Em janeiro e março de 2013, manifestações massivas contra lei que permitiria o casamento homossexual e adoção de crianças por casais do mesmo sexo tomaram as ruas de Paris e fizeram notícia no mundo todo. Em 26 de maio, tendo a lei sido aprovada no dia 18, milhares de parisienses voltaram às ruas pedindo por sua revogação. Neste mesmo dia, um filme gay ganhou a Palma de Ouro no 66° Festival de Cannes.
Não há dúvida de que Azul é a Cor Mais Quente (La Vie d'Adèle - Chapitres 1 et 2) já era polêmico mesmo antes de sua estreia. Se na época eu já havia achado que se tratava de uma Palma de Ouro política - Steven Spielberg, presidente do júri, obviamente nega -, depois de finalmente assistir o filme de Abdellatif Kechiche, não resta dúvida alguma. A premiação foi acompanhada e comemorada principalmente nas redes sociais, sendo o filme enaltecido por milhares de pessoas que só vieram a assisti-lo meses depois. Groupthink (pensamento de grupo), algo comum entre os espectadores, tem se tornado uma constante também entre a crítica, praticamente unânime em relação ao filme. Sabe-se que festivais de cinema não servem mais como parâmetro de qualidade, mas ainda espera-se que um filme seja aclamado por algo mais além de pontos de vista ideológicos e políticos e de longas cenas de sexo “explícito” e nudez, o que, a propósito, lembra-me de Shame, apesar deste ter um pano de fundo mais interessante. É preciso mencionar também Um Estranho no Lago, concorrente na mostra Um Certo Olhar e vencedor do Queer Palm (prêmio destinado a filmes com temática homossexual) desta última edição de Cannes, este sim digno de polêmicas, contudo, um filme inovador e instigante.
Baseado na história em quadrinhos Le Bleu Est Une Couleur Chaud (O azul é uma cor quente) da francesa Julie Maroh, que cobre os mais ou menos quatorze anos desde que Clémetine (Adèle) e Emma se conhecem até o melodramático desfecho, Azul é a Cor Mais Quente está mais para uma novela barata tida como obra de arte. Enquanto o livro de Maroh tem como foco o preconceito, dúvidas, medos e dificuldades em se assumir gay, Kechiche insiste que seu filme não é partidário e que apenas conta a história de um casal. Maroh, na verdade, faz eco ao dizer que nenhum dos dois tinha uma intenção militante, mas se você escreve um livro esperando não mais ser “insultada, rejeitada, espancada, estuprada e assassinada”, você tem uma intenção militante. Talvez este não fosse o objetivo do filme, entretanto, se uma absurda porém definitiva cena do livro não foi incluída, as reações homofóbicas dos amigos de Adèle, a parada gay e o “sexo lésbico para Dummies” também poderiam ter sido deixados de lado. Se tais cenas foram mantidas é porque a homossexualidade, mesmo que bastante em voga, obviamente ainda não é amplamente aceita, não havendo lugar, assim, para o discurso simplista de “um casal como outro qualquer”. Ou talvez, e aposto todas as minhas fichas aí, dada a cobertura midiática recebida pelo filme, trata-se apenas de mais um “produto lesbian chic”, pois se a homossexualidade é mostrada de uma maneira até natural, as cenas de sexo são tão risíveis que temos certeza de que Kechiche fez sua lição de casa: muitos e muitos pornôs e romances de quinta (havia até velas no quarto. velas!). É verdade que Maroh ilustra a primeira vez de Clémentine e Emma em cinco páginas, e é culpa dela se a imaginação de Kechiche vai longe demais - “Eu quero fazer de tudo com você. Tudo o que pode ser feito em uma vida”, diz Clémentine para Emma – mas se no livro as cenas são sensuais, no filme é o oposto. (...)
