Segue a mesma fórmula de sempre, mas é muito bem executado. Cenas de ação inspiradas e memoráveis, motivação do vilão compreensível e elenco majestoso entregando atuações fervorosas.
Só energia boa desse novo filme da Marvel. Que venha Guerra Infinita.
A importância política que esse filme carrega no roteiro é o que provavelmente o fará ganhar o Oscar de melhor filme. O ódio contra um sistema incapaz de realizar seu dever, carregado como uma bigorna no interior de Mildred (Frances McDormand), que demonstra uma atuação brilhante, cujo papel não poderia ser dado para outra atriz.
A cena na qual Mildred responde a “solicitação” do padre para retirar os outdoors foi genial por apontar o dedo para os casos de estupros, assédios, e todo mal que acontece em que a pessoa que clama “mas não fiz nada” é tão culpada quanto a que cometeu o ato. Se Martin levar o prêmio de melhor roteiro não será à toa.
A atuação da Saoirse me deixou admirado em como ela consegue passar sinceridade e autenticidade de uma adolescente, principalmente nas cenas com a mãe e quando flertava.
Greta pegou todo seu amor e carisma e colocou na telona para nos prestigiar com essa lindeza. “Lady Bird” me fez querer voltar no tempo e estar na época da escola novamente. ♥️
Comecei com antipatia pelo protagonista, mas o desenvolvimento do personagem (e do restante também) é muito bom em retratar o aprendizado por consequência de dores sofridas e erros cometidos. O estilo de Wes já estava bem aparente neste filme e a edição é extremamente competente em criar situações de humor que apenas o corte do cinema proporciona — tiveram dois momentos com o Bill Murray que achei um dos mais engraçados de toda a filmografia do diretor.
É muito gratificante quando um filme te agrada para além de suas expectativas, e "Rushmore" teve esse efeito.
O filme se salva pela dupla Smith + Edgerton e pelo design de produção que é bastante caprichado, porém, a estória é fraca e falta sutileza em suas críticas sociais.
A história de amor que transcende o som e imagem, e o que conecta dois corpos é a identificação de si para com o outro, criando uma sensibilidade que só uma mente inspiradíssima poderia realizar.
Como um poema que é escrito, transformado em negativo e colocado em um projetor: “The Shape of Water” é o coração de Del Toro em filme, uma declaração pessoal de sua enorme paixão pelo cinema.
Habitualmente, o estilo “seco” de Haneke costuma potencializar o oculto dentro dos seres humanos: violência, sadismo, perversidade, desejos seuxais reprimidos e poder. Neste filme, ele ainda mantém seu estilo, porém para evidenciar algo diferente: a reflexão das condições humanas sobre viver, sobreviver, velhice, e amor.
A realidade do casal é mais uma vez tratada de forma simples e mundana (visto também em “Der Siebent Kontinent”), não há intenção alguma na criação de dinamismo nas cenas ou em qualquer forma que seja de entreter seu público; o foco é nos atores e em suas reações perante os acontecimentos que ocorrem no decorrer do filme. Sendo direto: atuação magnífica de Emmanuelle Riva. Sim, é um comentário manjado quando se houve falar de “Amour”, porém não é à toa, seu retrato de uma idosa com a saúde gradativamente se esgotando comove e convence.
“Onde tem amor, tem tristeza“ foi um pensamento que nasceu em mim assistindo ao filme. Quando você apresenta um casal como este, não tem como não se imaginar naquela situação, e isso se aplica não apenas com um possível amor (romântico) da sua vida, mas com qualquer pessoa que você ame. Além do medo alheio, não tem como evitar de sentir a preocupação de se ver envelhecendo, e aos poucos tendo que enfrentar a morte. Contudo, por mais melancólico e doloroso que esses pensamentos possam ser (assim como tudo na filosofia), considero necessário para a valorização da felicidade e da juventude.
É o filme mais triste do diretor e, também, um dos melhores.
Se apoiando na ideia de looping temporal, “Edge of Tomorrow” consegue ser além de apenas mais um filme do gênero.
Doug Liman consegue direcionar a trama sem perder tempo — cada segundo em prol da narrativa —, e aproveita muito bem as opções que o reset do tempo proporciona. É divertido, engraçado, e com cenas de ação inspiradas, o que teria caído facilmente no genérico se dirigido por outra pessoa.
