Válido como documento histórico das contradições práticas do marxismo e das mutações teóricas do documentarismo ao longo do século XX. Em particular, apresenta com bastante clareza a influência da factografia soviética na redescoberta da importância da montagem em filmes documentários por alguns diretores de vanguarda dos anos 60.
Novamente, Mia Goth e Ti West nos oferecem uma sinergia incrível entre atuação e direção em um enredo que parece saído da cabeça de uma Judy Garland psicótica. Não há grandes comentários aqui: a trilha é boa, a fotografia, excelente, nenhuma atuação deixa a desejar, e a direção de arte acertou demais no uso saturado mas contido de cores primárias. Meu único porém seria que o filme atinge seus ápices precisamente quando menos se leva à sério, o que não acontece com tanta frequência em Pearl como em X.
Um documentário redondinho: ponderado, com farta documentação, entrevistas fluidas e sobre um tema pouco conhecido. Minha única crítica é o tamanho e o andamento, já que, das duas longas horas de filme, só metade foram dedicadas ao tema propriamente dito..
A mitologia é incrível, os efeitos são bem decentes, e a fotografia é surpreendentemente boa. Pontos positivos pra criatividade das mortes e pras cenas com o boneco endemoniado. Há alguns pecadilhos, como nas perseguições (êta travelling curto) e na sonoplastia, mas ao todo é uma gratíssima surpresa.
Surpreende de ruim. Pralém da atuação novelesca, o enredo é muitíssimo mal-adaptado, só agradando a quem conhece as minuezas do anime. Ainda por cima, o CGI está em todo santo lugar, nos menores e mais desnecessários frames, deixando a coisa toda com um aspecto sofrido de Final Fantasy. A Netflix até que tenta, mas tá difícil de engolir...
Mesmo sendo um filme infantil, é um roteiro dolorosamente previsível. Os filmes nos quais ele se inspirou - para não dizer que imitou - dão voltas ao redor deste em termos de construção de personagem, conflito, andamento e resolução. A Netflix faz bem em botar títulos como Akira, Evangelion e Chihiro em seu catálogo, porque, até agora, parece não ser capaz de produzir uma boa animação infantil - quem dirá adulta.
No estilo já consolidado do diretor, Memória nos oferece uma fotografia esplêndida em planos longos com uma qualidade ímpar de som. Filme meditativo, que busca a si próprio, quase como se estivesse acordando de um sonho e, antes de tudo, ouvisse seu entorno. O Som ao Redor vêm logo à cabeça, e com certa razão. Em termos de enredo, o filme é claramente dividido em duas seções simétricas entre si: a descontínua, em que vida e sonho disputam os sentidos da protagonista, e a conclusiva, em que o realismo e o fantástico chegam a termos. Mas confesso que o desfecho me incomodou um pouco. Pra um diretor tão afinado com lendas e contos regionais, remeter a um elemento
me pareceu uma oportunidade perdida de dialogar com o riquíssimo realismo fantástico latinoamericano. Fora isso, excelente filme. Só lamento que não o tenha visto no telão, porque de fato é uma película acima de tudo sensorial que merece a famosa visitinha ao cinema.
Como dito e redito, a fotografia é irretocável: cenário, figurino, iluminação, enquadramento, tudo tudo. As atuações também estão excelentes, especialmente a de McDormand que, com quatro ou cinco gestos e olhares, deu vida e complexidade à Lady Macbeth. O único ponto mais polêmico do filme foi a utilização do texto shakesperiano no original, o que dificulta bastante a compreensão de quem não é nativo do inglês - e, imagino, mesmo entre eles. Mas mesmo assim, de um jeito misterioso, as frases sincopadas do original caíram bem com os lindos cenários que foram montados, reminiscentes dos princípios do cinema. Excelente filme.