Na coluna Ponto de Vista, uma análise da "dupla perspectiva da crise econômica' nos documentários Capitalismo - Uma História de Amor e Trabalho Interno: http://bit.ly/1jgPwDh
No Ponto de Vista da semana, Andrey Lehnemann analisa "A dupla perspectiva da crise econômica" nos documentários Capitalismo - Uma História de Amor e Trabalho Interno: http://www.lumi7.com.br/a-dupla-perspectiva-da-crise-economica/
Na coluna De Olhos Bem Abertos, do Lumi7, análise sobre "Menina de Ouro", de Clint Eastwood: http://www.lumi7.com.br/de-olhos-bem-abertos-menina-de-ouro/
As três versões adaptadas da obra Auto da Compadecida são analisadas na coluna Ponto de Vista, dentre elas a primeira (A Compadecida): http://bit.ly/19yOiQu.
Andrey Lehnemann analisa as três versões adaptadas da obra Auto da Compadecida, na coluna Ponto de Vista: http://www.lumi7.com.br/ponto-de-vista-o-auto-da-compadecida/
Na coluna Ponto de Vista, uma análise comparativa entre Mens@gem para Você e o original A Loja da Esquina: http://www.lumi7.com.br/ponto-de-vista-a-loja-da-esquina-em-mensgem-para-voce/
Uma análise comparativa entre o belíssimo A Loja da Esquina e o remake Mens@gem para Você: http://www.lumi7.com.br/ponto-de-vista-a-loja-da-esquina-em-mensgem-para-voce/
Confiram lá, na coluna De Olhos Bem Abertos, do Lumi7, o texto de Matheus de Arruda Jesus sobre essa nossa obra-prima brasileira: http://www.lumi7.com.br/de-olhos-bem-abertos-central-do-brasil/
No Especial Nova Hollywood dessa semana, do Lumi7, leia a crítica completa de Matheus de Arruda Jesus sobre "Apocalypse Now", este patrimônio histórico de filme: http://www.lumi7.com.br/especiais-apocalypse-now/
De Tarde (ou Entardecer), livre adaptação de A gaivota de Tchekhov, é uma dos filmes mais extremos e densos de Schanelec. A história transcorre em três tardes de verão em uma casa de lago, onde vivenciamos o retrato cruel, porém belo, de pessoas aprisionadas em si próprias, lutando contra seus conflitos interiores e frustrações que são por vezes tão sutis quanto reconhecíveis.
Konstantin, como Treplev, personagem de Tchekhov, é um jovem escritor de teatro e a figura central da obra. Sua mãe, Irene, é uma atriz profissional de sucesso, como Arkadina. O filme abre com Irene ensaiando uma peça (será A Dama do Cachorrinho?), a mesma sobre a qual Agnes comenta, com admiração, mais tarde. Agnes é a vizinha por quem Konstantin é apaixonado. Na peça de Tchekhov ela é Nina, jovem atriz que sonha em ser uma dia como Arkadina, e que se apaixona por Trigorin, famoso escritor namorado de Arkadina. Em De Tarde, Trigorim é Max, também escritor e namorado de Irene. A atração de Nina por Max fica subentendida, mas jamais clara. Alex, irmão de Irene, é o personagem Sorin de A Gaivota, e tal como ele, sofre as dores da velhice. Tanto na peça como no filme, não há lugar para o desfecho, uma vez que a catástase surge no final: como não sabemos as reações dos demais personagens ao ato decisivo de Treplev/Konstantin, o final fica em aberto.
A Gaivota é "uma comédia, três papéis de mulher, seis para homens, quatro atos, uma paisagem (vista para um lago), muitas conversas sobre a literatura, um pouco de ação, um toque de amor". Apesar de concebida como comédia, a peça é tida com drama ou mesmo tragédia. A mesma descrição poderia se usada para De Tarde, com exceção do número de personagens e atos, apesar de ser possível dividir o filme em quatro atos principais marcados pela mesma música de fundo que pela primeira vez aparece em um filme de Schanelec. “’Com as pernas arranhadas, fitávamos o mar aberto através das ameias.’ Este é o fim?” e ouvimos, então, Sviatoslav Richter com O Cravo Bem Temperado, Prelúdios e Fugas (Das Wohltemperierte Klavier, Präludium und Fuge in b-moll) de Bach, pontuando o início do fim.
