Ambulância não é um filme tão ruim na filmografia do Michael Bay. Aliás, ele funciona quase como uma homenagem involuntária ao cinema de Tony Scott e um flerte com o que Michael Bay fazia nos anos 90. É um filme de ação de situação limite, com bastante tensão envolvida, apesar de ser um pouco confuso e piegas em alguns (muitos) momentos. Poderia ser mais curto sim, principalmente depois que o filme "acaba", mas é inegável que, numa época em que o cinema de ação vive apenas de franquias megalomaniacas e quase todos os filmes se parecem, chega a ser um frescor ver esse filme e (não acredito q hj digo isso) concluir que Michael Bay se mantém fiel ao seu estilo, tornando esse um filme um bocado diferente do que vemos nos dias atuais.
a personagem q sobreviveu a um massacre em escola e tem aversão a armas durante o filme tem um desenvolvimento que é descobrir que apenas armas podem protegê-la. Ao final do filme ela pega a espingarda e vai resolver sozinha o problema como a fodona, deixando pra trás seu trauma, percebendo enfim que sua aversão a armas pode lhe matar. Nem quero entrar no merito em como essa sua aversão é mal desenvolvida, por enquanto comento só isso.
Para alguém que convive com alguém que trabalha com pornografia como eu, é sempre muito vergonhoso ver as cenas da Danielle sendo sexy o tempo inteiro. A atuação dela é um pouco boba, completamente fetichizada. Mas esse filme é divertido. É uma comédia sem ser muito engraçada, mas você se envolve com os dramas dos personagens, apesar de não ter coadjuvantes muito desenvolvidos, o filme te oferece o suficiente para se importar com eles. O "tripé" de amigos é bem convincente. Mas o filme brilha no clímax. Eu vi esse filme pela primeira vez na infância e esse clímax era a única coisa que eu lembrava. É muito bom, melhor que muito filme de ação por aí. Se você consegue superar o fato da Danielle dar certa vergonha alheia em alguns momentos e o filme ser puro fetiche adolescente cis allo, é bem divertido.
Você não senta para ver esse tipo de filme esperando uma história completa, arcos de personagens e grande trama. Você senta para ver os jogos, se divertir com os personagens básicos que não passam disso e vê-los morrer, um por um, no grande estilo clássico de gente morrendo pelo caminho.
E esse filme tem a façanha de continuar divertido. É bem legal ver as salas e ver os personagens dando um jeito de escapar. Elas continuam mortais, criativas e não são mais exageradas do que já eram no primeiro filme. Acaba sendo repetitivo sim vendo esse esquema de 1 sala, 1 morte, mas tem uma tensão gostosa.
Tirando a subtrama da filha do criador dos jogos e a reviravolta idiota no final, o filme é bem aproveitável. Não é um filme que você senta para aproveitar uma baita história. É para se divertir com mortes absurdas e cenas boas de tensão. Tem tudo para ser uma franquia de horror não memorável, mas boa de ver com os amigos, da mesma maneira que Premonição ou Jogos Mortais eram antes de ficarem cansativos demais.
Geralmente detesto filmes de heróis, mas esse me ganhou com uma coisa em particular: não é pretensioso. Não se leva a sério demais e não tenta criar uma história maior do que esse próprio filme. Super funciona como uma história contida em si mesmo, sem precisar se ligar a imensos universos cinematográficos onde você precisa ter visto 15 filmes antes pra entender aquela ceninha em plano de fundo no final do filme (sim, Marvel, eu tenho opiniões fortíssimas contra o seu estilo de fazer filmes) e não precisa de 30min mostrando um futuro como um trailer nesse próprio filme (Sim, Justice League Snyder Cut, aquele seu final não me desce). Esse filme é o que é: UM filme de herói que é apenas um filme.
Um Lugar Silencioso foi um filme surpreendente em 2018 e esse era um filme aguardadissimo, ainda mais esperado pelos adiamentos por conta da pandemia. E, depois de tanta expectativa e curiosidade, veio esse filme novo e...
...me frustrei.
O problema desse filme não é uma decisão ou outra, mas algo mais profundo, estrutural: o filme não adiciona em nada com relação ao anterior. No primeiro filme havia um arco ali, os personagens se moviam em prol de alguma e saíam mudados, como bons personagens fazem. Mas esse filme veio e tudo continuou a mesma coisa. Como uma pequena crônica, um interlúdio ou um epílogo.
não a toa o final desse filme é idêntico ao final do primeiro. Os personagens apenas viajam mais uma vez, encontram alguns bichos, o menino se fere e eles se separam. Se ao menos a ilha onde ficam contniuasse segura e eles conseguissem levar a mãe, ao menos a história chegaria a um fim. Mas o filme termina bruscamente e não há a adição de nada relevante na história dessa família. Se por um acaso ocorresse um terceiro filme, continuariam no mesmo ponto em que começaram esse: apenas uma família viajando e buscando a sobrevivência tal qual o final do primeiro.
John Krasinski é eficaz na direção, consegue manter a tensão bem e o novo personagem é interessante o suficiente pra nos envolver. Tem um bocado de situações aqui que nos deixa na ponta da cadeira e uma em particular onde ocorrem transições ótimas, decisão perfeita de direção e edição.
Mas é isso, o filme é vago e, quando termina, a gente se sente enganado, naquela sensação de que perdemos 90min não acompanhando nada. Não há motivos para esse filme existir a não ser a pressão de produtores após o ótimo primeiro filme
Qualquer técnica diferente deve ter um motivo para existir dentro de um filme. Seja a escolha em preto e branco, uma montagem diferente ou um filme emulando um plano-sequência. Nunca deve ser a forma pela forma. Esse filme, em contrapartida, só assume o plano-sequência como uma forma de tornar espetáculo um filme que tem a oferecer... nada.
Tecnicamente, 1917 é um filme interessante. Os dois planos-sequências que compõem o filme são um espetáculo, mas eles servem para mascarar o fato de que o filme não tem nada a oferecer. E não digo que esse filme devesse ter uma história incrível ou inovadora, mas faça um exercício: imagine esse filme sem o plano-sequência. Você terá apenas um filme de guerra genérico, com personagens não tão interessantes assim por serem rasos, uma estrutura de videogame sem graça e clichês infinitos.
Inclusive o clichê do soldado que lê a carta da família e morre depois existe aqui, para se ter uma noção.
O problema é que esse filme era para funcionar como um simples filme de guerra. Um de ação, com cenas bonitas e empolgantes, mas ele tenta ser mais do que ele é. Ele é pretensioso ao mostrar os "horrores da guerra" que já vimos meia centena de vezes antes em qualquer filme de guerra, ele cria cenas para contemplação onde deveria ter cenas de ação empolgantes, o que torna o filme insípido. Nem como filme de ação descerebrado ele funciona por ter pouca ação de verdade, optando por ser "contemplativo" e "genial".
