O uso da tecnologia cotidiana e suas possibilidades pelo terror atualmente é bem interessante e eficiente. E a direção desse filme sabe muito bem como usar isso a seu favor, ao mostrar que a tecnologia possibilita um tipo de história que anos antes aconteceria de uma outra forma. É uma adaptação instigante do que foi antes e do que é agora. Os exageros são bem vindos principalmente no que cabe ao que acontece na loja de conveniência, que é um terror absurdo que gera um humor ótimo. Mas como o filme precisa ir pra um caminho de "crítica social foda" e isso enfraquece o filme, já que ao contrário de outros filmes onde isso está inserido de forma menos óbvia/didática, mas ainda assim rende bons momentos.
Muito inseguro dentro do que quer fazer, e com isso apela de forma desordenada para uma nostalgia. Com isso o único momento que funciona de fato é o momento do trem, por ser algo novo, mas também por saber usar melhor a cidade onde se passa essa nova história. É até espantoso que somente nesse momento há um vislumbre de algo minimamente interessante, considerando que é um filme com um acumulo de várias filmes anteriores. Os momentos de humor são constrangedores em muitos momentos. E mesmo as mortes são bem pouco inspiradas. O apelo ao sangue execessivo na tentativa de compensar não funciona. Parece que é um filme feito por um dos personagens que é fã da franquia "Stab".
Há uma indecisão por parte da direção ao abracar um melodrama mais clássico, e algo mais sóbrio. O que torna muitas vezes o filme bem bagunçado na sua condução. A cena de jogo da Mamie vai para esse lado sóbrio, mas a despedida dela do filho vai pra esse melodrama mais escancarado, até mesmo a luz ali denota uma artificialidade. Isso também fica entre o que filme quer que seja sutil, quando os jurados todos brancos entran no tribunal, e o que deve ser vocalizado, a conversa de Mamie com o tio no Mississipi. Mas é inevitável como o filme atinge o seu objetivo, mesmo com essa direção vacilante, que é causa revolta no espectador. Nesse caso, essa condução não tão apressada dos fatos faz com que essa sensação de injustiça que a protagonista passa consiga ser algo palpável ao espectador.
O controle que a direção demosntra com as cenas dramáticas impressiona. Há um cuidado para que não acabe caindo em algo que seja muito escancarado (a cena do Woods com a ex namorada é bem sobre isso). Até o uso da trilha sonora é bem pontual, já que a diretora entende que não precisa de mais além do que já está ali contado. Ou dos símbolos ali retratados. É uma sobriedade que diante do tema é realmente adequada. Ainda tem o fator do que não é dito. Mas fica nos olhares, alguns gestos. Como se algo fosse implodir e não acontece, e mesmo assim precisasse ser represado, principalmente por conta da burocacria das relações.
Chama a atenção como um filme que se passa nos anos 1980 e 1990 não tem cor e nem brilho. Ainda mais considerando o contexto em que o filme se passa. Isso fica mais evidente quando surge o material de arquivo nos créditos finais onde é possível ver o que faltava ao filme. Seja a energia nas apresentações, que o filme não consegue impressionar, seja nas cores e luz. Fora como muitas coisas são suavizadas ao longo do filme, principalmente a relação dela com o marido. Ao menos tem o documentário "Whitney" do Kevin Macdonald que é bem melhor e mais amplo do que esse filme, e complexifica e aprofunda mais coisas do que foi mostrado aqui.
Considerando que boa parte foca nesse começo da carreira do diretor então tem algo interessante. Mas a montagem é estranha, algumas coisas se repetem, há uma tentativa de cronologia estranha. E fica muito em um grande elogio ao cineasta o tempo inteiro, e foca muito mais no que deu certo, do que no que não deu em relação aos filmes dele. Não chega ser algo difícil de assistir, mas acaba sendo cansativo em determinado momento.