Da mesma forma que Tchekhov, Schanelec renova a linguagem artística procurando evidenciar apenas o que é indispensável na construção de um filme, introduzindo o máximo de “vida real” possível através de ações que enfatizam os simples e pequenos gestos - ao contrário das grandes ações teatrais representadas tradicionalmente – e consegue, assim, mostrar o quão intenso pode ser o quotidiano e a vida real para o entendimento do homem.
A abertura de Orly causa um estranhamento: os créditos iniciais são ousados se comprados aos dos filmes anteriores de Schanelec, e lembram a abertura de filmes de Godard. Mas vemos, então, o rosto conhecido de Maren Eggert e reconhecemos as ruas tipicamente francesas (a ligação de Schanelec com a França, especialmente com Paris, é inquestionável e presente em todos os seus filmes). Corte. A câmera percorre demoradamente fotos de família. Parte da capa de um disco está visível; Love will tear us apart”, no clássico A Factory Record – FAC 23. Um homem, um telefonema, uma ruptura. Corte. Int., dia, Aeroporto de Orly.
Orly apresenta oito personagens e quatro histórias - inicialmente, a moça que trabalha no aeroporto parece ser uma das personagens principais, mas ela é apenas como aquele intervalo no tempo; no momento em que poderíamos conhecê-la, ela deixa a sala para falar ao telefone – as quais possuem em comum o ambiente em que se desenrolam. O filme é bastante honesto em sua abordagem deste tempo em suspenso, deste local provisório que marca a não presença, o transitório. Os diálogos, breves, longos, inacabados, banais, retratam bem a fugacidade de tais situações e a relação de espaço público versus intimidade. Remember me, de Cat Power, marca um breve encontro e desencontro, ou a impossibilidade de um amor. Na imobilidade da espera, apenas um fator exterior é capaz de quebrar tal passividade. Apesar de talvez, apenas dar-lhe uma trégua.
“Sim, é verdade. Tudo se move em direção ao vazio”, diz Schanelec sobre o final de Orly.
Curiosidade: a história que Theo conta sobre o velho acompanhado de uma jovem, os quais observou em um café, é bastante semelhante a do homem que Thomas, em A Minha Vida Lenta, foi entrevistar (possivelmente) em Paris . Tomamos conhecimento destes personagens através da narração de Theo e de Thomas; não apenas não os vemos como jamais saberemos quem eles eram. Conta-nos Thomas que tal homem o recebeu - juntamente com sua esposa, com quem parece ter tido mais contato - mas se recusou a falar porque, já tendo completado sua obra, não havia nada a dizer. “Não há nada a dizer. Eu não quero lhe dizer nada. Não há nada a dizer. Nada.”, diz uma voz que entrega sua idade avançada. Theo, em Orly, segue o velho e a jovem à saída do café. Eles entram em um edifício e ele espera em frente, do outro lado da rua. Muito tempo depois, a jovem desce e vai até sua direção. “’Ele me pediu para lhe dizer que não recebe mais visitas. Ele não dá entrevistas há muito tempo e autógrafos, ele nunca os deu. Isso não vai mudar’, ela disse, sem irritação na voz, mas sem sorrir tão pouco, seriamente finalizando a missão que ela parecia ter a cumprir. Este velho, Deus ou o quem quer que ele seja, jamais dá entrevistas. Isso não me surpreendeu.”
