Ok, essas foram as três horas mais bem gastas da minha vida.
Não sei se estou muito sensível hoje, mas me flagrei chorando de felicidade várias e várias vezes enquanto assistia ao filme. A Gina dos Palitos, digo... a Julie Andrews tá perfeita desde a cena inicial em que ela rodopia igual o Pião da Casa Própria, as crianças são adoráveis, as músicas são perfeitas e eu não me importo nenhum pouco de serem repetidas no decorrer do filme, porque tudo se encaixa, tudo é perfeito. Não tava gostando muito do personagem do Christopher Plummer, mas quando ele rasga a bandeira nazista é simplesmente tudo. E o que falar da solista que ganhou o prêmio de terceiro lugar no festival e ficou DOIDA? Muito icônica, Oscar winner de atriz coadjuvante faz assim mesmo. Outra coisa que eu amei é a fotografia, cada frame parece uma pintura, inclusive nas cenas mais escuras, dá pra ver que tudo é muito bem pensado. Gente, não sei, EU ESTOU FORA DE MIM! Queria poder sentir isso em absolutamente todos os filmes que eu assisto. E se você não deu cinco estrelas, lamento informar, mas você não é nada mais nada menos do que um nazista.
Meu pai é pastor de uma igreja evangélica e minha mãe é descendente de italianos extremamente conservadores, então, de alguma forma, eu sei que Boy Erased conversaria comigo. Eu nunca fui colocado em uma terapia de conversão e nem passei pelo mesmo sofrimento que Jared Eamons. Para ser franco, eu tive muita sorte. É claro que quando o meu pai soube que minha mãe estava grávida de seu primeiro filho não era exatamente este menino que ele imaginava que eu me tornaria, mas ele fez o seu papel. Diferente de Marshall Eamons, o meu pai entendeu rapidamente que isso não era sobre ele ou sua profissão, era sobre mim. Com esse filme, portanto, eu espero que mais famílias possam perceber que o fanatismo religioso cega e as tornam escravas da segregação e do preconceito. Sei que muitos filhos de pastores não tiveram - ou teriam - a mesma sorte que eu tive. E não tem um dia na minha vida que eu não pense e seja grato por isso.
Boy Erased se afasta de estereótipos melodramáticos e apresenta um conjunto honesto e sensível, com atuações acima da média. Fico muito feliz que temáticas como religião e homossexualidade possam ser abordadas em produções como essa.
Enquanto Irene usa o antigo uniforme do seu filho mais velho, Fernando, tentando de uma maneira se conectar e se sentir próximo dele, o desfile da banda de Rodrigo vai passando pela rua. O conjunto de instrumentos é barulhento, cheio de nuances, exatamente como a vida é. Irene permanece parada, inconsolável, vendo a vida passar diante dos seus olhos. Ela sabe que não pode fazer nada. Rodrigo, depois de Fernando, é o mais velho: ele é o próximo a levantar voo e no fundo ela também já sabe disso. Mesmo que seja difícil. Mesmo que por um segundo ela não queira acreditar, como quando correu em direção ao ônibus ao ver seu filho partindo para seguir seus sonhos na Alemanha. Neste momento, Irene também corria contra o tempo, pois cada segundo perto dos seus se tornava ainda mais precioso.
Irene é a personificação real do coração apertado de quem ama incondicionalmente a família. Daquela mulher que chora ao mesmo tempo que ri, daquela que fica triste ao mesmo tempo que emana alegria. Daquela que se agarra ao passado, ao mesmo tempo que entende que o futuro vai bater na sua porta.
Irene é nada mais, nada menos, do que a força e complexidade de ser MÃE.
Jennifer Garner é a dona desse filme, só não vê quem não quer.
Por mais que o diálogo inicial comece com “eu sou um garoto normal, exatamente como você”, seguidamente do protagonista entrando no seu próprio carro para ir ao colégio, Com Amor, Simon, de um jeito ou de outro, consegue atingir todo o adolescente que tem seus problemas ao lidar com a descoberta da homossexualidade e com sua afirmação frente à sociedade. O filme emoldura o personagem principal com um perfil privilegiado das mais diversas formas possíveis: tanto pela sua posição social, quanto pela facilidade da família e amigos ao compreenderem sua orientação sexual. Não há grandes embates da vida real, e que bom!
Pude ler a obra de Becky Albertalli no final do ano passado sem o conhecimento da adaptação cinematográfica que viria e, de fato, os roteiristas souberam dosar muito bem os momentos dramáticos e cômicos. A dinâmica para descobrir quem era Blue, as trocas de e-mails sempre rápidas e dinâmicas e a adição de alguns punchlines criados para o filme são bons exemplos da capacidade de exprimir o melhor das páginas do livro e, ao mesmo tempo, presentear o espectador com novidades únicas da produção.
Mesmo com os moldes hollywoodianos de produções cinematográficas voltadas ao público adolescente, Com Amor, Simon é feito exatamente para agradar seu público alvo, colocando-se no lugar de milhares de jovens que sofrem com essa conturbada trajetória de ainda precisar assumir sua sexualidade. É importante lembrar também a importância de filmes com essa temática sendo produzidos e distribuídos por grandes estúdios do cinema, acredito que um investimento desse porte coloca a temática LGBTQ+ no cerne de grandes debates, pois ainda há muitas questões para se discutir e preconceito a se combater. É delicioso saber que estamos andando pra frente.
O filme é nada menos do que um abraço apertado, seguido de um “você não está sozinho”. Fofo demais!