É um filme que mais parece ser dirigido pelo Roger Deakins que por Sam Mendes. A câmera é um personagem muito mais interessante que qualquer um dos atores na tela. Se o filme abraçasse de vez os clichês e a ação, seria melhor. 1917 mira no "Além da Linha Vermelha" e acerta em um "Rambo", só que mais insosso e sem o carisma do Stallone.
Filme muito divertido da Netflix. Não tem uma história inovadora nem nada do tipo; são coisas que já vimos meia centenas de vezes em mais meio milhão de filmes. Mas é contado de um jeito gostoso de se assistir, é engraçado. Na verdade o filme peca um pouco com alguns personagens, preferindo não desenvolver ninguém além do próprio Rudy Ray Moore, o que é uma pena, porque todos os atores estão muito bem, destaque para Da'Vine Joy Randolph e Wesley Snipes. Mas, apesar dos problemas, o acerto maior do filme é o Eddie Murphy. Ele suga todo o filme para sua própria figura, não te permitindo prestar atenção em qualquer coisa. A figura de Rudy já é carismática por si só e o Eddie acerta todos os timings das piadas, tem uma expressão corporal muito grande. Esse filme já vale a pena, por si só, pela presença do Eddie Murphy. Você termina o filme desejando mais, sem nem perceber que já passou os 118 minutos de filme. Você termina querendo assistir Dolemite e ver mais de Eddie Murphy na pele de Rudy Ray Moore.
Impossível não lembrar de Abbas Kiarostami ao assistir esse filme. Tanto pela poética quanto pela relação metalinguistica, o documentário não-documentário. Mas mesmo um filme que lembra tanto o diretor iraniano também difere demais dele, tornando-se único. "Viajo porque preciso, volto porque te amo" é uma das coisas mais profundas que assisti nos últimos tempos. Os monólogos são muito bem escritos e cortantes. Eles te atingem como um soco. É como ler uma poesia no fim do mundo.
A solidão do nordeste e das pessoas que vivem naquela terra seca se mistura com a solidão do personagem principal após ter sido abandonado pela esposa. Ele segue para sua viagem para esquecê-la, mas como conseguir esquecê-la em um lugar onde todos são solitários? A solidão o permeia também e ele tenta se perder no trabalho, não consegue; perde-se com prostitutas, mas até elas lembram a ele que o amor é o que roda suas vidas solitárias. Sua viagem de quatro semanas torna-se seis e ele não consegue prosseguir. Ele só volta para trás. Só consegue ver flores e pessoas.
A voz de Irandhir Santos é uma coisa maravilhosa, o tom monocórdio, com poucas mudanças, deixa tudo naquele tom de marasmo que o filme pede, ao mesmo tempo que nos entrega toda a personalidade do personagem. Toda a sua angústia. As imagens do nordeste são belíssimas. Bucólicas. Melancólicas. "Viajo porque preciso, volto porque te amo" é um filme sobre a solidão do nordeste, sobre o povo da beira de estrada, e da solidão do homem. É um filme sobre o Brasil, mas também é um filme sobre a figura humana. Um filme de 70min com mais profundidade que muita coisa vista por aí. É a beleza da poesia de um homem só.
Lords of Chaos é um filme interessante, e tem umas cenas realmente muito boas, mas o começo do filme é o pior. É cansativo no início a voz em off e um tanto preguiçosa, contando o filme mais do que deixando-o acontecer mesmo. Mas o filme melhora quando essa voz termina. E aí então o filme se mostra.
É muito interessante ver como o Euronymous só criou o black metal pra ele ser o que é mesmo: um espetáculo. Apenas uma forma de vender mostrando cara de mal. A morte de Pelle foi o que alavancou essa fama "má" a volta do Mayhen. No fim, ainda é música, mesmo sendo tratada como se fosse algo além. É o que muita gente busca, uma forma de fugir da realidade, de lutar contra o sistema ou contra aquilos que os envolve (e é o que o próprio Euronymous fala durante o filme quando diz que vivia em sua própria fantasia). O problema mesmo é quando isso sai do controle, fazendo as pessoas seguirem aquilo como algo verdadeiro, levado para a vida.
O filme tem uma edição ótima, que deixa o filme veloz, mas não corrido. O show do Mayhen no início do filme mostra bastante isso, seus cortes são precisos e bem feitos. Em contrapartida, há sim algumas atuações vergonhosas. Mas com esses altos e baixos, ainda acho um filme bom, uma ótima história sobre ideias que saem do controle.
E o final é ótimo, aquela perseguição do Varg, a cena que o Euronymous tenta destrancar a porta enquanto o Varg bebe leite com nescau é muito tensa. Uma aula de como fazer um suspense/terror
Bird Box é um filme interessante, por mais que ele soe clichê, em boa parte dele. Há muitas personagens rasas, que só servem como ferramenta. O homem que mantém a liderança, a policial durona, o homem que quer sobreviver sozinho, todo esse lero-lero. O criativo do filme, principalmente, são os monstros. Mas mesmo eles são desimportantes. Porque o ponto principal do filme é outro.
O filme não é sobre monstros que estão por aí fazendo as pessoas se matarem. Não é importante saber de onde eles vieram. O ponto chave do filme é sobre a aceitação da maternidade por parte da Malorie. Ela inicia o filme sem se importar muito com o fato de estar grávida. Pensa em doar o filho para a adoção. Mas com o passar do filme e das situações traumáticas, manter as crianças vivas - a dela e a de uma mulher com quem ela criou um laço (laço superficial no filme, mas é um). Isso fica muito claro quando, na cena do barco, ela diz que alguém precisa tirar a venda e olhar. E que ela vai escolher. Ela pensa em deixar a menina olhar, afinal, a garota não é filha legítima dela. Mas ela não escolhe ninguém. Não escolhe porque ali ela já se aceitou como mãe. Como a mãe do Boy, o filho dela, e como mãe também da Girl, a garota que ela cuidou desde a infância. Ao fim do filme, as crianças recebem nomes, porque ali, para Malorie, elas se tornam pessoas, seus próprios filhos. Não pessoas que ela deveria manter a responsabilidade, que deveria permitir viver à todo custo. A viagem de barco pelo rio não é apenas uma viagem fugindo dos monstros. É uma viagem por toda a aceitação difícil que é a maternidade.
Adoro como esse filme vai completamente contra o típico nacionalismo americano que existia no gênero western na época. Não há uma população de cidadãos que se viram contra o inimigo na hora que precisa, defendendo seu povo e sua cidade. Há pessoas medrosas, com medo de, à chegada de Frank Miller, serem assassinadas. Então elas mentem, inventam desculpas, tudo para não ajudar Kane no seu duelo contra quatro pessoas. Uma situação bem mais real, o que deixa o filme bem mais pé no chão. A forma como as pessoas descartam Kane, criando maniqueísmos somente para se livrarem de lutarem por ele é dolorosa. A grande de Gary Cooper ajuda muito bem nisso.
