É caótico como as coisas acontecem e toda a condução que acontece, mas ao mesmo tempo há uma ordem nesse caos, é um caos bem "ordenado". Isso acaba mostrando um bom uso do humor físico como verbal, e em alguns casos uma mistura dos dois. Impressiona como algumas coisas "simples" funcionam principalmente por conta do tempo de comédia dos atores, mas também em como a direção vai guiando a situação, revelando o absurdo aos pouco, deixando que ele cresça sem pressa. Parece tudo muito plausível nesse começo, para depois derrubar tudo.
Todos estão condenados. É impressionante que mesmo o final que supostamente serve como uma espécie absolvição total para o Logan. Ainda assim todos estão condenados. E o diretor mostrar isso desde o começo quando Keller e Logan se encontram na igreja, não há como escapar do que está por vir e que ficará cada vez pior.
Interessante como há uma ambiguidade na condução da história, mas também em como os personagens se colocam nas situações e reagem a elas. E mesmo que haja uma artificialidade gritante, há uma verdade muito grande no que é apresentado. Todo aquele mundo é real, mesmo que não seja, mas ele é. E aquele fim trágico torna tudo mais sombrio e assustador.
Pura propaganda da aman. A duração que não é tão longa se torna interminável devido a maneira como é filmada como uma grande propaganda. É como uma costura de diversos comerciais e dali sugerir um filme. Sugerir mesmo, pois além disso não tem nada. É vazio.
Não é sobre os personagens ficarem ou não juntos ao fim do filme, mas sobre acompanhar esses personagens em situações cada vez mais absurdas, que vão construindo essa relação entre eles onde não há muito o que fazer a não ser perceber que eles já estão juntos desde o momento em que se virão. A previsibilidade aqui é algo esperado, mas o que não é esperado é o que vai acontecer, ou o que Susan irá fazer para que David continue preso a ela, mesmo que ele não queira, mas ele quer. É tanto sobre como esses persoangens reagem um ao outro e as situações que passam, que o final do filme acaba sendo mais uma confirmação do que uma surpresa, e não tem nada carnal entre eles.
Mesmo utilizando um plano sequência que supostamente poderia dar ao filme um ar mais "real, o filme consegue se afastar disso na maior parte do tempo. Utiliza bem os clichês do gênero, e não tenta ser irônico, ou ter uma autoconsciência diante daquilo. Os respiros entre as sequências de ação acabam sendo parte desse lugar já visitado dentro do gênero, mas que não compromete em se tornar algo além do que não é. No fim acaba sendo algo até mais independente do que no primeiro filme e tem até mesmo uma condução melhor.
É bom o filme ter esse tom artificial seja nas cenas, mas também em como ele é iluminado, e até mesmo nas passagens de tempo. É até um oposto ao que colocado em muitos filmes hoje, até mesmo da A24, onde é preciso ter em algum nível uma certa "verossimilhança", mesmo que seja uma grande fantasia. Aqui não parece haver medo para essa fantasia, e disso deriva o absurdo do filme, que gera até mesmo o humor. Há algo rídiculo naquelas situações, mesmo que elas sejam assustadoras, mas como tudo é filmado com essa artificialidade, fica mais suave acompanhar aquilo, exceto na parte final onde é o filme de fato pode incomodar, já que ali existe um drama mais frontal (toda aquela parte na escada é algo bem exagerado do drama, mas ainda assim maravilhoso), e até mesmo bem teatral, até mesmo como os atores se posicionam no cenário. O Joaquin Phoenix entende bem isso, as expressões dele nesse final são ótimas, e acaba evidenciando esse deboche com aquela situação do personagem. Deboche esse que fica mais claro no tal julgamento. Esse limite entre uma coisa ou outra é realmente um acerto, já que essa indefinição acaba sendo algo que traz mais fantasia pra esse drama interno do personagem e do mundo em que ele vive.
