Acabo de rever, depois de muitos anos, e continua ótimo. A qualidade dos efeitos especiais práticos ainda impressiona. Filme bastante lovecraftiano. A tensão é quase insuportável. E o final, matador.
Muito bacana ver Cumberbatch e Freeman numa adaptação de época de Sherlock. Mark Gattis deve ter contido as pirotecnias de Steven Mofado, num roteiro que as possui, mas de maneira mais eficiente, orgânica, com propósito e sem deus ex machina, com reviravoltas bastante criativas, algumas no nível uau. Outro elemento interessante é a metalinguagem com a obra de Conan Doyle. No fim, deixou o gostinho de que a série pode voltar a ser divertida.
Um dos sucessos da Marvel é seu incrível talento em contratar pessoas. Quem imaginaria, no agora longínquo ano de 2008, que um filme do Homem de Ferro (um personagem B dos quadrinhos), estrelado pelo problemático Robert Downey Jr. e dirigido pelo inexperiente em filmes de ação Jon Favreau ia se tornar os alicerces de um império cinematográfico, midiático?
Nos últimos oito anos, a Marvel continuou com a estratégia. Contratar nomes promissores, que chamaram atenção em filmes menores ou na TV, para oferecer o emprego da vida dos caras. Ganha a Marvel, por apostar em novas ideias, mas tendo sobre controle o processo criativo de suas produções. Ganham os profissionais, que têm acesso a brinquedos bastante caros, transformando seus próprios sonhos em realidade.
No caso dos irmãos Anthony e Joe Russo, agora podemos dizer: eles foram o melhor investimento que a Marvel já fez.
Capitão América – Guerra Civil é uma orgia nerd, com tudo que sempre desejamos ver num filme de super-heróis. Ação, drama e comédia. Claro que já vimos essa mistura de maneira bem sucedida no primeiro Vingadores e em Guardiões da Galáxia. Mas, em Guerra Civil, o que havia de melhor em outros filmes da Marvel, isoladamente, temos aqui reunido e ampliado. Há as incríveis coreografias realistas da ação de Soldado Invernal e mais, a comédia quase pastelão de Guardiões e mais, e o peso da tetra entre os Vingadores e mais.
Tudo é muito bem coordenado por uma direção segura, que provoca tensão, até mesmo nos momentos em que pouca coisa acontece. A fotografia é criativa nas cenas de luta, a harmonia entre efeitos práticos, digitais e sonoros é muito satisfatória, e a montagem dá uma dinâmica incisiva e clara a todos esses elementos. A trilha sonora é uma variação da música de Soldado Invernal para os momentos de ação, suspense e drama, com o acréscimo do tom heroico, triunfante, pra cima.
O filme é perfeito? De jeito nenhum. Mais uma vez a Marvel comete o erro de ter um vilão central fraco, sem carisma e com um plano idiota, mesmo que suas razões sejam justificáveis. Sua motivação é o que gera o conflito e faz a trama avançar. Nada mais. E os furos no roteiro só ficam maiores em retrospecto.
Porém o mérito de Guerra Civil não está na trama, e sim nas cenas de ação e na interação entre os super-heróis, quando conversam, lutam lado a lado e entre si. Este é um filme de construção de personagem. Uma ótima ideia foi trazer os heróis literalmente para o chão, mais próximos uns dos outros, para que cada um percebesse de que maneira suas escolhas afetariam quem estivesse ao redor.
Todo mundo tem seu momento de tela bem desenvolvido. Pasmem, mas é verdade. Até o Gavião Arqueiro. Temos o Capitão ainda mais convicto de seus princípios. E o melhor Homem de Ferro/Tony Stark desde o primeiro Vingadores, fanfarrão, só que também abalado, fragilizado. O roteiro soube entregar diálogos dramáticos decentes, piadas que funcionam muito bem (inclusive as visuais) e deu motivações convincentes para os heróis se posicionarem, decidir de que lado ficar.
Guerra Civil ainda teve a responsabilidade de reapresentar o queridíssimo Homem-Aranha, que andava com a imagem arranhada depois dos últimos fracassos criativos. É o Aranha dos quadrinhos, sim. Moleque, engraçado, poderoso, inexperiente e com um grande coração. Ele ainda precisa de um filme solo para se firmar. Mas se esse Aranha continuar no mesmo caminho ou evoluir, pode se tornar a melhor encarnação do personagem no cinema fácil, fácil.
Outra responsabilidade, ainda mais complicada, foi apresentar um herói praticamente desconhecido: Pantera Negra. Outra coisa inteligente em Guerra Civil foi tratar o personagem como alguém relevante na trama. Entendemos perfeitamente suas motivações para entrar nessa guerra. Ele vai em busca de seu objetivo com muito foco, técnica e força. Seu traje é elegante, funcional e mortífero. E o que dizer da coreografia das lutas? Inovadora? Excitante? Puta que pariu, do caralho? Se alguém tinha dúvida de que um filme solo do Pantera Negra era uma boa ideia…
Mesmo no calor do hype, considero Guerra Civil o melhor filme da Marvel. Há os mesmos furos de roteiros, vilões e tramas fracas de sucessos anteriores. Mas em que outro filme você pode dizer que viu um monte de super-heróis saírem na mão, como nos grandes momentos dos quadrinhos de sua infância?
Bela e bastante fiel adaptação da HQ clássica de Frank Miller. Mesmo para quem já a leu, é uma animação empolgante, em alguns momentos superior aos filmes de Nolan.
tem bons momentos. batman sempre ótimo em sua rabugice. a confiança do superman nas pessoas. as melhores porradas são entre as mulheres. não entra no meu top 10, mas vale ser conferido.
A Warner/DC toma uma posição arriscada por dar tanto peso, tanta seriedade, a filmes que deveriam ser apenas diversão? Eles tentam uma abordagem alternativa à Disney/Marvel. O público precisa disso. E a própria Warner não tem muita escolha, ela deve se diferenciar da concorrência, criar um estilo próprio. Isso deu bastante certo com a trilogia do Batman de Nolan.
Batman vs Superman era a promessa do estúdio de começar de fato o universo cinematográfico da DC. Homem de Aço praticamente não conta, servindo como um tipo de prólogo. A expectativa para o embate entre os dois maiores ícones da DC era grande por parte dos fãs e da indústria. Um sonho nerd finalmente seria realizado, com todo o dinheiro e talento que Hollywood podia dispor. Assim como o novo filme de Star Wars, Batman vs Superman não podia falhar, não podia frustrar tanta gente.
A Warner é conhecida por acreditar na visão dos diretores com quem trabalha. O caso mais recente de sucesso dessa parceria foi o apoio a George Miller em seu Mad Max – Estrada da Fúria. Um projeto caro e problemático, mas que, no final, resultou no filme de ação mais incrível dos últimos anos, uma bilheteria decente e 6 Oscars.
Batman vs Superman também foi um projeto problemático. Porém isso se reflete no que assistimos na tela. A edição tem um ritmo irregular, com transições abruptas e mudanças de contextos irritantes, jogando o espectador num redemoinho de situações sem o devido desenvolvimento. Além de momentos arrastados, como no Planeta Diário e depois do clímax. A sequência no deserto é belíssima. Mas por que ela está no filme? É bizarro ver como o roteiro de um filme tão importante pode ser tão preguiçoso. O exemplo mais evidente é a preparação para a luta entre o Morcego e o Alienígena. As motivações de Batman são sólidas na visão de mundo dele, mesmo que numa perspectiva distorcida e raivosa. Mas as motivações do Superman são tão tênues que não justificam a briga. Mas ela acontece. E termina da maneira mais patética possível, por causa de um detalhe sentimental que muda tudo, avançando o filme para o terceiro ato às pressas. Devemos lembrar a participação fundamental de Lex Luthor nos bastidores da treta. Seria tal fácil assim Luthor e o Superman manipularem Batman, o estrategista nato? Não vou falar dos furos do roteiro. Até grandes filmes de super-heróis, como O Cavaleiro das Trevas, têm problemas de continuidade, coincidências que não fazem sentido.
Os efeitos especiais são muito competentes, descontando os excessos, em cenas com o batmóvel e, claro, o Apocalipse genérico. Deviam ter chamado Guillermo del Toro apenas para criar o monstro. A trilha sonora mistura uma repetição do que já ouvimos em Homem de Aço com novos temas, sendo o mais marcante o da Mulher Maravilha.
O Batman/Bruce Wayne de Ben Afleck é a melhor coisa do filme, tanto o visual como a personalidade. Melhor Batman do cinema! Raivoso, focado e brutal, até demais, num estilo Justiceiro, matando criminosos sem piedade. A Mulher Maravilha de Gal Gadot marca presença. É o único fan service que funciona. Ela traz mais força e graça ao filme. Mas do ponto de vista narrativo, sua presença é injustificável. E para mim, a maior surpresa foi o amadurecimento do Superman de Henry Cavill. O personagem é o mais poderoso desse universo, mas sofre um dilema moral com as consequências de seus atos, ou a ausência deles. O Lex Luthor de Jesse Eisenberg tinha a oportunidade de fazer algo diferente, inédito. Aqui caberia bem um Luthor mais sombrio e controlado. Eisenberg começa bem com sua personalidade histriônica, passando algum medo em sua loucura megalomaníaca, mas isso dura pouco. Depois acompanhamos mais uma versão cartunesca e exagerada de Luthor. À exceção da senadora de Holly Hunter e o Alfred de Jeremy Irons, o elenco de apoio não contribuiu para o envolvimento emocional do espectador.
