Visualmente, o filme é lindo, e a direção do Alfonso Cuarón é excelente. Infelizmente, onde a maioria dos filmes do diretor são excelentes dramas, esse aspecto não funciona bem aqui, porque George Clooney interpreta ele mesmo, muito canastrão e dificíl de levar a sério, e Sandra Bullock interpreta ela mesmo tentando fazer um papel dramático, quando ela nem convence nas comédias românticas pelas quais ela é conhecida. Eu não ligo se gostam da atriz ou não, é questão de opinião, mas eu escrevo em seguida especialmente porque eu sei que provavelmente vai tiltar os fanboys maletas que não aceitam que eu não gostei de Da Magia à Sedução, e paradoxalmente levam minha opinião muito a sério, apesar de supostamente acharem que estou errado: ela é uma atriz ruim, que atual mal aqui também, e afeta de forma negativa os filmes dos quais participa; no caso de Gravidade, ela nem foi a primeira escolha para o papel. Apesar disso, vale pelos visuais e aspectos técnicos.
A falta de qualidade desse filme deve-se principalmente ao fato de que Sandra Bullock é uma péssima atriz, e foi colocada no papel principal. Nicole Kidman é uma boa atriz que faz um trabalho decente com o roteiro fraco, mas acho que nem se fosse a Cate Blanchett tentando levar o Oscar conseguiria compensar o quanto Sandra Bullock arrasta o filme para baixo. Além de nenhuma fala ou expressão dela ser minimamente convincente, a óbvia vaidade da atriz distrai muito das várias cenas do filme: uma cena em particular mostra a personagem acabando de acordar, cabelo arrumado e maquiagem aplicada... sério? Obviamente, existe um interesse amoroso na jogada, um policial que é um personagem tão chato quanto ver tinta secando com narração da Mallu Magalhães. O filme contem agravantes como atrizes mirim que aparecem lá porque as pessoas irão achar fofo, mas não pela capacidade de atuação (e para Evan Rachel Wood e Camilla Belle, esse é o caso até hoje). Tem um ou outro momento que talvez seja um pouco engraçado, mas, no geral, bem dispensável.
Bem pior do que eu imaginava que seria, Um Novo Legado é a culminação de tudo que há de pior com filmes de alto orçamento nos últimos anos: é menos um filme, e mais um amontoado de referências e apelo à nostalgia, e uma propaganda de duas horas do catálogo da Warner, com roteiro e atuações sendo de pouca prioridade. Esse é o filme mais cínico e vazio que eu já assisti em muito tempo, ao ponto de que eu realmente acredito que foi produzido por um algoritmo, quase sem envolvimento humano. O primeiro está longe de ser uma obra prima, mas houve um esforço de fazer um filme lá, e valia também pela novidade de juntar o maior astro do basquete da época com os Looney Tunes, e o que eles fizeram misturando animação 2D com atores reais é impressionante até hoje; mas, em Um Novo Legado, Lebron tem bem menos carisma e naturalidade que Jordan tinha no primeiro filme, e nada de misturar live action com 2D, com o filme se passando praticamente todo em uma tela azul, e no máximo Lebron real interagindo com uns modelos 3D horrendos dos personagens clássicos.
O filme também foca muito no filho do Lebron, onde o personagem é um super gênio que consegue desenvolver um jogo sozinho, e fica bem óbvio que o filme foi escrito por alguém que sabe nada de desenvolvimento de jogos e tentou copiar a estética do Fortnite, porque é isso que as crianças gostam atualmente, ou algo do tipo.
Don Cheadle geralmente atua bem, mas não aqui, e o resto do elenco é bem esquecível. Esse filme oferece nada para quem gosta do primeiro (nem se passa no espaço, e a trilha sonora é bem esquecível, ao contrário da do primeiro, que é clássica), nem para quem gosta de basquete, porque vira bagunça (apesar de todo o diálogo do Lebron, o primeiro filme tinha uma maior atenção com os fundamentos do esporte), nem para quem gosta dos Looney Tunes. É um festival de luzes, cores e referências vazias.
Olhando uns comentários, acho bom levantar alguns pontos contra o argumento de que o filme "é só para crianças", e isso é um argumento muito usado em vários filmes aqui no site: - Isso não é um escudo à prova de tudo que automaticamente isenta o filme de críticas; -Existem vários filmes "para criança" por aí que são considerados clássicos até hoje que são acessíveis aos mais novos e têm algo a mais para os adultos, mas esse pessoal não fala que são só "filmes para criança", no caso (a não ser quando apontam algo negativo, aí eles usam a barreira e contradizem o próprio argumento); -O filme traz referências a uma série de propriedades da Warner voltadas a adultos, como Mad Max, It, e Game of Thrones, e outras que são nostálgicas para adultos atualmente e que crianças podem não conhecer, como O Gigante de Ferro e Harry Potter, então é bem claro que o filme não é voltado apenas para crianças; -É uma continuação de um filme de 96 pelo qual adultos de hoje têm muita nostalgia, e claramente banca nessa nostalgia, então não é apenas para crianças; -Esse tipo de argumento mostra um certo descaso em relação aos cérebros em formação das crianças, implicando que é tudo bem oferecer porcaria como entretenimento para eles, porque ainda não sabem dizer a diferença. Não estou falando que Um Novo Legado pode ser nocivo para o desenvolvimento infantil, mas pensando em um contexto mais amplo, uma criança sem uma formação adequada e cuidadosa pode acabar virando um dos muitos adultos que infestam os comentários do filmow: muito defensivos em relação às mídias fictícias dos quais gostam, e ao mesmo tempo com baixa capacidade argumentativa e de interpretação de texto, partindo para a ofensa infantil quando alguém apresenta uma opinião diferente. Sim, foi uma tangente que teve pouco a ver com o filme em questão, mas eu vou sempre aproveitar oportunidades para dar uma carcada em determinados tipos de usuário.
Só deixando claro, depois de tudo isso: se você gostou do filme, essa é sua opinião, e é isso o que importa; e se você realmente gostou do filme e está tranquilo em relação a isso, meu comentário não vai te deixar tiltado, e você não deixar uma resposta com ofensas infantis. Paz.
O maior problema desse filme não é ser ruim, mas ter Nic Cage descendo a porrada em um animatrônicos e conseguir ser chato apesar disso. Sr. Cage não fala e não muda de expressão, o que significa que ele não grita nem faz as caras e bocas nem pira no nível que faz mesmo os filmes ruins do qual ele participa divertidos. O maior foco do filme é em um grupo de manés interpretados por uns atores que não sabem atuar que estão lá só para o filme ter contagem de corpos. Em termos de atuação, é o tipo de coisa que você encontra no Syfy ou fim de semana durante a madrugada no Space, mas com um ator conhecido. Willy's Wonderland não não se leva a sério e nem tenta ser um filme de terror engraçado, mas também não é engraçado: não é "tão bom que é ruim", desperdiça os talentos de Nic Cage, e é absurdamente chato.
Villeneuve dirigiu dois ótimos filmes de sci-fi na década passada, um seguido do outro (sem falar que os outros filmes dele também são muito bons), então as chances dessa adaptação ser boa são altas, mas esse tempo de duração parece curto levando em conta o tamanho só do primeiro livro e o que os que leram falam a respeito: não é muito mais longo que versão de 84, e isso pode não ser um bom sinal, mas fico no aguardo.
A Chegada é um tipo raro de sci-fi, que traz uma mensagem positiva sem cair nos clichês, e é inteligente, mas acessível e explica de forma clara seus conceitos mais complexos sem desrespeitar a inteligência do espectador. Direção, trilha sonora e fotografia criam a atmosfera adequada para o filme e o elenco é ótimo, especialmente Amy Adams. Apesar de seguirmos uma personagem americana, trata-se de um dos únicos filmes de "invasão" alienígena onde a ocorre em escala global, de fato, e as ações tomadas são um esforço conjunto de várias nações, trazendo até críticas a atitudes estadunidenses que são retratadas como "heroicas" em outros filmes de invasão, filmes piores.
Denis Villeneuve está se tornando um dos meu diretores favoritos da história recente, e os filmes dele destacam-se ainda mais em meio ao cenário atual: se A Chegada tivesse sido dirigido por alguém como o Nolan, por exemplo, teria duas horas e meia, mas com um roteiro mais raso, cheio de cenas com personagens explicando os temas e a mensagem do filme de forma óbvia e piegas, com menos atmosfera e mais cenas de ação, e ele ainda daria um jeito de dar o protagonismo aos EUA.
Excelente filme, bem dirigido, com boas atuações, tenso, e ao contrário da maioria dos filmes baseados em histórias reais, bem realista. Provavelmente nunca mais verei de novo.
