há a referência do trecho final que narra uma "febre invasora noturna" e alucinante que acomete tripulantes, fazendo-os pular no mar. Esse trecho é uma citação relativa aos sobreviventes Alexandre Corréard e Henri Savigny, do episódio histórico do naufrágio da Fragata da Medusa, ocorrido em 1816 e pintado por Théodore Géricault entre 1818 e 1819 (a icônica Balsa da Medusa). Nesse episódio, a embarcação estava indo da França em direção ao Senegal como uma missão colonial. Me chamou atenção como a diretora encaixou sutilmente esse trecho no final do curta-metragem, invertendo os papéis. No filme, vemos relatos de senegaleses sobre a travessia do atlântico, do risco de morrer em naufrágios, em busca da sobrevivência em países europeus.
— As rachaduras nas paredes são por causa de fantasmas? — A parede está doente. — Como assim? — A casa é uma pessoa. Fica doente, fica velha. As rachaduras nas paredes são como rugas. Está vendo? Toda casa tem uma história.
O filme parece ter uma fenda temporal, um ponto de quebra, que é evidenciado pela mulher de espírito maternal do mercado, no momento em que vai ao prédio alimentar os cachorros no prédio abandonado. Mas estes estão já de fastio. Adentrando as instalações, ela para e observa longamente um mural representando um rio de pedras, um rio seco. Mural que na verdade é parte do seu próprio passado. Nos momentos finais em que essa mulher resgata as crianças de serem lançadas pelo pai embriagado num rio em tempestade, uma elipse nos joga no interior de uma casa degradada e lá estão as crianças e uma mulher mais jovem, que parece ser a mãe. Ela sai com o pai das crianças para alimentar aqueles mesmos cachorros, daquele mesmo prédio, adentrando-o para contemplarem longamente aquele mesmo mural. Os cães, o mural, o vazio, as marcas nas paredes, tudo são substâncias do qual esses personagens são feitos. As longas sequências paradas, quase obsessivas em que os dois contemplam são excessivas, potencializam as introjeções e perplexidade dos próprios, ao se observarem nos reflexos que todas essas marcas, umidade, fendas e paredes arruinadas carregam, como traços de suas biografias.
"Suas flores brilhantes são os mais queridos de todos os sonhos não realizados, e seus vulcões furiosos são as paixões dos corações mais turbulentos e desumanos"
Foi com muito receio que sentei pra dar o play na série. Principalmente tratando-se de uma história após os eventos dos quadrinhos encabeçados originalmente por Alan Moore e Dave Gibbons. Já fui um dos fãs "fundamentalistas" que se enfileiravam à causa do bruxo pra recusar e ridicularizar quaisquer releituras ou adaptação da graphic novel. Hoje eu pondero, e acho que tudo é questão de imaginação. Meu pé atrás com a DC Comics não é de hoje, e também e justamente por isso, não é de hoje que deixei de ler suas hq's de super-heróis. Os caras gostam de forçar a barra, explorar e replicar a si próprios. Uma espécie de auto plágio. Uma vez assistindo os episódios da série do Lindelof, eu me questionei bastante qual seria o rumo dessa carruagem. E por fim, acho que o resultado foi muito positivo. Racismo, novas ondas violentas de supremacistas brancos norte-americanos (claro que não é só de lá que a gente tá vendo isso, não é mesmo?!), empoderamento... A série conseguiu utilizar o background do mundo segundo Watchmen para tanger temas extremamente caros de nosso mundo real e atual. Nesse sentido acho que ela veio com uma premissa extremamente justa. Questão de imaginação. Como é uma obra complexa e bastante autoral (ainda que Moore e Gibbons tenham repaginado personagens já existentes da DC nos anos 80), algumas coisas, detalhes relativos à nova e a velha trama, soluções às próprias perguntas e sustentáculos deixaram um pouco a desejar. Também não sou dos que acham que necessariamente teria de ser Moore pra fazer algo mais bem acabado. Mas, questão de imaginação. Por fim, acho que personagens e universos provenientes de histórias em quadrinho estarão sempre suscetíveis a ser revividos ou desdobrados para abordar ou contar coisas novas. Parei mais com a mania de tacar sempre pau nessas produções, quando adaptadas pro cinema ou televisão. As grandes editoras, os grandes estúdios, não vão parar. Acho também que começar a fazer sucessivas temporadas depois dessa será pesar demais a mão no tempero, desperdiçando-o. E se for o caso, tudo vai depender sempre de uma questão básica e elementar pra dar certo: imaginação.
