Se o mundo preocupa-se com a Rússia atual, os próprios russos preocupam-se muito mais com os muitos problemas enfrentados, e é isso que vemos em Leviatã, grande filme do diretor Andrei Zvyagintsev, injustiçado pela Academia - mas isso não importa.
O filme começa com muitas imagens da água, que em seu sentido habitual remete à limpeza/purificação, o que parece ser o que os personagens e o próprio diretor anseiam. Ao fim da sequência, embalada por uma trilha sonora forte, melancólica, vemos os destroços de uma embarcação, que poderia facilmente ser interpretada como uma metáfora para sociedade, destruída pelo Leviatã, maior monstro dos mares, no caso, o poder público e seus governantes.
Acompanhamos as sequências dirigidas magistralmente com planos detalhes cheios de significado, como quando um religioso e o prefeito conversam sobre o poder divino, em uma hipocrisia gigantesca e temos um zoom in onde chegamos a um close em um busto de Jesus Cristo. Aliás, zoons in são muito usados no filme - talvez uma influência do cinema do conterrâneo do diretor, Andrei Tarkovsky, e que são muito bem empregados, além de belíssimos em cena.
O estudo de personagem no filme é fantástico: temos o poder público em toda sua sujeira e hipocrisia, em uma clara alusão ao atual presidente da Russia, Vladimir Putin, e não é por acaso que vemos em um plano o atual prefeito em pé, dentro de seu gabinete, alinhado com um retrato de Putin na parede. Há o Kolia, personagem central o filme que sofre com a burocracia e a injustiça do prefeito que quer tomar-lhe a casa, com uma mulher infeliz que acaba por envolver-se com seu irmão, que veio de Moscou a fim de defende-lo nas audiências. Tem problemas com seu filho, cuja madrasta não reconhece e vê no tio uma figura de respeito não encontrada dentro de casa.
Toda projeção feita em planos longos, muitos silenciosos, e com isso o diretor nos passa a sensação de verossimilhança, nos transpondo para a película a fim de nos familiarizarmos com os personagens e suas personas. E é assim que vemos a infelicidade da mulher mesmo quando vai ao quarto do cunhado, vemos o filho de Kólia em uma igreja abandonada fumando e bebendo com os amigos, infeliz em sua vida. Vemos o irmão de Kolia, responsável em seus afazeres, dedicado ao irmão mas não consegue conter a vontade de ficar com sua mulher.
O roteiro é seguro, com diálogos bons, atuações belíssimas, com apelo maior ao casal, ambos maravilhosos, como em uma cena onde uma amiga do casal pergunta à mulher o que havia acontecido e esta não consegue responder, apenas com o olhar mostra sua insatisfação. Ou o marido, em uma conversa com o padre local, visivelmente abalado perguntando por Deus.
SPOILER A película mostra, de modo cru, como a política e a igreja unem-se para conquistarem o que querem sem medir consequência alguma. Nas cenas finais, vemos as mesmas imagens que deram início ao filme, demonstrando a total apatia da sociedade diante do monstro que é o poder público, mostrando que o tempo passa mas as ações necessárias para mudanças não ocorrem. É triste quando vemos apenas a carcaça de um animal na praia com o filho de Kólia ao lado, quase que um aviso ao futuro do menino e é de modo brutal que vemos em um dos últimos planos, a casa destruída para a construção do centro da mentira, vergonha e da corrupção, a Igreja.
Em um lugar dominado por blockbusters de qualidade duvidosa, eis que surge Mad Max: Fury Road pra acabar de vez com seus "rivais". George Miller da uma aula aos diretores e roteiristas de filmes de ação atuais, mostrando que não é necessário frases de efeito, cortes a cada segundo e personagens clichês e caricatos para compor um grande filme de ação.
O filme é genial quando, no primeiro ato vemos uma sessão quase que ininterrupta de ação e, de repente, uma calmaria no meio do deserto. Após um breve período de tempo, retomamos a ação sem fim, insana em todos seus aspectos, e chegamos ao final extasiados, e ainda continuamos durante um tempo tamanho seu impacto no expectador. E essa construção, desconstrução e reconstrução da tensão/ação do filme é brilhante e difícil de ser executada a fim de não prejudicar a narrativa.
Tom Hardy está igualmente fantástico nesse como na maioria de sua filmografia, dividindo cena com a igualmente fantástica Charlize Theron, num filme equilibrado até nas questões sociais (não há distinções entre homens e mulheres), fato esse que deveria ser adotado pelas muitas sociedades atuais.
A edição e mixagem de som logicamente impecáveis no filme, até nos momentos de silêncios, com pausas nos momentos certos (não é preciso trilha os 120min de projeção) e com sons diegéticos ou não incrementando às cenas de ação sequências memoráveis, como a luta entre os dois protagonistas, uma das melhores cenas do filme.Junto a isso, a fotografia com belos planos abertos, mostrando a dimensão de seus personagens em cena, e, se visto no IMAX, o que eleva a obra já incrível a um patamar talvez inatingível nos filmes de ação, as vezes temos que virar a cabeça para contemplar todo plano, tamanha a dimensão proporcionada por Miller e seu diretor de fotografia.
Verossímil em vários pontos já que não vemos nenhum personagem dando saltos imensos, quase que voando e então chegando no lugar desejado sem esforço, pelo contrário, a dificuldade é constante no filme o que nos eleva a uma tensão enorme que só acalmada no fim da projeção. Sem mortes superficiais ou que soassem caricatas, o filme mantém-se fiel ao que se propõe, fazendo deste, sem sombra de dúvida, um dos maiores filmes de ação da história do cinema.
Recorrente na filmografia dos irmãos Coen, que estão entre os melhores de sua geração, uma comédia de humor negro, quase que em tom fabular, sobre um rapaz que, de repente, torna-se presidente de uma das maiores empresas dos Estados Unidos.
