Acessar uma memória é apenas o despertar de sons e imagens para recriar um momento passado, e que forma linda de usar o cinema, que trabalha tanto com os nossos sentidos, para explorar esse aspecto da psique humana.
Quando recontamos uma lembrança inúmeras vezes, naturalmente vamos inserindo detalhes que talvez nem estavam lá realmente, e da mesma forma o filme, sendo um recorte seletivo das memórias de Sophie, consegue projetar imagens que ela nunca poderia ter presenciado, como a cena do pai sozinho na praia ou no quarto, e é justamente essas cenas que vão dar uma ressignificada naquilo que ela não captou na infância, mas que toma liberdade em projetá-los para preencher as lacunas sobre o que estava acontecendo com o pai.
Gostei também do recorrente uso das gravações de Sophie, pois apesar de serem gravações registradas e confiáveis, revelam pouco sobre a natureza real dos personagens, logo, o subjetivo das memórias é o que vale a pena ser discutido.
É um filme íntimo, me senti invadindo a privacidade de alguém. Foi uma paulada, mas uma linda paulada.
ela ao fim do filme não culpa mais Sho pela mudança da família, compreendendo que Sho só queria ajudar, e reconhecendo a sua parcela de descuidado que levou eles a mudança, sem entrar no cíclo de remorso eterno, pois ninguém esperava que esse incidente iria chegar em tais proporções.
Que personagem esférico sensacional, Sho também é de tirar o fôlego, como um comentário aqui do Filmow já diz,
ele representa a parte da humanidade que cuida da natureza como um protetor, sem que eles necessariamente precisem dessa ajuda. Torcendo pela esperança de viver desse garoto.
Eu senti que Raya poderia ter sido uma mini-série ou uma série de filmes, justamente pela estrutura narrativa do filme de vários arcos, assim como o seu rico worldbuilding e TEMAS. Por exemplo, um conceito que utilizo para ver se valeu ou vale a pena ver uma obra, é através dos temas que ela aborda. Se ao fim do filme ele não te trás nenhuma ideia original que já não conhecias, então pouco ele te acrescentou, e no caso de Raya, eu já havia visto aquela mensagem de forma mais complexa e profunda em obras como Avatar: The Last Airbender. Ambas possuem o tema da UNIFICAÇÃO DAS NAÇÕES e Avatar aborda isso ao decorrer de 2 séries além das HQs de forma super gradual, e no caso de Raya, em toda sua restrição de tempo, conseguiu dar a isso um tom apenas bonitinho.
Claro, preciso exaltar o maior destaque para mim que foi o worldbuilding do filme, eu adoraria passar mais um tempinho nesse universo, e é claro, em termos técnicos o filme é um primor. Adorei a protagonista, os demais personagens vão de bacanas a ótimos, enfim, um filme redondinho, que pela sua excelência e mistura do melhor que existe no audiovisual, trouxe sim uma experiência válida para mim.
Uma frase que eu ouvi da professora Lúcia Helena Galvão a respeito da beleza, foi sobre como seriamos mais ricos se fossemos mais observadores, e Luca é a encarnação desse ideal. Apesar do desejo de conseguir a sua VESPA, e da necessidade de possuir dinheiro para tal feito, esses planos se tornam coadjuvantes quando Luca adiciona valor intrínseco naquilo que sempre está disponível para todos nós: a natureza, a vida, a realidade como se apresenta, e que pedem um pouco da nossa observação, apreciação e estudo. Aliás, o character design reforça muito bem a mensagem, olhem só para os olhos grandes e cheios de vida do protagonista. Seriamos realmente muito mais ricos se fossemos como Luca.
Sobre toda essa discussão se Luca realmente retrata um relacionamento homo afetivo, acredito que há sim margem para interpretação, mas será que isso não aluna a ideia de que dois garotos héteros possam ter uma amizade extremamente saudável, sensível e carinhosa da forma que foi retratada? Bom, fica a reflexão.
Como diz um comentário por aqui, muito bacana como o relacionamento deles é meio amorfo, não sabemos o que um é para o outro, mas é inegável que a história pende um pouco para uma fidelidade amorosa/afetuosa (não necessariamente um romance), que como o próprio filme comprova, é bastante frágil.
Esse afeto apenas se sustenta enquanto eles estão em solidão, tristes e perdidos, pois é o que os conecta tão rápido, mas também os separa na mesma velocidade. A parte da fidelidade implica na forma em como os personagens esperam que o outro sempre corresponda a essa morbidez, permanecendo fiéis uns aos outros, por isso Charlote se sente traída ao ver que Bob dormiu com outra mulher, independente se foi para um lado romântico ou não, é uma traição dos valores componentes dessa conexão, essa é a prova de que o relacionamento forte deles enfatizado no final do filme é na verdade insalubre, e praticamente um escapismo.
O filme trás a mais sensata concepção de um casal que eu já vi em algum filme da Disney até então. No fim das contas, você decide ficar com a outra pessoa pois ambos compartilham do mesmo projeto de vida, ambos acrescentam nesse grande sonho.
O desenvolvimento individual de cada personagem nunca é abandonado, ele é compartilhado.
A apreciação da vida. Sinceramente, após esse soco do filme, preciso repensar todo o meu estilo de vida e respeitar mais essa oportuinidade única que é viver.
Okay, vamos comer verduras e legumes... Mas e quanto aos agrotóxicos extremamente prejudiciais? Quer saber, vamos viver de brisa, porque não dá kk. Somos 7 bilhões de pessoas, muitas pessoas para alimentar (e nem todas são de fato alimentadas)... Então um alimento de qualidade nunca chegará pra toda essa demanda. Mas isso não significa que não podemos melhorar, eu gostei do documentário, estou assustado
Esse quentinho no coração que esses personagens transmitem, esse amor que transborda... eu nunca senti ou recebi isso por 98% daqueles que tem o meu sangue... Esse filme atualiza a concepção de família... Um soco na cara da sociedade.
