Get Out consegue mesclar muito bem um senso de humor ácido e provocante com um clima de terror perturbador, contando ainda com uma atuação de gala de Daniel Kaluuya e um domínio técnico bastante impressionante para um filme de estreia (é o primeiro longa do comediante Jordan Peele, que o inicia já com um plano-sequência simples, mas eficaz em suas intenções). Acho interessante ressaltar como a geração atual de cineastas ligados ao terror em língua inglesa parece estar preocupada com medos humanos mais profundos que os normalmente atribuídos ao gênero: o racismo em Get Out, o luto em Babadook, a chegada à maturidade em It Follows e a culpa religiosa em A Bruxa. Espero que meu gênero favorito continue assim. Enfim, Get Out é o melhor lançamento de 2017 até agora e um ótimo motivo para acompanhar a carreira cinematográfica de Jordan Peele daqui em diante.
O curta do Martin Scorsese é muito bom, sendo um intrigante estudo de um personagem (Nick Nolte) obsessivo e abusivo emocionalmente e ao mesmo tempo maduro e estável em sua profissão de artista que se contrapõe à sua assistente (Rosanna Arquette), dando seus primeiros passos como artista e tentando libertar-se do seu relacionamento já desgastado com o personagem de Nick Nolte. É de longe o melhor dos três curtas e aquele que tem mais a dizer.
Já a empreitada de Francis Ford Coppola é um porre, um filme cuja narrativa dispensa completamente um propósito que não seja exaltar a beleza estética da obra e a vida luxuosa que seus personagens vivem. Um desperdício dos talentos de Talia Shire e Giancarlo Giannini, que não dá ao espectador motivos para ter um envolvimento emocional com os dilemas apresentados por falta de foco, e o pior dos curtas.
Por fim, o curta encabeçado por Woody Allen demonstra-se promissor até metade da projeção e passa a ser decepcionante por não aproveitar de fato todas as possibilidades que o cenário estabelecido tem a oferecer. Uma experiência agridoce dado o potencial cinematográfico desperdiçado, mas que tem seus momentos de brilhantismo e garante boas risadas para quem aprecia o senso de humor "alleniano".
Amor Pleno é um espetáculo visual como toda grande obra de Terrence Malick, porém falta no filme um conteúdo à altura da beleza formal presente na fotografia de Emmanuel Lubezki (colaborador recorrente do diretor). Ainda assim, é revigorante presenciar sentimentos universais como amor e fé sob um ponto de vista mais realista, embora a sensação de que vislumbrar o amor segundo Malick poderia ter sido uma experiência melhor do que realmente foi seja gritante.
La La Land venceu o Producers Guild Awards (prêmio do sindicato de produtores de Hollywood), principal termômetro para o Oscar de Melhor Filme. Ou seja, já pode marcar o filme no bolão sem medo de perder.
Duro filme sobre luto e a dificuldade de perdoar (seja a si mesmo ou ao próximo) com grandes atuações, destacando-se o protagonista Lee Chandler interpretado por Casey Affleck, que faz uma composição de personagem exemplar aqui: em flashbacks antes de determinado acontecimento no filme, Lee é energético e risonho, dotado de gestos espontâneos; já no tempo presente vemos um homem de gestos contidos e expressão facial amargurada complementada por um olhar perdido, sendo perceptível um grande esforço de Casey para construir com cuidado os trejeitos do personagem e o contraste de sua personalidade em estados de espírito diferentes. Já Lucas Hedges consegue retratar muito bem a tempestade emocional de um adolescente em meio ao cenário imposto à sua vida e Michelle Williams soube demonstrar fragilidade emocional sem parecer algo barato, artificial. Algo que me desagradou em Manchester by the Sea sem dúvida foi o uso excessivo da trilha sonora para aumentar a intensidade dramática, algo que não julgo necessário em um filme tão cru e melancólico por natureza, acredito que só as performances dos atores são necessárias para construir o clima que Manchester precisa. E também um ou outro momento de humor que não funcionou como deveria por contrastar de forma exagerada com o status quo agridoce da película. De resto, um filme impecável. E mais um Oscar está a caminho da humilde residência dos Affleck.