A premissa permite aos diretores abordarem temas como ganância, egoísmo, depressão, amor, ética e outros valores de modo divertido, escrito primorosamente como todos seus outros filmes e nunca soar caricato.
As cenas com efeitos especiais não sem nenhum maravilha digna de blockbusters, entretanto, tem função narrativa, a partir do ponto em que a história flerta com a fantasia em alguns momentos, dando o tom "fabular", citado acima.
As atuações seguras dirigidas pelos irmãos nos contam uma história muito bonita, em um mundo onde a ganância só aumenta, e a cada dia vamos perdendo a capacidade de aproveitar as simplicidades da vida, como ir em um bar de sucos naturais, no ano novo, e ficar com a pessoa que mais gostamos.
O diretor consegue, através de enquadramentos inusuais e closes, nos transportar para às ações da película, desse jeito, nos tornamos personagens na história, e vivenciamos os dramas como se fossem nossos. Como típico do cinema oriental, planos longos e silenciosos contribuem para o drama familiar, e é lindo como vemos que os irmãos continuam unidos mesmo com tanto sofrimento.
Os personagens são bem aprofundados e vemos as facetas de cada um vir a tona ao longo da projeção, dando sempre, naturalidade às ações, como no caso do filho do casal que sente-se excluído com a chegada do casal de primos à sua casa e com o tempo demonstra seu egoísmo. Como o avô é o parente central, carinhoso, que trata todos como iguais. Como a tia, que agora se torna mãe, sente a falta de uma filha do mesmo sexo e se deleita ao pentear o cabelo da sobrinha, e como, na cena final, incrivelmente emocionante, vemos o irmão segurando uma flor diante de sua irmã caída, mostrando a força da amizade entre os dois superando diversas barreiras.
Um filme que tem um roteiro estruturado, criativo e atemporal. Poucos diálogos deixam as imagens falarem por si só, e conforme o tempo passa, começamos a duvidar da realidade que está acontecendo. Desde a primeira cena (efeitos especiais durante todo o filme são incríveis, feitos de forma minimalista, simples, utilizando cores primarias que acabam por dar um sentido surreal ainda mais impactante), vemos a luta pela descoberta do próprio corpo e sentidos. O fato do diretor não dar muitas respostas ao que acontece permite ao espectador interpretar livremente a maneira como a personagem leva a vida, e é incrível quando vemos que, com a convivência na Terra, ela passa realmente a parecer-se com nós, seja pelo fato de tentar comer, ou se olhar no espelho de forma totalmente ingênua, ou, na cena mais bonita do filme, quando ela está prestes a transar com o homem que a acolhe, percebemos que ela está totalmente envolvida no ato, ou seja, quase que totalmente humana, só não completamente por causa de sua natureza. A personagem principal, aliás, Scarlett está magnífica, como sempre, e nos concebe uma atuação maravilhosa, dirigida pela mão segura do diretor. E essa qualidade é ressaltada nas cenas silenciosas, onde apenas com olhares e movimentos ela nos mostra sua qualidade, seja na cena em que se olha no espelho, ou quando tenta comer, ou quando conversa com os homens antes de os levarem à sua casa, mostrando uma ingenuidade falsa para conseguir o que ela quer - mais um "maneirismo" do ser humano. Cada um dos personagens que aparecem em cena revelam uma faceta da humanidade, e é incrível como vemos quando ela "libera" um homem que sua armadilha pelo fato de ele ser uma exceção na Terra, não por ser feio, mas por ser puro, por ser sensível. É fascinante ver essa descoberta dela, como uma criança em um mundo de adultos.
SPOILER: A cena final mostra que, se ela, que talvez fosse uma raça superior à nossa pode padecer diante de um humano, é porque nós somos os principais vilões da história. Após um ato covarde, mata-a, sem nenhum remorso. E é triste vê-la naquele estado, pois nos importamos com ela, porque ela, embora de outra dimensão, é mais humana, sensível e sentimental do que os próprios humanos.
Infelizmente nem todos conseguem aproveitar esse filme, que é, com certeza, um dos melhores da saga. Yates é um diretor muito inteligente, e vemos isso logo no inicio, mesmo que seja uma cena sem sentido inventada provavelmente por Kloves, -Harry no metro- é uma cena genial, quando vemos Dumbledore olhando um outdoor, que além de vermelho, onde remete à violência constante no mundo atual bruxo e trouxa, está escrito algo relacionado à magia, dessa forma mostrando ao espectador que a linha tênue que divide os mundos está prestes a cair, como vemos nas primeiras imagens de Londres com os Comensais da Morte. Quando vemos o trio conversando, em um enquadramento pequeno, percebemos o quão juntos eles sempre estiveram e ainda estão, além de um zoom in acompanhar a tensão da conversa e um zoom out mostrar o relaxamento, após uma piada de Rony. Isso mostra o quão inteligente é o diretor, tendo domínio sob todos os aspectos do filme. A direção de fotografia, apostando acertadamente numa paleta escura em todos os momentos, onde nem no salão comunal, onde há milhares de velas, estas não consegue iluminar os alunos, mostra o quanto de escuridão já se apossou de Hogwarts, que costumava ser um lugar seguro. Designer de produção impecável em todas locações e cenários, como o Beco Diagonal, criando um contraste com a loja dos irmãos Wesley (assim como Cuarón criou com a Dedos de Mel no terceiro filme.) Um filme que em nada se parece com os seus antecessores, nem a música de John Williams aparece no filme e com isso Yates nos mostra que sim, temos que nos preocupar, pois a ascensão do Lorde das Traves é algo iminente.