Dois anos depois do seu excelente debut “Bone Tomahawk”, S. Craig Zahler chega com “Brawl in Cell Block 99”, e, puta que pariu, que filme do caralho. Não gosto e nem costumo escrever isso em reviews, mas não há outra forma de falar dos filmes desse diretor, se não dessa.
Escrito e dirigido por Zahler, o filme entrega o holofote para ninguém menos que Vince Vaughn, que tragicamente já vi em listas de piores atores da história. É, é engraçado lembrar disso depois de ver esse filme. Os detalhes colocados nos tiques pessoais e na forma como o personagem Bradley Thomas enxerga certas as situações (ele explicando sobre os cafés na prateleira e a lei da probabilidade) deram gigante profundidade a sua personalidade, e isso pesou muito no que se refere à empatia que sentimos, sendo muito importante nos momentos finais.
Quero evitar de falar de quaisquer momentos do filme para não entregar absolutamente nada para quem ler esse texto, então só me resta dizer: assista Brawl in Block 99, porque é do caralho!
O que mais me pertuba, pode não ter impacto algum para outra pessoa. Esse filme me deixou paralisado. As atuações e a crueldade física (mais óbvia) e psicológica (a que mais me incomodou) é de muita inspiração do diretor.
Acho que a expectativa estraga a experiência para esse pessoal que bota muita fé no que falam por aí e esperam uma coisa de um filme, e se não recebem, se decepcionam e o inferiorizam.
Para um filme ser forte, ao meu ver, não precisa, necessariamente, de "gore" ou violência gráfica, e ainda que o filme contenha em partes, não é um banho de sangue como li aqui nos comentários que muitos esperavam.
O pior de tudo é ver o terror das vítimas; o pavor delas perante a impotência que as domina quando o serial killer as cerca psicologicamente, e elas se dão conta que não podem fazer nada, a não ser esperar e torcer para que ele não faça nada de tão horrível com elas.
Woody Allen é famoso pela excelência em seus roteiros e execução teatral na tela; em “Wonder Wheel” isso não é diferente. A fotografia do filme dispensa comentários, ficaria muito feliz se houvesse indicação ao Oscar para Storaro, pois ele merece: o vermelho e laranja conseguem passar a sensação de calor e paixão que paira boa parte do filme, e o azul vem pra contrapor estes com tristeza, retratando o estado de certos personagens. Outra que brilha é Winslet, que da mais um show com seus pequenos gestos enriquecendo a personagem, mas claro, sempre mantendo aquele estilo de “mulher neurótica” que Allen escreveu em seus trabalhos anteriores.
Ainda que visualmente lindo e bem atuado, o roteiro não proporciona uma trama tão envolvente assim. Há uma cena que se passa em uma pizzaria perto do fim na qual pensei que tomaria um rumo — acreditei ser bem mais interessante — mas toma o mais simples possível, terminando num estado neutro sem ter muito do que lembrar após seu término além das belas imagens da Coney Island construída.
Após um dia de ter assistido “The Fountain”— que, inclusive, ainda me encontro pensando e reavaliando, mesmo tendo um sentimento misto de estranheza e comoção após o término — vejo “The Wrestler”, na tentativa de completar a filmografia do Aronofsky, antes de ver “mother!”.
Este vai no caminho oposto do antecessor: é totalmente “pé no chão” e simplista na forma como trata a história do protagonista Randy 'The Ram', um lutador de luta livre (wrestling) que é forçado a confrontar a solidão e buscar refúgio em relações já destroçadas por erros passados após um acontecimento inesperado por consequência inevitável da idade — outro ponto que o filme aborda de forma sútil e excelente.