É doloroso quando, no fim do filme, quando a única pessoa que decidiu lutar ao seu lado desiste porque todos desistiram, ele chora. Onde se imaginaria um filme de western com o xerife chorando, com medo do próximo duelo? Um filme que vai contra de muito do que era feito, no gênero.
A presença dos relógios no filme só aumenta o desespero, cada vez mais crescente. Sentimos cada minuto diegético, ficando nervoso em como o tempo parece passar cada vez mais rápido. E o duelo final é magistral, com Kane duelando de forma visceral, desesperado. O espaço da cidade, muito bem apresentada durante várias outras cenas, é utilizado, com o duelo se passando em vários locais, usando o cenário como parte dele. Isso é ótimo. Torna a cena mais dinâmica. Uma sequência de ação de tirar o fôlego. A única coisa que me incomodou no filme e me impediu de dar nota máxima foi a trilha sonora, que chamava a atenção demais em alguns momentos, e nem todas as músicas me pareceram bem encaixadas com o momento, me afastando um pouco da história. Mas é um problema pequeno para um filme super atual, que trata de pessoas covardes que não tem coragem de fazer algo pelos outros, mesmo que essa pessoa tenha sido de grande ajuda para si. Pimenta no olho dos outros é refresco.
Terry Gilliam é um ótimo diretor. Os visuais dos filmes dele são maravilhosos. Eu, quando li a sinopse desse filme, só pensei "tenho que ver" porque me lembrou um Doctor Who só que com um grupo de ladrões. Não é bem isso, claro, e talvez seja um pouco aquém do que eu esperava. É um filme muito interessante, com um visual criativo e muito bonito, mas não há tanto desenvolvimento nos personagens, nem mesmo no menino protagonista, o que nos cria um certo distanciamento. Além disso, o filme não tem muito objetivo. Por mais que eles busquem o "objeto mais valioso do mundo" (ou algo assim), não parece ser uma busca tão urgente no filme, assim como a perseguição do Ser Supremo, que só ocorre no começo e no final, o que deixa o senso de urgência do filme bem fraco. Apesar disso, é um filme muitíssimo divertido. As piadas funcionam e eu me peguei rindo da maioria delas. Além disso, a criatividade emana o tempo todo.
A cena na era das lendas, com o navio se erguendo e revelando um gigante que o usa como chapéu, ou a fuga da jaula são muito legais de serem assistidas. São cenas muito divertidas e inesquecíveis, e isso é um mérito enorme.
Mesmo com uma resolução duvidosa e um final um tanto sombrio (na minha opinião), esse filme é diversão pura. Um verdadeiro filme oitentista.
Não é um filme ruim. Mas também não chega a ser um filme ótimo. O problema é que os personagens do filme não tem qualquer tipo de carisma e com personalidade mínima; são completamente unilaterais. São praticamente feitos de clichês. E isso não seria um problema de verdade, levando em conta que em boa parte dos filmes antigos do Godzilla, as coisas não eram diferentes. Mas qual o problema disso aqui? O problema é que o filme foca demais neles. O Godzilla sim é mantido como um grande ser desesperador (ouso dizer que esse é um dos filmes que mais passam a ideia disso), mas o filme quase não foca no monstro. Em boa parte do filme, ele nem mesmo aparece, com o filme dando atenção a diálogos de personagens que não os desenvolve, mas também não avança tanto na história. No lugar do monstro, há uma certa preferência até em ser um pouco didático demais.
Era realmente necessário que o plano para derrotar o Gojira fosse explicado duas vezes? Além disso, ainda vimos esse plano em ação. Não havia qualquer necessidade de algo do tipo.
A animação é um pouco estranha, mas não sei se é problema meu ou não. Particularmente não sou tão fã desse tipo de animação. Acho um tanto robótica. O visual dos personagens são bem aleatórios. Isso ajuda a tirar a pouca carisma que eles têm. Mas o Godzilla sim está com um ótimo visual. O filme melhora, e muito, quando ele aparece. A batalha final contra ele é desesperadora e emergente. É ótima de ser assistida. Os últimos vinte minutos são ótimos, realmente empolgantes. Um ótimo gancho para a sequência. Por mais que não tenha achado esse muito bom, espero com ansiedade o próximo.
Cada personagem ali sofrendo de alguma espécie de crise existencial. O Primeiro Doctor não querendo regenerar por medo e o último achando que chegou seu momento, não desejando mais continuar. Bill voltando como um ser de vidro, e por isso gerando desconfiança, mas ainda sendo a Bill, afinal "o que somos se não feitos de memórias?" e a figura do Captain, feita pra juntar todos eles, uma pessoa resgatada no instante final de sua morte para, apenas no final, descobrirmos que não é sua morte, mas sim um recomeço. Um momento único da vida dele e que ele terá uma nova chance. A regeneração do Captain.
É maravilhoso esse episódio por não ter um grande problema a ser resolvido. Ele é totalmente pessoal, e a "missão" por trás dele é apenas um grande pano de fundo pra história final dos dois doutores. A atuação do David Bradley tá ótima, me lembrando muito sim o Primeiro Doutor, até mesmo na dicção. E o final é emocionante.
Um Wu Xia é mais um filme visual que com uma grande história. Claro que os melhores Wu Xia são poéticos, com significados profundos, mas esse tipo de filme é, principalmente, um filme visual, com boas coreografias e cenários e figurinos deslumbrantes. Esse filme tem tudo isso, e só por isso já vale à pena. É bem divertido, um ótimo filme para passar o tempo, para quem gosta do estilo. Claro que não podemos ignorar a história confusa, tanto por culpa do roteiro quanto por (principalmente) pela montagem. Talvez por isso, o filme demore a te capturar. Apesar do roteiro um tanto melodramático e ser um filme bem simples, sem nenhum desafio ao espectador, é divertido assistir as lutas e torcer pelos personagens. É um bom Wu Xia. Não inesquecível, mas um ótimo filme de "kung fu chinês".
Vicky tem um relacionamento com uma pessoa que só a atrasa. Ela deseja largá-lo, mas não consegue. Ela tem dinheiro no banco, e promete pra si mesma que quando esse dinheiro acabar, ela vai largá-lo. Podemos sentir todo o incômodo da personagem durante todo o filme, o incômodo de estar com alguém que se droga e que a persegue e que só atrapalha sua vida. Mas ela não consegue largá-lo. É difícil. Ela se entregou para ele, largou toda uma vida anterior e de repente está com ele. E ela é melancólica. Podemos sentir sua melancolia nos lugares vazios e nas luzes artificiais.