Boyhood foi uma grande decepção para mim, porque a proposta parecia muito interessante, e Linklater parecia o diretor certo para fazer a proposta funcionar, mas o filme só deixa claro que muito nos melhores filmes do diretor depende de atores bons e sinceros interpretando personagens bem escritos e sinceros. A principal defesa em relação à monotonia do filme é que "é como a vida", mas a vida tem seus momentos interessantes, e Linklater tinha liberdade para incluir momentos interessantes na trama, que acontecem nessas coisas chamadas "filmes", ou pelo menos fazer com que Mason fosse um personagem interessante. Até dá para relevar quando o ator ainda é criança, porque é uma personalidade em formação (embora ainda pudesse ter sido melhor do que foi), mas mesmo depois que ele cresce, ele continua chato, sem personalidade, simplesmente existindo nas cenas, mais murmurando do que falando de fato, e o engraçado é que em alguns momentos o filme chama a atenção para isso: primeiro um dos padrastos alcoólatras diz que ele só vive por aí sem muito propósito ou ambição, e apesar do filme deixar claro que não é para simpatizarmos com ele, porque ele é um sujeito abusivo, ele não está errado nessa cena; em outra cena, o pai do Mason, que é um sujeito legal, basicamente diz para o filho que a namorada o largou para ficar com alguém melhor, o que provavelmente é verdade, e fácil de imaginar. E, ao contrário de outros filmes do diretor, Boyhood é pouco interessante, visualmente, e em aspectos da direção.
O filme também tem umas atuações bem fracas, principalmente a irmã do Mason, que eu descobri que é interpretada pela filha do Linklater, e que sempre parece estar pouco à vontade. As exceções são Patricia Arquette e Ethan Hawke, que têm os melhores personagens e as melhores atuações, e sempre que um dos dois estão em cena, Boyhood chega a lembrar um dos filmes bons do diretor.
Boyhood também é muito longo, apesar de vários nadas acontecerem, e chega um ponto em que parece que toda cena parece que deveria ser a última, até que eventualmente acaba. Para o crédito do filme, ele fez com que eu sentisse algumas coisas que eu sinto em relação à vida cotidiana, principalmente decepção e o desejo de que acabasse logo.
Tubarão é mais um exemplo que os melhores filmes de "monstro" são aqueles com grande foco no elemento humano, no suspense e em um bom roteiro. A equipe trabalha com o que era tecnologia de ponta na época, mas é também ciente das limitações, dando grande foco na dinâmica entre os personagens que é um dos motivos pelo qual esse filme envelheceu muito bem. Assim como outros clássicos da época, Tubarão não apressa o roteiro, estabelecendo os personagens e a atmosfera (eu tinha esquecido até rever recentemente que se passa em torno de uma hora de filme antes dos três entrarem na água),e mesmo a tensão na segunda metade é mais pelo conflito entre três homens inseguros de diferentes gerações e ideologias dentro de um barco do que pelo animal.
Depois de rever essa última vez, acabei simpatizando mais com o tubarão: ele só estava lá, no habitat natural dele, quando chegam um bando de turistas barulhentos desrespeitando e sujando a praia; eu moro em uma cidade com rodeio, e uma vez por ano vem o pessoal de fora e fazem o que turistas costumam fazer nesse tipo de evento, como causar engarrafamento e sujar as ruas, e eu fico imaginando um equivalente de tubarão, com um touro (e a pandemia tem sido horrível, claro, mas se for para pensar em algum aspecto positivo, é que tivemos uma pausa desse tipo de bagunça).
O pessoal já mencionou os paralelos com o atual desgoverno e o descaso com as medidas de isolamento, e é bem similar, exceto que no filme o xerife se opõe ao prefeito, enquanto na realidade a força policial estaria seguindo as ordens do poder vigente sem questionar, e ameaçando quem estivesse questionando as medidas.
Avatar é um filme muito bonito, e é um marco tecnológico para o cinema, o que em si é um mérito quando se trata da mídia. O problema é que, apesar de relativamente bem estruturado como roteiro, a história ainda é bem básica, com uma mensagem que já foi mostrada em outros filmes, e melhor. Avatar acaba sendo hipócrita em relação ao que quer mostrar, ao mesmo tempo que tenta ser uma crítica ao colonialismo na superfície, mas também é uma história sobre como o forasteiro branco estadunidense consegue facilmente conquistar os corações dos nativos ao mesmo tempo que é melhor do que eles no que eles fazem há muito, facilmente, e só por conta dele os nativos conseguem derrotar os "colonizadores", sendo a mensagem, no fim das contas. O filme também conquistou audiências porque é fácil se dizer a favor da preservação quando o planeta alienígena retratado é cheio de seres humanoides próximos o suficiente do ser humano para gerar empatia, mas distantes o suficiente em alguns aspectos para que o espectador se sinta superior e seja gerado um instinto de proteção. Isso não é promover preservação, isso é mentalidade deturpada que muitos turistas têm. Eu fico imaginando quão popular o filme seria e quanto as pessoas falariam da questão "ecológica" se Pandora fosse um planeta cheio de fauna e flora hostis e não tradicionalmente "bonita", mas é pouco útil falar disso sobre um filmão pipoca. O ponto é que espécies têm direito à preservação por constituírem vida, fauna ou flora, mas ninguém fala do Peixe Bolha com o mesmo entusiasmo que falam do Panda.
Avatar encabeçou também a onda mais moderna do 3D, e felizmente isso tomou o rumo do Laser Disc, do Betamax, e do HDDVD, porque 3D é um artifício desnecessário feito para lucrar, e nada mais. Eu achei Avatar raso e excessivamente longo quando vi nos cinemas em 2009, e ainda acho hoje, mas não odeio o filme; ou pelo menos, não odeio tanto quanto um usuário que fez um comentário atacando quem gostou; sério, moderação do filmow, é bem fácil de achar, e como muita coisa do tipo no site, nada foi feito a respeito.
Mas Avatar: bom para testar as cores e definição na sua TV nova, mas não mais que isso.
Essa segunda metade não é tão boa quanto a primeira, porque seguiu a história de um livro que concluiu uma série de forma apressada, trazendo todos os problemas junto: a maioria das Horcruxes são encontradas nessa segunda metade, de forma conveniente e apressada, a "batalha final" destoa muito do clima mais sóbrio da primeira metade, e J.K. inclui algumas mortes de personagens importantes para tentar passar o "peso" do final, mas como é fim, isso não vai ter muito impacto no leitor/espectador, sendo um tanto forçado. É uma conclusão corrida, assim como foi no livro, que foca muito em espetáculo, mas concluiu melhor que muita saga, e esse foi dos casos em que dividir a última parte em duas para o cinema fez sentido. Aquela risada do Voldemort no final do filme é um dos melhores momentos da série.
Editando para colocar meu ranking pessoal da franquia: 8. O Enigma do Príncipe 7. As Relíquias da Morte - Pt. 2 6. O Cálice de Fogo 5. A Câmara Secreta 4. A Pedra Filosofal 3. A Ordem da Fênix 2. As Relíquias da Morte - Pt. 1 1. O prisioneiro de Azkaban
Para mim, o segundo melhor dos filmes, depois de O Prisioneiro de Azkaban. As atuações são as melhores da franquia até agora, passando bem o clima sombrio e melancólico que a trama precisa, com uma fotografia sóbria, mas sem a artificialidade ou os filtros daquela do filme anterior (ainda bem) e que consegue ser bem bonita. O filme também tem um ritmo bom, e tudo se junta para criar algumas cenas que têm um peso e maturidade maior do que se espera de uma franquia onde "sorte líquida" pode ser feita e bebida, como Harry e Hermione em Godric's Hollow, ou mais de um momento de interação entre os personagens. É bom ser lembrado que, apesar da época em que o filme foi lançado, onde Crepúsculo fazia sucesso, uma história mais voltada para adolescentes ainda poderia ser madura e melancólica sem cair em palhaçada. Os maiores problemas do filme são,mais uma vez, tentar ser fiel ao livro: para qualquer autor, 7 objetos para buscar já seriam suficientes, mas J.K. mostra que mais uma vez não planejou a franquia tão bem quanto ela insiste que planejou, e enfia mais três "mcguffins", na forma das relíquias da morte, e isso é mais do que demais para fechar o último livro da franquia, não? Bom filme, no geral.
Essa é o que eu considero o pior dentre os filmes, primeiro porque é feio: é tudo dessaturado, sem cor, com um filtro que deixa tudo com uma aparência muito artificial e "suave", com algumas cenas muito escuras, que nunca foi usado nos filmes antes, e felizmente nunca foi usado depois; outra que o filme foca muito em tramas paralelas de romance forçadas e sem graça, com Lilá Brown sendo provavelmente o personagem mais irritante dos filmes. A trama que envolve Draco e Snape é interessante, mas é constantemente interrompida por besteira, e a cena que sumariza isso bem é quando Harry, Rony, Lilá, Snape e outros professores estão na enfermaria por conta do Ron, e começa mais uma besteira de triângulo amoroso, e Snape fica lá, parado, sem expressão, só esperando o roteiro avançar para ele poder sair dali. Outra coisa que me incomoda no filme é como a "poção do amor" é visto como algo normal e aceitável (inclusive sendo vendida legalmente), quando é basicamente o equivalente ao tipo de droga que no mundo real é colocada em bebidas sem que a pessoa que está bebendo saiba.