Um thriller que mescla muito bem gêneros como heist movies e western, além de contar com diálogos ácidos e brilhantes atuações de um elenco competente encabeçado por um Jeff Bridges atuando de forma minimalista, mas não menos merecedora de aplausos. Mas o melhor do filme é o tratamento dado aos personagens: não existem heróis ou vilões em Hell or High Water e sim seres humanos que tentam, aos trancos e barrancos e sem vislumbrar uma há muito descartada ética, se reerguer na vida; algo digno de condenação e sem qualquer possível justificativa, embora perfeitamente compreensível dadas as circunstâncias.
Moonlight é, sem dúvida, o melhor filme de 2016. Isso devido ao fato de ser um filme que desempenha muito bem uma das mais importantes funções do cinema: a de conhecer e entender um universo do qual não fazemos parte, promovendo assim a empatia, sentimento que parece cada vez mais ausente no coração humano contemporâneo e tão fundamental para prorrogar a nossa autodestruição. Não consigo pensar em algo em Moonlight que tenha me desagradado, literalmente. Nenhum plano fora do lugar, nenhum diálogo que descaracteriza personagem, nenhuma atuação destoante do resto da obra. Pelo contrário, os planos (que apostam acertadamente em uma palheta de cores voltada a um melancólico azul, fato que tem importância na trama) parecem bailar de maneira suave graças à direção segura de Barry Jenkins que nos permite acompanhar a trajetória de Chiron sempre do melhor ângulo possível; todos os diálogos são tão palpáveis e dotados de questões tão humanas que você praticamente esquece estar vendo uma ficção, o roteiro transborda a mais crua realidade e as atuações seguem o mesmo estado de espírito melancólico, sendo difícil definir o destaque em um elenco (logo, ficarei realmente chateado se Moonlight não vencer o SAG) aonde todos os atores são equivalentes e peças fundamentais na construção da obra. Queria também aproveitar o ensejo também para dizer o quanto sensacional também é o final do filme:
Onde, após tantos anos reprimindo sua própria sexualidade, ele finalmente se abre e se entrega de encontro ao seu amor por Kevin em um plano onde o vermelho (cor quente, sinônimo de paixão) finalmente predomina em sua vida e a figura do pequeno Little colorida pelo azul melancólico do luar emerge olhando para o espectador, lembrando ao mesmo que novos horizontes podem ter se aberto ao protagonista agora que o mesmo encontra-se, depois de anos desperdiçados, no centro do mundo.
Enfim, Moonlight é uma experiência cinematográfica imperdível e um dos melhores filmes que pude ver sobre a busca por identidade e sobre crescer em um ambiente hostil que não compreende a diversidade. Já ganhou minha torcida no Oscar e La La Land (também adorei) que se cuide.
A Chegada é um exemplo perfeito de como um sci-fi deve ser: instigante de assistir e fascinante de refletir sobre após o término da sessão, ainda que um ou outro ponto da trama tenha parecido inverossímil para mim. Denis Villeneuve mostra ser digno da enorme responsabilidade de dirigir Blade Runner e Amy Adams porque é considerada uma das grandes atrizes de Hollywood atualmente.
Em 2015, quando iniciei minha maratona dos filmes do Oscar com Whiplash, deparei-me com uma das mais gratas surpresas que lembro do cinema ter proporcionado à minha pessoa. Achei que o filme trouxe, dentro do contexto do jazz, um debate interessante sobre a condição do artista e a busca incessante e obsessiva do mesmo em superar-se cada vez mais. Isso aliado à uma montagem sensacional e atuações inspiradas de J. K. Simmons e Miles Teller, fez com que o diretor Damien Chazelle ganhasse minha atenção para seus próximos projetos, mesmo supondo que Damien nunca iria conseguir realizar outro filme tão primoroso quanto Whiplash.
Que bom que errei minha previsão.
La La Land já é, pelo menos no coração deste sonhador aqui, um dos grandes musicais da história do cinema, sendo uma deliciosa carta de amor aos grandes clássicos do gênero, de Cantando na Chuva à Os Guarda-Chuvas do Amor (este último, a grande inspiração visual de La La Land) e também aproveitando o ensejo para citar outras produções da Era de Ouro de Hollywood como Casablanca e Juventude Transviada. Mas não só de homenagens vive La La Land: a relação entre Mia e Sebastian é envolvente graças à competência de Emma Stone e Ryan Gosling, que seguram as pontas nos deslizes do roteiro (mais à frente explico); as músicas são simplesmente perfeitas, não consigo pensar em um número musical que tenha me desagradado, seja na melodia ou na letra; o design de produção junto com a direção de Chazelle é impecável ao remeter à Hollywood da década de 40 e 50 e utilizar de (falsos, mas não menos trabalhosos) planos-sequência que valorizam o primor estético da produção e as coreografias de maneira contemplativa, sem quaisquer firulas de montagem "dinâmicas" para atrapalhar o deslumbre visual da obra (sim, Moulin Rouge e Chicago, estou falando com vocês). Quanto aos deslizes que mencionei anteriormente, o principal sem dúvida foi
a sequência em que é simulada a vida do nosso querido casal caso não tivessem rompido. Achei ela tão excessiva, mesmo rendendo um bom momento com J. K. Simmons e espetáculos visuais, mas entendo o propósito dela na narrativa. E perceba o quanto esse filme é bom: até mesmo toda uma sequência cuja existência não concordo rendeu bons momentos de serem lembrados.
