Classificado como um docudrama, Rama Pakararu está ali na seara entre ficção e drama. O filme usa uma ficção para revisitar os atos terroristas cometidos contra uma escola e um psf de uma comuidade indígena. O filme me perdeu algumas vezes... Talvez funcionasse melhor como curta-metragem... Para um longa eu senti que a história deu uma arrastada... Ainda assim vale a pena conhecer o filme pelo passeio que Bia Pankararu nos proporciona na históira e cultura de seu povo.
Para'í esteve em exibição no Canal Brasil recentemente, por ocasião da mostra dos povos originários que foi trasmitida pelo canal. Então, há aspectos positivos pra se levar em conta. Se há um visível problema nas interpetações, a riqueza cultutal evocada, a beleza das cerimônias, acaba nos fazendo reconsiderar e não nos afetarmos tanto pela irregularidade nas performances. Filmes que mostram indígenas sofrendo os males da vida urbana sempr eme deixam com uma dose extra de tristeza.
Confesso que, embora goste muito do Paulo José e de seus trabalhos, esse é um filme que não me pegou muito. Não consegui me divertir. As situações que deveriam soar engraçadas se estenderam demais e se repetiram sem necessidade. Acabou sendo uma experiência apenas ok, com alguns bons momentos, mas a sensação de que poderia tranquilamente não ter visto.
Algo que me causou assombro logo no começo do filme foi o Paulo José perguntando sobre o pesadelo da Leila Diniz, se ela tinha sonhado com o avião caindo... Quase uma premonição. 😢
Estamos diante de um documentário capaz de nos provocar reações das mais distintas possíveis: desde uma ira, uma indignação, até uma tristeza conformista até uma retomada da força e da esperança. Uma verdadeira montanha russa de emoções. Na trama acompanhamos um vilarejo resistindo ao avanço do exército de Israel e retroescavadeiras que foram utilizadas para derrubar as oliveiras dos palestinos a pretexto de construir um muro que protegesse o povo de Israel de radicais violentos. Ocorre que na construção desse tal muro uma grande quantidade de terras palestinas foi grilada, roubando as terras férteis dos moradores do vilarejo de Budrus. Os civis m, com ajuda de estrangeiros e militantes judeus pro-Palestina, tentam oportunidade resistência pacífica para salvar as terras. Mas num dado momento as coisas parecem fugir do planejado. Dirigido por uma realizadora brasileira, o filme nos coloca em contato com a diferença brutal de força entre o aparato militar de Israel e esses pobres lavradores palestinos. Mas também é um convite à esperança de que soluções pacíficas, por mais tempo que cobrem para apresentar resultados, não podem deixar de serem buscadas.
Um programa interessantíssimo sobre o ataque do Hamas no dia 7 de outubro e a retaliação do exército israelense. Muita informação apurada de forma séria, sem poupar o Hamas e sem poupar Israel dos crimes cometidos a partir daqueles eventos.
Uma belíssima homenagem a esse trovador contemporâneo, esse mestre da poesia sertaneja. O Rosemberg foi muito feliz na direção desse filme. Vemos o desenrolar da fama de Patativa em paralelo aos acontecimentos políticos do país. Tem muita informação sobre a vida e a obra do poeta de Assaré que só tive acesso através desse documentario. Recomendo a todos.
Acho que o filme não é essa catástrofe toda que pintaram. Tem realmente alguns bons momentos. Só tenho a sensação de que houve desperdício de potencial, pois a narrativa tem todos os elementos para ser um grande filme mas nunca atinge toda a força que poderia alcançar. Há problemas de roteiro e direção que mudaram completamente a impressão geral do filme. Enfim, não foi uma experiência inesquecível mas também não foi ruim.
O filme me divertiu muito, por sua estranheza, pelo cinismo de alguns personagens, pela estética fantástica. Lanthimos quase sempre me agrada. Gosto da sua visão sobre a desumanização da humanidade.
Entendo as intenções do realizador, mas, por tudo aquilo que exige do espectador esse filme entrega pouco. Parece ser o tipo de filme que funciona melhor em Festival, para público bem ninchado, se valendo do elemento surpresa para causar mais impacto. Chegando a outros públicos, com suas principais virtudes já amplamente discutidas e, portanto, amortecendo a sua potência para públicos que viveram a ansiedade de ver Zona de Interesse desde Cannes, eu sinceramente, não vejo tanto brilho, tanta genialidade, tanta inventividade assim nesse filme. Entendo perfeitamente as vitórias de Anatomia de uma Queda sobre esse filme.
To Kill a Tiger é um documentário Canadense assinado por Nisha Pahuja e trata sobre a luta de uma família paupérrima de uma aldeia de Jharkhand (Índia) para conseguir na justiça a punição de 3 criminosos que estruparam Kiran, a filha de apenas 13 anos dessa família. O que mais choca, além da violência praticada contra a garota, é a leniência da comunidade que exige que Ranjit, pai de Kiran, case a menina com um dos seus estupradores para "recuperar a honra" da menina. Líderes comunitários e moradores exercem uma pressão gigantesca contra a família para que não leve às raias da justiça o "erro" desses três jovens. Certamente as falas de alguns moradores causará náusea em quem decidir ver To Kill a Tiger. Outra coisa que incomoda muito durante a sessão são as contantes humilhações que o pai, Ranjit, sofre por onde vai, na busca pela justiça. O filme só não acerta na sua duração, que excede o necessário em pelo menos 20 minutos, tornando a experiência cansativa à certa altura. O conflito de Ranjit, seus desgostos, seu processo depressivo, o retorno à esperança de justiça, são todos ingredientes que engajam o espectador e nos comovem. Vale a sessão!!!
