Literalmente, corra: é uma armadilha! Se possível, assista em casa e não se deslumbre tanto com o marketing histérico e as críticas exageradas que estão circulando pela web. A trama traz bons momentos de excentricidade e alguns sustos, mas nada de inovador ou que fique por longo tempo no imaginário. Não entre na hipnose!
É quase um afago, uma parada sutil no tempo. Elementos como "gentileza", "simplicidade" e a "importância do presente" dão o tom a uma história de pequenos encantos e grandes momentos envolvendo um cidadão comum e seu impulso por caminhos criativos. Para assistir com outros olhos, junto a um coração contemplativo!
A "criatura" do filme é ao mesmo tempo singela e aversiva, assim como o desenrolar da trama, que começa mansa e vai tirando o fôlego do espectador sem pedir licença. Vale arriscar e somar bons momentos no imaginário!
Este foi, com toda a certeza, o colírio da semana! Todos os elementos do diretor estavam ali: a trilha sonora clássica, o close nos rostos, a estética religiosa, o lirismo nos discursos e as longas caminhadas que levam os personagens para dentro de si mesmos. Não é uma trama fácil, mas a experiência acaba sendo redentora e revela boas surpresas, como a da "cena do pôster". No mínimo, um desfecho primoroso!
Filmes sobre "jornadas pessoais" sempre rendem boas histórias, aqui não tinha como ser diferente. Não sei o que me impressionou mais: se foi a trilha sonora alternativa, a montagem intimista ou o arrebatamento vindo das atuações de Patel e Kidman. Nunca tinha visto a atriz tão espontânea e "encarnada" em um papel como aconteceu na trama. Acredito que o diretor vai preparando o espectador para uma espécie de "enfrentamento emocional", onde na primeira parte quem domina a cena são as crianças; já no segundo momento, com a entrada do elenco adulto, o enredo muda o tom e cresce ainda mais em profundidade, revelando o quanto a conexão com as raízes familiares permanece preservada, mesmo com a distância e a passagem do tempo. Para quem não apostava muito, acabei encontrando a pérola e recomendo a experiência àqueles que se autorizarem a vibrar na mesma sintonia!
Eu gosto bastante do diretor e achei curioso o filme estrear em São Paulo sem maior destaque. Confesso que entendi o porquê: a experiência é tão constrangedora, regredida e pretensiosa que desafia qualquer bom senso ou boa disposição. Além de longo e arrastado, o cineasta parece não levar em conta o talento dos atores e insere todos os envolvidos em uma ciranda nonsense (ou seria da comédia dell'arte?) histérica e vergonhosa. Algumas pessoas saíram da sala, outras deixaram de rir e eu fiquei esperando a Juliette Binoche entrar em cena...até o barco afundar de vez!
Novamente Albert Serra surpreende e brinda os cinéfilos mais atentos com uma experiência de recolhimento e agonia. O ritmo é lento, os passos curtos, os olhares turvos. Tudo acontece dentro de um quarto escuro que cria uma comunhão mórbida com o cinema, levando o espectador a sentir o processo de morte junto ao leito do rei. O diretor gosta de detalhes, do silêncio precioso e não está interessado em alimentar esperanças, deixando claro que o fim da vida possui um gosto amargo, não poupando nem mesmo a nobreza. Assista com atenção e tenha em mente que não é apenas uma trama sobre a finitude, mas acima de tudo, sobre a "preparação" e "entrega" da alma.
O diretor é um amante das imagens e flerta de maneira poética com os seus personagens, mesmo quando as cenas ganham um teor mais agressivo. A primeira parte da trama é intrigante, a segunda suntuosa e a terceira erótica. Eu diria até que "imprevisível e transgressora". Sem dúvida é uma façanha misturar todos esses elementos e não se perder!