A previsibilidade do que vai acontecer é algo positivo, mesmo que em determinado momento isso acabe sendo contra o próprio filme. É uma estrutura que já foi utilizada antes, e de maneira melhor. Mas aqui, mesmo com essa rapidez do que acontece, mostra o seu valor. Parece até mesmo uma aventura de um gibi.
Esse Clark Kent maldito é bom exercício de imaginação. Não só por pensar em um personagem bem parecido, mas por ter também ali contido todos os absurdos de um filme onde há uma criança maldita. E é bom ver um filme de terror que não teme ser terror, se sujar com sangue. Abraçar coisas que não fazem sentido. Falta um pouco mais de inspiração estética, mas é compensada bastante com toda essa maluquice que aparece no final. Além de ter todo esse lado pop com gosto.
É bom como o Hamaguchi abraça esses personagens que são bem insuportáveis, mas que ele faz questão de que eles sejam assim, mesmo que por conta disso ele esteja interessado em discutir essa passionalidade das ações deles, ou quando eles atingem esse limte e se mostram mais vulneráveis e rídiculos. Bom também esse jogo do que se subentende, mas não fica tão claro, sendo que aqui isso vai ficando claro em algum momento, mas antes tem toda essa encenação entre os personagens que vai crescendo até explodir em algo que eles não esperavam.
Muito direto no que pretende falar e também em expor esse conflito do personagem principal, que, de alguma forma, está passando por um período de formação de si mesmo. Então o que acontece a ele acaba ganhando esse ar de "iniciação a vida", seja pelas mudanças físicas que ele passa, seja por essa questão de pertencimento que surge quando ele faz parte de um grupo. Ao mesmo tempo o filme remete a diversos filmes de faroeste. O embate final com direito ao personagem chegando na área central da cidade em cima de um cavalo é um exemplo disso. Mas no fim o amor juvenil é mais forte que tudo, nisso acaba servindo como um conto de horro adolescente, mas sem um apelo de um amor incondicional, ou com juras eternas, mas que acontece muito através das ações e do desejo do corpo do outro.
Essa colagem de situações que são cheias de esteriótipos funciona nessa crítica sobre a classe média que o filme se propõe. Assim como tudo passar dentro de um único lugar, pois acaba dentro dessa métafora sobre algo maior ao qual o filme quer falar, o que acaba sendo ambicioso demais e nem sempre sendo muito eficiente já que em determinados momentos são coisas que passam de forma rápida e rasa. Mas o trunfo mesmo do filme é ter essas contradições, o que torna os personagens interessantes, mesmo que amenize o fascismo do protagonista, mas também há aí uma certa confiança da direção no deboche desse fascismo rídiculo que ele retrata.
Essa ingenuidade da personagem remete a esse tipo de comédia até mais antiga, onde ela não percebe que todas as atitudes dela acabam tendo um efeito negativo sobre os lugares em que ela vai e as pessoas que ela tem contato. É como se essa personagem não soubesse de certa forma "se comportar" no mundo e da maneira como ele está. E desse conflito é que é gerado o humor, com a adição de que ela está sob um feito forte das drogas, o que acaba potencializando isso. Essas tentativas fracassadas de vender a droga que ela para quase toda a pessoa que ela encontra acaba evideciando essa forma ingênua que a personagem tem de se comportar e ser no mundo. O final acaba tendo um tom até melancólico diante do que aconteceu, já que ao acompanhar isso parece mais uma série de desencontros e desentendimentos do que de crimes em si. Com isso o filme acaba criticando em como o mundo lida não só com determinados comportamentos, mas também as pessoas que usam drogas e estão sob seu efeito.
As imagens de baixa qualidade e as atuações que são tão boas acabam dando ao filme esse aspecto "realista" que ele adere. Mas o filme segue bem essa cartilha da "filmagem encontrada", seja por não mostrar nada que seja tão relevante durante muito tempo, mas desenvolvendo o minímo daqueles personagens, mas também criando aqui e ali algo que irá explodir no final. E nesse final existe uma exploração bem grande dessa coisa represada ao longo do filme, seja feito pra chocar, mas também que acaba sendo algo que fica dentro desse universo de "lenda urbana da internet" que o filme cria pra si. As imagens finais e a maneira como ela é apresentada tem muito dessa narrativa de um "caso de alguém que desapareceu e aqui estão as últimas imagens dela viva". Nesse ponto o filme tem o seu sucesso, até mesmo por vender ao espectador o tempo inteiro que tudo ali é real, mesmo que as imagens da imprensa acabem sendo o oposto disso.