Inclusive acho um ótimo recurso das luzes fortes, bem artificiais, quase que mostrando a artificialidade de tudo em que ela se encontra. Dos amigos que só estão em momentos divertidos ou do relacionamento que pode parecer estável, mas é horrível e até abusivo. Assim como não há uma luz de fora, somente falsas, ela se mantém em um momento falso, sem nenhuma esperança de sair, não até Jack aparecer. É muito interessante também observar que os momentos de luzes naturais do filme só ocorrem quando ela vê uma esperança. Uma luz no fim do túnel.
O filme pode parecer lento, mas eu não o vejo assim. Para mim, até, ele passou rápido. É que é um filme sutil, em que quase parece não acontecer nada, mas não é um filme de grandes acontecimentos. É um filme sobre Vicky, perdida, sem saber para onde ir, procurando um refúgio de qualquer maneira. E de sua melancolia constante.
Shingeki no Kyojin é um mangá que tem seu ponto forte no roteiro. O que chama a atenção é sim os titãs, mas o que te prende é a história. Seus mistérios. O desenvolvimento dos personagens. E o maior problema desse filme é justamente esse. Nele, há apenas um fiapo de roteiro. Os personagens não são desenvolvidos, e em cenas desesperadoras, você não consegue se importar com eles de forma nenhuma. As mortes ocorrem na tela e você não está nem aí. Não há qualquer desenvolvimento dos mistérios. Na verdade, não há nada. Porém, ele consegue ser um filme divertido. Ele passa rápido quando assiste, tanto por ser curto e por ter algumas cenas interessantes. Os efeitos são ruins, mas curiosos. Os titãs são bizarros, como se saíssem de um filme de terror. Na verdade, há várias cenas que parecem saídas dos mais horripilantes filmes de terror, o que me faz pensar que talvez esse filme funcionasse melhor nesse gênero.
A cena do bebê titã é de uma bizarrice inesquecível e de longe a melhor coisa desse filme. O início dele, quando os primeiros titãs aparecem, é bem interessante também. Tem um ótimo visual.
É um filme ruim, no fim das contas. Não há qualquer roteiro para se basear. O problema não é a adaptação não ter seguido o mangá. Afinal, é uma adaptação e poderiam mudar o quanto quisessem, se mantivessem o espírito da coisa. Mas o espírito de Shingeki no Kyojin não são titãs absurdos andando de um lado para o outro mutilando gente. Não são pessoas voando por aí com cabos de aço. É uma história de mistério com bons personagens e um roteiro excepcional. É uma história sobre patriotismo e o desespero de seres humanos vivendo uma realidade quase impossível de sobreviver. É sobre resistir e existir. E isso tudo, infelizmente, esse filme não tem.
Piratas do Caribe tornou-se uma caricatura de si mesmo. Antes era divertido ver as aventuras de Jack Sparrow e seus amigos, e os filmes eram até mesmo engraçado. As lendas do mar eram interessantes e tinham uma carga "histórica". As cenas de ação eram criativas. Nesse filme, nada disso acontece. O Henry é uma versão do Will Turner, só que pior atuada (não que Orlando Bloom seja um grande ator) e mais genérica. A Carina Smyth é uma nova Elizabeth, e é simplesmente idêntica a outra personagem. Além disso, a revelação sobre ela no fim do filme é previsível e forçada. A relação do trio de protagonistas não tem desenvolvimento nenhum, e nenhum deles tem qualquer química. Até mesmo Jack Sparrow se tornou uma caricatura de si mesmo. Johnny Depp exagera trejeitos que antes já eram exagerados. Sem qualquer necessidade. Salazar tenta ser um novo Davy Jones, mas nunca parece um risco real no filme. O problema de alguns filmes passados era que eram muito longos, com cenas desnecessárias. Esse é até rápido. Talvez rápido demais, atropelando os desenvolvimentos das lendas e dos personagens. Assim o filme passa bem rápido diante dos seus olhos. E quando termina, você o esquece rapidamente. É bem genérico. Uma tentativa de retorno aos tempos áureos da franquia. Esse navio já afundou há muito tempo.
Fui assistir esse filme sem expectativas e fui surpreendido positivamente. É uma boa história com boas atuações, fotografia lindíssima, apesar da direção e o roteiro serem apenas eficientes, mas sem nada muito chamativo.
Apesar de boas atuações, os únicos personagens que realmente se destacam é do Percy e de sua esposa. Sua busca e obsessão pela cidade de Z é muito boa e o conflito disso com sua família é o mais interessante do filme. Além disso, a relação de homem contra natureza é muito bom, transformando a própria natureza em um grande risco. É legal ver isso através da fotografia sempre verde e amarelada, quase como se a floresta e a natureza fosse dominante, até mesmo quando não estão presentes. E, apesar de não tão explorado, a ideia de que índios não são diferentes dos homens brancos e "civilizados" é boa.
É um filme interessante de se ver. Talvez um pouco longo demais, mas isso não diminui as suas qualidades.
Esse filme tem um puta roteiro. Nada é usado gratuitamente. O próprio fato de a Justine estudar medicina veterinária mostra que ela se importa com animais tanto quanto se importa com os humanos. Isso também se mostra por ela ser vegetariana e quando discute que macacos podem sim ser estuprados, já que tem consciência. Em sua cabeça, não há nada que difere os animais e os seres humanos, e a partir do momento em que ela come um animal e começa a ficar obsessiva por carne, não há nada que a impeça de querer comer gente.
As atuações são ótimas, e a construção do clima também é perfeita. É possível entender porque muita gente passou mal quando ele estreou. Algumas cenas podem não ser tão gráficas quanto outros filmes de terror por aí, mas elas são tratadas de uma forma quase que "voyeur". Somos observadores da obsessão de Justine. Os closes mais aproximados e a "despreocupação" em mostrar certas cenas violentas torna tudo um pouco mais vulgar.
É um filme incrível. Uma prova de que o cinema de terror está vivíssimo, principalmente fora dos EUA.
Ambulância: Um Dia de Crime
2.9 200 Assista AgoraAmbulância não é um filme tão ruim na filmografia do Michael Bay. Aliás, ele funciona quase como uma homenagem involuntária ao cinema de Tony Scott e um flerte com o que Michael Bay fazia nos anos 90. É um filme de ação de situação limite, com bastante tensão envolvida, apesar de ser um pouco confuso e piegas em alguns (muitos) momentos. Poderia ser mais curto sim, principalmente depois que o filme "acaba", mas é inegável que, numa época em que o cinema de ação vive apenas de franquias megalomaniacas e quase todos os filmes se parecem, chega a ser um frescor ver esse filme e (não acredito q hj digo isso) concluir que Michael Bay se mantém fiel ao seu estilo, tornando esse um filme um bocado diferente do que vemos nos dias atuais.