Quantas personas são necessárias para a construção de um ego ideal, de um "eu" que possa trazer sentido à existência e, ao mesmo tempo, agradar a alguém? É mesmo necessário tentar agradar um alguém e rever os próprios caminhos percorridos? Maren Ade diz que sim e aponta que as relações familiares estão carentes desta atenção. Optando por uma via "nonsense" de reaproximação entre um pai desiludido e uma filha workaholic, dois universos opostos serão lapidados na intenção dos afetos jorrarem novamente. E nada permanecerá no lugar. O filme é um desbunde e tocante em várias passagens, ao mesmo tempo que tenta ser imprevisível, sofisticado e bastante terno conforme os sentimentos são colocados à prova. Reserve um momento para assisti-lo e deixe-se levar para outras esferas!
Como pode um filme tão morno, no fundo, agradar tanto? Terminei a experiência com um gosto amargo na boca e a saudade de algo que, por um segundo, pensei que houvesse escapado das mãos...talvez a alegria de viver pequenas histórias, de cobiçar uma ilusão ou de simplesmente ser mais um na multidão. Apenas ser. Vale a pena arriscar e conferir!
Como abrir a Caixa de Pandora de maneira sutil? Eis um filme vigoroso, repleto de reminiscências e traumas familiares, tudo exposto de maneira gradual. O interessante é que o diretor juntou a família toda para realizar o seu primeiro filme e exorcizar alguns fantasmas que insistem em atormentar. A atriz é excelente e o uso de efeitos sonoros ajuda muito na elaboração dos sentimentos e lacunas emocionais dos personagens.
Como eu aprecio o tema, não hesitei em conferir na grande tela: sim, é um filme cercado de boas intenções e com uma proposta bem diferente do que vemos em tramas sobre finitude e declínio senil. Há passagens emocionantes, outras imprevisíveis e algumas constrangedoras, acima de tudo pelo "forçar emocional" em algumas cenas, vindas de uma trilha sonora por vezes lacrimosa e cafona. Sem os apelos citados, Marthe Villalonga e Sandrine Bonnaire levam o filme com maestria, graças a um vigor que surge da cumplicidade entre mãe e filha. Por se tratar de uma história real, o interesse é aguçado pela determinação da matriarca que insiste em conduzir suas escolhas sem concessão, levando o espectador a um desfecho, no mínimo, poético. Assista com atenção e respeito, se não for pelo tema, vá pelo talento das atrizes, em especial de Bonnaire. Eu, pelo menos, saí da experiência embargado!
Delirante, chocante, poético e perturbador! Um pequeno redemoinho de paradoxos vividos em apenas 75 minutos. O "fado" da personagem inspira aversão e compaixão!
Há algo de muito sedutor e delirante no ar, mas confesso que também irresistível quando falamos de "origem" e "futuro" da humanidade, ainda mais quando a resolução de muitas manobras está nas mãos do feminino, como a trama propõe. É um filme denso e exuberante em diferentes passagens, que me levou para longe nas reflexões, lançando enigmas e criando uma atmosfera de hipnose. A vida é feita de perguntas e também devaneios, mas a mais antiga de todas ninguém respondeu: "eram os deuses astronautas?"
Um filme de atmosfera, eu definiria, onde a forma tem muito mais valor do que o conteúdo, o qual exige do espectador uma atenção flutuante, sem nunca atingir uma ideia final. Há várias possibilidades no ar, mas a hesitação é o tom que acompanha todos os atos. É bonito, cheio de boas metáforas e a figura de um religioso em meio a um alto escalão político faz o jogo de poder ficar ainda mais acirrado.
Um dos filmes mais interessantes da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo! Fui sem maior expectativa e saí impactado da sala. É uma mistura de drama e thriller psicológico que cria uma atmosfera sombria sem igual. O personagem central é uma figura que perambula como um fantasma e ora levanta suspeita, ora gera compaixão; fora a presença de Clara Choveaux, sempre intrigante e sedutora. Vale a pena conhecer e divulgar para quem curte tramas do estilo, já que não são comuns produções nacionais desse tipo. (Conferido no Reserva Cultural)
Difícil deixar um comentário sem fazer o papel de "advogado do diabo" após conferir o filme, mas convenhamos: o ritmo é truncado, o roteiro traz um ranço pesado envolvendo o tema "famílias disfuncionais" e o desfecho beira a frustração; por outro lado, o elenco revela figuras de peso (acima de tudo Cotillard) e há uma certa poesia que já é marca do diretor em diferentes momentos, misturando som, imagem e cor de maneira hipnótica. Ao final da experiência, o que sobra é expectativa demais e a sensação de que houve muito barulho por "quase" nada. Uma pena, pois sempre fico na torcida pelas produções do cineasta!
