"""Documentário""" feito por entreguistas, desonestos e racistas (dando voz ao Waack depois de se mostrar como um racista de uma forma tão escancarada?) para um monte de gente de cabeça fraca ou igualmente desonesta em relação aos produtores. Uma lástima "isso" ainda ter 3,5 de nota.
Desonestos por quê? Aqui você não vai ver que a CIA patrocinou o golpe de 64, nadinha sobre a Operação Condor; não vai ver que Jango tinha 70% de aprovação popular ao entrar no poder; não vai ver que aquela fração da classe média alta que participou da Marcha com Deus Pela Família e pela Liberdade não representava toda a população e nem os 30% que não aprovavam o governo Jango (os comunistas também podiam estar lá, se você pegar as cartas que integrantes do PCB trocavam falando sobre o governo, buscando superá-lo); e não vai ver que Jango não era comunista, mas, sim, extremamente criticado pelo PCB e seguidor da tradição trabalhista criada por Vargas, que buscava humanizar o capitalismo sem desfaze-lo, buscando vias de industrialização e dinamização da balança comercial. Em resumo, um monte de omissões em pontos que desmoronam a teoria desinformadora dos olavetes e exageros em pontos interessantes para os produtores neocon dessa porcaria.
Entreguistas por quê? Oras, vocês são putinhas das elites que sempre disputaram para vender nossos recursos aos yankees, que engolem a "internacionalização da Amazônia", que querem deixar a economia dependente da agroexportação para sempre, que querem idiotizar o capitalismo ao máximo em prol do enriquecimento de famílias que estão aqui desde a colônia combatendo o industrialismo, que não estão nem aí para o desenvolvimento, que impediram o Brasil de ser grande e que deixam até o campo improdutivo para concentrar terras. Um câncer a ser extirpado, sem dúvidas. E o que é mais irônico é que eles venceram em 1964 e de novo em 2018 se dizendo "patriotas". Você que acredita nisso é burro pra caralho. Nota 0,5.
Parabéns à equipe do Filmow por bloquear temporariamente a avaliação do filme, dando um contrapeso à irracionalidade de um monte de moleques ou adultos com mentalidade de moleque que têm as mentes formadas por um astrólogo especialista em manipulação mental. E parabéns aos 3128 de pessoas que querem ver, que superam os 209 zumbis/bots que não querem ver o filme. Assim nós evitamos que a nota do filme seja irreal, que não fiquem dando nota 0,5 sem avaliar a verdadeira qualidade da obra.
O Filmow, aliás, poderia banir esses 209 bots que só servem pra estragar uma rede social que, felizmente, os tem como minoria. Assim manteremos a veracidade da nota do filme e evitaremos avaliações desonestas no futuro. Parabéns ao Filmow por não ter em maioria um bando de retardados o utilizando. Esses números mostram que, apesar de tudo, esta ainda é uma boa rede social. Afinal, naturalmente, gente sem cérebro não tem paciência pra sentar e assistir a coisas cinematográficas com mais de 2 horas; só disposição para ver um velho picareta os desinformando ou filmes de merda feitos para eles.
Trilha sonora do Milton Nascimento, visualmente bonito pela fotografia espetacular em certos momentos contemplativos, exibe fielmente comícios e eventos filmados (trazendo ao público algumas informações interessantes) e retrata com excelência o contexto histórico em questão ao evidenciar que o golpe de 64 não passou de uma intervenção estadunidense na política brasileira.
É uma pena que o documentário, ao dar voz aos que restaram dos movimentos que conduziram o golpe, evidencia que esses entreguistas e falsos patriotas que nos levaram à desgraça nos anos 60 continuaram presentes nas nossas instituições, trazendo apenas influências negativas para o país - Oras, foram esses mesmos imbecis e os herdeiros deles que elegeram o palhaço para ser presidente do Brasil a partir de 2019. Uma pena saber que vivemos em um país onde esses parasitas lambedores de botas estadunidenses ainda ficam corroendo o Exército, o Congresso e, agora, até o Executivo.
A liberdade de escolha é meio ilusória. Muitas "alternativas incorretas" te fazem voltar no tempo para fazer a "escolha correta". Talvez seja uma metáfora da vida? O determinismo é mais forte do que o livre-arbítrio? É uma interpretação válida, acredito.
Mas, ainda assim, é um baita roteiro, então acho que devia ser mais longo. Fiquei com gosto de quero mais.
Excelente de qualquer forma, apesar dos apontamentos. 4,5/5.
Não precisa ser fanboy: pode admitir que esse não é o melhor filme do Lars von Trier. Não tem a mesma qualidade de Dogville, Melancolia, Europa, Dançando no Escuro e até Anticristo.
Dá continuidade ao estilo de filme em que o protagonista narra sua história particular para um ouvinte (Jack e Virgílio, respectivamente), da mesma forma que em Ninfomaníaca a Joe conta sua história para o Seligman. Os ouvintes dos dois filmes tiram conclusões ao longo das histórias relatadas pelos narradores, fazendo comentários, e trazendo um desenvolvimento "dialético" para os filmes. Ao mesmo tempo que Jack conta o que viveu e o que acha sobre cada evento, Virgílio apresenta contrapontos, e isso marca o tom "filosófico" e intelectual do filme num estilo meio platônico. É isso que traz o valor do filme, na minha opinião.
Mas o problema é que muito tempo é gasto com cenas feitas só para chocar, desnecessárias, trazendo uma influência de Edgar Allan Poe talvez (?), considerando que o autor é citado em seu filme anterior e que a violência absoluta contra inocentes é uma constante nos seus contos. E, sim, eu sei que as cenas chocantes já fazem parte do cinema do diretor e que isso não é algo "novo". O problema é que se antes essas cenas estavam presentes em 20% da duração dos outros filmes do Lars, neste as cenas chocantes estão presentes em 70% e reduzem muito o espaço para cenas de diálogos e de contemplação visual, que caracterizam os outros trabalhos dele. As cenas chocantes ficaram muito mais presentes e exageradas e tomaram o lugar de cenas que poderiam ser mais verbais e contemplativas num sentido mais "interessante" e "belo" (Melancolia mesmo é um ótimo exemplo de filme filosófico e contemplativo, que é de autoria do próprio Lars). No final de contas, por isso, o diretor tenta tornar contemplativa a própria morte, satisfazendo qualquer espectador sádico.
Esse debate sobre a arte dever ser "bela" ou "feia", inclusive, é travado entre Jack e Virgílio ao longo de todo o filme. É o argumento principal de A Casa que Jack Construiu. O Jack é um artista, faz obras de arte com cadáveres das pessoas que mata, tirando fotos dos corpos delas e colecionando (querendo, no final, construir a tal da casa reunindo todas as pessoas mortas congeladas); Virgílio é a entidade mística de A Divina Comédia que tem a função de o encaminhar para onde deve estar (o inferno) ao mesmo tempo que apresenta um contraponto à obra de Jack, dizendo que a arte deve ser essencialmente "bela", embora não o desencoraje a terminar o serviço. Praticamente, dá para perceber que se este filme consiste em toda essa feiura sádica e é obra de Lars, Jack, que também faz uma obra de arte feia dentro de um filme que é uma obra de arte feia, o anti-herói serve como porta-voz de Lars, que concorda com o ponto de vista sobre a arte dever ser "feia". Já eu e muita gente concordamos com a visão de Virgílio sobre o assunto. E o próprio Lars von Trier já teve uma fase menos sádica, mais filosófica e mais "bela". Ou seja? Essa é uma fase ruim do diretor.
Outro argumento interessante do filme que vale menção remete à questão da cultura de individualismo nos EUA. A cena em que Jack corta fora os peitos de uma moça após dar a ela a oportunidade de pedir livremente ajuda e ninguém vir fazer nada representa isso com clareza. A frase que Jack grita na janela do apartamento onde ele tortura a garota sintetiza tudo: "Nobody wants to help!". Este ponto do discurso de A Casa que Jack Construiu deve ter certa influência do filme/livro Psicopata Americano, que também fala sobre um serial killer que nunca é preso porque nunca é pego em flagrante, já que todos na sociedade estadunidense são representados como pessoas individualistas e que não se importam com os outros, sendo incapazes de prevenir as mortes das outras pessoas, pois sempre estão preocupados demais apenas consigo mesmos.
Uma terceira característica constante do filme, que chama muita atenção, é a personalidade de Jack: altamente inteligente, dotado de uma lábia implacável e um dom de improvisação. Você acompanha seus "papos" para convencer as vítimas a se abrirem para ele e o levarem a algum local fechado e íntimo para que ele possa matá-las em ambientes privados. Você torce para as vítimas não serem bobas, mas é difícil e imprevisível para elas. Jack parece ser um cara legal. E ele sempre consegue o que quer, de maneira mágica, parecendo ser guiado por forças espirituais que o auxiliam a se tornar um serial killer (conforme ele mesmo relata após a cena em que assassina a viúva e a chuva limpa os rastros de sangue que seu corpo havia deixado ao ser arrastado pelo carro em que ficou amarrado por uma corda até ser levado ao frigorífico onde os corpos das vítimas ficam escondidos). Este é o elemento crucial que traz o tom psicológico do filme e que faz o espectador ficar antenado e prestar atenção do início ao fim, fazendo o tempo passar rápido. O desenvolvimento é interessante. Lars é capaz de fazer um filme que te mantém sempre olhando para a tela, sem se distrair.