A Warner tem um pepino para descascar e se chama Zack Snyder. Ele não é o pior diretor do mundo. Mas agora ficou bem claro que ele não é a pessoa certa para ter um papel tão central na criação do universo cinematográfico da DC. Ele está escalado para comandar A Liga da Justiça 1 e 2. Diante de tamanha responsabilidade, ele não mostrou a evolução necessária para estar à frente de um projeto tão ambicioso. Joss Whedon mostrou evolução como diretor no primeiro Vingadores, os irmãos Russo em Capitão América – Soldado Invernal e George Miller, em Estrada da Fúria, dispensa comentários. Em termos de coesão e ritmo, Batman vs Superman é inferior a outros filmes de Snyder. Ele sentiu o peso da camisa. E já tinha mostrado isso em Homem de Aço. A Warner apostou nele e perdeu. Mas a Warner tem sua parcela de culpa. Ela atropelou as coisas, por estar muito atrasada e preocupada em estabelecer a base de personagens do novo universo. Os executivos do estúdio pensam que não há mais tempo para sutilezas, esperar que os filmes solo dos outros heróis fiquem prontos e estreiem.
Batman vs Superman é um filme com alguns bons momentos, que empolgam e comovem. As surpresas são pouquíssimas, graças ao marketing desesperado, que mostrou praticamente tudo antes da estreia. Eu não fiquei irritado, como ao assistir Vingadores – Era de Ultron, e sim decepcionado por ter tido um sonho que não consigo lembrar quase nada.
ótimo western. simples, contido, mas cheio de tensão. o roteiro faz o suspense avançar com um ritmo incrível, em que cada ameaça fica mais e mais próxima do protagonista. além dos diálogos certeiros. e gregory peck está ótimo como o pistoleiro veterano e angustiado com sua fama de gatilho mais rápido do oeste.
É ótimo quando assistimos a uma ficção científica mais interessada em provocar reflexão do que ser uma mera aventura cheia de correria e explosões. Ex Machina se passa num ambiente contido, criando uma atmosfera de suspense bastante tensa. O filme é muito eficiente em plantar dúvidas na cabeça do espectador a respeito das verdades e mentiras da trama e dos temas levantados (ética, emoção, racionalidade, sexualidade, papéis sociais, tecnologia). O maior problema é que, no final, o que era promissor se torna óbvio. O mérito de Ex Machina é que o filme consegue fazer melhor algo que já vimos muitas vezes.
Deadpool é um filme que Hollywood ainda tenta entender. Como a adaptação de um personagem de quadrinhos pouco conhecido, com um orçamento muito abaixo das grandes produções, está causando tanta paixão e fazendo tanto dinheiro? A resposta não é tão simples, mas pode ser resumida: liberdade de criação.
Os envolvidos no filme tiveram liberdade para trabalhar um personagem politicamente incorreto sem interferências castradoras. Foi um risco calculado. Se fosse um fracasso, não perderiam centenas de milhões de dólares. A Fox merece aplausos. É tão estranho quando um estúdio acredita na loucura de alguns cineastas. A Warner fez isso com George Miller e o mundo ganhou Mad Max: Estrada da Fúria. Agora temos Deadpool. Um filme que com certeza mudará os rumos dos super-heróis nas telonas. Mudar quanto é a pergunta de ouro.
Os realizadores de Deadpool foram inteligentes em criar uma comédia de ação muito bem azeitada. Agrada fãs de HQs e o público em geral. Deadpool é algo que o frequentador de cinema esperava há muito tempo. Um super-herói que acha essa coisa de super-herói uma babaquice. Ryan Reynolds tem aqui a interpretação de sua vida. Um ator que muitos consideram insuportável. Mas que, como Wade Wilson/Deadpool, arrasa. Totalmente despido de ego. Afinal, ele se matou dentro e fora da tela para que esse projeto vingasse. Era praticamente sua última chance como astro de cinema. Com o estrondoso sucesso e carisma de Deadpool, agora Reynolds deu a volta por cima. Mas será que daqui para frente as pessoas só vão quer vê-lo como o mercenário tagarela?
O diretor estreante em longas Tim Miller mostra muita segurança. Ele entrega um filme com timing de comédia e de ação impressionantes. A montagem tanto acompanha a agilidade dos diálogos quanto a destreza e força das lutas, em coreografias excitantes e claras. O orçamento menor fica evidente em alguns momentos, principalmente, nos efeitos especiais. Não existe nada malfeito, e sim com menos textura. Mas o espectador não está nem aí. A atmosfera do filme é tão legal que certos aspectos mais rústicos combinam bastante com toda a zoeira.
Agora os verdadeiros heróis de Deadpool, como a criativa e hilária sequência de abertura ressalta, são os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick. Sem esse roteiro, Deadpool seria uma boa comédia de ação apenas. O roteiro tem diálogos afiadíssimos e escrachados em suas autoreferências e metalinguagem, recursos derivados do personagem nas HQs. Outro ponto inteligente é a estrutura, usando de forma dinâmica os flashbacks. A trama é convencional. Herói ou anti-herói quer se vingar de bandido. O grande barato está na maneira como isso é feito. E o filme não é só zoeria (aliás, que chega a um nível inacreditável, tirando sarro do universo Marvel e de Hollywood). Os momentos dramáticos funcionam muito bem. Deadpool também é uma história de amor. Um amor menos convencional.
Outro acerto foi a campanha de marketing, criativa e que preservou muita coisa para o espectador curtir na sala de cinema. O filme é muito melhor do que mostram nos trailers. A jogada brilhante foi brincar com o personagem em vídeos, cartazes etc., consolidando uma empatia com um público que nem sabia que Deadpool existia. Isso sem chatear o fã mais hardcore, que se divertia do mesmo jeito com todo o material promocional do filme.
Deadpool mostra o ridículo do universo dos super-heróis, mas também reconhece que sem eles o mundo seria mais chato.
Mais uma vez Tarantino faz um misto de homenagem e subversão do western. Um diretor que consegue fazer um filme de quase três horas praticamente utilizando um só cenário (uma cabana) e criar interesse no espectador merece aplausos. Ele faz isso com uma segurança absurda. O filme é uma espécie de whodunit à maneira de Agatha Christie, mas com muita violência, sangue e palavrões. Tarantino é famoso por conseguir grandes performances, até de atores batidos, como Kurt Russell e Jeniffer Jason Leigh. Os dois estão incríveis. Assim como Samuel L. Jackson e outros atores menos conhecidos. As conversas fiadas entre personagens, principalmente sentados numa mesa, sempre foram um show à parte nos filmes de Tarantino. Em Os Oito Odiados, tais conversas se tornam a atração principal. Às vezes, torna-se cansativo, mas funciona muito bem na maioria das cenas. Este é o filme mais lento que Tarantino já fez. Como um personagem diz, é preciso paciência. Que será recompensada ao final. Agora os problemas do filme são tão grandes quanto seus méritos. Por se tratar de uma trama de mistério, que precisa de uma solução mais redonda, os furos de roteiro ficam maiores. Certos detalhes não se encaixam, tornam algumas coincidências e reviravoltas inconsistentes. Além do complicado personagem de Jennifer Jason Leigh. Mesmo com sua atuação indicada ao Oscar, o personagem leva porrada o tempo inteiro, apenas de homens. Além de ser o único papel feminino relevante. A discussão do racismo também não é bem desenvolvida. Fala-se muito abertamente sobre racismo nos diálogos. Mas o tema é tratado apenas como desculpa para gerar violência. O filme sofre das mesmas mazelas da série Game of Thrones. Não é porque determinado contexto de ficção é brutal que tudo deva ser tratado de maneira igualmente brutal. Os Oito Odiados é um filme que não olha para o futuro. É uma peça de nostalgia muito bem encenada.
Creed é emocionante. O filme sabe dosar bem momentos de drama, sem apelar para a pieguice, e momentos de ação, cheios de energia.
O diretor Ryan Coogler mostra muita habilidade em criar um atmosfera verossímil, que te deixa ligado na tela o tempo todo, usando fotografia, montagem, efeitos sonoros e música, numa pegada bem contemporânea. Mas não é videoclipe. A direção das lutas é incrível por colocar o espectador quase em primeira pessoa, em planos-sequência muito bem coreografados, que não parecem “encenados”, artificiais.
O filme a todo instante faz referência à franquia Rocky. Mas os elementos do passado são integrados à trama de uma maneira bem mais orgânica do que em O Desperta da Força, por exemplo.
Além de um empolgante filme de boxe, Creed é um tocante drama familiar, que não deixa de ser divertido também, com um humor ora leve, ora bem safadinho.
O trio principal está muito bem (Stallone, Michael B. Jordan e Tessa Thompson). B. Jordan tem muita presença física, carisma e um arco complexo. Tessa Thompson interpreta uma personagem cheia de atitude. E não vejo Stallone tão bem acho que desde o primeiro Rocky. Ele está atuando mesmo, e não fazendo pose de astro de Hollywood. Esse é um Rocky frágil, ainda ingênuo, mas cheio de experiência sobre boxe, sobre a vida.