Talvez por ter visto alguns documentários que estavam com hype para o Oscar e que foram preteridos ao Bobi Wine: The People's President, eu estava com certa desconfiança sobre a qualidade do filme. Mas, olha, a história aqui contada precisava demais vir à luz. O que acontece quando um país, sob ditadura militar, com um presidente caminhando para o sexto mandato, produz uma mente inquieta e obstinada por valores democráticos como a de Bobi Wine? Um músico que já mandava altas letras de protesto e denúncia em suas composições, entra para o parlamento de Uganda e, perdendo a batalha contra a ditadura nesse front, dobra a aposta e se candidata a presidente, enfrentando todo tipo de ameaça, prisão, tortura, coerção, violência... Esse cara é foda. O documentário me deixou o tempo todo aflito, só esperando a notícia da morte de Bobi, porque a violência de Estado é a serventia da casa em Uganda. Vale a sessão!!!
Fui sem expectativa nenhuma e mesmo assim terminei o filme com cara de nada rsrsrs Realmente o visual é bonito, efeitos muito lindos mesmo. Mas esse roteiro, olha, a pessoa não sabe para onde ele quer te levar. Acaba tudo em uma pegada aventuresca super clichê, onde a suspensão da descrença é exigida ostensivamente. Há muita coisa simplesmente jogada e o espectador que se vire para processar e dar sentido.
A animação é simples mas tem um charme nostálgico inquestionável. Gosto dos personagens, da trilha sonora, das referências à cultura pop... Parece estar tudo no lugar. Daí a minha frustração: mesmo reconhecendo os méritos do filme, não morri de amores como a maior parte das pessoas que viram. Não sei se o filme me pegou em uma hora ruim, mas não me emocionou muito não 😕 Ainda sim penso que o filme merece ser visto. Se a indicação ao Oscar foi merecida eu ainda não consigo dizer. Falta ver muita coisa ainda. Mas a julgar pela ousadia da proposta é possível que sim. É bom ver animações de outros países se destacando na temporada de premiações. Foge um pouco das cartas marcadas de todo ano.
Tive uma boa experiência com o filme. Monk, com sua pouca vocação para as relações humanas, me divertiu muito. A frustração de ver livros ruins sendo celebrados enquanto o seu trabalho, de elevado rebuscamento e refinada escrita, permanece ignorado, por si só já explica os rompantes que Monk tem de vez em quando. Gosto do sarcasmo, do humor ácido desse filme. American Fiction faz um exercício metalinguístico na parte final do filme que me arrancou muitas gargalhadas. Acho que vale super a pena.
O documentário é estarrecedor até para quem já vou outros conteúdos sobre os crimes humanitários cometidos por Kim Jong-un. A realizadora conta a história de uma família tentando fugir da Coreia do Norte para a Coreia do Sul, com o apoio de um pastor que tem toda a expertise nessas fugas. O filme também acompanha o desespero de uma mãe norte-coreana que deserdou tentando encontrar seu filho que ficou na Coreia do Norte. Através das narrativas cruzadas vamos entendendo o contexto de opressão e alienação do povo pela propaganda do governo. Filme poderoso, nas suas esperanças e desesperanças, que merece ser visto... Mais que isso: precisa ser visto!
Somos os Guardiões parece repetir a mesma experiência que tivemos com outros documentários recentes sobre a temática. Mas só parece. O que mais gostei nesse documentário foi a capacidade de captar também a perspectiva dos pequenos invasores, gente miserável, com educação precária, que passa muita necessidade e que geralmente são instrumentalizados pelos grandes invasores. A escala do desmatamento na Amazônia impressiona. As comunidades indígenas aparecem nos mapas esmagadas por destruição de todos os lados. A floresta está gritando a emergência e o país (o mundo, na verdade) precisa agir em defesa do meio ambiente.
Realmente os efeitos especiais tiram a gente do filme... Uma pena 😕... Talvez fosse uma decisão mais acertada não mostrar imagens externas das decolagens e pousos... Algumas atuações estiveram muito abaixo do clima de terror criado dentro do avião. Fora do avião as coisas não foram muito melhores: militares, políticos, civis não são lá muito convincentes. Jorge Paz fazendo Raimundo Nonato transmite o desespero e o extremismo contidos em seus olhos nervosos e seus gestos bruscos. Danilo Grangheia no papel do piloto Fernando Murilo entrega um bom trabalho, tendo que passar para o público uma torrente de sentimentos contidos pela necessidade de estar sereno para tentar salvar as vidas do voo 375. Vejo méritos na realização do filme. O público que viu no cinema exaltou demais a produção lá pelo mês de dezembro de 2023. O que me leva a acreditar que o filme encontrou seu público.