E as cenas que eram para ser engraçadas na maioria das vezes não têm graça. O Lars ainda tentou fazer umas piadinhas colocando umas cenas de piadas com os mortos (como a cena em que Jack tenta fazer a criança morta comer e a outra em que ele, também usando o corpo da criança, a deixa com posição de "despedida", dando "tchauzinho") e de ridicularização do próprio protagonista extremamente perfeccionista (que tem TOC e faz coisas engraçadas por isso). Eu, particularmente, só ri das cenas que ridicularizam o Jack por causa de sua personalidade extremamente detalhista e até meio boba por isso. Apenas gente sádica pode rir das cenas de desrespeito aos cadáveres.
Um bônus de comédia é a cena que representa o quadro A Barca de Dante, de Eugène Delacroix (seu primeiro quadro, aliás), com Jack a bordo no lugar de Dante, o substituindo, vestindo a mesma roupa que ele. A cena estática ficou meio satírica (sexualizando o quadro dando ênfase para a bunda do cara à direita e para os peitos da moça também à direita mas pendurada na borda da barca) e a trilha sonora soou irônica, combinando com a ambientação mal feita do inferno.
Mas convenhamos que, considerando o roteiro, o final (epílogo) foi muito bem construído, apesar da estética trash (aquele inferno poderia ser muito melhor trabalhado, já que o Lars tinha recursos pra exigir um desenvolvimento de um ambiente em 3D muito mais realista e detalhado). Eu digo que ficou bem construído por causa do desdobramento. Jack tinha um grande objetivo ao longo de todo o roteiro: construir a Casa. Ele era um arquiteto frustrado, não? Mas ele só consegue o número de corpos que era necessário para "construir a casa" e recebe a sugestão de Virgílio para fazer isso no exato momento em que a polícia o encontra, por fim, e entra no frigorífico onde os corpos ficavam escondidos para prender ou matar Jack. Enquanto os policiais se aproximam para atirar no anti-herói, ele posiciona as pessoas congeladas colando uma na outra (pois todos estão semi-congelados e é possível grudar membros de um em membros de outro etc. para dar forma à "construção"), e daí surge a justificativa para o título: A Casa que Jack Construiu. Jack mal termina o trabalho, entra na Casa, e lá dentro recebe um tiro da polícia, embora isso seja censurado e representado com um pulo num buraco para dentro do chão, que serve de caminho para o inferno.
Lá, no caminho, encontra Virgílio, faz uma caminhada representada de forma ridícula (a cena dos dois dentro de bolhas é podraça, trash demais, e é entre essas tomadas que aparece a sátira do quadro A Barca de Dante), se arrepende dos crimes, se comove com a beleza dos Campos Elíseos, finalmente recupera sua humanidade e se esforça ao máximo para não ir ao inferno. Ele tenta fazer um caminho alternativo que mudaria seu futuro, escalando rochas nas paredes do inferno para sair de lá. Mas não tinha jeito, aquele era seu destino. Apesar dos esforços, o anti-herói cai e vai para onde deve ficar: queimando no inferno. O Lars von Trier nunca decepciona nesse sentido. Os filmes sempre são encerrados com maestria, apesar de este filme, em particular, ter propiciado isso de maneira visualmente precária e inesperada, pois influências trash não eram previsíveis.
Bom, dá para concluir que: o Lars von Trier tem filmes melhores. É profundo também, te entretém, tem uma filosofia interessante, mas essa intensificação da intenção de "querer chocar" foi desnecessária e reduziu consideravelmente o espaço que poderia potencializar ainda mais o argumento do filme. Eu, particularmente, daria nota máxima ao filme se: 1) as cenas de assassinatos fossem mais breves e menos apelativas (não é necessário dar tanta ênfase nisso se você não é sádico), 2) não houvesse essa tentativa chula e incongruente de misturar comédia com suspense/terror e 3) o epílogo tivesse sido feito com gráficos visuais mais decentes (acho que o único filme de Lars que tem efeitos visuais tão podres é Ondas do Destino, também na cena final) e sem tentativa de fazer tudo acabar de forma "trash" (talvez essa precariedade tenha a ver com o segundo ponto).
Observação fundamental: e que bicão feio que a Uma Thurman fez, hein. Uma atriz tão boa poderia participar do filme por mais tempo e ser uma personagem mais relevante para o roteiro. Que pena ela morrer tão rápido. Para fazer o papel dela poderiam ter guardado dinheiro e contratado qualquer outra pessoa aleatória. Daí a equipe teria dinheiro para investir em algum software mais decente para fazer os efeitos especiais do inferno.
A vila é dependente da indústria, a indústria é inimiga da natureza, a ave rara sobrevive em meio a um ambiente hostil e poluído (representado pelo filtro em P&B constantemente presente na fotografa do filme) e ela que serve de ponto de encontro entre o protagonista e seu passado representado por seus parentes. E é neste contexto que um drama familiar e filosófico, de profunda sutileza e sensibilidade, se desdobra. O roteiro é muito bem construído.
Quanto à estética, a fotografia é magistral e a ausência da trilha sonora dá espaço para um som ambiente natural e profundo. Essa forma de representação do filme revela a maturidade do diretor, que evoluiu muito desde seu primeiro trabalho até este (algo que o próprio Qiao Liang revelou na 4ª Mostra de Cinema Chinês de São Paulo, ao participar humildemente de uma roda de conversa sobre seu cinema, dizendo que optou por fazer um cinema mais "puro").
Um dos melhores filmes chineses que já vi. O diretor Qiao Liang precisa ganhar visibilidade no Brasil o quanto antes, junto com outros grandes desenvolvedores de filmes da China.
Esse filme é muito interessante para dar uma noção antropológica da China. Você percebe como é o comportamento do povo, vê a cultura confucionista transparecendo, o estoicismo inerente a eles, os impactos do socialismo de mercado (ou capitalismo de Estado) e da globalização, a indiferença nas relações entre as pessoas (possivelmente causada pela superpopulação) mas ainda um pingo de humanidade entre os companheiros, entre outros aspectos interessantes.
Serve como referência analítica para conhecer a sociedade chinesa contemporânea (por refletir a ótica de Jia Zhang-Ke, que é chinês mesmo, e fugir das interpretações ocidentais sobre a realidade do país). Além disso, o filme tem um valor técnico enorme. A fotografia é fascinante, a forma como a estória é conduzida te prende e o filme acaba num piscar de olhos.
Me deu agonia, parece se inspirar na estética do realismo literário e torna impossível não lembrar das ambientações de Dostoievski, Tolstoi, Gorki etc. Porém, entre esses autores e esse filme tem uma grande diferença: esse filme, ao contrário dos livros desses autores, não tem significado filosófico algum. Não traz grandes reflexões nem problemáticas criativas. É vazio e parado.
Não passa de um dramalhão anti-russo e que não critica a realidade precária dos subúrbios de lá de forma construtiva. Só expõe um caso de uma família desestruturada, pobre e infeliz que se envolve numa situação-problema e depois
o resolve após passar por um sufoco que choca a tradição familiar autoritária, que determina casamentos sem consentimento da mulher, com a pobreza do povo da região retratada, criando um contexto constrangedor parecido com o que Lújin traz em Crime e Castigo.
Tem um aprofundamento psicológico não verbal. Só mostra o sofrimento das personagens sem pensar em seus passados e sem te fazer criar apego a elas. Foca muito no presente do tempo do filme (que parece se passar nos anos 90). Mostra a precariedade e a crise que a Rússia enfrentou no pós-Guerra Fria e desnecessariamente, para trazer algum elemento chocante e sensacionalista ao filme arrastado e sem grandes desdobramentos, evoca as cenas da decapitação de Yevgeny Rodionov e do massacre do Daguestão. Um apelo descontextualizado e ridículo para um filme que fala sobre um relativo desgaste da instituição familiar, pobreza e anti-semitismo como via de preconceito (a família judia é vista pelos sequestradores do irmão caçula como possivelmente rica por ser judia, sendo que é pobre). O que a guerra da Rússia com a Chechenia (que levou aos assassinatos exibidos no filme) tem a ver com o roteiro? Absolutamente nada. Trouxe mais uma crítica largada para tentar demonstrar a vontade do diretor de criticar o país mais ainda.
Só dou nota 2 pela boa fotografia e pelas atuações. Mas o roteiro é péssimo, apesar de trazer um estilo APARENTEMENTE parecido com o do realismo literário. Pior filme russo que já vi.
Apesar de começar com o pretexto de que se trata de um "filme sobre comida", na realidade aborda questões filosóficas, antropológicas e históricas. Lámen Shop acaba usando um elemento que constitui qualquer civilização, isto é, a comida, para analisar a cultura como um todo, chegando às questões relacionadas às identidades asiáticas e verificando como elas se chocam, em particular as do Japão, da China e de Cingapura. A comida, que é uma partícula da identidade, acaba sendo usada como uma parte para falar a respeito do todo.
