Meu primeiro contato com Tótem não me cativou muito. Acredito que devido a uma maratona recente de filmes contando jornadas épicas de sobrevivência, uma narrativa tão "comum" como a desse segundo filme de Lila Aviles, meio que provocou em mim a sensação de não ter visto grande coisa. Mas a sessão não era para ser grandiosa mesmo. O filme é curtinho, pouco mais de uma hora e meia, o espaço dos eventos é uma casa de família e todos os acontecimentos do enredo compreendem apenas algumas horas de um dia dessa família. A escala é menor, a descarga emocional é de outro domínio, de outra natureza... Não temos trilhas melancólicas sinalizando as lágrimas do público nem orquestras conferindo grandiosidade ou êxtase a segmentos de Tótem. Não. Aqui os sentimentos são comunicados quase com linguagem documental. Sol (Naíma Sentíes) é uma garotinha que está indo para a casa do avô e das tias pois todos estão organizando um aniversário para seu papai, que está com uma doença terminal. É pelos olhos dessa pequena de sete anos que vivenciamos esse ambiente familiar, cheio de conversas em códigos entre tias para não assustar Sol e as outras crianças, onde se discute aspectos da festa, mas também onde se fala em segredo sobre o péssimo estado de Tona, pai de Sol. Aprenderemos com essa garotinha e sua família que os momentos mais difíceis da vida precisam ser vividos, a despeito do terror que só imagina-los nos cause. O filme tem cenas muito bonitas, como o encontro de Sol e Tona no quarto do pai moribundo, ou como a cena de Nuri e Esther após o bolo que estava sendo feito para Tona queimar. Tendo sido vencedor do prêmio do júri ecumênico no Festival de Berlim 2023, Tótem representa o Médico entre os 15 semifinalistas do Oscar 2024, na categoria melhor filme internacional. É a quarta classificação seguida para a pré-lista do Oscar da categoria que o Médico consegue. O país que já conquistou o prêmio com Roma, de Alfonso Cuaron, em 2018, conseguirá passar à lista dos cinco finalistas e dividir o pódio da categoria com gigantes como os representantes de Alemanha, Espanha, Itália, Reino Unido e Dinamarca? Creio sinceramente que não, mas isso não quer dizer que não valha a pena ver Tótem. Revisando minha primeira avaliação, darei uma nota 8 para o filme.
Conheci Amerikatsi devido a sua pré-indicação ao Oscar de melhor filme internacional 2024, como representante da Armênia. Na data em que escrevo, o longa está entre os 15 semifinalistas da supracitada categoria. Acompanhei algum burburinho sobre este trabalho em um grupo de whatsapp e fiquei curioso. Trata-se da história de um garoto que sobrevive ao genocídio armênio escondido dentro de uma mala. Sua família acaba executada por soldados otomanos e o garoto vai parar nos EUA. Após a segunda guerra mundial, e já sob o domínio da União Soviética, a Armênia parece ser um lugar para onde um filho da terra pode retornar, ainda mais depois das promessas de Stalin para repatriar sob pagamento armênios que fugiram da violência otomana. Charlie é aquele menino sobrevivente que retorna à Armênia para se encontrar com suas origens, mas acaba encontrando seu país mais uma vez dominado pelo autoritarismo, agora soviético. O interessante nessa película é o tom usado pelo diretor/roteirista/produtor/co-editor/ator (ufa!) Michael A. Goorjian. O drama denso e pungente dá lugar a uma atmosfera lúdica cheia de humor, por vezes representando a burocracia soviética em toda a sua estupidez de forma muito brejeira. Mas o ponto alto do filme talvez seja a identificação humana que vemos nascer entre um Charlie encarcerado e um artista punido pelo partido que trabalha como guarda na torre de vigilância da prisão em que nosso protagonista está. Este prisioneiro que alguns até chamam de Charlie Chaplin, passa longas horas observando a vida da família Armênia desse guarda (pintor) chamado Tigran. Da janela de sua cela, Charlie imita hábitos armênios, finge comer refeições típicas de sua terra natal, dança como seus conterrâneos, aprende sobre seu povo e sofre com os problemas matrimoniais da família do artista. Há muita singeleza, há poesia, há sentimento sincero em Amerikatsi. Certamente é um belo filme. Mas sinto que as comparações com A Vida é Bela não o favorecem. Considero o filme italiano um dos mais lindos já feitos. Nesse sentido, Amerikatsi está alguns degraus abaixo. Ainda sim, vale muito a pena ver o trabalho de Michael A. Goorjian. É o tipo de filme que cumpre um papel importante: despertar nosso interesse por um país e por um povo sobre os quais não conhecemos muito. Nota 7.9
Four Daughters é o novo filme de Kaouther Ben Hania, realizadora tunisiana que chamou atenção após The Man Who Sale your Skin conseguir indicação para a categoria melhor filme internacional no Oscar 2021. Aqui a diretora se detém sobre a história de Olfa Hamrouni e suas quatro filhas. Em um experimento de linguagem cinematográfica e terapia pela arte, a realizadora e a família embarcam em reconstruções de traumas, encenações de reencontros, tudo rompendo a tênue fronteira entre o real/documental e o imaginário/ficcional. As duas filhas mais velhas de Olfa se foram. A tristeza tomou conta da família. Enfrentar essa ausência e essa dor, juntamente com uma digressão em dissabores que precederam essa perda, é o exercício dessa fita, pelo menos para Olfa e suas filhas mais novas. Para nós é um olhar na nascente do mal, nos abismos da alma, nos porões do ser humano. Aconselho que não pesquisem nada sobre o filme antes de vê-lo para não estragar a experiência. Pois depois de vê-lo certamente haverá ensejo para pesquisas mil sobre o caso.