Provocação certeira do Cronenberg sobre a porosidade do corpo e da mente frente à tecnologia. Numa linha similar ao Videodrome, o diretor foge do lugar comum e ingênuo de enxergar as novas mídias como algo fora da natureza e da cultura, fora de qualquer esfera mundana. O jeito que ele faz esse movimento no eXistenZ, porém, acaba sendo mais esperto que no Videodrome: em vez de imaginar um corpo tecnológico - algo ainda estranho ao nosso imaginário - o diretor propõe uma tecnologia biológica. O console do jogo é bicho igual gente, e é por meio dessa figura bastante simples que Cronenberg vai demolir o sonho à la Matrix de um "plug pra rede": se conecta, se diverte, se desconecta. Diante da explosão de doenças e transtornos pós-covid, sabemos que esse pensamento ingênuo tá bem distante da realidade.
Nossa, redescobri essa pérola dos anos 2000 e precisava comentar: um dos piores filmes que já assisti na vida. Como se não bastasse, deu fama ao Vin Diesel e parece ter inspirado a série Riddick.
Um sutil Todo Mundo em Pânico: filme leve, que parodia a temática sobrenatural com um resultado bastante satisfatório. A comédia é bastante britânica, né, de absurdices entregues em um tom monótono (deadpan), com destaque pro argumento mesmo do filme, que é o foco numa fantasmática "menor". Não é pra todos, mas eu acabei gostando. Há momentos melhores e piores, mas acho que o filme fica excepcionalmente acima da média quando se trata de misturar comédia e terror.
Obra prima, né? Demorei anos pra assistir pelo peso do tema, e acabei adorando mesmo assim. Não esperava que fosse um filme de memórias, tão sensível e sensorial. Ao contrário do comum, o esmero estético do filme não neutraliza nossa conexão com a Eva, pelo contrário, acaba adicionando um humanismo atônito à situação toda. Por outro lado, os simbolismos antecipam a tragédia desde a primeira cena, mas é a entrega que faz o filme valer a pena - afinal, são duas horas que, mesmo quando cansam, não parecem arrastadas. Nem vou adentrar no quesito psicológico do filme, que é outro primor. Faço só a nota de como a Tilda e o Ezra estão excelentes! Difícil pensar em filme com uma escolha tão certeira de elenco.
Como qualquer Marvel, é perfeitamente previsível. A única coisa que eu diria que salta à média é a coreografia das lutas, que é realmente de cair o queixo. Adorei que elencaram a Yeoh, foi uma boa homenagem tendo em vista que ela estava lá quando o antológico Tigre e o Dragão botou o gênero wuxia sob os holofotes ocidentais.
Gostaria de dizer outra coisa, mas terminei o filme um pouco decepcionado. Gosto dos livros - e a adaptação do Lynch não é tão ruim assim vai -, mas a hype pra versão do Villeneuve foi tanta que eu acho que não tinha mesmo como cumprir. Duna é um livro que transita entre descrições ambientais, trips alucinógenas, ficção científica, politicagem imperial e bruxaria soft: vamo concordar que algo assim dificilmente terá uma adaptação à altura. Isto dito, a direção de arte, a fotografia e a trilha sonora estão esplêndidas, mas o enredo ficou bastante solto e as atuações estão francamente fracas - a Jessica, coitada, nem reconheço na personagem. Visto como um belo filme, de sublimes e efeitos, é um primor; como história, ficamos na areia.
Por incrível que pareça, a Netflix fez uma ótima animação. Dividida em três partes com enredos e atmosferas completamente diferentes, o filme se assemelha mais a um antológico de curtas que propriamente um longa. A primeira destas histórias é um típico conto de fadas alemão, e se destaca particularmente pela coesão e minimalismo do roteiro. O segundo, uma alegoria bem da kafkiana, é um pouco mais ousado em termos narrativos e consegue intrigar no final. A terceira, um romancinho de formação clássico, decepciona na história mas compensa com talvez a melhor fotografia do grupo. No mais, a animação é feita por stop-motion e impressiona pelo frescor e pela variedade das abordagens a um assunto aparentemente simples, a casa onde moramos. Recomendado.