O filme personifica o nacionalismo na vó do protagonista e o multiculturalismo no protagonista (que é fruto do cruzamento entre pessoas de duas nações inimigas - Filho de pai japonês e mãe chinesa). Enquanto o protagonista se guia tentando valorizar a vida pessoal e colocar a relação com a instituição familiar acima de qualquer valor ideológico, a avó não quer perdoar os japoneses porque "eles assassinaram seu marido", generalizando o ethos japonês como algo anti-chinês e assassino. E o filme não te induz a torcer para um ou outro personagem. O diretor expõe perfeitamente os porquês que levam a avó a tomar partido e desenvolver uma xenofobia e, por outro lado, explica os porquês do herói querer tanto ser aceito pela avó e consertar todo o sofrimento que a xenofobia trouxe não só para ele mas para a família toda, incluindo a própria avó. E é isso que traz uma reflexão extremamente profunda e que cria um dilema entre as instituições "família" e "nação". Daí vem a questão: o que é melhor? Os lados das personagens são apresentados e explicados de maneira justa. É explicado de maneira sensível e dramática o sofrimento que os japoneses trouxeram para os chineses e os porquês para a avó chinesa se tornar alguém tão triste e amargurada e simplesmente querer distância dos japoneses. Afinal, o horror da guerra foi real - vide o Massacre de Nanquim e outros eventos horrorosos envolvendo a rivalidade China-Japão. É com esse desenvolvimento que o filme consegue criar uma problemática imensa e profunda em pouquíssimo tempo de duração.
Não é uma superprodução, mas é daqueles filminhos bons e profundos. O roteiro é muito bem feito. Eu daria 4,5/5, mas vou dar nota máxima só para aumentar o resultado geral aqui no Filmow.
PS: Até fui comer Lámen no Sukyia depois de ver esse filme. PS 2: Um dia ainda quero comer Bak Kut Teh.
A nota do filme só é ruim aqui porque atingiu o público que não deveria: pessoas sedadas pelos padrões netflixianos (que são ruins). As pouquíssimas pessoas que tiveram o prazer de acompanhar essa equipe quando assistia Workaholics pelo Comedy Central reconhece o valor desse filme.
Eu daria 4/5 porque acho que ficou bem diferente da série sendo que um, sendo feito quase com a mesmíssima composição de atores e mesmo diretor, é uma homenagem ao outro. Mas vou dar 5/5 só pra contrariar quem tá dando 1/5 aqui porque não reconhece a criatividade do Kyle Newachek e prefere ver filminho pipoca.
Tem influências claras de A Onda, O Processo e 120 Dias de Sodoma. Chega a ser kafkiano e sádico ao mesmo tempo. Traz uma reflexão interessante sobre psicologia também, claro, mas para quem já tem essas referências literárias a carga do discurso soa maior ainda.
Não entendi por que o filme não tem uma avaliação de 4 estrelas ou mais. A produção tem qualidade, as atuações são boas, a direção também e ainda traz uma reflexão filosófica. Merece no mínimo um 4/5.
A história de um texano hipster e misterioso que faz parte de um estereótipo babaca de típico moleque de escola que gosta de ser o "sr. dark" que senta no fundão da sala. É bem produzido? É. Mas o roteiro consiste só nisso que eu falei. Tem uns aprofundamentos psicológicos, uma ambientação bacana, representações da cultura do povão e tudo mais, mas não sai disso. Se o roteiro fosse menos vazio e mais criativo e promissor, com certeza, Boyhood seria mais legal.
Para entender o significado deste filme é necessário ler, pelo menos, a biografia do autor e, de preferência, o livro. Tendo lido ambos ou um dos dois, aí sim, assista ao filme. Caso contrário, a reação vai ser a mesma da maioria que comentou aqui no Filmow e avaliou Naked Lunch negativamente.
Quem sabe como e por que Naked Lunch foi escrito e publicado sabe que:
Esse filme é mais uma biografia de William S. Burroughs do que uma adaptação de Naked Lunch - Retrata o período da vida do autor em que ele escreveu Naked Lunch;
Apesar de não ser uma adaptação fiel, passa, com liberdade, das páginas para a tela, o significado do livro (Uma trama baseada em um trauma único, que está presente em toda a obra do autor, e que, apesar de tê-lo atormentado, trouxe inspiração até o fim de sua vida - Ou seja, a morte da esposa e o sentimento de culpa que isso trouxe para Burroughs);
Sim, Burroughs realmente matou sua esposa sem querer num jogo de roleta russa, assim como Bill mata Joan no filme. Eles tinham o hábito de brincar de roleta russa às vezes;
Depois de ter matado a esposa, Burroughs, para fugir da depressão e do sentimento de culpa, buscando uma válvula de escape, começou a escrever sua obra-prima, ou seja, esse grande livro composto por diversos contos praticamente surrealistas, ilógicos e não-lineares que buscam representar a degradação humana numa realidade caracterizada por alucinações, drogas, junkies, clandestinidade, homossexualidade forçada pela pobreza (O fenômeno Gay 4 Pay nada gourmetizado), pobreza excessiva, marginalidade, violência, assassinatos, repulsa à moral e às tradições e banalização da tristeza;
Naked Lunch, então, é fruto de um acidente que destruiu a vida de Burroughs e esse filme é uma representação sensível e fiel da loucura dele;
Se esse filme fosse uma adaptação do livro, seria uma série que reuniria uns trinta contos autônomos que assumiriam forma de curta-metragens sem conexões (apesar de terem personagens em comum, como o Dr. Benway);
Os personagens do filme correspondem a pessoas reais que participaram da vida de Burroughs: Joan Lee = Joan Vollmer (A inspiração e o motivo para Burroughs ter virado escritor); William Lee (Bill) = WIlliam S. Burroughs; Hank = Jack Kerouac; Martin = Allen Ginsberg. Aliás, a seleção de atores foi ótima, pois cada pessoa citada acima se parecia muito com os atores do filme. Kerouac e Ginsberg ajudaram Burroughs a escrever o livro. Eles trocaram cartas com Burroughs por um bom tempo, se encontraram pessoalmente para discutir sobre a ideia e a filosofia da obra, editaram diversos textos e deram muitas sugestões, apesar de a autoria ser só de Burroughs;
O livro demorou anos para ser concluído e foi escrito em Tânger (Marrocos). Burroughs se mudou para lá porque ficou deprimido após ter matado sua esposa e então quis se isolar da cultura predominante no Ocidente e de tudo que via como "normal". Essa atitude acabou influenciando muito o significado e a estética de Naked Lunch - Para quem não entendeu, isso esclarece o porquê de o filme ser ambientado em uma região árabe;
Burroughs se descobriu homossexual após ter matado a esposa por acidente e ele mesmo estabelecia uma relação causa-efeito entre os dois eventos - A morte da esposa representava um fardo e, ao mesmo tempo, uma libertação ou, por outro lado, trazia, por consequência, uma necessidade de degradação e de integração às margens da sociedade como autopunição pelo "assassinato" (Deve-se levar em conta que, na época, os movimentos LGBT eram inexpressivos e as práticas homossexuais eram vistas como coisa de gente marginalizada, mais do que hoje, por muitas pessoas);
Esse é um dos melhores filmes sobre beats, pois expressa com muita força e sensibilidade (Aderente à estética literária da contracultura) a mente perturbada do autor no processo de desenvolvimento do livro homônimo;
O final do filme é triste. Após um desenvolvimento baseado nos conflitos pessoais do escritor, na luta contra os próprios fantasmas de sua mente, na ressurreição de Joan e nas tentativas de salvação e reintegração à sociedade, tudo dá errado. O final indica que Burroughs, após ter percorrido um longo caminho para superar sua depressão através da autopunição e finalmente ter reencontrado o Dr. Benway e ter tido uma nova oportunidade de jogar roleta russa com Joan (Que tinha revivido), errou o tiro de novo, e então não superou a depressão e ficou aprisionado para sempre em sua loucura e à necessidade de escrever coisas malucas, determinadas pelo seu sentimento de culpa - E é por isso que, no final, de modo simbólico, os guardas que iam enquadrar o protagonista e sua esposa o veem atirando nela dentro carro e, ao invés de prende-lo, dão boas vindas para ele entrar no lugar que estava chegando. Aquele lugar representa o mundo literário louco que Burroughs criou como fruto da depressão e, assim, ele, quando mata Joan na frente dos policiais, ao invés de ser preso, ganha um passaporte para o lugar em questão. Sendo assim, a cena final indica que Burroughs se submeteu, pelo resto de sua vida, ao tormento que define Naked Lunch. E isso pode ser percebido pelo aspecto de todas as suas obras posteriores;
Levando tudo isso em conta, talvez esse seja o melhor filme que Cronenberg já fez.
Esse é um filme para mostrar para aquele seu amigo que fala que Stálin matou milhões mas omite ou desconhece todos os massacres políticos que não ficaram na conta de socialistas durante o século XX. A ditadura que a Indonésia teve de 67 a 98, durante o governo de Suharto, nos Anos de Chumbo, com certeza, partindo dessa linha de raciocínio, é um ótimo exemplo a ser dado para reforçar o argumento de que o capitalismo de Estado ou até mesmo as democracias liberais e imperialistas foram, na história, tão assassinos quanto o socialismo. Por isso que esse filme, além de ser eficaz pelo fundamento de "lembrar que essa brutalidade aconteceu", e, ainda, remontando de modo artístico o sofrimento das vítimas, podendo retratá-lo de algum modo, tem uma carga sensível muito maior para atingir sua finalidade. E essa finalidade seria, basicamente, um lembrete de que são todos inválidos os argumentos da "soma zero" ou da justificação da violência (Porque alguns acham que "os fins justificam os meios") que surgem por parte de uma possível direita agressiva. Além de tudo, dá um lembrete de como a humanidade pode se corromper e banalizar a violência.