Há filmes que são mais que filmes... São lições para a vida... Enquanto eu acompanhava o dia a dia do Sr. Hirayama eu me perguntava se naquele momento eu estava me divertindo. Mas estava fazendo a pergunta errada... Perfect Days não é o tipo de filme que você reúne uma turma barulhenta para ver, não é um épico de três horas e meia, não é uma montanha russa, como diz o tio Scorcese, não é um filme de época, embora elementos de outro tempo estejam pairando sobre a narrativa, embelezando de graça retrô uma Tokyo moderna e acelerada. Esse filme é sobre como se relacionar com sua própria rotina, como viver feliz dentro de um modelo de vida simples, sem adesão à insana maratona por auferir riqueza. A beleza de cada gesto simples do dia a dia, de cada interação, de cada contemplação... Definitivamente, não é só um filme de um senhor introspectivo limpando banheiros públicos... É um filme sobre mim, sobre você, sobre nós... Nossas jornadas diárias vistas de forma sensível e positiva... Wim Wenders nos entregou uma obra que vai além do que se espera de um filme... Uma aula do bom viver. Gratidão, Sr. Wenders, obrigado Sr. Hirayama, esses ensinamentos me acompanharão daqui por diante.
O filme é daqueles que te deixa por dias interessado em pesquisar detalhes do acidente, para se compreender a escala das dificuldades impostas aos sobreviventes pela natureza hostil à vida na Cordilheira do Andes. Aqui J. A. Bayona repete o que fez em O Impossível (2012) e nos faz sentir os terrores e as glórias de sobreviventes de grandes tragédias. Estive naquela fuselagem de avião com aqueles jovens, - 30 graus, por quase duas horas, graças a J.A. Bayona. Ficava aterrorizado por instantes, até retornar ao sofá de casa... Esse diretor sabe transportar o espectador para cenários calamitosos. Achei muito importante a decisão de usar atores menos conhecidos. A abstração foi ainda maior. Realmente me fez pensar que estava assistindo o acidente em tempo real. Mais um grande filme da categoria Melhor Filme Internacional do Oscar 2024.
O impacto do novo filme de Matteo Garrone me pegou completamente despreparado. E olha que eu já tinha ouvido podcasts sobre o desempenho da obra em Veneza. A história dos dois adolescentes negros que saem de Senegal para a Europa, atravessando o colossal deserto do Saara, passando por Mali, Niger, Líbia, e sofrendo todo tipo de desventura me deixava atônito na cadeira à cada novo percalço. O sonho de se tornarem rappers de sucesso na Europa e "dar autógrafos para brancos" não previa a variedade de dissabores que Seydou e Mussa encontrariam em sua jornada. Estelionatários, mafiosos, traficantes de pessoas, militares corruptos, ladrões violentos - o chorume da maldade humana. Fiz a imediata relação com o filme Nosso Sonho, cinebiografia do Claudinho e Buchecha, não colocando as situações de dificuldades na mesma sacola, que é até um absurdo fazer isso, mas simplesmente por ver mais um duo de jovens sonhadores querendo viver de música, dando sustentação ao objetivo sobretudo com a força de vontade e o poder da AMIZADE. O filme levou o leão de prata em Veneza para Matteo Garrone por seu trabalho na direção. Saydou Farr, que é um tiktoker sem experiência profissional em seu país, também recebeu reconhecimento como melhor jovem ator no mesmo festival. O filme é o indicado da Itália à categoria Melhor Filme Internacional do Oscar 2024. Já conseguiu entrar na pré-lista dos 15 semifinalistas e provavelmente conseguirá ficar entre os 5 indicados finais. Io Capitano merece muito ser assistido. O realismo mágico de alguns segmentos do filme, dá um sopro de lirismo à brutalidade da vida real que os migrantes enfrentam nessa jornada mortal que cruza um deserto sem fim. Como adendo, cabe ainda citar que o roteiro é inspirado em histórias reais, dentre as quais a de Mamodou Kouassi, que em 2008 viveu uma experiência semelhante.
Maravilhoso!!! Se do ponto de vista da inventividade cinematográfica o filme não repete o feito de Agente Duplo, a densidade emocional de A Memória Infinita arrebata o espectador. Essa linda costura entre memória coletiva e memória pessoal é de uma sensibilidade que me faz querer ver mais filmes da Maitê Alberdi. Fiquei de coração partido em diversos segmentos do documentário. Um povo sem memória também não compreende sequer a razão porque chora e sofre. Paulina Urrutia é, no microcosmo da relação, a representação daqueles que lutam contra o apagamento da memória coletiva, enquanto Augusto Góngora é a própria nação chilena inane pelo esquecimento. Para além das camadas de significado amplo, a dor de ver alguém amado desaparecendo em si (outro paralelo com os desaparecimentos de pessoas na ditadura militar chilena), tomada pelo Alzheimer, me fez ter um medo terrível da velhice, como nunca eu havia manifestado antes. Outro ponto forte é a trilha belíssima, com canções interpretadas pelo cantor chileno Manuel Garcia. Um filme para JAMAIS esquecer.