Apesar da forma simplista de ser conduzida, há pontos que ressalto serem dignas de citação, como a violentíssima cena de luta que são utilizados objetos cortantes como vidros, grampos, arames farpados, e muito mais; nessa cena a montagem é interessante, porque diferente da primeira luta, esta começa no final, com os corpos ensanguentados dos lutadores e aquele sentimento de “como eles ficaram assim?” pairando sobre nossa cabeça logo após que ambos saem do ringue. A cena segue nos bastidores, enquanto o enfermeiro local realiza os curativos, começam passar flashbacks do começo da luta, mostrando o processo de como eles ficaram daquele jeito, alternando entre os bastidores e a luta. Isso foi uma escolha muito boa do diretor para não cair na obviedade, consequentemente impulsionando o engajamento do telespectador, devido o despertar de curiosidade por instigar a vontade de querer saber o meio que levou àquele fim.
A trilha sonora. Ah, que trilha. Pontual e certeira, ela chega pra te fazer vibrar e o mais interessante é que não é usada de forma para transformar a cena apenas em algo “cool” e “divertido”, que é feito em diversos filmes e torna o uso de música um recurso banal e fácil para manipular a emoção (bastante notável em Suicide Squad).
Quando Randy está lutando é gratificante. Quando não está, compreendemos sua infelicidade e temor do esquecimento. A sensação de êxtase que notamos em sua expressão ao ouvir os gritos da platéia a cada golpe deferido é relacionável. É a única forma de amor que ele consegue sentir em sua situação atual. Porém, ao tentar buscar mais disso fora dos ringues, vê que não é tão fácil quanto realizar um Crossbody — se relacionar com pessoas talvez seja a maior luta de todos nós.
No meio de tantos filmes Marvel e DC, reboots e remakes, podemos encontrar jóias como Get Out, It Comes at Night e The Lost City of Z, grupo de filmes que representa uma leva que se destaca pela originalidade e particularidade cinematográfica e estrutural. Enquanto temos roteiros bons, mas batidos — Wonder Woman e Spider Man Homecoming, para citar dois exemplos —, em Baby Driver, o diretor Edgar Wright consegue criar (mais uma vez) uma história também simples, mas realçada com uma excelente direção e montagem, transformando o resultado final em uma viagem absurdamente magnífica nos ritmos audiovisuais.
A energia do filme se da por conta da trilha sonora (que aliás é FANTÁSTICA) sincronizada — como de costume pelo diretor — com sons ambientes, portas, batidas com o pé/mão, falas, tiros e match cuts, trazendo a quem assiste uma sensação de dinamismo e continuidade muito grande e satisfatória. É praticamente impossível ficar entendiado com um filme de Edgar Wright. Seu estilo de montagem é bem particular: ele gosta de inserir muitos cortes e transições, pois estabelece um ritmo frenético que te obriga a dedicar 100% de seu foco para entender o que está acontecendo, inclusive pegar as referências internas e externas, bastante abundantes no decorrer da história. O elenco composto por Ansel Elgort, Lily James, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Jon Hamm e Eiza Gonzalez entregam atuações nada abaixo do excelente. Química perfeita entre todos, se mudassem um ator poderia não ter saído o que saiu, foi um belo trabalho de casting por Francine Maisler.
Um sorriso pelas cenas descontraídas e bonitas de Baby e Debora, uma risada pelas piadas de timing perfeito, aquela inclinada para frente pela ação frenética e bem arquitetada, e um suspiro de “que filmão da porra” ao passar dos créditos foi o que eu experienciei com Baby Driver. O melhor filme de Edgar Wright, e um dos melhores do ano que vi até agora.
Naturalidade, sutileza e simplicidade são prevalecentes em todos os aspectos do filme. Começando pelas interpretações, logo de início percebe-se que a escolha do Casey Affleck para o papel foi perfeita. Ele transmite um olhar de um homem danificado por acontecimentos vividos, sem esperança alguma na vida. Não há explosões de lágrimas, é uma atuação controlada e meticulosa mostrada através do silêncio. Michelle Williams passa um ar muito natural com seus gestos e modo de falar, provando que merece estar entre as indicadas de melhor atriz, que mesmo aparecendo pouco mostra toda competência.
A atenção dada no roteiro à pequenos detalhes de coisas que acontecem na vida real é o charme do filme, pois isso retrata muito bem a realidade, trazendo para si uma identidade forte de autenticidade. Aqui a tristeza não é exacerbadamente estereotipada — aquela pessoa que apenas chora, dia após dia, e não quer fazer mais nada da sua vida não é mostrada em nenhum personagem —, o toque de cotidiano presente te conquista, porque quando chega aquela cena onde os personagens “explodem”, você sente muito, muito mais do que aquela dramatização constante durante duas horas presente em diversos filmes do gênero.