Será que eles ainda tem história para mais 3 filmes? Seria ótimo se fosse uma trilogia, mas nem vou reclamar, se não eles vão fazer parte 1 e 2 do último filme Estou apaixonado pela criatura chinesa, gente que beleza é aquela. Querido Newt, provavelmente você é meu personagem favorito da franquia. Sobre o final... Hummm,
gente, eu acho que é mentira viu, não sei se a JK vai levar isso adiante, mas caso sim, já está bem claro o desfecho do Credence. Muito trágico esse personagem
As pessoas falavam tão mal sobre esse filme que eu fui ver sem expectativas, e olha, me diverti muito. O ator se saiu muito bem como Han Solo, ele tem a malandragem do personagem, mas também uma ingenuidade que achei que fazia sentido. O único problema do filme é quando ele decide ser pretensioso demais em querer ficar fazendo ligações com outros filmes da franquia, pois acaba afetando alguns personagens negativamente (quem assistiu talvez tenha notado). É um fan service bacana, mas para mim poderia não ter que eu não iria gostar menos do filme por conta disso. Mas o filme é bom, tecnicamente impecável, o resto do elenco está ótimo, e eu gostei da L3
Tinha tudo para ser um dogma 95 raiz se não fosse pelos momentos musicais, que aliás, não gostei. No contexto faz sentido por conta da personagem, mas destoa muito do resto. Temos uma cena com carga emocional muito triste, e em seguida temos uma música aleatória sem nexo... Quebra o clima. Ainda assim adoro a Bjork e seu trabalho, a atuação dela nesse filme é poderosa.
Apesar dos pontos negativos, o diretor consegue passar o efeito que ele queria, que é o de tristeza e de indignação
Um dos maiores equívocos que eu cometi quando conheci Jan Svankmajer foi tentar enxergar sua obra de forma linear, e mesmo depois de assistir vários de seus trabalhos eu cometi esse erro novamente.
Jan exige que enxerguemos tudo de forma mais ampla, e aqui isso só se intensifica. Primeiro longa que vejo do diretor, e embora não esteja entre minhas obras favoritas dele, ainda assim é ótimo. Aqui temos alguns temas que Svankmajer já utilizava nos seus trabalhos, como a carne por exemplo, e o uso do stop motion tambem está aí de uma forma agoniante.
A maior mensagem que eu captei do filme foi a da falsa liberdade e a da mentira que é o livre arbítrio, pois como já dito em diversos comentários aqui no filmow, sempre seremos escravos dos outros ou de nós mesmos... Sempre há uma mão maior nos controlando através de cordas.
Que situação delicada da Jennifer Fox, ela ousou muito em mostrar para todos parte de sua história, acredito que deve ter sido libertador sair da zona de conforto e ter vasculhado as memórias do passado dessa forma. Foi uma experiência muito perturbadora, eu não estava preparado para o que o filme tinha a apresentar. É o melhor filme que vi desse ano até aqui. Ousado e corajoso, parabéns a Jennifer Fox!
Primeiro, fui surpreendido pela morte de Charlie, que eu pensava que seria um personagem recorrente durante o filme todo. A morte dela foi horrível, eu quase parei de ver o filme nesse momento de tão chocado que fiquei. A reação da mãe e o psicólogo quebrado do irmão foi trabalhado com uma sutileza que esmagou minha mente, que sofrimento.
Depois disso eu pensei: "o filme vai acompanhar a redenção do filho" e em seguida: "não, vai mostrar como a morte da filha vai sucumbir o irmão ou a mãe até a morte". E então teve a discussão do jantar, e eu tinha quase convicção de que esse seria um terror mais sutil, voltado para os conflitos familiares, o que estava ótimo pra mim, visto que estava tudo tão intrigante.
Mas aí a trama puxou para o lado do espiritualismo, a médium e todos as convenções desse tipo de plot, e confesso que pensei que ali mesmo o filme ia me perder. Subestimei viu, eu gostei, tenho muito o que digerir, mas achei fantástico.
Fotografia e trilha sonora fantásticas! Estou com medo gente, estou com medo.
O que acontece quando Hayao Miyazaki decide contar uma história sobre amadurecimento? Bom, assista esse filme e saberás.
Me identifiquei muito com a personagem, e o trabalho que o diretor faz com os coadjuvantes é impecável, você simplesmente pega empatia automática por eles. O amor ao próximo que eles tem a oferecer é lindo. E sobre o gatinho Jiji... amei cada segundo dele em cena, e a mensagem que ele carrega é forte e maravilhosamente bem executada.
Não é fácil de assistir, muito menos de aceitar, mas foi um filme impactante que assim como a série não saiu da minha mente por muito tempo (pensando bem, até agora ainda penso bastante nele).
Não gosto de pensar nele como um complemento para a série animada, até porque pra mim ela funciona perfeitamente sozinha com aquele seu final introspectivo. Mas de fato é sim um complemento, e aliás, que complemento. Até hoje me encontro digerindo as informações desse filme, que não são poucas.
Ele é assustador, intenso, estranhamente incrível, e que apesar de alguns erros, entrega todo o climax que os fãs desejavam. Visualmente o anime se eleva a outro patamar nunca visto, abusando ainda mais de seus simbolismos, e o surrealismo presente na franquia.
Esse é na minha opinião o anime que mais deixa nítido o estilo de direção de Miyazaki. É impossível não se emocionar com a mensagem da inocência, e da criança interior que muita das vezes deixamos morrer, nem sempre de propósito é claro, as exigências da sociedade nos fazem cometer isso naturalmente. Por isso que eu gosto tanto dos filmes do Miyazaki, pela pureza que ele traz nessas obras... tudo isso tem um significado muito grande para mim, pois traz a tona sentimentos verdadeiros que eu devo preservar, independente da idade. Sensibilidade é uma poesia que nunca devemos deixar morrer, e é esse o elo que o filme oferece para todos nós.
Certamente um filme dedicado ao público infantil, mas que funciona muito melhor com os adultos.
O primeiro e mais notável acerto do filme foi o novo diretor do longa, J.A Bayona, e o diretor de fotografia, Oscar Faura, ambos os dois trabalham juntos a bastante tempo, e deixaram suas marcas em suas respectivas funções em filmes como “O Impossível”, e o recente “Sete Minutos Depois da Meia Noite”. Ambas pessoas conseguem trazer um frescor que a franquia precisava há tempos, e é claro que o resultado foi revigorante.