de Little Odessa já prenuncia tudo o que esse filme não é...Uma história arquetípica de mocinhos e vilões, tal qual a película queimada de um western estrelado por Burt Lancaster, exibido incompleto numa sala de cinema decadente em que Reuben está. Este último vira pro projecionista e pergunta: “So, is that it?” E ouve um seco “That’s it”. Assimilando isso, Little Odessa me soou como uma desconstrução de um gênero, pelo seu olhar diferenciado, que antes pretende focar nos vínculos entre as personagens da família Shapira, entre alguns de seus conterrâneos do bairro de Little Odessa, seus dramas e suas memórias coletivas, tornando matanças e tiros elementos secundários (ainda que uma tensão crescente de violência pareça irromper a qualquer instante). A profundidade das relações vai sendo mostrada dosadamente, cultivando no expectador um paulatino fascínio pelos personagens (principalmente Joshua e Reuben), culminando em um intempestivo e brutal desenlace de erros. Desenlace esse que, aliás, nem sei se posso chamar assim, já que a história deixa dever intencionalmente um desfecho usual, esperado em filmes de vingança. Após o termino, me senti como Reuben na sala de cinema vazia, me perguntando: “So, is that it?”; ouvindo mentalmente a resposta do projecionista: "That's it".
para mim. Mas na medida em que o filme avançou, comecei a perceber como o diretor operou numa subversão de gêneros cinematográficos (ação/noir/policial), para então criar um desfecho sarcástico e absurdo. Tão absurdo que em dado momento, os assassinos passam até a conviver juntos! No final, não há vitória de lado algum, e a lona do (muito simbólico) ringue continua vazia.
Mesmo quando arrastados, esses road movies do Wim Wenders me fazem pensar sobre o ato de viajar, sobre as reflexões que surgem do silêncio da viagem e sobre a capacidade que a mesma possui de nos modificar drasticamente, depois da chegada ao destino esperado, ou estando ainda em percurso. Este filme, especialmente, me faz pensar ainda na eminente possibilidade de seguirmos nos enganando no percurso, perseguindo uma imagem que projetamos sobre nossas escolhas e no ciclo retroalimentado por essas escolhas guiando a busca por essas imagens, até chegar ao ponto em que não se sabe mais exatamente o que se almejava, mas faz-se conhecimento do que se perdeu durante a trajetória.
Normalmente é difícil seguir ao pé da letra e agradar a quem recorre primeiro a obra literária para posteriormente a adaptação cinematográfica, e foi isso que ficou me incomodando um bom bocado do filme. Cheguei a conclusão de que depois de ler o livro do Saramago e ver o filme do Villeneuve, o barato do cinema é que definitivamente as coisas não precisam ser as mesmas.
Gostei de ''Édipo Arrasado'', já ''A Vida Sem Zoe'' achei bem fraco. Porém, nenhum dos dois se comparam a Lições de Vida. Senti um abismo entre ele e os outros dois curtas. Simplesmente maravilhoso. Scorsese sendo Scorsese.
É difícil não ceder á profusão de imagens desse filme, ora da trama, ora das paisagens amazônicas que giram ao redor de tudo aquilo. Curti a atmosfera e de quebra, tem aquela trilha sonora experimental sinestésica. Eu só fiquei incomodado mesmo foi com a quantidade de Fade Out's (hahaha)
Atlânticos
3.7 6 Assista AgoraInteressante que nos créditos
há a referência do trecho final que narra uma "febre invasora noturna" e alucinante que acomete tripulantes, fazendo-os pular no mar. Esse trecho é uma citação relativa aos sobreviventes Alexandre Corréard e Henri Savigny, do episódio histórico do naufrágio da Fragata da Medusa, ocorrido em 1816 e pintado por Théodore Géricault entre 1818 e 1819 (a icônica Balsa da Medusa). Nesse episódio, a embarcação estava indo da França em direção ao Senegal como uma missão colonial. Me chamou atenção como a diretora encaixou sutilmente esse trecho no final do curta-metragem, invertendo os papéis. No filme, vemos relatos de senegaleses sobre a travessia do atlântico, do risco de morrer em naufrágios, em busca da sobrevivência em países europeus.
Domingo em Construção
3.7 1— Essa casa que o senhor mora, o senhor gosta dela?
— Ah, já viu a gente gostar do que é dos outros?