Foi filmado em 4:3 com uma fotografia leve e elegante, que mesmo com seus 135 minutos de duração não se torna cansativo.
Manchester by the Sea é um excelente drama, que realça a realidade e todas as faces de um luto.
Dos filmes que vi dessa leva do Oscar, La La Land com certeza foi o filme mais leve, otimista e inspirador de todos até agora.
A busca da realização dos seus sonhos, as dificuldades durante este processo, a perda da esperança, e a homenagem à música em um de suas formas mais puras: isso tudo é o que este filme representou para mim. A cena inicial já prepara o terreno para o que virá: um plano sequência de tirar o folego até dos não amantes do gênero.
Deve-se reconhecer que o trabalho do diretor aqui é impecável, os enquadramentos, a escolha das cores, a fotografia roxo/azul predominante, as jogadas de câmera – aquele jeito de “deslizar” presente também em Whiplash nas cenas das músicas, bem característico do diretor – estão todos perfeitos.
Ryan Gosling e Emma Stone nunca estiveram tão entrosados. As músicas não são jogadas - todas têm um propósito no desenrolar da história - e todas muito bem compostas, bem provável que leve a estatueta de melhor canção original (difícil dar um palpite de qual, sendo que há pelo menos 3 músicas belíssimas).
A defesa do diretor ao Jazz é uma das coisas que mais me agrada neste filme. Desde Whiplash ele vem fazendo isso, e se torna claro que ele é um verdadeiro amante do gênero musical. Detalhe para uma rápida cena do Ryan Gosling, onde descreve o Jazz para a Emma Stone de uma forma que não achava possível, de como admirar uma arte.
E, como de costume, Damien Chazelle sabe como terminar um filme.
La La Land é lindo, recheado de referências, calculado, realista quando deve ser e extremamente bem dirigido. Te inspira a sonhar, criar e não desistir, pois mesmo sendo otimista, ele não abraça o conveniente a ponto de ser um conto de fadas.
Cru, seco, frio e violento. É assim que consigo definir Nocturnal Animals. Um filme que evoca uma tensão enorme de um suspense agoniante através de seu excelente roteiro e montagem. Amy Adams, Aaron Taylor-Johnson, Jake Gyllenhaal e Michael Shannon, um quarteto onde todos estão no mesmo nível em suas atuações supercompetentes e dignas de exaltações. Encontra-se aqui uma profundidade gigantesca referente à história e motivações dos personagens, devido o simbolismo e metáforas do roteiro do filme, que foi baseado no romance “Tony and Susan”. Tom Ford, com maestria, consegue entregar um filme com um suspense construído de forma exemplar e não-previsível, e uma estrutura narrativa que lembra, em partes, David Lynch (algumas transições e utilização de cores). A fotografia é impecável, cada uma se adaptando as três narrativas diferentes no filme. Definitivamente, este não é um filme para qualquer um. É incômodo, não há alívio cômico, mostra o que quer e pronto. Posso dizer até que é “sem coração”, porém, comigo funcionou, e apesar de não chorar, fiquei extremamente comovido com diversas cenas envolvendo o personagem do Jake Gyllenhaal. Esse filme me pegou de jeito, é um daqueles que no final você faz perguntas e mais perguntas sobre o que cada coisa representa, incluindo o próprio final. Grande começo para 2017, absolutamente merece ser visto no cinema.
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista AgoraSegue a mesma fórmula de sempre, mas é muito bem executado. Cenas de ação inspiradas e memoráveis, motivação do vilão compreensível e elenco majestoso entregando atuações fervorosas.
Só energia boa desse novo filme da Marvel. Que venha Guerra Infinita.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraA importância política que esse filme carrega no roteiro é o que provavelmente o fará ganhar o Oscar de melhor filme. O ódio contra um sistema incapaz de realizar seu dever, carregado como uma bigorna no interior de Mildred (Frances McDormand), que demonstra uma atuação brilhante, cujo papel não poderia ser dado para outra atriz.