É difícil fazer o que foi feito nesse filme... Geralmente esses ambientes de festa e zoação são mais convidativos a comédias... Temos um drama interessante aqui...Onde o escracho poderia transformar How To Have a Sex em um pastelão genérico, um certo sentimento de desorientação e não pertencimento é que bate a porta... A sensação de estar deslocada mas de IMPOR a si mesma um itinerário de farra, me fez lembrar um pouco a minha juventude também... Considero que a protagonista aqui fez um bom trabalho... Sua mudança de espírito é gradual e convincente. Começa com pequenos desapontamentos, alcança episódios traumáticos. E o não dito é o que acaba reverberando na gente. Apesar de ter gostado, acho que o filme se insere no filão daqueles filmes que acertam mas não nos conquistam... Não sei, a sensação é que queria ter gostado ainda mais...
Os Delinquentes foi o filme que escolhi para inicar meu 2024 cinéfilo. Acho que me encantei mais pela premissa do que pela realização em si. Não diria se tratar de um exemplar ruim do cinema argentino, pois há passagens com excelentes reflexões sobre o trabalho, sobre liberdade, sobre moral, honestidade, felicidade etc... Há também perspicácia no roteiro, tiradas bem inteligentes... Talvez o que não tenha me pegado foi o ritmo e o estilo das atuações... A trilha sonora é muito boa, Pappo's Blues Vol 1(1971). Admito que não conhecia. Já estou curtindo as músicas.
Cinema da melhor qualidade! Que construção de atmosfera sufocante! O espaço é uma escola e os conflitos parecem bem típicos deste ambiente, mas a narrativa prende de uma maneira tal que parece que estamos assistindo um thriller daqueles de deixar em pé de tensão. Só não dei nota máxima porque senti que o desfecho precisava de mais tempo. Mas sem dúvida é uma notável escolha alemã para o Oscar de Melhor Filme Internacional da temporada.
O filme cresce muito após uns dias de reflexão sobre a trama... Vi há dois dias, tive uma boa experiência... Mas foi pensando sobre detalhes dessa trama que senti o engenho da produção. O ritmo lento pode ser um impeditivo para parte do público... Mas se o espectador souber para onde olhar, enxergará o ardil do filme e reconhecerá suas qualidades.
Saltburn estranhamente serpenteia entre o monótono e o instigante, entre o clichê e o autoral, entre o horrível e o deslumbrante... Por isso mesmo eu me peguei de entediado à sobressaltado durante a mais nova fita de Emerald Fennell. Eu já havia amado seu filme anterior e por isso mesmo vinha para Saltburn com expectativas altíssimas... Quando estava pronto para defenestrar a narrativa, ela se enroscava em mim e me puxava para sua bizarra habitação... Exclamações e exclamações... Eu simplesmente não acreditava no que estava vendo em tela diversas vezes... O roteiro nos apresenta a Oliver Quick, um jovem estudante que em 2006 ingressa em Oxford, em um curso de literatura/artes, e que se encontra meio deslocado do restante dos jovens da universidade. Uma atração/admiração pelo colega popular Felix Catton leva a uma aproximação entre ambos. A partir dessa nova amizade e seus desdobramentos, Oliver será convidado por Felix a conhecer sua casa e sua família, se hospedando por tempo indeterminado numa mansão absurdamente pomposa. Saltburn tem essa energia gerada pela deglutição do belo e do bizarro, por vezes as coisas parecem caminhar para uma linha de realismo fantástico, pelo muito que atravessa essa fronteira entre repulsivo e o atrativo. O ponto alto é a atuação de Barry Keoghan, que vive um Oliver com tantas camadas que nos deixa totalmente intrigados com a psique desse personagem. Mais um acerto da Emerald Fennell nesse que é um dos bons filmes de 2023.
Uma atuação soberba da Vera Holtz, acompanhada de performances muito boas de Arlete Sales e Louise Cardoso. Vera Valdez convence no papel da mãe muito idosa e prostrada. Minha família também tem um caso como esse: uma das minhas tias se separou do marido e voltou para a casa dos pais. Cuidou dos meus avós e da minha tia mais velha até a morte. Tive imediata identificação. Os diálogos são muito bons, carregados de um humor bem peculiar, mas também de energias amortecidas pela frieza das relações familiares... Contrariamente, algumas verdade são evitadas ou ditas em tom de brincadeira, para evitar que se instale um clima pesado (mas o clima pesado já está instalado rsrs). A personagem da Virgínia parece ser alguém que, por não ter casado, por não ter gerado filhos, e por "andar com más companhias" - segundo a irmã Vanda, não pode viver tudo que gostaria de viver, meio que obrigada a assumir a responsabilidade de cuidar dos pais idosos. Como se trata de uma família tradicional eu me peguei perguntando se de repente Virgínia não era uma pessoa lgbt que foi alienada de sua própria vida, não só em razão da questão da saúde dos pais, mas também por intolerância da família sob suas idiossincrasias sexuais. Não sei... Posso ter viajado nessa. Só sei que achei o ato final maravilhoso e aplaudi Tia Virgínia efusivamente quando o frame final congela e aqueles letreiros oitentistas tomam a tela com nossa protagonista ao fundo. Perfeito! Lembrei de Macabéa ao final de A Hora da Estrela. Um dos melhores filmes BR de 2023.