Quando o tema é depressão, toda conversa fica difícil e todo espaço é pouco para a compreensão, principalmente quando o transtorno de humor mora na mesma casa, atravessa suas ligações e dorme na mesma cama todas as noites. Além de entender os sintomas, o desafio da convivência torna-se um exercício coletivo, onde a ponderação tende a dar o tom da estima, isso, quando um dos envolvidos se mostra lúcido. Não é um filme fácil, mas o casal central é respeitável e como um "estudo de caso" o título ganha força.
Poderia render melhor se fosse concebido em curta-metragem, mas ainda assim tem seu brilho. A cena da "indiana se banhando" vale pelo filme inteiro, tamanha beleza e requinte de câmera! Talvez pelo fato de não ser uma produção de Bollywood e não ter a aura de um melodrama musical, o filme esteja fazendo carreira em festivais. Vale a pena arriscar e deixar-se seduzir, seja pela fotografia caprichada, pelo enredo insólito ou pelo som suntuoso do violino. (Conferido no Reserva Cultural)
Bem curioso esse título peruano, cheio de referências de uma juventude perdida e repleto de elementos oníricos, vide a cena de abertura, a câmera que circula por entre becos e o desfecho sem redenção. Claro, há também muitos clichês e a fórmula do "romance marginal" que atravessa gerações, mas nada que torne o programa enfadonho. Assista sem medo e com um olhar despretensioso. (Conferido no Centro Cultural Vergueiro)
Há vários elementos marcantes no filme, a começar pela abertura suntuosa! A edição ágil criou uma atmosfera de urgência e ímpeto que o movimento da época queria expressar, tudo reunido em uma espécie de imaginário libertário e pungente. Há cenas antológicas que emocionam e outras de arquivos que deixam o espectador tomado pela surpresa, revelando que o Brasil também deteve uma espécie de "clã de ferro", tamanho o conjunto de cineastas que reuniu. Ao final da experiência, o que permanece é uma mistura de orgulho e saudade de um Cinema Nacional que um dia foi forte, mas que foi engolido pelo tempo.
Dessa vez o diretor de "Vermelho Como o Céu" deixou a desejar. A sala de exibição estava lotada e o vídeo de saudação que o cineasta enviou para a Mostra Internacional de São Paulo acabou sendo mais interessante do que a película. As três histórias não deixam de ser curiosas, mas há um ranço de melodrama forte e vários clichês que incomodaram bastante. O final é morno e tudo tende a se resolver de maneira "palatável" ao espectador. (Conferido no Itaú Frei Caneca)
Apesar da boa premissa, o filme é bem arrastado e aborrecido, deixando o espectador em um estado de suspensão exatamente pelo distanciamento e a falta de interesse que a produção desperta. O tal personagem, Mario de Marcella, circula como uma figura oculta, o que acaba limando a inspiração. Tentei me envolver mais com a atmosfera e as imagens quase oníricas do bosque, onde o vento, o silêncio e a câmera tateante aparecem como elementos importantes. O final triste, porém marcante, chegou tarde demais para salvar a experiência, deixando no ar que os diretores tiveram uma boa ideia depois de juntar horas de registros. Que pena! (Conferido no Centro Cultural Vergueiro)
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraLiteralmente, corra: é uma armadilha! Se possível, assista em casa e não se deslumbre tanto com o marketing histérico e as críticas exageradas que estão circulando pela web. A trama traz bons momentos de excentricidade e alguns sustos, mas nada de inovador ou que fique por longo tempo no imaginário. Não entre na hipnose!
Paterson
3.9 353 Assista AgoraÉ quase um afago, uma parada sutil no tempo. Elementos como "gentileza", "simplicidade" e a "importância do presente" dão o tom a uma história de pequenos encantos e grandes momentos envolvendo um cidadão comum e seu impulso por caminhos criativos.