O tema clássico de Rocky toca apenas uma vez durante o filme. E é de arrepiar.
Filme desnecessário. Péssimo roteiro e direção frouxa. Estraga tudo o que havia de interessante no primeiro filme. Trama arrastada. Atuações sem brilho. O dilema da Hit Girl é muito mal trabalhado. E a participação de Jim Carrey não tem o mesmo brilho de Nicolas Cage, no anterior.
Mais uma excelente adaptação da obra do mestre le Carré. É um suspense que muitos vão torcer o nariz. Seu ritmo é lento, não há explosões nem muita correria nem mesmo tiros. É um filme de espionagem da "vida real", em que a investigação meticulosa pode ser entediante. Mas o diretor Anton Corbijn consegue envolver o espectador pela atmosfera de tensão crescente. A produção é impecável, discreta. Os atores estão muito bem. O falecido Philip Seymour Hoffman dá um show como um agente da Inteligência alemã veterano. O roteiro é eficiente ao mostrar a questão do terrorismo islâmico fora dos clichês.
Este filme é o "hino" dos músicos independentes, dos raladores da música. Encanta pelo seu jeito mais cru, menos hollywoodiano. A dupla de protagonistas são músicos de verdade. As canções compostas por eles são emocionantes, mas estão longe de ser bregas. John Carney consegue fazer filmes leves, que te deixam pra cima, mas que não ofendem sua inteligência. Uma bela comédia dramática com cara de vida real.
John Carney consegue fazer filmes leves que te deixam pra cima, mas que não ofendem sua inteligência. Esta comédia romântica com cara de vida real tem a música como fio condutor. A parceria entre o produtor porra-louca, vivido Mark Ruffalo, e a cantora que não quer se vender, vivida por Keira Knightley, é cheia de paixão pela música, respeito, mas de brigas também. O filme é praticamente um reboot do maior sucesso de Carney, Apenas uma vez (Once), também envolvendo música. Prefiro Once pelo seu jeito mais cru, menos hollywoodiano. Sua dupla de protagonistas eram músicos de verdade com lindas canções compostas por eles. Mas Mesmo se Nada der Certo não faz feio. Tem um roteiro inteligente, equilibrando bem drama e comédia. É um ótimo filme pra levantar o astral com uma trilha sonora contagiante.
O diretor J.J. Abrams tinha a complicada tarefa de tirar a franquia da lama, depois do fracasso de crítica da trilogia de prequels. E principalmente por causa da decepção dos fãs. A Disney comprou a LucasFilm pensando no lucro potencial estratosférico. Mas, para que a coisa funcionasse do jeito dela, era preciso reerguer a franquia, de certa maneira começando do zero, criando um novo rumo para esse universo.
Star Wars é uma marca valiosa não apenas pelos filmes. Na verdade, eles são uma pequena parcela de todo o negócio bilionário. O dinheiro de verdade está no licenciamento de produtos. Mas para que as pessoas consumam tudo o que for oferecido com referência a Star Wars, a marca precisa estar forte. As pessoas precisam amá-la. Gente de várias gerações. E no caso de Star Wars, tudo começa pelos filmes.
O Despertar da Força é uma contradição. Covarde na estrutura do roteiro, uma mistura de cópia e homenagem à trilogia clássica. E ousado na proposta de apresentar novos personagens e novas atitudes, fora dos padrões dos heróis não só da franquia, mas dos blockbusters em geral.
O fan service é inteligente, integrado à trama. Os elementos e personagens do passado conseguem conversar muito bem com as novidades. O Han Solo coroa funciona melhor do que a princesa Leia, ela agora general da Resistência. Harrison Ford tem mais tempo de tela e parece bem mais à vontade no papel. Já Carrie Fisher faz uma Leia no automático, sem brilho, quase como uma obrigação. Chewie é sempre Chewie, nunca sai de forma. E não dá para dizer muita coisa do Luke de Mark Hamill. Ele só aparece por uns trinta segundos e não tem falas.
Para compensar a história fraca, batida, a produção foi esperta em investir no visual, porque Star Wars é mostrado de uma maneira nunca antes vista, mesmo revisitando muita coisa consagrada; em atores muito competentes e bem escalados, com as melhores atuações de toda a franquia; e em diálogos bem afiados, principalmente no humor. Rey (a garota jedi que tanto esperamos ver na telona), Finn (o fã dentro da saga), Poe Dameron (o personagem mais cool de todos), Kylo Ren (um vilão que pode se tornar maior do que Vader, porque quem mata Han Solo não merece redenção, ainda mais sendo o filho do cara!) e BB-8 (a fofura em pessoa, quer dizer, em metal) conseguiram conquistar mentes e corações. Sem unanimidade. Mas J.J. Abrams e companhia podem respirar aliviados. A missão foi cumprida. A decisão de investir mais nos personagens do que na trama deu resultado.
Os novos rumos de Star Wars estão bastante ligados à trilogia clássica e fogem como vampiro da cruz dos prequels. As menções a estes últimos filmes são bem mais sutis. As razões são óbvias. O futuro se espelha no passado que deu certo.
Como já disseram, Star Wars é um western, uma história que se passa na fronteira. Não é sobre intrigas na metrópole, no espaço urbano. Então o deserto, as florestas e outros ambientes mais rústicos voltaram. Assim como os efeitos práticos, a sujeira, a velharia.
O maior problema dessa nova trilogia, agora chamada de sequels, é conseguir uma identidade própria. Os novos personagens foram apresentados. O próximo passo é contar uma história com alguma originalidade. Não quiseram fazer isso em O Despertar da Força. Talvez acharam que seria arriscado demais. Muita informação para os fãs assimilarem. Mas nada justifica os furos no roteiro. Os fãs perdoam as incoerências da trilogia clássica porque sabem que a mitologia foi criada aos trancos e barrancos, durante a elaboração dos roteiros anteriores e as filmagens. Desta vez, tudo está sendo pensado com cuidado e antecedência. Ou deveria estar. A experiência de narrativa atual é muito mais exigente.
Para muitas pessoas, Star Wars não é Transformers. Não é apenas diversão. Pode ser um estilo de vida ou até mesmo uma experiência religiosa. O fascínio desse universo está naquilo que ele representa para cada um. Um receptáculo mágico que pode ser preenchido por vários significados.
Star Wars é um mito criado pelos fãs. E reforçado pela venda da marca, de diversas maneiras, por décadas e décadas. É algo muito além da qualidade dos filmes. Mesmo assim, os filmes devem corresponder às expectativas, sempre altas. Por isso, os fãs esperam um novo rumo para Star Wars, uma evolução desse universo.
Parece que a Disney sabe o problema que tem nas mãos. Sabe que agora essa é sua franquia mais valiosa.
George Lucas sempre será reconhecido como um dos grandes nomes do cinema. Mas ele deve ser festejado pelos motivos certos. Lucas é um brilhante homem de negócios, um produtor muito bem sucedido. Mas como diretor e roteirista, ele é um desastre. E a prova definitiva é essa trilogia de prequels, um verdadeiro desfavor aos velhos fãs e uma péssima introdução a esse universo para as atuais gerações.
Tudo que havia de qualidade da trilogia clássica foi esquecido: a sujeira, o peso, a espontaneidade, o carisma e a emoção. A confiança de Lucas nos efeitos de CGI, na tela verde, foi tão absurdo que, no episódio II, O Ataque dos Clones, todos os stormtroopers foram gerados por computador. Não havia um único ator vestido de soldado do futuro império. A cenografia era outra lástima. Excessiva e artificial.
Desta vez, com muito mais grana e recursos tecnológicos, Lucas resolveu fazer o que não pôde nos anos 70 e 80. Ele deu uma de cientista louco, megalomaníaco, querendo conquistar o mundo, ou melhor, a galáxia.
O fato é que Lucas perdeu a oportunidade de fazer uma nova trilogia que fizesse justiça à anterior. Na trilogia clássica, ele reuniu grandes profissionais em diversas áreas para concretizar sua visão inovadora. Não por acaso, o melhor filme da franquia, O Império Contra-Ataca, foi dirigido e escrito por outras pessoas. Mas, nos prequels, ao invés de repetir essa estratégia, ele decidiu que brincaria sozinho. E o resultado foi uma brincadeira muito sem graça.
Lucas conseguiu arruinar a reputação de personagens icônicos como Obi Wan, Yoda e, principalmente, Darth Vader.
Mostraram os jedi como arrogantes, insensíveis, chatos e burros. O jedi e o sith dignos de nota nos três filmes foram Qui-Gon Jinn (Liam Neeson) e Darth Maul (Ray Park).
Agora mostrar Anakin Skywalker/Darth Vader como um pirralho irritante, um aborrecente reclamão e um homem nada esperto, manipulável, desconstruiu toda a imagem do vilão impiedoso.
Mesmo com o avanço dos efeitos especiais e as coreografias elaboradas, poucas lutas de sabre de luz empolgaram. Era broxante acompanhar tantos passes de dança e acrobacias. Não havia real senso de perigo.
Os roteiros da trilogia clássica não eram um primor de coesão e muitos diálogos eram até risíveis, mas transmitiam ao espectador o espírito da diversão e da aventura. Os roteiros da nova trilogia são ainda menos criativos, os diálogos são ainda piores, transmitindo tédio e vergonha alheia. Fora o fan service descarado, sem nenhum propósito narrativo, e as coincidências e explicações forçadas para conectar os eventos e personagens das duas trilogias.