Todo aquele começo no apartamento é bem interessante, remete a algo que o Bertolucci fez em "Os sonhadores", mas em um mundo totalmente sem encanto. Tudo que se segue depois da saída dos personagens do apartamento parece não saber exatamente pra onde ir. Chegando na parte mais fraca que é a da universidade, o diretor parece ter uma ambição de abarcar muitos temas nessa saída deles, mas fica mais superficial do que parece. O personagem do Tomás some totalmente, o que dificulta entender esse lance de amadurecimento a força que parece ser algo que vai ocorrer com ele no começo do filme.
No primeiro esse lance da paródia fluia de uma forma mais interessante, e sem tanta pretensão. Esse segundo quer construir um tipo de universo dentro do que foi feito no filme anterior, e a personagem da Demi Moore simboliza isso, mas acaba sendo inchado demais. E as tentativas de profundidade, ou momentos mais "sérios" atrapalham toda essa ação sem compromisso algum. Todo aquele arco envolvendo a Dylan é bem ruim. Continua sendo divertido e contendo muito do que foi apresentado no primeiro filme, mas tudo de uma forma isolada.
Volta-se para o que foi feito em "A bruxa de Blair", mas acrescentando o que foi feito em "A visita". Mas fica perdido no que ambiciona. O momento final onde devia ser mais tenso e perturbador, fica diluído em várias outras coisas que não chegam a ter uma unidade. É bom o filme experimentar o uso da tecnologia, assim como essa linguagem de documentário poético dentro de um filme de terror. Talvez isso venha do Landon que já tinha feito algo semelhante com o "Marcados pelo mal", que assina o roteiro, no outro filme dirigido por ele, o que aparecia era a internet. Mas o final perturbador, e essa crescente em relação a essa força estranha que vai acontecendo é bem mais trabalhada do que aqui.
É uma paródia dos filmes de ação da época, como também de anos anteriores. O exagero é feito pra ridicularizar, mas também exalta esses absurdos. O filme nem se importa em parecer falso, com o uso de cores, a forma como os cenários são iluminados, cenários que não se preocupam em ser "realistas". Mas não é uma ironia que fica o tempo inteiro demosntrando ser autoconsicente, pelo contrário, é um filme que leva a sério o que conta, nisso encontra o seu charme e o seu humor.
É admirável que mesmo dentro da Disney o diretor tenha conseguido fazer um filme sombrio, e trazendo um reforço maior a questão da passagem de tempo sobre o fim da infância. É um reforço tão grande que é até repetitivo, e claro acaba caindo em lugares comuns, com frases que poderiam estar em uma legenda de alguma foto em uma rede social. Mas dentre todas essas versões da Disney que vi, essa é a de longe a que mais se arrisca e a que mais modifica a original. Só "Malévola" conseguiu trazer um outro olhar assim, mas ainda bem presa a um modelo da própria Disney. E ambos modificam também o títúlo do filme em que foram inspirados. A direção consegue até que encontrar um meio termo entre esse realismo da Disney, e algo mais caricato, bobo até (toda aquela parte na caverna é bem assim), mas na maior parte do tempo o que tem é um filme bem mais melancólico, mas também internamente confuso, como se não conseguisse se definir, talvez nisso se aproxime de "Dumbo", que também tem um aspecto sombrio, mas nada que possa soar pesado demais
Gosto de como o filme articula essa relação familiar com a relação com aquele universo em que eles vivem, mas ao mesmo tempo isso acontece de uma forma truncada, como se o filme não soubesse qual caminho seguir, estivesse indeciso sobre essa aventura mais aberta, e ainda tentar dar conta das metáforas que o filme quer colocar em prática. Até gosto como foge um pouco de um esquema mais manipulativo em que uma pessoa simbolize algo, e isso esteja mais concentrado nas ações dos personagens. Mas isso fica de forma, ora óbvia demais, ora de forma apressada. Mas está longe de ser o desastre que disseram ser.