A experiência de ver Mussum: O Filmis foi meio agridoce para mim. Enquanto a caracterização de alguns personagens e a reprodução de algumas esquetes me divertiram, o sentimento geral que eu tive NÃO foi de estar vendo cinema :/ Ainda que falem em um suposto uso dessa estética de tv para efeitos metalinguisticos, eu senti um certo empobrecimento na produção que aproxima Mussum: O Filmis de um telefilme. A atuação do Ailton Graça me pareceu fiel ao Mussum, mas distante do Antônio Carlos: aquela maneira mais calma e compassada de falar quando estava fora do personagem parece não ter sido captada pelo ator. O mais problemático pra mim é a falta de fluidez das passagens temporais, a sensação incômoda de NÃO estar vendo uma narrativa bem concatenada em si, que precisa a todo momento da contribuição da nossa nostalgia para perdoar sua inconsistência. Frustrante também o desfecho insosso, de emoção forçada, discurso clichê... Enfim, eu já esperava uma espécie de filme homenagem, que pouparia o ídolo da exposição de suas contradições em nome da celebração do significado popular do personagem. Mas até para esse tipo de propósito o filme é ineficaz... É um verdadeiro delírio coletivo dar seis kikitos para Mussum: O Filmis. Uma segunda sessão da cinebiografia do trapalhão talvez desvele aos olhos elogiosos a mediocridade desta fita. De positivo, que enseja real reconhecimento, para mim, apenas a trilha sonora e a performance da Neusa Borges. De resto, todo o hype do filme não resiste à remoção do verniz nostálgico que o disfarça. Nota 6 com alguma boa vontade. Vi uma dúzia de filmes nacionais de 2023 melhores que Mussum: o Filmis.
De alguma forma me fez lembrar o Tokyo Godfathers do saudoso Satoshi Kon. São personagens que estão deslocados, uma mãe enlutada, um professor ranzinza, um aluno desobediente, todos compartilhando um natal, como uma família formada pelas circunstâncias... Se a premissa básica remete a uma narrativa clichê, o desenvolvimento dos personagens vai na contramão disso... Acho muito ricos os nossos Paul, Mary e Angus... Para mim é uma grata surpresa... Giamatti e Da'Vine merecem reconhecimento por suas atuações.
Terminei o filme em lágrimas e sorrindo ao mesmo tempo. Ternura... muita ternura... esse filme me atingiu como se fosse uma brisa e me despedaçou como se fosse um furacão. Melhor filme BR do ano? Não sei, falta ver muita coisa... Mas que estará no meu top10 de filmes nacionais, ah com certeza estará.
Gostei bastante do filme!!! Muita gente não gostou do recorte. Eu até entendo. Mas sinceramente achei que essas críticas sobre um protagonismo do Caetano são super exageradas. O roteiro tinha tudo para desviar da Gal e se tornar um filme sobre a Tropicália, mas se contém em diversos momentos e retorna aos conflitos da Maria da Graça. Acho que o desfecho poderia ter sido mehor, embora a performance da Sophie esteja ótima na canção final.
A jornada de Agata partiu meu coração e verteu lágrimas de verdadeira emoção. Que lindo filme! Curto, direto, sem subtramas desnecessárias, com foco absoluto na via-crucis dessa mãezinha e sua anjinha... E ler as entrevistas da Laura Samani sobre como ela descobriu essas histórias dos templos de trégua tornou o filme ainda mais fascinante pra mim. Depois do filme fui abraçar minha filha e agradecer por tê-la comigo... fiquei bem tocado.
No começo estava maçante, mas a partir de certo momento da narrativa as linhas de diálogo se tornam excelentes, de modo que a gente acaba tragado para dentro da tela, vibrando com cada pedrada verbal que sai da boca desse ou daquele personagem. Muito bom mesmo!
Tive uma boa experiência com o filme. Fui sem expectativa nenhuma e acabei envolvido na tensão que a montagem cria, sobretudo no ato final. Vi na tela grande, com um bom fone de ouvido. Fiquei completamente imerso. Falar mal das atuações me parece uma crítica improcedente... Não foi o que vi na tela... Dos críticos de YouTube que falaram sobre o filme eu estou mais no time da Natália Kreuser do que no time do PH Santos. Para mim é tranquilamente um dos melhores filmes policiais br dos últimos anos.
Tótem
3.2 8 Assista AgoraMeu primeiro contato com Tótem não me cativou muito. Acredito que devido a uma maratona recente de filmes contando jornadas épicas de sobrevivência, uma narrativa tão "comum" como a desse segundo filme de Lila Aviles, meio que provocou em mim a sensação de não ter visto grande coisa. Mas a sessão não era para ser grandiosa mesmo. O filme é curtinho, pouco mais de uma hora e meia, o espaço dos eventos é uma casa de família e todos os acontecimentos do enredo compreendem apenas algumas horas de um dia dessa família. A escala é menor, a descarga emocional é de outro domínio, de outra natureza... Não temos trilhas melancólicas sinalizando as lágrimas do público nem orquestras conferindo grandiosidade ou êxtase a segmentos de Tótem. Não. Aqui os sentimentos são comunicados quase com linguagem documental.