Os laços afetivos que formamos desde infância nos condicionam a uma espécie de zona de conforto, sendo forma de apego durante toda a nossa vida. Por mais que muita gente busque o “inexplorado” como objeto de realização pessoal frente às novas descobertas, é sempre difícil lidar com o estranho, com o desconhecido. Brooklyn, baseado no livro homônimo de Colm Tóibín, é nada menos que isso: Eilis Lacey, uma jovem irlandesa, deixa sua família e tudo o que construiu em busca do grande sonho americano.
Pelo fato de ter saído de casa com 14 anos para estudar em um internato, me identifiquei um pouco com as situações que envolvem o enredo. É óbvio que eu não precisei atravessar o oceano para sentir toda a sua dor, mas os sentimentos de angústia, medo e solidão me fizeram ter instantânea empatia pela personagem, me transportando aos momentos em que pude relembrar do meu próprio processo de adaptação.
Transitando entre as dificuldades enfrentadas no cenário americano e o desenvolvimento de um inesperado romance com um encanador italiano, Eilis precisa retornar para Irlanda depois de um acontecimento trágico, mostrando o conflito interno da protagonista ao lidar com todas as suas escolhas. Indagações como “estou fazendo o que é certo?” e “devo voltar para Brooklyn ou permanecer com minha família em meu país de origem?” são constantes em toda a segunda parte do filme, criando um clima de expectativa sobre o desfecho do longa-metragem.
No que diz respeito à parte visual da produção, os figurinos de época, a coloração simpática e o belíssimo design de produção são um agrado aos que buscam esse deslumbre visual. E para quem é fã da Saoirse Ronan por Lady Bird, tirem um tempo para assistir a atriz na possivelmente melhor atuação de sua carreira. Ótimo filme.
Faço parte do grupo de entusiastas que gostariam de uma série baseado no filme: a história de Grace e dos outros supervisores na instalação adotiva poderiam ser exploradas em diversos episódios, dando espaço para que subtramas com os adolescentes pudessem se desenvolver. Mesmo com noventa minutos apressados, as lições sobre amor e altruísmo são abordadas com delicadeza e maestria, fruto de um elenco competente e um roteiro muito bem estruturado.
Entendo a satisfação do público com o conjunto geral, há muito para ser destacado positivamente: atuações críveis, belíssima ambientação, trilha sonora competente, alguns momentos interessantes, mas o filme não me cativou da mesma maneira. A temática da homofobia em empregos heteronormativos, bem como a complexidade dos personagens poderiam ter sido abordados com muito mais esmero. O diálogo de Marc com sua mãe após ela ter descoberto o romance de seu filho com Kay é um exemplo das diversas oportunidades desperdiçadas para trazer mais profundidade ao enredo ou algum tipo de reviravolta que tornasse o longa mais marcante. Assim sendo, com um roteiro corrido e esbarrando em diversos clichês do gênero, fica a sensação de que Queda Livre tinha potencial para ser muito mais do que foi. Uma pena.
Com sua saúde mental afetada, Krisha esteve por muito tempo reclusa para lidar com seus problemas pessoais. Botar o pé para fora de casa e enxergar uma realidade que não passou ao alcance do seu olhar não será tarefa fácil. Dirigido por Trey Edward Shults, o longa conta a história dessa misteriosa mulher sendo convidada para comemorar o Dia de Ação de Graças com seus familiares, revendo parentes que ainda guardam mágoas dessa relação cheia de feridas que não cicatrizaram.
O que confere singularidade ao filme é a relação da protagonista com os fantasmas do seu passado. No decorrer das cenas, a gente percebe que Krisha não se recuperou totalmente e que os demônios da sua cabeça não estão querendo dar trégua: a trilha sonora e os planos-sequências mostram que, mesmo com aquela casa cheia de vida, ela se sente totalmente sozinha, como se todo seu esforço ainda não a fizesse ser bem-vinda ali.
Além disso, as questões familiares são abordadas com muita subjetividade: você observa situações de extremo desconforto e constrangimento sendo expostos, mas você simplesmente não sabe o que aconteceu antes desse reencontro. Dessa forma, embora você queira sentir pena da protagonista, você não sabe se, de fato, ela merece.
Em uma produção modesta e independente, Krisha é interessante para quem busca uma experiência sensorial bem diferente do que é apresentado em filmes da mesma temática.
O filme me chamou a atenção imediatamente após sua indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Afinal, quais são as chances de uma produção de comédia conseguir tamanha proeza?
The Big Sick acerta ao abordar o choque de realidade entre o estilo de vida estadunidense e a estrutura tradicional de uma família paquistanesa. No meio disso, o protagonista Kumail Nanjiani tenta intermediar sua relação parental ao hesitar contra o casamento arranjado e sua grande paixão por Emily, uma americana que está lutando para sobreviver de uma doença misteriosa que a deixou em estado de coma. Mesmo que a atuação do protagonista deixe a desejar, os grandes destaques do elenco ficam por conta da entrega convincente e apaixonada de Zoe Kazan, interpretando uma acadêmica de psicologia que não consegue lidar com seus próprios problemas, e a incrível Holly Hunter: eu não conhecia absolutamente nada a respeito dessa atriz e eu tô extremamente obcecado por todas as nuances apresentadas em sua performance, senti muito a falta de uma nomeação ao Oscar também. Em suma, as questões culturais abordadas na obra enriquecem muito todo o conjunto final e, apesar da previsibilidade do enredo e seus clichês no meio do caminho, os créditos com as fotos do casal deixaram o meu coraçãozinho super feliz por ter acompanhado e torcido por essa história real. Vale assistir!