No geral, meio fraco, meio "ok", medíocre, poderia ter sido melhor.
O elenco do Trailer Park Boys, sem nenhum do carisma ou originalidade da série. O objetivo do filme é supostamente ser uma crítica à censura de emissoras de TV, com os diálogos sendo praticamente só palavrões (muito palavrão mesmo, pra c******), e até nudez gratuita em uma cenas, mas é só isso que o filme é, mesmo: mesmo a crítica perde a substância e o propósito quando eles chegam, e passam muito do ponto, onde a quantidade de palavrões ofuscando o roteiro é justificável.
É tão ruim, ou ainda pior, quanto a média dos filmes lançados pelo Shyamalan depois de Corpo Fechado, com o agravante de ser uma péssima adaptação do que é uma das melhores séries animadas já lançadas. Atores mirins normalmente já atuam mal em filmes como coadjuvantes de forma a prejudicar o todo, mas aqui todo o elenco principal são crianças que não conseguem atuar, e o roteiro traz praticamente nada do que torna os personagens do original tão memoráveis e carismáticos. Muito do que é essencial para a trama é cortado para encaixar uma temporada inteira em um filme de uns 100 minutos, com contexto simplesmente sumindo em alguns casos, e alguns aspectos mal explicados; a ideia de Shyamalan de filmar algumas cenas de ação com tomadas contínuas é interessante a princípio, mas não conseguiram ensinar a criança que faz o Aang a tempo, então a coreografia não ficou muito legal; dobradores de terra presos em uma prisão no meio da terra não usando o dobramento para sair da prisão antes de serem lembrados que podem dobrar terra, só para levar uns seis deles para levitar uma rocha que poderia ter sido facilmente jogada, mostrando que Shyamalan definitivamente não entendeu o original.
Em resumo, é um filme muito ruim, mesmo se ignorar o original, mas o fato de ser uma adaptação ruim deve sim ser levado em consideração. Outra escolha bizarra é que o povo da água é interpretado por atores brancos, apesar de serem o equivalente a esquimós no desenho, e o povo do fogo é interpretado por indianos (a maioria, pelo menos) apesar de (acho) serem brancos na animação, e eu não entendi essa escolha, coisa do diretor.
Eu defendo que uma adaptação não necessariamente precisa ser fiel ao original para ser boa, mas esse é um dos casos onde todas as mudanças foram para pior: Dragon Ball, especialmente a primeira saga que esse filme supostamente adapta, era uma aventura que pendia mais para o lado da comédia com uns personagens bizarros e carismáticos, o que é bem o oposto do que acontece nesse filme. Goku é mais um adolescente genérico de filme americano que, claro, tem que lidar com valentões que são interpretados por atores em seu vinte e muitos e são uns psicopatas, de forma que quase parece uma paródia, e seria melhor se fosse; Chi Chi é o interesse amoroso genérico sem personalidade que tem uma propensão bizarra a ir atrás de psicopatas (ela fica MUITO feliz quando acha que o Goku desceu a porrada nos caras); Bulma é Lara Croft do paraguai; Yamcha é cara trambiqueiro genérico; Mestre Kami é o mais próximo do anime, e é interpretado pelo ótimo Chow Yun Fat, mas o roteiro dá pouca liberdade ao personagem; Picollo aparece pouco, fala pouco, e faz menos ainda. E qual foi essa de dizer que o kamehameha é uma "técnica de dobramento de ar"? Eles confundiram a série, ou estavam prevendo outra propriedade aclamada que iria receber uma péssima adaptação no ano seguinte?
Quando essas adaptações não são bem recebidas, sempre têm as más línguas que generalizam, dizendo que "fanboy não aceita o que é diferente" ou que "uma adaptação muito fiel não iria funcionar em um filme", mas esses argumentos são fracos: primeiro que esse filme continua sendo ruim e genérico mesmo ignorando as ligações com o original, e se fosse a respeito de um adolescente indo atrás dos testículos mágico de um bode cósmico, a diferença é que se não tivesse o nome "Dragonball", ninguém olharia duas vezes; e outra, mesmo que algumas adaptações sofram por tentarem traduzir a obra ao pé da letra, qual o propósito de uma adaptação se vai trazer praticamente nada que é memorável e considerado clássico a respeito do original (eu sei que é dinheiro, mas digo artisticamente)? O elenco é fraco, os efeitos são bem ruins, a trama é apressada, e em alguns momentos eles parecem tentar divergir do anime sem um bom motivo. O original não é uma obra prima, e têm uns aspectos problemáticos que poderiam ser deixados de fora, mas era divertido, criativo, e contava uma trama bem trabalhada no meio das piadas; essa adaptação, por outro lado, é a versão bastarda americanizada feita por comitê daquilo.
A primeira vez que eu vi, não gostei do filme, porque caí no que agora é o clichê entre os fãs "livro mais longo, filme mais curto", e esse era meu livro preferido, na época em que eu era bem novo e ainda associava angústia e um tom mais sombrio com algo melhor. Mas deixei de gostar dos livros há muito tempo, uma porque nunca foram grande coisa como literatura, e outra pelo que sabemos atualmente da autora. Tendo dito isso, agora considero a adaptação de A Ordem da Fênix um dos melhores filmes da franquia, que manteve o que era importante da história original sem o monte de trama desnecessária que inchou o livro e mostrou que J.K. estava ficando pretensiosa e ao mesmo tempo tinha bem pouco da saga planejada de antemão, apesar de insistir no contrário. A única parte que eu sinto falta dos livros são todas aquelas coisas estranhas no ministério da magia que eram bem legais, interessantes, e claro, J.K. nunca deu continuidade.
O filme consegue pegar alguns trechos descritos do livro e traduzir bem de forma visual, elevando alguns aspectos (aquele duelo entre Dumbledore e Voldemort no final ficou muito bom), e Gary Oldman faz mesmo a breve relação entre Harry e Sirius funcionar bem aqui. Cortaram consideravelmente a trama paralela de romance entre Harry e Cho, o que é um ponto positivo, porque o filme anterior (e o seguinte) exageram nesse aspecto. Ainda sofre por tentar ser muito fiel ao livro em alguns aspectos, mas nesse ponto, era difícil de evitar. Quero comentar também que a história trata de profecias, que já vem sendo estabelecido desde o primeiro livro, que é basicamente astrologia, e para quem ainda acredita não ironicamente nisso: até nesse universo onde a economia é baseada em moedas de chocolate, o poder do amor pode literalmente salvar o dia, e se perder no meio da escola pode significar ser devorado por um cachorro gigante, ou algo pior, astrologia ainda não é levada a sério.
Nenhum dos filmes de comédia desses que tiveram a dupla Will Ferrel e John C. Reilly foram realmente bons, mas pelo menos eu dei risada com Quase Irmãos, A Balada de Ricky Bobby e Os Outros Caras, e acho que eles servem seu propósito. Holmes & Watson, por outro lado, é muito sem graça, com os dois simplesmente tentando imitar um sotaque britânico muito mal, e fazendo umas piadas forçadas e bem previsíveis por 90 minutos; mesmo com a curta duração, a impressão é que o filme se arrasta, e cada cena dura muito mais do que deveria. E apesar de tudo, o filme acaba se levando muito a sério, com uma construção de cenários que é muito elaborada para o que esse filme propõe, e alguns nomes de peso que devem ter sido coagidos a participar disso.
Em duas ocasiões que eu expressei minha opinião sobre duas comédias românticas que nunca foram considerados bons filmes para começar e só se deterioraram mais rapidamente quando deixaram a atmosfera da década de 90 (no caso, Da Magia à Seduação e Afinado no Amor) fui agraciado pelo comentário de algum sociopata que partiu para a ofensa simplesmente por eu não gostar de tal filme tanto quanto eles, demonstrando capacidade de raciocínio e interpretação de texto inversamente proporcionais à de argumentação e a de aceitar opiniões alheias. Isso mostra que por alguma motivo pessoas da minha faixa de idade são zelosos e nostálgico por esses filmes leves da década de 90, e serve como uma lição importante: essa galera que força positividade em tudo é praticamente tão tóxica quanto o oposto, porque esse tipo de atitude te torna incapaz de aceitar negatividade que abala a bolha mental em que eles vivem.
O propósito desse desabafo é que eu experimentei rever um filme que se encaixa na definição pelo qual eu era nostálgico, De Volta para o Presente, e fico feliz em afirmar que não sofro do que seja a síndrome dos dois sociopatas que responderam ao meu comentário anteriormente, porque realmente não envelheceu muito bem, e acho bem compreensível que não gostem do filme. Ajuda que esse filme é melhor escrito e no geral tem um elenco melhor que os dois filmes que eu citei anteriormente. O problema do filme é que ele só é realmente bom até a parte em que Adam sai do abrigo, porque esse primeiro momento foca nos personagens do Christopher Walken e da Sissy Spacek, que são a melhor parte do filme, e o resto é uma comédia romântica bem genérica onde Brendan Fraser faz o papel do bobão muito bem, mas que não deixa de ser pastelão, e Alicia Silverstone é pouco convincente e sem graça. Para quem tiver interesse, é um filme leve e divertido, e mais criativo que a média da época.