A partir do momento em que Cuarón assume a direção da franquia, o filme encerra relações com um universo infantil e com efeitos precários dos dois primeiros filmes (que são bons, mas deixam a desejar na parte técnica). Cuarón trás o silêncio às cenas, mai veracidade e humanidade aos personagens, como por exemplo nas cenas em que os alunos conversam e brincam no dormitório despreocupados. Cuarón é ousado e utiliza inclusive pequenos planos-sequência, que além de exercerem função narrativa, contribuem para um filme autoral do diretor, algo que não é utilizado em filmes "blockbusters" e que visam um público infanto-juvenil. Os dementadores, na sua primeira aparição na saga, são crituras terríveis, são pauta de um discurso incrivelmente maravilhoso composto por Dumbledore e são, em si, criaturas maravilhosamente bem feitas, dignas de um grande filme de terror, criaturas que geram desconforto e medo no espectador. A narrativa, cheia de reviravoltas levada brilhantemente pela mão firme do diretor tem seu clímax numa das maiores cenas de todos os filmes, na Casa dos Gritos (onde a direção de arte e o designe de produção em geral mostram todo seu valor) criando uma atmosfera de suspense de tirar o fôlego. Um filme que marca o crescimento dos alunos, nos mostra personagens novos que desempenharão papeis importantes nos próximos filmes e tem sua cena final um close, assim como no último filme, mostrando assim quem é o verdeiro responsável pelo sucesso e pelo amor que temos pela série.
Sob um pano de fundo escuro, (um assassinato e a busca pelo corpo), Ceylan nos conduz por paisagens belíssimas, transmitidas em sua total veracidade devida à linda e eficaz fotografia, e nos leva ao fundo de cada pensamento, de cada sentimento humano. Todo o existencialismo contido nas pessoas é revelado, através de uma lembrança mal curada, ou pela difícil rotina levada por nossos protagonistas e que simbolizam os nossos próprios problemas. Nos vemos em cada frase, cada pedaço do filme, Ceylan consegue tirar dos atores atuações incríveis, sublimes, que dão a verossimilhança necessária à película. Clara influência de Tarkovsky no filme, seja pelo teor filosófico ou por seus característicos e incríveis movimentos de câmera, o filme se torna um dos maiores da atualidade. A cena final incrivelmente bem feita, de uma qualidade e impacto grandiosos, mostrando que a tênue linha que separa os mortos dos vivos está sempre ao nosso lado, e que, a qualquer momento, podemos, enfim, passar para o outro lado.
Pela média de 3,8, me leva a crer que, ou as pessoas realmente não gostam de cinema nacional, ou não aproveitam quando há um filme realmente criativo e acima de média nas produções do Brasil. Muito subestimado esse que está, fácil, entre os melhores dos últimos tempos daqui.
O filme é bom, independente de tudo. Eastwood tem mérito, em nenhum momento é piegas e apela para uma trilha sonora para mostrar a verdadeira dor que é a guerra e suas consequências. Não é moralista a ponto de não mostrar uma criança morrendo por uma furadeira. Merecido o premio de edição, que assim como os outros quesitos técnicos, são a melhor parte do filme. Sai do cinema com a sensação de que esperava mais pelo filme, espera mais da atuação do Cooper, que não filme aparece tão caricatural quanto Cumberbatch em The Imitation Game (embora este último incrivelmente maravilhoso no filme). Resultado: um filme bom, que poderia ter sido melhor com um pouco mais de cuidado no roteiro, direção e direção de atores.
Dogville é obra-prima. A narrativa é muito eficiente, 2h50min passam rapidamente, o roteiro é incrível e provavelmente o ponto alto do filme. Trier usou os cenários como ninguém, aliás, toda direção do arte do filme tá impecável. Impecável também como a linda da Nicole Kidman.
ps: cena final incrível, a habilidade do diretor em desenvolver sentimentos controversos, por assim dizer, no espectador te deixa boquiaberto.
Meu primeiro contato com o cinema dos Dardenne reforçou o quanto o cinema francês e expressivo e quanto a Marion Cotillard é maravilhosa. O roteiro e a direção firme dos diretores impede que o filme tome um ar piegas e que se encaminhe para um melodrama barato. Marion incarna com perfeição uma mulher depressiva, prestes a perder o emprego e que está sempre inquieta, não interessa local ou circunstância - a inquietude também mostrada muito bem pela câmera sem tripé, fazendo com que pelos seus movimentos sintamos o nervosismo constante da personagem. A trilha sonora usada pouquíssimas vezes e em momentos certos é outra decisão acertada dos irmãos, impedindo assim a dependência que muitos filmes tem de apelar para a trilha quando querem impor algum sentimento no expectador. O uso da cor azul como sendo a cor da negação o filme inteiro é um detalhe incrível que mostra o trabalho belamente executado por trás das câmeras com a direção de arte, figurino e fotografia. Um filme que retrata o egoísmo e a futilidade da sociedade atual, onde, é preferível comprar móveis e eletrodomésticos do que ajudar uma colega que pode perder muito mais que um simples objeto de casa.
Um dos melhores da safra de premiações de fim de ano. Incrível. Os movimentos de câmera são perfeitos, assim como sua fotografia. Roteiro é bem elaborado, as atuações ao nível do filme, recomendadíssimo.
Filme lindo, sensível, com uma fotografia incrível (minha favorita, dos que vi das premiações). Achei a direção boa, um roteiro simples, mas o que me chamou a atenção foi a Agata Trzebuchowska. O jeito dela, os olhares, gestos. Filme me surpreendeu.