Miller consegue através da construção das cenas demonstrar esse peso do tempo em relação a urgência do que deve ser feito, ao mesmo tempo há um cansaço ali. A maneira como ele usa a câmera, e muitos momentos, remete a um filme de horror, como se aquela situação fosse tão terrível quanto algo vindo da imaginação. Com isso reimagina a realidade sob uma determinada perspectiva, que não necessarimente está tão preocupado com o "real", mas sim em como interpretar isso.
Por trás de uma história que parece até um pouco prosaica, há um olhar sobre o chamado "sonho americano", mas mais nesse sentido de um olhar desencantado a respeito, nas duas figuras do filme. Seja a do passado, ou a do presente. Esse desencanto também aparece em relação a como isso é vendido, e em como isso pode ser utilizado de forma errada, e a manipulação que há por trás disso. Só que o humor não parece tão aberto a isso, é como se precisasse criticar isso, mais do que necessariamente apontar esse absurdo, e tudo feito as pressas, como se não houvesse tempo o suficiente, ou até mesmo, não fosse necessário ir mais do que deveria. No fim o filme acaba caindo em algumas ideias até mesmo conservadoras, mesmo que tente negar isso em vários momentos. A impressão que fica é que o Seth Rogen com a sua interpretação entendeu melhor tudo aquilo do que a direção do filme.
O filme vai pelo afeto o tempo inteiro com suas imagens de abraços, confraternizações, e até mesmo os áudios, que são uma apresentação de canções, tem essa informalidade do afeto. Algo não programado. Mas que ao mesmo tempo é. Essa escolha tem o seu valor pois como é visto em um momento já próximo ao fim, as relações da Beth Carvalho tinham esse componente do afeto, mesmo nas relações profissionais. E mostrar esses momentos são o grande acerto do filme: as gravações, a discordância com o produtor, as escolhas das músicas. Quando o filme vai pra um lado um pouco mais "macro", perde a força, soa esquemático, como se fosse necessário se conectar a aquilo para mostrar tudo. Sendo que muito já tinha sido mostrado com todas as imagens de arquivo que o filme mostra e também do que ele é feito.
Quando o filme vai para o absurdo é o melhor momento, e a interpretação de George Clooney dentro do exagero, dilaoga bem com isso. Mas na maior parte do tempo há uma indecisão entre esse absurdo mais escancarado, e por vezes com uma dose de ingenuidade nesse humor utilizado, com algo mais contido (a cena do discurso na convenção, todos os momentos solo da Marilyn). Essa indecisão é contra o próprio filme que parece não se sentir a vontade em remeter a um tipo de comédia mais aberta, mas se recusa a isso.
Os melhores momentos são quando a direção usa a possibilidade do que a animação é capaz, de fazer uma outra leitura da realidade, de usar fantasia. Mas na maior parte do tempo o filme está soterrado de "realismo", pra denunciar, pra mostrar o quão cruel é o mundo. Mas dentro disso há um olhar de fora, afinal, não é um filme feito por quem é de dentro. Talvez isso explique diversas escolhas que o filme faz, e como isso pode resultar sobre um olhar em cima de um determinado lugar. O que remete a "Flee", um filme com um olhar um pouco mais "interno", e como isso é diferente.
O estímulos que o filme faz com o uso de cores, brilho, e uma trilha sonora que é pouco interrompida, é para trazer toda essa sensação do jogo de videogame. Além de como tudo acontece como se fosse uma fase de um jogo, que, no final, terá o grande combate com o "chefe". Até mesmo a ausência de explicação para algumas coisas, e como elas acontecem de forma apressada é embalada para passar essa sensação do jogo. Mas isso não é o suficiente. Fica difícil tentar se conectar com algum daqueles personagens, já que eles funcionam como avatares que cada espectador escolhe um, para torcer por algum tipo de identificação. Somente o Mário seria o mais justificável já que no fim tudo que ele queria era a aprovação do pai, algo que pode ser bem comum para muitos que forem ver o filme, é um sentimento mais universal. Mesmo que Doneky Kong também passe pela mesma situação, é raso, e não há tempo pra isso, já que o filme não para nunca, precisando que o espectador fique o tempo inteiro recompensado e estimulado pelo que está na tela. O que é em muitos momentos parece ser bem aproveitado, ainda mais com uma enxurrada de referências, já em outras é apenas mesmo uma cópia de algo que tem nos jogos. Com isso o filme vai apenas no que é seguro, sem tentar se descolar muito do material de origem para não incomodar ninguém.