A cena na qual Mildred responde a “solicitação” do padre para retirar os outdoors foi genial por apontar o dedo para os casos de estupros, assédios, e todo mal que acontece em que a pessoa que clama “mas não fiz nada” é tão culpada quanto a que cometeu o ato. Se Martin levar o prêmio de melhor roteiro não será à toa.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraObra-prima.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraA atuação da Saoirse me deixou admirado em como ela consegue passar sinceridade e autenticidade de uma adolescente, principalmente nas cenas com a mãe e quando flertava.
Greta pegou todo seu amor e carisma e colocou na telona para nos prestigiar com essa lindeza. “Lady Bird” me fez querer voltar no tempo e estar na época da escola novamente. ♥️
O Rei da Comédia
4.0 366 Assista AgoraUm Scorsese não tão comentado, mas que não deve nada para seus demais filmes.
Três é Demais
3.8 274 Assista AgoraComecei com antipatia pelo protagonista, mas o desenvolvimento do personagem (e do restante também) é muito bom em retratar o aprendizado por consequência de dores sofridas e erros cometidos. O estilo de Wes já estava bem aparente neste filme e a edição é extremamente competente em criar situações de humor que apenas o corte do cinema proporciona — tiveram dois momentos com o Bill Murray que achei um dos mais engraçados de toda a filmografia do diretor.
É muito gratificante quando um filme te agrada para além de suas expectativas, e "Rushmore" teve esse efeito.
O Que te Faz Mais Forte
3.3 221Nem todo filme é sustentado apenas por atuações...
Bright
3.1 804 Assista AgoraO filme se salva pela dupla Smith + Edgerton e pelo design de produção que é bastante caprichado, porém, a estória é fraca e falta sutileza em suas críticas sociais.
A Forma da Água
3.9 2,7KA história de amor que transcende o som e imagem, e o que conecta dois corpos é a identificação de si para com o outro, criando uma sensibilidade que só uma mente inspiradíssima poderia realizar.
Como um poema que é escrito, transformado em negativo e colocado em um projetor: “The Shape of Water” é o coração de Del Toro em filme, uma declaração pessoal de sua enorme paixão pelo cinema.
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraHabitualmente, o estilo “seco” de Haneke costuma potencializar o oculto dentro dos seres humanos: violência, sadismo, perversidade, desejos seuxais reprimidos e poder. Neste filme, ele ainda mantém seu estilo, porém para evidenciar algo diferente: a reflexão das condições humanas sobre viver, sobreviver, velhice, e amor.
A realidade do casal é mais uma vez tratada de forma simples e mundana (visto também em “Der Siebent Kontinent”), não há intenção alguma na criação de dinamismo nas cenas ou em qualquer forma que seja de entreter seu público; o foco é nos atores e em suas reações perante os acontecimentos que ocorrem no decorrer do filme. Sendo direto: atuação magnífica de Emmanuelle Riva. Sim, é um comentário manjado quando se houve falar de “Amour”, porém não é à toa, seu retrato de uma idosa com a saúde gradativamente se esgotando comove e convence.
“Onde tem amor, tem tristeza“ foi um pensamento que nasceu em mim assistindo ao filme. Quando você apresenta um casal como este, não tem como não se imaginar naquela situação, e isso se aplica não apenas com um possível amor (romântico) da sua vida, mas com qualquer pessoa que você ame. Além do medo alheio, não tem como evitar de sentir a preocupação de se ver envelhecendo, e aos poucos tendo que enfrentar a morte. Contudo, por mais melancólico e doloroso que esses pensamentos possam ser (assim como tudo na filosofia), considero necessário para a valorização da felicidade e da juventude.
É o filme mais triste do diretor e, também, um dos melhores.
No Limite do Amanhã
3.8 1,5K Assista AgoraSe apoiando na ideia de looping temporal, “Edge of Tomorrow” consegue ser além de apenas mais um filme do gênero.
Doug Liman consegue direcionar a trama sem perder tempo — cada segundo em prol da narrativa —, e aproveita muito bem as opções que o reset do tempo proporciona. É divertido, engraçado, e com cenas de ação inspiradas, o que teria caído facilmente no genérico se dirigido por outra pessoa.