Achei interessante o jeito que esse filme expõe como um governo e um movimento ideológico podem formar, em massa, assassinos em série. Assim é gerada uma espécie de "psicopatia coletiva", a compaixão e a empatia deixam de existir e a violência é normalizada. Afinal, assim que a sociedade é polarizada, são criados grupos que assumem identidades diferentes, e, justamente por causa dessa falta de reconhecimento do próximo como "semelhante", adversários são desumanizados. E é aí que surgem conflitos políticos internos dentro de uma nação: quando surge a disputa esquerda x direita ou comunistas x conservadores. Numa civilização que não sofre uma crise política, essas disputas, determinadas por polarização, acontecem, normalmente, entre times de futebol. Então, quando vai para além disso, você já sabe que está vendo um embrião de guerra civil se formando.
Lembro que no começo, quando acabei de dar "play", pensei que seria um documentário forte, sangrento e visualmente perturbador. Mas me deparei com uma verdadeira obra de arte: um filme muito verbal, baseado mais em relatos do que em imagens, e que te faz refletir através de palavras ao invés de exposição de imagens perturbadoras. Você absorve a ideia ouvindo as opiniões das pessoas simples e de senso comum sobre a desgraça que aterrou a Indonésia. E aí repara na normalidade com que elas se expressam e, assim, de modo espontâneo, absorve todo o significado do documentário, à medida que vai se desenvolvendo. Então, se você ainda não assistiu ao filme, e estava achando que ficaria constrangido o vendo, pode ficar à vontade, se dar o direito de ver e se preparar para um documentário mais filosófico do que visual e que, apesar de expor relatos absurdos e incômodos, ainda traz, em si, uma sutileza expressiva, compreensível e, por incrível que pareça, humana - Fazendo uma investigação do comportamento humano desde suas raízes.
E o final me fez pensar em duas coisas: em Crime e Castigo e no exemplo de reabilitação de presos na Noruega. Acredito que, assim como eu, a maioria que assistiu a esse filme, apesar de tudo de errado que Anwar fez (Ele matou mil pessoas, contribuindo com um genocídio de três milhões), teve alguma compaixão por ele, no final. Ele foi um ser humano qualquer, de senso comum, que deixou a ideologia se apropriar dele para usá-lo como massa de manobra, o transformando em um assassino em série. Afinal de contas, ele "ganhou" o direito de matar gente inocente e, por isso, nunca foi julgado pelo governo. E então, já que o julgamento não veio do Estado nem de Deus, veio da própria mente do assassino. Ele e todos os outros que compartilham da mesma situação, apesar da resistência que o discurso de ódio traz, quando se dão conta de que estavam hipnotizados e cegos quando mataram outras pessoas, com certeza, enlouquecem, se não forem psicopatas. Essa necessidade de redenção, precedida por uma resistência baseada no discurso de que "os fins justificam os meios", foi muito dostoievskiana.
Estava esperando teses plausíveis e lógicas sobre como a humanidade formularia uma língua para se relacionar com alienígenas mas só vi um monte de teses metafísicas e filosofias espirituais sem sentido nem explicação. Sei que tem quem goste disso, mas esse relativismo no lugar de racionalismo me incomodou um pouco, por se tratar de uma ficção científica. E ainda conta com o velho clichê de "chineses e russos do mal que atrapalham as boas intenções americanas", que só existem em filmes, somado a um roteiro arrastado e simplesmente fraco, sem reviravoltas nem construções complexas (Com exceção dos flashforwards, que, apesar de serem "diferentes", já foram bastante usados no cinema e então não são nada inovativos, hoje). E é por isso que eu não entendi todo esse hype pra cima desse filme. Se tem valor técnico, por se tratar de um filme hollywoodiano, não faz mais do que a obrigação.
Werner Herzog sempre tenta desvendar a natureza humana, de algum modo, através de temáticas específicas sobre subsistência, primitivismo e naturalismo. Se você parar para pensar todos (Ou quase todos) os filmes dele falam exatamente sobre isso, independente do formato que possam apresentar, podendo ser documentários ou ficções.
E esse tem tudo para ser mais um desses filmes, mas tem algo de especial e de particular. Happy People aborda um local bem peculiar do planeta para representar a ideia constante da filmografia do diretor: uma aldeia siberiana que não pode ser visitada por nenhum meio que não seja aéreo e que fica completamente isolada do mundo - Nela quase não tem interferência estatal nem privada. As pessoas de lá não acompanharam as revoluções industriais nem as transições de sistemas socioeconômicos mundiais (Apesar da Rússia ter transitado do czarismo para o socialismo e depois para o liberalismo, os moradores dessa aldeia não sentiram mudanças em suas vidas, praticamente). E acho que é isso que leva Werner Herzog a dizer que essas pessoas são realmente felizes. Porque elas têm um estado existencial mais puro do que nós que sentimos hoje os efeitos do industrialismo no Ocidente. Elas literalmente vivem e praticam a filosofia do "Do it yourself" e vivem por si mesmas, e não em nome da pátria ou de empresas invasivas.
Oliver Stone sempre faz biografias fieis à realidade e, por isso, muito bem sucedidas, além de ter um tom crítico ao longo de toda sua filmografia, tendo as críticas aos EUA como uma constante. Os filmes sempre têm um quê de psicológico, porque cada biografia se aprofunda na personalidade do protagonista, indicando as virtudes e fraquezas dele, e desenvolvendo, assim, um cinema bastante humano e verdadeiro. E quanto ao aspecto crítico, que se dá pela seleção dos temas dos filmes, como é o caso aqui, se faz presente, de novo, e bastante atualizado. Então "Snowden" é mais um filme legítimo de Oliver Stone, porque obedece aos padrões do autor, mas ao mesmo tempo não fica na mesmice dos discursos anteriormente abordados; pelo contrário, se mostra bastante atual, representando e esclarecendo muito bem uma das histórias mais marcantes do século XXI e dando maior visibilidade para uma pauta fundamental na atualidade: a da transparência.
Mas acho que esse aprofundamento psicológico, no caso da biografia de Snowden, encurtou a história (Ou omitiu ou deixou de representar algumas partes) e deu muita ênfase no relacionamento dele e em seus problemas pessoais. Muita coisa importante para a história acabou sendo resumida e, então, o final foi feito às pressas. Acho que o final da "aventura", quando Snowden vai até Hong Kong e depois se exila na Rússia, por intermédio da Wikileaks, podia ter sido melhor expresso. Sarah Harrison, a integrante da Wikileaks que ajudou o herói a fugir de HK para ir à Rússia, que foi, logicamente, uma personagem decisiva para a resolução do conflito, nem apareceu na trama. Ao invés disso, inventaram algumas cenas de anticlímax no momento anterior a isso, por exemplo, na cena em que Edward estava copiando os documentos do Plano Prism, quando poderiam botar no filme as situações onde havia tensão verdadeira, como as que de fato ocorreram no final da história.
E vale lembrar, pensando em justificativas para esse final encurtadíssimo, que JFK, por exemplo, que é um dos melhores filmes de Oliver Stone, tem mais de três horas de duração, e então a justificativa de fazer um resumão no final por falta de tempo ou de recursos também não cabe. Afinal, esse filme, assim como quase todos do diretor, é bastante hollywoodiano, e então não faltaram recursos na produção. Não acho que dá para cogitar a possibilidade de o final ter ficado incompleto por falta de dinheiro.
Talvez a produção tenha optado por isso para não ficar jogando o jogo de Assange ou de Putin e não fazer um filme parcial demais, fazendo uma propaganda inevitável para ambos, caso representasse a conclusão da história em sua plenitude. Vai saber... independente disso, Snowden é um ótimo filme. As cenas desenvolvidas e representadas merecem elogios pela qualidade técnica da produção. Atuações, trilha sonora, fotografia, direção... tudo ficou excelente! Não há o que criticar, nesse sentido. Só acho que é muito importante lembrar que esse filme podia ser menos parado e mais fiel ainda à realidade, se tivesse sido desenvolvido de outra forma.
Eles Vivem
3.7 734 Assista Agora(((REPTILIANOS)))
1964: O Brasil Entre Armas e Livros
3.1 332"""Documentário""" feito por entreguistas, desonestos e racistas (dando voz ao Waack depois de se mostrar como um racista de uma forma tão escancarada?) para um monte de gente de cabeça fraca ou igualmente desonesta em relação aos produtores. Uma lástima "isso" ainda ter 3,5 de nota.