Incrível como a simples presença de J. K. Simmons em cena transforma todo um ambiente antes calmo em uma tensão e nervosismos à flor da pele. A última cena do filme é simplesmente fantástica, onde fiquei alguns minutos ainda extasiado com o que tinha acabado de ver, tamanha a qualidade da cena e dos atores que a atuam. No momento em que percebemos que, o que realmente importa para Fletcher e para Neiman é a música e somente ela, onde os dois passam a trabalhar juntos de forma igualitária a fim executar uma batida perfeita é digna de aplausos, a eles e ao diretor. Desde a montagem, à fotografia e direção funcionam nesse filme. Maravilha de filme.
Partindo da premissa onde os três protagonistas são traficantes de bebidas durante a lei seca dos EUA, podemos pressupor que trata-se de um filme bastante clichê, cheio de ação e diálogos idiotas, onde os mocinhos e seus antagonistas estão bem claros e definidos na tela. Errado. Ou, quase. Baseado na história real dos três irmãos, o filme retrata a história dos Bondurant, e que, para entendermos como eles eram retradados no filme e na história em si, basta olhar o poster da película, onde está escrito "Brothers, Heroes, Gangters". O filme é surpreendente, o roteiro, embora bem elaborado, é onde o filme tropeça, pois, em alguns casos, falta expressões dos personagens, talvez pelo fato de as coisas acontecerem muito rápido na narrativa, o espectador é engolido cena após cena, sem ter tempo de digeri-la. Fato este que diminui, mas não a ponto de o filme perder a grande qualidade em que é feito, em todos os aspectos: direção, roteiro, direção e arte e fotografia. A trilha sonora merece ser citada aqui, pois foi muito bem escolhida, com músicas Country, nos familiarizando com os personagens e, principalmente, com a cidade onde se desenrola o filme. Ponto esse que combinado com a produção belíssima do filme, retratando a época em que o filme é feito em mínimos detalhes e com muita qualidade nas escolhas das locações, onde cito como principais a ponte, onde ocorre talvez a melhor cena do filme e o restaurante onde moravam os irmãos. Este último, palco de uma mese-en-scène fantástica, no momento em que Rakes (interpretado maravilhosamente como o afetado policial por Guy Pierce) faz seu primeiro contato com os "caipiras animalescos" irmãos Bondurant (Forrest). A parte das atuações, já citada acima a de Pierce, saliente a melhor, sem dúvida alguma, para o irmão do meio e líder do bando, Forrest Bondurant (Tom Hardy). que Hardy é um ator maravilhoso todos sabemos, mas o que ele faz nesse filme é fantástico. Forrest não sorri em nenhum momento, apenas esboça algo que poderia ser um sorriso quando seus irmãos vão visita-lo após seu irmão Howard ter falhado com ele e Forrest quase ter sido morto. Ainda contamos com a presença da sempre boa e lindíssima Jessica Chastain e o novato (ou nem tanto Shia LaBeouf). Enfim, um filme um tanto subestimado, com um diretor sem muita experiência mas com grande talento (vide The Road) muito bom filme apocalíptico, e com a atuação maravilhosa do nosso herói Forrest, contando com a passada de Gary Oldman como o gangster Floyd Banner.
Obra-prima do cinema, figura entre os melhores da década. A habilidade do Del Toro é enorme, a qualidade da narrativa é primorosa, o roteiro é engenhoso: duas histórias completamente diferentes ocorrem simultaneamente - os rebeldes lutam contra o regime totalitário durante o fim da guerra civil espanhola e Ofélia, uma menina ingênua e indefesa desbrava o mundo subterrâneo seguindo missões dados por um Fauno. O filme é fantástico, Del Toro desenvolve os dois lados em equilíbrio, nenhum se sobressai. A fotografia do filme está impecável, em conjunto com a trilha sonora e as atuações (destaco aqui o Sergi López como Capitão Vidal) que está perfeito. Um filme onde tudo funciona, venceu três Oscar e foi, mais que merecido, aplaudido durante 22 minutos em Cannes.
O jeito que Noé nos coloca nesse filme é destruidor. A câmera girando foi o ápice da genialidade do diretor para fechar os aspectos visuais desse que é um dos melhores filmes da década. Filme extremamente pesado, com atuações a beira da exaustão, como disse Bellucci, o que trouxe mais veracidade a obra. Narrativa diferente, mas que não interfere no entendimento do filme. Precisa-se de um tempo para se recompor após assistir a esse que é a obra-prima de Noé.
Obra monumental de Ruiz, com uma fotografia lindíssima. O uso das locações é perfeito, a câmera com pouca luz retrata muito bem o ambiente quase claustrofóbico em que as diversas e complexas histórias acontecem e se cruzam. Atuações ao nível que o filme exige, e ainda com a participação da sempre maravilhosa Léa Seydoux. As 4 horas e meia de filme passam num piscar de olhos, tamanha a qualidade da narrativa (não-linear) de Raúl Ruiz.
Incrível a capacidade do Furtado de fazer documentários (vide Ilha da Flores), que é um curta sensacional tanto quanto esse. Baita filme desse baita diretor gaúcho, falando de um assunto extremamente atual, embora utilizando a peça de Ben Jonson feita no séc XVII. (A mulher que estampa o cartaz é lindíssima).
Obra-prima dos Coens (cujo filmes ainda não vi um ruim) com atuação muito boas - Bardem nem se fala - com um roteiro e fotografia muito bons. Totalmente merecido o Oscar.
Leviatã
3.8 299Se o mundo preocupa-se com a Rússia atual, os próprios russos preocupam-se muito mais com os muitos problemas enfrentados, e é isso que vemos em Leviatã, grande filme do diretor Andrei Zvyagintsev, injustiçado pela Academia - mas isso não importa.
O filme começa com muitas imagens da água, que em seu sentido habitual remete à limpeza/purificação, o que parece ser o que os personagens e o próprio diretor anseiam. Ao fim da sequência, embalada por uma trilha sonora forte, melancólica, vemos os destroços de uma embarcação, que poderia facilmente ser interpretada como uma metáfora para sociedade, destruída pelo Leviatã, maior monstro dos mares, no caso, o poder público e seus governantes.