O sorriso estampado no rosto de uma garotinha antes de cometer suicídio, exatamente no mesmo dia em que comemorava seu aniversário de onze anos. Avranas não poupa esforços para impactar logo nos primeiros minutos do seu longa-metragem, onde mostrará o cotidiano de uma família e as motivações da personagem ao se jogar da sacada do prédio em que vivia. Como espectadores, podemos enxergar muito mais do que a assistência social e a polícia ao investigar o crime, imergindo em um clima claustrofóbico com personagens passivos e uma fotografia opaca. A produção grega de cinco anos atrás ainda permanece muito atual, independente do contexto geográfico em questão. De maneira eficaz, o diretor consegue abrir nossos olhos sobre as diversas manifestações de violência doméstica e de como elas podem ser silenciadas pela figura opressora de um patriarca.
“I was loved. I was loved, Ev.” O que é necessário para alcançar a plenitude da vida?
A cinebiografia conta a história da pintora canadense Maud Lewis. Por sofrer de artrite reumatoide juvenil (inflamação das articulações que podem provocar deformidades nas juntas), viveu sua infância apenas com a família, afastada de qualquer círculo social por conta do bullying. Nesses anos de isolamento, teve a oportunidade de desenvolver diversas habilidades artísticas, descobrindo uma paixão intensa pela pintura. Após o falecimento dos seus pais, buscava por um pouco mais de autonomia e aceitou um trabalho de governanta na casa de um simples pescador. Com seu novo modo de vida, conseguiu estreitar ainda mais a sua relação com a tela, o pincel e a tinta.
Eu assisti ao filme no final de janeiro e demorei para escrever um comentário porque ainda me falta palavras para expressar o quão tocado eu fiquei com a história da pintora. O longa continua presente em minha memória, todos os dias, desde então.
Sally Hawkins, que assume brilhantemente o papel de protagonista, disse em uma das entrevistas para a divulgação do filme que as pinturas de Maud são de uma alegria real. Mais do que isso, acredita que “as pessoas admiram suas obras porque é honesto”. Após conhecer sua história, eu também vejo da mesma forma.
Mesmo com as dificuldades que estavam em seu caminho, a pintora nunca esqueceu de ser grata por sua vida. Captou a simplicidade do cotidiano em cores vibrantes e traços vívidos, onde cada pincelada mostrava um pouco da sua luz e dos sentimentos bons que carregava no peito. Ela tinha uma vida simples e nunca pediu nada em troca, não queria vender suas obras por milhões de dólares ou alcançar prestígio nos quatro cantos do mundo. No decorrer do filme, você percebe que ela viveu feliz enquanto pôde mostrar o seu talento, simplesmente para quem quisesse ver.
Lindo e extremamente sensível! Por mais filmes que possam exaltar pessoas simples e que nos façam refletir sobre a nossa percepção de vida e o verdadeiro significado de felicidade.
Maud não tinha muito, mas o que tinha a preenchia. E era suficiente.
Acredito que o maior erro do espectador é ler a sinopse ou assistir ao trailer esperando ansiosamente por uma resposta. Uma resposta que talvez nunca venha: nem para Mildred Hayes, nem para muitos dos casos que ultrapassam as telas do cinema e figuram na vida real. Três Anúncios para um Crime é um filme que fala sobre perda, frustração e impotência, onde os personagens são construídos para transcender sua própria noção de identidade, cada um à sua maneira. Frances McDormand e Sam Rockwell destrincham brilhantemente seus papéis, camada por camada, na mais pura complexidade e ambiguidade do ser humano. Gostei muito.
"Você se importaria em entrar no forno para limpá-lo?"
Gosto muito da preocupação do diretor em trazer alguns toques autorais que tornam o conjunto muito mais do que um simples filme de found footage. Há sacadas geniais no roteiro, personagens muito bem construídos e fragmentos dispersos pela obra que acabam se encaixando ao decorrer da narrativa. O ritmo é um pouco lento, mas o plot twist é poderoso e consegue construir uma atmosfera de tensão que se estende até os minutos finais. Não é um filme que eu vou querer rever tão cedo, mas é uma experiência singular pra quem gosta do subgênero.
Salma Hayek tem um espaço no meu coração pela atuação nesse filme. O choque de realidades entre uma imigrante mexicana que trabalha como massagista e três casais de magnatas egocêntricos é um prato cheio (atenção ao trocadilho) que perpassa a tela e abre uma série de reflexões pra nossa realidade atual.
Tenho meus problemas com o roteiro, acredito que ele poderia ter levado o espectador a refletir muito mais sobre os assuntos abordados, a mergulhar mais fundo nas questões levantadas. Em contrapartida, o filme é dinâmico e funciona pela competência dos atores. Destaque para a cena em que Beatriz canta e toca “Las Simples Cosas”, você simplesmente entende seus sentimentos, suas convicções e da saudade que grita em seu peito.
Você fica desconfortável e ri de nervoso, praticamente o filme todo. Pode servir a torta de climão.
Não possuía muito conhecimento sobre o livro e o filme da década de noventa, então fui com uma ideia completamente diferente antes de apreciar o remake. Por mais que elementos do terror sejam recorrentes na obra, a temática transita muito bem pela comédia, aventura e drama, sendo este último um dos gêneros que sustenta de maneira mais competente todo o enredo. Dito isso, o roteiro parece mais preocupado em abordar o poder da amizade, da coragem e da união para a resolução dos nossos próprios medos, do que a figura do palhaço em si. O elenco é carismático e conquista pela sua química, acredito que esse é o fator preeminente que conduz o filme com tanta maestria. Minha única ressalva é que tá todo mundo babando o ovo da atuação de Bill Skarsgård, mas pra mim quem rouba a cena é Sophia Lillis. Espero vê-la brilhando em outras produções cinematográficas.