Desonestos por quê? Aqui você não vai ver que a CIA patrocinou o golpe de 64, nadinha sobre a Operação Condor; não vai ver que Jango tinha 70% de aprovação popular ao entrar no poder; não vai ver que aquela fração da classe média alta que participou da Marcha com Deus Pela Família e pela Liberdade não representava toda a população e nem os 30% que não aprovavam o governo Jango (os comunistas também podiam estar lá, se você pegar as cartas que integrantes do PCB trocavam falando sobre o governo, buscando superá-lo); e não vai ver que Jango não era comunista, mas, sim, extremamente criticado pelo PCB e seguidor da tradição trabalhista criada por Vargas, que buscava humanizar o capitalismo sem desfaze-lo, buscando vias de industrialização e dinamização da balança comercial. Em resumo, um monte de omissões em pontos que desmoronam a teoria desinformadora dos olavetes e exageros em pontos interessantes para os produtores neocon dessa porcaria.
Entreguistas por quê? Oras, vocês são putinhas das elites que sempre disputaram para vender nossos recursos aos yankees, que engolem a "internacionalização da Amazônia", que querem deixar a economia dependente da agroexportação para sempre, que querem idiotizar o capitalismo ao máximo em prol do enriquecimento de famílias que estão aqui desde a colônia combatendo o industrialismo, que não estão nem aí para o desenvolvimento, que impediram o Brasil de ser grande e que deixam até o campo improdutivo para concentrar terras. Um câncer a ser extirpado, sem dúvidas. E o que é mais irônico é que eles venceram em 1964 e de novo em 2018 se dizendo "patriotas". Você que acredita nisso é burro pra caralho. Nota 0,5.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraParabéns à equipe do Filmow por bloquear temporariamente a avaliação do filme, dando um contrapeso à irracionalidade de um monte de moleques ou adultos com mentalidade de moleque que têm as mentes formadas por um astrólogo especialista em manipulação mental. E parabéns aos 3128 de pessoas que querem ver, que superam os 209 zumbis/bots que não querem ver o filme. Assim nós evitamos que a nota do filme seja irreal, que não fiquem dando nota 0,5 sem avaliar a verdadeira qualidade da obra.
O Filmow, aliás, poderia banir esses 209 bots que só servem pra estragar uma rede social que, felizmente, os tem como minoria. Assim manteremos a veracidade da nota do filme e evitaremos avaliações desonestas no futuro. Parabéns ao Filmow por não ter em maioria um bando de retardados o utilizando. Esses números mostram que, apesar de tudo, esta ainda é uma boa rede social. Afinal, naturalmente, gente sem cérebro não tem paciência pra sentar e assistir a coisas cinematográficas com mais de 2 horas; só disposição para ver um velho picareta os desinformando ou filmes de merda feitos para eles.
Jango
4.0 41 Assista AgoraTrilha sonora do Milton Nascimento, visualmente bonito pela fotografia espetacular em certos momentos contemplativos, exibe fielmente comícios e eventos filmados (trazendo ao público algumas informações interessantes) e retrata com excelência o contexto histórico em questão ao evidenciar que o golpe de 64 não passou de uma intervenção estadunidense na política brasileira.
É uma pena que o documentário, ao dar voz aos que restaram dos movimentos que conduziram o golpe, evidencia que esses entreguistas e falsos patriotas que nos levaram à desgraça nos anos 60 continuaram presentes nas nossas instituições, trazendo apenas influências negativas para o país - Oras, foram esses mesmos imbecis e os herdeiros deles que elegeram o palhaço para ser presidente do Brasil a partir de 2019. Uma pena saber que vivemos em um país onde esses parasitas lambedores de botas estadunidenses ainda ficam corroendo o Exército, o Congresso e, agora, até o Executivo.
Black Mirror: Bandersnatch
3.5 1,4KA liberdade de escolha é meio ilusória. Muitas "alternativas incorretas" te fazem voltar no tempo para fazer a "escolha correta". Talvez seja uma metáfora da vida? O determinismo é mais forte do que o livre-arbítrio? É uma interpretação válida, acredito.
Mas, ainda assim, é um baita roteiro, então acho que devia ser mais longo. Fiquei com gosto de quero mais.
Excelente de qualquer forma, apesar dos apontamentos. 4,5/5.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraQuanta forçação de barra pra cima de um roteiro tão simplório.
A Casa Que Jack Construiu
3.5 789 Assista AgoraNão precisa ser fanboy: pode admitir que esse não é o melhor filme do Lars von Trier. Não tem a mesma qualidade de Dogville, Melancolia, Europa, Dançando no Escuro e até Anticristo.
Dá continuidade ao estilo de filme em que o protagonista narra sua história particular para um ouvinte (Jack e Virgílio, respectivamente), da mesma forma que em Ninfomaníaca a Joe conta sua história para o Seligman. Os ouvintes dos dois filmes tiram conclusões ao longo das histórias relatadas pelos narradores, fazendo comentários, e trazendo um desenvolvimento "dialético" para os filmes. Ao mesmo tempo que Jack conta o que viveu e o que acha sobre cada evento, Virgílio apresenta contrapontos, e isso marca o tom "filosófico" e intelectual do filme num estilo meio platônico. É isso que traz o valor do filme, na minha opinião.
Mas o problema é que muito tempo é gasto com cenas feitas só para chocar, desnecessárias, trazendo uma influência de Edgar Allan Poe talvez (?), considerando que o autor é citado em seu filme anterior e que a violência absoluta contra inocentes é uma constante nos seus contos. E, sim, eu sei que as cenas chocantes já fazem parte do cinema do diretor e que isso não é algo "novo". O problema é que se antes essas cenas estavam presentes em 20% da duração dos outros filmes do Lars, neste as cenas chocantes estão presentes em 70% e reduzem muito o espaço para cenas de diálogos e de contemplação visual, que caracterizam os outros trabalhos dele. As cenas chocantes ficaram muito mais presentes e exageradas e tomaram o lugar de cenas que poderiam ser mais verbais e contemplativas num sentido mais "interessante" e "belo" (Melancolia mesmo é um ótimo exemplo de filme filosófico e contemplativo, que é de autoria do próprio Lars). No final de contas, por isso, o diretor tenta tornar contemplativa a própria morte, satisfazendo qualquer espectador sádico.
Esse debate sobre a arte dever ser "bela" ou "feia", inclusive, é travado entre Jack e Virgílio ao longo de todo o filme. É o argumento principal de A Casa que Jack Construiu. O Jack é um artista, faz obras de arte com cadáveres das pessoas que mata, tirando fotos dos corpos delas e colecionando (querendo, no final, construir a tal da casa reunindo todas as pessoas mortas congeladas); Virgílio é a entidade mística de A Divina Comédia que tem a função de o encaminhar para onde deve estar (o inferno) ao mesmo tempo que apresenta um contraponto à obra de Jack, dizendo que a arte deve ser essencialmente "bela", embora não o desencoraje a terminar o serviço. Praticamente, dá para perceber que se este filme consiste em toda essa feiura sádica e é obra de Lars, Jack, que também faz uma obra de arte feia dentro de um filme que é uma obra de arte feia, o anti-herói serve como porta-voz de Lars, que concorda com o ponto de vista sobre a arte dever ser "feia". Já eu e muita gente concordamos com a visão de Virgílio sobre o assunto. E o próprio Lars von Trier já teve uma fase menos sádica, mais filosófica e mais "bela". Ou seja? Essa é uma fase ruim do diretor.
Outro argumento interessante do filme que vale menção remete à questão da cultura de individualismo nos EUA. A cena em que Jack corta fora os peitos de uma moça após dar a ela a oportunidade de pedir livremente ajuda e ninguém vir fazer nada representa isso com clareza. A frase que Jack grita na janela do apartamento onde ele tortura a garota sintetiza tudo: "Nobody wants to help!". Este ponto do discurso de A Casa que Jack Construiu deve ter certa influência do filme/livro Psicopata Americano, que também fala sobre um serial killer que nunca é preso porque nunca é pego em flagrante, já que todos na sociedade estadunidense são representados como pessoas individualistas e que não se importam com os outros, sendo incapazes de prevenir as mortes das outras pessoas, pois sempre estão preocupados demais apenas consigo mesmos.
Uma terceira característica constante do filme, que chama muita atenção, é a personalidade de Jack: altamente inteligente, dotado de uma lábia implacável e um dom de improvisação. Você acompanha seus "papos" para convencer as vítimas a se abrirem para ele e o levarem a algum local fechado e íntimo para que ele possa matá-las em ambientes privados. Você torce para as vítimas não serem bobas, mas é difícil e imprevisível para elas. Jack parece ser um cara legal. E ele sempre consegue o que quer, de maneira mágica, parecendo ser guiado por forças espirituais que o auxiliam a se tornar um serial killer (conforme ele mesmo relata após a cena em que assassina a viúva e a chuva limpa os rastros de sangue que seu corpo havia deixado ao ser arrastado pelo carro em que ficou amarrado por uma corda até ser levado ao frigorífico onde os corpos das vítimas ficam escondidos). Este é o elemento crucial que traz o tom psicológico do filme e que faz o espectador ficar antenado e prestar atenção do início ao fim, fazendo o tempo passar rápido. O desenvolvimento é interessante. Lars é capaz de fazer um filme que te mantém sempre olhando para a tela, sem se distrair.