O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface
2.2 697 Assista AgoraSenti um estranho discurso armamentista nesse filme.
a personagem q sobreviveu a um massacre em escola e tem aversão a armas durante o filme tem um desenvolvimento que é descobrir que apenas armas podem protegê-la. Ao final do filme ela pega a espingarda e vai resolver sozinha o problema como a fodona, deixando pra trás seu trauma, percebendo enfim que sua aversão a armas pode lhe matar. Nem quero entrar no merito em como essa sua aversão é mal desenvolvida, por enquanto comento só isso.
O Retorno da Múmia
3.3 591 Assista AgoraAventura descompromissada, muito melhor que o primeiro. Uma pena Hollywood não fazer mais filmes assim.
Show de Vizinha
3.1 822 Assista AgoraPara alguém que convive com alguém que trabalha com pornografia como eu, é sempre muito vergonhoso ver as cenas da Danielle sendo sexy o tempo inteiro. A atuação dela é um pouco boba, completamente fetichizada.
Mas esse filme é divertido. É uma comédia sem ser muito engraçada, mas você se envolve com os dramas dos personagens, apesar de não ter coadjuvantes muito desenvolvidos, o filme te oferece o suficiente para se importar com eles. O "tripé" de amigos é bem convincente.
Mas o filme brilha no clímax. Eu vi esse filme pela primeira vez na infância e esse clímax era a única coisa que eu lembrava. É muito bom, melhor que muito filme de ação por aí.
Se você consegue superar o fato da Danielle dar certa vergonha alheia em alguns momentos e o filme ser puro fetiche adolescente cis allo, é bem divertido.
Escape Room 2: Tensão Máxima
2.8 356Você não senta para ver esse tipo de filme esperando uma história completa, arcos de personagens e grande trama. Você senta para ver os jogos, se divertir com os personagens básicos que não passam disso e vê-los morrer, um por um, no grande estilo clássico de gente morrendo pelo caminho.
E esse filme tem a façanha de continuar divertido. É bem legal ver as salas e ver os personagens dando um jeito de escapar. Elas continuam mortais, criativas e não são mais exageradas do que já eram no primeiro filme. Acaba sendo repetitivo sim vendo esse esquema de 1 sala, 1 morte, mas tem uma tensão gostosa.
Tirando a subtrama da filha do criador dos jogos e a reviravolta idiota no final, o filme é bem aproveitável. Não é um filme que você senta para aproveitar uma baita história. É para se divertir com mortes absurdas e cenas boas de tensão. Tem tudo para ser uma franquia de horror não memorável, mas boa de ver com os amigos, da mesma maneira que Premonição ou Jogos Mortais eram antes de ficarem cansativos demais.
Intervenção
3.0 83 Assista AgoraTwitter: o filme.
Faz muito tempo que não sinto tanta vergonha alheia não intencionalmente.
Memória
3.5 64 Assista AgoraÉ engraçada a escolha do Joe ter filmado na Colômbia. Esse filme flerta um bocado com o realismo mágico.
O Esquadrão Suicida
3.6 1,3K Assista AgoraGeralmente detesto filmes de heróis, mas esse me ganhou com uma coisa em particular: não é pretensioso. Não se leva a sério demais e não tenta criar uma história maior do que esse próprio filme. Super funciona como uma história contida em si mesmo, sem precisar se ligar a imensos universos cinematográficos onde você precisa ter visto 15 filmes antes pra entender aquela ceninha em plano de fundo no final do filme (sim, Marvel, eu tenho opiniões fortíssimas contra o seu estilo de fazer filmes) e não precisa de 30min mostrando um futuro como um trailer nesse próprio filme (Sim, Justice League Snyder Cut, aquele seu final não me desce). Esse filme é o que é: UM filme de herói que é apenas um filme.
Um Lugar Silencioso - Parte II
3.6 1,2K Assista AgoraUm Lugar Silencioso foi um filme surpreendente em 2018 e esse era um filme aguardadissimo, ainda mais esperado pelos adiamentos por conta da pandemia. E, depois de tanta expectativa e curiosidade, veio esse filme novo e...
...me frustrei.
O problema desse filme não é uma decisão ou outra, mas algo mais profundo, estrutural: o filme não adiciona em nada com relação ao anterior. No primeiro filme havia um arco ali, os personagens se moviam em prol de alguma e saíam mudados, como bons personagens fazem. Mas esse filme veio e tudo continuou a mesma coisa. Como uma pequena crônica, um interlúdio ou um epílogo.
não a toa o final desse filme é idêntico ao final do primeiro. Os personagens apenas viajam mais uma vez, encontram alguns bichos, o menino se fere e eles se separam. Se ao menos a ilha onde ficam contniuasse segura e eles conseguissem levar a mãe, ao menos a história chegaria a um fim. Mas o filme termina bruscamente e não há a adição de nada relevante na história dessa família. Se por um acaso ocorresse um terceiro filme, continuariam no mesmo ponto em que começaram esse: apenas uma família viajando e buscando a sobrevivência tal qual o final do primeiro.
John Krasinski é eficaz na direção, consegue manter a tensão bem e o novo personagem é interessante o suficiente pra nos envolver. Tem um bocado de situações aqui que nos deixa na ponta da cadeira e uma em particular onde ocorrem transições ótimas, decisão perfeita de direção e edição.
Mas é isso, o filme é vago e, quando termina, a gente se sente enganado, naquela sensação de que perdemos 90min não acompanhando nada. Não há motivos para esse filme existir a não ser a pressão de produtores após o ótimo primeiro filme
1917
4.2 1,8K Assista AgoraQualquer técnica diferente deve ter um motivo para existir dentro de um filme. Seja a escolha em preto e branco, uma montagem diferente ou um filme emulando um plano-sequência. Nunca deve ser a forma pela forma. Esse filme, em contrapartida, só assume o plano-sequência como uma forma de tornar espetáculo um filme que tem a oferecer... nada.
Tecnicamente, 1917 é um filme interessante. Os dois planos-sequências que compõem o filme são um espetáculo, mas eles servem para mascarar o fato de que o filme não tem nada a oferecer. E não digo que esse filme devesse ter uma história incrível ou inovadora, mas faça um exercício: imagine esse filme sem o plano-sequência. Você terá apenas um filme de guerra genérico, com personagens não tão interessantes assim por serem rasos, uma estrutura de videogame sem graça e clichês infinitos.
Inclusive o clichê do soldado que lê a carta da família e morre depois existe aqui, para se ter uma noção.
O problema é que esse filme era para funcionar como um simples filme de guerra. Um de ação, com cenas bonitas e empolgantes, mas ele tenta ser mais do que ele é. Ele é pretensioso ao mostrar os "horrores da guerra" que já vimos meia centena de vezes antes em qualquer filme de guerra, ele cria cenas para contemplação onde deveria ter cenas de ação empolgantes, o que torna o filme insípido. Nem como filme de ação descerebrado ele funciona por ter pouca ação de verdade, optando por ser "contemplativo" e "genial".