Amo cinema brasileiro, de todo o coração... Mas esse filme, pra ficar ruim, precisa melhorar muito... Não me tirou uma risada... Tudo é fake demais... Melhora um pouco quando Gabriel parte em busca do Mestre da Fumaça (o único personagem aceitável da história). Com uma trama rocambolesca de filme B de ação e um timing cômico bem irregular, O Mestre da Fumaça vai arrancar muitos bocejos e reviradas de olhos do público.
Detesto quando saio de um filme chateado por não ter curtido tanto quanto gostaria. Aí faço esse exercício de consultar opiniões diversas, averiguar pontos de vista, ler comentários favoráveis e desfavoráveis à obra, acreditando que algo passou à minha percepção e se perdeu na minha expectativa. Monster é daqueles que eu tinha guardado no canto do prato pra comer no final e ficar com a melhor sensação da refeição cinéfila repercutindo no âmago. Contudo, o sabor não me surpreendeu, não me encantou, não me deu satisfação. Não tenho nenhum problema com esses filmes que operam sob efeito Rashomon versões distintas de uma mesma narrativa. Mas uma coisa que não pode faltar nessa estrutura de narrativa, até pela repetição, é o magnetismo, o poder de engajamento, mas o filme entrega na sua primeira hora tantas interações vagas que se arrisca a atirar o espectador numa espiral de desconfiança sobre a plausibilidade de algumas situações. E talvez faça isso para ocultar os reais conflitos de que quer tratar, para revela-los num terceiro ato. Essa decisão, no entanto, a meu ver, sacrifica todo o filme. Koreeda não é dos meus diretores favoritos. Mas também não sou avesso aos seus trabalhos, dos quais o último que gostei foi Shoplifters em 2018. Pretendo futuramente revisitar o filme para ver se essas impressões se confirmam. Mas por hora, ficou um sentimento de decepção.
20 dias em Mariupol é daqueles filmes que drenam a alma e te deixam com o artefato da tristeza instalado no peito, explodindo de novo à cada lembrança dos horrores vistos em tela. Mstyslav Chernov e sua equipe nos colocam na perspectiva de civis confusos e assustados com a violência dos ataques russos. É impossível não chorar com o desespero de pais perdendo seus filhos para a guerra. São bebês, crianças, adolescentes, que a crueldade do ataque de Putin não poupou. As pessoas se amontoando em abrigos, completamente desnorteadas, sem água, sem eletricidade, sem comida, sem remédios, sem internet, rádio ou TV que pudessem mostrar ao mundo a dimensão da maldade praticada contra a população civil de Mariupol. Eu quis parar de ver por diversas vezes. A desolação que me batia a cada novo ataque... Não sei, doeu demais... Há filmes que não precisam de refinamento cinematográfico, de técnica x ou y, porque a grandeza das cenas da vida real se impõem sobre a atividade de filmar. 20 dias em Mariupol se insere nesse grupo de registros dolorosos que, só pela coragem de terem sido captados, merecem o reconhecimento do público.
Propriedade é apenas o segundo filme de Daniel Bandeira, e aqui ele já demonstra todas as qualidades de um bom cineasta. Na trama, acompanhamos a estilista Tereza, vítima recente de violência urbana, havendo, em decorrência disso, desenvolvido bloqueios que estão dificultando até suas interações dentro de casa. Seu marido decide levá-la para a fazenda da família para descansar um pouco. Ocorre que no mesmo dia da sua chegada, o capataz da fazenda comunicou aos trabalhadores a venda da propriedade, e portanto, o fim da permanência de todas aquelas pessoas humildes ali. O engenho do roteiro assinado pelo próprio Daniel Bandeira reside em permitir que o espectador julgue com suas próprias percepções os dilemas morais estabelecidos. E quanto mais se pensa na situação de Tereza e na situação de Antônia, moradora antiga daquelas terras, mais se aprofunda o conflito moral que atravessa a trama. Entre os trabalhadores, temos gradações de tipos: homens com muito rancor, gente que quer apenas pegar seus pertences e ir embora das terras, mulheres com a perfeita ciência de que aquele chão lhes pertence por tudo que já trabalharam. O que é absurdo e inaceitável para uns, é permitido para outros, e a única saída para outros mais. Esse corpo laboral parece se coordenar ao passo que aceita com alguma relutância os extremos que precisa cometer no contexto em que está. É dessa forma que a violência vai escalando, mesmo perpetrada por gente honesta e trabalhadora. O público fica entre torcer para Tereza se safar da fúria dos trabalhadores e livrar da culpa aquela gente tão sofrida e explorada. Uma ótima produção nacional, com destaque para a atuação de Malu Galli. Vale a sessão!