E as cenas que eram para ser engraçadas na maioria das vezes não têm graça. O Lars ainda tentou fazer umas piadinhas colocando umas cenas de piadas com os mortos (como a cena em que Jack tenta fazer a criança morta comer e a outra em que ele, também usando o corpo da criança, a deixa com posição de "despedida", dando "tchauzinho") e de ridicularização do próprio protagonista extremamente perfeccionista (que tem TOC e faz coisas engraçadas por isso). Eu, particularmente, só ri das cenas que ridicularizam o Jack por causa de sua personalidade extremamente detalhista e até meio boba por isso. Apenas gente sádica pode rir das cenas de desrespeito aos cadáveres.
Um bônus de comédia é a cena que representa o quadro A Barca de Dante, de Eugène Delacroix (seu primeiro quadro, aliás), com Jack a bordo no lugar de Dante, o substituindo, vestindo a mesma roupa que ele. A cena estática ficou meio satírica (sexualizando o quadro dando ênfase para a bunda do cara à direita e para os peitos da moça também à direita mas pendurada na borda da barca) e a trilha sonora soou irônica, combinando com a ambientação mal feita do inferno.
Mas convenhamos que, considerando o roteiro, o final (epílogo) foi muito bem construído, apesar da estética trash (aquele inferno poderia ser muito melhor trabalhado, já que o Lars tinha recursos pra exigir um desenvolvimento de um ambiente em 3D muito mais realista e detalhado). Eu digo que ficou bem construído por causa do desdobramento. Jack tinha um grande objetivo ao longo de todo o roteiro: construir a Casa. Ele era um arquiteto frustrado, não? Mas ele só consegue o número de corpos que era necessário para "construir a casa" e recebe a sugestão de Virgílio para fazer isso no exato momento em que a polícia o encontra, por fim, e entra no frigorífico onde os corpos ficavam escondidos para prender ou matar Jack. Enquanto os policiais se aproximam para atirar no anti-herói, ele posiciona as pessoas congeladas colando uma na outra (pois todos estão semi-congelados e é possível grudar membros de um em membros de outro etc. para dar forma à "construção"), e daí surge a justificativa para o título: A Casa que Jack Construiu. Jack mal termina o trabalho, entra na Casa, e lá dentro recebe um tiro da polícia, embora isso seja censurado e representado com um pulo num buraco para dentro do chão, que serve de caminho para o inferno.
Lá, no caminho, encontra Virgílio, faz uma caminhada representada de forma ridícula (a cena dos dois dentro de bolhas é podraça, trash demais, e é entre essas tomadas que aparece a sátira do quadro A Barca de Dante), se arrepende dos crimes, se comove com a beleza dos Campos Elíseos, finalmente recupera sua humanidade e se esforça ao máximo para não ir ao inferno. Ele tenta fazer um caminho alternativo que mudaria seu futuro, escalando rochas nas paredes do inferno para sair de lá. Mas não tinha jeito, aquele era seu destino. Apesar dos esforços, o anti-herói cai e vai para onde deve ficar: queimando no inferno. O Lars von Trier nunca decepciona nesse sentido. Os filmes sempre são encerrados com maestria, apesar de este filme, em particular, ter propiciado isso de maneira visualmente precária e inesperada, pois influências trash não eram previsíveis.
Bom, dá para concluir que: o Lars von Trier tem filmes melhores. É profundo também, te entretém, tem uma filosofia interessante, mas essa intensificação da intenção de "querer chocar" foi desnecessária e reduziu consideravelmente o espaço que poderia potencializar ainda mais o argumento do filme. Eu, particularmente, daria nota máxima ao filme se: 1) as cenas de assassinatos fossem mais breves e menos apelativas (não é necessário dar tanta ênfase nisso se você não é sádico), 2) não houvesse essa tentativa chula e incongruente de misturar comédia com suspense/terror e 3) o epílogo tivesse sido feito com gráficos visuais mais decentes (acho que o único filme de Lars que tem efeitos visuais tão podres é Ondas do Destino, também na cena final) e sem tentativa de fazer tudo acabar de forma "trash" (talvez essa precariedade tenha a ver com o segundo ponto).
Observação fundamental: e que bicão feio que a Uma Thurman fez, hein. Uma atriz tão boa poderia participar do filme por mais tempo e ser uma personagem mais relevante para o roteiro. Que pena ela morrer tão rápido. Para fazer o papel dela poderiam ter guardado dinheiro e contratado qualquer outra pessoa aleatória. Daí a equipe teria dinheiro para investir em algum software mais decente para fazer os efeitos especiais do inferno.
Ave Rara
3.9 2A vila é dependente da indústria, a indústria é inimiga da natureza, a ave rara sobrevive em meio a um ambiente hostil e poluído (representado pelo filtro em P&B constantemente presente na fotografa do filme) e ela que serve de ponto de encontro entre o protagonista e seu passado representado por seus parentes. E é neste contexto que um drama familiar e filosófico, de profunda sutileza e sensibilidade, se desdobra. O roteiro é muito bem construído.
Quanto à estética, a fotografia é magistral e a ausência da trilha sonora dá espaço para um som ambiente natural e profundo. Essa forma de representação do filme revela a maturidade do diretor, que evoluiu muito desde seu primeiro trabalho até este (algo que o próprio Qiao Liang revelou na 4ª Mostra de Cinema Chinês de São Paulo, ao participar humildemente de uma roda de conversa sobre seu cinema, dizendo que optou por fazer um cinema mais "puro").
Um dos melhores filmes chineses que já vi. O diretor Qiao Liang precisa ganhar visibilidade no Brasil o quanto antes, junto com outros grandes desenvolvedores de filmes da China.
Em Busca da Vida
3.9 34Esse filme é muito interessante para dar uma noção antropológica da China. Você percebe como é o comportamento do povo, vê a cultura confucionista transparecendo, o estoicismo inerente a eles, os impactos do socialismo de mercado (ou capitalismo de Estado) e da globalização, a indiferença nas relações entre as pessoas (possivelmente causada pela superpopulação) mas ainda um pingo de humanidade entre os companheiros, entre outros aspectos interessantes.
Serve como referência analítica para conhecer a sociedade chinesa contemporânea (por refletir a ótica de Jia Zhang-Ke, que é chinês mesmo, e fugir das interpretações ocidentais sobre a realidade do país). Além disso, o filme tem um valor técnico enorme. A fotografia é fascinante, a forma como a estória é conduzida te prende e o filme acaba num piscar de olhos.
Dinheiro como Dívida
3.9 4Argumento e discurso impecáveis, mas as animações são de baixíssima qualidade para a época em que foi produzido.
O Batedor de Carteiras
3.9 117A pior adaptação possível de Crime e Castigo, mas valeu a intenção. E é bem superestimado.
Xiao Wu, um Artista Batedor de Carteiras
3.9 13Quase uma adaptação chinesa de O Estrangeiro, de Camus. E é impossível não traçar paralelos com Notas do Subsolo, de Dostoievski. Bem existencialista.
Tesnota
3.4 24Me deu agonia, parece se inspirar na estética do realismo literário e torna impossível não lembrar das ambientações de Dostoievski, Tolstoi, Gorki etc. Porém, entre esses autores e esse filme tem uma grande diferença: esse filme, ao contrário dos livros desses autores, não tem significado filosófico algum. Não traz grandes reflexões nem problemáticas criativas. É vazio e parado.
Não passa de um dramalhão anti-russo e que não critica a realidade precária dos subúrbios de lá de forma construtiva. Só expõe um caso de uma família desestruturada, pobre e infeliz que se envolve numa situação-problema e depois
o resolve após passar por um sufoco que choca a tradição familiar autoritária, que determina casamentos sem consentimento da mulher, com a pobreza do povo da região retratada, criando um contexto constrangedor parecido com o que Lújin traz em Crime e Castigo.
Tem um aprofundamento psicológico não verbal. Só mostra o sofrimento das personagens sem pensar em seus passados e sem te fazer criar apego a elas. Foca muito no presente do tempo do filme (que parece se passar nos anos 90). Mostra a precariedade e a crise que a Rússia enfrentou no pós-Guerra Fria e desnecessariamente, para trazer algum elemento chocante e sensacionalista ao filme arrastado e sem grandes desdobramentos, evoca as cenas da decapitação de Yevgeny Rodionov e do massacre do Daguestão. Um apelo descontextualizado e ridículo para um filme que fala sobre um relativo desgaste da instituição familiar, pobreza e anti-semitismo como via de preconceito (a família judia é vista pelos sequestradores do irmão caçula como possivelmente rica por ser judia, sendo que é pobre). O que a guerra da Rússia com a Chechenia (que levou aos assassinatos exibidos no filme) tem a ver com o roteiro? Absolutamente nada. Trouxe mais uma crítica largada para tentar demonstrar a vontade do diretor de criticar o país mais ainda.
Só dou nota 2 pela boa fotografia e pelas atuações. Mas o roteiro é péssimo, apesar de trazer um estilo APARENTEMENTE parecido com o do realismo literário. Pior filme russo que já vi.
Lámen Shop
3.8 39Apesar de começar com o pretexto de que se trata de um "filme sobre comida", na realidade aborda questões filosóficas, antropológicas e históricas. Lámen Shop acaba usando um elemento que constitui qualquer civilização, isto é, a comida, para analisar a cultura como um todo, chegando às questões relacionadas às identidades asiáticas e verificando como elas se chocam, em particular as do Japão, da China e de Cingapura. A comida, que é uma partícula da identidade, acaba sendo usada como uma parte para falar a respeito do todo.
