quando assisti Love Exposure do Sion Sono: "essa é a epopeia de 3h+ que é vista como obra-prima do diretor e que compila tudo aquilo que há de mais importante em seus temas e em seu estilo". Entretanto, assim como no caso do Sono, esse não é o meu favorito do Yoshida. Pra mim seu filme seguinte, Rengoku Eroika, que abraça mais abertamente a estética e o estilo de narrativa anárquico criado, em grande parte, nesse filme, é mais agradável, já que realça as características que mais me atraem no diretor. De qualquer forma, Eros + Massacre é um filme visualmente estonteante, ainda que incômodo, erótico, ainda que repleto de pudor (tal qual a teoria de amor livre tão ainda preenchida com contradições do Osugi), com uma narrativa não-ortodoxa e instigante e um texto inspirado que encanta, mas que acaba por perder um pouco a força no trecho final, por mais que este seja ainda muito bom. Talvez o corte de cinema com 2h e pouco fosse melhor para mim nos pontos que me incomodaram.
E uma dica importante: leiam pelo menos a página da wikipédia sobre o Osugi Sakae pra ter um mínimo de contexto dos eventos históricos que o filme "reproduz", ajuda bastante.
Love Exposure
4.2 93Uma epopeia de sexualidade, fé, transgressão, violência e... amor, no fim das contas. Impressionante como o Sono conseguiu fazer um filme de 4h completamente frenético e absurdamente bem cadenciado. Não é o meu favorito dele, mas com certeza é o seu ápice. Love Exposure está para Sion Sono assim como O Capital está para Marx. Estonteante.
Midori
3.5 82Esse filme é repugnante. Não afirmo isso de um ponto de vista purista e moralista que acredita que uma violência tão visceral não deveria ser mostrada, mas sim do de alguém que vê o como esses artifícios são terrivelmente usados da forma mais problemática possível.
A temática do "freakshow", de pensar personagens considerados bizarros e curiosos por uma sociedade profundamente higienista e moralista como o Japão da era Meiji, era um terreno fértil para abordar temas como preconceito, exclusão e diversidade, entretanto o que é de fato feito é diametralmente oposto a isso. Ao invés de trabalhar a violência como partindo de uma maioria preconceituoso em direção àquelas pessoas marginalizadas, o filme fica ao lado dessa maioria, vendo todas aquelas pessoas como monstros, repugnantes, degenerados que deveriam jamais ter nascido, mas, ao mesmo tempo, tirando um prazer sádico do ato de os observar em sua suposta inumanidade.
No fim os idealizadores desse filme não são diferentes dos frequentadores daqueles tipos de circos apresentados na obra, perversos, sádicos e excludentes, que pensam aqueles indivíduos como um outro distante e repulsivo. E, além disso, nos obriga a acompanhá-los nessa terrível jornada unidimensional e preconceituosa.
Titane
3.5 390 Assista AgoraAtuação e direção excelentes. Um filme cru, agoniante e vazio. Acho que a comparação óbvia com o Von Trier se encaixa muito bem aqui. Esse filme carrega a essência bizarra, impactante e, de certa forma, poética dos filmes dele. Nunca tinha visto nada da Ducournau, mas me parece uma diretora extremamente promissora.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraEsse filme me lembrou The End of Evangelion: uma continuação desnecessária, mas exigida e que é plenamente consciente dessa sua posição. O que você diz quando não há mais nada a dizer? O que você faz quando a crítica ao sistema feita por jovens idealistas agora é percebida não mais como crítica, mas como escapismo barato, idealizado e industrializado, fruto desse sistema? Você se volta a si mesmo, ao absurdo da metalinguagem. Questionar a própria natureza do cinema, da arte como força capaz de mudar algo, se negar a dar aos fãs e ao estúdio o que eles queriam, debochar dessa expectativa, era a única forma de dar sequência a franquia. Sequência amarga, mas auto-consciente, mais do que a zona de conforto do público gostaria que fosse. No fim, a aceitação da obra como o que ela é, sempre algo falso, vazio, mas que, ainda assim, deve aceitar sua própria insignificância e abraçar o seu destino, mas não sem antes o desvirtuar e o resignificar. Eu gostaria que o filme tivesse seguido até o final completamente na crítica levantada, um final mais Talking Head, mas entendo o que foi feito e respeito.