O estranhamento proposto por Glazer vai além do que o filme parte, mas nesse prolongamento do aquilo que aparece e vai sendo mostrado. A câmera parada olhando pra um personagem como se estivesse investigando o que se passa dentro dele, mas também mostrando essa reação a situação que se mostra. As atuações também vão por esse caminho. Independente do que acontece no fim, todo o estranhamento permanece, pois é mais sobre o efeito que tal situação sugere do que de fato se aquilo ali foi real ou não. E o filme fica nesse "e se?".
O filme não se mostra logo em um primeiro momento, mas aos poucos, devido a repetição de algumas cenas, e uma montagem que em alguns momentos beira a um quebra cabeça, é possível entender que se está diante da cabeça e do ponto de vista de uma pessoa que tem uma mente bem caótica. É uma escolha interessante, e ao mesmo tempo ousada, já que isso pode tanto aproximar quanto afastar, já que as informações são fragmentadas, e até mesmo agressivas. Além disso tem essa metalinguagem, que nesse caso pode ser lida como uma forma de leitura sobre a personagem principal olha pra realidade.
As mudanças em relação ao filme de 1952 são interessantes, e afasta o filme de ser apenas uma cópia. Mas ao mesmo tempo o personagem principal parece muito engolido por quem aparece ao lado dele em cena. Além disso há um apelo emocional bem grande, e um apelo para uma certa melancolia que parece mais emular alguma coisa, do que de fato ser algo. É um filme que elabora menos sobre esse impasse do que fazer em vida, e mais sobre o fim inesperado dela, mas sem conseguir antingir algum tipo de conexão interessante.
O diretor consegue utilizar bem humor dentro de um drama que poderia cair em algo bem apelativo, e o humor nem é usado para amortecer o drama, mas sim para mostrar esse absurdo do que é existir, mas como as relações sociais tem algo de rídiculo e de farsa. Todos os funcionários no final falando do protagonista tem bem esse tom. Ao mesmo o filme consegue mostrar como a burocracia não é apenas algo incrustado no Estado, mas na vida cotidiana (o encanto do protagonista em como a funcionária mais nova olha pra vida mostra isso), e com isso é tudo muito falso e sem espontaneidade, o que até causa espanto quando isso é quebrado.
Wen pega os grilos e diz a eles como eles devem se comportar, depois os grilos são vistos no vidro da janela da cabana, como se observassem os humanos ali presos onde ouvem o que devem fazer. A situação se inverte para mostrar que os humanos também acabam tendo quem os coloque em uma posição em que eles precisam obedecer. Mesmo que isso acaba gerando dúvidas, o que de certa forma acaba lembrando "Sinais", que é um filme em que boa parte o protagonista tem dúvidas sobre o que estava acontecendo ser o não algo que não há uma explicação racional. Aqui acontece algo parecido, mas não deixa de ter um comentário sobre como a ideia da visão e de quem deve ser sacrificado carrega todo um olhar bem preconceituoso, e mesmo com aquele final, que está mais para algo pessimista do que otimista, acaba mostrando que apesar do que aconteceu o que permanece é o sofrimento que foi causado pela situação.
Há uma agilidade em como as coisas acontecem, e faz sentido considerando que a personagem que procura a mãe usa constantemente internet, mas também serve pra pra mostrar em como toda a trama é um jogo de detetive que se aproxima bastante de uma trama de um livro infantojuvenil, o que não é nenhum problema inclusive. Já que isso faz com que o filme ganhe esse ar mais "simples" e direto, e também não se sinta tão preso a abordagens visualmente tão bem feitas (todos aqueles momentos com zoom em baixa resolução são o ponto alto disso). A ideia é ser algo mais absurdo, mas também com uma mensagem no final sobre alguma questão social, mas sem se aprofundar muito.