George Lucas é o pai de Star Wars. Mas os fãs estão muito aliviados pelo futuro da franquia não estar mais em suas mãos.
O filme tinha tudo para ser divertido. A ideia era ótima. Fazer um filme de assalto com super-heróis. Mas o produto final deixa a desejar. Os problemas maiores são o roteiro bastante previsível e a escalação equivocada dos atores. Mais uma vez, a Marvel entrega um vilão meia-boca com motivações poucos convincentes e falas batidas de cientista louco. O visual do Jaqueta Amarela impressiona. E é só isso. Os efeitos especiais são incríveis. Mas não conseguem sustentar o filme, porque a trama é fraquinha. A mistura de melodrama, ação e humor não foi bem dosada. O drama familiar é chato e poucas piadas funcionam. As melhores cenas são as interações do Homem-Formiga com as formigas e os momentos de comédia com Michael Peña, que rouba a cena. Michael Douglas não está mal, mas essa versão tiozinho não combina com ele. A atuação de Evangeline Lilly é burocrática e sem sal. E Paul Rudd é gente boa e tudo, mas como herói da Marvel...
Star Wars revolucionou a ficção científica como diversão, filme pipoca, objeto de cultura de massas. Na época do lançamento de Uma Nova Esperança, a campanha de marketing foi inovadora, com o uso de quadrinhos e novelização do filme. George Lucas é o pai da criança, com todo o mérito. Ele criou aquele universo, a partir de várias referências do passado (Kurosawa, Flash Gordon, Rice Bourroughs, 2ª Guerra Mundial e outras) e fez algo próprio. Ele foi talentoso e esperto o bastante para recrutar os melhores profissionais em cada área, para que transformassem sua visão em algo único. O fascínio de Star Wars é justamente esse: o conceito. Os personagens, as caracterizações, a música, os objetos, os cenários, os efeitos especiais e sonoros. São marcantes demais. Grudam que nem chiclete. Por isso, esses elementos funcionaram tão bem onde está o dinheiro de verdade: o licenciamento de produtos. Mas juntando tudo isso, nos filmes, a coisa não funciona tão bem assim. Os filmes da trilogia clássica são bons, mas não tão bons para serem considerados grandes filmes. O Poderoso Chefão, 2001 e Cidadão Kane são grandes filmes. Principalmente, pelos roteiros excelentes e atuações marcantes. A trilogia Star Wars ainda possui um apuro técnico sólido, não muito datado. Mas os roteiros são geralmente fracos, os diálogos embaraçosos e as atuações canastronas. O grande atrativo são os clímax, sempre cheios de ação e drama. Ao final da trilogia, fica claro que a história não faz muito sentido, que a saga foi construída durante o processo, com coincidências muito forçadas. O maior mérito de Uma Nova Esperança é de ser um bom faroeste no espaço, sujo e estranho. O de O Império Contra-Ataca por seu tom mais sombrio. E o de O Retorno do Jedi por ter os melhores efeitos especiais. Esse filmes são clássicos porque mudaram o negócio do cinema para sempre.
filme nervoso, como outros do diretor david ayer. a primeira metade cria um ótimo clima de suspense com diálogos bastante intensos e cenas de ação movimentadas. mas a segunda metade é um desastre com situações forçadas e soluções de roteiro sem pé nem cabeça.
Edgar Wright é um autor, um diretor que se tornou uma marca, com seu jeito próprio de filmar, assim como Tarantino e Wes Anderson. Entre maneirismos e apuro técnico, os filmes de Wright nunca são apenas comédias para vender pipoca e refrigerante. Ele sempre tenta surpreender o espectador. Montagem ágil, diálogos afiados, atuações cheias de energia, situações absurdas, efeitos especiais e sonoros criativos e bizarros. Em um filme de Edgar Wright, nunca ficamos com tédio. Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Scott Pilgrim contra o Mundo são comédias intensas, que tiram sarro dos clichês de uma maneira bem britânica. Heróis da Ressaca é o filme mais fraco de Wright, mas é muito superior às tantas comédias americanas lançadas nos últimos anos. Se ele fosse mais curto e menos machista, ganharia aquela estrelinha a mais. No fim, parecia que a insana jornada dos nossos heróis bêbados ia ser como numa comédia americana besta, mas Wright acabou preparando um desfecho incrível.
Os melhores filmes de terror são aqueles que investem em atmosfera e subtexto. E é muito raro quando um filme do gênero consegue sucesso nessas duas coisas, entreter e fazer pensar. The Babadook é assustador porque logo entendemos que o horror do filme é, na verdade, uma poderosa metáfora sobre sentimentos humanos. E alguns desses sentimentos são tratados aqui com bastante franqueza. Principalmente, sobre as responsabilidades (e dificuldades) de ser mãe. Além do peso do luto pela morte do marido, a frustração por ter um trabalho entediante e a relação difícil com a irmã esnobe. Um filme de terror é mais eficiente quando sugere mais do que mostra. Confunde mais do que esclarece o espectador, mas sem trapacear. Nem todas as soluções do filme funcionam, algumas lançam mão de clichês, mas são honesta, fazem parte do contexto da trama. O horror de The Babadook é eficiente porque nos importamos com os personagens, com aqueles que sofrem as consequências físicas e psicológicas. A atriz Essie Davis faz uma performance cheia de complexidade, indo da delicadeza à fúria e depois retornando à delicadeza, sem nunca forçar nada. Ela carrega o filme nas costas de maneira estupenda. Noah Wiseman, o garoto que faz seu filho, também mostra naturalidade numa interpretação difícil, agindo como uma criança com alto e baixos emocionais. A diretora e roteirista estreante Jeniffer Kent soube usar muito bem todos os elementos técnicos (efeitos sonoros, efeitos especiais práticos, montagem, música, fotografia, direção de arte...) à disposição para fazer desse filme australiano de U$ 2 milhões uma produção com um acabamento e uma força impressionantes.
o filme, infelizmente, não me deixou muito satisfeito. É aquele velho problema de querer ser fiel à obra de origem, sacrificando a integridade do derivado. Quando o filme termina, fica claro que havia muita coisa do livro para resumir em pouco mais de duas horas. Não funciona. Ainda mais para quem leu o romance. Foi muito bacana ver na tela momentos-chave do livro tão bem produzidos. Mas, na maioria das vezes, o filme saiu perdendo por estar tão amarrado ao livro. Tiveram que correr para fechar uma história minimamente coerente e deixaram um monte de coisas de fora. A principal delas : as soluções científicas. No livro, as explicações são mais detalhadas. O que, em alguns trechos, pode irritar o leitor acaba se mostrando uma ferramenta narrativa muito eficaz por dar tensão aos rumos da trama, criando reviravoltas criativas. No filme, o que entrou em termos de ciência foi explicado às pressas, ou não foi explicado de forma alguma. Outro ponto problemático: os personagens. Se no livro eles já são bidimensionais, com seus bons momentos, é verdade, no filme, o espaço para cada um é ainda mais reduzido e raso. Ficou até constrangedor ver atrizes e atores tão competentes sem muito o quê fazer. A salvação é que o maior tempo de tela é de Matt Damon, como um Mark Watney bem próximo do protagonista do livro. Um cara cheio de personalidade, geek, meio rebelde e boca suja. A produção é muito bem cuidada. Bela fotografia, direção de arte com visual aprimorado, trilha sonora eficiente, efeitos especiais e sonoros bem integrados à trama. A montagem é excelente em sequências decisivas, mas deixa a desejar em cenas envolvendo a Terra e a NASA, com desenvolvimento confuso e cortes abruptos. Ridley Scott fez uma direção discreta. Ao contrário dos excessos de filmes anteriores, como Êxodo e Prometheus. Pena que o roteiro do ótimo Drew Goddard (O Segredo da Cabana, a série do Demolidor) teve um sucesso parcial na adaptação do livro. O grande mérito do filme é tratar a ciência não como o vilão, mas como o mocinho, mesmo que um mocinho bastante problemático.
O filme pega a ideia geral do mangá e faz outra coisa, mais ao gosto do público ocidental. É um filme acima da média, mas não é esse filmaço todo que muitos disseram. O único personagem realmente decente é o de Tom Cruise, com um arco completo bem interessante. O roteiro é muito bom em mostrar o mesmo dia, várias vezes, sempre somando ao algo novo. A montagem acompanha esse ritmo de maneira muito eficaz. É um filme inteligente, mas que faltou um pouco mais de alma, faltou construção de personagem.
O Enigma de Outro Mundo
4.0 983 Assista AgoraAcabo de rever, depois de muitos anos, e continua ótimo. A qualidade dos efeitos especiais práticos ainda impressiona. Filme bastante lovecraftiano. A tensão é quase insuportável. E o final, matador.
Sherlock: A Abominável Noiva
4.4 191 Assista AgoraMuito bacana ver Cumberbatch e Freeman numa adaptação de época de Sherlock. Mark Gattis deve ter contido as pirotecnias de Steven Mofado, num roteiro que as possui, mas de maneira mais eficiente, orgânica, com propósito e sem deus ex machina, com reviravoltas bastante criativas, algumas no nível uau. Outro elemento interessante é a metalinguagem com a obra de Conan Doyle. No fim, deixou o gostinho de que a série pode voltar a ser divertida.