Tenho um pouco de vergonha de admitir que a primeira vez que eu vi O Homem de Aço, logo quando saiu, eu era uma dessas pessoas que não simplesmente gostava do filme, mas não entendia as críticas de muitos, e insistia que o filme era muito melhor do que realmente é, mas ainda bem que perspectivas mudam e Batman v Superman e Liga da Justiça ajudaram a deixar claro os muitos problemas desse filme.
O Homem de Aço é o melhor dos filmes do Snyder no DCEU: não é dizer muito, mas coloca em perspectiva o quanto só piorou. Por mais interessante que a proposta do filme seja, de tentar retratar um Superman mais "realista" e "humano", o tiro acaba saindo pela culatra, com não só um protagonista que é frio e sem carisma, mas todo o elenco age de forma distante e "alienígena", mesmo os personagens da Terra. Isso provavelmente é consequência de: ser por Zack Snyder, que quer ser reconhecido como diretor maduro e se leva muito a sério, mas cuja direção valoriza mais excesso e espetáculo vazio do que profundidade de roteiro, e sempre tenta colocar a própria "visão" sem entender o que está adaptando (algo que é ainda mais claro no remake de A Madrugada dos Mortos e na adaptação de Watchmen); roteiro de David S. Goyer e história do Christopher Nolan, eu sei que o consenso é que a trilogia do Batman do Nolan é muito boa, mas aqueles têm mais pretensão de maturidade do que real maturidade, com personagens um tanto artificiais que estão sempre explicando os temas e a mensagem do filme, palavra por palavra, de forma que contribui para a artificialidade do filme. O Homem de Aço tem todos esses problemas de forma ainda mais proeminente; Jor-El explicando para Clark diversas versas vezes de forma drmática quão especial ele é; Joanathan explicando o mesmo, e mandando o clichê "pessoas têm medo do que não entendem", sugerindo que Clark talvez devesse deixar um ônibus cheio de crianças se afogarem para talvez manter um segredo, e morrendo de uma forma sem sentido, simplesmente para ganhar uma discussão; Martha (MARTHA!!!!!) basicamente falando que Clark não tem responsabilidade com as pessoas da Terra, apesar dele ser o motivo de Zod ter aparecido na Terra; Lois Lane sem personalidade e mostrando que sob a direção de Snyder, mesmo uma atriz do nível da Amy Adams não está a salvo de ser só mais um personagem que vomita os temas do filme.
Já ouvi alguém falando que pela forma como o "herói" é retratado no filme, parece uma propaganda que Lex Luthor faria: Superman é frio, distante, e tem pouca preocupação com a quantidade de danos que ele mesmo está causando ao tentar deter Zod, passando a impressão de que Snyder não gosta muito do personagem. Eu também não gosto, mas se você vai fazer uma crítica, melhor que seja uma paródia, ou que seja demonstrado um entendimento do personagem, de forma a fazer um comentário, algo que Alan Moore, um autor reconhecido que escreveu clássicos, faz, mesmo não gostando de super heróis tradicionais. Eu acho o Superman chato pra caramba em qualquer mídia, especialmente nas que ele é retratado de forma consistente, mas também sou a favor da consistência ser mantida em adaptações, caso contrário qual o propósito de adaptar o personagem, para começar? Voltando ao exemplo de Moore, ele mantém a essência do Coringa e do Batman em A Piada Mortal, ao mesmo tempo que desconstrói os personagens.
O filme também peca muito pelo excesso: o prólogo em Kripton toma uns 20 minutos do filme, com informação que poderia ser transmitida em cinco, só para mostrar efeitos especiais; a grande maioria dos diálogos são hiper dramáticos, excessivos e cheios de informação que poderia ser transmitida visualmente; o útlimo terço do filme é basicamente uma luta de Dragon Ball Z entre Zod e Superman, mas com ainda mais barulho, e menos divertido. O filme também tem umas baboseiras típicas de um filme do Michael Bay, como muita ação que envolve CGI e pouca atuação, glorificação do exército americano.
Entre os aspectos positivos do filme, eu gosto da trilha sonora, de algumas cenas, e do Zod de Michael Shannon: criticaram a atuação praticamente caricata dele, mas ele representa bem as motivações do personagem, sendo o único com alguma emoção convincente, e parece que foi o único que Snyder realmente permitiu atuar no filme.
Como aparentemente preciso deixar claro aqui no site como defesa preventiva contra quem assume que estou tentando desmerecer opinião alheia mas ao mesmo tempo não está disposto a respeita a minha: não é o caso, porque cinema é subjetivo no fim das contas, mas um argumento muito utilizado é de que o filme é "realista", quando não é, porque os personagens são muito robóticos e falam em frases prontas, de efeito, e clichês, mas realismo não necessariamente torna um filme bom, de qualquer forma. Eu só queria deixar um pouco o cinismo adolescente de lado e lembrar que melancólico, miserável, com personagens frios em um filtro azul e muita destruição e mortes não significam necessariamente mais "realista".
Se forem continuar lançando esses filmes de salada interdimensional do miranha, eu quero ver o Supaidāman da série da Toei aparecendo em algum, com robozão e tudo.
É uma comédia romântica com Adam Sandler no papel principal, o que significa que é sem graça e traz a ideia de romance de um adolescente de 15 anos. As falas (especialmente as "piadas") são tão ruins que se alguém me desse uma opção entre ouvi-los novamente e ser forçado a arrancar meu dedo mindinho fora e comê-lo, eu provavelmente começaria a cogitar uma vida com um aperto de mão menos completo.
A cena do avião é uma das mais estúpidas e "cringe" que já vi em qualquer filme.
O lançamento da HBO Max na América Latina foi um fiasco de um nível que acho que nunca foi observado antes no lançamento de um serviço de streaming: prometeram um desconto vitalício para quem assistisse no primeiro mês, só para assinaturas serem canceladas sem aviso, muitos sequer conseguirem registrar o cartão, e mesmo quem conseguiu assinar se deparou com problemas na transmissão, e até agora nada de uma solução, significando que muitos "perderam" o desconto: isso é propaganda enganosa, golpe. O que eu quero dizer é que você que tentou uma assinatura na promoção, não conseguiu ou teve ela cancelada sem motivo e não teve o problema resolvido, está completamente justificado em buscar qualquer conteúdo disponível na plataforma por meios "alternativos": sei que muitos já fazem, de qualquer forma, mas dessa vez existe um incentivo a mais.
O filme em si se encaixa bem no que eu esperava de um Esquadrão Suicida dirigido por James Gunn: divertido, colorido, não se leva a sério e bem violento. Bem melhor que o primeiro, obviamente, porque não é aquela colcha de retalhos dessaturada que foi picotada pelo estúdio por conta de pânico, mas é bom até se comparado a outros filmes de super herói, conseguindo equilibrar humor, ação e carisma dos personagens melhor que basicamente qualquer filme da Marvel: até a Harley Quinn, que é uma personagem que eu normalmente acho irritante em qualquer mídia, ficou bem aqui. Não é uma obra prima, e os efeitos não são muito bons comparado a outros filmes de HQ, mas é bom lembrar que esse não teve um orçamento Marvel, e a produção mais "humilde" acaba trazendo um pouco do charme dos filmes da Troma em que o James Gunn costumava trabalhar antes, o que é um ponto positivo.
Um dos casos na franquia em que a falta de fidelidade ao livro prejudica filme. Os atores são bons, é visualmente interessante, e conta a história de forma compreensível, mas o que ficou de fora é sentido, e muito do contexto é perdido. Apesar de terem cortado alguns pontos do livro, colocaram cenas inéditas e desnecessárias no lugar, como a palhaçada da dança, e o filme ainda tem um foco muito grande na trama besta de romance adolescente. Cedrico, Krum e Fleur não recebem o desenvolvimento que deveriam, e ficam jogados na trama até servirem seu propósito; Dumbledore ficou descaracterizado.
Não chega a ser ruim, mas parece algo meio apressado, com partes faltando.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraVisualmente, o filme é lindo, e a direção do Alfonso Cuarón é excelente. Infelizmente, onde a maioria dos filmes do diretor são excelentes dramas, esse aspecto não funciona bem aqui, porque George Clooney interpreta ele mesmo, muito canastrão e dificíl de levar a sério, e Sandra Bullock interpreta ela mesmo tentando fazer um papel dramático, quando ela nem convence nas comédias românticas pelas quais ela é conhecida. Eu não ligo se gostam da atriz ou não, é questão de opinião, mas eu escrevo em seguida especialmente porque eu sei que provavelmente vai tiltar os fanboys maletas que não aceitam que eu não gostei de Da Magia à Sedução, e paradoxalmente levam minha opinião muito a sério, apesar de supostamente acharem que estou errado: ela é uma atriz ruim, que atual mal aqui também, e afeta de forma negativa os filmes dos quais participa; no caso de Gravidade, ela nem foi a primeira escolha para o papel. Apesar disso, vale pelos visuais e aspectos técnicos.