A câmera em Marselha parece ser um mero espectador. Inconsciente do que retrata, ela desvenda Sophie somente quando esta se deixa observar. Incapaz de invadir sua privacidade, só lhe resta, como a nós, formar um esboço da jovem fotógrafa, sem jamais vislumbrar seu interior. Schanelec diz que queria mostrar o estado mental de Sophie, suas reações ao que lhe acontece, as consequências, e não coisas que poderia deixar à nossa imaginação; no entanto, são estas lacunas, estes espaços fugidios que formam o todo e que particularmente mais interessam. Como Sophie tira fotos de Marselha a fim de enxergá-la e, então, compreendê-la, juntamos os “instantâneos” da estadia dela em Marselha e de sua vida em Berlim a fim de formar o quadro completo, sem sabermos que este jamais se fechará em si mesmo. A transição de Marselha para Berlim é bastante interessante, uma vez que ocorre sem aviso prévio algum. O único sinal é a mudança de língua, ou, para quem já assistiu os filmes anteriores de Angela Schanelec, a presença da atriz Sophie Aigner, protagonista de Lugares nas Cidades e uma das personagens de A Minha Vida Lenta (o meninho Louis Schanelec também está presente nos três filmes). Outro ponto interessante em Marselha é a apresentação de Ivan e Hanna e seus respectivos trabalhos: os longos minutos em que ele fotografa operárias de uma fábrica e em que acompanhamos o exaustivo ensaio da peça A Dança da Morte, de Strindberg, onde Hanna interpreta a empregada Jenny, parecem inicialmente peças desconexas, não pertencentes ao mesmo filme. A relação de Sophie com o casal é também outra incógnita. Apesar de a sinopse apresentada pela Peripher Filmverleih dizer que Hanna é sua melhor amiga e que Sophie nutre por Ivan um amor não declarado, a relação delas está muito mais próxima a uma relação de irmãs e o suposto amor foi algo que jamais considerei. Lendo sobre o filme, cheguei a uma crítica na qual o autor levanta a possibilidade de um paralelo entre Marselha e a peça A Gaivota de Tchekhov que é, de fato, apresentada em seu próximo filme:
“Pensamos em Tchekhov, é claro, não apenas porque a criança se chama Anton (Anton Tchekhov), mas também por este tom dissimulado, leve, grave, profundo e luminoso – tudo ao mesmo tempo. Também é feita menção a Tchekhov. Anton fala de sua mãe, que em uma peça dizia: ‘eu sou uma gaivota’.”
Confiram na coluna "De Olhos Bem Abertos", do site Lumi7, o texto de Matheus de Arruda Jesus sobre este clássico da sessão da tarde que marcou gerações.
Na seção De Olhos Bem Abertos, do site Lumi7, confiram a crítica de Matheus de Arruda Jesus sobre "O Último Imperador", essa obra-prima de Bernardo Bertolucci.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraEm janeiro e março de 2013, manifestações massivas contra lei que permitiria o casamento homossexual e adoção de crianças por casais do mesmo sexo tomaram as ruas de Paris e fizeram notícia no mundo todo. Em 26 de maio, tendo a lei sido aprovada no dia 18, milhares de parisienses voltaram às ruas pedindo por sua revogação. Neste mesmo dia, um filme gay ganhou a Palma de Ouro no 66° Festival de Cannes.
Não há dúvida de que Azul é a Cor Mais Quente (La Vie d'Adèle - Chapitres 1 et 2) já era polêmico mesmo antes de sua estreia. Se na época eu já havia achado que se tratava de uma Palma de Ouro política - Steven Spielberg, presidente do júri, obviamente nega -, depois de finalmente assistir o filme de Abdellatif Kechiche, não resta dúvida alguma. A premiação foi acompanhada e comemorada principalmente nas redes sociais, sendo o filme enaltecido por milhares de pessoas que só vieram a assisti-lo meses depois. Groupthink (pensamento de grupo), algo comum entre os espectadores, tem se tornado uma constante também entre a crítica, praticamente unânime em relação ao filme. Sabe-se que festivais de cinema não servem mais como parâmetro de qualidade, mas ainda espera-se que um filme seja aclamado por algo mais além de pontos de vista ideológicos e políticos e de longas cenas de sexo “explícito” e nudez, o que, a propósito, lembra-me de Shame, apesar deste ter um pano de fundo mais interessante. É preciso mencionar também Um Estranho no Lago, concorrente na mostra Um Certo Olhar e vencedor do Queer Palm (prêmio destinado a filmes com temática homossexual) desta última edição de Cannes, este sim digno de polêmicas, contudo, um filme inovador e instigante.