A direção fica o tempo inteiro mostrando a farsa para quem assiste. É uma fantasia que não tem vergonha de ser fantasia e vai cada vez mais indo para um absurdo. As cenas do vilão com a bruxa são as melhores coisas que mostram isso. Também há uma camêra que é quase um personagem, seja pela maneira como se move, seja em como ele traz o espectador para dentro do filme. Achei corajoso dentro do filme essa exposição do corpo masculino, e faz parte dessa imagem criada em cima do protagonista, desse desejo despertado por ele, que passa também pelo seu corpo. A fotografia ajuda nessa falsidade, onde tudo parece ser falso, mesmo que tenha locação real.
Visualmente continua bem interessante, mas de resto ainda aposta em uma repetição do primeiro filme com algumas pequenas alterações. É estranho porque ao mesmo tempo o filme amplia o universo, criando assim uma própria mitologia, mas é uma apresentação apressada, feita de forma rasa. É curioso em como acontece o mesmo momento próximo ao fim como o do primeiro filme. É algo confuso entre algo mais episódico, mas ainda assim ampliando e criando algo novo, com uma narrativa maior sobre tudo ali que é apresentado. O troll mais pé no chão continua sendo o mais interessante entre todos, e com mais camadas.
As cores, o brilho e a textura seduzem. Fora todo esse aspecto alucionado de um mundo absurdo da fofurice. E é até bom esse positividade tóxica x negatividade tóxica, mesmo que o filme não queira mostrar um meio termo no meio disso, mas há uma graça nesses extremos. Além de ter algo ali sobre essas soluções fáceis para "sentir-se feliz", mas na maior parte do tempo isso é meio que jogado de uma maneira solta, é como se a direção se importasse mais com o deslumbre do visual do que necessariamente com a condução do que é proposto, se livrando de forma fácil do que parece ser mais "complicado".
Usar as imagens de arquivo, junto a outras imagens que de alguma forma dialogam com o que está sendo narrado não é algo novo, mas considerando quem é o objeto principal é algo que acaba se conectando com essa relação do Torquato com diversas influências e a multiplicidade do que ele fazia. As entrevistas sem as pessoas aparecerem acabam compondo isso também. Mas ainda assim o filme permanece em lacunas, já que fica muito agarrado a uma cronologia da vida do Torquato, e menos no impacto do que ele escreveu seja na época ou depois.
Aqui o diretor realmente está inspirado ao mostrar uma geração sem cair em lugares comuns idiotas, que o próprio diretor já fez em outros filmes. O roteiro não sendo totalmente escrito por ele deve ter influenciado nisso. A fotografia que acaba remetendo a filmes dos anos 1970 dão um tom quase intimista ao que tá sendo retratado. O que também contribui são os momentos catárticos que acontecem de forma contida e na maior parte do tempo em ambientes internos, de forma quase casual. De alguma maneira ele guarda umas semelhanças com o "Baby boy" do Singlenton, mas sendo mais contido.
Uma Noite na Ópera
3.9 61 Assista AgoraÉ caótico como as coisas acontecem e toda a condução que acontece, mas ao mesmo tempo há uma ordem nesse caos, é um caos bem "ordenado". Isso acaba mostrando um bom uso do humor físico como verbal, e em alguns casos uma mistura dos dois. Impressiona como algumas coisas "simples" funcionam principalmente por conta do tempo de comédia dos atores, mas também em como a direção vai guiando a situação, revelando o absurdo aos pouco, deixando que ele cresça sem pressa. Parece tudo muito plausível nesse começo, para depois derrubar tudo.