Enquanto a cidade de Orlando recebe facilmente mais de cinquenta milhões de turistas por ano, há inúmeras famílias desestruturadas vivendo nos arredores dos parques da Disney. O filme retrata exatamente isso: a visão inocente de uma criança que faz do motel em que vive, sua própria maneira de enxergar a magia.
A vida como ela é, exatamente do jeito que a gente não quer ver. E finge que não vê.
- É aquele ditado: não foi a Brooklynn Prince que perdeu o Oscar, foi o Oscar que perdeu a Brooklynn Price, então olha só esse discurso fofíssimo da pequena ao ganhar o Critics' Choice Awards: “I would like to dedicate this award to all the Moonees out there. Guys, this is a real problem. You need to go out there and help”. (goo.gl/c81SVD)
Duas mulheres descontroladas brigando ao som de música clássica. É sério, toca Mozart, Bach, Beethoven e por aí vai… o filme entrega uma atmosfera caricata e efeitos sonoros exagerados, mas infelizmente não vai muito mais longe que isso. A premissa abre espaço para refletir sobre estruturas políticas, conceitos tradicionais familiares e a negligência das nossas escolhas e de como elas podem afetar terceiros, porém seu ritmo é tão lento que a única coisa que você vai querer ver são as cenas de luta entre as protagonistas. No final das contas, Catfight golpeia, mas nunca parte pro nocaute.
Em suma, uma comédia independente diferente do que geralmente assistimos. Ótimo pra quem quer matar as saudades da Sandra Oh, que transita lindamente entre o drama e a comédia.
Me recordo de ter lido o livro há uns cinco anos e nunca tinha imaginado uma adaptação cinematográfica pra ele. De qualquer forma, é muito bom ver a história de Auggie Pullman e dos desafios envolvendo sua malformação congênita no cerne de uma produção cinematográfica. Assim como no livro, todas as temáticas são abordadas com muita delicadeza, mas eficazes para que o telespectador reflita sobre os valores estéticos que são impostos em nossa construção sociocultural e o quanto é importante abraçar as diferenças para promovermos uma sociedade mais justa e benevolente. Afinal, quando lidamos com o extraordinário, nós somos a melhor versão de nós mesmos?
- Pra mim, o destaque do elenco fica por conta de Julia Roberts: consegue retratar aquela mãe que, mesmo com seus medos e sonhos, ainda precisa ser forte para ser o alicerce do filho. Izabela Vidovic também é uma grata surpresa. Jacob Tremblay, fofíssimo.
- Gostei muito que o roteiro opta por seguir a mesma estrutura do livro e demonstrar as diferentes percepções de vida dos coadjuvantes ao estarem inseridos no mundo do protagonista. O diretor faz questão de tornar válido todas as frustrações dos outros personagens e, pra mim, esse é um dos pontos mais importantes da obra. Querendo ou não, não é apenas Auggie que tem seus problemas.
- Queria ter visto um pouco mais da Summer, a participação dela é quase insignificante pro desenrolar dos fatos. Além disso, Julian poderia ter ganho mais espaço, esperei por um momento de redenção que foi abordado de maneira quase artificial. A cena no escritório do diretor não torna seu arrependimento crível, mostrar este processo seria bastante interessante para todo o conjunto da história.
Christine McPherson… ou Lady Bird, como prefere ser chamada, é uma jovem como qualquer outra. Todo o universo do filme é construído através do seu amadurecimento, na construção de uma personagem que precisa lidar com todas as suas hesitações ao estar dando adeus ao último ano do ensino médio. No meio dessa confusão, frustrações amorosas, problemas financeiros, conflitos familiares e o medo de sentir que seus sonhos podem não se realizar. Soa normal, não? Tem alguém que nunca passou por isso?
Aqui, tudo beira à honestidade. O roteiro, muito bem escrito por Gerwig, consegue abordar todas as temáticas com naturalidade, enaltecendo a simplicidade da vida comum sem apelar para o drama hollywoodiano muito característico dessas produções. O texto, cheio de sacadas geniais e divertidas, permite extrair dos atores atuações convincentes e de fácil identificação. Tudo é muito verdadeiro, exatamente do jeito que deveria ser.
Meus momentos preferidos se estabelecem na relação de Lady Bird com sua mãe. A cena das cartas e da procura do vestido de formatura evidenciam muito bem a relação instável entre as duas. Destaque, portanto, para o grande desempenho de Laurie Metcalf: diferente dos artifícios caricatos usados por Allison Janney em “I, Tonya”, Metcalf consegue entregar uma atuação maternal à altura e igualmente merecedora do Oscar de coadjuvante. Uma belíssima entrega da atriz, sem dúvidas.
Lady Bird conquista porque é palpável, mas se merece todo o hype e os 99% de aprovação no Rotten Tomatoes? Eu já não tenho tanta certeza.
Boa Sorte, Leo Grande
3.8 117 Assista AgoraDoido pra assistir! Alguém sabe se já saiu legenda?
Era Uma Vez um Sonho
3.5 448 Assista AgoraÉ BOMBAAAAAAAAAAAAAAA
Hamilton
4.5 256 Assista AgoraCompletamente apaixonado pela Phillipa Soo.
A Noviça Rebelde
4.2 801 Assista AgoraOk, essas foram as três horas mais bem gastas da minha vida.