O filme personifica o nacionalismo na vó do protagonista e o multiculturalismo no protagonista (que é fruto do cruzamento entre pessoas de duas nações inimigas - Filho de pai japonês e mãe chinesa). Enquanto o protagonista se guia tentando valorizar a vida pessoal e colocar a relação com a instituição familiar acima de qualquer valor ideológico, a avó não quer perdoar os japoneses porque "eles assassinaram seu marido", generalizando o ethos japonês como algo anti-chinês e assassino. E o filme não te induz a torcer para um ou outro personagem. O diretor expõe perfeitamente os porquês que levam a avó a tomar partido e desenvolver uma xenofobia e, por outro lado, explica os porquês do herói querer tanto ser aceito pela avó e consertar todo o sofrimento que a xenofobia trouxe não só para ele mas para a família toda, incluindo a própria avó. E é isso que traz uma reflexão extremamente profunda e que cria um dilema entre as instituições "família" e "nação". Daí vem a questão: o que é melhor? Os lados das personagens são apresentados e explicados de maneira justa. É explicado de maneira sensível e dramática o sofrimento que os japoneses trouxeram para os chineses e os porquês para a avó chinesa se tornar alguém tão triste e amargurada e simplesmente querer distância dos japoneses. Afinal, o horror da guerra foi real - vide o Massacre de Nanquim e outros eventos horrorosos envolvendo a rivalidade China-Japão. É com esse desenvolvimento que o filme consegue criar uma problemática imensa e profunda em pouquíssimo tempo de duração.
Não é uma superprodução, mas é daqueles filminhos bons e profundos. O roteiro é muito bem feito. Eu daria 4,5/5, mas vou dar nota máxima só para aumentar o resultado geral aqui no Filmow.
PS: Até fui comer Lámen no Sukyia depois de ver esse filme.
PS 2: Um dia ainda quero comer Bak Kut Teh.
Perda Total
2.4 134 Assista AgoraA nota do filme só é ruim aqui porque atingiu o público que não deveria: pessoas sedadas pelos padrões netflixianos (que são ruins). As pouquíssimas pessoas que tiveram o prazer de acompanhar essa equipe quando assistia Workaholics pelo Comedy Central reconhece o valor desse filme.
Eu daria 4/5 porque acho que ficou bem diferente da série sendo que um, sendo feito quase com a mesmíssima composição de atores e mesmo diretor, é uma homenagem ao outro. Mas vou dar 5/5 só pra contrariar quem tá dando 1/5 aqui porque não reconhece a criatividade do Kyle Newachek e prefere ver filminho pipoca.
O Experimento de Aprisionamento de Stanford
3.8 332 Assista AgoraTem influências claras de A Onda, O Processo e 120 Dias de Sodoma. Chega a ser kafkiano e sádico ao mesmo tempo. Traz uma reflexão interessante sobre psicologia também, claro, mas para quem já tem essas referências literárias a carga do discurso soa maior ainda.
Não entendi por que o filme não tem uma avaliação de 4 estrelas ou mais. A produção tem qualidade, as atuações são boas, a direção também e ainda traz uma reflexão filosófica. Merece no mínimo um 4/5.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraAlice: I do love you and you know there is something very important we need to do as soon as possible.
Bill: What's that?
Alice: Fuck.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraA história de um texano hipster e misterioso que faz parte de um estereótipo babaca de típico moleque de escola que gosta de ser o "sr. dark" que senta no fundão da sala. É bem produzido? É. Mas o roteiro consiste só nisso que eu falei. Tem uns aprofundamentos psicológicos, uma ambientação bacana, representações da cultura do povão e tudo mais, mas não sai disso. Se o roteiro fosse menos vazio e mais criativo e promissor, com certeza, Boyhood seria mais legal.
Nise: O Coração da Loucura
4.3 656 Assista Agora"SAI, CAPETA!"
Mistérios e Paixões
3.8 312Para entender o significado deste filme é necessário ler, pelo menos, a biografia do autor e, de preferência, o livro. Tendo lido ambos ou um dos dois, aí sim, assista ao filme. Caso contrário, a reação vai ser a mesma da maioria que comentou aqui no Filmow e avaliou Naked Lunch negativamente.
Quem sabe como e por que Naked Lunch foi escrito e publicado sabe que:
Esse filme é mais uma biografia de William S. Burroughs do que uma adaptação de Naked Lunch - Retrata o período da vida do autor em que ele escreveu Naked Lunch;
Apesar de não ser uma adaptação fiel, passa, com liberdade, das páginas para a tela, o significado do livro (Uma trama baseada em um trauma único, que está presente em toda a obra do autor, e que, apesar de tê-lo atormentado, trouxe inspiração até o fim de sua vida - Ou seja, a morte da esposa e o sentimento de culpa que isso trouxe para Burroughs);
Sim, Burroughs realmente matou sua esposa sem querer num jogo de roleta russa, assim como Bill mata Joan no filme. Eles tinham o hábito de brincar de roleta russa às vezes;
Depois de ter matado a esposa, Burroughs, para fugir da depressão e do sentimento de culpa, buscando uma válvula de escape, começou a escrever sua obra-prima, ou seja, esse grande livro composto por diversos contos praticamente surrealistas, ilógicos e não-lineares que buscam representar a degradação humana numa realidade caracterizada por alucinações, drogas, junkies, clandestinidade, homossexualidade forçada pela pobreza (O fenômeno Gay 4 Pay nada gourmetizado), pobreza excessiva, marginalidade, violência, assassinatos, repulsa à moral e às tradições e banalização da tristeza;
Naked Lunch, então, é fruto de um acidente que destruiu a vida de Burroughs e esse filme é uma representação sensível e fiel da loucura dele;
Se esse filme fosse uma adaptação do livro, seria uma série que reuniria uns trinta contos autônomos que assumiriam forma de curta-metragens sem conexões (apesar de terem personagens em comum, como o Dr. Benway);
Os personagens do filme correspondem a pessoas reais que participaram da vida de Burroughs: Joan Lee = Joan Vollmer (A inspiração e o motivo para Burroughs ter virado escritor); William Lee (Bill) = WIlliam S. Burroughs; Hank = Jack Kerouac; Martin = Allen Ginsberg. Aliás, a seleção de atores foi ótima, pois cada pessoa citada acima se parecia muito com os atores do filme. Kerouac e Ginsberg ajudaram Burroughs a escrever o livro. Eles trocaram cartas com Burroughs por um bom tempo, se encontraram pessoalmente para discutir sobre a ideia e a filosofia da obra, editaram diversos textos e deram muitas sugestões, apesar de a autoria ser só de Burroughs;
O livro demorou anos para ser concluído e foi escrito em Tânger (Marrocos). Burroughs se mudou para lá porque ficou deprimido após ter matado sua esposa e então quis se isolar da cultura predominante no Ocidente e de tudo que via como "normal". Essa atitude acabou influenciando muito o significado e a estética de Naked Lunch - Para quem não entendeu, isso esclarece o porquê de o filme ser ambientado em uma região árabe;
Burroughs se descobriu homossexual após ter matado a esposa por acidente e ele mesmo estabelecia uma relação causa-efeito entre os dois eventos - A morte da esposa representava um fardo e, ao mesmo tempo, uma libertação ou, por outro lado, trazia, por consequência, uma necessidade de degradação e de integração às margens da sociedade como autopunição pelo "assassinato" (Deve-se levar em conta que, na época, os movimentos LGBT eram inexpressivos e as práticas homossexuais eram vistas como coisa de gente marginalizada, mais do que hoje, por muitas pessoas);
Esse é um dos melhores filmes sobre beats, pois expressa com muita força e sensibilidade (Aderente à estética literária da contracultura) a mente perturbada do autor no processo de desenvolvimento do livro homônimo;
O final do filme é triste. Após um desenvolvimento baseado nos conflitos pessoais do escritor, na luta contra os próprios fantasmas de sua mente, na ressurreição de Joan e nas tentativas de salvação e reintegração à sociedade, tudo dá errado. O final indica que Burroughs, após ter percorrido um longo caminho para superar sua depressão através da autopunição e finalmente ter reencontrado o Dr. Benway e ter tido uma nova oportunidade de jogar roleta russa com Joan (Que tinha revivido), errou o tiro de novo, e então não superou a depressão e ficou aprisionado para sempre em sua loucura e à necessidade de escrever coisas malucas, determinadas pelo seu sentimento de culpa - E é por isso que, no final, de modo simbólico, os guardas que iam enquadrar o protagonista e sua esposa o veem atirando nela dentro carro e, ao invés de prende-lo, dão boas vindas para ele entrar no lugar que estava chegando. Aquele lugar representa o mundo literário louco que Burroughs criou como fruto da depressão e, assim, ele, quando mata Joan na frente dos policiais, ao invés de ser preso, ganha um passaporte para o lugar em questão. Sendo assim, a cena final indica que Burroughs se submeteu, pelo resto de sua vida, ao tormento que define Naked Lunch. E isso pode ser percebido pelo aspecto de todas as suas obras posteriores;
Levando tudo isso em conta, talvez esse seja o melhor filme que Cronenberg já fez.