Baseado na história em quadrinhos Le Bleu Est Une Couleur Chaud (O azul é uma cor quente) da francesa Julie Maroh, que cobre os mais ou menos quatorze anos desde que Clémetine (Adèle) e Emma se conhecem até o melodramático desfecho, Azul é a Cor Mais Quente está mais para uma novela barata tida como obra de arte. Enquanto o livro de Maroh tem como foco o preconceito, dúvidas, medos e dificuldades em se assumir gay, Kechiche insiste que seu filme não é partidário e que apenas conta a história de um casal. Maroh, na verdade, faz eco ao dizer que nenhum dos dois tinha uma intenção militante, mas se você escreve um livro esperando não mais ser “insultada, rejeitada, espancada, estuprada e assassinada”, você tem uma intenção militante. Talvez este não fosse o objetivo do filme, entretanto, se uma absurda porém definitiva cena do livro não foi incluída, as reações homofóbicas dos amigos de Adèle, a parada gay e o “sexo lésbico para Dummies” também poderiam ter sido deixados de lado. Se tais cenas foram mantidas é porque a homossexualidade, mesmo que bastante em voga, obviamente ainda não é amplamente aceita, não havendo lugar, assim, para o discurso simplista de “um casal como outro qualquer”. Ou talvez, e aposto todas as minhas fichas aí, dada a cobertura midiática recebida pelo filme, trata-se apenas de mais um “produto lesbian chic”, pois se a homossexualidade é mostrada de uma maneira até natural, as cenas de sexo são tão risíveis que temos certeza de que Kechiche fez sua lição de casa: muitos e muitos pornôs e romances de quinta (havia até velas no quarto. velas!). É verdade que Maroh ilustra a primeira vez de Clémentine e Emma em cinco páginas, e é culpa dela se a imaginação de Kechiche vai longe demais - “Eu quero fazer de tudo com você. Tudo o que pode ser feito em uma vida”, diz Clémentine para Emma – mas se no livro as cenas são sensuais, no filme é o oposto. (...)
http://www.lumi7.com.br/critica-azul-e-a-cor-mais-quente/
Trabalho Interno
4.1 205 Assista AgoraNa coluna Ponto de Vista, uma análise da "dupla perspectiva da crise econômica' nos documentários Capitalismo - Uma História de Amor e Trabalho Interno: http://bit.ly/1jgPwDh
Capitalismo: Uma História de Amor
4.0 221No Ponto de Vista da semana, Andrey Lehnemann analisa "A dupla perspectiva da crise econômica" nos documentários Capitalismo - Uma História de Amor e Trabalho Interno: http://www.lumi7.com.br/a-dupla-perspectiva-da-crise-economica/
1984
3.7 546 Assista AgoraAndrey Lehnemann analisa as duas versões de 1984: http://bit.ly/16n6Shf
O Futuro do Mundo
3.5 53No novo texto da coluna Ponto de Vista, as duas versões de 1984 são analisadas: http://www.lumi7.com.br/ponto-de-vista-1984/
Menina de Ouro
4.2 1,8K Assista AgoraNa coluna De Olhos Bem Abertos, do Lumi7, análise sobre "Menina de Ouro", de Clint Eastwood: http://www.lumi7.com.br/de-olhos-bem-abertos-menina-de-ouro/
Por Matheus de Arruda Jesus.
Ondas do Destino
4.2 335 Assista AgoraNa coluna De Olhos Bem Abertos, do Lumi7, vejam a análise de Matheus de Arruda Jesus sobre essa obra-prima do Lars von Trier.
Artigo disponível na íntegra em: http://www.lumi7.com.br/de-olhos-bem-abertos-ondas-do-destino/
A Compadecida
3.1 11As três versões adaptadas da obra Auto da Compadecida são analisadas na coluna Ponto de Vista, dentre elas a primeira (A Compadecida): http://bit.ly/19yOiQu.