Não sei se estou muito sensível hoje, mas me flagrei chorando de felicidade várias e várias vezes enquanto assistia ao filme. A Gina dos Palitos, digo... a Julie Andrews tá perfeita desde a cena inicial em que ela rodopia igual o Pião da Casa Própria, as crianças são adoráveis, as músicas são perfeitas e eu não me importo nenhum pouco de serem repetidas no decorrer do filme, porque tudo se encaixa, tudo é perfeito. Não tava gostando muito do personagem do Christopher Plummer, mas quando ele rasga a bandeira nazista é simplesmente tudo. E o que falar da solista que ganhou o prêmio de terceiro lugar no festival e ficou DOIDA? Muito icônica, Oscar winner de atriz coadjuvante faz assim mesmo. Outra coisa que eu amei é a fotografia, cada frame parece uma pintura, inclusive nas cenas mais escuras, dá pra ver que tudo é muito bem pensado. Gente, não sei, EU ESTOU FORA DE MIM! Queria poder sentir isso em absolutamente todos os filmes que eu assisto. E se você não deu cinco estrelas, lamento informar, mas você não é nada mais nada menos do que um nazista.
Central do Brasil
4.1 1,8K Assista AgoraA versão restaurada em 1080p foi a deixa perfeita para ver esse filme que sempre disse que veria. Agora eu finalmente vi. E tô arrebatado.
As Trapaceiras
2.7 315 Assista Agoratem cara de que vai ser horrível
já quero
Boy Erased: Uma Verdade Anulada
3.6 404 Assista AgoraMeu pai é pastor de uma igreja evangélica e minha mãe é descendente de italianos extremamente conservadores, então, de alguma forma, eu sei que Boy Erased conversaria comigo. Eu nunca fui colocado em uma terapia de conversão e nem passei pelo mesmo sofrimento que Jared Eamons. Para ser franco, eu tive muita sorte. É claro que quando o meu pai soube que minha mãe estava grávida de seu primeiro filho não era exatamente este menino que ele imaginava que eu me tornaria, mas ele fez o seu papel. Diferente de Marshall Eamons, o meu pai entendeu rapidamente que isso não era sobre ele ou sua profissão, era sobre mim. Com esse filme, portanto, eu espero que mais famílias possam perceber que o fanatismo religioso cega e as tornam escravas da segregação e do preconceito. Sei que muitos filhos de pastores não tiveram - ou teriam - a mesma sorte que eu tive. E não tem um dia na minha vida que eu não pense e seja grato por isso.
Boy Erased se afasta de estereótipos melodramáticos e apresenta um conjunto honesto e sensível, com atuações acima da média. Fico muito feliz que temáticas como religião e homossexualidade possam ser abordadas em produções como essa.
Benzinho
3.9 348 Assista AgoraO final de Benzinho é muito simbólico para mim.
Enquanto Irene usa o antigo uniforme do seu filho mais velho, Fernando, tentando de uma maneira se conectar e se sentir próximo dele, o desfile da banda de Rodrigo vai passando pela rua. O conjunto de instrumentos é barulhento, cheio de nuances, exatamente como a vida é. Irene permanece parada, inconsolável, vendo a vida passar diante dos seus olhos. Ela sabe que não pode fazer nada. Rodrigo, depois de Fernando, é o mais velho: ele é o próximo a levantar voo e no fundo ela também já sabe disso. Mesmo que seja difícil. Mesmo que por um segundo ela não queira acreditar, como quando correu em direção ao ônibus ao ver seu filho partindo para seguir seus sonhos na Alemanha. Neste momento, Irene também corria contra o tempo, pois cada segundo perto dos seus se tornava ainda mais precioso.
Irene é a personificação real do coração apertado de quem ama incondicionalmente a família. Daquela mulher que chora ao mesmo tempo que ri, daquela que fica triste ao mesmo tempo que emana alegria. Daquela que se agarra ao passado, ao mesmo tempo que entende que o futuro vai bater na sua porta.
Irene é nada mais, nada menos, do que a força e complexidade de ser MÃE.
Com Amor, Simon
4.0 1,2K Assista AgoraJennifer Garner é a dona desse filme, só não vê quem não quer.
Por mais que o diálogo inicial comece com “eu sou um garoto normal, exatamente como você”, seguidamente do protagonista entrando no seu próprio carro para ir ao colégio, Com Amor, Simon, de um jeito ou de outro, consegue atingir todo o adolescente que tem seus problemas ao lidar com a descoberta da homossexualidade e com sua afirmação frente à sociedade. O filme emoldura o personagem principal com um perfil privilegiado das mais diversas formas possíveis: tanto pela sua posição social, quanto pela facilidade da família e amigos ao compreenderem sua orientação sexual. Não há grandes embates da vida real, e que bom!
Pude ler a obra de Becky Albertalli no final do ano passado sem o conhecimento da adaptação cinematográfica que viria e, de fato, os roteiristas souberam dosar muito bem os momentos dramáticos e cômicos. A dinâmica para descobrir quem era Blue, as trocas de e-mails sempre rápidas e dinâmicas e a adição de alguns punchlines criados para o filme são bons exemplos da capacidade de exprimir o melhor das páginas do livro e, ao mesmo tempo, presentear o espectador com novidades únicas da produção.
Mesmo com os moldes hollywoodianos de produções cinematográficas voltadas ao público adolescente, Com Amor, Simon é feito exatamente para agradar seu público alvo, colocando-se no lugar de milhares de jovens que sofrem com essa conturbada trajetória de ainda precisar assumir sua sexualidade. É importante lembrar também a importância de filmes com essa temática sendo produzidos e distribuídos por grandes estúdios do cinema, acredito que um investimento desse porte coloca a temática LGBTQ+ no cerne de grandes debates, pois ainda há muitas questões para se discutir e preconceito a se combater. É delicioso saber que estamos andando pra frente.