A direção de arte foi nitidamente feita com muito amor e carinho, mas eu senti falta de um tempero nesse filme. É um argumento ridiculamente engraçado que, não sei porque, acabou se levando a sério demais. Faltou um gore a mais, uma trashzeira um pouco mais escancarada, ou cenas - como a da criança sendo chamada pelo palhaço - que realmente dessem medo.
Nossa, a carapuça tá servindo com gosto no povo dos comentários! rss Achei um bom filme. Não é fácil fazer comédia dramática e sopesar o tom das piadas, mas eu acho que eles foram bem-sucedidos nisso. Pra mim teve uma influência muito bem aplicada de filmes como A Árvore da Vida, do Terrence Malick, que se usam de planos naturalísticos em sequência pra criar um sentimento de pertencimento e união "terrena". Aliás, achei as transições de cena - pruma comédia da Netflix ainda - excepcionais. Os personagens são um tanto quanto planos, mas o CEO da BASH pra mim tá perfeito: tecnofílico com complexo de deus e um aberto desprezo por tudo que é humano e falho. De resto, concordo com a maioria das críticas e acho que o filme poderia ser um pouco mais curto.
Excelente. Liquidificador de referências, gêneros e estéticas sem perder uma certa coesão narrativa. O argumento é um tanto quanto forçado, mas quem não gosta de um terror que resvela no trash, né?
O argumento do filme é excepcional, tinha tudo pra dar um bom thriller psicológico, mas os focos narrativos escolhidos e o andamento em geral me deixaram com a sensação de estar assistindo o filme da arquibancada. Sem falar que ele pula de personagem em personagem, mas acabamos sem conhecer o desfecho da maioria, nem entendendo a lógica dos antagonistas: é uma praga, uma alucinação coletiva, uma legião de espíritos?
Eu inclusive achava que seria um filme de vingança, mas o desfecho meio que entrega que os aldeãos medievais eram de fato endemoniados?
Nada se sabe, e pouco se descobre. E nada de errado nisso, Evil Dead trabalhou o absurdo muito bem por exemplo, mas aqui definitivamente não é o caso. Os melhores pontos do filme eu acredito serem devidos ao dedo do Argento: trilha sonora, efeitos de cena, o gore alucinado de algumas cenas... Mas não muito mais que isso. Pontos pra cena do metrô, excelente - que, parando pra pensar, também é bastante preguiçosa porque esquece de revelar o
Premissa interessante, que infelizmente se arrasta demais para pouco entregar no final... Fossem três capítulos a menos, a proposta ficaria mais robusta.
Fora o macgyverismo do protagonista, um retrato bastante fiel das dificuldades que as novas mídias, o isolamento social e o ressentimento popular com questões de classe botam para a nossa geração. Lembrei bastante das discussões sobre o lumpemproletariado nos processos de fascistização dos Estados europeus na metade do XX: pessoas solitárias e miseráveis que aceitam tudo por reconhecimento e dinheiro. Uma crítica que eu faria é que, como em Suicide Room, achei o tom um tanto quanto ambivalente. O diretor parece tentar se ater a um certo realismo emocionado, mas às vezes passa a impressão de uma crítica genérica ao estado de coisas sem tomar grandes posições - o que, dispensa dizer, pode ser tão perigoso quanto o que ele desenvolve em seu filme. Mas ainda acredito que a impressão final é tão fiel e chocante que Rede de Ódio se tornará um filme incontornável para entender como que estes grupos inescrupulosos se utilizam das redes sociais e dos algoritmos de profilagem (alô Gabinete do Ódio, alô Cambridge Analytica) para mobilizarem movimentos de ultra-direita mundo afora. Somente espero que, em alguns anos, eu reveja este filme como uma peça do passado.
Pravda
3.5 5Válido como documento histórico das contradições práticas do marxismo e das mutações teóricas do documentarismo ao longo do século XX. Em particular, apresenta com bastante clareza a influência da factografia soviética na redescoberta da importância da montagem em filmes documentários por alguns diretores de vanguarda dos anos 60.