Fora isso, um ou outro momento de humor não funcionou para mim, mas nada muito grave. Enfim, La La Land é um filme obrigatório para quem ama cinema e mais ainda para quem ama musicais, embora seja bem real a possibilidade da divisão de opiniões como a mania que compartilho com Amélie Poulain de olhar para os rostos das pessoas ao meu lado no cinema comprovou: à minha direita, um amigo meu dormiu durante boa parte da projeção e quando acordado, encontrava-se claramente aborrecido com o que via; já do meu lado esquerdo, uma (belíssima, por sinal) mulher encontrava-se com um sorriso estampado no rosto tão bobo quanto o meu e com lágrimas nos olhos tão sinceras quanto as minhas ao relembrar que as nossas escolhas na vida têm um gosto amargo, mesmo para o mais otimista dos sonhadores.
Aquarius entrou no top 10 de melhores filmes de 2016 da tradicional revista Cahiers du Cinéma, sendo o único filme brasileiro da história a conseguir tal feito.
Não vou cometer a heresia de dizer que é melhor que o original de 1984, mas ainda assim achei um bom reboot de uma franquia morta há muito tempo que não apenas consegue estabelecer seu próprio universo de maneira independente como tem respeito ao material original com referências pontuais aos dois primeiros filmes e participações especiais do elenco original em sua maioria pertinentes (sem entregar muito achei sacanagem o que fizeram com o Bill Murray). E sobre o hype negativo que o filme teve e ainda tem: não vou entrar no mérito se é machismo velado ou mimimi nostálgico, o que importa é que a maioria esmagadora das críticas foram feitas ANTES do filme estrear e em minha opinião você destilar ódio em uma obra baseando-se apenas em trailer e escolha de elenco (que muitas vezes nos enganam) não apenas é uma atitude "anticinefilia" como também pura babaquice. Enfim, As Caça-Fantasmas está longe de ser uma obra-prima da comédia ou algo do gênero, mas no geral gostei do resultado final e aguardo uma possível continuação com o
Referência direta à Rocky Horror Picture Show, trilha com David Bowie e The Smiths, grandes atuações de um trio de jovens promissores e uma abordagem tipicamente "hughesiana" da adolescência. Ok, filme, você me ganhou.
Esquecendo o hype desnecessário que fez com que Let It Go deixasse de ser uma poderosa canção que retrata o turning point de uma grande personagem para se tornar uma canção insuportável por ser tão massificada a ponto de se tornar banal, vejo aspectos muito relevantes no filme. Por exemplo, observem como o filme brinca de maneira inteligente com os esterótipos típicos das produções da Disney estabelecendo uma evolução no modelo de comportamento das princesas Disney que eu não presenciava desde A Bela e a Fera e Mulan e ao mesmo tempo consegue manter o espírito de suas animações com os elementos típicos tão imitados por seus concorrentes. Mais precisamente: 1. O coadjuvante "fofinho e engraçadinho" personificado no boneco de neve Olaf, que, não apenas consegue a proeza de provocar risadas do espectador de maneira sutil (diferente de outros personagens semelhantes que gritam e se contorcem para alcançar sorrisos constrangidos ou forçados) como também funciona como a bússola moral da narrativa, não só por trazer os outros personagens de volta aos seus objetivos durante a jornada como lhes apresentando valores que os permitem crescer na narrativa, e isso igualmente de maneira sutil e, dado seu otimismo contagiante, descontraída. 2. A qualidade técnica da animação, principalmente por sua beleza visual. Sério, existem diversos planos exibindo as paisagens permeadas por neve e gelo que senti vontade de emoldurar aqui em casa. Sem falar que o filme tem um cuidado único com os detalhes, por exemplo ao mostrar Elsa com cores escuras e melancólicas e gestos corporais contidos no início da película e durante a cena do Let It Go (cuja letra deixa transparecer a ideia de libertação) ela passar a tons mais claros e vivos e executar gestos mais espontâneos, marcando a transição da personagem. 3. A mensagem do filme, que é clichê em alguns momentos ao transmitir um conceito meio batido de "o amor vence tudo" e ao mesmo tempo inovadora pelo fato de, em pleno filme de princesa, essa relação de amor é fraternal entre duas irmãs e não romântica envolvendo um príncipe salvador da pátria como se espera. Também acho bastante válido ensinar ao público a se aceitarem como são seguindo o exemplo de Elsa que aprendeu em sua jornada que renegar seu poder destrutivo não é a melhor solução, mas sim aprender a construir com ele. Enfim, são por estas e outras razões que, assim como muitos, vejo Frozen como uma grande animação que traça novos rumos para os estúdios Disney, redefinindo valores retrógrados com um olhar contemporâneo sem se esquecer de encantar com a magia que só o cinema é capaz de proporcionar.