Para assistir com outros olhos, junto a um coração contemplativo!
Vida
3.4 1,2K Assista AgoraA "criatura" do filme é ao mesmo tempo singela e aversiva, assim como o desenrolar da trama, que começa mansa e vai tirando o fôlego do espectador sem pedir licença. Vale arriscar e somar bons momentos no imaginário!
O Filho de Joseph
3.4 16 Assista AgoraEste foi, com toda a certeza, o colírio da semana! Todos os elementos do diretor estavam ali: a trilha sonora clássica, o close nos rostos, a estética religiosa, o lirismo nos discursos e as longas caminhadas que levam os personagens para dentro de si mesmos. Não é uma trama fácil, mas a experiência acaba sendo redentora e revela boas surpresas, como a da "cena do pôster". No mínimo, um desfecho primoroso!
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista Agora"EU NÃO CONSIGO SUPERAR!"
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraFilmes sobre "jornadas pessoais" sempre rendem boas histórias, aqui não tinha como ser diferente. Não sei o que me impressionou mais: se foi a trilha sonora alternativa, a montagem intimista ou o arrebatamento vindo das atuações de Patel e Kidman. Nunca tinha visto a atriz tão espontânea e "encarnada" em um papel como aconteceu na trama. Acredito que o diretor vai preparando o espectador para uma espécie de "enfrentamento emocional", onde na primeira parte quem domina a cena são as crianças; já no segundo momento, com a entrada do elenco adulto, o enredo muda o tom e cresce ainda mais em profundidade, revelando o quanto a conexão com as raízes familiares permanece preservada, mesmo com a distância e a passagem do tempo. Para quem não apostava muito, acabei encontrando a pérola e recomendo a experiência àqueles que se autorizarem a vibrar na mesma sintonia!
Mistério na Costa Chanel
2.8 20 Assista AgoraEu gosto bastante do diretor e achei curioso o filme estrear em São Paulo sem maior destaque. Confesso que entendi o porquê: a experiência é tão constrangedora, regredida e pretensiosa que desafia qualquer bom senso ou boa disposição. Além de longo e arrastado, o cineasta parece não levar em conta o talento dos atores e insere todos os envolvidos em uma ciranda nonsense (ou seria da comédia dell'arte?) histérica e vergonhosa. Algumas pessoas saíram da sala, outras deixaram de rir e eu fiquei esperando a Juliette Binoche entrar em cena...até o barco afundar de vez!
A Morte de Luís XIV
3.5 17 Assista AgoraNovamente Albert Serra surpreende e brinda os cinéfilos mais atentos com uma experiência de recolhimento e agonia. O ritmo é lento, os passos curtos, os olhares turvos. Tudo acontece dentro de um quarto escuro que cria uma comunhão mórbida com o cinema, levando o espectador a sentir o processo de morte junto ao leito do rei.
O diretor gosta de detalhes, do silêncio precioso e não está interessado em alimentar esperanças, deixando claro que o fim da vida possui um gosto amargo, não poupando nem mesmo a nobreza. Assista com atenção e tenha em mente que não é apenas uma trama sobre a finitude, mas acima de tudo, sobre a "preparação" e "entrega" da alma.
A Criada
4.4 1,3K Assista AgoraO diretor é um amante das imagens e flerta de maneira poética com os seus personagens, mesmo quando as cenas ganham um teor mais agressivo. A primeira parte da trama é intrigante, a segunda suntuosa e a terceira erótica. Eu diria até que "imprevisível e transgressora". Sem dúvida é uma façanha misturar todos esses elementos e não se perder!