Pearl
3.9 992Novamente, Mia Goth e Ti West nos oferecem uma sinergia incrível entre atuação e direção em um enredo que parece saído da cabeça de uma Judy Garland psicótica. Não há grandes comentários aqui: a trilha é boa, a fotografia, excelente, nenhuma atuação deixa a desejar, e a direção de arte acertou demais no uso saturado mas contido de cores primárias. Meu único porém seria que o filme atinge seus ápices precisamente quando menos se leva à sério, o que não acontece com tanta frequência em Pearl como em X.
Missão Planeta Terra
3.4 11Um documentário redondinho: ponderado, com farta documentação, entrevistas fluidas e sobre um tema pouco conhecido. Minha única crítica é o tamanho e o andamento, já que, das duas longas horas de filme, só metade foram dedicadas ao tema propriamente dito..
Skull: A Máscara de Anhangá
2.8 73 Assista AgoraA mitologia é incrível, os efeitos são bem decentes, e a fotografia é surpreendentemente boa. Pontos positivos pra criatividade das mortes e pras cenas com o boneco endemoniado. Há alguns pecadilhos, como nas perseguições (êta travelling curto) e na sonoplastia, mas ao todo é uma gratíssima surpresa.
Fullmetal Alchemist: A Alquimia Final
2.8 13 Assista AgoraSurpreende de ruim. Pralém da atuação novelesca, o enredo é muitíssimo mal-adaptado, só agradando a quem conhece as minuezas do anime. Ainda por cima, o CGI está em todo santo lugar, nos menores e mais desnecessários frames, deixando a coisa toda com um aspecto sofrido de Final Fantasy. A Netflix até que tenta, mas tá difícil de engolir...
A Fera do Mar
3.7 237 Assista AgoraMesmo sendo um filme infantil, é um roteiro dolorosamente previsível. Os filmes nos quais ele se inspirou - para não dizer que imitou - dão voltas ao redor deste em termos de construção de personagem, conflito, andamento e resolução. A Netflix faz bem em botar títulos como Akira, Evangelion e Chihiro em seu catálogo, porque, até agora, parece não ser capaz de produzir uma boa animação infantil - quem dirá adulta.
Memória
3.5 64 Assista AgoraNo estilo já consolidado do diretor, Memória nos oferece uma fotografia esplêndida em planos longos com uma qualidade ímpar de som. Filme meditativo, que busca a si próprio, quase como se estivesse acordando de um sonho e, antes de tudo, ouvisse seu entorno. O Som ao Redor vêm logo à cabeça, e com certa razão. Em termos de enredo, o filme é claramente dividido em duas seções simétricas entre si: a descontínua, em que vida e sonho disputam os sentidos da protagonista, e a conclusiva, em que o realismo e o fantástico chegam a termos. Mas confesso que o desfecho me incomodou um pouco. Pra um diretor tão afinado com lendas e contos regionais, remeter a um elemento
alienígena
A Tragédia de Macbeth
3.7 191 Assista AgoraComo dito e redito, a fotografia é irretocável: cenário, figurino, iluminação, enquadramento, tudo tudo. As atuações também estão excelentes, especialmente a de McDormand que, com quatro ou cinco gestos e olhares, deu vida e complexidade à Lady Macbeth. O único ponto mais polêmico do filme foi a utilização do texto shakesperiano no original, o que dificulta bastante a compreensão de quem não é nativo do inglês - e, imagino, mesmo entre eles. Mas mesmo assim, de um jeito misterioso, as frases sincopadas do original caíram bem com os lindos cenários que foram montados, reminiscentes dos princípios do cinema. Excelente filme.
eXistenZ
3.6 317Provocação certeira do Cronenberg sobre a porosidade do corpo e da mente frente à tecnologia. Numa linha similar ao Videodrome, o diretor foge do lugar comum e ingênuo de enxergar as novas mídias como algo fora da natureza e da cultura, fora de qualquer esfera mundana. O jeito que ele faz esse movimento no eXistenZ, porém, acaba sendo mais esperto que no Videodrome: em vez de imaginar um corpo tecnológico - algo ainda estranho ao nosso imaginário - o diretor propõe uma tecnologia biológica. O console do jogo é bicho igual gente, e é por meio dessa figura bastante simples que Cronenberg vai demolir o sonho à la Matrix de um "plug pra rede": se conecta, se diverte, se desconecta. Diante da explosão de doenças e transtornos pós-covid, sabemos que esse pensamento ingênuo tá bem distante da realidade.