O filme é nada menos do que um abraço apertado, seguido de um “você não está sozinho”. Fofo demais!
Brooklin
3.8 1,1KOs laços afetivos que formamos desde infância nos condicionam a uma espécie de zona de conforto, sendo forma de apego durante toda a nossa vida. Por mais que muita gente busque o “inexplorado” como objeto de realização pessoal frente às novas descobertas, é sempre difícil lidar com o estranho, com o desconhecido. Brooklyn, baseado no livro homônimo de Colm Tóibín, é nada menos que isso: Eilis Lacey, uma jovem irlandesa, deixa sua família e tudo o que construiu em busca do grande sonho americano.
Pelo fato de ter saído de casa com 14 anos para estudar em um internato, me identifiquei um pouco com as situações que envolvem o enredo. É óbvio que eu não precisei atravessar o oceano para sentir toda a sua dor, mas os sentimentos de angústia, medo e solidão me fizeram ter instantânea empatia pela personagem, me transportando aos momentos em que pude relembrar do meu próprio processo de adaptação.
Transitando entre as dificuldades enfrentadas no cenário americano e o desenvolvimento de um inesperado romance com um encanador italiano, Eilis precisa retornar para Irlanda depois de um acontecimento trágico, mostrando o conflito interno da protagonista ao lidar com todas as suas escolhas. Indagações como “estou fazendo o que é certo?” e “devo voltar para Brooklyn ou permanecer com minha família em meu país de origem?” são constantes em toda a segunda parte do filme, criando um clima de expectativa sobre o desfecho do longa-metragem.
No que diz respeito à parte visual da produção, os figurinos de época, a coloração simpática e o belíssimo design de produção são um agrado aos que buscam esse deslumbre visual. E para quem é fã da Saoirse Ronan por Lady Bird, tirem um tempo para assistir a atriz na possivelmente melhor atuação de sua carreira. Ótimo filme.
Temporário 12
4.3 590Faço parte do grupo de entusiastas que gostariam de uma série baseado no filme: a história de Grace e dos outros supervisores na instalação adotiva poderiam ser exploradas em diversos episódios, dando espaço para que subtramas com os adolescentes pudessem se desenvolver. Mesmo com noventa minutos apressados, as lições sobre amor e altruísmo são abordadas com delicadeza e maestria, fruto de um elenco competente e um roteiro muito bem estruturado.
Queda Livre
3.6 591Entendo a satisfação do público com o conjunto geral, há muito para ser destacado positivamente: atuações críveis, belíssima ambientação, trilha sonora competente, alguns momentos interessantes, mas o filme não me cativou da mesma maneira. A temática da homofobia em empregos heteronormativos, bem como a complexidade dos personagens poderiam ter sido abordados com muito mais esmero. O diálogo de Marc com sua mãe após ela ter descoberto o romance de seu filho com Kay é um exemplo das diversas oportunidades desperdiçadas para trazer mais profundidade ao enredo ou algum tipo de reviravolta que tornasse o longa mais marcante. Assim sendo, com um roteiro corrido e esbarrando em diversos clichês do gênero, fica a sensação de que Queda Livre tinha potencial para ser muito mais do que foi. Uma pena.
Krisha
3.7 83Com sua saúde mental afetada, Krisha esteve por muito tempo reclusa para lidar com seus problemas pessoais. Botar o pé para fora de casa e enxergar uma realidade que não passou ao alcance do seu olhar não será tarefa fácil. Dirigido por Trey Edward Shults, o longa conta a história dessa misteriosa mulher sendo convidada para comemorar o Dia de Ação de Graças com seus familiares, revendo parentes que ainda guardam mágoas dessa relação cheia de feridas que não cicatrizaram.
O que confere singularidade ao filme é a relação da protagonista com os fantasmas do seu passado. No decorrer das cenas, a gente percebe que Krisha não se recuperou totalmente e que os demônios da sua cabeça não estão querendo dar trégua: a trilha sonora e os planos-sequências mostram que, mesmo com aquela casa cheia de vida, ela se sente totalmente sozinha, como se todo seu esforço ainda não a fizesse ser bem-vinda ali.
Além disso, as questões familiares são abordadas com muita subjetividade: você observa situações de extremo desconforto e constrangimento sendo expostos, mas você simplesmente não sabe o que aconteceu antes desse reencontro. Dessa forma, embora você queira sentir pena da protagonista, você não sabe se, de fato, ela merece.
Em uma produção modesta e independente, Krisha é interessante para quem busca uma experiência sensorial bem diferente do que é apresentado em filmes da mesma temática.
Doentes de Amor
3.7 379 Assista AgoraO filme me chamou a atenção imediatamente após sua indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Afinal, quais são as chances de uma produção de comédia conseguir tamanha proeza?
The Big Sick acerta ao abordar o choque de realidade entre o estilo de vida estadunidense e a estrutura tradicional de uma família paquistanesa. No meio disso, o protagonista Kumail Nanjiani tenta intermediar sua relação parental ao hesitar contra o casamento arranjado e sua grande paixão por Emily, uma americana que está lutando para sobreviver de uma doença misteriosa que a deixou em estado de coma. Mesmo que a atuação do protagonista deixe a desejar, os grandes destaques do elenco ficam por conta da entrega convincente e apaixonada de Zoe Kazan, interpretando uma acadêmica de psicologia que não consegue lidar com seus próprios problemas, e a incrível Holly Hunter: eu não conhecia absolutamente nada a respeito dessa atriz e eu tô extremamente obcecado por todas as nuances apresentadas em sua performance, senti muito a falta de uma nomeação ao Oscar também. Em suma, as questões culturais abordadas na obra enriquecem muito todo o conjunto final e, apesar da previsibilidade do enredo e seus clichês no meio do caminho, os créditos com as fotos do casal deixaram o meu coraçãozinho super feliz por ter acompanhado e torcido por essa história real. Vale assistir!