A Tortura do Silêncio
3.9 142 Assista AgoraTodos estão condenados. É impressionante que mesmo o final que supostamente serve como uma espécie absolvição total para o Logan. Ainda assim todos estão condenados. E o diretor mostrar isso desde o começo quando Keller e Logan se encontram na igreja, não há como escapar do que está por vir e que ficará cada vez pior.
O Diabo Feito Mulher
3.8 19 Assista AgoraInteressante como há uma ambiguidade na condução da história, mas também em como os personagens se colocam nas situações e reagem a elas. E mesmo que haja uma artificialidade gritante, há uma verdade muito grande no que é apresentado. Todo aquele mundo é real, mesmo que não seja, mas ele é. E aquele fim trágico torna tudo mais sombrio e assustador.
Irmãos por Escolha
3.3 7Pura propaganda da aman. A duração que não é tão longa se torna interminável devido a maneira como é filmada como uma grande propaganda. É como uma costura de diversos comerciais e dali sugerir um filme. Sugerir mesmo, pois além disso não tem nada. É vazio.
Levada da Breca
4.0 165Não é sobre os personagens ficarem ou não juntos ao fim do filme, mas sobre acompanhar esses personagens em situações cada vez mais absurdas, que vão construindo essa relação entre eles onde não há muito o que fazer a não ser perceber que eles já estão juntos desde o momento em que se virão. A previsibilidade aqui é algo esperado, mas o que não é esperado é o que vai acontecer, ou o que Susan irá fazer para que David continue preso a ela, mesmo que ele não queira, mas ele quer. É tanto sobre como esses persoangens reagem um ao outro e as situações que passam, que o final do filme acaba sendo mais uma confirmação do que uma surpresa, e não tem nada carnal entre eles.
Resgate 2
3.6 278Mesmo utilizando um plano sequência que supostamente poderia dar ao filme um ar mais "real, o filme consegue se afastar disso na maior parte do tempo. Utiliza bem os clichês do gênero, e não tenta ser irônico, ou ter uma autoconsciência diante daquilo. Os respiros entre as sequências de ação acabam sendo parte desse lugar já visitado dentro do gênero, mas que não compromete em se tornar algo além do que não é. No fim acaba sendo algo até mais independente do que no primeiro filme e tem até mesmo uma condução melhor.
Beau Tem Medo
3.2 415É bom o filme ter esse tom artificial seja nas cenas, mas também em como ele é iluminado, e até mesmo nas passagens de tempo. É até um oposto ao que colocado em muitos filmes hoje, até mesmo da A24, onde é preciso ter em algum nível uma certa "verossimilhança", mesmo que seja uma grande fantasia. Aqui não parece haver medo para essa fantasia, e disso deriva o absurdo do filme, que gera até mesmo o humor. Há algo rídiculo naquelas situações, mesmo que elas sejam assustadoras, mas como tudo é filmado com essa artificialidade, fica mais suave acompanhar aquilo, exceto na parte final onde é o filme de fato pode incomodar, já que ali existe um drama mais frontal (toda aquela parte na escada é algo bem exagerado do drama, mas ainda assim maravilhoso), e até mesmo bem teatral, até mesmo como os atores se posicionam no cenário. O Joaquin Phoenix entende bem isso, as expressões dele nesse final são ótimas, e acaba evidenciando esse deboche com aquela situação do personagem. Deboche esse que fica mais claro no tal julgamento. Esse limite entre uma coisa ou outra é realmente um acerto, já que essa indefinição acaba sendo algo que traz mais fantasia pra esse drama interno do personagem e do mundo em que ele vive.
Güeros
4.0 47 Assista AgoraTodo aquele começo no apartamento é bem interessante, remete a algo que o Bertolucci fez em "Os sonhadores", mas em um mundo totalmente sem encanto. Tudo que se segue depois da saída dos personagens do apartamento parece não saber exatamente pra onde ir. Chegando na parte mais fraca que é a da universidade, o diretor parece ter uma ambição de abarcar muitos temas nessa saída deles, mas fica mais superficial do que parece. O personagem do Tomás some totalmente, o que dificulta entender esse lance de amadurecimento a força que parece ser algo que vai ocorrer com ele no começo do filme.