Da Magia à Sedução
3.6 719 Assista AgoraA falta de qualidade desse filme deve-se principalmente ao fato de que Sandra Bullock é uma péssima atriz, e foi colocada no papel principal. Nicole Kidman é uma boa atriz que faz um trabalho decente com o roteiro fraco, mas acho que nem se fosse a Cate Blanchett tentando levar o Oscar conseguiria compensar o quanto Sandra Bullock arrasta o filme para baixo. Além de nenhuma fala ou expressão dela ser minimamente convincente, a óbvia vaidade da atriz distrai muito das várias cenas do filme: uma cena em particular mostra a personagem acabando de acordar, cabelo arrumado e maquiagem aplicada... sério? Obviamente, existe um interesse amoroso na jogada, um policial que é um personagem tão chato quanto ver tinta secando com narração da Mallu Magalhães. O filme contem agravantes como atrizes mirim que aparecem lá porque as pessoas irão achar fofo, mas não pela capacidade de atuação (e para Evan Rachel Wood e Camilla Belle, esse é o caso até hoje). Tem um ou outro momento que talvez seja um pouco engraçado, mas, no geral, bem dispensável.
Space Jam: Um Novo Legado
2.9 350 Assista AgoraBem pior do que eu imaginava que seria, Um Novo Legado é a culminação de tudo que há de pior com filmes de alto orçamento nos últimos anos: é menos um filme, e mais um amontoado de referências e apelo à nostalgia, e uma propaganda de duas horas do catálogo da Warner, com roteiro e atuações sendo de pouca prioridade. Esse é o filme mais cínico e vazio que eu já assisti em muito tempo, ao ponto de que eu realmente acredito que foi produzido por um algoritmo, quase sem envolvimento humano. O primeiro está longe de ser uma obra prima, mas houve um esforço de fazer um filme lá, e valia também pela novidade de juntar o maior astro do basquete da época com os Looney Tunes, e o que eles fizeram misturando animação 2D com atores reais é impressionante até hoje; mas, em Um Novo Legado, Lebron tem bem menos carisma e naturalidade que Jordan tinha no primeiro filme, e nada de misturar live action com 2D, com o filme se passando praticamente todo em uma tela azul, e no máximo Lebron real interagindo com uns modelos 3D horrendos dos personagens clássicos.
O filme também foca muito no filho do Lebron, onde o personagem é um super gênio que consegue desenvolver um jogo sozinho, e fica bem óbvio que o filme foi escrito por alguém que sabe nada de desenvolvimento de jogos e tentou copiar a estética do Fortnite, porque é isso que as crianças gostam atualmente, ou algo do tipo.
Don Cheadle geralmente atua bem, mas não aqui, e o resto do elenco é bem esquecível. Esse filme oferece nada para quem gosta do primeiro (nem se passa no espaço, e a trilha sonora é bem esquecível, ao contrário da do primeiro, que é clássica), nem para quem gosta de basquete, porque vira bagunça (apesar de todo o diálogo do Lebron, o primeiro filme tinha uma maior atenção com os fundamentos do esporte), nem para quem gosta dos Looney Tunes. É um festival de luzes, cores e referências vazias.
Olhando uns comentários, acho bom levantar alguns pontos contra o argumento de que o filme "é só para crianças", e isso é um argumento muito usado em vários filmes aqui no site:
- Isso não é um escudo à prova de tudo que automaticamente isenta o filme de críticas; -Existem vários filmes "para criança" por aí que são considerados clássicos até hoje que são acessíveis aos mais novos e têm algo a mais para os adultos, mas esse pessoal não fala que são só "filmes para criança", no caso (a não ser quando apontam algo negativo, aí eles usam a barreira e contradizem o próprio argumento);
-O filme traz referências a uma série de propriedades da Warner voltadas a adultos, como Mad Max, It, e Game of Thrones, e outras que são nostálgicas para adultos atualmente e que crianças podem não conhecer, como O Gigante de Ferro e Harry Potter, então é bem claro que o filme não é voltado apenas para crianças;
-É uma continuação de um filme de 96 pelo qual adultos de hoje têm muita nostalgia, e claramente banca nessa nostalgia, então não é apenas para crianças;
-Esse tipo de argumento mostra um certo descaso em relação aos cérebros em formação das crianças, implicando que é tudo bem oferecer porcaria como entretenimento para eles, porque ainda não sabem dizer a diferença. Não estou falando que Um Novo Legado pode ser nocivo para o desenvolvimento infantil, mas pensando em um contexto mais amplo, uma criança sem uma formação adequada e cuidadosa pode acabar virando um dos muitos adultos que infestam os comentários do filmow: muito defensivos em relação às mídias fictícias dos quais gostam, e ao mesmo tempo com baixa capacidade argumentativa e de interpretação de texto, partindo para a ofensa infantil quando alguém apresenta uma opinião diferente. Sim, foi uma tangente que teve pouco a ver com o filme em questão, mas eu vou sempre aproveitar oportunidades para dar uma carcada em determinados tipos de usuário.
Só deixando claro, depois de tudo isso: se você gostou do filme, essa é sua opinião, e é isso o que importa; e se você realmente gostou do filme e está tranquilo em relação a isso, meu comentário não vai te deixar tiltado, e você não deixar uma resposta com ofensas infantis. Paz.
Willy's Wonderland: Parque Maldito
2.8 209 Assista AgoraO maior problema desse filme não é ser ruim, mas ter Nic Cage descendo a porrada em um animatrônicos e conseguir ser chato apesar disso. Sr. Cage não fala e não muda de expressão, o que significa que ele não grita nem faz as caras e bocas nem pira no nível que faz mesmo os filmes ruins do qual ele participa divertidos. O maior foco do filme é em um grupo de manés interpretados por uns atores que não sabem atuar que estão lá só para o filme ter contagem de corpos. Em termos de atuação, é o tipo de coisa que você encontra no Syfy ou fim de semana durante a madrugada no Space, mas com um ator conhecido. Willy's Wonderland não não se leva a sério e nem tenta ser um filme de terror engraçado, mas também não é engraçado: não é "tão bom que é ruim", desperdiça os talentos de Nic Cage, e é absurdamente chato.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraVilleneuve dirigiu dois ótimos filmes de sci-fi na década passada, um seguido do outro (sem falar que os outros filmes dele também são muito bons), então as chances dessa adaptação ser boa são altas, mas esse tempo de duração parece curto levando em conta o tamanho só do primeiro livro e o que os que leram falam a respeito: não é muito mais longo que versão de 84, e isso pode não ser um bom sinal, mas fico no aguardo.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraA Chegada é um tipo raro de sci-fi, que traz uma mensagem positiva sem cair nos clichês, e é inteligente, mas acessível e explica de forma clara seus conceitos mais complexos sem desrespeitar a inteligência do espectador. Direção, trilha sonora e fotografia criam a atmosfera adequada para o filme e o elenco é ótimo, especialmente Amy Adams. Apesar de seguirmos uma personagem americana, trata-se de um dos únicos filmes de "invasão" alienígena onde a ocorre em escala global, de fato, e as ações tomadas são um esforço conjunto de várias nações, trazendo até críticas a atitudes estadunidenses que são retratadas como "heroicas" em outros filmes de invasão, filmes piores.
Denis Villeneuve está se tornando um dos meu diretores favoritos da história recente, e os filmes dele destacam-se ainda mais em meio ao cenário atual: se A Chegada tivesse sido dirigido por alguém como o Nolan, por exemplo, teria duas horas e meia, mas com um roteiro mais raso, cheio de cenas com personagens explicando os temas e a mensagem do filme de forma óbvia e piegas, com menos atmosfera e mais cenas de ação, e ele ainda daria um jeito de dar o protagonismo aos EUA.