Se você já assistiu algum filme do Bayona, vai identificar a sua marca nesse Jurassic World, seja pelo terror (O Orfanato), na forma que ele trabalha com sequencias de catástrofes em grande escala (O Impossível), ou no encanto fantástico que rodeia as criaturas (Sete Minutos Depois da Meia Noite).
Movimentos de câmeras inteligentes, o incrível uso de sombras, e a atmosfera de terror gótico são as características visuais mais fortes dessa obra, e posso dizer que Bayona, junto ao Spielberg são os mais ousados diretores que já colocaram a mão na franquia. Ainda assim fico pensando o que ele faria com esse filme caso tivesse total liberdade criativa para trabalhar nele... sim, estou falando sobre o roteiro.
Se no filme anterior o roteiro era completamente previsível, com poucas surpresas e que se apoiava fortemente ao saudosismo dos filmes passados, Fallen Kingdom não fica muito para trás. Escrito por Colin Trevorrow e Derek Connolly, a história tem uma estrutura diferente de todas as sequencias, uma premissa bacana, mas ainda assim é preguiçoso e muita das vezes ilógico. Não se enganem, há complexidade aqui, mas ela nunca é mostrada, apenas mencionada.
Ele se apoia fortemente no primeiro filme, reciclando também diversas cenas do longa (na verdade até mesmo cenas do último Jurassic World). São cenas que funcionaram na época e que aqui a maior parte funciona pois são bem empregadas,o que não significa que elas tenham o mesmo impacto emocional se comparado a obra de Spielberg, mas ainda funciona do seu próprio jeito por meio da nostalgia.
Mas já que o objetivo era reciclar momentos marcantes, os escritores poderiam ter se baseado também nos livros de Michael Crichton, visto que neles ainda tem conteúdo que não foi utilizado nos filmes. Mas enfim, fica um pressentimento de que a criatividade da franquia talvez esteja ficando escassa.
O filme tem um twist que eu fiquei de boca aberta (sim, sou daqueles que nunca desvenda as reviravoltas e que demora para processá-las), mas que no fim das contas eu não gostei tanto da forma que ela foi abordada. Ela abre novas possibilidades para Jurassic World 3, mas não desdobra consequências sólidas nesse filme.
Aliás esse é um problema dos problemas recorrentes, ele deixa muito para um próximo filme e pouco para esse. Eu não me importaria se o filme tivesse 10 ou 20 minutos a mais para o fechamento decente de algumas pontas, em vez de ter apenas informações pesadas jogadas na minha cara com o objetivo de surpreender.
Se você não gostou dos novos personagens do primeiro Jurassic World, não é aqui que você irá apreciá-los. Nos primeiros filmes tínhamos personagens com camadas, e o segredo estava em suas simplicidades, mas o que eu tenho visto desde Jurassic World de 2015, são figuras mais genéricas, que seguem o modelo dos atuais blockbusters, e que é ainda mais prejudicado por conta dos fracos diálogos. Mas ainda assim nem tudo esteve perdido.
Owen (Chris Pratt) está igual ao filme anterior, afinal, Pratt tem muito carisma para mostrar aos espectadores. Felizmente gostei mais do desenvolvimento de sua relação com a Velociraptor Blue, eu realmente acho que se ainda havia algum resquício de má impressão sobre os dinossauros treinados, certamente foram fechados com as cenas dos dois. É lindo, e acima de tudo genuinamente emocionante.
A personagem da Bryce Dallas Howard, Claire, está menos careta do que no filme anterior e mais empática, principalmente no que diz respeito aos dinos, embora essa migração da personagem não seja 100% convincente, mas o trabalho de atuação dela é muito bom, ela sabe trabalhar com drama de forma eficaz. Ah, outro ponto, infelizmente há aqui uma continuação pobre do relacionamento amoroso entre ela e Owen, é um saco, detesto de tudo.
Dentre os personagens novos temos a veterinária Zia Rodriguez, interpretada pela Daniella Pineda. Ela é o primeiro personagem que eu verdadeiramente gostei dessa nova trilogia, e espero ver mais dela em um próximo filme, caso não decidam excluir os coadjuvantes, igual fizeram no filme anterior.
Justice Smith interpreta Franklin, um jovem técnico de informática que a maior parte do público achou dispensável, o que faz sentido, já que o alívio cômico do personagem não funciona, mas confesso que ri na sua reação ao contemplar o Baryonix na Ilha Nublar. Eu pensei: “É assim mesmo que eu reagiria”, de qualquer forma, ele parece um dos únicos do elenco regular a reagir de forma esperada ao ver um dino, o que não quer dizer muito.
Como de costume da franquia, sempre temos uma nova criança a cada filme, e a da vez foi a pequena Maise, interpretada pela Isabella Sermon, e ela é maisinteligente e simpática do que os garotos do filme anterior. Temos de volta também o nosso Deus da engenharia genética, Dr. Wu (BD Wong), que parece que não irá sair do seu ciclo que agora se tornou enfadonho, uma pena.
E de resto temos vários personagens gananciosos, que certamente não pensam no bem-estar das queridas criaturas pré-históricas, entrando em contraponto aos personagens principais da trama. Esses sim são bem bidimensionais, mas o ódio que você vai sentir deles é real, embora pelos motivos errados as vezes, já que algumas de suas atitudes são forçadas ou ilógicas.
Amei os cenários, desde a ilha, até a sensacional mansão dos Lockwood. A arquitetura dela é incrível, e no contexto ela é muito bem explorada, o que é justo, já que o filme passa um longo tempo nesse local. A trilha sonora do Michael Giacchino trouxe as faixas mais épicas da franquia até então, trazendo o gótico através do órgão e do intenso coral. É linda, nostálgica, e não se apoia tanto no icônico tema criado por John Williams, o que é interessante. Aliás o tema do Indoraptor foi o meu favorito.
Já os dinossauros do filme, Uau! O filme em si é sobre eles, sobre nossa empatia diante desses animais, e temos muito tempo deles em cena do que qualquer outro filme Jurasic, alguma delas me tiraram lágrimas. Dinossauros ao fim das contas ainda impressionam, eles são a alma disso tudo.
Dessa vez temos o maior número de espécies do que nos demais filmes anteriores, trazendo de volta alguns favoritos como o Braquiossauro, além de novas espécies, sendo que há seis novas delas (alguém contou mais?), e muitos possuem um momento significante em tela, e que fazem de fato a trama andar. (Amei principalmente o Carnotauro e aquele fofo do Stygimoloch).