Meu primeiro contato com Tótem não me cativou muito. Acredito que devido a uma maratona recente de filmes contando jornadas épicas de sobrevivência, uma narrativa tão "comum" como a desse segundo filme de Lila Aviles, meio que provocou em mim a sensação de não ter visto grande coisa. Mas a sessão não era para ser grandiosa mesmo. O filme é curtinho, pouco mais de uma hora e meia, o espaço dos eventos é uma casa de família e todos os acontecimentos do enredo compreendem apenas algumas horas de um dia dessa família. A escala é menor, a descarga emocional é de outro domínio, de outra natureza... Não temos trilhas melancólicas sinalizando as lágrimas do público nem orquestras conferindo grandiosidade ou êxtase a segmentos de Tótem. Não. Aqui os sentimentos são comunicados quase com linguagem documental. Sol (Naíma Sentíes) é uma garotinha que está indo para a casa do avô e das tias pois todos estão organizando um aniversário para seu papai, que está com uma doença terminal. É pelos olhos dessa pequena de sete anos que vivenciamos esse ambiente familiar, cheio de conversas em códigos entre tias para não assustar Sol e as outras crianças, onde se discute aspectos da festa, mas também onde se fala em segredo sobre o péssimo estado de Tona, pai de Sol. Aprenderemos com essa garotinha e sua família que os momentos mais difíceis da vida precisam ser vividos, a despeito do terror que só imagina-los nos cause. O filme tem cenas muito bonitas, como o encontro de Sol e Tona no quarto do pai moribundo, ou como a cena de Nuri e Esther após o bolo que estava sendo feito para Tona queimar. Tendo sido vencedor do prêmio do júri ecumênico no Festival de Berlim 2023, Tótem representa o Médico entre os 15 semifinalistas do Oscar 2024, na categoria melhor filme internacional. É a quarta classificação seguida para a pré-lista do Oscar da categoria que o Médico consegue. O país que já conquistou o prêmio com Roma, de Alfonso Cuaron, em 2018, conseguirá passar à lista dos cinco finalistas e dividir o pódio da categoria com gigantes como os representantes de Alemanha, Espanha, Itália, Reino Unido e Dinamarca? Creio sinceramente que não, mas isso não quer dizer que não valha a pena ver Tótem. Revisando minha primeira avaliação, darei uma nota 8 para o filme.
Conheci Amerikatsi devido a sua pré-indicação ao Oscar de melhor filme internacional 2024, como representante da Armênia. Na data em que escrevo, o longa está entre os 15 semifinalistas da supracitada categoria. Acompanhei algum burburinho sobre este trabalho em um grupo de whatsapp e fiquei curioso. Trata-se da história de um garoto que sobrevive ao genocídio armênio escondido dentro de uma mala. Sua família acaba executada por soldados otomanos e o garoto vai parar nos EUA. Após a segunda guerra mundial, e já sob o domínio da União Soviética, a Armênia parece ser um lugar para onde um filho da terra pode retornar, ainda mais depois das promessas de Stalin para repatriar sob pagamento armênios que fugiram da violência otomana. Charlie é aquele menino sobrevivente que retorna à Armênia para se encontrar com suas origens, mas acaba encontrando seu país mais uma vez dominado pelo autoritarismo, agora soviético. O interessante nessa película é o tom usado pelo diretor/roteirista/produtor/co-editor/ator (ufa!) Michael A. Goorjian. O drama denso e pungente dá lugar a uma atmosfera lúdica cheia de humor, por vezes representando a burocracia soviética em toda a sua estupidez de forma muito brejeira. Mas o ponto alto do filme talvez seja a identificação humana que vemos nascer entre um Charlie encarcerado e um artista punido pelo partido que trabalha como guarda na torre de vigilância da prisão em que nosso protagonista está. Este prisioneiro que alguns até chamam de Charlie Chaplin, passa longas horas observando a vida da família Armênia desse guarda (pintor) chamado Tigran. Da janela de sua cela, Charlie imita hábitos armênios, finge comer refeições típicas de sua terra natal, dança como seus conterrâneos, aprende sobre seu povo e sofre com os problemas matrimoniais da família do artista. Há muita singeleza, há poesia, há sentimento sincero em Amerikatsi. Certamente é um belo filme. Mas sinto que as comparações com A Vida é Bela não o favorecem. Considero o filme italiano um dos mais lindos já feitos. Nesse sentido, Amerikatsi está alguns degraus abaixo. Ainda sim, vale muito a pena ver o trabalho de Michael A. Goorjian. É o tipo de filme que cumpre um papel importante: despertar nosso interesse por um país e por um povo sobre os quais não conhecemos muito. Nota 7.9
Rama Pankararu
3.1 1Classificado como um docudrama, Rama Pakararu está ali na seara entre ficção e drama. O filme usa uma ficção para revisitar os atos terroristas cometidos contra uma escola e um psf de uma comuidade indígena. O filme me perdeu algumas vezes... Talvez funcionasse melhor como curta-metragem... Para um longa eu senti que a história deu uma arrastada... Ainda assim vale a pena conhecer o filme pelo passeio que Bia Pankararu nos proporciona na históira e cultura de seu povo.
Visto em 21/02024
47º - Canal Brasil
Avaxi Para'i
4.0 3Para'í esteve em exibição no Canal Brasil recentemente, por ocasião da mostra dos povos originários que foi trasmitida pelo canal. Então, há aspectos positivos pra se levar em conta. Se há um visível problema nas interpetações, a riqueza cultutal evocada, a beleza das cerimônias, acaba nos fazendo reconsiderar e não nos afetarmos tanto pela irregularidade nas performances. Filmes que mostram indígenas sofrendo os males da vida urbana sempr eme deixam com uma dose extra de tristeza.