O Ato de Matar
4.3 134Esse é um filme para mostrar para aquele seu amigo que fala que Stálin matou milhões mas omite ou desconhece todos os massacres políticos que não ficaram na conta de socialistas durante o século XX. A ditadura que a Indonésia teve de 67 a 98, durante o governo de Suharto, nos Anos de Chumbo, com certeza, partindo dessa linha de raciocínio, é um ótimo exemplo a ser dado para reforçar o argumento de que o capitalismo de Estado ou até mesmo as democracias liberais e imperialistas foram, na história, tão assassinos quanto o socialismo. Por isso que esse filme, além de ser eficaz pelo fundamento de "lembrar que essa brutalidade aconteceu", e, ainda, remontando de modo artístico o sofrimento das vítimas, podendo retratá-lo de algum modo, tem uma carga sensível muito maior para atingir sua finalidade. E essa finalidade seria, basicamente, um lembrete de que são todos inválidos os argumentos da "soma zero" ou da justificação da violência (Porque alguns acham que "os fins justificam os meios") que surgem por parte de uma possível direita agressiva. Além de tudo, dá um lembrete de como a humanidade pode se corromper e banalizar a violência.
Achei interessante o jeito que esse filme expõe como um governo e um movimento ideológico podem formar, em massa, assassinos em série. Assim é gerada uma espécie de "psicopatia coletiva", a compaixão e a empatia deixam de existir e a violência é normalizada. Afinal, assim que a sociedade é polarizada, são criados grupos que assumem identidades diferentes, e, justamente por causa dessa falta de reconhecimento do próximo como "semelhante", adversários são desumanizados. E é aí que surgem conflitos políticos internos dentro de uma nação: quando surge a disputa esquerda x direita ou comunistas x conservadores. Numa civilização que não sofre uma crise política, essas disputas, determinadas por polarização, acontecem, normalmente, entre times de futebol. Então, quando vai para além disso, você já sabe que está vendo um embrião de guerra civil se formando.
Lembro que no começo, quando acabei de dar "play", pensei que seria um documentário forte, sangrento e visualmente perturbador. Mas me deparei com uma verdadeira obra de arte: um filme muito verbal, baseado mais em relatos do que em imagens, e que te faz refletir através de palavras ao invés de exposição de imagens perturbadoras. Você absorve a ideia ouvindo as opiniões das pessoas simples e de senso comum sobre a desgraça que aterrou a Indonésia. E aí repara na normalidade com que elas se expressam e, assim, de modo espontâneo, absorve todo o significado do documentário, à medida que vai se desenvolvendo. Então, se você ainda não assistiu ao filme, e estava achando que ficaria constrangido o vendo, pode ficar à vontade, se dar o direito de ver e se preparar para um documentário mais filosófico do que visual e que, apesar de expor relatos absurdos e incômodos, ainda traz, em si, uma sutileza expressiva, compreensível e, por incrível que pareça, humana - Fazendo uma investigação do comportamento humano desde suas raízes.
E o final me fez pensar em duas coisas: em Crime e Castigo e no exemplo de reabilitação de presos na Noruega. Acredito que, assim como eu, a maioria que assistiu a esse filme, apesar de tudo de errado que Anwar fez (Ele matou mil pessoas, contribuindo com um genocídio de três milhões), teve alguma compaixão por ele, no final. Ele foi um ser humano qualquer, de senso comum, que deixou a ideologia se apropriar dele para usá-lo como massa de manobra, o transformando em um assassino em série. Afinal de contas, ele "ganhou" o direito de matar gente inocente e, por isso, nunca foi julgado pelo governo. E então, já que o julgamento não veio do Estado nem de Deus, veio da própria mente do assassino. Ele e todos os outros que compartilham da mesma situação, apesar da resistência que o discurso de ódio traz, quando se dão conta de que estavam hipnotizados e cegos quando mataram outras pessoas, com certeza, enlouquecem, se não forem psicopatas. Essa necessidade de redenção, precedida por uma resistência baseada no discurso de que "os fins justificam os meios", foi muito dostoievskiana.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraEstava esperando teses plausíveis e lógicas sobre como a humanidade formularia uma língua para se relacionar com alienígenas mas só vi um monte de teses metafísicas e filosofias espirituais sem sentido nem explicação. Sei que tem quem goste disso, mas esse relativismo no lugar de racionalismo me incomodou um pouco, por se tratar de uma ficção científica. E ainda conta com o velho clichê de "chineses e russos do mal que atrapalham as boas intenções americanas", que só existem em filmes, somado a um roteiro arrastado e simplesmente fraco, sem reviravoltas nem construções complexas (Com exceção dos flashforwards, que, apesar de serem "diferentes", já foram bastante usados no cinema e então não são nada inovativos, hoje).
E é por isso que eu não entendi todo esse hype pra cima desse filme. Se tem valor técnico, por se tratar de um filme hollywoodiano, não faz mais do que a obrigação.
Happy People: A Year In The Taiga
4.1 28Werner Herzog sempre tenta desvendar a natureza humana, de algum modo, através de temáticas específicas sobre subsistência, primitivismo e naturalismo. Se você parar para pensar todos (Ou quase todos) os filmes dele falam exatamente sobre isso, independente do formato que possam apresentar, podendo ser documentários ou ficções.
E esse tem tudo para ser mais um desses filmes, mas tem algo de especial e de particular. Happy People aborda um local bem peculiar do planeta para representar a ideia constante da filmografia do diretor: uma aldeia siberiana que não pode ser visitada por nenhum meio que não seja aéreo e que fica completamente isolada do mundo - Nela quase não tem interferência estatal nem privada. As pessoas de lá não acompanharam as revoluções industriais nem as transições de sistemas socioeconômicos mundiais (Apesar da Rússia ter transitado do czarismo para o socialismo e depois para o liberalismo, os moradores dessa aldeia não sentiram mudanças em suas vidas, praticamente). E acho que é isso que leva Werner Herzog a dizer que essas pessoas são realmente felizes. Porque elas têm um estado existencial mais puro do que nós que sentimos hoje os efeitos do industrialismo no Ocidente. Elas literalmente vivem e praticam a filosofia do "Do it yourself" e vivem por si mesmas, e não em nome da pátria ou de empresas invasivas.
Snowden: Herói ou Traidor
3.8 412 Assista AgoraOliver Stone sempre faz biografias fieis à realidade e, por isso, muito bem sucedidas, além de ter um tom crítico ao longo de toda sua filmografia, tendo as críticas aos EUA como uma constante. Os filmes sempre têm um quê de psicológico, porque cada biografia se aprofunda na personalidade do protagonista, indicando as virtudes e fraquezas dele, e desenvolvendo, assim, um cinema bastante humano e verdadeiro. E quanto ao aspecto crítico, que se dá pela seleção dos temas dos filmes, como é o caso aqui, se faz presente, de novo, e bastante atualizado. Então "Snowden" é mais um filme legítimo de Oliver Stone, porque obedece aos padrões do autor, mas ao mesmo tempo não fica na mesmice dos discursos anteriormente abordados; pelo contrário, se mostra bastante atual, representando e esclarecendo muito bem uma das histórias mais marcantes do século XXI e dando maior visibilidade para uma pauta fundamental na atualidade: a da transparência.
Mas acho que esse aprofundamento psicológico, no caso da biografia de Snowden, encurtou a história (Ou omitiu ou deixou de representar algumas partes) e deu muita ênfase no relacionamento dele e em seus problemas pessoais. Muita coisa importante para a história acabou sendo resumida e, então, o final foi feito às pressas. Acho que o final da "aventura", quando Snowden vai até Hong Kong e depois se exila na Rússia, por intermédio da Wikileaks, podia ter sido melhor expresso. Sarah Harrison, a integrante da Wikileaks que ajudou o herói a fugir de HK para ir à Rússia, que foi, logicamente, uma personagem decisiva para a resolução do conflito, nem apareceu na trama. Ao invés disso, inventaram algumas cenas de anticlímax no momento anterior a isso, por exemplo, na cena em que Edward estava copiando os documentos do Plano Prism, quando poderiam botar no filme as situações onde havia tensão verdadeira, como as que de fato ocorreram no final da história.
E vale lembrar, pensando em justificativas para esse final encurtadíssimo, que JFK, por exemplo, que é um dos melhores filmes de Oliver Stone, tem mais de três horas de duração, e então a justificativa de fazer um resumão no final por falta de tempo ou de recursos também não cabe. Afinal, esse filme, assim como quase todos do diretor, é bastante hollywoodiano, e então não faltaram recursos na produção. Não acho que dá para cogitar a possibilidade de o final ter ficado incompleto por falta de dinheiro.
Talvez a produção tenha optado por isso para não ficar jogando o jogo de Assange ou de Putin e não fazer um filme parcial demais, fazendo uma propaganda inevitável para ambos, caso representasse a conclusão da história em sua plenitude. Vai saber... independente disso, Snowden é um ótimo filme. As cenas desenvolvidas e representadas merecem elogios pela qualidade técnica da produção. Atuações, trilha sonora, fotografia, direção... tudo ficou excelente! Não há o que criticar, nesse sentido. Só acho que é muito importante lembrar que esse filme podia ser menos parado e mais fiel ainda à realidade, se tivesse sido desenvolvido de outra forma.