Acompanhamos as sequências dirigidas magistralmente com planos detalhes cheios de significado, como quando um religioso e o prefeito conversam sobre o poder divino, em uma hipocrisia gigantesca e temos um zoom in onde chegamos a um close em um busto de Jesus Cristo. Aliás, zoons in são muito usados no filme - talvez uma influência do cinema do conterrâneo do diretor, Andrei Tarkovsky, e que são muito bem empregados, além de belíssimos em cena.
O estudo de personagem no filme é fantástico: temos o poder público em toda sua sujeira e hipocrisia, em uma clara alusão ao atual presidente da Russia, Vladimir Putin, e não é por acaso que vemos em um plano o atual prefeito em pé, dentro de seu gabinete, alinhado com um retrato de Putin na parede. Há o Kolia, personagem central o filme que sofre com a burocracia e a injustiça do prefeito que quer tomar-lhe a casa, com uma mulher infeliz que acaba por envolver-se com seu irmão, que veio de Moscou a fim de defende-lo nas audiências. Tem problemas com seu filho, cuja madrasta não reconhece e vê no tio uma figura de respeito não encontrada dentro de casa.
Toda projeção feita em planos longos, muitos silenciosos, e com isso o diretor nos passa a sensação de verossimilhança, nos transpondo para a película a fim de nos familiarizarmos com os personagens e suas personas. E é assim que vemos a infelicidade da mulher mesmo quando vai ao quarto do cunhado, vemos o filho de Kólia em uma igreja abandonada fumando e bebendo com os amigos, infeliz em sua vida. Vemos o irmão de Kolia, responsável em seus afazeres, dedicado ao irmão mas não consegue conter a vontade de ficar com sua mulher.
O roteiro é seguro, com diálogos bons, atuações belíssimas, com apelo maior ao casal, ambos maravilhosos, como em uma cena onde uma amiga do casal pergunta à mulher o que havia acontecido e esta não consegue responder, apenas com o olhar mostra sua insatisfação. Ou o marido, em uma conversa com o padre local, visivelmente abalado perguntando por Deus.
SPOILER
A película mostra, de modo cru, como a política e a igreja unem-se para conquistarem o que querem sem medir consequência alguma. Nas cenas finais, vemos as mesmas imagens que deram início ao filme, demonstrando a total apatia da sociedade diante do monstro que é o poder público, mostrando que o tempo passa mas as ações necessárias para mudanças não ocorrem. É triste quando vemos apenas a carcaça de um animal na praia com o filho de Kólia ao lado, quase que um aviso ao futuro do menino e é de modo brutal que vemos em um dos últimos planos, a casa destruída para a construção do centro da mentira, vergonha e da corrupção, a Igreja.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraEm um lugar dominado por blockbusters de qualidade duvidosa, eis que surge Mad Max: Fury Road pra acabar de vez com seus "rivais". George Miller da uma aula aos diretores e roteiristas de filmes de ação atuais, mostrando que não é necessário frases de efeito, cortes a cada segundo e personagens clichês e caricatos para compor um grande filme de ação.
O filme é genial quando, no primeiro ato vemos uma sessão quase que ininterrupta de ação e, de repente, uma calmaria no meio do deserto. Após um breve período de tempo, retomamos a ação sem fim, insana em todos seus aspectos, e chegamos ao final extasiados, e ainda continuamos durante um tempo tamanho seu impacto no expectador. E essa construção, desconstrução e reconstrução da tensão/ação do filme é brilhante e difícil de ser executada a fim de não prejudicar a narrativa.
Tom Hardy está igualmente fantástico nesse como na maioria de sua filmografia, dividindo cena com a igualmente fantástica Charlize Theron, num filme equilibrado até nas questões sociais (não há distinções entre homens e mulheres), fato esse que deveria ser adotado pelas muitas sociedades atuais.
A edição e mixagem de som logicamente impecáveis no filme, até nos momentos de silêncios, com pausas nos momentos certos (não é preciso trilha os 120min de projeção) e com sons diegéticos ou não incrementando às cenas de ação sequências memoráveis, como a luta entre os dois protagonistas, uma das melhores cenas do filme.Junto a isso, a fotografia com belos planos abertos, mostrando a dimensão de seus personagens em cena, e, se visto no IMAX, o que eleva a obra já incrível a um patamar talvez inatingível nos filmes de ação, as vezes temos que virar a cabeça para contemplar todo plano, tamanha a dimensão proporcionada por Miller e seu diretor de fotografia.
Verossímil em vários pontos já que não vemos nenhum personagem dando saltos imensos, quase que voando e então chegando no lugar desejado sem esforço, pelo contrário, a dificuldade é constante no filme o que nos eleva a uma tensão enorme que só acalmada no fim da projeção. Sem mortes superficiais ou que soassem caricatas, o filme mantém-se fiel ao que se propõe, fazendo deste, sem sombra de dúvida, um dos maiores filmes de ação da história do cinema.
Na Roda da Fortuna
3.6 97Recorrente na filmografia dos irmãos Coen, que estão entre os melhores de sua geração, uma comédia de humor negro, quase que em tom fabular, sobre um rapaz que, de repente, torna-se presidente de uma das maiores empresas dos Estados Unidos.
A premissa permite aos diretores abordarem temas como ganância, egoísmo, depressão, amor, ética e outros valores de modo divertido, escrito primorosamente como todos seus outros filmes e nunca soar caricato.
As cenas com efeitos especiais não sem nenhum maravilha digna de blockbusters, entretanto, tem função narrativa, a partir do ponto em que a história flerta com a fantasia em alguns momentos, dando o tom "fabular", citado acima.