As Panteras: Detonando
2.7 676 Assista AgoraNo primeiro esse lance da paródia fluia de uma forma mais interessante, e sem tanta pretensão. Esse segundo quer construir um tipo de universo dentro do que foi feito no filme anterior, e a personagem da Demi Moore simboliza isso, mas acaba sendo inchado demais. E as tentativas de profundidade, ou momentos mais "sérios" atrapalham toda essa ação sem compromisso algum. Todo aquele arco envolvendo a Dylan é bem ruim. Continua sendo divertido e contendo muito do que foi apresentado no primeiro filme, mas tudo de uma forma isolada.
Atividade Paranormal: Ente Próximo
2.5 192 Assista AgoraVolta-se para o que foi feito em "A bruxa de Blair", mas acrescentando o que foi feito em "A visita". Mas fica perdido no que ambiciona. O momento final onde devia ser mais tenso e perturbador, fica diluído em várias outras coisas que não chegam a ter uma unidade. É bom o filme experimentar o uso da tecnologia, assim como essa linguagem de documentário poético dentro de um filme de terror. Talvez isso venha do Landon que já tinha feito algo semelhante com o "Marcados pelo mal", que assina o roteiro, no outro filme dirigido por ele, o que aparecia era a internet. Mas o final perturbador, e essa crescente em relação a essa força estranha que vai acontecendo é bem mais trabalhada do que aqui.
As Panteras
2.9 716 Assista AgoraÉ uma paródia dos filmes de ação da época, como também de anos anteriores. O exagero é feito pra ridicularizar, mas também exalta esses absurdos. O filme nem se importa em parecer falso, com o uso de cores, a forma como os cenários são iluminados, cenários que não se preocupam em ser "realistas". Mas não é uma ironia que fica o tempo inteiro demosntrando ser autoconsicente, pelo contrário, é um filme que leva a sério o que conta, nisso encontra o seu charme e o seu humor.
Peter Pan & Wendy
2.5 135 Assista AgoraÉ admirável que mesmo dentro da Disney o diretor tenha conseguido fazer um filme sombrio, e trazendo um reforço maior a questão da passagem de tempo sobre o fim da infância. É um reforço tão grande que é até repetitivo, e claro acaba caindo em lugares comuns, com frases que poderiam estar em uma legenda de alguma foto em uma rede social. Mas dentre todas essas versões da Disney que vi, essa é a de longe a que mais se arrisca e a que mais modifica a original. Só "Malévola" conseguiu trazer um outro olhar assim, mas ainda bem presa a um modelo da própria Disney. E ambos modificam também o títúlo do filme em que foram inspirados. A direção consegue até que encontrar um meio termo entre esse realismo da Disney, e algo mais caricato, bobo até (toda aquela parte na caverna é bem assim), mas na maior parte do tempo o que tem é um filme bem mais melancólico, mas também internamente confuso, como se não conseguisse se definir, talvez nisso se aproxime de "Dumbo", que também tem um aspecto sombrio, mas nada que possa soar pesado demais
Mundo Estranho
3.1 135 Assista AgoraGosto de como o filme articula essa relação familiar com a relação com aquele universo em que eles vivem, mas ao mesmo tempo isso acontece de uma forma truncada, como se o filme não soubesse qual caminho seguir, estivesse indeciso sobre essa aventura mais aberta, e ainda tentar dar conta das metáforas que o filme quer colocar em prática. Até gosto como foge um pouco de um esquema mais manipulativo em que uma pessoa simbolize algo, e isso esteja mais concentrado nas ações dos personagens. Mas isso fica de forma, ora óbvia demais, ora de forma apressada. Mas está longe de ser o desastre que disseram ser.