Mas o principal e o melhor de todos continua sendo a Blue, sendo que boa parte dos fatos giram ao redor dela, e é claro, temos o destaque do novo híbrido, o Indoraptor. As novas características dele não justificam de fato a necessidade um outro híbrido, aliás, eles precisam para com essas ideias. Talvez por ser uma ideia já utilizada, o impacto em si é menor, mas ainda assim o Indoraptor é ameaçador e dono de uma das melhores cenas.
Quanto aos efeitos, eles estão excelentes, principalmente os práticos que são os animatrônicos. Eles trazem mais do que um nível de realidade adicional ao filme, eles acrescentam uma aproximação maior dos personagens humanos aos bichos. Também possuem bastante tempo em tela, e a interação deles com o CGI é irretocável. Só agradeço o responsável por colocar esses robôs de volta em grande quantidade e meu sonho agora é montar em um t-rex.
O CGI aliás é ótimo e necessário. Ouvi pessoas reclamando de cenas que ficaram sobrecarregadas (a da erupção vulcânica como por exemplo), mas de fato é um momento que exige uma carga de efeitos muito alta, e no fim das contas, achei a sequência visualmente muito bem resolvida, desde o colapso da ilha, ao desespero dos dinossauros correndo, foi uma das minhas cenas favoritas e um espetáculo visual a parte.
No filme anterior havia momentos em que os efeitos digitais estavam precisando serem mais bem polidos (principalmente a cena do ataque dospterossauros). Aqui ainda há momentos assim, mas eles duram rápidos segundos, e no geral eles estão mais consistentes. Os animais possuem peso, ótima iluminação e textura, além de uma animação muito boa (embora as vezes questionável ao possível comportamento real desses bichos).
Agora uma pergunta, vocês têm a impressão de que o Jurassic de 1993 tem de alguma forma efeitos melhores do que o do filme atual? Me desculpem por prolongar esse assunto, mas Jurassic Park tem um marco e um legado em relação a esses aspectos técnicos, e isso precisa ser discutido, afinal eu tenho essa impressão.
Acredito que o motivo disso seja que no primeiro filme, havia pouco tempo de dinos em cena, são apenas 7 minutos aproximadamente se levarmos em conta apenas o CGI. Apesar do desafio ser maior, eles possuíam um tempo mais longo para deixar essas criaturas mais bonitas e bem finalizadas. Aqui, em Jurassic World, mesmo com a tecnologia de efeitos mais avançada, temos quase 1 hora desses animais em cena, e diversos modelos deles para serem criados, texturizados e animados, o que se intensifica se levarmos em conta que o filme tem o maior número de espécies da franquia.
Por isso acho que o tempo foi mais curto para fazer algo ousado em Fallen Kingdom, mesmo o resultado final resulte em um trabalho admirável. Mas olhando o histórico do estúdio Industrial Light & Magic (principal fornecedora de efeitos do filme), podemos ver alguns exemplos de obras mais surpreendentes, aliás, vocês viram o que eles fizeram ano passado com “Kong: Skull Island”? Maravilhoso não? Sobre a criação e a sonoplastia dos dinos, o filme preserva a qualidade de sempre, embora a maior parte dos efeitos sonoros sejam reutilizados das parcelas anteriores, e o que temos de novo, ainda que muito bem feito, não é tão marcante quanto ao rugido de um Tiranossauro.
E sobre a discussão da falta de dinossauros com penas, não concordo muito com argumentos de que eles são clones, com genes de outros animais, e por isso não possuem penas. Isso parece uma justificativa que nós fãs criamos para preencher essa lacuna, em vez da própria equipe criativa da franquia (me corrijam caso eu esteja errado).
Acredito que o motivo é mais simples: eles nunca vão colocar penas nesses bichos por motivos de que o próprio público possa se afastar diante da proposta. As pessoas estão mais acostumadas com monstros répteis gigantes, e é justamente isso o que eles fazem. Para quem acompanha os fatos científicos a respeitos dos dinossauros, sabem que o que Jurassic World tem feito foram monstros (pensando bem, os híbridos foram uma forma de trazer à tona esse fator).
Agora não faço ideia do que esperar do próximo filme, eu achava que o maior potencial para algo grandioso estava aqui em Fallen Kingdom, mas me enganei. Minhas expectativas estão baixas, embora eles tenham algo para trabalharem no futuro. Ainda assim gostei do filme, é sempre uma excelente aventura revisitar esse mundo.
Mas é uma pena que o filme se limita apenas a um convite para revisitarmos tudo isso, sendo que essa é uma trilogia em potencial para ideias novas, o triste é que essas ideias estão em escasso, e o sentimento de que “eu vou ver Jurassic Worldapenas para me divertir, não para ver um ótimo roteiro e personagens para serem dissecados”, já está se desvanecendo em mim. Mas se você é um fã assim como eu, aqui tem de tudo para que você fique maravilhado, só espero que no futuro a franquia encontre um jeito.
Aftersun
4.1 707Acessar uma memória é apenas o despertar de sons e imagens para recriar um momento passado, e que forma linda de usar o cinema, que trabalha tanto com os nossos sentidos, para explorar esse aspecto da psique humana.
Quando recontamos uma lembrança inúmeras vezes, naturalmente vamos inserindo detalhes que talvez nem estavam lá realmente, e da mesma forma o filme, sendo um recorte seletivo das memórias de Sophie, consegue projetar imagens que ela nunca poderia ter presenciado, como a cena do pai sozinho na praia ou no quarto, e é justamente essas cenas que vão dar uma ressignificada naquilo que ela não captou na infância, mas que toma liberdade em projetá-los para preencher as lacunas sobre o que estava acontecendo com o pai.
Gostei também do recorrente uso das gravações de Sophie, pois apesar de serem gravações registradas e confiáveis, revelam pouco sobre a natureza real dos personagens, logo, o subjetivo das memórias é o que vale a pena ser discutido.
É um filme íntimo, me senti invadindo a privacidade de alguém. Foi uma paulada, mas uma linda paulada.
O Telefone Preto
3.5 1,0K Assista Agora“Jesus, what the fuck?”