Capitão América: Guerra Civil
3.9 2,4K Assista AgoraUm dos sucessos da Marvel é seu incrível talento em contratar pessoas. Quem imaginaria, no agora longínquo ano de 2008, que um filme do Homem de Ferro (um personagem B dos quadrinhos), estrelado pelo problemático Robert Downey Jr. e dirigido pelo inexperiente em filmes de ação Jon Favreau ia se tornar os alicerces de um império cinematográfico, midiático?
Nos últimos oito anos, a Marvel continuou com a estratégia. Contratar nomes promissores, que chamaram atenção em filmes menores ou na TV, para oferecer o emprego da vida dos caras. Ganha a Marvel, por apostar em novas ideias, mas tendo sobre controle o processo criativo de suas produções. Ganham os profissionais, que têm acesso a brinquedos bastante caros, transformando seus próprios sonhos em realidade.
No caso dos irmãos Anthony e Joe Russo, agora podemos dizer: eles foram o melhor investimento que a Marvel já fez.
Capitão América – Guerra Civil é uma orgia nerd, com tudo que sempre desejamos ver num filme de super-heróis. Ação, drama e comédia. Claro que já vimos essa mistura de maneira bem sucedida no primeiro Vingadores e em Guardiões da Galáxia. Mas, em Guerra Civil, o que havia de melhor em outros filmes da Marvel, isoladamente, temos aqui reunido e ampliado. Há as incríveis coreografias realistas da ação de Soldado Invernal e mais, a comédia quase pastelão de Guardiões e mais, e o peso da tetra entre os Vingadores e mais.
Tudo é muito bem coordenado por uma direção segura, que provoca tensão, até mesmo nos momentos em que pouca coisa acontece. A fotografia é criativa nas cenas de luta, a harmonia entre efeitos práticos, digitais e sonoros é muito satisfatória, e a montagem dá uma dinâmica incisiva e clara a todos esses elementos. A trilha sonora é uma variação da música de Soldado Invernal para os momentos de ação, suspense e drama, com o acréscimo do tom heroico, triunfante, pra cima.
O filme é perfeito? De jeito nenhum. Mais uma vez a Marvel comete o erro de ter um vilão central fraco, sem carisma e com um plano idiota, mesmo que suas razões sejam justificáveis. Sua motivação é o que gera o conflito e faz a trama avançar. Nada mais. E os furos no roteiro só ficam maiores em retrospecto.
Porém o mérito de Guerra Civil não está na trama, e sim nas cenas de ação e na interação entre os super-heróis, quando conversam, lutam lado a lado e entre si. Este é um filme de construção de personagem. Uma ótima ideia foi trazer os heróis literalmente para o chão, mais próximos uns dos outros, para que cada um percebesse de que maneira suas escolhas afetariam quem estivesse ao redor.
Todo mundo tem seu momento de tela bem desenvolvido. Pasmem, mas é verdade. Até o Gavião Arqueiro. Temos o Capitão ainda mais convicto de seus princípios. E o melhor Homem de Ferro/Tony Stark desde o primeiro Vingadores, fanfarrão, só que também abalado, fragilizado. O roteiro soube entregar diálogos dramáticos decentes, piadas que funcionam muito bem (inclusive as visuais) e deu motivações convincentes para os heróis se posicionarem, decidir de que lado ficar.
Guerra Civil ainda teve a responsabilidade de reapresentar o queridíssimo Homem-Aranha, que andava com a imagem arranhada depois dos últimos fracassos criativos. É o Aranha dos quadrinhos, sim. Moleque, engraçado, poderoso, inexperiente e com um grande coração. Ele ainda precisa de um filme solo para se firmar. Mas se esse Aranha continuar no mesmo caminho ou evoluir, pode se tornar a melhor encarnação do personagem no cinema fácil, fácil.
Outra responsabilidade, ainda mais complicada, foi apresentar um herói praticamente desconhecido: Pantera Negra. Outra coisa inteligente em Guerra Civil foi tratar o personagem como alguém relevante na trama. Entendemos perfeitamente suas motivações para entrar nessa guerra. Ele vai em busca de seu objetivo com muito foco, técnica e força. Seu traje é elegante, funcional e mortífero. E o que dizer da coreografia das lutas? Inovadora? Excitante? Puta que pariu, do caralho? Se alguém tinha dúvida de que um filme solo do Pantera Negra era uma boa ideia…
Mesmo no calor do hype, considero Guerra Civil o melhor filme da Marvel. Há os mesmos furos de roteiros, vilões e tramas fracas de sucessos anteriores. Mas em que outro filme você pode dizer que viu um monte de super-heróis saírem na mão, como nos grandes momentos dos quadrinhos de sua infância?
Batman: O Cavaleiro das Trevas - Parte 1
4.2 356 Assista AgoraBela e bastante fiel adaptação da HQ clássica de Frank Miller. Mesmo para quem já a leu, é uma animação empolgante, em alguns momentos superior aos filmes de Nolan.
Superman & Batman: Apocalipse
3.6 137 Assista Agoratem bons momentos. batman sempre ótimo em sua rabugice. a confiança do superman nas pessoas. as melhores porradas são entre as mulheres. não entra no meu top 10, mas vale ser conferido.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 4,9K Assista AgoraA Warner/DC toma uma posição arriscada por dar tanto peso, tanta seriedade, a filmes que deveriam ser apenas diversão? Eles tentam uma abordagem alternativa à Disney/Marvel. O público precisa disso. E a própria Warner não tem muita escolha, ela deve se diferenciar da concorrência, criar um estilo próprio. Isso deu bastante certo com a trilogia do Batman de Nolan.
Batman vs Superman era a promessa do estúdio de começar de fato o universo cinematográfico da DC. Homem de Aço praticamente não conta, servindo como um tipo de prólogo. A expectativa para o embate entre os dois maiores ícones da DC era grande por parte dos fãs e da indústria. Um sonho nerd finalmente seria realizado, com todo o dinheiro e talento que Hollywood podia dispor. Assim como o novo filme de Star Wars, Batman vs Superman não podia falhar, não podia frustrar tanta gente.
A Warner é conhecida por acreditar na visão dos diretores com quem trabalha. O caso mais recente de sucesso dessa parceria foi o apoio a George Miller em seu Mad Max – Estrada da Fúria. Um projeto caro e problemático, mas que, no final, resultou no filme de ação mais incrível dos últimos anos, uma bilheteria decente e 6 Oscars.
Batman vs Superman também foi um projeto problemático. Porém isso se reflete no que assistimos na tela. A edição tem um ritmo irregular, com transições abruptas e mudanças de contextos irritantes, jogando o espectador num redemoinho de situações sem o devido desenvolvimento. Além de momentos arrastados, como no Planeta Diário e depois do clímax. A sequência no deserto é belíssima. Mas por que ela está no filme? É bizarro ver como o roteiro de um filme tão importante pode ser tão preguiçoso. O exemplo mais evidente é a preparação para a luta entre o Morcego e o Alienígena. As motivações de Batman são sólidas na visão de mundo dele, mesmo que numa perspectiva distorcida e raivosa. Mas as motivações do Superman são tão tênues que não justificam a briga. Mas ela acontece. E termina da maneira mais patética possível, por causa de um detalhe sentimental que muda tudo, avançando o filme para o terceiro ato às pressas. Devemos lembrar a participação fundamental de Lex Luthor nos bastidores da treta. Seria tal fácil assim Luthor e o Superman manipularem Batman, o estrategista nato? Não vou falar dos furos do roteiro. Até grandes filmes de super-heróis, como O Cavaleiro das Trevas, têm problemas de continuidade, coincidências que não fazem sentido.
Os efeitos especiais são muito competentes, descontando os excessos, em cenas com o batmóvel e, claro, o Apocalipse genérico. Deviam ter chamado Guillermo del Toro apenas para criar o monstro. A trilha sonora mistura uma repetição do que já ouvimos em Homem de Aço com novos temas, sendo o mais marcante o da Mulher Maravilha.
O Batman/Bruce Wayne de Ben Afleck é a melhor coisa do filme, tanto o visual como a personalidade. Melhor Batman do cinema! Raivoso, focado e brutal, até demais, num estilo Justiceiro, matando criminosos sem piedade. A Mulher Maravilha de Gal Gadot marca presença. É o único fan service que funciona. Ela traz mais força e graça ao filme. Mas do ponto de vista narrativo, sua presença é injustificável. E para mim, a maior surpresa foi o amadurecimento do Superman de Henry Cavill. O personagem é o mais poderoso desse universo, mas sofre um dilema moral com as consequências de seus atos, ou a ausência deles. O Lex Luthor de Jesse Eisenberg tinha a oportunidade de fazer algo diferente, inédito. Aqui caberia bem um Luthor mais sombrio e controlado. Eisenberg começa bem com sua personalidade histriônica, passando algum medo em sua loucura megalomaníaca, mas isso dura pouco. Depois acompanhamos mais uma versão cartunesca e exagerada de Luthor. À exceção da senadora de Holly Hunter e o Alfred de Jeremy Irons, o elenco de apoio não contribuiu para o envolvimento emocional do espectador.