Sol (Naíma Sentíes) é uma garotinha que está indo para a casa do avô e das tias pois todos estão organizando um aniversário para seu papai, que está com uma doença terminal. É pelos olhos dessa pequena de sete anos que vivenciamos esse ambiente familiar, cheio de conversas em códigos entre tias para não assustar Sol e as outras crianças, onde se discute aspectos da festa, mas também onde se fala em segredo sobre o péssimo estado de Tona, pai de Sol. Aprenderemos com essa garotinha e sua família que os momentos mais difíceis da vida precisam ser vividos, a despeito do terror que só imagina-los nos cause.
O filme tem cenas muito bonitas, como o encontro de Sol e Tona no quarto do pai moribundo, ou como a cena de Nuri e Esther após o bolo que estava sendo feito para Tona queimar.
Tendo sido vencedor do prêmio do júri ecumênico no Festival de Berlim 2023, Tótem representa o Médico entre os 15 semifinalistas do Oscar 2024, na categoria melhor filme internacional. É a quarta classificação seguida para a pré-lista do Oscar da categoria que o Médico consegue. O país que já conquistou o prêmio com Roma, de Alfonso Cuaron, em 2018, conseguirá passar à lista dos cinco finalistas e dividir o pódio da categoria com gigantes como os representantes de Alemanha, Espanha, Itália, Reino Unido e Dinamarca? Creio sinceramente que não, mas isso não quer dizer que não valha a pena ver Tótem. Revisando minha primeira avaliação, darei uma nota 8 para o filme.
Visto em 11/01/2024
10° - Download
Amerikatsi
3.3 2Conheci Amerikatsi devido a sua pré-indicação ao Oscar de melhor filme internacional 2024, como representante da Armênia. Na data em que escrevo, o longa está entre os 15 semifinalistas da supracitada categoria. Acompanhei algum burburinho sobre este trabalho em um grupo de whatsapp e fiquei curioso.
Trata-se da história de um garoto que sobrevive ao genocídio armênio escondido dentro de uma mala. Sua família acaba executada por soldados otomanos e o garoto vai parar nos EUA. Após a segunda guerra mundial, e já sob o domínio da União Soviética, a Armênia parece ser um lugar para onde um filho da terra pode retornar, ainda mais depois das promessas de Stalin para repatriar sob pagamento armênios que fugiram da violência otomana. Charlie é aquele menino sobrevivente que retorna à Armênia para se encontrar com suas origens, mas acaba encontrando seu país mais uma vez dominado pelo autoritarismo, agora soviético. O interessante nessa película é o tom usado pelo diretor/roteirista/produtor/co-editor/ator (ufa!) Michael A. Goorjian. O drama denso e pungente dá lugar a uma atmosfera lúdica cheia de humor, por vezes representando a burocracia soviética em toda a sua estupidez de forma muito brejeira. Mas o ponto alto do filme talvez seja a identificação humana que vemos nascer entre um Charlie encarcerado e um artista punido pelo partido que trabalha como guarda na torre de vigilância da prisão em que nosso protagonista está. Este prisioneiro que alguns até chamam de Charlie Chaplin, passa longas horas observando a vida da família Armênia desse guarda (pintor) chamado Tigran. Da janela de sua cela, Charlie imita hábitos armênios, finge comer refeições típicas de sua terra natal, dança como seus conterrâneos, aprende sobre seu povo e sofre com os problemas matrimoniais da família do artista.
Há muita singeleza, há poesia, há sentimento sincero em Amerikatsi. Certamente é um belo filme. Mas sinto que as comparações com A Vida é Bela não o favorecem. Considero o filme italiano um dos mais lindos já feitos. Nesse sentido, Amerikatsi está alguns degraus abaixo. Ainda sim, vale muito a pena ver o trabalho de Michael A. Goorjian. É o tipo de filme que cumpre um papel importante: despertar nosso interesse por um país e por um povo sobre os quais não conhecemos muito. Nota 7.9
Visto em 11/01/2024
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As 4 Filhas de Olfa
3.8 34 Assista AgoraFour Daughters é o novo filme de Kaouther Ben Hania, realizadora tunisiana que chamou atenção após The Man Who Sale your Skin conseguir indicação para a categoria melhor filme internacional no Oscar 2021. Aqui a diretora se detém sobre a história de Olfa Hamrouni e suas quatro filhas. Em um experimento de linguagem cinematográfica e terapia pela arte, a realizadora e a família embarcam em reconstruções de traumas, encenações de reencontros, tudo rompendo a tênue fronteira entre o real/documental e o imaginário/ficcional. As duas filhas mais velhas de Olfa se foram. A tristeza tomou conta da família. Enfrentar essa ausência e essa dor, juntamente com uma digressão em dissabores que precederam essa perda, é o exercício dessa fita, pelo menos para Olfa e suas filhas mais novas. Para nós é um olhar na nascente do mal, nos abismos da alma, nos porões do ser humano. Aconselho que não pesquisem nada sobre o filme antes de vê-lo para não estragar a experiência. Pois depois de vê-lo certamente haverá ensejo para pesquisas mil sobre o caso.