É um filme que mais parece ser dirigido pelo Roger Deakins que por Sam Mendes. A câmera é um personagem muito mais interessante que qualquer um dos atores na tela. Se o filme abraçasse de vez os clichês e a ação, seria melhor. 1917 mira no "Além da Linha Vermelha" e acerta em um "Rambo", só que mais insosso e sem o carisma do Stallone.
Meu Nome é Dolemite
3.8 361 Assista AgoraFilme muito divertido da Netflix. Não tem uma história inovadora nem nada do tipo; são coisas que já vimos meia centenas de vezes em mais meio milhão de filmes. Mas é contado de um jeito gostoso de se assistir, é engraçado. Na verdade o filme peca um pouco com alguns personagens, preferindo não desenvolver ninguém além do próprio Rudy Ray Moore, o que é uma pena, porque todos os atores estão muito bem, destaque para Da'Vine Joy Randolph e Wesley Snipes.
Mas, apesar dos problemas, o acerto maior do filme é o Eddie Murphy. Ele suga todo o filme para sua própria figura, não te permitindo prestar atenção em qualquer coisa. A figura de Rudy já é carismática por si só e o Eddie acerta todos os timings das piadas, tem uma expressão corporal muito grande. Esse filme já vale a pena, por si só, pela presença do Eddie Murphy. Você termina o filme desejando mais, sem nem perceber que já passou os 118 minutos de filme. Você termina querendo assistir Dolemite e ver mais de Eddie Murphy na pele de Rudy Ray Moore.
Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo
3.9 502 Assista AgoraImpossível não lembrar de Abbas Kiarostami ao assistir esse filme. Tanto pela poética quanto pela relação metalinguistica, o documentário não-documentário. Mas mesmo um filme que lembra tanto o diretor iraniano também difere demais dele, tornando-se único.
"Viajo porque preciso, volto porque te amo" é uma das coisas mais profundas que assisti nos últimos tempos. Os monólogos são muito bem escritos e cortantes. Eles te atingem como um soco. É como ler uma poesia no fim do mundo.
A solidão do nordeste e das pessoas que vivem naquela terra seca se mistura com a solidão do personagem principal após ter sido abandonado pela esposa. Ele segue para sua viagem para esquecê-la, mas como conseguir esquecê-la em um lugar onde todos são solitários? A solidão o permeia também e ele tenta se perder no trabalho, não consegue; perde-se com prostitutas, mas até elas lembram a ele que o amor é o que roda suas vidas solitárias. Sua viagem de quatro semanas torna-se seis e ele não consegue prosseguir. Ele só volta para trás. Só consegue ver flores e pessoas.
A voz de Irandhir Santos é uma coisa maravilhosa, o tom monocórdio, com poucas mudanças, deixa tudo naquele tom de marasmo que o filme pede, ao mesmo tempo que nos entrega toda a personalidade do personagem. Toda a sua angústia. As imagens do nordeste são belíssimas. Bucólicas. Melancólicas.
"Viajo porque preciso, volto porque te amo" é um filme sobre a solidão do nordeste, sobre o povo da beira de estrada, e da solidão do homem. É um filme sobre o Brasil, mas também é um filme sobre a figura humana. Um filme de 70min com mais profundidade que muita coisa vista por aí. É a beleza da poesia de um homem só.
Mayhem: Senhores Do Caos
3.5 280Lords of Chaos é um filme interessante, e tem umas cenas realmente muito boas, mas o começo do filme é o pior. É cansativo no início a voz em off e um tanto preguiçosa, contando o filme mais do que deixando-o acontecer mesmo. Mas o filme melhora quando essa voz termina. E aí então o filme se mostra.
É muito interessante ver como o Euronymous só criou o black metal pra ele ser o que é mesmo: um espetáculo. Apenas uma forma de vender mostrando cara de mal. A morte de Pelle foi o que alavancou essa fama "má" a volta do Mayhen. No fim, ainda é música, mesmo sendo tratada como se fosse algo além. É o que muita gente busca, uma forma de fugir da realidade, de lutar contra o sistema ou contra aquilos que os envolve (e é o que o próprio Euronymous fala durante o filme quando diz que vivia em sua própria fantasia). O problema mesmo é quando isso sai do controle, fazendo as pessoas seguirem aquilo como algo verdadeiro, levado para a vida.
O filme tem uma edição ótima, que deixa o filme veloz, mas não corrido. O show do Mayhen no início do filme mostra bastante isso, seus cortes são precisos e bem feitos. Em contrapartida, há sim algumas atuações vergonhosas. Mas com esses altos e baixos, ainda acho um filme bom, uma ótima história sobre ideias que saem do controle.
E o final é ótimo, aquela perseguição do Varg, a cena que o Euronymous tenta destrancar a porta enquanto o Varg bebe leite com nescau é muito tensa. Uma aula de como fazer um suspense/terror
E é só isso. Aliás, Varg sempre foi um imbecil.
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraBird Box é um filme interessante, por mais que ele soe clichê, em boa parte dele. Há muitas personagens rasas, que só servem como ferramenta. O homem que mantém a liderança, a policial durona, o homem que quer sobreviver sozinho, todo esse lero-lero. O criativo do filme, principalmente, são os monstros. Mas mesmo eles são desimportantes. Porque o ponto principal do filme é outro.
O filme não é sobre monstros que estão por aí fazendo as pessoas se matarem. Não é importante saber de onde eles vieram. O ponto chave do filme é sobre a aceitação da maternidade por parte da Malorie. Ela inicia o filme sem se importar muito com o fato de estar grávida. Pensa em doar o filho para a adoção. Mas com o passar do filme e das situações traumáticas, manter as crianças vivas - a dela e a de uma mulher com quem ela criou um laço (laço superficial no filme, mas é um). Isso fica muito claro quando, na cena do barco, ela diz que alguém precisa tirar a venda e olhar. E que ela vai escolher. Ela pensa em deixar a menina olhar, afinal, a garota não é filha legítima dela. Mas ela não escolhe ninguém. Não escolhe porque ali ela já se aceitou como mãe. Como a mãe do Boy, o filho dela, e como mãe também da Girl, a garota que ela cuidou desde a infância. Ao fim do filme, as crianças recebem nomes, porque ali, para Malorie, elas se tornam pessoas, seus próprios filhos. Não pessoas que ela deveria manter a responsabilidade, que deveria permitir viver à todo custo. A viagem de barco pelo rio não é apenas uma viagem fugindo dos monstros. É uma viagem por toda a aceitação difícil que é a maternidade.
Matar ou Morrer
4.1 205 Assista AgoraAdoro como esse filme vai completamente contra o típico nacionalismo americano que existia no gênero western na época. Não há uma população de cidadãos que se viram contra o inimigo na hora que precisa, defendendo seu povo e sua cidade. Há pessoas medrosas, com medo de, à chegada de Frank Miller, serem assassinadas. Então elas mentem, inventam desculpas, tudo para não ajudar Kane no seu duelo contra quatro pessoas. Uma situação bem mais real, o que deixa o filme bem mais pé no chão. A forma como as pessoas descartam Kane, criando maniqueísmos somente para se livrarem de lutarem por ele é dolorosa. A grande de Gary Cooper ajuda muito bem nisso.