Uma bela e dolorosa carta de amor ao cinema clássico que lida com temas ainda contemporâneos como racismo e homossexualidade reprimida sem ser panfletário. Além de uma aula de como aplicar um esquema de cores na fotografia para construir uma narrativa visual que não apoia-se exclusivamente em seu roteiro.
Taxi Driver
4.2 2,6K Assista AgoraQue Hollywood não faça um remake com o título de Uber Driver...
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista AgoraAparentemente, menino Villeneuve curte uma Louise Bourgeois.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraGet Out consegue mesclar muito bem um senso de humor ácido e provocante com um clima de terror perturbador, contando ainda com uma atuação de gala de Daniel Kaluuya e um domínio técnico bastante impressionante para um filme de estreia (é o primeiro longa do comediante Jordan Peele, que o inicia já com um plano-sequência simples, mas eficaz em suas intenções).
Acho interessante ressaltar como a geração atual de cineastas ligados ao terror em língua inglesa parece estar preocupada com medos humanos mais profundos que os normalmente atribuídos ao gênero: o racismo em Get Out, o luto em Babadook, a chegada à maturidade em It Follows e a culpa religiosa em A Bruxa. Espero que meu gênero favorito continue assim.
Enfim, Get Out é o melhor lançamento de 2017 até agora e um ótimo motivo para acompanhar a carreira cinematográfica de Jordan Peele daqui em diante.
Contos de Nova York
3.5 267 Assista AgoraO curta do Martin Scorsese é muito bom, sendo um intrigante estudo de um personagem (Nick Nolte) obsessivo e abusivo emocionalmente e ao mesmo tempo maduro e estável em sua profissão de artista que se contrapõe à sua assistente (Rosanna Arquette), dando seus primeiros passos como artista e tentando libertar-se do seu relacionamento já desgastado com o personagem de Nick Nolte. É de longe o melhor dos três curtas e aquele que tem mais a dizer.
Já a empreitada de Francis Ford Coppola é um porre, um filme cuja narrativa dispensa completamente um propósito que não seja exaltar a beleza estética da obra e a vida luxuosa que seus personagens vivem. Um desperdício dos talentos de Talia Shire e Giancarlo Giannini, que não dá ao espectador motivos para ter um envolvimento emocional com os dilemas apresentados por falta de foco, e o pior dos curtas.
Por fim, o curta encabeçado por Woody Allen demonstra-se promissor até metade da projeção e passa a ser decepcionante por não aproveitar de fato todas as possibilidades que o cenário estabelecido tem a oferecer. Uma experiência agridoce dado o potencial cinematográfico desperdiçado, mas que tem seus momentos de brilhantismo e garante boas risadas para quem aprecia o senso de humor "alleniano".
A Fantástica Fábrica de Chocolate
4.0 1,1K Assista AgoraMelhor slasher movie infantil que você respeita.
Star Trek
4.0 1,1K Assista AgoraDá pra assistir sem saber nada de Star Trek?
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraQuando Dois Tradutores Pecam.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraBEST. OSCAR. EVER.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraNão foi Moonlight que perdeu o Oscar, foi o Oscar que perdeu Moonlight.