Visto em 09/01/2024
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Dias Perfeitos
4.2 278 Assista AgoraHá filmes que são mais que filmes... São lições para a vida... Enquanto eu acompanhava o dia a dia do Sr. Hirayama eu me perguntava se naquele momento eu estava me divertindo. Mas estava fazendo a pergunta errada... Perfect Days não é o tipo de filme que você reúne uma turma barulhenta para ver, não é um épico de três horas e meia, não é uma montanha russa, como diz o tio Scorcese, não é um filme de época, embora elementos de outro tempo estejam pairando sobre a narrativa, embelezando de graça retrô uma Tokyo moderna e acelerada. Esse filme é sobre como se relacionar com sua própria rotina, como viver feliz dentro de um modelo de vida simples, sem adesão à insana maratona por auferir riqueza. A beleza de cada gesto simples do dia a dia, de cada interação, de cada contemplação... Definitivamente, não é só um filme de um senhor introspectivo limpando banheiros públicos... É um filme sobre mim, sobre você, sobre nós... Nossas jornadas diárias vistas de forma sensível e positiva... Wim Wenders nos entregou uma obra que vai além do que se espera de um filme... Uma aula do bom viver. Gratidão, Sr. Wenders, obrigado Sr. Hirayama, esses ensinamentos me acompanharão daqui por diante.
Visto 07/01/2024
7° - Download
A Sociedade da Neve
4.2 717 Assista AgoraO filme é daqueles que te deixa por dias interessado em pesquisar detalhes do acidente, para se compreender a escala das dificuldades impostas aos sobreviventes pela natureza hostil à vida na Cordilheira do Andes. Aqui J. A. Bayona repete o que fez em O Impossível (2012) e nos faz sentir os terrores e as glórias de sobreviventes de grandes tragédias. Estive naquela fuselagem de avião com aqueles jovens, - 30 graus, por quase duas horas, graças a J.A. Bayona. Ficava aterrorizado por instantes, até retornar ao sofá de casa... Esse diretor sabe transportar o espectador para cenários calamitosos. Achei muito importante a decisão de usar atores menos conhecidos. A abstração foi ainda maior. Realmente me fez pensar que estava assistindo o acidente em tempo real. Mais um grande filme da categoria Melhor Filme Internacional do Oscar 2024.
Visto em 05/01/2024
6° - MFC
Eu, Capitão
4.0 70 Assista AgoraO impacto do novo filme de Matteo Garrone me pegou completamente despreparado. E olha que eu já tinha ouvido podcasts sobre o desempenho da obra em Veneza. A história dos dois adolescentes negros que saem de Senegal para a Europa, atravessando o colossal deserto do Saara, passando por Mali, Niger, Líbia, e sofrendo todo tipo de desventura me deixava atônito na cadeira à cada novo percalço. O sonho de se tornarem rappers de sucesso na Europa e "dar autógrafos para brancos" não previa a variedade de dissabores que Seydou e Mussa encontrariam em sua jornada. Estelionatários, mafiosos, traficantes de pessoas, militares corruptos, ladrões violentos - o chorume da maldade humana. Fiz a imediata relação com o filme Nosso Sonho, cinebiografia do Claudinho e Buchecha, não colocando as situações de dificuldades na mesma sacola, que é até um absurdo fazer isso, mas simplesmente por ver mais um duo de jovens sonhadores querendo viver de música, dando sustentação ao objetivo sobretudo com a força de vontade e o poder da AMIZADE. O filme levou o leão de prata em Veneza para Matteo Garrone por seu trabalho na direção. Saydou Farr, que é um tiktoker sem experiência profissional em seu país, também recebeu reconhecimento como melhor jovem ator no mesmo festival. O filme é o indicado da Itália à categoria Melhor Filme Internacional do Oscar 2024. Já conseguiu entrar na pré-lista dos 15 semifinalistas e provavelmente conseguirá ficar entre os 5 indicados finais. Io Capitano merece muito ser assistido. O realismo mágico de alguns segmentos do filme, dá um sopro de lirismo à brutalidade da vida real que os migrantes enfrentam nessa jornada mortal que cruza um deserto sem fim. Como adendo, cabe ainda citar que o roteiro é inspirado em histórias reais, dentre as quais a de Mamodou Kouassi, que em 2008 viveu uma experiência semelhante.
Visto em 04/01/2024
5° - Download
A Memória Infinita
4.1 43Maravilhoso!!! Se do ponto de vista da inventividade cinematográfica o filme não repete o feito de Agente Duplo, a densidade emocional de A Memória Infinita arrebata o espectador. Essa linda costura entre memória coletiva e memória pessoal é de uma sensibilidade que me faz querer ver mais filmes da Maitê Alberdi. Fiquei de coração partido em diversos segmentos do documentário. Um povo sem memória também não compreende sequer a razão porque chora e sofre. Paulina Urrutia é, no microcosmo da relação, a representação daqueles que lutam contra o apagamento da memória coletiva, enquanto Augusto Góngora é a própria nação chilena inane pelo esquecimento. Para além das camadas de significado amplo, a dor de ver alguém amado desaparecendo em si (outro paralelo com os desaparecimentos de pessoas na ditadura militar chilena), tomada pelo Alzheimer, me fez ter um medo terrível da velhice, como nunca eu havia manifestado antes. Outro ponto forte é a trilha belíssima, com canções interpretadas pelo cantor chileno Manuel Garcia. Um filme para JAMAIS esquecer.