Eclipse Mortal
3.3 224 Assista AgoraNossa, redescobri essa pérola dos anos 2000 e precisava comentar: um dos piores filmes que já assisti na vida. Como se não bastasse, deu fama ao Vin Diesel e parece ter inspirado a série Riddick.
Convenção das Bruxas
2.7 435 Assista AgoraMeh.
007: Sem Tempo para Morrer
3.6 564 Assista AgoraEsse vilão me lembrou o Satânico Dr. No: inteligente, extravagante, e condenado a um enredo ruim.
Muito Além do Ordinário
3.2 25Um sutil Todo Mundo em Pânico: filme leve, que parodia a temática sobrenatural com um resultado bastante satisfatório. A comédia é bastante britânica, né, de absurdices entregues em um tom monótono (deadpan), com destaque pro argumento mesmo do filme, que é o foco numa fantasmática "menor". Não é pra todos, mas eu acabei gostando. Há momentos melhores e piores, mas acho que o filme fica excepcionalmente acima da média quando se trata de misturar comédia e terror.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraObra prima, né? Demorei anos pra assistir pelo peso do tema, e acabei adorando mesmo assim. Não esperava que fosse um filme de memórias, tão sensível e sensorial. Ao contrário do comum, o esmero estético do filme não neutraliza nossa conexão com a Eva, pelo contrário, acaba adicionando um humanismo atônito à situação toda. Por outro lado, os simbolismos antecipam a tragédia desde a primeira cena, mas é a entrega que faz o filme valer a pena - afinal, são duas horas que, mesmo quando cansam, não parecem arrastadas. Nem vou adentrar no quesito psicológico do filme, que é outro primor. Faço só a nota de como a Tilda e o Ezra estão excelentes! Difícil pensar em filme com uma escolha tão certeira de elenco.
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
3.8 895 Assista AgoraComo qualquer Marvel, é perfeitamente previsível. A única coisa que eu diria que salta à média é a coreografia das lutas, que é realmente de cair o queixo. Adorei que elencaram a Yeoh, foi uma boa homenagem tendo em vista que ela estava lá quando o antológico Tigre e o Dragão botou o gênero wuxia sob os holofotes ocidentais.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraGostaria de dizer outra coisa, mas terminei o filme um pouco decepcionado. Gosto dos livros - e a adaptação do Lynch não é tão ruim assim vai -, mas a hype pra versão do Villeneuve foi tanta que eu acho que não tinha mesmo como cumprir. Duna é um livro que transita entre descrições ambientais, trips alucinógenas, ficção científica, politicagem imperial e bruxaria soft: vamo concordar que algo assim dificilmente terá uma adaptação à altura. Isto dito, a direção de arte, a fotografia e a trilha sonora estão esplêndidas, mas o enredo ficou bastante solto e as atuações estão francamente fracas - a Jessica, coitada, nem reconheço na personagem. Visto como um belo filme, de sublimes e efeitos, é um primor; como história, ficamos na areia.
The House
3.6 151Por incrível que pareça, a Netflix fez uma ótima animação. Dividida em três partes com enredos e atmosferas completamente diferentes, o filme se assemelha mais a um antológico de curtas que propriamente um longa. A primeira destas histórias é um típico conto de fadas alemão, e se destaca particularmente pela coesão e minimalismo do roteiro. O segundo, uma alegoria bem da kafkiana, é um pouco mais ousado em termos narrativos e consegue intrigar no final. A terceira, um romancinho de formação clássico, decepciona na história mas compensa com talvez a melhor fotografia do grupo. No mais, a animação é feita por stop-motion e impressiona pelo frescor e pela variedade das abordagens a um assunto aparentemente simples, a casa onde moramos. Recomendado.