Visto em 20/04/2024
46º - Visto em Canal Brasil
Servidão
2.9 2Formulaico, básico, sem nenhuma personalidade...
Visto em 14/04/24
45° - YouTube filmes
O Homem Nu
3.2 25Confesso que, embora goste muito do Paulo José e de seus trabalhos, esse é um filme que não me pegou muito. Não consegui me divertir. As situações que deveriam soar engraçadas se estenderam demais e se repetiram sem necessidade. Acabou sendo uma experiência apenas ok, com alguns bons momentos, mas a sensação de que poderia tranquilamente não ter visto.
Algo que me causou assombro logo no começo do filme foi o Paulo José perguntando sobre o pesadelo da Leila Diniz, se ela tinha sonhado com o avião caindo... Quase uma premonição. 😢
Visto em 25/03/2024
44° - YouTube
Budrus
4.3 7Estamos diante de um documentário capaz de nos provocar reações das mais distintas possíveis: desde uma ira, uma indignação, até uma tristeza conformista até uma retomada da força e da esperança. Uma verdadeira montanha russa de emoções. Na trama acompanhamos um vilarejo resistindo ao avanço do exército de Israel e retroescavadeiras que foram utilizadas para derrubar as oliveiras dos palestinos a pretexto de construir um muro que protegesse o povo de Israel de radicais violentos. Ocorre que na construção desse tal muro uma grande quantidade de terras palestinas foi grilada, roubando as terras férteis dos moradores do vilarejo de Budrus. Os civis m, com ajuda de estrangeiros e militantes judeus pro-Palestina, tentam oportunidade resistência pacífica para salvar as terras. Mas num dado momento as coisas parecem fugir do planejado. Dirigido por uma realizadora brasileira, o filme nos coloca em contato com a diferença brutal de força entre o aparato militar de Israel e esses pobres lavradores palestinos. Mas também é um convite à esperança de que soluções pacíficas, por mais tempo que cobrem para apresentar resultados, não podem deixar de serem buscadas.
Visto em 24/03/2024
43° - YouTube
7 de Outubro
4.2 1Um programa interessantíssimo sobre o ataque do Hamas no dia 7 de outubro e a retaliação do exército israelense. Muita informação apurada de forma séria, sem poupar o Hamas e sem poupar Israel dos crimes cometidos a partir daqueles eventos.
Visto em 24/03/2024
42° - YouTube
Patativa do Assaré - Ave Poesia
4.2 17Uma belíssima homenagem a esse trovador contemporâneo, esse mestre da poesia sertaneja. O Rosemberg foi muito feliz na direção desse filme. Vemos o desenrolar da fama de Patativa em paralelo aos acontecimentos políticos do país. Tem muita informação sobre a vida e a obra do poeta de Assaré que só tive acesso através desse documentario. Recomendo a todos.
Visto em 17/03/2024
41° - YouTube
Maestro
3.1 260Acho que o filme não é essa catástrofe toda que pintaram. Tem realmente alguns bons momentos. Só tenho a sensação de que houve desperdício de potencial, pois a narrativa tem todos os elementos para ser um grande filme mas nunca atinge toda a força que poderia alcançar. Há problemas de roteiro e direção que mudaram completamente a impressão geral do filme. Enfim, não foi uma experiência inesquecível mas também não foi ruim.
Visto em 10/03/2024
40° - Download
Pobres Criaturas
4.2 1,1K Assista AgoraO filme me divertiu muito, por sua estranheza, pelo cinismo de alguns personagens, pela estética fantástica. Lanthimos quase sempre me agrada. Gosto da sua visão sobre a desumanização da humanidade.
Visto em 03/03/2024
39° - Download
Zona de Interesse
3.6 582 Assista AgoraEntendo as intenções do realizador, mas, por tudo aquilo que exige do espectador esse filme entrega pouco. Parece ser o tipo de filme que funciona melhor em Festival, para público bem ninchado, se valendo do elemento surpresa para causar mais impacto. Chegando a outros públicos, com suas principais virtudes já amplamente discutidas e, portanto, amortecendo a sua potência para públicos que viveram a ansiedade de ver Zona de Interesse desde Cannes, eu sinceramente, não vejo tanto brilho, tanta genialidade, tanta inventividade assim nesse filme. Entendo perfeitamente as vitórias de Anatomia de uma Queda sobre esse filme.
Visto em 02/03/2024
38° - Download
Matar um Tigre
3.8 27 Assista AgoraTo Kill a Tiger é um documentário Canadense assinado por Nisha Pahuja e trata sobre a luta de uma família paupérrima de uma aldeia de Jharkhand (Índia) para conseguir na justiça a punição de 3 criminosos que estruparam Kiran, a filha de apenas 13 anos dessa família. O que mais choca, além da violência praticada contra a garota, é a leniência da comunidade que exige que Ranjit, pai de Kiran, case a menina com um dos seus estupradores para "recuperar a honra" da menina. Líderes comunitários e moradores exercem uma pressão gigantesca contra a família para que não leve às raias da justiça o "erro" desses três jovens. Certamente as falas de alguns moradores causará náusea em quem decidir ver To Kill a Tiger. Outra coisa que incomoda muito durante a sessão são as contantes humilhações que o pai, Ranjit, sofre por onde vai, na busca pela justiça. O filme só não acerta na sua duração, que excede o necessário em pelo menos 20 minutos, tornando a experiência cansativa à certa altura. O conflito de Ranjit, seus desgostos, seu processo depressivo, o retorno à esperança de justiça, são todos ingredientes que engajam o espectador e nos comovem. Vale a sessão!!!