Visto em 03/01/2024
4º - Download
How to Have Sex
3.7 110 Assista AgoraÉ difícil fazer o que foi feito nesse filme... Geralmente esses ambientes de festa e zoação são mais convidativos a comédias... Temos um drama interessante aqui...Onde o escracho poderia transformar How To Have a Sex em um pastelão genérico, um certo sentimento de desorientação e não pertencimento é que bate a porta... A sensação de estar deslocada mas de IMPOR a si mesma um itinerário de farra, me fez lembrar um pouco a minha juventude também... Considero que a protagonista aqui fez um bom trabalho... Sua mudança de espírito é gradual e convincente. Começa com pequenos desapontamentos, alcança episódios traumáticos. E o não dito é o que acaba reverberando na gente. Apesar de ter gostado, acho que o filme se insere no filão daqueles filmes que acertam mas não nos conquistam... Não sei, a sensação é que queria ter gostado ainda mais...
Visto em 02/01/2024
03° - Mubi
Os Delinquentes
3.4 16 Assista AgoraOs Delinquentes foi o filme que escolhi para inicar meu 2024 cinéfilo. Acho que me encantei mais pela premissa do que pela realização em si. Não diria se tratar de um exemplar ruim do cinema argentino, pois há passagens com excelentes reflexões sobre o trabalho, sobre liberdade, sobre moral, honestidade, felicidade etc... Há também perspicácia no roteiro, tiradas bem inteligentes... Talvez o que não tenha me pegado foi o ritmo e o estilo das atuações... A trilha sonora é muito boa, Pappo's Blues Vol 1(1971). Admito que não conhecia. Já estou curtindo as músicas.
Visto em 01/01/2024
1º - Mubi
A Sala dos Professores
3.9 139 Assista AgoraCinema da melhor qualidade! Que construção de atmosfera sufocante! O espaço é uma escola e os conflitos parecem bem típicos deste ambiente, mas a narrativa prende de uma maneira tal que parece que estamos assistindo um thriller daqueles de deixar em pé de tensão. Só não dei nota máxima porque senti que o desfecho precisava de mais tempo. Mas sem dúvida é uma notável escolha alemã para o Oscar de Melhor Filme Internacional da temporada.
Visto em 02/01/2024
2º - Download
Segredos de um Escândalo
3.5 305 Assista AgoraO filme cresce muito após uns dias de reflexão sobre a trama... Vi há dois dias, tive uma boa experiência... Mas foi pensando sobre detalhes dessa trama que senti o engenho da produção. O ritmo lento pode ser um impeditivo para parte do público... Mas se o espectador souber para onde olhar, enxergará o ardil do filme e reconhecerá suas qualidades.
Saltburn
3.5 856Saltburn estranhamente serpenteia entre o monótono e o instigante, entre o clichê e o autoral, entre o horrível e o deslumbrante... Por isso mesmo eu me peguei de entediado à sobressaltado durante a mais nova fita de Emerald Fennell. Eu já havia amado seu filme anterior e por isso mesmo vinha para Saltburn com expectativas altíssimas... Quando estava pronto para defenestrar a narrativa, ela se enroscava em mim e me puxava para sua bizarra habitação... Exclamações e exclamações... Eu simplesmente não acreditava no que estava vendo em tela diversas vezes... O roteiro nos apresenta a Oliver Quick, um jovem estudante que em 2006 ingressa em Oxford, em um curso de literatura/artes, e que se encontra meio deslocado do restante dos jovens da universidade. Uma atração/admiração pelo colega popular Felix Catton leva a uma aproximação entre ambos. A partir dessa nova amizade e seus desdobramentos, Oliver será convidado por Felix a conhecer sua casa e sua família, se hospedando por tempo indeterminado numa mansão absurdamente pomposa. Saltburn tem essa energia gerada pela deglutição do belo e do bizarro, por vezes as coisas parecem caminhar para uma linha de realismo fantástico, pelo muito que atravessa essa fronteira entre repulsivo e o atrativo. O ponto alto é a atuação de Barry Keoghan, que vive um Oliver com tantas camadas que nos deixa totalmente intrigados com a psique desse personagem. Mais um acerto da Emerald Fennell nesse que é um dos bons filmes de 2023.
Tia Virgínia
3.9 26Uma atuação soberba da Vera Holtz, acompanhada de performances muito boas de Arlete Sales e Louise Cardoso. Vera Valdez convence no papel da mãe muito idosa e prostrada. Minha família também tem um caso como esse: uma das minhas tias se separou do marido e voltou para a casa dos pais. Cuidou dos meus avós e da minha tia mais velha até a morte. Tive imediata identificação. Os diálogos são muito bons, carregados de um humor bem peculiar, mas também de energias amortecidas pela frieza das relações familiares... Contrariamente, algumas verdade são evitadas ou ditas em tom de brincadeira, para evitar que se instale um clima pesado (mas o clima pesado já está instalado rsrs). A personagem da Virgínia parece ser alguém que, por não ter casado, por não ter gerado filhos, e por "andar com más companhias" - segundo a irmã Vanda, não pode viver tudo que gostaria de viver, meio que obrigada a assumir a responsabilidade de cuidar dos pais idosos. Como se trata de uma família tradicional eu me peguei perguntando se de repente Virgínia não era uma pessoa lgbt que foi alienada de sua própria vida, não só em razão da questão da saúde dos pais, mas também por intolerância da família sob suas idiossincrasias sexuais. Não sei... Posso ter viajado nessa. Só sei que achei o ato final maravilhoso e aplaudi Tia Virgínia efusivamente quando o frame final congela e aqueles letreiros oitentistas tomam a tela com nossa protagonista ao fundo. Perfeito! Lembrei de Macabéa ao final de A Hora da Estrela. Um dos melhores filmes BR de 2023.