Há um execesso de situações absurdas que acabam fazendo parte, e também sentido, dentro desse universo em que a protagonista vive: mundo da fama. Mas é um "mundo da fama" com elementos até bem brasileiros, considerando que é uma atriz famosa que protagoniza novelas, o que é algo até nem tão explorado assim em comédias. Mas a diferença aqui é em como o filme acaba absorvendo essa quantidade de coisas típicas do que seria do Brasil (toda a parte em Osasco mostra isso), mas sem soar um meme solto, ou apenas algo do Brasil que toda uma maquiagem de um filme de fora, algo bem recorrente em comédias nacionais recentes.
Usar a homofobia como humor não é uma ideia nova e até pode ser uma bom caminho pra gerar uma crítica que não seja tão baseada em um discurso direto e óbvio, que acaba sendo raso. Mas esse filme acaba caindo nessa armadilha do raso e do óbvio, mesmo que aqui e ali fosse possível perceber "boas intenções". E até há bons momentos, mas eles não o suficiente para que o filme não pareça tão vazio e fique apenas nas suas intenções.
Os pontos altos do filme são os momentos em que a Dani usa os remédios, pois nesses momentos a direção consegue misturar essa necessidade interna da personagem com o humor, e demonstrar de forma visual e interessante os efeitos dos remédios sobre ela. Mas essa destruição interna da personagem não consegue encontrar um equilíbrio entre uma comédia mais solta e algo mais elaborado sobre a psique humana, e o filme pretende misturar esses dois. É difícil entender o que leva a Dani a agir de tal maneira com a mãe, ou até mesmo a sua ambição como escritora fica um pouco escondida, e com isso é difícil entender algumas ações ou motivações. Isso gera uma irregularidade ao longo do filme, que até busca fugir de alguns lugares comuns, mas não é o suficiente para tornar o ritmo mais consistente e a saga da personagem não parecer insuportável em alguns momentos.
Existe um voltar -se pra dentro dos personagens que o filme utiliza, mas isso tudo de uma forma que não é escancarada, vai acontecendo através dos acontecimentos, percebido em gestos, e em alguns diálogos. Com isso o filme vai desenvolvendo essa trama sobre essa agonia interna que nunca cessa sobre a personagem principal, e mesmo que no fim o espectador saiba do que é a agonia, o filme consegue localizar que não é sobre o que foi mostrado, mas sim sobre uma liberdade, uma vontade que não vai vir nunca, e a cena da chuva acaba demonstrando isso.
Olhar Alheio
2.9 21 Assista AgoraO uso da tecnologia cotidiana e suas possibilidades pelo terror atualmente é bem interessante e eficiente. E a direção desse filme sabe muito bem como usar isso a seu favor, ao mostrar que a tecnologia possibilita um tipo de história que anos antes aconteceria de uma outra forma. É uma adaptação instigante do que foi antes e do que é agora. Os exageros são bem vindos principalmente no que cabe ao que acontece na loja de conveniência, que é um terror absurdo que gera um humor ótimo. Mas como o filme precisa ir pra um caminho de "crítica social foda" e isso enfraquece o filme, já que ao contrário de outros filmes onde isso está inserido de forma menos óbvia/didática, mas ainda assim rende bons momentos.
Pânico VI
3.5 799 Assista AgoraMuito inseguro dentro do que quer fazer, e com isso apela de forma desordenada para uma nostalgia. Com isso o único momento que funciona de fato é o momento do trem, por ser algo novo, mas também por saber usar melhor a cidade onde se passa essa nova história. É até espantoso que somente nesse momento há um vislumbre de algo minimamente interessante, considerando que é um filme com um acumulo de várias filmes anteriores. Os momentos de humor são constrangedores em muitos momentos. E mesmo as mortes são bem pouco inspiradas. O apelo ao sangue execessivo na tentativa de compensar não funciona. Parece que é um filme feito por um dos personagens que é fã da franquia "Stab".