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista AgoraQuantas personas são necessárias para a construção de um ego ideal, de um "eu" que possa trazer sentido à existência e, ao mesmo tempo, agradar a alguém? É mesmo necessário tentar agradar um alguém e rever os próprios caminhos percorridos? Maren Ade diz que sim e aponta que as relações familiares estão carentes desta atenção. Optando por uma via "nonsense" de reaproximação entre um pai desiludido e uma filha workaholic, dois universos opostos serão lapidados na intenção dos afetos jorrarem novamente. E nada permanecerá no lugar. O filme é um desbunde e tocante em várias passagens, ao mesmo tempo que tenta ser imprevisível, sofisticado e bastante terno conforme os sentimentos são colocados à prova. Reserve um momento para assisti-lo e deixe-se levar para outras esferas!
Café Society
3.3 530 Assista AgoraComo pode um filme tão morno, no fundo, agradar tanto? Terminei a experiência com um gosto amargo na boca e a saudade de algo que, por um segundo, pensei que houvesse escapado das mãos...talvez a alegria de viver pequenas histórias, de cobiçar uma ilusão ou de simplesmente ser mais um na multidão. Apenas ser.
Vale a pena arriscar e conferir!
Krisha
3.7 83Como abrir a Caixa de Pandora de maneira sutil? Eis um filme vigoroso, repleto de reminiscências e traumas familiares, tudo exposto de maneira gradual. O interessante é que o diretor juntou a família toda para realizar o seu primeiro filme e exorcizar alguns fantasmas que insistem em atormentar. A atriz é excelente e o uso de efeitos sonoros ajuda muito na elaboração dos sentimentos e lacunas emocionais dos personagens.
A Última Lição
3.7 7 Assista AgoraComo eu aprecio o tema, não hesitei em conferir na grande tela: sim, é um filme cercado de boas intenções e com uma proposta bem diferente do que vemos em tramas sobre finitude e declínio senil. Há passagens emocionantes, outras imprevisíveis e algumas constrangedoras, acima de tudo pelo "forçar emocional" em algumas cenas, vindas de uma trilha sonora por vezes lacrimosa e cafona. Sem os apelos citados, Marthe Villalonga e Sandrine Bonnaire levam o filme com maestria, graças a um vigor que surge da cumplicidade entre mãe e filha. Por se tratar de uma história real, o interesse é aguçado pela determinação da matriarca que insiste em conduzir suas escolhas sem concessão, levando o espectador a um desfecho, no mínimo, poético.
Assista com atenção e respeito, se não for pelo tema, vá pelo talento das atrizes, em especial de Bonnaire. Eu, pelo menos, saí da experiência embargado!
Os Olhos de Minha Mãe
3.6 180 Assista AgoraDelirante, chocante, poético e perturbador! Um pequeno redemoinho de paradoxos vividos em apenas 75 minutos. O "fado" da personagem inspira aversão e compaixão!
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraHá algo de muito sedutor e delirante no ar, mas confesso que também irresistível quando falamos de "origem" e "futuro" da humanidade, ainda mais quando a resolução de muitas manobras está nas mãos do feminino, como a trama propõe. É um filme denso e exuberante em diferentes passagens, que me levou para longe nas reflexões, lançando enigmas e criando uma atmosfera de hipnose. A vida é feita de perguntas e também devaneios, mas a mais antiga de todas ninguém respondeu: "eram os deuses astronautas?"
As Confissões
3.2 27 Assista AgoraUm filme de atmosfera, eu definiria, onde a forma tem muito mais valor do que o conteúdo, o qual exige do espectador uma atenção flutuante, sem nunca atingir uma ideia final. Há várias possibilidades no ar, mas a hesitação é o tom que acompanha todos os atos. É bonito, cheio de boas metáforas e a figura de um religioso em meio a um alto escalão político faz o jogo de poder ficar ainda mais acirrado.