Os Trapalhões no Auto da Compadecida
3.4 62 Assista AgoraAs três versões adaptadas da obra Auto da Compadecida são analisadas na coluna Ponto de Vista: http://migre.me/g0mAp
O Auto da Compadecida
4.3 2,3K Assista AgoraAndrey Lehnemann analisa as três versões adaptadas da obra Auto da Compadecida, na coluna Ponto de Vista: http://www.lumi7.com.br/ponto-de-vista-o-auto-da-compadecida/
Mens@gem Para Você
3.4 428 Assista AgoraNa coluna Ponto de Vista, uma análise comparativa entre Mens@gem para Você e o original A Loja da Esquina: http://www.lumi7.com.br/ponto-de-vista-a-loja-da-esquina-em-mensgem-para-voce/
A Loja da Esquina
4.2 70Uma análise comparativa entre o belíssimo A Loja da Esquina e o remake Mens@gem para Você: http://www.lumi7.com.br/ponto-de-vista-a-loja-da-esquina-em-mensgem-para-voce/
Central do Brasil
4.1 1,8K Assista AgoraConfiram lá, na coluna De Olhos Bem Abertos, do Lumi7, o texto de Matheus de Arruda Jesus sobre essa nossa obra-prima brasileira: http://www.lumi7.com.br/de-olhos-bem-abertos-central-do-brasil/
Apocalypse Now
4.3 1,2K Assista AgoraNo Especial Nova Hollywood dessa semana, do Lumi7, leia a crítica completa de Matheus de Arruda Jesus sobre "Apocalypse Now", este patrimônio histórico de filme: http://www.lumi7.com.br/especiais-apocalypse-now/
Uma Tarde Qualquer
3.5 17 Assista AgoraDe Tarde (ou Entardecer), livre adaptação de A gaivota de Tchekhov, é uma dos filmes mais extremos e densos de Schanelec. A história transcorre em três tardes de verão em uma casa de lago, onde vivenciamos o retrato cruel, porém belo, de pessoas aprisionadas em si próprias, lutando contra seus conflitos interiores e frustrações que são por vezes tão sutis quanto reconhecíveis.
Konstantin, como Treplev, personagem de Tchekhov, é um jovem escritor de teatro e a figura central da obra. Sua mãe, Irene, é uma atriz profissional de sucesso, como Arkadina. O filme abre com Irene ensaiando uma peça (será A Dama do Cachorrinho?), a mesma sobre a qual Agnes comenta, com admiração, mais tarde. Agnes é a vizinha por quem Konstantin é apaixonado. Na peça de Tchekhov ela é Nina, jovem atriz que sonha em ser uma dia como Arkadina, e que se apaixona por Trigorin, famoso escritor namorado de Arkadina. Em De Tarde, Trigorim é Max, também escritor e namorado de Irene. A atração de Nina por Max fica subentendida, mas jamais clara. Alex, irmão de Irene, é o personagem Sorin de A Gaivota, e tal como ele, sofre as dores da velhice. Tanto na peça como no filme, não há lugar para o desfecho, uma vez que a catástase surge no final: como não sabemos as reações dos demais personagens ao ato decisivo de Treplev/Konstantin, o final fica em aberto.
A Gaivota é "uma comédia, três papéis de mulher, seis para homens, quatro atos, uma paisagem (vista para um lago), muitas conversas sobre a literatura, um pouco de ação, um toque de amor". Apesar de concebida como comédia, a peça é tida com drama ou mesmo tragédia. A mesma descrição poderia se usada para De Tarde, com exceção do número de personagens e atos, apesar de ser possível dividir o filme em quatro atos principais marcados pela mesma música de fundo que pela primeira vez aparece em um filme de Schanelec. “’Com as pernas arranhadas, fitávamos o mar aberto através das ameias.’ Este é o fim?” e ouvimos, então, Sviatoslav Richter com O Cravo Bem Temperado, Prelúdios e Fugas (Das Wohltemperierte Klavier, Präludium und Fuge in b-moll) de Bach, pontuando o início do fim.