We Made a Beautiful Bouquet
4.2 4Assisti só pela participação especial do Oshii-san, mas acabei saindo com um romance bem legalzinho. Por mais que seja um pouco clichê, falhe em ter sutileza na abordagem das problemáticas e possua um ritmo estranho, o filme também tem umas escolhas de direção bem interessantes, uma vibe atrativa e uma conclusão diferente.
O Beijo no Asfalto
4.1 95O Beijo no Asfalto é o suprassumo de tudo que a arte brasileira é capaz de produzir. Texto extraordinário do Nelson Rodrigues, hipnotizante, como disse o comentário abaixo, com uma cadência e uma sutileza de tirar o fôlego. Esse texto unido a nata da atuação e uma das direções mais fora da caixa que já vi. O jogo com meta linguagem e todos os inúmeros méritos da direção que ocorrem simultaneamente a performance do sublime texto por um elenco dos mais competentes disponíveis cria uma atmosfera arrebatadora e que rouba o lugar nos favoritos e a nota 10 sem cerimônias. É uma obra prima de fato.
Tokyo Tribe
3.6 33Tokyo Tribe é um filme bem divertido, gostoso de assistir e muito bem dirigido que emana originalidade, inventividade e bom humor em toda sua duração, mas algumas coisas me incomodaram. Majoritariamente o roteiro, que é bem confuso e desconexo, e a hipersexualização das personagens femininas. Ambas características são parcialmente justificadas e explicadas pela estética descompromissada, caricata e abertamente surreal que o filme se outorga, entretanto isso não foi o bastante para me fazer relevar completamente esses problemas de roteiro e a misoginia quase cômica (mas não completamente intencional) que o Sono coloca aqui.
Pelo menos a Nana Seino teve a compensação pela sua objetificação nesse filme no ano seguinte, com o Mamoru Oshii em Nowhere Girl, um filme onde ela é igualmente porradeira, porém é mais respeitada como personagem e ainda é centro de uma trama que representa simbolicamente uma revolta e vingança contra o patriarcado. Ao menos na minha interpretação do filme.
Solanin
4.1 31Tentar fazer uma adaptação fiel sem entender o que fazia o mangá uma obra tocante dá nisso. No final é uma adaptação boa mas um filme mediano, não consegue transmitir o que o mangá transmitia, por mais que tente nos fazer acreditar que consegue, em partes por conta dos atores e a direção mediocre, o que, acompanhado da retirada da maior parte da narração em off que nos conectava com os personagens, acaba resultando em um sentimento eterno de "tanto faz" pra tudo que acontece. É uma pena, mas pelo menos a transposição da música ficou bem legal e ainda consegue dar uma esquentada no coração.
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraEsse filme é impecável. A montagem do Yorgos Lamprinos é estonteante e as atuações, ambas do Anthony Hopkins e da Olivia Colman, são profundas, densas e tocantes. É um filme espetacular, que te envolve do início ao fim no sentimento e que vai te deixar na merda por um bom tempo. Irretocável. 10/10
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista Agora"Bela Vingança" (péssimo título em português, diga-se de passagem) não é um filme que se limita a tratar de forma unidimensional seus personagens. A protagonista não é uma vitima de estupro em busca de uma vingança avassaladora e catártica, na verdade ela nem sequer foi a vítima e sim a amiga dela. Ela não é abordada portanto como uma vítima direta da violência, mas sim como um dos diversos afetados indiretamente por ela, alguém traumatizado e em busca de respostas.
O filme não tenta se poupar de complexificar um pouco as coisas, nenhum dos abusadores ou daqueles que são coniventes (que são a maioria) é algum louco degenerado e aculturado como esse tipo de filme costuma apresentar para que você não tenha nenhum resquício de empatia quando a vingança é executada (sendo esses muitas vezes parte de algum grupo minoritário, o que acaba servindo como combustível e justificador para um medo e um ódio racista que é historicamente usado como ferramenta institucional, vide a constante propaganda feita pelos nazistas acusando os não-arianos de serem bárbaros selvagens que vão estupras "nossas mulheres") mas sim apenas perpetradores inconscientes de tal mentalidade, perpetuação essa que não se limita a um único gênero.