É doloroso quando, no fim do filme, quando a única pessoa que decidiu lutar ao seu lado desiste porque todos desistiram, ele chora. Onde se imaginaria um filme de western com o xerife chorando, com medo do próximo duelo? Um filme que vai contra de muito do que era feito, no gênero.
A presença dos relógios no filme só aumenta o desespero, cada vez mais crescente. Sentimos cada minuto diegético, ficando nervoso em como o tempo parece passar cada vez mais rápido.
E o duelo final é magistral, com Kane duelando de forma visceral, desesperado. O espaço da cidade, muito bem apresentada durante várias outras cenas, é utilizado, com o duelo se passando em vários locais, usando o cenário como parte dele. Isso é ótimo. Torna a cena mais dinâmica. Uma sequência de ação de tirar o fôlego.
A única coisa que me incomodou no filme e me impediu de dar nota máxima foi a trilha sonora, que chamava a atenção demais em alguns momentos, e nem todas as músicas me pareceram bem encaixadas com o momento, me afastando um pouco da história. Mas é um problema pequeno para um filme super atual, que trata de pessoas covardes que não tem coragem de fazer algo pelos outros, mesmo que essa pessoa tenha sido de grande ajuda para si. Pimenta no olho dos outros é refresco.
Os Bandidos do Tempo
3.4 38Terry Gilliam é um ótimo diretor. Os visuais dos filmes dele são maravilhosos. Eu, quando li a sinopse desse filme, só pensei "tenho que ver" porque me lembrou um Doctor Who só que com um grupo de ladrões. Não é bem isso, claro, e talvez seja um pouco aquém do que eu esperava. É um filme muito interessante, com um visual criativo e muito bonito, mas não há tanto desenvolvimento nos personagens, nem mesmo no menino protagonista, o que nos cria um certo distanciamento. Além disso, o filme não tem muito objetivo. Por mais que eles busquem o "objeto mais valioso do mundo" (ou algo assim), não parece ser uma busca tão urgente no filme, assim como a perseguição do Ser Supremo, que só ocorre no começo e no final, o que deixa o senso de urgência do filme bem fraco.
Apesar disso, é um filme muitíssimo divertido. As piadas funcionam e eu me peguei rindo da maioria delas. Além disso, a criatividade emana o tempo todo.
A cena na era das lendas, com o navio se erguendo e revelando um gigante que o usa como chapéu, ou a fuga da jaula são muito legais de serem assistidas. São cenas muito divertidas e inesquecíveis, e isso é um mérito enorme.
Mesmo com uma resolução duvidosa e um final um tanto sombrio (na minha opinião), esse filme é diversão pura. Um verdadeiro filme oitentista.
Godzilla: Planeta dos Monstros
3.1 61 Assista AgoraNão é um filme ruim. Mas também não chega a ser um filme ótimo. O problema é que os personagens do filme não tem qualquer tipo de carisma e com personalidade mínima; são completamente unilaterais. São praticamente feitos de clichês. E isso não seria um problema de verdade, levando em conta que em boa parte dos filmes antigos do Godzilla, as coisas não eram diferentes. Mas qual o problema disso aqui?
O problema é que o filme foca demais neles. O Godzilla sim é mantido como um grande ser desesperador (ouso dizer que esse é um dos filmes que mais passam a ideia disso), mas o filme quase não foca no monstro. Em boa parte do filme, ele nem mesmo aparece, com o filme dando atenção a diálogos de personagens que não os desenvolve, mas também não avança tanto na história. No lugar do monstro, há uma certa preferência até em ser um pouco didático demais.
Era realmente necessário que o plano para derrotar o Gojira fosse explicado duas vezes? Além disso, ainda vimos esse plano em ação. Não havia qualquer necessidade de algo do tipo.
A animação é um pouco estranha, mas não sei se é problema meu ou não. Particularmente não sou tão fã desse tipo de animação. Acho um tanto robótica. O visual dos personagens são bem aleatórios. Isso ajuda a tirar a pouca carisma que eles têm. Mas o Godzilla sim está com um ótimo visual. O filme melhora, e muito, quando ele aparece. A batalha final contra ele é desesperadora e emergente. É ótima de ser assistida. Os últimos vinte minutos são ótimos, realmente empolgantes. Um ótimo gancho para a sequência. Por mais que não tenha achado esse muito bom, espero com ansiedade o próximo.
Doctor Who: Twice Upon a Time
4.4 44Que lindeza esse episódio. O episódio mais existencial dessa série, e um dos mais lindos.
Cada personagem ali sofrendo de alguma espécie de crise existencial. O Primeiro Doctor não querendo regenerar por medo e o último achando que chegou seu momento,
não desejando mais continuar. Bill voltando como um ser de vidro, e por isso gerando desconfiança, mas ainda sendo a Bill, afinal "o que somos se não feitos de memórias?"
e a figura do Captain, feita pra juntar todos eles, uma pessoa resgatada no instante final de sua morte para, apenas no final, descobrirmos que não é sua morte, mas sim um recomeço. Um momento único da vida dele e que ele terá uma nova chance. A regeneração do Captain.
É maravilhoso esse episódio por não ter um grande problema a ser resolvido. Ele é totalmente pessoal, e a "missão" por trás dele é apenas um grande pano de fundo pra história final dos dois doutores. A atuação do David Bradley tá ótima, me lembrando muito sim o Primeiro Doutor, até mesmo na dicção. E o final é emocionante.
Achei o final, da nova Doutora despencando da TARDIS, muito parecido com o início da era Moffat. Uma ótima forma de finalizar, bem cíclico.
Sobre esse episódio, como diria a nova Doutora: "brilhante".
O Mestre da Espada
3.0 32 Assista AgoraUm Wu Xia é mais um filme visual que com uma grande história. Claro que os melhores Wu Xia são poéticos, com significados profundos, mas esse tipo de filme é, principalmente, um filme visual, com boas coreografias e cenários e figurinos deslumbrantes. Esse filme tem tudo isso, e só por isso já vale à pena. É bem divertido, um ótimo filme para passar o tempo, para quem gosta do estilo. Claro que não podemos ignorar a história confusa, tanto por culpa do roteiro quanto por (principalmente) pela montagem. Talvez por isso, o filme demore a te capturar.
Apesar do roteiro um tanto melodramático e ser um filme bem simples, sem nenhum desafio ao espectador, é divertido assistir as lutas e torcer pelos personagens. É um bom Wu Xia. Não inesquecível, mas um ótimo filme de "kung fu chinês".