Da mesma forma que Tchekhov, Schanelec renova a linguagem artística procurando evidenciar apenas o que é indispensável na construção de um filme, introduzindo o máximo de “vida real” possível através de ações que enfatizam os simples e pequenos gestos - ao contrário das grandes ações teatrais representadas tradicionalmente – e consegue, assim, mostrar o quão intenso pode ser o quotidiano e a vida real para o entendimento do homem.
http://www.lumi7.com.br/nouvelle-vague-alema/
Orly
2.9 6A abertura de Orly causa um estranhamento: os créditos iniciais são ousados se comprados aos dos filmes anteriores de Schanelec, e lembram a abertura de filmes de Godard. Mas vemos, então, o rosto conhecido de Maren Eggert e reconhecemos as ruas tipicamente francesas (a ligação de Schanelec com a França, especialmente com Paris, é inquestionável e presente em todos os seus filmes). Corte. A câmera percorre demoradamente fotos de família. Parte da capa de um disco está visível; Love will tear us apart”, no clássico A Factory Record – FAC 23. Um homem, um telefonema, uma ruptura. Corte. Int., dia, Aeroporto de Orly.
Orly apresenta oito personagens e quatro histórias - inicialmente, a moça que trabalha no aeroporto parece ser uma das personagens principais, mas ela é apenas como aquele intervalo no tempo; no momento em que poderíamos conhecê-la, ela deixa a sala para falar ao telefone – as quais possuem em comum o ambiente em que se desenrolam. O filme é bastante honesto em sua abordagem deste tempo em suspenso, deste local provisório que marca a não presença, o transitório. Os diálogos, breves, longos, inacabados, banais, retratam bem a fugacidade de tais situações e a relação de espaço público versus intimidade. Remember me, de Cat Power, marca um breve encontro e desencontro, ou a impossibilidade de um amor. Na imobilidade da espera, apenas um fator exterior é capaz de quebrar tal passividade. Apesar de talvez, apenas dar-lhe uma trégua.
“Sim, é verdade. Tudo se move em direção ao vazio”, diz Schanelec sobre o final de Orly.
Curiosidade: a história que Theo conta sobre o velho acompanhado de uma jovem, os quais observou em um café, é bastante semelhante a do homem que Thomas, em A Minha Vida Lenta, foi entrevistar (possivelmente) em Paris . Tomamos conhecimento destes personagens através da narração de Theo e de Thomas; não apenas não os vemos como jamais saberemos quem eles eram. Conta-nos Thomas que tal homem o recebeu - juntamente com sua esposa, com quem parece ter tido mais contato - mas se recusou a falar porque, já tendo completado sua obra, não havia nada a dizer. “Não há nada a dizer. Eu não quero lhe dizer nada. Não há nada a dizer. Nada.”, diz uma voz que entrega sua idade avançada. Theo, em Orly, segue o velho e a jovem à saída do café. Eles entram em um edifício e ele espera em frente, do outro lado da rua. Muito tempo depois, a jovem desce e vai até sua direção. “’Ele me pediu para lhe dizer que não recebe mais visitas. Ele não dá entrevistas há muito tempo e autógrafos, ele nunca os deu. Isso não vai mudar’, ela disse, sem irritação na voz, mas sem sorrir tão pouco, seriamente finalizando a missão que ela parecia ter a cumprir. Este velho, Deus ou o quem quer que ele seja, jamais dá entrevistas. Isso não me surpreendeu.”