Elon Não Acredita na Morte
2.8 65Um dos filmes mais interessantes da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo! Fui sem maior expectativa e saí impactado da sala. É uma mistura de drama e thriller psicológico que cria uma atmosfera sombria sem igual. O personagem central é uma figura que perambula como um fantasma e ora levanta suspeita, ora gera compaixão; fora a presença de Clara Choveaux, sempre intrigante e sedutora. Vale a pena conhecer e divulgar para quem curte tramas do estilo, já que não são comuns produções nacionais desse tipo. (Conferido no Reserva Cultural)
É Apenas o Fim do Mundo
3.5 302 Assista AgoraDifícil deixar um comentário sem fazer o papel de "advogado do diabo" após conferir o filme, mas convenhamos: o ritmo é truncado, o roteiro traz um ranço pesado envolvendo o tema "famílias disfuncionais" e o desfecho beira a frustração; por outro lado, o elenco revela figuras de peso (acima de tudo Cotillard) e há uma certa poesia que já é marca do diretor em diferentes momentos, misturando som, imagem e cor de maneira hipnótica. Ao final da experiência, o que sobra é expectativa demais e a sensação de que houve muito barulho por "quase" nada. Uma pena, pois sempre fico na torcida pelas produções do cineasta!
Canção da Volta
3.3 29Quando o tema é depressão, toda conversa fica difícil e todo espaço é pouco para a compreensão, principalmente quando o transtorno de humor mora na mesma casa, atravessa suas ligações e dorme na mesma cama todas as noites. Além de entender os sintomas, o desafio da convivência torna-se um exercício coletivo, onde a ponderação tende a dar o tom da estima, isso, quando um dos envolvidos se mostra lúcido. Não é um filme fácil, mas o casal central é respeitável e como um "estudo de caso" o título ganha força.
O Violinista
3.2 10Poderia render melhor se fosse concebido em curta-metragem, mas ainda assim tem seu brilho. A cena da "indiana se banhando" vale pelo filme inteiro, tamanha beleza e requinte de câmera! Talvez pelo fato de não ser uma produção de Bollywood e não ter a aura de um melodrama musical, o filme esteja fazendo carreira em festivais. Vale a pena arriscar e deixar-se seduzir, seja pela fotografia caprichada, pelo enredo insólito ou pelo som suntuoso do violino. (Conferido no Reserva Cultural)
O Sonhador
3.1 1Bem curioso esse título peruano, cheio de referências de uma juventude perdida e repleto de elementos oníricos, vide a cena de abertura, a câmera que circula por entre becos e o desfecho sem redenção. Claro, há também muitos clichês e a fórmula do "romance marginal" que atravessa gerações, mas nada que torne o programa enfadonho. Assista sem medo e com um olhar despretensioso. (Conferido no Centro Cultural Vergueiro)
Cinema Novo
3.9 54Há vários elementos marcantes no filme, a começar pela abertura suntuosa! A edição ágil criou uma atmosfera de urgência e ímpeto que o movimento da época queria expressar, tudo reunido em uma espécie de imaginário libertário e pungente. Há cenas antológicas que emocionam e outras de arquivos que deixam o espectador tomado pela surpresa, revelando que o Brasil também deteve uma espécie de "clã de ferro", tamanho o conjunto de cineastas que reuniu. Ao final da experiência, o que permanece é uma mistura de orgulho e saudade de um Cinema Nacional que um dia foi forte, mas que foi engolido pelo tempo.
Café
3.0 4 Assista AgoraDessa vez o diretor de "Vermelho Como o Céu" deixou a desejar. A sala de exibição estava lotada e o vídeo de saudação que o cineasta enviou para a Mostra Internacional de São Paulo acabou sendo mais interessante do que a película. As três histórias não deixam de ser curiosas, mas há um ranço de melodrama forte e vários clichês que incomodaram bastante. O final é morno e tudo tende a se resolver de maneira "palatável" ao espectador. (Conferido no Itaú Frei Caneca)
Il Solengo
2.5 2Apesar da boa premissa, o filme é bem arrastado e aborrecido, deixando o espectador em um estado de suspensão exatamente pelo distanciamento e a falta de interesse que a produção desperta. O tal personagem, Mario de Marcella, circula como uma figura oculta, o que acaba limando a inspiração. Tentei me envolver mais com a atmosfera e as imagens quase oníricas do bosque, onde o vento, o silêncio e a câmera tateante aparecem como elementos importantes. O final triste, porém marcante, chegou tarde demais para salvar a experiência, deixando no ar que os diretores tiveram uma boa ideia depois de juntar horas de registros. Que pena! (Conferido no Centro Cultural Vergueiro)