127 Horas
3.8 3,1K Assista AgoraExcelente filme, bem dirigido, com boas atuações, tenso, e ao contrário da maioria dos filmes baseados em histórias reais, bem realista. Provavelmente nunca mais verei de novo.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraBoyhood foi uma grande decepção para mim, porque a proposta parecia muito interessante, e Linklater parecia o diretor certo para fazer a proposta funcionar, mas o filme só deixa claro que muito nos melhores filmes do diretor depende de atores bons e sinceros interpretando personagens bem escritos e sinceros. A principal defesa em relação à monotonia do filme é que "é como a vida", mas a vida tem seus momentos interessantes, e Linklater tinha liberdade para incluir momentos interessantes na trama, que acontecem nessas coisas chamadas "filmes", ou pelo menos fazer com que Mason fosse um personagem interessante. Até dá para relevar quando o ator ainda é criança, porque é uma personalidade em formação (embora ainda pudesse ter sido melhor do que foi), mas mesmo depois que ele cresce, ele continua chato, sem personalidade, simplesmente existindo nas cenas, mais murmurando do que falando de fato, e o engraçado é que em alguns momentos o filme chama a atenção para isso: primeiro um dos padrastos alcoólatras diz que ele só vive por aí sem muito propósito ou ambição, e apesar do filme deixar claro que não é para simpatizarmos com ele, porque ele é um sujeito abusivo, ele não está errado nessa cena; em outra cena, o pai do Mason, que é um sujeito legal, basicamente diz para o filho que a namorada o largou para ficar com alguém melhor, o que provavelmente é verdade, e fácil de imaginar. E, ao contrário de outros filmes do diretor, Boyhood é pouco interessante, visualmente, e em aspectos da direção.
O filme também tem umas atuações bem fracas, principalmente a irmã do Mason, que eu descobri que é interpretada pela filha do Linklater, e que sempre parece estar pouco à vontade. As exceções são Patricia Arquette e Ethan Hawke, que têm os melhores personagens e as melhores atuações, e sempre que um dos dois estão em cena, Boyhood chega a lembrar um dos filmes bons do diretor.
Boyhood também é muito longo, apesar de vários nadas acontecerem, e chega um ponto em que parece que toda cena parece que deveria ser a última, até que eventualmente acaba. Para o crédito do filme, ele fez com que eu sentisse algumas coisas que eu sinto em relação à vida cotidiana, principalmente decepção e o desejo de que acabasse logo.
Tubarão
3.7 1,2K Assista AgoraTubarão é mais um exemplo que os melhores filmes de "monstro" são aqueles com grande foco no elemento humano, no suspense e em um bom roteiro. A equipe trabalha com o que era tecnologia de ponta na época, mas é também ciente das limitações, dando grande foco na dinâmica entre os personagens que é um dos motivos pelo qual esse filme envelheceu muito bem. Assim como outros clássicos da época, Tubarão não apressa o roteiro, estabelecendo os personagens e a atmosfera (eu tinha esquecido até rever recentemente que se passa em torno de uma hora de filme antes dos três entrarem na água),e mesmo a tensão na segunda metade é mais pelo conflito entre três homens inseguros de diferentes gerações e ideologias dentro de um barco do que pelo animal.
Depois de rever essa última vez, acabei simpatizando mais com o tubarão: ele só estava lá, no habitat natural dele, quando chegam um bando de turistas barulhentos desrespeitando e sujando a praia; eu moro em uma cidade com rodeio, e uma vez por ano vem o pessoal de fora e fazem o que turistas costumam fazer nesse tipo de evento, como causar engarrafamento e sujar as ruas, e eu fico imaginando um equivalente de tubarão, com um touro (e a pandemia tem sido horrível, claro, mas se for para pensar em algum aspecto positivo, é que tivemos uma pausa desse tipo de bagunça).
O pessoal já mencionou os paralelos com o atual desgoverno e o descaso com as medidas de isolamento, e é bem similar, exceto que no filme o xerife se opõe ao prefeito, enquanto na realidade a força policial estaria seguindo as ordens do poder vigente sem questionar, e ameaçando quem estivesse questionando as medidas.
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraAvatar é um filme muito bonito, e é um marco tecnológico para o cinema, o que em si é um mérito quando se trata da mídia. O problema é que, apesar de relativamente bem estruturado como roteiro, a história ainda é bem básica, com uma mensagem que já foi mostrada em outros filmes, e melhor. Avatar acaba sendo hipócrita em relação ao que quer mostrar, ao mesmo tempo que tenta ser uma crítica ao colonialismo na superfície, mas também é uma história sobre como o forasteiro branco estadunidense consegue facilmente conquistar os corações dos nativos ao mesmo tempo que é melhor do que eles no que eles fazem há muito, facilmente, e só por conta dele os nativos conseguem derrotar os "colonizadores", sendo a mensagem, no fim das contas. O filme também conquistou audiências porque é fácil se dizer a favor da preservação quando o planeta alienígena retratado é cheio de seres humanoides próximos o suficiente do ser humano para gerar empatia, mas distantes o suficiente em alguns aspectos para que o espectador se sinta superior e seja gerado um instinto de proteção. Isso não é promover preservação, isso é mentalidade deturpada que muitos turistas têm. Eu fico imaginando quão popular o filme seria e quanto as pessoas falariam da questão "ecológica" se Pandora fosse um planeta cheio de fauna e flora hostis e não tradicionalmente "bonita", mas é pouco útil falar disso sobre um filmão pipoca. O ponto é que espécies têm direito à preservação por constituírem vida, fauna ou flora, mas ninguém fala do Peixe Bolha com o mesmo entusiasmo que falam do Panda.
Avatar encabeçou também a onda mais moderna do 3D, e felizmente isso tomou o rumo do Laser Disc, do Betamax, e do HDDVD, porque 3D é um artifício desnecessário feito para lucrar, e nada mais. Eu achei Avatar raso e excessivamente longo quando vi nos cinemas em 2009, e ainda acho hoje, mas não odeio o filme; ou pelo menos, não odeio tanto quanto um usuário que fez um comentário atacando quem gostou; sério, moderação do filmow, é bem fácil de achar, e como muita coisa do tipo no site, nada foi feito a respeito.
Mas Avatar: bom para testar as cores e definição na sua TV nova, mas não mais que isso.
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
4.3 5,2K Assista AgoraEssa segunda metade não é tão boa quanto a primeira, porque seguiu a história de um livro que concluiu uma série de forma apressada, trazendo todos os problemas junto: a maioria das Horcruxes são encontradas nessa segunda metade, de forma conveniente e apressada, a "batalha final" destoa muito do clima mais sóbrio da primeira metade, e J.K. inclui algumas mortes de personagens importantes para tentar passar o "peso" do final, mas como é fim, isso não vai ter muito impacto no leitor/espectador, sendo um tanto forçado. É uma conclusão corrida, assim como foi no livro, que foca muito em espetáculo, mas concluiu melhor que muita saga, e esse foi dos casos em que dividir a última parte em duas para o cinema fez sentido. Aquela risada do Voldemort no final do filme é um dos melhores momentos da série.
Editando para colocar meu ranking pessoal da franquia:
8. O Enigma do Príncipe
7. As Relíquias da Morte - Pt. 2
6. O Cálice de Fogo
5. A Câmara Secreta
4. A Pedra Filosofal
3. A Ordem da Fênix
2. As Relíquias da Morte - Pt. 1
1. O prisioneiro de Azkaban
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
4.2 3,1K Assista AgoraPara mim, o segundo melhor dos filmes, depois de O Prisioneiro de Azkaban. As atuações são as melhores da franquia até agora, passando bem o clima sombrio e melancólico que a trama precisa, com uma fotografia sóbria, mas sem a artificialidade ou os filtros daquela do filme anterior (ainda bem) e que consegue ser bem bonita. O filme também tem um ritmo bom, e tudo se junta para criar algumas cenas que têm um peso e maturidade maior do que se espera de uma franquia onde "sorte líquida" pode ser feita e bebida, como Harry e Hermione em Godric's Hollow, ou mais de um momento de interação entre os personagens. É bom ser lembrado que, apesar da época em que o filme foi lançado, onde Crepúsculo fazia sucesso, uma história mais voltada para adolescentes ainda poderia ser madura e melancólica sem cair em palhaçada. Os maiores problemas do filme são,mais uma vez, tentar ser fiel ao livro: para qualquer autor, 7 objetos para buscar já seriam suficientes, mas J.K. mostra que mais uma vez não planejou a franquia tão bem quanto ela insiste que planejou, e enfia mais três "mcguffins", na forma das relíquias da morte, e isso é mais do que demais para fechar o último livro da franquia, não? Bom filme, no geral.
Harry Potter e o Enigma do Príncipe
4.0 1,7K Assista AgoraEssa é o que eu considero o pior dentre os filmes, primeiro porque é feio: é tudo dessaturado, sem cor, com um filtro que deixa tudo com uma aparência muito artificial e "suave", com algumas cenas muito escuras, que nunca foi usado nos filmes antes, e felizmente nunca foi usado depois; outra que o filme foca muito em tramas paralelas de romance forçadas e sem graça, com Lilá Brown sendo provavelmente o personagem mais irritante dos filmes. A trama que envolve Draco e Snape é interessante, mas é constantemente interrompida por besteira, e a cena que sumariza isso bem é quando Harry, Rony, Lilá, Snape e outros professores estão na enfermaria por conta do Ron, e começa mais uma besteira de triângulo amoroso, e Snape fica lá, parado, sem expressão, só esperando o roteiro avançar para ele poder sair dali. Outra coisa que me incomoda no filme é como a "poção do amor" é visto como algo normal e aceitável (inclusive sendo vendida legalmente), quando é basicamente o equivalente ao tipo de droga que no mundo real é colocada em bebidas sem que a pessoa que está bebendo saiba.