O Óleo de Lorenzo
4.1 758 Assista AgoraMiller consegue através da construção das cenas demonstrar esse peso do tempo em relação a urgência do que deve ser feito, ao mesmo tempo há um cansaço ali. A maneira como ele usa a câmera, e muitos momentos, remete a um filme de horror, como se aquela situação fosse tão terrível quanto algo vindo da imaginação. Com isso reimagina a realidade sob uma determinada perspectiva, que não necessarimente está tão preocupado com o "real", mas sim em como interpretar isso.
An American Pickle
2.9 51Por trás de uma história que parece até um pouco prosaica, há um olhar sobre o chamado "sonho americano", mas mais nesse sentido de um olhar desencantado a respeito, nas duas figuras do filme. Seja a do passado, ou a do presente. Esse desencanto também aparece em relação a como isso é vendido, e em como isso pode ser utilizado de forma errada, e a manipulação que há por trás disso. Só que o humor não parece tão aberto a isso, é como se precisasse criticar isso, mais do que necessariamente apontar esse absurdo, e tudo feito as pressas, como se não houvesse tempo o suficiente, ou até mesmo, não fosse necessário ir mais do que deveria. No fim o filme acaba caindo em algumas ideias até mesmo conservadoras, mesmo que tente negar isso em vários momentos. A impressão que fica é que o Seth Rogen com a sua interpretação entendeu melhor tudo aquilo do que a direção do filme.
Andança: Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho
4.4 12O filme vai pelo afeto o tempo inteiro com suas imagens de abraços, confraternizações, e até mesmo os áudios, que são uma apresentação de canções, tem essa informalidade do afeto. Algo não programado. Mas que ao mesmo tempo é. Essa escolha tem o seu valor pois como é visto em um momento já próximo ao fim, as relações da Beth Carvalho tinham esse componente do afeto, mesmo nas relações profissionais. E mostrar esses momentos são o grande acerto do filme: as gravações, a discordância com o produtor, as escolhas das músicas. Quando o filme vai pra um lado um pouco mais "macro", perde a força, soa esquemático, como se fosse necessário se conectar a aquilo para mostrar tudo. Sendo que muito já tinha sido mostrado com todas as imagens de arquivo que o filme mostra e também do que ele é feito.
O Amor Custa Caro
2.8 204 Assista AgoraQuando o filme vai para o absurdo é o melhor momento, e a interpretação de George Clooney dentro do exagero, dilaoga bem com isso. Mas na maior parte do tempo há uma indecisão entre esse absurdo mais escancarado, e por vezes com uma dose de ingenuidade nesse humor utilizado, com algo mais contido (a cena do discurso na convenção, todos os momentos solo da Marilyn). Essa indecisão é contra o próprio filme que parece não se sentir a vontade em remeter a um tipo de comédia mais aberta, mas se recusa a isso.
A Ganha-Pão
4.4 272Os melhores momentos são quando a direção usa a possibilidade do que a animação é capaz, de fazer uma outra leitura da realidade, de usar fantasia. Mas na maior parte do tempo o filme está soterrado de "realismo", pra denunciar, pra mostrar o quão cruel é o mundo. Mas dentro disso há um olhar de fora, afinal, não é um filme feito por quem é de dentro. Talvez isso explique diversas escolhas que o filme faz, e como isso pode resultar sobre um olhar em cima de um determinado lugar. O que remete a "Flee", um filme com um olhar um pouco mais "interno", e como isso é diferente.