Confronto no Pavilhão 99
3.7 217 Assista AgoraDois anos depois do seu excelente debut “Bone Tomahawk”, S. Craig Zahler chega com “Brawl in Cell Block 99”, e, puta que pariu, que filme do caralho. Não gosto e nem costumo escrever isso em reviews, mas não há outra forma de falar dos filmes desse diretor, se não dessa.
Escrito e dirigido por Zahler, o filme entrega o holofote para ninguém menos que Vince Vaughn, que tragicamente já vi em listas de piores atores da história. É, é engraçado lembrar disso depois de ver esse filme. Os detalhes colocados nos tiques pessoais e na forma como o personagem Bradley Thomas enxerga certas as situações (ele explicando sobre os cafés na prateleira e a lei da probabilidade) deram gigante profundidade a sua personalidade, e isso pesou muito no que se refere à empatia que sentimos, sendo muito importante nos momentos finais.
Quero evitar de falar de quaisquer momentos do filme para não entregar absolutamente nada para quem ler esse texto, então só me resta dizer: assista Brawl in Block 99, porque é do caralho!
As Fitas de Poughkeepsie
3.1 371O que mais me pertuba, pode não ter impacto algum para outra pessoa. Esse filme me deixou paralisado. As atuações e a crueldade física (mais óbvia) e psicológica (a que mais me incomodou) é de muita inspiração do diretor.
Acho que a expectativa estraga a experiência para esse pessoal que bota muita fé no que falam por aí e esperam uma coisa de um filme, e se não recebem, se decepcionam e o inferiorizam.
Para um filme ser forte, ao meu ver, não precisa, necessariamente, de "gore" ou violência gráfica, e ainda que o filme contenha em partes, não é um banho de sangue como li aqui nos comentários que muitos esperavam.
O pior de tudo é ver o terror das vítimas; o pavor delas perante a impotência que as domina quando o serial killer as cerca psicologicamente, e elas se dão conta que não podem fazer nada, a não ser esperar e torcer para que ele não faça nada de tão horrível com elas.
Eu achei um filmaço.
Roda Gigante
3.3 309Woody Allen é famoso pela excelência em seus roteiros e execução teatral na tela; em “Wonder Wheel” isso não é diferente. A fotografia do filme dispensa comentários, ficaria muito feliz se houvesse indicação ao Oscar para Storaro, pois ele merece: o vermelho e laranja conseguem passar a sensação de calor e paixão que paira boa parte do filme, e o azul vem pra contrapor estes com tristeza, retratando o estado de certos personagens. Outra que brilha é Winslet, que da mais um show com seus pequenos gestos enriquecendo a personagem, mas claro, sempre mantendo aquele estilo de “mulher neurótica” que Allen escreveu em seus trabalhos anteriores.
Ainda que visualmente lindo e bem atuado, o roteiro não proporciona uma trama tão envolvente assim. Há uma cena que se passa em uma pizzaria perto do fim na qual pensei que tomaria um rumo — acreditei ser bem mais interessante — mas toma o mais simples possível, terminando num estado neutro sem ter muito do que lembrar após seu término além das belas imagens da Coney Island construída.
O Lutador
4.0 912Após um dia de ter assistido “The Fountain”— que, inclusive, ainda me encontro pensando e reavaliando, mesmo tendo um sentimento misto de estranheza e comoção após o término — vejo “The Wrestler”, na tentativa de completar a filmografia do Aronofsky, antes de ver “mother!”.
Este vai no caminho oposto do antecessor: é totalmente “pé no chão” e simplista na forma como trata a história do protagonista Randy 'The Ram', um lutador de luta livre (wrestling) que é forçado a confrontar a solidão e buscar refúgio em relações já destroçadas por erros passados após um acontecimento inesperado por consequência inevitável da idade — outro ponto que o filme aborda de forma sútil e excelente.