Emerald Fennell busca então ir mais fundo no problema, abordando sim, todos os questões sistemáticas de onde emergem tais problemáticas, mas também indo gradualmente no decorrer do filme questionando a busca de uma vingança puramente pessoal, que, em última instância, apenas destrói ainda mais o psicológico daqueles afetados sem resolver o problema institucional.
Como um todo, Promising Young Woman é um filme ao mesmo tempo pesado e divertido, catártico e reflexivo. É uma obra estilosa e surpreendentemente ambígua, com um final amargo que, acima de tudo, nos faz questionar o valor da vingança enquanto nos dá uma conclusão que, apesar de triste, é muito mais interessante do que normalmente se tem.
Expelled: No Intelligence Allowed
3.2 7Um filme ruim. Uma direção bem pouco inspirada, com ares de propaganda, sempre propondo semioticamente que os "darwinianos" são todos ateus comunistas/nazistas e etc. e ainda supondo uma pseudo neutralidade completamente falsa no início. É uma aula de desonestidade intelectual e de manipulação do início ao fim. Perda de tempo. Mas pelo menos serve para quem quiser ver quais são os principais argumentos dos defensores dessa ideia pseudocientífica que é o Design Inteligente.
The Whispering Star
3.7 20Hiso Hiso Boshi é uma meditação, um filme sobre os detalhes, sobre a solidão, e principalmente, como dito pela personagem, sobre "o tempo e a distância". Lembra muito Death Stranding, ao ponto que chega a ser impossível que o Kojima não tenha se inspirado. É um filme muito diferente do que eu já vi do Sono, mas é uma grata surpresa, os japoneses foram os melhores alunos do Tarkovsky, aparentemente.
Ritual
4.2 7明日は私の誕生日なの。
Anomalisa
3.8 497 Assista AgoraÉ ótimo poder revisitar esse filme depois de anos e perceber o quão incrível ele é.
Quando o vi pela primeira vez eu já havia gostado muito, porém minha percepção do mesmo era no mínimo incompleta. Eu acreditava que era algo como: "Esse filme é incrível, muito existencialista, é isso aí mesmo, nós sempre vamos estar buscando algo que não existe, blá blá blá" (algo assim).
Por mais que eu ainda considere essa abordagem válida, o fato de, na época, eu ser muito o esteriótipo do "adolescente niilista" me fez pensar que eu iria gostar menos do filme hoje, já minimamente mais maduro, mas não. Foi apenas com o final do filme que eu notei que ele, na verdade, era um tapa na cara de pessoas como o eu do passado, ao menos em partes.
No momento em que o filho do protagonista, brincando com a boneca comprada por seu pai em um sex shop, por acidente ativa algo nela fazendo-a começar a cantar, trazendo a realização de aquela boneca também, assim como a Lisa, não ser dublada pelo Tom Noonan nos mostra a verdadeira crítica ali ou, ao menos, uma outra faceta dela:
Talvez, de fato, todos nós estejamos nessa busca eterna sem sentido por amor, pela pessoa ideal. Mas, talvez, o protagonista (e muitos de nós, consequentemente) esteja condenado a essa busca por sua própria culpa, por não ver no outro um indivíduo, atitude essa que ele mesmo pregava e incentivava em suas palestras, mas por vê-lo exatamente como "o outro", por não ambicionar uma pessoa verdadeira, humana, com defeitos e qualidades, com costumes diferentes, mas sim uma "boneca sexual japonesa" por assim dizer, um ideal que, esse sim, de fato, nunca será alcançado.
Aparte do dito acima o filme também é muito bem feito, a animação é espetacular, os dubladores são excelentes e o mesmo é dotado de um realismo e uma sensibilidade ímpar, maior que o da maioria dos filmes live-action por aí. É indubitavelmente um filme incrível.