O Mundo dos Pequeninos
4.2 652 Assista AgoraO momento em que Arrietty realmente amadurece ocorre quando...
ela ao fim do filme não culpa mais Sho pela mudança da família, compreendendo que Sho só queria ajudar, e reconhecendo a sua parcela de descuidado que levou eles a mudança, sem entrar no cíclo de remorso eterno, pois ninguém esperava que esse incidente iria chegar em tais proporções.
Que personagem esférico sensacional, Sho também é de tirar o fôlego, como um comentário aqui do Filmow já diz,
ele representa a parte da humanidade que cuida da natureza como um protetor, sem que eles necessariamente precisem dessa ajuda. Torcendo pela esperança de viver desse garoto.
Raya e o Último Dragão
4.0 646 Assista AgoraEu senti que Raya poderia ter sido uma mini-série ou uma série de filmes, justamente pela estrutura narrativa do filme de vários arcos, assim como o seu rico worldbuilding e TEMAS. Por exemplo, um conceito que utilizo para ver se valeu ou vale a pena ver uma obra, é através dos temas que ela aborda. Se ao fim do filme ele não te trás nenhuma ideia original que já não conhecias, então pouco ele te acrescentou, e no caso de Raya, eu já havia visto aquela mensagem de forma mais complexa e profunda em obras como Avatar: The Last Airbender. Ambas possuem o tema da UNIFICAÇÃO DAS NAÇÕES e Avatar aborda isso ao decorrer de 2 séries além das HQs de forma super gradual, e no caso de Raya, em toda sua restrição de tempo, conseguiu dar a isso um tom apenas bonitinho.
Claro, preciso exaltar o maior destaque para mim que foi o worldbuilding do filme, eu adoraria passar mais um tempinho nesse universo, e é claro, em termos técnicos o filme é um primor. Adorei a protagonista, os demais personagens vão de bacanas a ótimos, enfim, um filme redondinho, que pela sua excelência e mistura do melhor que existe no audiovisual, trouxe sim uma experiência válida para mim.
Luca
4.1 769Uma frase que eu ouvi da professora Lúcia Helena Galvão a respeito da beleza, foi sobre como seriamos mais ricos se fossemos mais observadores, e Luca é a encarnação desse ideal. Apesar do desejo de conseguir a sua VESPA, e da necessidade de possuir dinheiro para tal feito, esses planos se tornam coadjuvantes quando Luca adiciona valor intrínseco naquilo que sempre está disponível para todos nós: a natureza, a vida, a realidade como se apresenta, e que pedem um pouco da nossa observação, apreciação e estudo. Aliás, o character design reforça muito bem a mensagem, olhem só para os olhos grandes e cheios de vida do protagonista. Seriamos realmente muito mais ricos se fossemos como Luca.
Sobre toda essa discussão se Luca realmente retrata um relacionamento homo afetivo, acredito que há sim margem para interpretação, mas será que isso não aluna a ideia de que dois garotos héteros possam ter uma amizade extremamente saudável, sensível e carinhosa da forma que foi retratada? Bom, fica a reflexão.
Encontros e Desencontros
3.8 1,7K Assista AgoraComo diz um comentário por aqui, muito bacana como o relacionamento deles é meio amorfo, não sabemos o que um é para o outro, mas é inegável que a história pende um pouco para uma fidelidade amorosa/afetuosa (não necessariamente um romance), que como o próprio filme comprova, é bastante frágil.
Esse afeto apenas se sustenta enquanto eles estão em solidão, tristes e perdidos, pois é o que os conecta tão rápido, mas também os separa na mesma velocidade. A parte da fidelidade implica na forma em como os personagens esperam que o outro sempre corresponda a essa morbidez, permanecendo fiéis uns aos outros, por isso Charlote se sente traída ao ver que Bob dormiu com outra mulher, independente se foi para um lado romântico ou não, é uma traição dos valores componentes dessa conexão, essa é a prova de que o relacionamento forte deles enfatizado no final do filme é na verdade insalubre, e praticamente um escapismo.
A Princesa e o Sapo
3.6 911 Assista AgoraO filme trás a mais sensata concepção de um casal que eu já vi em algum filme da Disney até então. No fim das contas, você decide ficar com a outra pessoa pois ambos compartilham do mesmo projeto de vida, ambos acrescentam nesse grande sonho.
O desenvolvimento individual de cada personagem nunca é abandonado, ele é compartilhado.
Soul
4.3 1,4KAcredito que o propósito de todo ser humano poderia ser:
A apreciação da vida. Sinceramente, após esse soco do filme, preciso repensar todo o meu estilo de vida e respeitar mais essa oportuinidade única que é viver.
Um filme para assistir outra vez.
Toy Story 4
4.1 1,4K Assista AgoraAlguém pegou a referência do curta Tin Toy?
Que Raio de Saúde
3.9 143Okay, vamos comer verduras e legumes... Mas e quanto aos agrotóxicos extremamente prejudiciais? Quer saber, vamos viver de brisa, porque não dá kk. Somos 7 bilhões de pessoas, muitas pessoas para alimentar (e nem todas são de fato alimentadas)... Então um alimento de qualidade nunca chegará pra toda essa demanda. Mas isso não significa que não podemos melhorar, eu gostei do documentário, estou assustado
Assunto de Família
4.2 400 Assista AgoraEsse quentinho no coração que esses personagens transmitem, esse amor que transborda... eu nunca senti ou recebi isso por 98% daqueles que tem o meu sangue... Esse filme atualiza a concepção de família... Um soco na cara da sociedade.
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald
3.5 1,1K Assista AgoraSerá que eles ainda tem história para mais 3 filmes? Seria ótimo se fosse uma trilogia, mas nem vou reclamar, se não eles vão fazer parte 1 e 2 do último filme
Estou apaixonado pela criatura chinesa, gente que beleza é aquela. Querido Newt, provavelmente você é meu personagem favorito da franquia.
Sobre o final... Hummm,
gente, eu acho que é mentira viu, não sei se a JK vai levar isso adiante, mas caso sim, já está bem claro o desfecho do Credence. Muito trágico esse personagem
Suspiria
3.8 981 Assista AgoraAgora a protagonista pode colocar "bailarina e matadora de bruxas" no perfil profissional de seu currículo
Adorei a identidade visual do filme.