Apesar da forma simplista de ser conduzida, há pontos que ressalto serem dignas de citação, como a violentíssima cena de luta que são utilizados objetos cortantes como vidros, grampos, arames farpados, e muito mais; nessa cena a montagem é interessante, porque diferente da primeira luta, esta começa no final, com os corpos ensanguentados dos lutadores e aquele sentimento de “como eles ficaram assim?” pairando sobre nossa cabeça logo após que ambos saem do ringue. A cena segue nos bastidores, enquanto o enfermeiro local realiza os curativos, começam passar flashbacks do começo da luta, mostrando o processo de como eles ficaram daquele jeito, alternando entre os bastidores e a luta. Isso foi uma escolha muito boa do diretor para não cair na obviedade, consequentemente impulsionando o engajamento do telespectador, devido o despertar de curiosidade por instigar a vontade de querer saber o meio que levou àquele fim.
A trilha sonora. Ah, que trilha. Pontual e certeira, ela chega pra te fazer vibrar e o mais interessante é que não é usada de forma para transformar a cena apenas em algo “cool” e “divertido”, que é feito em diversos filmes e torna o uso de música um recurso banal e fácil para manipular a emoção (bastante notável em Suicide Squad).
Quando Randy está lutando é gratificante. Quando não está, compreendemos sua infelicidade e temor do esquecimento. A sensação de êxtase que notamos em sua expressão ao ouvir os gritos da platéia a cada golpe deferido é relacionável. É a única forma de amor que ele consegue sentir em sua situação atual. Porém, ao tentar buscar mais disso fora dos ringues, vê que não é tão fácil quanto realizar um Crossbody — se relacionar com pessoas talvez seja a maior luta de todos nós.
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraNo meio de tantos filmes Marvel e DC, reboots e remakes, podemos encontrar jóias como Get Out, It Comes at Night e The Lost City of Z, grupo de filmes que representa uma leva que se destaca pela originalidade e particularidade cinematográfica e estrutural. Enquanto temos roteiros bons, mas batidos — Wonder Woman e Spider Man Homecoming, para citar dois exemplos —, em Baby Driver, o diretor Edgar Wright consegue criar (mais uma vez) uma história também simples, mas realçada com uma excelente direção e montagem, transformando o resultado final em uma viagem absurdamente magnífica nos ritmos audiovisuais.
A energia do filme se da por conta da trilha sonora (que aliás é FANTÁSTICA) sincronizada — como de costume pelo diretor — com sons ambientes, portas, batidas com o pé/mão, falas, tiros e match cuts, trazendo a quem assiste uma sensação de dinamismo e continuidade muito grande e satisfatória. É praticamente impossível ficar entendiado com um filme de Edgar Wright. Seu estilo de montagem é bem particular: ele gosta de inserir muitos cortes e transições, pois estabelece um ritmo frenético que te obriga a dedicar 100% de seu foco para entender o que está acontecendo, inclusive pegar as referências internas e externas, bastante abundantes no decorrer da história.
O elenco composto por Ansel Elgort, Lily James, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Jon Hamm e Eiza Gonzalez entregam atuações nada abaixo do excelente. Química perfeita entre todos, se mudassem um ator poderia não ter saído o que saiu, foi um belo trabalho de casting por Francine Maisler.
Um sorriso pelas cenas descontraídas e bonitas de Baby e Debora, uma risada pelas piadas de timing perfeito, aquela inclinada para frente pela ação frenética e bem arquitetada, e um suspiro de “que filmão da porra” ao passar dos créditos foi o que eu experienciei com Baby Driver. O melhor filme de Edgar Wright, e um dos melhores do ano que vi até agora.
Sentidos do Amor
4.1 1,2KNão me emocionava assim desde Blue Valentine e Leftovers. Uma das experiências mais intensas que já tive com um filme.
Cabra Marcado Para Morrer
4.5 253 Assista AgoraUm dos filmes mais sinceros e revoltantes que já vi. Obra-prima.
Z: A Cidade Perdida
3.4 320 Assista AgoraUm verdadeiro épico.
Nocturama
3.2 45Filme de dois atos muito bem construído. Ótima surpresa.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraNaturalidade, sutileza e simplicidade são prevalecentes em todos os aspectos do filme. Começando pelas interpretações, logo de início percebe-se que a escolha do Casey Affleck para o papel foi perfeita. Ele transmite um olhar de um homem danificado por acontecimentos vividos, sem esperança alguma na vida. Não há explosões de lágrimas, é uma atuação controlada e meticulosa mostrada através do silêncio. Michelle Williams passa um ar muito natural com seus gestos e modo de falar, provando que merece estar entre as indicadas de melhor atriz, que mesmo aparecendo pouco mostra toda competência.