Millennium Mambo
4.0 44Vicky tem um relacionamento com uma pessoa que só a atrasa. Ela deseja largá-lo, mas não consegue. Ela tem dinheiro no banco, e promete pra si mesma que quando esse dinheiro acabar, ela vai largá-lo. Podemos sentir todo o incômodo da personagem durante todo o filme, o incômodo de estar com alguém que se droga e que a persegue e que só atrapalha sua vida. Mas ela não consegue largá-lo. É difícil. Ela se entregou para ele, largou toda uma vida anterior e de repente está com ele. E ela é melancólica. Podemos sentir sua melancolia nos lugares vazios e nas luzes artificiais.
Inclusive acho um ótimo recurso das luzes fortes, bem artificiais, quase que mostrando a artificialidade de tudo em que ela se encontra. Dos amigos que só estão em momentos divertidos ou do relacionamento que pode parecer estável, mas é horrível e até abusivo. Assim como não há uma luz de fora, somente falsas, ela se mantém em um momento falso, sem nenhuma esperança de sair, não até Jack aparecer. É muito interessante também observar que os momentos de luzes naturais do filme só ocorrem quando ela vê uma esperança. Uma luz no fim do túnel.
O filme pode parecer lento, mas eu não o vejo assim. Para mim, até, ele passou rápido. É que é um filme sutil, em que quase parece não acontecer nada, mas não é um filme de grandes acontecimentos. É um filme sobre Vicky, perdida, sem saber para onde ir, procurando um refúgio de qualquer maneira. E de sua melancolia constante.
Ataque dos Titãs: Parte 1
2.5 213 Assista AgoraShingeki no Kyojin é um mangá que tem seu ponto forte no roteiro. O que chama a atenção é sim os titãs, mas o que te prende é a história. Seus mistérios. O desenvolvimento dos personagens. E o maior problema desse filme é justamente esse. Nele, há apenas um fiapo de roteiro. Os personagens não são desenvolvidos, e em cenas desesperadoras, você não consegue se importar com eles de forma nenhuma. As mortes ocorrem na tela e você não está nem aí. Não há qualquer desenvolvimento dos mistérios. Na verdade, não há nada.
Porém, ele consegue ser um filme divertido. Ele passa rápido quando assiste, tanto por ser curto e por ter algumas cenas interessantes. Os efeitos são ruins, mas curiosos. Os titãs são bizarros, como se saíssem de um filme de terror. Na verdade, há várias cenas que parecem saídas dos mais horripilantes filmes de terror, o que me faz pensar que talvez esse filme funcionasse melhor nesse gênero.
A cena do bebê titã é de uma bizarrice inesquecível e de longe a melhor coisa desse filme. O início dele, quando os primeiros titãs aparecem, é bem interessante também. Tem um ótimo visual.
É um filme ruim, no fim das contas. Não há qualquer roteiro para se basear. O problema não é a adaptação não ter seguido o mangá. Afinal, é uma adaptação e poderiam mudar o quanto quisessem, se mantivessem o espírito da coisa. Mas o espírito de Shingeki no Kyojin não são titãs absurdos andando de um lado para o outro mutilando gente. Não são pessoas voando por aí com cabos de aço. É uma história de mistério com bons personagens e um roteiro excepcional. É uma história sobre patriotismo e o desespero de seres humanos vivendo uma realidade quase impossível de sobreviver. É sobre resistir e existir. E isso tudo, infelizmente, esse filme não tem.
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar
3.3 1,1K Assista AgoraPiratas do Caribe tornou-se uma caricatura de si mesmo. Antes era divertido ver as aventuras de Jack Sparrow e seus amigos, e os filmes eram até mesmo engraçado. As lendas do mar eram interessantes e tinham uma carga "histórica". As cenas de ação eram criativas. Nesse filme, nada disso acontece.
O Henry é uma versão do Will Turner, só que pior atuada (não que Orlando Bloom seja um grande ator) e mais genérica. A Carina Smyth é uma nova Elizabeth, e é simplesmente idêntica a outra personagem. Além disso, a revelação sobre ela no fim do filme é previsível e forçada. A relação do trio de protagonistas não tem desenvolvimento nenhum, e nenhum deles tem qualquer química. Até mesmo Jack Sparrow se tornou uma caricatura de si mesmo. Johnny Depp exagera trejeitos que antes já eram exagerados. Sem qualquer necessidade. Salazar tenta ser um novo Davy Jones, mas nunca parece um risco real no filme.
O problema de alguns filmes passados era que eram muito longos, com cenas desnecessárias. Esse é até rápido. Talvez rápido demais, atropelando os desenvolvimentos das lendas e dos personagens. Assim o filme passa bem rápido diante dos seus olhos. E quando termina, você o esquece rapidamente. É bem genérico. Uma tentativa de retorno aos tempos áureos da franquia. Esse navio já afundou há muito tempo.
Z: A Cidade Perdida
3.4 320 Assista AgoraFui assistir esse filme sem expectativas e fui surpreendido positivamente. É uma boa história com boas atuações, fotografia lindíssima, apesar da direção e o roteiro serem apenas eficientes, mas sem nada muito chamativo.
Apesar de boas atuações, os únicos personagens que realmente se destacam é do Percy e de sua esposa. Sua busca e obsessão pela cidade de Z é muito boa e o conflito disso com sua família é o mais interessante do filme. Além disso, a relação de homem contra natureza é muito bom, transformando a própria natureza em um grande risco. É legal ver isso através da fotografia sempre verde e amarelada, quase como se a floresta e a natureza fosse dominante, até mesmo quando não estão presentes. E,
apesar de não tão explorado, a ideia de que índios não são diferentes dos homens brancos e "civilizados" é boa.
É um filme interessante de se ver. Talvez um pouco longo demais, mas isso não diminui as suas qualidades.
Grave
3.4 1,1KEsse filme tem um puta roteiro. Nada é usado gratuitamente. O próprio fato de a Justine estudar medicina veterinária mostra que ela se importa com animais tanto quanto se importa com os humanos. Isso também se mostra por ela ser vegetariana e quando discute que macacos podem sim ser estuprados, já que tem consciência.
Em sua cabeça, não há nada que difere os animais e os seres humanos, e a partir do momento em que ela come um animal e começa a ficar obsessiva por carne, não há nada que a impeça de querer comer gente.
As atuações são ótimas, e a construção do clima também é perfeita. É possível entender porque muita gente passou mal quando ele estreou. Algumas cenas podem não ser tão gráficas quanto outros filmes de terror por aí, mas elas são tratadas de uma forma quase que "voyeur". Somos observadores da obsessão de Justine. Os closes mais aproximados e a "despreocupação" em mostrar certas cenas violentas torna tudo um pouco mais vulgar.
É um filme incrível. Uma prova de que o cinema de terror está vivíssimo, principalmente fora dos EUA.