Visto em 25/02/2024
37° - download
Bobi Wine: O Presidente Do Povo
3.6 26Talvez por ter visto alguns documentários que estavam com hype para o Oscar e que foram preteridos ao Bobi Wine: The People's President, eu estava com certa desconfiança sobre a qualidade do filme. Mas, olha, a história aqui contada precisava demais vir à luz. O que acontece quando um país, sob ditadura militar, com um presidente caminhando para o sexto mandato, produz uma mente inquieta e obstinada por valores democráticos como a de Bobi Wine? Um músico que já mandava altas letras de protesto e denúncia em suas composições, entra para o parlamento de Uganda e, perdendo a batalha contra a ditadura nesse front, dobra a aposta e se candidata a presidente, enfrentando todo tipo de ameaça, prisão, tortura, coerção, violência... Esse cara é foda. O documentário me deixou o tempo todo aflito, só esperando a notícia da morte de Bobi, porque a violência de Estado é a serventia da casa em Uganda. Vale a sessão!!!
Visto em 17/02/2024
33° - Star+
Resistência
3.3 263 Assista AgoraFui sem expectativa nenhuma e mesmo assim terminei o filme com cara de nada rsrsrs
Realmente o visual é bonito, efeitos muito lindos mesmo. Mas esse roteiro, olha, a pessoa não sabe para onde ele quer te levar. Acaba tudo em uma pegada aventuresca super clichê, onde a suspensão da descrença é exigida ostensivamente. Há muita coisa simplesmente jogada e o espectador que se vire para processar e dar sentido.
Visto em 13/02/2024
32° - MFC
Meu Amigo Robô
4.0 84A animação é simples mas tem um charme nostálgico inquestionável. Gosto dos personagens, da trilha sonora, das referências à cultura pop... Parece estar tudo no lugar. Daí a minha frustração: mesmo reconhecendo os méritos do filme, não morri de amores como a maior parte das pessoas que viram. Não sei se o filme me pegou em uma hora ruim, mas não me emocionou muito não 😕
Ainda sim penso que o filme merece ser visto. Se a indicação ao Oscar foi merecida eu ainda não consigo dizer. Falta ver muita coisa ainda. Mas a julgar pela ousadia da proposta é possível que sim. É bom ver animações de outros países se destacando na temporada de premiações. Foge um pouco das cartas marcadas de todo ano.
Visto em 12/02/2024
31° - Download
Ficção Americana
3.8 369 Assista AgoraTive uma boa experiência com o filme. Monk, com sua pouca vocação para as relações humanas, me divertiu muito. A frustração de ver livros ruins sendo celebrados enquanto o seu trabalho, de elevado rebuscamento e refinada escrita, permanece ignorado, por si só já explica os rompantes que Monk tem de vez em quando.
Gosto do sarcasmo, do humor ácido desse filme. American Fiction faz um exercício metalinguístico na parte final do filme que me arrancou muitas gargalhadas. Acho que vale super a pena.
Visto em 11/02/2024
30° - Download
Beyond Utopia
3.4 7O documentário é estarrecedor até para quem já vou outros conteúdos sobre os crimes humanitários cometidos por Kim Jong-un. A realizadora conta a história de uma família tentando fugir da Coreia do Norte para a Coreia do Sul, com o apoio de um pastor que tem toda a expertise nessas fugas. O filme também acompanha o desespero de uma mãe norte-coreana que deserdou tentando encontrar seu filho que ficou na Coreia do Norte. Através das narrativas cruzadas vamos entendendo o contexto de opressão e alienação do povo pela propaganda do governo. Filme poderoso, nas suas esperanças e desesperanças, que merece ser visto... Mais que isso: precisa ser visto!
Visto em 11/02/2024
29° - Download
Somos os Guardiões
4.2 5 Assista AgoraSomos os Guardiões parece repetir a mesma experiência que tivemos com outros documentários recentes sobre a temática. Mas só parece. O que mais gostei nesse documentário foi a capacidade de captar também a perspectiva dos pequenos invasores, gente miserável, com educação precária, que passa muita necessidade e que geralmente são instrumentalizados pelos grandes invasores. A escala do desmatamento na Amazônia impressiona. As comunidades indígenas aparecem nos mapas esmagadas por destruição de todos os lados. A floresta está gritando a emergência e o país (o mundo, na verdade) precisa agir em defesa do meio ambiente.
Visto em 11/02/2024
28° - MFC
O Sequestro do Voo 375
3.8 190 Assista AgoraRealmente os efeitos especiais tiram a gente do filme... Uma pena 😕... Talvez fosse uma decisão mais acertada não mostrar imagens externas das decolagens e pousos... Algumas atuações estiveram muito abaixo do clima de terror criado dentro do avião. Fora do avião as coisas não foram muito melhores: militares, políticos, civis não são lá muito convincentes. Jorge Paz fazendo Raimundo Nonato transmite o desespero e o extremismo contidos em seus olhos nervosos e seus gestos bruscos. Danilo Grangheia no papel do piloto Fernando Murilo entrega um bom trabalho, tendo que passar para o público uma torrente de sentimentos contidos pela necessidade de estar sereno para tentar salvar as vidas do voo 375. Vejo méritos na realização do filme. O público que viu no cinema exaltou demais a produção lá pelo mês de dezembro de 2023. O que me leva a acreditar que o filme encontrou seu público.