Amor Pleno
3.0 558Amor Pleno é um espetáculo visual como toda grande obra de Terrence Malick, porém falta no filme um conteúdo à altura da beleza formal presente na fotografia de Emmanuel Lubezki (colaborador recorrente do diretor). Ainda assim, é revigorante presenciar sentimentos universais como amor e fé sob um ponto de vista mais realista, embora a sensação de que vislumbrar o amor segundo Malick poderia ter sido uma experiência melhor do que realmente foi seja gritante.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraLa La Land venceu o Producers Guild Awards (prêmio do sindicato de produtores de Hollywood), principal termômetro para o Oscar de Melhor Filme. Ou seja, já pode marcar o filme no bolão sem medo de perder.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraDuro filme sobre luto e a dificuldade de perdoar (seja a si mesmo ou ao próximo) com grandes atuações, destacando-se o protagonista Lee Chandler interpretado por Casey Affleck, que faz uma composição de personagem exemplar aqui: em flashbacks antes de determinado acontecimento no filme, Lee é energético e risonho, dotado de gestos espontâneos; já no tempo presente vemos um homem de gestos contidos e expressão facial amargurada complementada por um olhar perdido, sendo perceptível um grande esforço de Casey para construir com cuidado os trejeitos do personagem e o contraste de sua personalidade em estados de espírito diferentes.
Já Lucas Hedges consegue retratar muito bem a tempestade emocional de um adolescente em meio ao cenário imposto à sua vida e Michelle Williams soube demonstrar fragilidade emocional sem parecer algo barato, artificial.
Algo que me desagradou em Manchester by the Sea sem dúvida foi o uso excessivo da trilha sonora para aumentar a intensidade dramática, algo que não julgo necessário em um filme tão cru e melancólico por natureza, acredito que só as performances dos atores são necessárias para construir o clima que Manchester precisa. E também um ou outro momento de humor que não funcionou como deveria por contrastar de forma exagerada com o status quo agridoce da película. De resto, um filme impecável.
E mais um Oscar está a caminho da humilde residência dos Affleck.
A Qualquer Custo
3.8 803 Assista AgoraUm thriller que mescla muito bem gêneros como heist movies e western, além de contar com diálogos ácidos e brilhantes atuações de um elenco competente encabeçado por um Jeff Bridges atuando de forma minimalista, mas não menos merecedora de aplausos.
Mas o melhor do filme é o tratamento dado aos personagens: não existem heróis ou vilões em Hell or High Water e sim seres humanos que tentam, aos trancos e barrancos e sem vislumbrar uma há muito descartada ética, se reerguer na vida; algo digno de condenação e sem qualquer possível justificativa, embora perfeitamente compreensível dadas as circunstâncias.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraMoonlight é, sem dúvida, o melhor filme de 2016. Isso devido ao fato de ser um filme que desempenha muito bem uma das mais importantes funções do cinema: a de conhecer e entender um universo do qual não fazemos parte, promovendo assim a empatia, sentimento que parece cada vez mais ausente no coração humano contemporâneo e tão fundamental para prorrogar a nossa autodestruição.
Não consigo pensar em algo em Moonlight que tenha me desagradado, literalmente. Nenhum plano fora do lugar, nenhum diálogo que descaracteriza personagem, nenhuma atuação destoante do resto da obra. Pelo contrário, os planos (que apostam acertadamente em uma palheta de cores voltada a um melancólico azul, fato que tem importância na trama) parecem bailar de maneira suave graças à direção segura de Barry Jenkins que nos permite acompanhar a trajetória de Chiron sempre do melhor ângulo possível; todos os diálogos são tão palpáveis e dotados de questões tão humanas que você praticamente esquece estar vendo uma ficção, o roteiro transborda a mais crua realidade e as atuações seguem o mesmo estado de espírito melancólico, sendo difícil definir o destaque em um elenco (logo, ficarei realmente chateado se Moonlight não vencer o SAG) aonde todos os atores são equivalentes e peças fundamentais na construção da obra.
Queria também aproveitar o ensejo também para dizer o quanto sensacional também é o final do filme:
Onde, após tantos anos reprimindo sua própria sexualidade, ele finalmente se abre e se entrega de encontro ao seu amor por Kevin em um plano onde o vermelho (cor quente, sinônimo de paixão) finalmente predomina em sua vida e a figura do pequeno Little colorida pelo azul melancólico do luar emerge olhando para o espectador, lembrando ao mesmo que novos horizontes podem ter se aberto ao protagonista agora que o mesmo encontra-se, depois de anos desperdiçados, no centro do mundo.