Mussum: O Filmis
3.7 166 Assista AgoraA experiência de ver Mussum: O Filmis foi meio agridoce para mim. Enquanto a caracterização de alguns personagens e a reprodução de algumas esquetes me divertiram, o sentimento geral que eu tive NÃO foi de estar vendo cinema :/
Ainda que falem em um suposto uso dessa estética de tv para efeitos metalinguisticos, eu senti um certo empobrecimento na produção que aproxima Mussum: O Filmis de um telefilme. A atuação do Ailton Graça me pareceu fiel ao Mussum, mas distante do Antônio Carlos: aquela maneira mais calma e compassada de falar quando estava fora do personagem parece não ter sido captada pelo ator. O mais problemático pra mim é a falta de fluidez das passagens temporais, a sensação incômoda de NÃO estar vendo uma narrativa bem concatenada em si, que precisa a todo momento da contribuição da nossa nostalgia para perdoar sua inconsistência. Frustrante também o desfecho insosso, de emoção forçada, discurso clichê... Enfim, eu já esperava uma espécie de filme homenagem, que pouparia o ídolo da exposição de suas contradições em nome da celebração do significado popular do personagem. Mas até para esse tipo de propósito o filme é ineficaz... É um verdadeiro delírio coletivo dar seis kikitos para Mussum: O Filmis. Uma segunda sessão da cinebiografia do trapalhão talvez desvele aos olhos elogiosos a mediocridade desta fita. De positivo, que enseja real reconhecimento, para mim, apenas a trilha sonora e a performance da Neusa Borges. De resto, todo o hype do filme não resiste à remoção do verniz nostálgico que o disfarça. Nota 6 com alguma boa vontade. Vi uma dúzia de filmes nacionais de 2023 melhores que Mussum: o Filmis.
Incompatível Com a Vida
4.1 7Visto na plataforma Mubi
Filme dilacerante que me deixou vários dias triste...
Os Rejeitados
4.0 319 Assista AgoraDe alguma forma me fez lembrar o Tokyo Godfathers do saudoso Satoshi Kon. São personagens que estão deslocados, uma mãe enlutada, um professor ranzinza, um aluno desobediente, todos compartilhando um natal, como uma família formada pelas circunstâncias... Se a premissa básica remete a uma narrativa clichê, o desenvolvimento dos personagens vai na contramão disso... Acho muito ricos os nossos Paul, Mary e Angus... Para mim é uma grata surpresa... Giamatti e Da'Vine merecem reconhecimento por suas atuações.
Pérola
3.5 25M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O
Terminei o filme em lágrimas e sorrindo ao mesmo tempo. Ternura... muita ternura... esse filme me atingiu como se fosse uma brisa e me despedaçou como se fosse um furacão. Melhor filme BR do ano? Não sei, falta ver muita coisa... Mas que estará no meu top10 de filmes nacionais, ah com certeza estará.
Meu Nome é Gal
3.1 121 Assista AgoraGostei bastante do filme!!! Muita gente não gostou do recorte. Eu até entendo. Mas sinceramente achei que essas críticas sobre um protagonismo do Caetano são super exageradas. O roteiro tinha tudo para desviar da Gal e se tornar um filme sobre a Tropicália, mas se contém em diversos momentos e retorna aos conflitos da Maria da Graça. Acho que o desfecho poderia ter sido mehor, embora a performance da Sophie esteja ótima na canção final.
O Pequeno Corpo
3.8 3A jornada de Agata partiu meu coração e verteu lágrimas de verdadeira emoção. Que lindo filme! Curto, direto, sem subtramas desnecessárias, com foco absoluto na via-crucis dessa mãezinha e sua anjinha... E ler as entrevistas da Laura Samani sobre como ela descobriu essas histórias dos templos de trégua tornou o filme ainda mais fascinante pra mim. Depois do filme fui abraçar minha filha e agradecer por tê-la comigo... fiquei bem tocado.
Os Homens que Eu Tive
3.4 13Soube que foi restaurado esse filme. Alguém sabe onde ver essa versão restaurada online? A cópia que tem no youtube é ruinzinha.
Grande Sertão
3Se o filme for tão massa quanto o trailer pode colocar na prateleira de cima do cinema br.
Anatomia de uma Queda
4.0 807 Assista AgoraNo começo estava maçante, mas a partir de certo momento da narrativa as linhas de diálogo se tornam excelentes, de modo que a gente acaba tragado para dentro da tela, vibrando com cada pedrada verbal que sai da boca desse ou daquele personagem. Muito bom mesmo!
A Menina que Matou os Pais: A Confissão
3.1 218 Assista AgoraTive uma boa experiência com o filme. Fui sem expectativa nenhuma e acabei envolvido na tensão que a montagem cria, sobretudo no ato final. Vi na tela grande, com um bom fone de ouvido. Fiquei completamente imerso. Falar mal das atuações me parece uma crítica improcedente... Não foi o que vi na tela... Dos críticos de YouTube que falaram sobre o filme eu estou mais no time da Natália Kreuser do que no time do PH Santos. Para mim é tranquilamente um dos melhores filmes policiais br dos últimos anos.
Coração de Neon
3.0 9O filme tem um visual muito bonito, mas tem um roteiro desastroso... há um exagero nas inserções musicais que empobrece a trama...