Miss Violence
3.9 1,0K Assista AgoraO sorriso estampado no rosto de uma garotinha antes de cometer suicídio, exatamente no mesmo dia em que comemorava seu aniversário de onze anos. Avranas não poupa esforços para impactar logo nos primeiros minutos do seu longa-metragem, onde mostrará o cotidiano de uma família e as motivações da personagem ao se jogar da sacada do prédio em que vivia. Como espectadores, podemos enxergar muito mais do que a assistência social e a polícia ao investigar o crime, imergindo em um clima claustrofóbico com personagens passivos e uma fotografia opaca. A produção grega de cinco anos atrás ainda permanece muito atual, independente do contexto geográfico em questão. De maneira eficaz, o diretor consegue abrir nossos olhos sobre as diversas manifestações de violência doméstica e de como elas podem ser silenciadas pela figura opressora de um patriarca.
Maudie: Sua Vida e Sua Arte
4.1 192 Assista Agora“I was loved. I was loved, Ev.”
O que é necessário para alcançar a plenitude da vida?
A cinebiografia conta a história da pintora canadense Maud Lewis. Por sofrer de artrite reumatoide juvenil (inflamação das articulações que podem provocar deformidades nas juntas), viveu sua infância apenas com a família, afastada de qualquer círculo social por conta do bullying. Nesses anos de isolamento, teve a oportunidade de desenvolver diversas habilidades artísticas, descobrindo uma paixão intensa pela pintura. Após o falecimento dos seus pais, buscava por um pouco mais de autonomia e aceitou um trabalho de governanta na casa de um simples pescador. Com seu novo modo de vida, conseguiu estreitar ainda mais a sua relação com a tela, o pincel e a tinta.
Eu assisti ao filme no final de janeiro e demorei para escrever um comentário porque ainda me falta palavras para expressar o quão tocado eu fiquei com a história da pintora. O longa continua presente em minha memória, todos os dias, desde então.
Sally Hawkins, que assume brilhantemente o papel de protagonista, disse em uma das entrevistas para a divulgação do filme que as pinturas de Maud são de uma alegria real. Mais do que isso, acredita que “as pessoas admiram suas obras porque é honesto”. Após conhecer sua história, eu também vejo da mesma forma.
Mesmo com as dificuldades que estavam em seu caminho, a pintora nunca esqueceu de ser grata por sua vida. Captou a simplicidade do cotidiano em cores vibrantes e traços vívidos, onde cada pincelada mostrava um pouco da sua luz e dos sentimentos bons que carregava no peito. Ela tinha uma vida simples e nunca pediu nada em troca, não queria vender suas obras por milhões de dólares ou alcançar prestígio nos quatro cantos do mundo. No decorrer do filme, você percebe que ela viveu feliz enquanto pôde mostrar o seu talento, simplesmente para quem quisesse ver.
Lindo e extremamente sensível! Por mais filmes que possam exaltar pessoas simples e que nos façam refletir sobre a nossa percepção de vida e o verdadeiro significado de felicidade.
Maud não tinha muito, mas o que tinha a preenchia. E era suficiente.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraAcredito que o maior erro do espectador é ler a sinopse ou assistir ao trailer esperando ansiosamente por uma resposta. Uma resposta que talvez nunca venha: nem para Mildred Hayes, nem para muitos dos casos que ultrapassam as telas do cinema e figuram na vida real. Três Anúncios para um Crime é um filme que fala sobre perda, frustração e impotência, onde os personagens são construídos para transcender sua própria noção de identidade, cada um à sua maneira. Frances McDormand e Sam Rockwell destrincham brilhantemente seus papéis, camada por camada, na mais pura complexidade e ambiguidade do ser humano. Gostei muito.
A Visita
3.3 1,6K Assista Agora"Você se importaria em entrar no forno para limpá-lo?"
Gosto muito da preocupação do diretor em trazer alguns toques autorais que tornam o conjunto muito mais do que um simples filme de found footage. Há sacadas geniais no roteiro, personagens muito bem construídos e fragmentos dispersos pela obra que acabam se encaixando ao decorrer da narrativa. O ritmo é um pouco lento, mas o plot twist é poderoso e consegue construir uma atmosfera de tensão que se estende até os minutos finais. Não é um filme que eu vou querer rever tão cedo, mas é uma experiência singular pra quem gosta do subgênero.
Jantar Com Beatriz
3.3 56 Assista AgoraSalma Hayek tem um espaço no meu coração pela atuação nesse filme. O choque de realidades entre uma imigrante mexicana que trabalha como massagista e três casais de magnatas egocêntricos é um prato cheio (atenção ao trocadilho) que perpassa a tela e abre uma série de reflexões pra nossa realidade atual.
Tenho meus problemas com o roteiro, acredito que ele poderia ter levado o espectador a refletir muito mais sobre os assuntos abordados, a mergulhar mais fundo nas questões levantadas. Em contrapartida, o filme é dinâmico e funciona pela competência dos atores. Destaque para a cena em que Beatriz canta e toca “Las Simples Cosas”, você simplesmente entende seus sentimentos, suas convicções e da saudade que grita em seu peito.
Você fica desconfortável e ri de nervoso, praticamente o filme todo. Pode servir a torta de climão.