Palhaços Assassinos do Espaço Sideral
3.3 464 Assista AgoraA direção de arte foi nitidamente feita com muito amor e carinho, mas eu senti falta de um tempero nesse filme. É um argumento ridiculamente engraçado que, não sei porque, acabou se levando a sério demais. Faltou um gore a mais, uma trashzeira um pouco mais escancarada, ou cenas - como a da criança sendo chamada pelo palhaço - que realmente dessem medo.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraNossa, a carapuça tá servindo com gosto no povo dos comentários! rss
Achei um bom filme. Não é fácil fazer comédia dramática e sopesar o tom das piadas, mas eu acho que eles foram bem-sucedidos nisso. Pra mim teve uma influência muito bem aplicada de filmes como A Árvore da Vida, do Terrence Malick, que se usam de planos naturalísticos em sequência pra criar um sentimento de pertencimento e união "terrena". Aliás, achei as transições de cena - pruma comédia da Netflix ainda - excepcionais. Os personagens são um tanto quanto planos, mas o CEO da BASH pra mim tá perfeito: tecnofílico com complexo de deus e um aberto desprezo por tudo que é humano e falho. De resto, concordo com a maioria das críticas e acho que o filme poderia ser um pouco mais curto.
A Morte Te Dá Parabéns
3.3 1,5K Assista AgoraUm relacionamento aberto entre Pânico, Legalmente Loira e Feitiço do Tempo. Adorei demais.
Maligno
3.3 1,2KExcelente. Liquidificador de referências, gêneros e estéticas sem perder uma certa coesão narrativa. O argumento é um tanto quanto forçado, mas quem não gosta de um terror que resvela no trash, né?
A Catedral
3.3 58O argumento do filme é excepcional, tinha tudo pra dar um bom thriller psicológico, mas os focos narrativos escolhidos e o andamento em geral me deixaram com a sensação de estar assistindo o filme da arquibancada. Sem falar que ele pula de personagem em personagem, mas acabamos sem conhecer o desfecho da maioria, nem entendendo a lógica dos antagonistas: é uma praga, uma alucinação coletiva, uma legião de espíritos?
Eu inclusive achava que seria um filme de vingança, mas o desfecho meio que entrega que os aldeãos medievais eram de fato endemoniados?
desfecho do namorado
Monsieur e Madame Adelman
4.1 134Premissa interessante, que infelizmente se arrasta demais para pouco entregar no final... Fossem três capítulos a menos, a proposta ficaria mais robusta.
Rede de Ódio
3.7 362 Assista AgoraFora o macgyverismo do protagonista, um retrato bastante fiel das dificuldades que as novas mídias, o isolamento social e o ressentimento popular com questões de classe botam para a nossa geração. Lembrei bastante das discussões sobre o lumpemproletariado nos processos de fascistização dos Estados europeus na metade do XX: pessoas solitárias e miseráveis que aceitam tudo por reconhecimento e dinheiro. Uma crítica que eu faria é que, como em Suicide Room, achei o tom um tanto quanto ambivalente. O diretor parece tentar se ater a um certo realismo emocionado, mas às vezes passa a impressão de uma crítica genérica ao estado de coisas sem tomar grandes posições - o que, dispensa dizer, pode ser tão perigoso quanto o que ele desenvolve em seu filme. Mas ainda acredito que a impressão final é tão fiel e chocante que Rede de Ódio se tornará um filme incontornável para entender como que estes grupos inescrupulosos se utilizam das redes sociais e dos algoritmos de profilagem (alô Gabinete do Ódio, alô Cambridge Analytica) para mobilizarem movimentos de ultra-direita mundo afora. Somente espero que, em alguns anos, eu reveja este filme como uma peça do passado.