A Warner tem um pepino para descascar e se chama Zack Snyder. Ele não é o pior diretor do mundo. Mas agora ficou bem claro que ele não é a pessoa certa para ter um papel tão central na criação do universo cinematográfico da DC. Ele está escalado para comandar A Liga da Justiça 1 e 2. Diante de tamanha responsabilidade, ele não mostrou a evolução necessária para estar à frente de um projeto tão ambicioso. Joss Whedon mostrou evolução como diretor no primeiro Vingadores, os irmãos Russo em Capitão América – Soldado Invernal e George Miller, em Estrada da Fúria, dispensa comentários. Em termos de coesão e ritmo, Batman vs Superman é inferior a outros filmes de Snyder. Ele sentiu o peso da camisa. E já tinha mostrado isso em Homem de Aço. A Warner apostou nele e perdeu. Mas a Warner tem sua parcela de culpa. Ela atropelou as coisas, por estar muito atrasada e preocupada em estabelecer a base de personagens do novo universo. Os executivos do estúdio pensam que não há mais tempo para sutilezas, esperar que os filmes solo dos outros heróis fiquem prontos e estreiem.
Batman vs Superman é um filme com alguns bons momentos, que empolgam e comovem. As surpresas são pouquíssimas, graças ao marketing desesperado, que mostrou praticamente tudo antes da estreia. Eu não fiquei irritado, como ao assistir Vingadores – Era de Ultron, e sim decepcionado por ter tido um sonho que não consigo lembrar quase nada.
O Matador
3.9 38 Assista Agoraótimo western. simples, contido, mas cheio de tensão. o roteiro faz o suspense avançar com um ritmo incrível, em que cada ameaça fica mais e mais próxima do protagonista. além dos diálogos certeiros. e gregory peck está ótimo como o pistoleiro veterano e angustiado com sua fama de gatilho mais rápido do oeste.
Ex Machina: Instinto Artificial
3.9 2,0K Assista AgoraÉ ótimo quando assistimos a uma ficção científica mais interessada em provocar reflexão do que ser uma mera aventura cheia de correria e explosões. Ex Machina se passa num ambiente contido, criando uma atmosfera de suspense bastante tensa. O filme é muito eficiente em plantar dúvidas na cabeça do espectador a respeito das verdades e mentiras da trama e dos temas levantados (ética, emoção, racionalidade, sexualidade, papéis sociais, tecnologia). O maior problema é que, no final, o que era promissor se torna óbvio. O mérito de Ex Machina é que o filme consegue fazer melhor algo que já vimos muitas vezes.
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraDeadpool é um filme que Hollywood ainda tenta entender. Como a adaptação de um personagem de quadrinhos pouco conhecido, com um orçamento muito abaixo das grandes produções, está causando tanta paixão e fazendo tanto dinheiro? A resposta não é tão simples, mas pode ser resumida: liberdade de criação.
Os envolvidos no filme tiveram liberdade para trabalhar um personagem politicamente incorreto sem interferências castradoras. Foi um risco calculado. Se fosse um fracasso, não perderiam centenas de milhões de dólares. A Fox merece aplausos. É tão estranho quando um estúdio acredita na loucura de alguns cineastas. A Warner fez isso com George Miller e o mundo ganhou Mad Max: Estrada da Fúria. Agora temos Deadpool. Um filme que com certeza mudará os rumos dos super-heróis nas telonas. Mudar quanto é a pergunta de ouro.
Os realizadores de Deadpool foram inteligentes em criar uma comédia de ação muito bem azeitada. Agrada fãs de HQs e o público em geral. Deadpool é algo que o frequentador de cinema esperava há muito tempo. Um super-herói que acha essa coisa de super-herói uma babaquice. Ryan Reynolds tem aqui a interpretação de sua vida. Um ator que muitos consideram insuportável. Mas que, como Wade Wilson/Deadpool, arrasa. Totalmente despido de ego. Afinal, ele se matou dentro e fora da tela para que esse projeto vingasse. Era praticamente sua última chance como astro de cinema. Com o estrondoso sucesso e carisma de Deadpool, agora Reynolds deu a volta por cima. Mas será que daqui para frente as pessoas só vão quer vê-lo como o mercenário tagarela?
O diretor estreante em longas Tim Miller mostra muita segurança. Ele entrega um filme com timing de comédia e de ação impressionantes. A montagem tanto acompanha a agilidade dos diálogos quanto a destreza e força das lutas, em coreografias excitantes e claras. O orçamento menor fica evidente em alguns momentos, principalmente, nos efeitos especiais. Não existe nada malfeito, e sim com menos textura. Mas o espectador não está nem aí. A atmosfera do filme é tão legal que certos aspectos mais rústicos combinam bastante com toda a zoeira.
Agora os verdadeiros heróis de Deadpool, como a criativa e hilária sequência de abertura ressalta, são os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick. Sem esse roteiro, Deadpool seria uma boa comédia de ação apenas. O roteiro tem diálogos afiadíssimos e escrachados em suas autoreferências e metalinguagem, recursos derivados do personagem nas HQs. Outro ponto inteligente é a estrutura, usando de forma dinâmica os flashbacks. A trama é convencional. Herói ou anti-herói quer se vingar de bandido. O grande barato está na maneira como isso é feito. E o filme não é só zoeria (aliás, que chega a um nível inacreditável, tirando sarro do universo Marvel e de Hollywood). Os momentos dramáticos funcionam muito bem. Deadpool também é uma história de amor. Um amor menos convencional.
Outro acerto foi a campanha de marketing, criativa e que preservou muita coisa para o espectador curtir na sala de cinema. O filme é muito melhor do que mostram nos trailers. A jogada brilhante foi brincar com o personagem em vídeos, cartazes etc., consolidando uma empatia com um público que nem sabia que Deadpool existia. Isso sem chatear o fã mais hardcore, que se divertia do mesmo jeito com todo o material promocional do filme.
Deadpool mostra o ridículo do universo dos super-heróis, mas também reconhece que sem eles o mundo seria mais chato.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraMais uma vez Tarantino faz um misto de homenagem e subversão do western. Um diretor que consegue fazer um filme de quase três horas praticamente utilizando um só cenário (uma cabana) e criar interesse no espectador merece aplausos. Ele faz isso com uma segurança absurda. O filme é uma espécie de whodunit à maneira de Agatha Christie, mas com muita violência, sangue e palavrões. Tarantino é famoso por conseguir grandes performances, até de atores batidos, como Kurt Russell e Jeniffer Jason Leigh. Os dois estão incríveis. Assim como Samuel L. Jackson e outros atores menos conhecidos. As conversas fiadas entre personagens, principalmente sentados numa mesa, sempre foram um show à parte nos filmes de Tarantino. Em Os Oito Odiados, tais conversas se tornam a atração principal. Às vezes, torna-se cansativo, mas funciona muito bem na maioria das cenas. Este é o filme mais lento que Tarantino já fez. Como um personagem diz, é preciso paciência. Que será recompensada ao final. Agora os problemas do filme são tão grandes quanto seus méritos. Por se tratar de uma trama de mistério, que precisa de uma solução mais redonda, os furos de roteiro ficam maiores. Certos detalhes não se encaixam, tornam algumas coincidências e reviravoltas inconsistentes. Além do complicado personagem de Jennifer Jason Leigh. Mesmo com sua atuação indicada ao Oscar, o personagem leva porrada o tempo inteiro, apenas de homens. Além de ser o único papel feminino relevante. A discussão do racismo também não é bem desenvolvida. Fala-se muito abertamente sobre racismo nos diálogos. Mas o tema é tratado apenas como desculpa para gerar violência. O filme sofre das mesmas mazelas da série Game of Thrones. Não é porque determinado contexto de ficção é brutal que tudo deva ser tratado de maneira igualmente brutal. Os Oito Odiados é um filme que não olha para o futuro. É uma peça de nostalgia muito bem encenada.
Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraCreed é emocionante. O filme sabe dosar bem momentos de drama, sem apelar para a pieguice, e momentos de ação, cheios de energia.
O diretor Ryan Coogler mostra muita habilidade em criar um atmosfera verossímil, que te deixa ligado na tela o tempo todo, usando fotografia, montagem, efeitos sonoros e música, numa pegada bem contemporânea. Mas não é videoclipe. A direção das lutas é incrível por colocar o espectador quase em primeira pessoa, em planos-sequência muito bem coreografados, que não parecem “encenados”, artificiais.
O filme a todo instante faz referência à franquia Rocky. Mas os elementos do passado são integrados à trama de uma maneira bem mais orgânica do que em O Desperta da Força, por exemplo.
Além de um empolgante filme de boxe, Creed é um tocante drama familiar, que não deixa de ser divertido também, com um humor ora leve, ora bem safadinho.
O trio principal está muito bem (Stallone, Michael B. Jordan e Tessa Thompson). B. Jordan tem muita presença física, carisma e um arco complexo. Tessa Thompson interpreta uma personagem cheia de atitude. E não vejo Stallone tão bem acho que desde o primeiro Rocky. Ele está atuando mesmo, e não fazendo pose de astro de Hollywood. Esse é um Rocky frágil, ainda ingênuo, mas cheio de experiência sobre boxe, sobre a vida.
O tema clássico de Rocky toca apenas uma vez durante o filme. E é de arrepiar.