Till: A Busca por Justiça
3.7 67 Assista AgoraHá uma indecisão por parte da direção ao abracar um melodrama mais clássico, e algo mais sóbrio. O que torna muitas vezes o filme bem bagunçado na sua condução. A cena de jogo da Mamie vai para esse lado sóbrio, mas a despedida dela do filho vai pra esse melodrama mais escancarado, até mesmo a luz ali denota uma artificialidade. Isso também fica entre o que filme quer que seja sutil, quando os jurados todos brancos entran no tribunal, e o que deve ser vocalizado, a conversa de Mamie com o tio no Mississipi. Mas é inevitável como o filme atinge o seu objetivo, mesmo com essa direção vacilante, que é causa revolta no espectador. Nesse caso, essa condução não tão apressada dos fatos faz com que essa sensação de injustiça que a protagonista passa consiga ser algo palpável ao espectador.
Clemência
3.1 31 Assista AgoraO controle que a direção demosntra com as cenas dramáticas impressiona. Há um cuidado para que não acabe caindo em algo que seja muito escancarado (a cena do Woods com a ex namorada é bem sobre isso). Até o uso da trilha sonora é bem pontual, já que a diretora entende que não precisa de mais além do que já está ali contado. Ou dos símbolos ali retratados. É uma sobriedade que diante do tema é realmente adequada. Ainda tem o fator do que não é dito. Mas fica nos olhares, alguns gestos. Como se algo fosse implodir e não acontece, e mesmo assim precisasse ser represado, principalmente por conta da burocacria das relações.
I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston
3.5 187 Assista AgoraChama a atenção como um filme que se passa nos anos 1980 e 1990 não tem cor e nem brilho. Ainda mais considerando o contexto em que o filme se passa. Isso fica mais evidente quando surge o material de arquivo nos créditos finais onde é possível ver o que faltava ao filme. Seja a energia nas apresentações, que o filme não consegue impressionar, seja nas cores e luz. Fora como muitas coisas são suavizadas ao longo do filme, principalmente a relação dela com o marido. Ao menos tem o documentário "Whitney" do Kevin Macdonald que é bem melhor e mais amplo do que esse filme, e complexifica e aprofunda mais coisas do que foi mostrado aqui.
Spielberg
4.1 54 Assista AgoraConsiderando que boa parte foca nesse começo da carreira do diretor então tem algo interessante. Mas a montagem é estranha, algumas coisas se repetem, há uma tentativa de cronologia estranha. E fica muito em um grande elogio ao cineasta o tempo inteiro, e foca muito mais no que deu certo, do que no que não deu em relação aos filmes dele. Não chega ser algo difícil de assistir, mas acaba sendo cansativo em determinado momento.
Fantasmas do Abismo
3.6 54Só vale pela curiosidade, mas talvez nem isso.
Joe Kidd
3.2 60 Assista AgoraA previsibilidade do que vai acontecer é algo positivo, mesmo que em determinado momento isso acabe sendo contra o próprio filme. É uma estrutura que já foi utilizada antes, e de maneira melhor. Mas aqui, mesmo com essa rapidez do que acontece, mostra o seu valor. Parece até mesmo uma aventura de um gibi.
Brightburn: Filho das Trevas
2.7 607 Assista AgoraEsse Clark Kent maldito é bom exercício de imaginação. Não só por pensar em um personagem bem parecido, mas por ter também ali contido todos os absurdos de um filme onde há uma criança maldita. E é bom ver um filme de terror que não teme ser terror, se sujar com sangue. Abraçar coisas que não fazem sentido. Falta um pouco mais de inspiração estética, mas é compensada bastante com toda essa maluquice que aparece no final. Além de ter todo esse lado pop com gosto.