http://www.lumi7.com.br/nouvelle-vague-alema/
Marselha
3.2 7 Assista AgoraA câmera em Marselha parece ser um mero espectador. Inconsciente do que retrata, ela desvenda Sophie somente quando esta se deixa observar. Incapaz de invadir sua privacidade, só lhe resta, como a nós, formar um esboço da jovem fotógrafa, sem jamais vislumbrar seu interior. Schanelec diz que queria mostrar o estado mental de Sophie, suas reações ao que lhe acontece, as consequências, e não coisas que poderia deixar à nossa imaginação; no entanto, são estas lacunas, estes espaços fugidios que formam o todo e que particularmente mais interessam. Como Sophie tira fotos de Marselha a fim de enxergá-la e, então, compreendê-la, juntamos os “instantâneos” da estadia dela em Marselha e de sua vida em Berlim a fim de formar o quadro completo, sem sabermos que este jamais se fechará em si mesmo. A transição de Marselha para Berlim é bastante interessante, uma vez que ocorre sem aviso prévio algum. O único sinal é a mudança de língua, ou, para quem já assistiu os filmes anteriores de Angela Schanelec, a presença da atriz Sophie Aigner, protagonista de Lugares nas Cidades e uma das personagens de A Minha Vida Lenta (o meninho Louis Schanelec também está presente nos três filmes). Outro ponto interessante em Marselha é a apresentação de Ivan e Hanna e seus respectivos trabalhos: os longos minutos em que ele fotografa operárias de uma fábrica e em que acompanhamos o exaustivo ensaio da peça A Dança da Morte, de Strindberg, onde Hanna interpreta a empregada Jenny, parecem inicialmente peças desconexas, não pertencentes ao mesmo filme. A relação de Sophie com o casal é também outra incógnita. Apesar de a sinopse apresentada pela Peripher Filmverleih dizer que Hanna é sua melhor amiga e que Sophie nutre por Ivan um amor não declarado, a relação delas está muito mais próxima a uma relação de irmãs e o suposto amor foi algo que jamais considerei. Lendo sobre o filme, cheguei a uma crítica na qual o autor levanta a possibilidade de um paralelo entre Marselha e a peça A Gaivota de Tchekhov que é, de fato, apresentada em seu próximo filme:
“Pensamos em Tchekhov, é claro, não apenas porque a criança se chama Anton (Anton Tchekhov), mas também por este tom dissimulado, leve, grave, profundo e luminoso – tudo ao mesmo tempo. Também é feita menção a Tchekhov. Anton fala de sua mãe, que em uma peça dizia: ‘eu sou uma gaivota’.”
http://www.lumi7.com.br/nouvelle-vague-alema/
O Franco Atirador
4.0 357 Assista AgoraNo Especial Nova Hollywood dessa semana, uma análise sobre "O Franco Atirador", de Michael Cimino.
Confiram lá, no Lumi7, o texto de Matheus de Arruda Jesus: http://www.lumi7.com.br/especiais-o-franco-atirador/
Caché
3.8 384 Assista AgoraConfiram a análise de Matheus de Arruda Jesus sobre a obra-prima "Caché", na coluna "De Olhos Bem Abertos", do Lumi7.
Link: http://www.lumi7.com.br/de-olhos-bem-abertos-cache/
Mudança de Hábito
3.5 649 Assista AgoraConfiram na coluna "De Olhos Bem Abertos", do site Lumi7, o texto de Matheus de Arruda Jesus sobre este clássico da sessão da tarde que marcou gerações.
Link: http://www.lumi7.com.br/de-olhos-bem-abertos-mudanca-de-habito/
Código de Ataque
3.6 7Na coluna Ponto de Vista, Andrey Lehnemann analisa as duas versões de Fail Safe:
Limite de Segurança
4.1 22 Assista AgoraNa coluna Ponto de Vista, Andrey Lehnemann analisa as duas ótimas versões de "Limite de Segurança":
O Último Imperador
3.8 159 Assista AgoraNa seção De Olhos Bem Abertos, do site Lumi7, confiram a crítica de Matheus de Arruda Jesus sobre "O Último Imperador", essa obra-prima de Bernardo Bertolucci.
Link:
La Luna
3.6 60A confluência entre "Édipo Rei" e "La Luna":