No geral, meio fraco, meio "ok", medíocre, poderia ter sido melhor.
Swearnet
2.3 7 Assista AgoraO elenco do Trailer Park Boys, sem nenhum do carisma ou originalidade da série. O objetivo do filme é supostamente ser uma crítica à censura de emissoras de TV, com os diálogos sendo praticamente só palavrões (muito palavrão mesmo, pra c******), e até nudez gratuita em uma cenas, mas é só isso que o filme é, mesmo: mesmo a crítica perde a substância e o propósito quando eles chegam, e passam muito do ponto, onde a quantidade de palavrões ofuscando o roteiro é justificável.
O Último Mestre do Ar
2.7 2,1K Assista AgoraÉ tão ruim, ou ainda pior, quanto a média dos filmes lançados pelo Shyamalan depois de Corpo Fechado, com o agravante de ser uma péssima adaptação do que é uma das melhores séries animadas já lançadas. Atores mirins normalmente já atuam mal em filmes como coadjuvantes de forma a prejudicar o todo, mas aqui todo o elenco principal são crianças que não conseguem atuar, e o roteiro traz praticamente nada do que torna os personagens do original tão memoráveis e carismáticos. Muito do que é essencial para a trama é cortado para encaixar uma temporada inteira em um filme de uns 100 minutos, com contexto simplesmente sumindo em alguns casos, e alguns aspectos mal explicados; a ideia de Shyamalan de filmar algumas cenas de ação com tomadas contínuas é interessante a princípio, mas não conseguiram ensinar a criança que faz o Aang a tempo, então a coreografia não ficou muito legal; dobradores de terra presos em uma prisão no meio da terra não usando o dobramento para sair da prisão antes de serem lembrados que podem dobrar terra, só para levar uns seis deles para levitar uma rocha que poderia ter sido facilmente jogada, mostrando que Shyamalan definitivamente não entendeu o original.
Em resumo, é um filme muito ruim, mesmo se ignorar o original, mas o fato de ser uma adaptação ruim deve sim ser levado em consideração. Outra escolha bizarra é que o povo da água é interpretado por atores brancos, apesar de serem o equivalente a esquimós no desenho, e o povo do fogo é interpretado por indianos (a maioria, pelo menos) apesar de (acho) serem brancos na animação, e eu não entendi essa escolha, coisa do diretor.
Dragonball Evolution
1.2 1,6K Assista AgoraEu defendo que uma adaptação não necessariamente precisa ser fiel ao original para ser boa, mas esse é um dos casos onde todas as mudanças foram para pior: Dragon Ball, especialmente a primeira saga que esse filme supostamente adapta, era uma aventura que pendia mais para o lado da comédia com uns personagens bizarros e carismáticos, o que é bem o oposto do que acontece nesse filme. Goku é mais um adolescente genérico de filme americano que, claro, tem que lidar com valentões que são interpretados por atores em seu vinte e muitos e são uns psicopatas, de forma que quase parece uma paródia, e seria melhor se fosse; Chi Chi é o interesse amoroso genérico sem personalidade que tem uma propensão bizarra a ir atrás de psicopatas (ela fica MUITO feliz quando acha que o Goku desceu a porrada nos caras); Bulma é Lara Croft do paraguai; Yamcha é cara trambiqueiro genérico; Mestre Kami é o mais próximo do anime, e é interpretado pelo ótimo Chow Yun Fat, mas o roteiro dá pouca liberdade ao personagem; Picollo aparece pouco, fala pouco, e faz menos ainda. E qual foi essa de dizer que o kamehameha é uma "técnica de dobramento de ar"? Eles confundiram a série, ou estavam prevendo outra propriedade aclamada que iria receber uma péssima adaptação no ano seguinte?
Quando essas adaptações não são bem recebidas, sempre têm as más línguas que generalizam, dizendo que "fanboy não aceita o que é diferente" ou que "uma adaptação muito fiel não iria funcionar em um filme", mas esses argumentos são fracos: primeiro que esse filme continua sendo ruim e genérico mesmo ignorando as ligações com o original, e se fosse a respeito de um adolescente indo atrás dos testículos mágico de um bode cósmico, a diferença é que se não tivesse o nome "Dragonball", ninguém olharia duas vezes; e outra, mesmo que algumas adaptações sofram por tentarem traduzir a obra ao pé da letra, qual o propósito de uma adaptação se vai trazer praticamente nada que é memorável e considerado clássico a respeito do original (eu sei que é dinheiro, mas digo artisticamente)? O elenco é fraco, os efeitos são bem ruins, a trama é apressada, e em alguns momentos eles parecem tentar divergir do anime sem um bom motivo. O original não é uma obra prima, e têm uns aspectos problemáticos que poderiam ser deixados de fora, mas era divertido, criativo, e contava uma trama bem trabalhada no meio das piadas; essa adaptação, por outro lado, é a versão bastarda americanizada feita por comitê daquilo.
Harry Potter e a Ordem da Fênix
4.0 1,1K Assista AgoraA primeira vez que eu vi, não gostei do filme, porque caí no que agora é o clichê entre os fãs "livro mais longo, filme mais curto", e esse era meu livro preferido, na época em que eu era bem novo e ainda associava angústia e um tom mais sombrio com algo melhor. Mas deixei de gostar dos livros há muito tempo, uma porque nunca foram grande coisa como literatura, e outra pelo que sabemos atualmente da autora. Tendo dito isso, agora considero a adaptação de A Ordem da Fênix um dos melhores filmes da franquia, que manteve o que era importante da história original sem o monte de trama desnecessária que inchou o livro e mostrou que J.K. estava ficando pretensiosa e ao mesmo tempo tinha bem pouco da saga planejada de antemão, apesar de insistir no contrário. A única parte que eu sinto falta dos livros são todas aquelas coisas estranhas no ministério da magia que eram bem legais, interessantes, e claro, J.K. nunca deu continuidade.
O filme consegue pegar alguns trechos descritos do livro e traduzir bem de forma visual, elevando alguns aspectos (aquele duelo entre Dumbledore e Voldemort no final ficou muito bom), e Gary Oldman faz mesmo a breve relação entre Harry e Sirius funcionar bem aqui. Cortaram consideravelmente a trama paralela de romance entre Harry e Cho, o que é um ponto positivo, porque o filme anterior (e o seguinte) exageram nesse aspecto. Ainda sofre por tentar ser muito fiel ao livro em alguns aspectos, mas nesse ponto, era difícil de evitar. Quero comentar também que a história trata de profecias, que já vem sendo estabelecido desde o primeiro livro, que é basicamente astrologia, e para quem ainda acredita não ironicamente nisso: até nesse universo onde a economia é baseada em moedas de chocolate, o poder do amor pode literalmente salvar o dia, e se perder no meio da escola pode significar ser devorado por um cachorro gigante, ou algo pior, astrologia ainda não é levada a sério.
Holmes & Watson
2.3 47 Assista AgoraNenhum dos filmes de comédia desses que tiveram a dupla Will Ferrel e John C. Reilly foram realmente bons, mas pelo menos eu dei risada com Quase Irmãos, A Balada de Ricky Bobby e Os Outros Caras, e acho que eles servem seu propósito. Holmes & Watson, por outro lado, é muito sem graça, com os dois simplesmente tentando imitar um sotaque britânico muito mal, e fazendo umas piadas forçadas e bem previsíveis por 90 minutos; mesmo com a curta duração, a impressão é que o filme se arrasta, e cada cena dura muito mais do que deveria. E apesar de tudo, o filme acaba se levando muito a sério, com uma construção de cenários que é muito elaborada para o que esse filme propõe, e alguns nomes de peso que devem ter sido coagidos a participar disso.
De Volta para o Presente
3.4 173 Assista AgoraEm duas ocasiões que eu expressei minha opinião sobre duas comédias românticas que nunca foram considerados bons filmes para começar e só se deterioraram mais rapidamente quando deixaram a atmosfera da década de 90 (no caso, Da Magia à Seduação e Afinado no Amor) fui agraciado pelo comentário de algum sociopata que partiu para a ofensa simplesmente por eu não gostar de tal filme tanto quanto eles, demonstrando capacidade de raciocínio e interpretação de texto inversamente proporcionais à de argumentação e a de aceitar opiniões alheias. Isso mostra que por alguma motivo pessoas da minha faixa de idade são zelosos e nostálgico por esses filmes leves da década de 90, e serve como uma lição importante: essa galera que força positividade em tudo é praticamente tão tóxica quanto o oposto, porque esse tipo de atitude te torna incapaz de aceitar negatividade que abala a bolha mental em que eles vivem.