Kick-Ass 2
3.6 1,8K Assista AgoraFilme desnecessário. Péssimo roteiro e direção frouxa. Estraga tudo o que havia de interessante no primeiro filme. Trama arrastada. Atuações sem brilho. O dilema da Hit Girl é muito mal trabalhado. E a participação de Jim Carrey não tem o mesmo brilho de Nicolas Cage, no anterior.
O Homem Mais Procurado
3.5 200 Assista AgoraMais uma excelente adaptação da obra do mestre le Carré. É um suspense que muitos vão torcer o nariz. Seu ritmo é lento, não há explosões nem muita correria nem mesmo tiros. É um filme de espionagem da "vida real", em que a investigação meticulosa pode ser entediante. Mas o diretor Anton Corbijn consegue envolver o espectador pela atmosfera de tensão crescente. A produção é impecável, discreta. Os atores estão muito bem. O falecido Philip Seymour Hoffman dá um show como um agente da Inteligência alemã veterano. O roteiro é eficiente ao mostrar a questão do terrorismo islâmico fora dos clichês.
Apenas Uma Vez
4.0 1,4K Assista AgoraEste filme é o "hino" dos músicos independentes, dos raladores da música. Encanta pelo seu jeito mais cru, menos hollywoodiano. A dupla de protagonistas são músicos de verdade. As canções compostas por eles são emocionantes, mas estão longe de ser bregas. John Carney consegue fazer filmes leves, que te deixam pra cima, mas que não ofendem sua inteligência. Uma bela comédia dramática com cara de vida real.
Mesmo se Nada der Certo
4.0 1,9K Assista AgoraJohn Carney consegue fazer filmes leves que te deixam pra cima, mas que não ofendem sua inteligência. Esta comédia romântica com cara de vida real tem a música como fio condutor. A parceria entre o produtor porra-louca, vivido Mark Ruffalo, e a cantora que não quer se vender, vivida por Keira Knightley, é cheia de paixão pela música, respeito, mas de brigas também. O filme é praticamente um reboot do maior sucesso de Carney, Apenas uma vez (Once), também envolvendo música. Prefiro Once pelo seu jeito mais cru, menos hollywoodiano. Sua dupla de protagonistas eram músicos de verdade com lindas canções compostas por eles. Mas Mesmo se Nada der Certo não faz feio. Tem um roteiro inteligente, equilibrando bem drama e comédia. É um ótimo filme pra levantar o astral com uma trilha sonora contagiante.
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista Agora(Esta resenha contém spoilers.)
O diretor J.J. Abrams tinha a complicada tarefa de tirar a franquia da lama, depois do fracasso de crítica da trilogia de prequels. E principalmente por causa da decepção dos fãs. A Disney comprou a LucasFilm pensando no lucro potencial estratosférico. Mas, para que a coisa funcionasse do jeito dela, era preciso reerguer a franquia, de certa maneira começando do zero, criando um novo rumo para esse universo.
Star Wars é uma marca valiosa não apenas pelos filmes. Na verdade, eles são uma pequena parcela de todo o negócio bilionário. O dinheiro de verdade está no licenciamento de produtos. Mas para que as pessoas consumam tudo o que for oferecido com referência a Star Wars, a marca precisa estar forte. As pessoas precisam amá-la. Gente de várias gerações. E no caso de Star Wars, tudo começa pelos filmes.
O Despertar da Força é uma contradição. Covarde na estrutura do roteiro, uma mistura de cópia e homenagem à trilogia clássica. E ousado na proposta de apresentar novos personagens e novas atitudes, fora dos padrões dos heróis não só da franquia, mas dos blockbusters em geral.
O fan service é inteligente, integrado à trama. Os elementos e personagens do passado conseguem conversar muito bem com as novidades. O Han Solo coroa funciona melhor do que a princesa Leia, ela agora general da Resistência. Harrison Ford tem mais tempo de tela e parece bem mais à vontade no papel. Já Carrie Fisher faz uma Leia no automático, sem brilho, quase como uma obrigação. Chewie é sempre Chewie, nunca sai de forma. E não dá para dizer muita coisa do Luke de Mark Hamill. Ele só aparece por uns trinta segundos e não tem falas.
Para compensar a história fraca, batida, a produção foi esperta em investir no visual, porque Star Wars é mostrado de uma maneira nunca antes vista,
mesmo revisitando muita coisa consagrada; em atores muito competentes e bem escalados, com as melhores atuações de toda a franquia; e em diálogos bem afiados, principalmente no humor. Rey (a garota jedi que tanto esperamos ver na telona), Finn (o fã dentro da saga), Poe Dameron (o personagem mais cool de todos), Kylo Ren (um vilão que pode se tornar maior do que Vader, porque quem mata Han Solo não merece redenção, ainda mais sendo o filho do cara!) e BB-8 (a fofura em pessoa, quer dizer, em metal) conseguiram conquistar mentes e corações. Sem unanimidade. Mas J.J. Abrams e companhia podem respirar aliviados. A missão foi cumprida. A decisão de investir mais nos personagens do que na trama deu resultado.
Os novos rumos de Star Wars estão bastante ligados à trilogia clássica e fogem como vampiro da cruz dos prequels. As menções a estes últimos filmes são bem mais sutis. As razões são óbvias. O futuro se espelha no passado que deu certo.
Como já disseram, Star Wars é um western, uma história que se passa na fronteira. Não é sobre intrigas na metrópole, no espaço urbano. Então o deserto, as florestas e outros ambientes mais rústicos voltaram. Assim como os efeitos práticos, a sujeira, a velharia.
O maior problema dessa nova trilogia, agora chamada de sequels, é conseguir uma identidade própria. Os novos personagens foram apresentados. O próximo passo é contar uma história com alguma originalidade. Não quiseram fazer isso em O Despertar da Força. Talvez acharam que seria arriscado demais. Muita informação para os fãs assimilarem. Mas nada justifica os furos no roteiro. Os fãs perdoam as incoerências da trilogia clássica porque sabem que a mitologia foi criada aos trancos e barrancos, durante a elaboração dos roteiros anteriores e as filmagens. Desta vez, tudo está sendo pensado com cuidado e antecedência. Ou deveria estar. A experiência de narrativa atual é muito mais exigente.
Para muitas pessoas, Star Wars não é Transformers. Não é apenas diversão. Pode ser um estilo de vida ou até mesmo uma experiência religiosa. O fascínio desse universo está naquilo que ele representa para cada um. Um receptáculo mágico que pode ser preenchido por vários significados.
Star Wars é um mito criado pelos fãs. E reforçado pela venda da marca, de diversas maneiras, por décadas e décadas. É algo muito além da qualidade dos filmes. Mesmo assim, os filmes devem corresponder às expectativas, sempre altas. Por isso, os fãs esperam um novo rumo para Star Wars, uma evolução desse universo.
Parece que a Disney sabe o problema que tem nas mãos. Sabe que agora essa é sua franquia mais valiosa.
Star Wars, Episódio I: A Ameaça Fantasma
3.6 1,2K Assista AgoraGeorge Lucas sempre será reconhecido como um dos grandes nomes do cinema. Mas ele deve ser festejado pelos motivos certos. Lucas é um brilhante homem de negócios, um produtor muito bem sucedido. Mas como diretor e roteirista, ele é um desastre. E a prova definitiva é essa trilogia de prequels, um verdadeiro desfavor aos velhos fãs e uma péssima introdução a esse universo para as atuais gerações.
Tudo que havia de qualidade da trilogia clássica foi esquecido: a sujeira, o peso, a espontaneidade, o carisma e a emoção. A confiança de Lucas nos efeitos de CGI, na tela verde, foi tão absurdo que, no episódio II, O Ataque dos Clones, todos os stormtroopers foram gerados por computador. Não havia um único ator vestido de soldado do futuro império. A cenografia era outra lástima. Excessiva e artificial.
Desta vez, com muito mais grana e recursos tecnológicos, Lucas resolveu fazer o que não pôde nos anos 70 e 80. Ele deu uma de cientista louco, megalomaníaco, querendo conquistar o mundo, ou melhor, a galáxia.
O fato é que Lucas perdeu a oportunidade de fazer uma nova trilogia que fizesse justiça à anterior. Na trilogia clássica, ele reuniu grandes profissionais em diversas áreas para concretizar sua visão inovadora. Não por acaso, o melhor filme da franquia, O Império Contra-Ataca, foi dirigido e escrito por outras pessoas. Mas, nos prequels, ao invés de repetir essa estratégia, ele decidiu que brincaria sozinho. E o resultado foi uma brincadeira muito sem graça.
Lucas conseguiu arruinar a reputação de personagens icônicos como Obi Wan, Yoda e, principalmente, Darth Vader.
Mostraram os jedi como arrogantes, insensíveis, chatos e burros. O jedi e o sith dignos de nota nos três filmes foram Qui-Gon Jinn (Liam Neeson) e Darth Maul (Ray Park).
Agora mostrar Anakin Skywalker/Darth Vader como um pirralho irritante, um aborrecente reclamão e um homem nada esperto, manipulável, desconstruiu toda a imagem do vilão impiedoso.
Mesmo com o avanço dos efeitos especiais e as coreografias elaboradas, poucas lutas de sabre de luz empolgaram. Era broxante acompanhar tantos passes de dança e acrobacias. Não havia real senso de perigo.