As atuações seguras dirigidas pelos irmãos nos contam uma história muito bonita, em um mundo onde a ganância só aumenta, e a cada dia vamos perdendo a capacidade de aproveitar as simplicidades da vida, como ir em um bar de sucos naturais, no ano novo, e ficar com a pessoa que mais gostamos.
O Desejo da Minha Alma
3.6 10 Assista AgoraO diretor consegue, através de enquadramentos inusuais e closes, nos transportar para às ações da película, desse jeito, nos tornamos personagens na história, e vivenciamos os dramas como se fossem nossos. Como típico do cinema oriental, planos longos e silenciosos contribuem para o drama familiar, e é lindo como vemos que os irmãos continuam unidos mesmo com tanto sofrimento.
Os personagens são bem aprofundados e vemos as facetas de cada um vir a tona ao longo da projeção, dando sempre, naturalidade às ações, como no caso do filho do casal que sente-se excluído com a chegada do casal de primos à sua casa e com o tempo demonstra seu egoísmo. Como o avô é o parente central, carinhoso, que trata todos como iguais. Como a tia, que agora se torna mãe, sente a falta de uma filha do mesmo sexo e se deleita ao pentear o cabelo da sobrinha, e como, na cena final, incrivelmente emocionante, vemos o irmão segurando uma flor diante de sua irmã caída, mostrando a força da amizade entre os dois superando diversas barreiras.
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraUm filme que tem um roteiro estruturado, criativo e atemporal. Poucos diálogos deixam as imagens falarem por si só, e conforme o tempo passa, começamos a duvidar da realidade que está acontecendo. Desde a primeira cena (efeitos especiais durante todo o filme são incríveis, feitos de forma minimalista, simples, utilizando cores primarias que acabam por dar um sentido surreal ainda mais impactante), vemos a luta pela descoberta do próprio corpo e sentidos.
O fato do diretor não dar muitas respostas ao que acontece permite ao espectador interpretar livremente a maneira como a personagem leva a vida, e é incrível quando vemos que, com a convivência na Terra, ela passa realmente a parecer-se com nós, seja pelo fato de tentar comer, ou se olhar no espelho de forma totalmente ingênua, ou, na cena mais bonita do filme, quando ela está prestes a transar com o homem que a acolhe, percebemos que ela está totalmente envolvida no ato, ou seja, quase que totalmente humana, só não completamente por causa de sua natureza.
A personagem principal, aliás, Scarlett está magnífica, como sempre, e nos concebe uma atuação maravilhosa, dirigida pela mão segura do diretor. E essa qualidade é ressaltada nas cenas silenciosas, onde apenas com olhares e movimentos ela nos mostra sua qualidade, seja na cena em que se olha no espelho, ou quando tenta comer, ou quando conversa com os homens antes de os levarem à sua casa, mostrando uma ingenuidade falsa para conseguir o que ela quer - mais um "maneirismo" do ser humano.
Cada um dos personagens que aparecem em cena revelam uma faceta da humanidade, e é incrível como vemos quando ela "libera" um homem que sua armadilha pelo fato de ele ser uma exceção na Terra, não por ser feio, mas por ser puro, por ser sensível. É fascinante ver essa descoberta dela, como uma criança em um mundo de adultos.
SPOILER: A cena final mostra que, se ela, que talvez fosse uma raça superior à nossa pode padecer diante de um humano, é porque nós somos os principais vilões da história. Após um ato covarde, mata-a, sem nenhum remorso. E é triste vê-la naquele estado, pois nos importamos com ela, porque ela, embora de outra dimensão, é mais humana, sensível e sentimental do que os próprios humanos.
As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto
4.1 28Espero por obra-prima.
Harry Potter e o Enigma do Príncipe
4.0 1,7K Assista AgoraInfelizmente nem todos conseguem aproveitar esse filme, que é, com certeza, um dos melhores da saga. Yates é um diretor muito inteligente, e vemos isso logo no inicio, mesmo que seja uma cena sem sentido inventada provavelmente por Kloves, -Harry no metro- é uma cena genial, quando vemos Dumbledore olhando um outdoor, que além de vermelho, onde remete à violência constante no mundo atual bruxo e trouxa, está escrito algo relacionado à magia, dessa forma mostrando ao espectador que a linha tênue que divide os mundos está prestes a cair, como vemos nas primeiras imagens de Londres com os Comensais da Morte.
Quando vemos o trio conversando, em um enquadramento pequeno, percebemos o quão juntos eles sempre estiveram e ainda estão, além de um zoom in acompanhar a tensão da conversa e um zoom out mostrar o relaxamento, após uma piada de Rony. Isso mostra o quão inteligente é o diretor, tendo domínio sob todos os aspectos do filme. A direção de fotografia, apostando acertadamente numa paleta escura em todos os momentos, onde nem no salão comunal, onde há milhares de velas, estas não consegue iluminar os alunos, mostra o quanto de escuridão já se apossou de Hogwarts, que costumava ser um lugar seguro. Designer de produção impecável em todas locações e cenários, como o Beco Diagonal, criando um contraste com a loja dos irmãos Wesley (assim como Cuarón criou com a Dedos de Mel no terceiro filme.)