O propósito desse desabafo é que eu experimentei rever um filme que se encaixa na definição pelo qual eu era nostálgico, De Volta para o Presente, e fico feliz em afirmar que não sofro do que seja a síndrome dos dois sociopatas que responderam ao meu comentário anteriormente, porque realmente não envelheceu muito bem, e acho bem compreensível que não gostem do filme. Ajuda que esse filme é melhor escrito e no geral tem um elenco melhor que os dois filmes que eu citei anteriormente. O problema do filme é que ele só é realmente bom até a parte em que Adam sai do abrigo, porque esse primeiro momento foca nos personagens do Christopher Walken e da Sissy Spacek, que são a melhor parte do filme, e o resto é uma comédia romântica bem genérica onde Brendan Fraser faz o papel do bobão muito bem, mas que não deixa de ser pastelão, e Alicia Silverstone é pouco convincente e sem graça. Para quem tiver interesse, é um filme leve e divertido, e mais criativo que a média da época.
O Homem de Aço
3.6 3,9K Assista AgoraTenho um pouco de vergonha de admitir que a primeira vez que eu vi O Homem de Aço, logo quando saiu, eu era uma dessas pessoas que não simplesmente gostava do filme, mas não entendia as críticas de muitos, e insistia que o filme era muito melhor do que realmente é, mas ainda bem que perspectivas mudam e Batman v Superman e Liga da Justiça ajudaram a deixar claro os muitos problemas desse filme.
O Homem de Aço é o melhor dos filmes do Snyder no DCEU: não é dizer muito, mas coloca em perspectiva o quanto só piorou. Por mais interessante que a proposta do filme seja, de tentar retratar um Superman mais "realista" e "humano", o tiro acaba saindo pela culatra, com não só um protagonista que é frio e sem carisma, mas todo o elenco age de forma distante e "alienígena", mesmo os personagens da Terra. Isso provavelmente é consequência de: ser por Zack Snyder, que quer ser reconhecido como diretor maduro e se leva muito a sério, mas cuja direção valoriza mais excesso e espetáculo vazio do que profundidade de roteiro, e sempre tenta colocar a própria "visão" sem entender o que está adaptando (algo que é ainda mais claro no remake de A Madrugada dos Mortos e na adaptação de Watchmen); roteiro de David S. Goyer e história do Christopher Nolan, eu sei que o consenso é que a trilogia do Batman do Nolan é muito boa, mas aqueles têm mais pretensão de maturidade do que real maturidade, com personagens um tanto artificiais que estão sempre explicando os temas e a mensagem do filme, palavra por palavra, de forma que contribui para a artificialidade do filme. O Homem de Aço tem todos esses problemas de forma ainda mais proeminente; Jor-El explicando para Clark diversas versas vezes de forma drmática quão especial ele é; Joanathan explicando o mesmo, e mandando o clichê "pessoas têm medo do que não entendem", sugerindo que Clark talvez devesse deixar um ônibus cheio de crianças se afogarem para talvez manter um segredo, e morrendo de uma forma sem sentido, simplesmente para ganhar uma discussão; Martha (MARTHA!!!!!) basicamente falando que Clark não tem responsabilidade com as pessoas da Terra, apesar dele ser o motivo de Zod ter aparecido na Terra; Lois Lane sem personalidade e mostrando que sob a direção de Snyder, mesmo uma atriz do nível da Amy Adams não está a salvo de ser só mais um personagem que vomita os temas do filme.
Já ouvi alguém falando que pela forma como o "herói" é retratado no filme, parece uma propaganda que Lex Luthor faria: Superman é frio, distante, e tem pouca preocupação com a quantidade de danos que ele mesmo está causando ao tentar deter Zod, passando a impressão de que Snyder não gosta muito do personagem. Eu também não gosto, mas se você vai fazer uma crítica, melhor que seja uma paródia, ou que seja demonstrado um entendimento do personagem, de forma a fazer um comentário, algo que Alan Moore, um autor reconhecido que escreveu clássicos, faz, mesmo não gostando de super heróis tradicionais. Eu acho o Superman chato pra caramba em qualquer mídia, especialmente nas que ele é retratado de forma consistente, mas também sou a favor da consistência ser mantida em adaptações, caso contrário qual o propósito de adaptar o personagem, para começar? Voltando ao exemplo de Moore, ele mantém a essência do Coringa e do Batman em A Piada Mortal, ao mesmo tempo que desconstrói os personagens.
O filme também peca muito pelo excesso: o prólogo em Kripton toma uns 20 minutos do filme, com informação que poderia ser transmitida em cinco, só para mostrar efeitos especiais; a grande maioria dos diálogos são hiper dramáticos, excessivos e cheios de informação que poderia ser transmitida visualmente; o útlimo terço do filme é basicamente uma luta de Dragon Ball Z entre Zod e Superman, mas com ainda mais barulho, e menos divertido. O filme também tem umas baboseiras típicas de um filme do Michael Bay, como muita ação que envolve CGI e pouca atuação, glorificação do exército americano.
Entre os aspectos positivos do filme, eu gosto da trilha sonora, de algumas cenas, e do Zod de Michael Shannon: criticaram a atuação praticamente caricata dele, mas ele representa bem as motivações do personagem, sendo o único com alguma emoção convincente, e parece que foi o único que Snyder realmente permitiu atuar no filme.
Como aparentemente preciso deixar claro aqui no site como defesa preventiva contra quem assume que estou tentando desmerecer opinião alheia mas ao mesmo tempo não está disposto a respeita a minha: não é o caso, porque cinema é subjetivo no fim das contas, mas um argumento muito utilizado é de que o filme é "realista", quando não é, porque os personagens são muito robóticos e falam em frases prontas, de efeito, e clichês, mas realismo não necessariamente torna um filme bom, de qualquer forma. Eu só queria deixar um pouco o cinismo adolescente de lado e lembrar que melancólico, miserável, com personagens frios em um filtro azul e muita destruição e mortes não significam necessariamente mais "realista".
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraSe forem continuar lançando esses filmes de salada interdimensional do miranha, eu quero ver o Supaidāman da série da Toei aparecendo em algum, com robozão e tudo.
Afinado no Amor
3.3 317 Assista AgoraÉ uma comédia romântica com Adam Sandler no papel principal, o que significa que é sem graça e traz a ideia de romance de um adolescente de 15 anos. As falas (especialmente as "piadas") são tão ruins que se alguém me desse uma opção entre ouvi-los novamente e ser forçado a arrancar meu dedo mindinho fora e comê-lo, eu provavelmente começaria a cogitar uma vida com um aperto de mão menos completo.
A cena do avião é uma das mais estúpidas e "cringe" que já vi em qualquer filme.
O Esquadrão Suicida
3.6 1,3K Assista AgoraO lançamento da HBO Max na América Latina foi um fiasco de um nível que acho que nunca foi observado antes no lançamento de um serviço de streaming: prometeram um desconto vitalício para quem assistisse no primeiro mês, só para assinaturas serem canceladas sem aviso, muitos sequer conseguirem registrar o cartão, e mesmo quem conseguiu assinar se deparou com problemas na transmissão, e até agora nada de uma solução, significando que muitos "perderam" o desconto: isso é propaganda enganosa, golpe. O que eu quero dizer é que você que tentou uma assinatura na promoção, não conseguiu ou teve ela cancelada sem motivo e não teve o problema resolvido, está completamente justificado em buscar qualquer conteúdo disponível na plataforma por meios "alternativos": sei que muitos já fazem, de qualquer forma, mas dessa vez existe um incentivo a mais.
O filme em si se encaixa bem no que eu esperava de um Esquadrão Suicida dirigido por James Gunn: divertido, colorido, não se leva a sério e bem violento. Bem melhor que o primeiro, obviamente, porque não é aquela colcha de retalhos dessaturada que foi picotada pelo estúdio por conta de pânico, mas é bom até se comparado a outros filmes de super herói, conseguindo equilibrar humor, ação e carisma dos personagens melhor que basicamente qualquer filme da Marvel: até a Harley Quinn, que é uma personagem que eu normalmente acho irritante em qualquer mídia, ficou bem aqui. Não é uma obra prima, e os efeitos não são muito bons comparado a outros filmes de HQ, mas é bom lembrar que esse não teve um orçamento Marvel, e a produção mais "humilde" acaba trazendo um pouco do charme dos filmes da Troma em que o James Gunn costumava trabalhar antes, o que é um ponto positivo.
Harry Potter e o Cálice de Fogo
4.1 1,2K Assista AgoraUm dos casos na franquia em que a falta de fidelidade ao livro prejudica filme. Os atores são bons, é visualmente interessante, e conta a história de forma compreensível, mas o que ficou de fora é sentido, e muito do contexto é perdido. Apesar de terem cortado alguns pontos do livro, colocaram cenas inéditas e desnecessárias no lugar, como a palhaçada da dança, e o filme ainda tem um foco muito grande na trama besta de romance adolescente. Cedrico, Krum e Fleur não recebem o desenvolvimento que deveriam, e ficam jogados na trama até servirem seu propósito; Dumbledore ficou descaracterizado.
Não chega a ser ruim, mas parece algo meio apressado, com partes faltando.