Super Mario Bros.: O Filme
3.9 788 Assista AgoraO estímulos que o filme faz com o uso de cores, brilho, e uma trilha sonora que é pouco interrompida, é para trazer toda essa sensação do jogo de videogame. Além de como tudo acontece como se fosse uma fase de um jogo, que, no final, terá o grande combate com o "chefe". Até mesmo a ausência de explicação para algumas coisas, e como elas acontecem de forma apressada é embalada para passar essa sensação do jogo. Mas isso não é o suficiente. Fica difícil tentar se conectar com algum daqueles personagens, já que eles funcionam como avatares que cada espectador escolhe um, para torcer por algum tipo de identificação. Somente o Mário seria o mais justificável já que no fim tudo que ele queria era a aprovação do pai, algo que pode ser bem comum para muitos que forem ver o filme, é um sentimento mais universal. Mesmo que Doneky Kong também passe pela mesma situação, é raso, e não há tempo pra isso, já que o filme não para nunca, precisando que o espectador fique o tempo inteiro recompensado e estimulado pelo que está na tela. O que é em muitos momentos parece ser bem aproveitado, ainda mais com uma enxurrada de referências, já em outras é apenas mesmo uma cópia de algo que tem nos jogos. Com isso o filme vai apenas no que é seguro, sem tentar se descolar muito do material de origem para não incomodar ninguém.
Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões
3.4 238 Assista AgoraA direção fica o tempo inteiro mostrando a farsa para quem assiste. É uma fantasia que não tem vergonha de ser fantasia e vai cada vez mais indo para um absurdo. As cenas do vilão com a bruxa são as melhores coisas que mostram isso. Também há uma camêra que é quase um personagem, seja pela maneira como se move, seja em como ele traz o espectador para dentro do filme. Achei corajoso dentro do filme essa exposição do corpo masculino, e faz parte dessa imagem criada em cima do protagonista, desse desejo despertado por ele, que passa também pelo seu corpo. A fotografia ajuda nessa falsidade, onde tudo parece ser falso, mesmo que tenha locação real.
Trolls 2
3.4 80 Assista AgoraVisualmente continua bem interessante, mas de resto ainda aposta em uma repetição do primeiro filme com algumas pequenas alterações. É estranho porque ao mesmo tempo o filme amplia o universo, criando assim uma própria mitologia, mas é uma apresentação apressada, feita de forma rasa. É curioso em como acontece o mesmo momento próximo ao fim como o do primeiro filme. É algo confuso entre algo mais episódico, mas ainda assim ampliando e criando algo novo, com uma narrativa maior sobre tudo ali que é apresentado. O troll mais pé no chão continua sendo o mais interessante entre todos, e com mais camadas.
Trolls
3.5 392 Assista AgoraAs cores, o brilho e a textura seduzem. Fora todo esse aspecto alucionado de um mundo absurdo da fofurice. E é até bom esse positividade tóxica x negatividade tóxica, mesmo que o filme não queira mostrar um meio termo no meio disso, mas há uma graça nesses extremos. Além de ter algo ali sobre essas soluções fáceis para "sentir-se feliz", mas na maior parte do tempo isso é meio que jogado de uma maneira solta, é como se a direção se importasse mais com o deslumbre do visual do que necessariamente com a condução do que é proposto, se livrando de forma fácil do que parece ser mais "complicado".
Torquato Neto - Todas as horas do fim
3.9 21 Assista AgoraUsar as imagens de arquivo, junto a outras imagens que de alguma forma dialogam com o que está sendo narrado não é algo novo, mas considerando quem é o objeto principal é algo que acaba se conectando com essa relação do Torquato com diversas influências e a multiplicidade do que ele fazia. As entrevistas sem as pessoas aparecerem acabam compondo isso também. Mas ainda assim o filme permanece em lacunas, já que fica muito agarrado a uma cronologia da vida do Torquato, e menos no impacto do que ele escreveu seja na época ou depois.
A Arte de Ser Adulto
3.5 94 Assista AgoraAqui o diretor realmente está inspirado ao mostrar uma geração sem cair em lugares comuns idiotas, que o próprio diretor já fez em outros filmes. O roteiro não sendo totalmente escrito por ele deve ter influenciado nisso. A fotografia que acaba remetendo a filmes dos anos 1970 dão um tom quase intimista ao que tá sendo retratado. O que também contribui são os momentos catárticos que acontecem de forma contida e na maior parte do tempo em ambientes internos, de forma quase casual. De alguma maneira ele guarda umas semelhanças com o "Baby boy" do Singlenton, mas sendo mais contido.