Nowhere Girl
3.8 1Mano do céu, Oshii rules demais!!
Esse é um dos filmes mais intrigantes do Oshii, fica claro aqui o quanto ele amadureceu como diretor, tanto pela INCRÍVEL cena de ação quando pela própria direção de atores. A competência com que os atores conseguem interpretar personagens psicologicamente complexos e mais expressivos que os de qualquer outro filme do Oshii é claramente um mérito e uma evolução do mesmo. Além disso, os planos que ele faz aqui demonstram um controle sobre a câmera que muitos negavam que ele tinha no quesito "filmes live-action", planos longos, coesos e carregados de significado que, assim como muita coisa que o Oshii sempre fez, me remetem diretamente pro cinema do Tarkovski.
O único "problema" que eu posso apontar aqui é que esse filme sequer veio pro ocidente, eu tive que assisti-lo em japonês sem legendas, sofri muito pra entender as coisas com o meu japonês extremamente básico. Se alguém tiver uma legenda pra esse filme eu aceito e agradeço.
Independentemente disso é um filme MUITO interessante que prova que o Oshii continua, sim, um incrível diretor. Permanece sendo o meu favorito.
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraO filme é bem feito, as atuações são boas. a história é instigante, é bom de ver e o final é bem legal, acaba na hora certa.
Agora, em uma camada mais profunda: a mensagem é bobinha, mais do mesmo. Nada contra, mas eu não entendo esses caras, será que eles pensam "opa, vou fazer uma metáfora foda aqui criticando o sistema capitalista numa perspectiva marxista. Como ninguém pensou nisso antes?? Eu sou um gênio, vou revolucionar o cinema!"?
Mas falando sério, tirando essa camada mais basal da alegoria que já é muito batida e é fácil de notar os problemas, o filme tem outras sacadas bem legais, como a alegoria religiosa que foi uma grata surpresa, assim como o filme como um todo.
Mas enfim, dá pra dizer que é um filme cult de respeito, vale a pena assistir.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraVilleneuve primeiro criou um Blade Runner melhor que o original (sim, me julguem) e agora criou um 2001 que não terei a audácia de dizer que é melhor, mas se aproxima bastante.
Filmes de extraterrestres sempre foram muito pouco sobre seres de outros mundos e muito mais sobre o ser humano, esse filme representa isso ainda mais claramente. Aqui temos o melhor que a ficção científica tem a oferecer, uma mistura de 2001 com Stalker com Solaris e ainda abordando um tema que eu pessoalmente amo, a linguística. Além disso, trata de outro tema que sempre me foi central e as ficções científicas sempre pecaram em abordar: o quão formas de vida de outros planetas poderiam experienciar a realidade de forma totalmente diferente, de formas inconcebíveis para mentes tão pequenas, formas, talvez, até paradoxais. E isso me encanta.
Resumidamente, The Arrival é uma experiência incrível, algo entre a beleza dura, científica e filosófica do Kubrick e a arte suave, transcendental e poética do Tarkovsky. Uma música tema tocante como a de Solaris e uma filosofia profunda como a de 2001. Humanidade, existência, amor, transcendência. Uma experiência que todos deveriam ter.
"If you could see your whole life from start to finish, would you change things?
Maybe I'd say what I feel more often."
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa
3.4 1,4KÉ um bom filme, tem um timing cômico bom, a Margot Robbie tá boa como sempre e, por mais que não seja um filme que não se leva muito a sério (o que é uma das maiores qualidades dele), a mensagem é legal, toda a questão de emancipação, de descobrir o próprio valor como mulher e tals, por mais que, obviamente, ele não se aprofunde nesse tema e acabe ficando meio caricato. Mas aí acho que seria pedir demais de um filme de herói né.
Eu Não Sou um Homem Fácil
3.5 737 Assista AgoraA ideia é legal, mas o filme é bobo, é engraçadinho as vezes, mas nada demais e não se engaja muito na discussão mais profunda da coisa, e quando tenta, falha miseravelmente, com diálogos didáticos e rasos que só fazem passar vergonha e não instigar uma reflexão mais profunda como deveria.
Mas é um bom filme de sessão da tarde.