Enfim, Moonlight é uma experiência cinematográfica imperdível e um dos melhores filmes que pude ver sobre a busca por identidade e sobre crescer em um ambiente hostil que não compreende a diversidade. Já ganhou minha torcida no Oscar e La La Land (também adorei) que se cuide.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraA Chegada é um exemplo perfeito de como um sci-fi deve ser: instigante de assistir e fascinante de refletir sobre após o término da sessão, ainda que um ou outro ponto da trama tenha parecido inverossímil para mim. Denis Villeneuve mostra ser digno da enorme responsabilidade de dirigir Blade Runner e Amy Adams porque é considerada uma das grandes atrizes de Hollywood atualmente.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraEm 2015, quando iniciei minha maratona dos filmes do Oscar com Whiplash, deparei-me com uma das mais gratas surpresas que lembro do cinema ter proporcionado à minha pessoa. Achei que o filme trouxe, dentro do contexto do jazz, um debate interessante sobre a condição do artista e a busca incessante e obsessiva do mesmo em superar-se cada vez mais. Isso aliado à uma montagem sensacional e atuações inspiradas de J. K. Simmons e Miles Teller, fez com que o diretor Damien Chazelle ganhasse minha atenção para seus próximos projetos, mesmo supondo que Damien nunca iria conseguir realizar outro filme tão primoroso quanto Whiplash.
Que bom que errei minha previsão.
La La Land já é, pelo menos no coração deste sonhador aqui, um dos grandes musicais da história do cinema, sendo uma deliciosa carta de amor aos grandes clássicos do gênero, de Cantando na Chuva à Os Guarda-Chuvas do Amor (este último, a grande inspiração visual de La La Land) e também aproveitando o ensejo para citar outras produções da Era de Ouro de Hollywood como Casablanca e Juventude Transviada.
Mas não só de homenagens vive La La Land: a relação entre Mia e Sebastian é envolvente graças à competência de Emma Stone e Ryan Gosling, que seguram as pontas nos deslizes do roteiro (mais à frente explico); as músicas são simplesmente perfeitas, não consigo pensar em um número musical que tenha me desagradado, seja na melodia ou na letra; o design de produção junto com a direção de Chazelle é impecável ao remeter à Hollywood da década de 40 e 50 e utilizar de (falsos, mas não menos trabalhosos) planos-sequência que valorizam o primor estético da produção e as coreografias de maneira contemplativa, sem quaisquer firulas de montagem "dinâmicas" para atrapalhar o deslumbre visual da obra (sim, Moulin Rouge e Chicago, estou falando com vocês).
Quanto aos deslizes que mencionei anteriormente, o principal sem dúvida foi
a sequência em que é simulada a vida do nosso querido casal caso não tivessem rompido. Achei ela tão excessiva, mesmo rendendo um bom momento com J. K. Simmons e espetáculos visuais, mas entendo o propósito dela na narrativa. E perceba o quanto esse filme é bom: até mesmo toda uma sequência cuja existência não concordo rendeu bons momentos de serem lembrados.
Enfim, La La Land é um filme obrigatório para quem ama cinema e mais ainda para quem ama musicais, embora seja bem real a possibilidade da divisão de opiniões como a mania que compartilho com Amélie Poulain de olhar para os rostos das pessoas ao meu lado no cinema comprovou: à minha direita, um amigo meu dormiu durante boa parte da projeção e quando acordado, encontrava-se claramente aborrecido com o que via; já do meu lado esquerdo, uma (belíssima, por sinal) mulher encontrava-se com um sorriso estampado no rosto tão bobo quanto o meu e com lágrimas nos olhos tão sinceras quanto as minhas ao relembrar que as nossas escolhas na vida têm um gosto amargo, mesmo para o mais otimista dos sonhadores.
♫City of stars
You never shined so brightly♫
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraAquarius entrou no top 10 de melhores filmes de 2016 da tradicional revista Cahiers du Cinéma, sendo o único filme brasileiro da história a conseguir tal feito.
O Nascimento de uma Nação
3.0 231Aplaudo sua forma e repudio seu conteúdo.
Coraline e o Mundo Secreto
4.1 1,9K Assista AgoraÉ tudo que o Alice do Tim Burton deveria ter sido: ilógico, sombrio e assustadoramente envolvente.