Han Solo: Uma História Star Wars
3.3 638 Assista AgoraAs pessoas falavam tão mal sobre esse filme que eu fui ver sem expectativas, e olha, me diverti muito.
O ator se saiu muito bem como Han Solo, ele tem a malandragem do personagem, mas também uma ingenuidade que achei que fazia sentido.
O único problema do filme é quando ele decide ser pretensioso demais em querer ficar fazendo ligações com outros filmes da franquia, pois acaba afetando alguns personagens negativamente (quem assistiu talvez tenha notado). É um fan service bacana, mas para mim poderia não ter que eu não iria gostar menos do filme por conta disso.
Mas o filme é bom, tecnicamente impecável, o resto do elenco está ótimo, e eu gostei da L3
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista AgoraTinha tudo para ser um dogma 95 raiz se não fosse pelos momentos musicais, que aliás, não gostei. No contexto faz sentido por conta da personagem, mas destoa muito do resto. Temos uma cena com carga emocional muito triste, e em seguida temos uma música aleatória sem nexo... Quebra o clima. Ainda assim adoro a Bjork e seu trabalho, a atuação dela nesse filme é poderosa.
Apesar dos pontos negativos, o diretor consegue passar o efeito que ele queria, que é o de tristeza e de indignação
Insanidade
4.2 64Um dos maiores equívocos que eu cometi quando conheci Jan Svankmajer foi tentar enxergar sua obra de forma linear, e mesmo depois de assistir vários de seus trabalhos eu cometi esse erro novamente.
Jan exige que enxerguemos tudo de forma mais ampla, e aqui isso só se intensifica. Primeiro longa que vejo do diretor, e embora não esteja entre minhas obras favoritas dele, ainda assim é ótimo. Aqui temos alguns temas que Svankmajer já utilizava nos seus trabalhos, como a carne por exemplo, e o uso do stop motion tambem está aí de uma forma agoniante.
A maior mensagem que eu captei do filme foi a da falsa liberdade e a da mentira que é o livre arbítrio, pois como já dito em diversos comentários aqui no filmow, sempre seremos escravos dos outros ou de nós mesmos... Sempre há uma mão maior nos controlando através de cordas.
Filme difícil mas necessário
O Conto
4.1 339 Assista AgoraQue situação delicada da Jennifer Fox, ela ousou muito em mostrar para todos parte de sua história, acredito que deve ter sido libertador sair da zona de conforto e ter vasculhado as memórias do passado dessa forma. Foi uma experiência muito perturbadora, eu não estava preparado para o que o filme tinha a apresentar. É o melhor filme que vi desse ano até aqui. Ousado e corajoso, parabéns a Jennifer Fox!
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraEu simplesmente nunca sabia para que lado o filme queria ir, e que história ele queria contar.
Primeiro, fui surpreendido pela morte de Charlie, que eu pensava que seria um personagem recorrente durante o filme todo. A morte dela foi horrível, eu quase parei de ver o filme nesse momento de tão chocado que fiquei. A reação da mãe e o psicólogo quebrado do irmão foi trabalhado com uma sutileza que esmagou minha mente, que sofrimento.
Depois disso eu pensei: "o filme vai acompanhar a redenção do filho" e em seguida: "não, vai mostrar como a morte da filha vai sucumbir o irmão ou a mãe até a morte". E então teve a discussão do jantar, e eu tinha quase convicção de que esse seria um terror mais sutil, voltado para os conflitos familiares, o que estava ótimo pra mim, visto que estava tudo tão intrigante.
Mas aí a trama puxou para o lado do espiritualismo, a médium e todos as convenções desse tipo de plot, e confesso que pensei que ali mesmo o filme ia me perder. Subestimei viu, eu gostei, tenho muito o que digerir, mas achei fantástico.
Fotografia e trilha sonora fantásticas! Estou com medo gente, estou com medo.
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraSó queria dizer uma coisa:
Tia Lidia, te odeio
Brincadeiras a parte, amo essa atriz, adorei o filme
O Serviço de Entregas da Kiki
4.3 774 Assista AgoraO que acontece quando Hayao Miyazaki decide contar uma história sobre amadurecimento? Bom, assista esse filme e saberás.
Me identifiquei muito com a personagem, e o trabalho que o diretor faz com os coadjuvantes é impecável, você simplesmente pega empatia automática por eles. O amor ao próximo que eles tem a oferecer é lindo. E sobre o gatinho Jiji... amei cada segundo dele em cena, e a mensagem que ele carrega é forte e maravilhosamente bem executada.
Um dos meus favoritos do diretor
Neon Genesis Evangelion: O Fim do Evangelho
4.3 253 Assista AgoraNão é fácil de assistir, muito menos de aceitar, mas foi um filme impactante que assim como a série não saiu da minha mente por muito tempo (pensando bem, até agora ainda penso bastante nele).
Não gosto de pensar nele como um complemento para a série animada, até porque pra mim ela funciona perfeitamente sozinha com aquele seu final introspectivo. Mas de fato é sim um complemento, e aliás, que complemento. Até hoje me encontro digerindo as informações desse filme, que não são poucas.
Ele é assustador, intenso, estranhamente incrível, e que apesar de alguns erros, entrega todo o climax que os fãs desejavam. Visualmente o anime se eleva a outro patamar nunca visto, abusando ainda mais de seus simbolismos, e o surrealismo presente na franquia.
Lindo, assustador, relevante e memorável.
Meu Amigo Totoro
4.3 1,3K Assista AgoraEsse é na minha opinião o anime que mais deixa nítido o estilo de direção de Miyazaki. É impossível não se emocionar com a mensagem da inocência, e da criança interior que muita das vezes deixamos morrer, nem sempre de propósito é claro, as exigências da sociedade nos fazem cometer isso naturalmente. Por isso que eu gosto tanto dos filmes do Miyazaki, pela pureza que ele traz nessas obras... tudo isso tem um significado muito grande para mim, pois traz a tona sentimentos verdadeiros que eu devo preservar, independente da idade. Sensibilidade é uma poesia que nunca devemos deixar morrer, e é esse o elo que o filme oferece para todos nós.
Certamente um filme dedicado ao público infantil, mas que funciona muito melhor com os adultos.