Passion
4.1 2É bom como o Hamaguchi abraça esses personagens que são bem insuportáveis, mas que ele faz questão de que eles sejam assim, mesmo que por conta disso ele esteja interessado em discutir essa passionalidade das ações deles, ou quando eles atingem esse limte e se mostram mais vulneráveis e rídiculos. Bom também esse jogo do que se subentende, mas não fica tão claro, sendo que aqui isso vai ficando claro em algum momento, mas antes tem toda essa encenação entre os personagens que vai crescendo até explodir em algo que eles não esperavam.
Quando Chega A Escuridão
3.3 132Muito direto no que pretende falar e também em expor esse conflito do personagem principal, que, de alguma forma, está passando por um período de formação de si mesmo. Então o que acontece a ele acaba ganhando esse ar de "iniciação a vida", seja pelas mudanças físicas que ele passa, seja por essa questão de pertencimento que surge quando ele faz parte de um grupo. Ao mesmo tempo o filme remete a diversos filmes de faroeste. O embate final com direito ao personagem chegando na área central da cidade em cima de um cavalo é um exemplo disso. Mas no fim o amor juvenil é mais forte que tudo, nisso acaba servindo como um conto de horro adolescente, mas sem um apelo de um amor incondicional, ou com juras eternas, mas que acontece muito através das ações e do desejo do corpo do outro.
Tudo Bem
3.6 28Essa colagem de situações que são cheias de esteriótipos funciona nessa crítica sobre a classe média que o filme se propõe. Assim como tudo passar dentro de um único lugar, pois acaba dentro dessa métafora sobre algo maior ao qual o filme quer falar, o que acaba sendo ambicioso demais e nem sempre sendo muito eficiente já que em determinados momentos são coisas que passam de forma rápida e rasa. Mas o trunfo mesmo do filme é ter essas contradições, o que torna os personagens interessantes, mesmo que amenize o fascismo do protagonista, mas também há aí uma certa confiança da direção no deboche desse fascismo rídiculo que ele retrata.
Smiley Face: Louca de Dar Nó
3.3 216Essa ingenuidade da personagem remete a esse tipo de comédia até mais antiga, onde ela não percebe que todas as atitudes dela acabam tendo um efeito negativo sobre os lugares em que ela vai e as pessoas que ela tem contato. É como se essa personagem não soubesse de certa forma "se comportar" no mundo e da maneira como ele está. E desse conflito é que é gerado o humor, com a adição de que ela está sob um feito forte das drogas, o que acaba potencializando isso. Essas tentativas fracassadas de vender a droga que ela para quase toda a pessoa que ela encontra acaba evideciando essa forma ingênua que a personagem tem de se comportar e ser no mundo. O final acaba tendo um tom até melancólico diante do que aconteceu, já que ao acompanhar isso parece mais uma série de desencontros e desentendimentos do que de crimes em si. Com isso o filme acaba criticando em como o mundo lida não só com determinados comportamentos, mas também as pessoas que usam drogas e estão sob seu efeito.
Megan is Missing
2.7 306As imagens de baixa qualidade e as atuações que são tão boas acabam dando ao filme esse aspecto "realista" que ele adere. Mas o filme segue bem essa cartilha da "filmagem encontrada", seja por não mostrar nada que seja tão relevante durante muito tempo, mas desenvolvendo o minímo daqueles personagens, mas também criando aqui e ali algo que irá explodir no final. E nesse final existe uma exploração bem grande dessa coisa represada ao longo do filme, seja feito pra chocar, mas também que acaba sendo algo que fica dentro desse universo de "lenda urbana da internet" que o filme cria pra si. As imagens finais e a maneira como ela é apresentada tem muito dessa narrativa de um "caso de alguém que desapareceu e aqui estão as últimas imagens dela viva". Nesse ponto o filme tem o seu sucesso, até mesmo por vender ao espectador o tempo inteiro que tudo ali é real, mesmo que as imagens da imprensa acabem sendo o oposto disso.