Manie-Manie: Histórias do Labirinto
3.9 14doido hein
Cães Errantes
3.8 42— As rachaduras nas paredes são por causa de fantasmas?
— A parede está doente.
— Como assim?
— A casa é uma pessoa. Fica doente, fica velha. As rachaduras nas paredes são como rugas. Está vendo? Toda casa tem uma história.
O filme parece ter uma fenda temporal, um ponto de quebra, que é evidenciado pela mulher de espírito maternal do mercado, no momento em que vai ao prédio alimentar os cachorros no prédio abandonado. Mas estes estão já de fastio. Adentrando as instalações, ela para e observa longamente um mural representando um rio de pedras, um rio seco. Mural que na verdade é parte do seu próprio passado. Nos momentos finais em que essa mulher resgata as crianças de serem lançadas pelo pai embriagado num rio em tempestade, uma elipse nos joga no interior de uma casa degradada e lá estão as crianças e uma mulher mais jovem, que parece ser a mãe. Ela sai com o pai das crianças para alimentar aqueles mesmos cachorros, daquele mesmo prédio, adentrando-o para contemplarem longamente aquele mesmo mural.
Os cães, o mural, o vazio, as marcas nas paredes, tudo são substâncias do qual esses personagens são feitos. As longas sequências paradas, quase obsessivas em que os dois contemplam são excessivas, potencializam as introjeções e perplexidade dos próprios, ao se observarem nos reflexos que todas essas marcas, umidade, fendas e paredes arruinadas carregam, como traços de suas biografias.
Puissance de la Parole
3.8 3"Suas flores brilhantes são os mais queridos de todos os sonhos não realizados, e seus vulcões furiosos são as paixões dos corações mais turbulentos e desumanos"
A Pequena Cidade
3.7 8https://www.youtube.com/watch?v=PDMnfdZm3Xw
Leviatã
3.8 299...não existem heróis...nem justiça...deus também não...quem tem poder vence no fim...o resto são lágrimas e vodka.
...puxado...
Mandy: Sede de Vingança
3.3 537 Assista Agoramas que p foi essa que eu vi
Watchmen
4.4 562 Assista AgoraFoi com muito receio que sentei pra dar o play na série. Principalmente tratando-se de uma história após os eventos dos quadrinhos encabeçados originalmente por Alan Moore e Dave Gibbons. Já fui um dos fãs "fundamentalistas" que se enfileiravam à causa do bruxo pra recusar e ridicularizar quaisquer releituras ou adaptação da graphic novel. Hoje eu pondero, e acho que tudo é questão de imaginação. Meu pé atrás com a DC Comics não é de hoje, e também e justamente por isso, não é de hoje que deixei de ler suas hq's de super-heróis. Os caras gostam de forçar a barra, explorar e replicar a si próprios. Uma espécie de auto plágio.
Uma vez assistindo os episódios da série do Lindelof, eu me questionei bastante qual seria o rumo dessa carruagem. E por fim, acho que o resultado foi muito positivo. Racismo, novas ondas violentas de supremacistas brancos norte-americanos (claro que não é só de lá que a gente tá vendo isso, não é mesmo?!), empoderamento... A série conseguiu utilizar o background do mundo segundo Watchmen para tanger temas extremamente caros de nosso mundo real e atual. Nesse sentido acho que ela veio com uma premissa extremamente justa. Questão de imaginação. Como é uma obra complexa e bastante autoral (ainda que Moore e Gibbons tenham repaginado personagens já existentes da DC nos anos 80), algumas coisas, detalhes relativos à nova e a velha trama, soluções às próprias perguntas e sustentáculos deixaram um pouco a desejar. Também não sou dos que acham que necessariamente teria de ser Moore pra fazer algo mais bem acabado. Mas, questão de imaginação.
Por fim, acho que personagens e universos provenientes de histórias em quadrinho estarão sempre suscetíveis a ser revividos ou desdobrados para abordar ou contar coisas novas. Parei mais com a mania de tacar sempre pau nessas produções, quando adaptadas pro cinema ou televisão. As grandes editoras, os grandes estúdios, não vão parar. Acho também que começar a fazer sucessivas temporadas depois dessa será pesar demais a mão no tempero, desperdiçando-o. E se for o caso, tudo vai depender sempre de uma questão básica e elementar pra dar certo: imaginação.
Em Chamas
3.9 379 Assista Agora"...não imagine que a laranja esteja aqui, apenas esqueça que ela não está."