Jurassic World: Reino Ameaçado
3.4 1,1K Assista AgoraEu deveria ter colocado uma placa escrita: "CUIDADO CHÃO MOLHADO"
Por que eu chorei tanto na cena do
Braquiossauro sendo deixado pra trás.... Não superei
Jurassic World: Reino Ameaçado
3.4 1,1K Assista AgoraO primeiro e mais notável acerto do filme foi o novo diretor do longa, J.A
Bayona, e o diretor de fotografia, Oscar Faura, ambos os dois trabalham juntos a
bastante tempo, e deixaram suas marcas em suas respectivas funções em filmes como
“O Impossível”, e o recente “Sete Minutos Depois da Meia Noite”. Ambas pessoas
conseguem trazer um frescor que a franquia precisava há tempos, e é claro que o
resultado foi revigorante.
Se você já assistiu algum filme do Bayona, vai identificar a sua marca nesse
Jurassic World, seja pelo terror (O Orfanato), na forma que ele trabalha com
sequencias de catástrofes em grande escala (O Impossível), ou no encanto
fantástico que rodeia as criaturas (Sete Minutos Depois da Meia Noite).
Movimentos de câmeras inteligentes, o incrível uso de sombras, e a atmosfera
de terror gótico são as características visuais mais fortes dessa obra, e posso dizer
que Bayona, junto ao Spielberg são os mais ousados diretores que já colocaram a mão
na franquia. Ainda assim fico pensando o que ele faria com esse filme caso tivesse
total liberdade criativa para trabalhar nele... sim, estou falando sobre o roteiro.
Se no filme anterior o roteiro era completamente previsível, com poucas
surpresas e que se apoiava fortemente ao saudosismo dos filmes passados, Fallen
Kingdom não fica muito para trás. Escrito por Colin Trevorrow e Derek Connolly, a
história tem uma estrutura diferente de todas as sequencias, uma premissa bacana,
mas ainda assim é preguiçoso e muita das vezes ilógico. Não se enganem, há
complexidade aqui, mas ela nunca é mostrada, apenas mencionada.
Ele se apoia fortemente no primeiro filme, reciclando também diversas cenas
do longa (na verdade até mesmo cenas do último Jurassic World). São cenas que
funcionaram na época e que aqui a maior parte funciona pois são bem empregadas,o que não significa que elas tenham o mesmo impacto emocional se comparado a obra
de Spielberg, mas ainda funciona do seu próprio jeito por meio da nostalgia.
Mas já que o objetivo era reciclar momentos marcantes, os escritores
poderiam ter se baseado também nos livros de Michael Crichton, visto que neles
ainda tem conteúdo que não foi utilizado nos filmes. Mas enfim, fica um
pressentimento de que a criatividade da franquia talvez esteja ficando escassa.
O filme tem um twist que eu fiquei de boca aberta (sim, sou daqueles que
nunca desvenda as reviravoltas e que demora para processá-las), mas que no fim das
contas eu não gostei tanto da forma que ela foi abordada. Ela abre novas
possibilidades para Jurassic World 3, mas não desdobra consequências sólidas nesse
filme.
Aliás esse é um problema dos problemas recorrentes, ele deixa muito para um
próximo filme e pouco para esse. Eu não me importaria se o filme tivesse 10 ou 20
minutos a mais para o fechamento decente de algumas pontas, em vez de ter apenas
informações pesadas jogadas na minha cara com o objetivo de surpreender.
Se você não gostou dos novos personagens do primeiro Jurassic World, não é
aqui que você irá apreciá-los. Nos primeiros filmes tínhamos personagens com
camadas, e o segredo estava em suas simplicidades, mas o que eu tenho visto desde
Jurassic World de 2015, são figuras mais genéricas, que seguem o modelo dos atuais
blockbusters, e que é ainda mais prejudicado por conta dos fracos diálogos. Mas ainda
assim nem tudo esteve perdido.
Owen (Chris Pratt) está igual ao filme anterior, afinal, Pratt tem muito
carisma para mostrar aos espectadores. Felizmente gostei mais do desenvolvimento
de sua relação com a Velociraptor Blue, eu realmente acho que se ainda havia algum
resquício de má impressão sobre os dinossauros treinados, certamente foram
fechados com as cenas dos dois. É lindo, e acima de tudo genuinamente emocionante.
A personagem da Bryce Dallas Howard, Claire, está menos careta do que no
filme anterior e mais empática, principalmente no que diz respeito aos dinos, embora
essa migração da personagem não seja 100% convincente, mas o trabalho de atuação
dela é muito bom, ela sabe trabalhar com drama de forma eficaz. Ah, outro ponto,
infelizmente há aqui uma continuação pobre do relacionamento amoroso entre ela e
Owen, é um saco, detesto de tudo.
Dentre os personagens novos temos a veterinária Zia Rodriguez, interpretada
pela Daniella Pineda. Ela é o primeiro personagem que eu verdadeiramente gostei
dessa nova trilogia, e espero ver mais dela em um próximo filme, caso não decidam
excluir os coadjuvantes, igual fizeram no filme anterior.
Justice Smith interpreta Franklin, um jovem técnico de informática que a
maior parte do público achou dispensável, o que faz sentido, já que o alívio cômico do
personagem não funciona, mas confesso que ri na sua reação ao contemplar o
Baryonix na Ilha Nublar. Eu pensei: “É assim mesmo que eu reagiria”, de qualquer
forma, ele parece um dos únicos do elenco regular a reagir de forma esperada ao ver
um dino, o que não quer dizer muito.
Como de costume da franquia, sempre temos uma nova criança a cada filme,
e a da vez foi a pequena Maise, interpretada pela Isabella Sermon, e ela é maisinteligente e simpática do que os garotos do filme anterior. Temos de volta também
o nosso Deus da engenharia genética, Dr. Wu (BD Wong), que parece que não irá sair
do seu ciclo que agora se tornou enfadonho, uma pena.
E de resto temos vários personagens gananciosos, que certamente não
pensam no bem-estar das queridas criaturas pré-históricas, entrando em
contraponto aos personagens principais da trama. Esses sim são bem
bidimensionais, mas o ódio que você vai sentir deles é real, embora pelos motivos
errados as vezes, já que algumas de suas atitudes são forçadas ou ilógicas.