Visto em 10/02/2024
27° - Star+
O Mestre da Fumaça
2.7 10 Assista AgoraAmo cinema brasileiro, de todo o coração... Mas esse filme, pra ficar ruim, precisa melhorar muito... Não me tirou uma risada... Tudo é fake demais... Melhora um pouco quando Gabriel parte em busca do Mestre da Fumaça (o único personagem aceitável da história). Com uma trama rocambolesca de filme B de ação e um timing cômico bem irregular, O Mestre da Fumaça vai arrancar muitos bocejos e reviradas de olhos do público.
Visto em 28/01/2024
14° - Youtube Filmes
Monstro
4.3 262 Assista AgoraDetesto quando saio de um filme chateado por não ter curtido tanto quanto gostaria. Aí faço esse exercício de consultar opiniões diversas, averiguar pontos de vista, ler comentários favoráveis e desfavoráveis à obra, acreditando que algo passou à minha percepção e se perdeu na minha expectativa. Monster é daqueles que eu tinha guardado no canto do prato pra comer no final e ficar com a melhor sensação da refeição cinéfila repercutindo no âmago. Contudo, o sabor não me surpreendeu, não me encantou, não me deu satisfação.
Não tenho nenhum problema com esses filmes que operam sob efeito Rashomon versões distintas de uma mesma narrativa. Mas uma coisa que não pode faltar nessa estrutura de narrativa, até pela repetição, é o magnetismo, o poder de engajamento, mas o filme entrega na sua primeira hora tantas interações vagas que se arrisca a atirar o espectador numa espiral de desconfiança sobre a plausibilidade de algumas situações. E talvez faça isso para ocultar os reais conflitos de que quer tratar, para revela-los num terceiro ato. Essa decisão, no entanto, a meu ver, sacrifica todo o filme. Koreeda não é dos meus diretores favoritos. Mas também não sou avesso aos seus trabalhos, dos quais o último que gostei foi Shoplifters em 2018. Pretendo futuramente revisitar o filme para ver se essas impressões se confirmam. Mas por hora, ficou um sentimento de decepção.
Visto em 27/01/2024
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20 Dias em Mariupol
3.9 56 Assista Agora20 dias em Mariupol é daqueles filmes que drenam a alma e te deixam com o artefato da tristeza instalado no peito, explodindo de novo à cada lembrança dos horrores vistos em tela. Mstyslav Chernov e sua equipe nos colocam na perspectiva de civis confusos e assustados com a violência dos ataques russos. É impossível não chorar com o desespero de pais perdendo seus filhos para a guerra. São bebês, crianças, adolescentes, que a crueldade do ataque de Putin não poupou. As pessoas se amontoando em abrigos, completamente desnorteadas, sem água, sem eletricidade, sem comida, sem remédios, sem internet, rádio ou TV que pudessem mostrar ao mundo a dimensão da maldade praticada contra a população civil de Mariupol. Eu quis parar de ver por diversas vezes. A desolação que me batia a cada novo ataque... Não sei, doeu demais... Há filmes que não precisam de refinamento cinematográfico, de técnica x ou y, porque a grandeza das cenas da vida real se impõem sobre a atividade de filmar. 20 dias em Mariupol se insere nesse grupo de registros dolorosos que, só pela coragem de terem sido captados, merecem o reconhecimento do público.
Visto em 22/01/2024
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Propriedade
3.7 82 Assista AgoraPropriedade é apenas o segundo filme de Daniel Bandeira, e aqui ele já demonstra todas as qualidades de um bom cineasta. Na trama, acompanhamos a estilista Tereza, vítima recente de violência urbana, havendo, em decorrência disso, desenvolvido bloqueios que estão dificultando até suas interações dentro de casa. Seu marido decide levá-la para a fazenda da família para descansar um pouco. Ocorre que no mesmo dia da sua chegada, o capataz da fazenda comunicou aos trabalhadores a venda da propriedade, e portanto, o fim da permanência de todas aquelas pessoas humildes ali.
O engenho do roteiro assinado pelo próprio Daniel Bandeira reside em permitir que o espectador julgue com suas próprias percepções os dilemas morais estabelecidos. E quanto mais se pensa na situação de Tereza e na situação de Antônia, moradora antiga daquelas terras, mais se aprofunda o conflito moral que atravessa a trama.
Entre os trabalhadores, temos gradações de tipos: homens com muito rancor, gente que quer apenas pegar seus pertences e ir embora das terras, mulheres com a perfeita ciência de que aquele chão lhes pertence por tudo que já trabalharam. O que é absurdo e inaceitável para uns, é permitido para outros, e a única saída para outros mais. Esse corpo laboral parece se coordenar ao passo que aceita com alguma relutância os extremos que precisa cometer no contexto em que está. É dessa forma que a violência vai escalando, mesmo perpetrada por gente honesta e trabalhadora.