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraNão possuía muito conhecimento sobre o livro e o filme da década de noventa, então fui com uma ideia completamente diferente antes de apreciar o remake. Por mais que elementos do terror sejam recorrentes na obra, a temática transita muito bem pela comédia, aventura e drama, sendo este último um dos gêneros que sustenta de maneira mais competente todo o enredo. Dito isso, o roteiro parece mais preocupado em abordar o poder da amizade, da coragem e da união para a resolução dos nossos próprios medos, do que a figura do palhaço em si. O elenco é carismático e conquista pela sua química, acredito que esse é o fator preeminente que conduz o filme com tanta maestria. Minha única ressalva é que tá todo mundo babando o ovo da atuação de Bill Skarsgård, mas pra mim quem rouba a cena é Sophia Lillis. Espero vê-la brilhando em outras produções cinematográficas.
Projeto Flórida
4.1 1,0KEnquanto a cidade de Orlando recebe facilmente mais de cinquenta milhões de turistas por ano, há inúmeras famílias desestruturadas vivendo nos arredores dos parques da Disney. O filme retrata exatamente isso: a visão inocente de uma criança que faz do motel em que vive, sua própria maneira de enxergar a magia.
A vida como ela é, exatamente do jeito que a gente não quer ver. E finge que não vê.
- É aquele ditado: não foi a Brooklynn Prince que perdeu o Oscar, foi o Oscar que perdeu a Brooklynn Price, então olha só esse discurso fofíssimo da pequena ao ganhar o Critics' Choice Awards: “I would like to dedicate this award to all the Moonees out there. Guys, this is a real problem. You need to go out there and help”. (goo.gl/c81SVD)
Catfight
3.1 131 Assista AgoraDuas mulheres descontroladas brigando ao som de música clássica. É sério, toca Mozart, Bach, Beethoven e por aí vai… o filme entrega uma atmosfera caricata e efeitos sonoros exagerados, mas infelizmente não vai muito mais longe que isso. A premissa abre espaço para refletir sobre estruturas políticas, conceitos tradicionais familiares e a negligência das nossas escolhas e de como elas podem afetar terceiros, porém seu ritmo é tão lento que a única coisa que você vai querer ver são as cenas de luta entre as protagonistas. No final das contas, Catfight golpeia, mas nunca parte pro nocaute.
Em suma, uma comédia independente diferente do que geralmente assistimos. Ótimo pra quem quer matar as saudades da Sandra Oh, que transita lindamente entre o drama e a comédia.
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraMe recordo de ter lido o livro há uns cinco anos e nunca tinha imaginado uma adaptação cinematográfica pra ele. De qualquer forma, é muito bom ver a história de Auggie Pullman e dos desafios envolvendo sua malformação congênita no cerne de uma produção cinematográfica. Assim como no livro, todas as temáticas são abordadas com muita delicadeza, mas eficazes para que o telespectador reflita sobre os valores estéticos que são impostos em nossa construção sociocultural e o quanto é importante abraçar as diferenças para promovermos uma sociedade mais justa e benevolente. Afinal, quando lidamos com o extraordinário, nós somos a melhor versão de nós mesmos?
- Pra mim, o destaque do elenco fica por conta de Julia Roberts: consegue retratar aquela mãe que, mesmo com seus medos e sonhos, ainda precisa ser forte para ser o alicerce do filho. Izabela Vidovic também é uma grata surpresa. Jacob Tremblay, fofíssimo.
- Gostei muito que o roteiro opta por seguir a mesma estrutura do livro e demonstrar as diferentes percepções de vida dos coadjuvantes ao estarem inseridos no mundo do protagonista. O diretor faz questão de tornar válido todas as frustrações dos outros personagens e, pra mim, esse é um dos pontos mais importantes da obra. Querendo ou não, não é apenas Auggie que tem seus problemas.
- Queria ter visto um pouco mais da Summer, a participação dela é quase insignificante pro desenrolar dos fatos. Além disso, Julian poderia ter ganho mais espaço, esperei por um momento de redenção que foi abordado de maneira quase artificial. A cena no escritório do diretor não torna seu arrependimento crível, mostrar este processo seria bastante interessante para todo o conjunto da história.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraChristine McPherson… ou Lady Bird, como prefere ser chamada, é uma jovem como qualquer outra. Todo o universo do filme é construído através do seu amadurecimento, na construção de uma personagem que precisa lidar com todas as suas hesitações ao estar dando adeus ao último ano do ensino médio. No meio dessa confusão, frustrações amorosas, problemas financeiros, conflitos familiares e o medo de sentir que seus sonhos podem não se realizar. Soa normal, não? Tem alguém que nunca passou por isso?
Aqui, tudo beira à honestidade. O roteiro, muito bem escrito por Gerwig, consegue abordar todas as temáticas com naturalidade, enaltecendo a simplicidade da vida comum sem apelar para o drama hollywoodiano muito característico dessas produções. O texto, cheio de sacadas geniais e divertidas, permite extrair dos atores atuações convincentes e de fácil identificação. Tudo é muito verdadeiro, exatamente do jeito que deveria ser.
Meus momentos preferidos se estabelecem na relação de Lady Bird com sua mãe. A cena das cartas e da procura do vestido de formatura evidenciam muito bem a relação instável entre as duas. Destaque, portanto, para o grande desempenho de Laurie Metcalf: diferente dos artifícios caricatos usados por Allison Janney em “I, Tonya”, Metcalf consegue entregar uma atuação maternal à altura e igualmente merecedora do Oscar de coadjuvante. Uma belíssima entrega da atriz, sem dúvidas.
Lady Bird conquista porque é palpável, mas se merece todo o hype e os 99% de aprovação no Rotten Tomatoes? Eu já não tenho tanta certeza.