Um filme que em nada se parece com os seus antecessores, nem a música de John Williams aparece no filme e com isso Yates nos mostra que sim, temos que nos preocupar, pois a ascensão do Lorde das Traves é algo iminente.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
4.2 1,6K Assista AgoraA partir do momento em que Cuarón assume a direção da franquia, o filme encerra relações com um universo infantil e com efeitos precários dos dois primeiros filmes (que são bons, mas deixam a desejar na parte técnica). Cuarón trás o silêncio às cenas, mai veracidade e humanidade aos personagens, como por exemplo nas cenas em que os alunos conversam e brincam no dormitório despreocupados. Cuarón é ousado e utiliza inclusive pequenos planos-sequência, que além de exercerem função narrativa, contribuem para um filme autoral do diretor, algo que não é utilizado em filmes "blockbusters" e que visam um público infanto-juvenil. Os dementadores, na sua primeira aparição na saga, são crituras terríveis, são pauta de um discurso incrivelmente maravilhoso composto por Dumbledore e são, em si, criaturas maravilhosamente bem feitas, dignas de um grande filme de terror, criaturas que geram desconforto e medo no espectador. A narrativa, cheia de reviravoltas levada brilhantemente pela mão firme do diretor tem seu clímax numa das maiores cenas de todos os filmes, na Casa dos Gritos (onde a direção de arte e o designe de produção em geral mostram todo seu valor) criando uma atmosfera de suspense de tirar o fôlego. Um filme que marca o crescimento dos alunos, nos mostra personagens novos que desempenharão papeis importantes nos próximos filmes e tem sua cena final um close, assim como no último filme, mostrando assim quem é o verdeiro responsável pelo sucesso e pelo amor que temos pela série.
Era Uma Vez na Anatólia
3.8 60Sob um pano de fundo escuro, (um assassinato e a busca pelo corpo), Ceylan nos conduz por paisagens belíssimas, transmitidas em sua total veracidade devida à linda e eficaz fotografia, e nos leva ao fundo de cada pensamento, de cada sentimento humano. Todo o existencialismo contido nas pessoas é revelado, através de uma lembrança mal curada, ou pela difícil rotina levada por nossos protagonistas e que simbolizam os nossos próprios problemas. Nos vemos em cada frase, cada pedaço do filme, Ceylan consegue tirar dos atores atuações incríveis, sublimes, que dão a verossimilhança necessária à película. Clara influência de Tarkovsky no filme, seja pelo teor filosófico ou por seus característicos e incríveis movimentos de câmera, o filme se torna um dos maiores da atualidade. A cena final incrivelmente bem feita, de uma qualidade e impacto grandiosos, mostrando que a tênue linha que separa os mortos dos vivos está sempre ao nosso lado, e que, a qualquer momento, podemos, enfim, passar para o outro lado.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraPela média de 3,8, me leva a crer que, ou as pessoas realmente não gostam de cinema nacional, ou não aproveitam quando há um filme realmente criativo e acima de média nas produções do Brasil. Muito subestimado esse que está, fácil, entre os melhores dos últimos tempos daqui.
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraO filme é bom, independente de tudo. Eastwood tem mérito, em nenhum momento é piegas e apela para uma trilha sonora para mostrar a verdadeira dor que é a guerra e suas consequências. Não é moralista a ponto de não mostrar uma criança morrendo por uma furadeira. Merecido o premio de edição, que assim como os outros quesitos técnicos, são a melhor parte do filme. Sai do cinema com a sensação de que esperava mais pelo filme, espera mais da atuação do Cooper, que não filme aparece tão caricatural quanto Cumberbatch em The Imitation Game (embora este último incrivelmente maravilhoso no filme). Resultado: um filme bom, que poderia ter sido melhor com um pouco mais de cuidado no roteiro, direção e direção de atores.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraDogville é obra-prima. A narrativa é muito eficiente, 2h50min passam rapidamente, o roteiro é incrível e provavelmente o ponto alto do filme. Trier usou os cenários como ninguém, aliás, toda direção do arte do filme tá impecável. Impecável também como a linda da Nicole Kidman.
ps: cena final incrível, a habilidade do diretor em desenvolver sentimentos controversos, por assim dizer, no espectador te deixa boquiaberto.
Dois Dias, Uma Noite
3.8 543Meu primeiro contato com o cinema dos Dardenne reforçou o quanto o cinema francês e expressivo e quanto a Marion Cotillard é maravilhosa. O roteiro e a direção firme dos diretores impede que o filme tome um ar piegas e que se encaminhe para um melodrama barato. Marion incarna com perfeição uma mulher depressiva, prestes a perder o emprego e que está sempre inquieta, não interessa local ou circunstância - a inquietude também mostrada muito bem pela câmera sem tripé, fazendo com que pelos seus movimentos sintamos o nervosismo constante da personagem. A trilha sonora usada pouquíssimas vezes e em momentos certos é outra decisão acertada dos irmãos, impedindo assim a dependência que muitos filmes tem de apelar para a trilha quando querem impor algum sentimento no expectador. O uso da cor azul como sendo a cor da negação o filme inteiro é um detalhe incrível que mostra o trabalho belamente executado por trás das câmeras com a direção de arte, figurino e fotografia. Um filme que retrata o egoísmo e a futilidade da sociedade atual, onde, é preferível comprar móveis e eletrodomésticos do que ajudar uma colega que pode perder muito mais que um simples objeto de casa.
Tangerinas
4.3 243Um dos melhores da safra de premiações de fim de ano. Incrível. Os movimentos de câmera são perfeitos, assim como sua fotografia. Roteiro é bem elaborado, as atuações ao nível do filme, recomendadíssimo.
Ida
3.7 439Filme lindo, sensível, com uma fotografia incrível (minha favorita, dos que vi das premiações). Achei a direção boa, um roteiro simples, mas o que me chamou a atenção foi a Agata Trzebuchowska. O jeito dela, os olhares, gestos. Filme me surpreendeu.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraIncrível como a simples presença de J. K. Simmons em cena transforma todo um ambiente antes calmo em uma tensão e nervosismos à flor da pele. A última cena do filme é simplesmente fantástica, onde fiquei alguns minutos ainda extasiado com o que tinha acabado de ver, tamanha a qualidade da cena e dos atores que a atuam. No momento em que percebemos que, o que realmente importa para Fletcher e para Neiman é a música e somente ela, onde os dois passam a trabalhar juntos de forma igualitária a fim executar uma batida perfeita é digna de aplausos, a eles e ao diretor. Desde a montagem, à fotografia e direção funcionam nesse filme. Maravilha de filme.