O público fica entre torcer para Tereza se safar da fúria dos trabalhadores e livrar da culpa aquela gente tão sofrida e explorada.
Uma ótima produção nacional, com destaque para a atuação de Malu Galli. Vale a sessão!
Visto em 14/01/2024
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Tótem
3.2 8 Assista AgoraMeu primeiro contato com Tótem não me cativou muito. Acredito que devido a uma maratona recente de filmes contando jornadas épicas de sobrevivência, uma narrativa tão "comum" como a desse segundo filme de Lila Aviles, meio que provocou em mim a sensação de não ter visto grande coisa. Mas a sessão não era para ser grandiosa mesmo. O filme é curtinho, pouco mais de uma hora e meia, o espaço dos eventos é uma casa de família e todos os acontecimentos do enredo compreendem apenas algumas horas de um dia dessa família. A escala é menor, a descarga emocional é de outro domínio, de outra natureza... Não temos trilhas melancólicas sinalizando as lágrimas do público nem orquestras conferindo grandiosidade ou êxtase a segmentos de Tótem. Não. Aqui os sentimentos são comunicados quase com linguagem documental.
Sol (Naíma Sentíes) é uma garotinha que está indo para a casa do avô e das tias pois todos estão organizando um aniversário para seu papai, que está com uma doença terminal. É pelos olhos dessa pequena de sete anos que vivenciamos esse ambiente familiar, cheio de conversas em códigos entre tias para não assustar Sol e as outras crianças, onde se discute aspectos da festa, mas também onde se fala em segredo sobre o péssimo estado de Tona, pai de Sol. Aprenderemos com essa garotinha e sua família que os momentos mais difíceis da vida precisam ser vividos, a despeito do terror que só imagina-los nos cause.
O filme tem cenas muito bonitas, como o encontro de Sol e Tona no quarto do pai moribundo, ou como a cena de Nuri e Esther após o bolo que estava sendo feito para Tona queimar.
Tendo sido vencedor do prêmio do júri ecumênico no Festival de Berlim 2023, Tótem representa o Médico entre os 15 semifinalistas do Oscar 2024, na categoria melhor filme internacional. É a quarta classificação seguida para a pré-lista do Oscar da categoria que o Médico consegue. O país que já conquistou o prêmio com Roma, de Alfonso Cuaron, em 2018, conseguirá passar à lista dos cinco finalistas e dividir o pódio da categoria com gigantes como os representantes de Alemanha, Espanha, Itália, Reino Unido e Dinamarca? Creio sinceramente que não, mas isso não quer dizer que não valha a pena ver Tótem. Revisando minha primeira avaliação, darei uma nota 8 para o filme.
Visto em 11/01/2024
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Amerikatsi
3.3 2Conheci Amerikatsi devido a sua pré-indicação ao Oscar de melhor filme internacional 2024, como representante da Armênia. Na data em que escrevo, o longa está entre os 15 semifinalistas da supracitada categoria. Acompanhei algum burburinho sobre este trabalho em um grupo de whatsapp e fiquei curioso.
Trata-se da história de um garoto que sobrevive ao genocídio armênio escondido dentro de uma mala. Sua família acaba executada por soldados otomanos e o garoto vai parar nos EUA. Após a segunda guerra mundial, e já sob o domínio da União Soviética, a Armênia parece ser um lugar para onde um filho da terra pode retornar, ainda mais depois das promessas de Stalin para repatriar sob pagamento armênios que fugiram da violência otomana. Charlie é aquele menino sobrevivente que retorna à Armênia para se encontrar com suas origens, mas acaba encontrando seu país mais uma vez dominado pelo autoritarismo, agora soviético. O interessante nessa película é o tom usado pelo diretor/roteirista/produtor/co-editor/ator (ufa!) Michael A. Goorjian. O drama denso e pungente dá lugar a uma atmosfera lúdica cheia de humor, por vezes representando a burocracia soviética em toda a sua estupidez de forma muito brejeira. Mas o ponto alto do filme talvez seja a identificação humana que vemos nascer entre um Charlie encarcerado e um artista punido pelo partido que trabalha como guarda na torre de vigilância da prisão em que nosso protagonista está. Este prisioneiro que alguns até chamam de Charlie Chaplin, passa longas horas observando a vida da família Armênia desse guarda (pintor) chamado Tigran. Da janela de sua cela, Charlie imita hábitos armênios, finge comer refeições típicas de sua terra natal, dança como seus conterrâneos, aprende sobre seu povo e sofre com os problemas matrimoniais da família do artista.
Há muita singeleza, há poesia, há sentimento sincero em Amerikatsi. Certamente é um belo filme. Mas sinto que as comparações com A Vida é Bela não o favorecem. Considero o filme italiano um dos mais lindos já feitos. Nesse sentido, Amerikatsi está alguns degraus abaixo. Ainda sim, vale muito a pena ver o trabalho de Michael A. Goorjian. É o tipo de filme que cumpre um papel importante: despertar nosso interesse por um país e por um povo sobre os quais não conhecemos muito. Nota 7.9
Visto em 11/01/2024
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