A atenção dada no roteiro à pequenos detalhes de coisas que acontecem na vida real é o charme do filme, pois isso retrata muito bem a realidade, trazendo para si uma identidade forte de autenticidade. Aqui a tristeza não é exacerbadamente estereotipada — aquela pessoa que apenas chora, dia após dia, e não quer fazer mais nada da sua vida não é mostrada em nenhum personagem —, o toque de cotidiano presente te conquista, porque quando chega aquela cena onde os personagens “explodem”, você sente muito, muito mais do que aquela dramatização constante durante duas horas presente em diversos filmes do gênero.
Foi filmado em 4:3 com uma fotografia leve e elegante, que mesmo com seus 135 minutos de duração não se torna cansativo.
Manchester by the Sea é um excelente drama, que realça a realidade e todas as faces de um luto.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraAs comparações com Interstellar me dão desprezo. Uma coisa não tem a ver com outra, analisem o filme por si só.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraDos filmes que vi dessa leva do Oscar, La La Land com certeza foi o filme mais leve, otimista e inspirador de todos até agora.
A busca da realização dos seus sonhos, as dificuldades durante este processo, a perda da esperança, e a homenagem à música em um de suas formas mais puras: isso tudo é o que este filme representou para mim. A cena inicial já prepara o terreno para o que virá: um plano sequência de tirar o folego até dos não amantes do gênero.
Deve-se reconhecer que o trabalho do diretor aqui é impecável, os enquadramentos, a escolha das cores, a fotografia roxo/azul predominante, as jogadas de câmera – aquele jeito de “deslizar” presente também em Whiplash nas cenas das músicas, bem característico do diretor – estão todos perfeitos.
Ryan Gosling e Emma Stone nunca estiveram tão entrosados. As músicas não são jogadas - todas têm um propósito no desenrolar da história - e todas muito bem compostas, bem provável que leve a estatueta de melhor canção original (difícil dar um palpite de qual, sendo que há pelo menos 3 músicas belíssimas).
A defesa do diretor ao Jazz é uma das coisas que mais me agrada neste filme. Desde Whiplash ele vem fazendo isso, e se torna claro que ele é um verdadeiro amante do gênero musical. Detalhe para uma rápida cena do Ryan Gosling, onde descreve o Jazz para a Emma Stone de uma forma que não achava possível, de como admirar uma arte.
E, como de costume, Damien Chazelle sabe como terminar um filme.
La La Land é lindo, recheado de referências, calculado, realista quando deve ser e extremamente bem dirigido. Te inspira a sonhar, criar e não desistir, pois mesmo sendo otimista, ele não abraça o conveniente a ponto de ser um conto de fadas.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraCru, seco, frio e violento. É assim que consigo definir Nocturnal Animals.
Um filme que evoca uma tensão enorme de um suspense agoniante através de seu excelente roteiro e montagem.
Amy Adams, Aaron Taylor-Johnson, Jake Gyllenhaal e Michael Shannon, um quarteto onde todos estão no mesmo nível em suas atuações supercompetentes e dignas de exaltações.
Encontra-se aqui uma profundidade gigantesca referente à história e motivações dos personagens, devido o simbolismo e metáforas do roteiro do filme, que foi baseado no romance “Tony and Susan”. Tom Ford, com maestria, consegue entregar um filme com um suspense construído de forma exemplar e não-previsível, e uma estrutura narrativa que lembra, em partes, David Lynch (algumas transições e utilização de cores). A fotografia é impecável, cada uma se adaptando as três narrativas diferentes no filme.
Definitivamente, este não é um filme para qualquer um. É incômodo, não há alívio cômico, mostra o que quer e pronto. Posso dizer até que é “sem coração”, porém, comigo funcionou, e apesar de não chorar, fiquei extremamente comovido com diversas cenas envolvendo o personagem do Jake Gyllenhaal.
Esse filme me pegou de jeito, é um daqueles que no final você faz perguntas e mais perguntas sobre o que cada coisa representa, incluindo o próprio final. Grande começo para 2017, absolutamente merece ser visto no cinema.