Washington
4.5 3É mermo que ainda tem?!
Fuga para Odessa
3.8 30O início
de Little Odessa já prenuncia tudo o que esse filme não é...Uma história arquetípica de mocinhos e vilões, tal qual a película queimada de um western estrelado por Burt Lancaster, exibido incompleto numa sala de cinema decadente em que Reuben está. Este último vira pro projecionista e pergunta: “So, is that it?” E ouve um seco “That’s it”.
Assimilando isso, Little Odessa me soou como uma desconstrução de um gênero, pelo seu olhar diferenciado, que antes pretende focar nos vínculos entre as personagens da família Shapira, entre alguns de seus conterrâneos do bairro de Little Odessa, seus dramas e suas memórias coletivas, tornando matanças e tiros elementos secundários (ainda que uma tensão crescente de violência pareça irromper a qualquer instante). A profundidade das relações vai sendo mostrada dosadamente, cultivando no expectador um paulatino fascínio pelos personagens (principalmente Joshua e Reuben), culminando em um intempestivo e brutal desenlace de erros. Desenlace esse que, aliás, nem sei se posso chamar assim, já que a história deixa dever intencionalmente um desfecho usual, esperado em filmes de vingança.
Após o termino, me senti como Reuben na sala de cinema vazia, me perguntando: “So, is that it?”; ouvindo mentalmente a resposta do projecionista: "That's it".
A Marca do Assassino
4.0 19Confesso que do início até a metade, foi penoso
para mim. Mas na medida em que o filme avançou, comecei a perceber como o diretor operou numa subversão de gêneros cinematográficos (ação/noir/policial), para então criar um desfecho sarcástico e absurdo. Tão absurdo que em dado momento, os assassinos passam até a conviver juntos! No final, não há vitória de lado algum, e a lona do (muito simbólico) ringue continua vazia.
A João Guimarães Rosa
3.8 4''Coração mistura amores. Tudo cabe.''
Troublemakers: The Story of Land Art
4.2 1preciso ver isso
Movimento em Falso
3.8 38Mesmo quando arrastados, esses road movies do Wim Wenders me fazem pensar sobre o ato de viajar, sobre as reflexões que surgem do silêncio da viagem e sobre a capacidade que a mesma possui de nos modificar drasticamente, depois da chegada ao destino esperado, ou estando ainda em percurso. Este filme, especialmente, me faz pensar ainda na eminente possibilidade de seguirmos nos enganando no percurso, perseguindo uma imagem que projetamos sobre nossas escolhas e no ciclo retroalimentado por essas escolhas guiando a busca por essas imagens, até chegar ao ponto em que não se sabe mais exatamente o que se almejava, mas faz-se conhecimento do que se perdeu durante a trajetória.
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista AgoraNormalmente é difícil seguir ao pé da letra e agradar a quem recorre primeiro a obra literária para posteriormente a adaptação cinematográfica, e foi isso que ficou me incomodando um bom bocado do filme. Cheguei a conclusão de que depois de ler o livro do Saramago e ver o filme do Villeneuve, o barato do cinema é que definitivamente as coisas não precisam ser as mesmas.
Comboio
3.5 46 Assista Agorathese motherfucking truckers
Contos de Nova York
3.5 267 Assista AgoraGostei de ''Édipo Arrasado'', já ''A Vida Sem Zoe'' achei bem fraco. Porém, nenhum dos dois se comparam a Lições de Vida. Senti um abismo entre ele e os outros dois curtas. Simplesmente maravilhoso. Scorsese sendo Scorsese.
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraQuando ouvi uma pessoa da poltrona de trás dizer ''esse é o pior filme que eu já vi'', eu pensei ''Eis que o Lars cumpriu o seu papel'' HAHAHAHA.
Kick-Ass 2
3.6 1,8K Assista AgoraTratando-se de adaptações desse tipo, penso cada vez mais que eu deveria ter ficado só nos quadrinhos..
Scanners: Sua Mente Pode Destruir
3.5 251Eu quero Efemerol
Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios
3.5 554 Assista AgoraÉ difícil não ceder á profusão de imagens desse filme, ora da trama, ora das paisagens amazônicas que giram ao redor de tudo aquilo. Curti a atmosfera e de quebra, tem aquela trilha sonora experimental sinestésica. Eu só fiquei incomodado mesmo foi com a quantidade de Fade Out's (hahaha)
O Futuro
3.5 155 Assista AgoraO que sucede é incerto. Mas é certo que virá...