Caça-Fantasmas
3.2 1,3K Assista AgoraNão vou cometer a heresia de dizer que é melhor que o original de 1984, mas ainda assim achei um bom reboot de uma franquia morta há muito tempo que não apenas consegue estabelecer seu próprio universo de maneira independente como tem respeito ao material original com referências pontuais aos dois primeiros filmes e participações especiais do elenco original em sua maioria pertinentes (sem entregar muito achei sacanagem o que fizeram com o Bill Murray).
E sobre o hype negativo que o filme teve e ainda tem: não vou entrar no mérito se é machismo velado ou mimimi nostálgico, o que importa é que a maioria esmagadora das críticas foram feitas ANTES do filme estrear e em minha opinião você destilar ódio em uma obra baseando-se apenas em trailer e escolha de elenco (que muitas vezes nos enganam) não apenas é uma atitude "anticinefilia" como também pura babaquice.
Enfim, As Caça-Fantasmas está longe de ser uma obra-prima da comédia ou algo do gênero, mas no geral gostei do resultado final e aguardo uma possível continuação com o
Zuul, Motherfucker, Zuul!
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista AgoraReferência direta à Rocky Horror Picture Show, trilha com David Bowie e The Smiths, grandes atuações de um trio de jovens promissores e uma abordagem tipicamente "hughesiana" da adolescência. Ok, filme, você me ganhou.
Frozen: Uma Aventura Congelante
3.9 3,0K Assista AgoraEsquecendo o hype desnecessário que fez com que Let It Go deixasse de ser uma poderosa canção que retrata o turning point de uma grande personagem para se tornar uma canção insuportável por ser tão massificada a ponto de se tornar banal, vejo aspectos muito relevantes no filme. Por exemplo, observem como o filme brinca de maneira inteligente com os esterótipos típicos das produções da Disney estabelecendo uma evolução no modelo de comportamento das princesas Disney que eu não presenciava desde A Bela e a Fera e Mulan e ao mesmo tempo consegue manter o espírito de suas animações com os elementos típicos tão imitados por seus concorrentes. Mais precisamente:
1. O coadjuvante "fofinho e engraçadinho" personificado no boneco de neve Olaf, que, não apenas consegue a proeza de provocar risadas do espectador de maneira sutil (diferente de outros personagens semelhantes que gritam e se contorcem para alcançar sorrisos constrangidos ou forçados) como também funciona como a bússola moral da narrativa, não só por trazer os outros personagens de volta aos seus objetivos durante a jornada como lhes apresentando valores que os permitem crescer na narrativa, e isso igualmente de maneira sutil e, dado seu otimismo contagiante, descontraída.
2. A qualidade técnica da animação, principalmente por sua beleza visual. Sério, existem diversos planos exibindo as paisagens permeadas por neve e gelo que senti vontade de emoldurar aqui em casa. Sem falar que o filme tem um cuidado único com os detalhes, por exemplo ao mostrar Elsa com cores escuras e melancólicas e gestos corporais contidos no início da película e durante a cena do Let It Go (cuja letra deixa transparecer a ideia de libertação) ela passar a tons mais claros e vivos e executar gestos mais espontâneos, marcando a transição da personagem.
3. A mensagem do filme, que é clichê em alguns momentos ao transmitir um conceito meio batido de "o amor vence tudo" e ao mesmo tempo inovadora pelo fato de, em pleno filme de princesa, essa relação de amor é fraternal entre duas irmãs e não romântica envolvendo um príncipe salvador da pátria como se espera. Também acho bastante válido ensinar ao público a se aceitarem como são seguindo o exemplo de Elsa que aprendeu em sua jornada que renegar seu poder destrutivo não é a melhor solução, mas sim aprender a construir com ele.
Enfim, são por estas e outras razões que, assim como muitos, vejo Frozen como uma grande animação que traça novos rumos para os estúdios Disney, redefinindo valores retrógrados com um olhar contemporâneo sem se esquecer de encantar com a magia que só o cinema é capaz de proporcionar.
Longe do Paraíso
3.8 170 Assista AgoraUma bela e dolorosa carta de amor ao cinema clássico que lida com temas ainda contemporâneos como racismo e homossexualidade reprimida sem ser panfletário. Além de uma aula de como aplicar um esquema de cores na fotografia para construir uma narrativa visual que não apoia-se exclusivamente em seu roteiro.
Baraka - Um Mundo Além das Palavras
4.5 136...