Amei os cenários, desde a ilha, até a sensacional mansão dos Lockwood. A
arquitetura dela é incrível, e no contexto ela é muito bem explorada, o que é justo, já
que o filme passa um longo tempo nesse local. A trilha sonora do Michael Giacchino
trouxe as faixas mais épicas da franquia até então, trazendo o gótico através do órgão
e do intenso coral. É linda, nostálgica, e não se apoia tanto no icônico tema criado
por John Williams, o que é interessante. Aliás o tema do Indoraptor foi o meu
favorito.
Já os dinossauros do filme, Uau! O filme em si é sobre eles, sobre nossa
empatia diante desses animais, e temos muito tempo deles em cena do que qualquer
outro filme Jurasic, alguma delas me tiraram lágrimas. Dinossauros ao fim das
contas ainda impressionam, eles são a alma disso tudo.
Dessa vez temos o maior número de espécies do que nos demais filmes
anteriores, trazendo de volta alguns favoritos como o Braquiossauro, além de novas
espécies, sendo que há seis novas delas (alguém contou mais?), e muitos possuem um
momento significante em tela, e que fazem de fato a trama andar. (Amei
principalmente o Carnotauro e aquele fofo do Stygimoloch).
Mas o principal e o melhor de todos continua sendo a Blue, sendo que boa
parte dos fatos giram ao redor dela, e é claro, temos o destaque do novo híbrido, o
Indoraptor. As novas características dele não justificam de fato a necessidade um
outro híbrido, aliás, eles precisam para com essas ideias. Talvez por ser uma ideia já
utilizada, o impacto em si é menor, mas ainda assim o Indoraptor é ameaçador e
dono de uma das melhores cenas.
Quanto aos efeitos, eles estão excelentes, principalmente os práticos que são
os animatrônicos. Eles trazem mais do que um nível de realidade adicional ao filme,
eles acrescentam uma aproximação maior dos personagens humanos aos bichos.
Também possuem bastante tempo em tela, e a interação deles com o CGI é
irretocável. Só agradeço o responsável por colocar esses robôs de volta em grande
quantidade e meu sonho agora é montar em um t-rex.
O CGI aliás é ótimo e necessário. Ouvi pessoas reclamando de cenas que
ficaram sobrecarregadas (a da erupção vulcânica como por exemplo), mas de fato é
um momento que exige uma carga de efeitos muito alta, e no fim das contas, achei a
sequência visualmente muito bem resolvida, desde o colapso da ilha, ao desespero
dos dinossauros correndo, foi uma das minhas cenas favoritas e um espetáculo visual
a parte.
No filme anterior havia momentos em que os efeitos digitais estavam
precisando serem mais bem polidos (principalmente a cena do ataque dospterossauros). Aqui ainda há momentos assim, mas eles duram rápidos segundos, e
no geral eles estão mais consistentes. Os animais possuem peso, ótima iluminação e
textura, além de uma animação muito boa (embora as vezes questionável ao possível
comportamento real desses bichos).
Agora uma pergunta, vocês têm a impressão de que o Jurassic de 1993 tem
de alguma forma efeitos melhores do que o do filme atual? Me desculpem por
prolongar esse assunto, mas Jurassic Park tem um marco e um legado em relação a
esses aspectos técnicos, e isso precisa ser discutido, afinal eu tenho essa impressão.
Acredito que o motivo disso seja que no primeiro filme, havia pouco tempo de
dinos em cena, são apenas 7 minutos aproximadamente se levarmos em conta apenas
o CGI. Apesar do desafio ser maior, eles possuíam um tempo mais longo para deixar
essas criaturas mais bonitas e bem finalizadas. Aqui, em Jurassic World, mesmo com
a tecnologia de efeitos mais avançada, temos quase 1 hora desses animais em cena,
e diversos modelos deles para serem criados, texturizados e animados, o que se
intensifica se levarmos em conta que o filme tem o maior número de espécies da
franquia.
Por isso acho que o tempo foi mais curto para fazer algo ousado em Fallen
Kingdom, mesmo o resultado final resulte em um trabalho admirável. Mas olhando
o histórico do estúdio Industrial Light & Magic (principal fornecedora de efeitos do
filme), podemos ver alguns exemplos de obras mais surpreendentes, aliás, vocês
viram o que eles fizeram ano passado com “Kong: Skull Island”? Maravilhoso não?
Sobre a criação e a sonoplastia dos dinos, o filme preserva a qualidade de
sempre, embora a maior parte dos efeitos sonoros sejam reutilizados das parcelas
anteriores, e o que temos de novo, ainda que muito bem feito, não é tão marcante
quanto ao rugido de um Tiranossauro.
E sobre a discussão da falta de dinossauros com penas, não concordo muito
com argumentos de que eles são clones, com genes de outros animais, e por isso não
possuem penas. Isso parece uma justificativa que nós fãs criamos para preencher
essa lacuna, em vez da própria equipe criativa da franquia (me corrijam caso eu
esteja errado).
Acredito que o motivo é mais simples: eles nunca vão colocar penas nesses
bichos por motivos de que o próprio público possa se afastar diante da proposta. As
pessoas estão mais acostumadas com monstros répteis gigantes, e é justamente isso
o que eles fazem. Para quem acompanha os fatos científicos a respeitos dos
dinossauros, sabem que o que Jurassic World tem feito foram monstros (pensando
bem, os híbridos foram uma forma de trazer à tona esse fator).
Agora não faço ideia do que esperar do próximo filme, eu achava que o maior
potencial para algo grandioso estava aqui em Fallen Kingdom, mas me enganei.
Minhas expectativas estão baixas, embora eles tenham algo para trabalharem no
futuro. Ainda assim gostei do filme, é sempre uma excelente aventura revisitar esse
mundo.
Mas é uma pena que o filme se limita apenas a um convite para revisitarmos
tudo isso, sendo que essa é uma trilogia em potencial para ideias novas, o triste é que
essas ideias estão em escasso, e o sentimento de que “eu vou ver Jurassic Worldapenas para me divertir, não para ver um ótimo roteiro e personagens para serem
dissecados”, já está se desvanecendo em mim. Mas se você é um fã assim como eu,
aqui tem de tudo para que você fique maravilhado, só espero que no futuro a franquia
encontre um jeito.
Nota: 7.8