Os roteiros da trilogia clássica não eram um primor de coesão e muitos diálogos eram até risíveis, mas transmitiam ao espectador o espírito da diversão e da aventura. Os roteiros da nova trilogia são ainda menos criativos, os diálogos são ainda piores, transmitindo tédio e vergonha alheia. Fora o fan service descarado, sem nenhum propósito narrativo, e as coincidências e explicações forçadas para conectar os eventos e personagens das duas trilogias.
George Lucas é o pai de Star Wars. Mas os fãs estão muito aliviados pelo futuro da franquia não estar mais em suas mãos.
Homem-Formiga
3.7 2,0K Assista AgoraO filme tinha tudo para ser divertido. A ideia era ótima. Fazer um filme de assalto com super-heróis. Mas o produto final deixa a desejar. Os problemas maiores são o roteiro bastante previsível e a escalação equivocada dos atores. Mais uma vez, a Marvel entrega um vilão meia-boca com motivações poucos convincentes e falas batidas de cientista louco. O visual do Jaqueta Amarela impressiona. E é só isso. Os efeitos especiais são incríveis. Mas não conseguem sustentar o filme, porque a trama é fraquinha. A mistura de melodrama, ação e humor não foi bem dosada. O drama familiar é chato e poucas piadas funcionam. As melhores cenas são as interações do Homem-Formiga com as formigas e os momentos de comédia com Michael Peña, que rouba a cena. Michael Douglas não está mal, mas essa versão tiozinho não combina com ele. A atuação de Evangeline Lilly é burocrática e sem sal. E Paul Rudd é gente boa e tudo, mas como herói da Marvel...
Star Wars, Episódio IV: Uma Nova Esperança
4.3 1,2K Assista AgoraStar Wars revolucionou a ficção científica como diversão, filme pipoca, objeto de cultura de massas. Na época do lançamento de Uma Nova Esperança, a campanha de marketing foi inovadora, com o uso de quadrinhos e novelização do filme. George Lucas é o pai da criança, com todo o mérito. Ele criou aquele universo, a partir de várias referências do passado (Kurosawa, Flash Gordon, Rice Bourroughs, 2ª Guerra Mundial e outras) e fez algo próprio. Ele foi talentoso e esperto o bastante para recrutar os melhores profissionais em cada área, para que transformassem sua visão em algo único. O fascínio de Star Wars é justamente esse: o conceito. Os personagens, as caracterizações, a música, os objetos, os cenários, os efeitos especiais e sonoros. São marcantes demais. Grudam que nem chiclete. Por isso, esses elementos funcionaram tão bem onde está o dinheiro de verdade: o licenciamento de produtos. Mas juntando tudo isso, nos filmes, a coisa não funciona tão bem assim. Os filmes da trilogia clássica são bons, mas não tão bons para serem considerados grandes filmes. O Poderoso Chefão, 2001 e Cidadão Kane são grandes filmes. Principalmente, pelos roteiros excelentes e atuações marcantes. A trilogia Star Wars ainda possui um apuro técnico sólido, não muito datado. Mas os roteiros são geralmente fracos, os diálogos embaraçosos e as atuações canastronas. O grande atrativo são os clímax, sempre cheios de ação e drama. Ao final da trilogia, fica claro que a história não faz muito sentido, que a saga foi construída durante o processo, com coincidências muito forçadas. O maior mérito de Uma Nova Esperança é de ser um bom faroeste no espaço, sujo e estranho. O de O Império Contra-Ataca por seu tom mais sombrio. E o de O Retorno do Jedi por ter os melhores efeitos especiais. Esse filmes são clássicos porque mudaram o negócio do cinema para sempre.
Sabotagem
3.0 259 Assista Agorafilme nervoso, como outros do diretor david ayer. a primeira metade cria um ótimo clima de suspense com diálogos bastante intensos e cenas de ação movimentadas. mas a segunda metade é um desastre com situações forçadas e soluções de roteiro sem pé nem cabeça.
Heróis de Ressaca
3.4 507 Assista AgoraEdgar Wright é um autor, um diretor que se tornou uma marca, com seu jeito próprio de filmar, assim como Tarantino e Wes Anderson. Entre maneirismos e apuro técnico, os filmes de Wright nunca são apenas comédias para vender pipoca e refrigerante. Ele sempre tenta surpreender o espectador. Montagem ágil, diálogos afiados, atuações cheias de energia, situações absurdas, efeitos especiais e sonoros criativos e bizarros. Em um filme de Edgar Wright, nunca ficamos com tédio. Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Scott Pilgrim contra o Mundo são comédias intensas, que tiram sarro dos clichês de uma maneira bem britânica. Heróis da Ressaca é o filme mais fraco de Wright, mas é muito superior às tantas comédias americanas lançadas nos últimos anos. Se ele fosse mais curto e menos machista, ganharia aquela estrelinha a mais. No fim, parecia que a insana jornada dos nossos heróis bêbados ia ser como numa comédia americana besta, mas Wright acabou preparando um desfecho incrível.
O Babadook
3.5 2,0KOs melhores filmes de terror são aqueles que investem em atmosfera e subtexto. E é muito raro quando um filme do gênero consegue sucesso nessas duas coisas, entreter e fazer pensar. The Babadook é assustador porque logo entendemos que o horror do filme é, na verdade, uma poderosa metáfora sobre sentimentos humanos. E alguns desses sentimentos são tratados aqui com bastante franqueza. Principalmente, sobre as responsabilidades (e dificuldades) de ser mãe. Além do peso do luto pela morte do marido, a frustração por ter um trabalho entediante e a relação difícil com a irmã esnobe. Um filme de terror é mais eficiente quando sugere mais do que mostra. Confunde mais do que esclarece o espectador, mas sem trapacear. Nem todas as soluções do filme funcionam, algumas lançam mão de clichês, mas são honesta, fazem parte do contexto da trama. O horror de The Babadook é eficiente porque nos importamos com os personagens, com aqueles que sofrem as consequências físicas e psicológicas. A atriz Essie Davis faz uma performance cheia de complexidade, indo da delicadeza à fúria e depois retornando à delicadeza, sem nunca forçar nada. Ela carrega o filme nas costas de maneira estupenda. Noah Wiseman, o garoto que faz seu filho, também mostra naturalidade numa interpretação difícil, agindo como uma criança com alto e baixos emocionais. A diretora e roteirista estreante Jeniffer Kent soube usar muito bem todos os elementos técnicos (efeitos sonoros, efeitos especiais práticos, montagem, música, fotografia, direção de arte...) à disposição para fazer desse filme australiano de U$ 2 milhões uma produção com um acabamento e uma força impressionantes.
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista Agorao filme, infelizmente, não me deixou muito satisfeito. É aquele velho problema de querer ser fiel à obra de origem, sacrificando a integridade do derivado. Quando o filme termina, fica claro que havia muita coisa do livro para resumir em pouco mais de duas horas. Não funciona. Ainda mais para quem leu o romance.
Foi muito bacana ver na tela momentos-chave do livro tão bem produzidos. Mas, na maioria das vezes, o filme saiu perdendo por estar tão amarrado ao livro. Tiveram que correr para fechar uma história minimamente coerente e deixaram um monte de coisas de fora. A principal delas : as soluções científicas.
No livro, as explicações são mais detalhadas. O que, em alguns trechos, pode irritar o leitor acaba se mostrando uma ferramenta narrativa muito eficaz por dar tensão aos rumos da trama, criando reviravoltas criativas. No filme, o que entrou em termos de ciência foi explicado às pressas, ou não foi explicado de forma alguma.
Outro ponto problemático: os personagens. Se no livro eles já são bidimensionais, com seus bons momentos, é verdade, no filme, o espaço para cada um é ainda mais reduzido e raso. Ficou até constrangedor ver atrizes e atores tão competentes sem muito o quê fazer. A salvação é que o maior tempo de tela é de Matt Damon, como um Mark Watney bem próximo do protagonista do livro. Um cara cheio de personalidade, geek, meio rebelde e boca suja.
A produção é muito bem cuidada. Bela fotografia, direção de arte com visual aprimorado, trilha sonora eficiente, efeitos especiais e sonoros bem integrados à trama. A montagem é excelente em sequências decisivas, mas deixa a desejar em cenas envolvendo a Terra e a NASA, com desenvolvimento confuso e cortes abruptos.
Ridley Scott fez uma direção discreta. Ao contrário dos excessos de filmes anteriores, como Êxodo e Prometheus. Pena que o roteiro do ótimo Drew Goddard (O Segredo da Cabana, a série do Demolidor) teve um sucesso parcial na adaptação do livro.
O grande mérito do filme é tratar a ciência não como o vilão, mas como o mocinho, mesmo que um mocinho bastante problemático.
No Limite do Amanhã
3.8 1,5K Assista AgoraO filme pega a ideia geral do mangá e faz outra coisa, mais ao gosto do público ocidental. É um filme acima da média, mas não é esse filmaço todo que muitos disseram. O único personagem realmente decente é o de Tom Cruise, com um arco completo bem interessante. O roteiro é muito bom em mostrar o mesmo dia, várias vezes, sempre somando ao algo novo. A montagem acompanha esse ritmo de maneira muito eficaz. É um filme inteligente, mas que faltou um pouco mais de alma, faltou construção de personagem.