Os Infratores
3.8 895 Assista AgoraPartindo da premissa onde os três protagonistas são traficantes de bebidas durante a lei seca dos EUA, podemos pressupor que trata-se de um filme bastante clichê, cheio de ação e diálogos idiotas, onde os mocinhos e seus antagonistas estão bem claros e definidos na tela. Errado. Ou, quase. Baseado na história real dos três irmãos, o filme retrata a história dos Bondurant, e que, para entendermos como eles eram retradados no filme e na história em si, basta olhar o poster da película, onde está escrito "Brothers, Heroes, Gangters".
O filme é surpreendente, o roteiro, embora bem elaborado, é onde o filme tropeça, pois, em alguns casos, falta expressões dos personagens, talvez pelo fato de as coisas acontecerem muito rápido na narrativa, o espectador é engolido cena após cena, sem ter tempo de digeri-la. Fato este que diminui, mas não a ponto de o filme perder a grande qualidade em que é feito, em todos os aspectos: direção, roteiro, direção e arte e fotografia.
A trilha sonora merece ser citada aqui, pois foi muito bem escolhida, com músicas Country, nos familiarizando com os personagens e, principalmente, com a cidade onde se desenrola o filme. Ponto esse que combinado com a produção belíssima do filme, retratando a época em que o filme é feito em mínimos detalhes e com muita qualidade nas escolhas das locações, onde cito como principais a ponte, onde ocorre talvez a melhor cena do filme e o restaurante onde moravam os irmãos. Este último, palco de uma mese-en-scène fantástica, no momento em que Rakes (interpretado maravilhosamente como o afetado policial por Guy Pierce) faz seu primeiro contato com os "caipiras animalescos" irmãos Bondurant (Forrest).
A parte das atuações, já citada acima a de Pierce, saliente a melhor, sem dúvida alguma, para o irmão do meio e líder do bando, Forrest Bondurant (Tom Hardy). que Hardy é um ator maravilhoso todos sabemos, mas o que ele faz nesse filme é fantástico. Forrest não sorri em nenhum momento, apenas esboça algo que poderia ser um sorriso quando seus irmãos vão visita-lo após seu irmão Howard ter falhado com ele e Forrest quase ter sido morto. Ainda contamos com a presença da sempre boa e lindíssima Jessica Chastain e o novato (ou nem tanto Shia LaBeouf).
Enfim, um filme um tanto subestimado, com um diretor sem muita experiência mas com grande talento (vide The Road) muito bom filme apocalíptico, e com a atuação maravilhosa do nosso herói Forrest, contando com a passada de Gary Oldman como o gangster Floyd Banner.
O Labirinto do Fauno
4.2 2,9KObra-prima do cinema, figura entre os melhores da década. A habilidade do Del Toro é enorme, a qualidade da narrativa é primorosa, o roteiro é engenhoso: duas histórias completamente diferentes ocorrem simultaneamente - os rebeldes lutam contra o regime totalitário durante o fim da guerra civil espanhola e Ofélia, uma menina ingênua e indefesa desbrava o mundo subterrâneo seguindo missões dados por um Fauno.
O filme é fantástico, Del Toro desenvolve os dois lados em equilíbrio, nenhum se sobressai. A fotografia do filme está impecável, em conjunto com a trilha sonora e as atuações (destaco aqui o Sergi López como Capitão Vidal) que está perfeito. Um filme onde tudo funciona, venceu três Oscar e foi, mais que merecido, aplaudido durante 22 minutos em Cannes.
Irreversível
4.0 1,8K Assista AgoraO jeito que Noé nos coloca nesse filme é destruidor. A câmera girando foi o ápice da genialidade do diretor para fechar os aspectos visuais desse que é um dos melhores filmes da década. Filme extremamente pesado, com atuações a beira da exaustão, como disse Bellucci, o que trouxe mais veracidade a obra. Narrativa diferente, mas que não interfere no entendimento do filme. Precisa-se de um tempo para se recompor após assistir a esse que é a obra-prima de Noé.
Mistérios de Lisboa
4.1 23Obra monumental de Ruiz, com uma fotografia lindíssima. O uso das locações é perfeito, a câmera com pouca luz retrata muito bem o ambiente quase claustrofóbico em que as diversas e complexas histórias acontecem e se cruzam. Atuações ao nível que o filme exige, e ainda com a participação da sempre maravilhosa Léa Seydoux. As 4 horas e meia de filme passam num piscar de olhos, tamanha a qualidade da narrativa (não-linear) de Raúl Ruiz.
O Mercado de Notícias
4.0 45Incrível a capacidade do Furtado de fazer documentários (vide Ilha da Flores), que é um curta sensacional tanto quanto esse. Baita filme desse baita diretor gaúcho, falando de um assunto extremamente atual, embora utilizando a peça de Ben Jonson feita no séc XVII. (A mulher que estampa o cartaz é lindíssima).
O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0KWes Anderson eh genio. Os cenarios, fotografia, roteiro, direção, Ralph Fiennes... Baita filme, porem, ainda prefiro Moonrise Kingdom
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista AgoraObra-prima dos Coens (cujo filmes ainda não vi um ruim) com atuação muito boas - Bardem nem se fala - com um roteiro e fotografia muito bons. Totalmente merecido o Oscar.
Diamante de Sangue
4.0 969 Assista AgoraBaita filme com atuação sempre ótima do DiCaprio