Reencarnação
2.4 387O estranhamento proposto por Glazer vai além do que o filme parte, mas nesse prolongamento do aquilo que aparece e vai sendo mostrado. A câmera parada olhando pra um personagem como se estivesse investigando o que se passa dentro dele, mas também mostrando essa reação a situação que se mostra. As atuações também vão por esse caminho. Independente do que acontece no fim, todo o estranhamento permanece, pois é mais sobre o efeito que tal situação sugere do que de fato se aquilo ali foi real ou não. E o filme fica nesse "e se?".
O Funeral das Rosas
4.3 69 Assista AgoraO filme não se mostra logo em um primeiro momento, mas aos poucos, devido a repetição de algumas cenas, e uma montagem que em alguns momentos beira a um quebra cabeça, é possível entender que se está diante da cabeça e do ponto de vista de uma pessoa que tem uma mente bem caótica. É uma escolha interessante, e ao mesmo tempo ousada, já que isso pode tanto aproximar quanto afastar, já que as informações são fragmentadas, e até mesmo agressivas. Além disso tem essa metalinguagem, que nesse caso pode ser lida como uma forma de leitura sobre a personagem principal olha pra realidade.
Viver
3.3 76As mudanças em relação ao filme de 1952 são interessantes, e afasta o filme de ser apenas uma cópia. Mas ao mesmo tempo o personagem principal parece muito engolido por quem aparece ao lado dele em cena. Além disso há um apelo emocional bem grande, e um apelo para uma certa melancolia que parece mais emular alguma coisa, do que de fato ser algo. É um filme que elabora menos sobre esse impasse do que fazer em vida, e mais sobre o fim inesperado dela, mas sem conseguir antingir algum tipo de conexão interessante.
Viver
4.4 166 Assista AgoraO diretor consegue utilizar bem humor dentro de um drama que poderia cair em algo bem apelativo, e o humor nem é usado para amortecer o drama, mas sim para mostrar esse absurdo do que é existir, mas como as relações sociais tem algo de rídiculo e de farsa. Todos os funcionários no final falando do protagonista tem bem esse tom. Ao mesmo o filme consegue mostrar como a burocracia não é apenas algo incrustado no Estado, mas na vida cotidiana (o encanto do protagonista em como a funcionária mais nova olha pra vida mostra isso), e com isso é tudo muito falso e sem espontaneidade, o que até causa espanto quando isso é quebrado.
Batem à Porta
3.1 565 Assista AgoraWen pega os grilos e diz a eles como eles devem se comportar, depois os grilos são vistos no vidro da janela da cabana, como se observassem os humanos ali presos onde ouvem o que devem fazer. A situação se inverte para mostrar que os humanos também acabam tendo quem os coloque em uma posição em que eles precisam obedecer. Mesmo que isso acaba gerando dúvidas, o que de certa forma acaba lembrando "Sinais", que é um filme em que boa parte o protagonista tem dúvidas sobre o que estava acontecendo ser o não algo que não há uma explicação racional. Aqui acontece algo parecido, mas não deixa de ter um comentário sobre como a ideia da visão e de quem deve ser sacrificado carrega todo um olhar bem preconceituoso, e mesmo com aquele final, que está mais para algo pessimista do que otimista, acaba mostrando que apesar do que aconteceu o que permanece é o sofrimento que foi causado pela situação.
Desaparecida
3.7 289 Assista AgoraHá uma agilidade em como as coisas acontecem, e faz sentido considerando que a personagem que procura a mãe usa constantemente internet, mas também serve pra pra mostrar em como toda a trama é um jogo de detetive que se aproxima bastante de uma trama de um livro infantojuvenil, o que não é nenhum problema inclusive. Já que isso faz com que o filme ganhe esse ar mais "simples" e direto, e também não se sinta tão preso a abordagens visualmente tão bem feitas (todos aqueles momentos com zoom em baixa resolução são o ponto alto disso). A ideia é ser algo mais absurdo, mas também com uma mensagem no final sobre alguma questão social, mas sem se aprofundar muito.
TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva
2.4 303 Assista AgoraHá um execesso de situações absurdas que acabam fazendo parte, e também sentido, dentro desse universo em que a protagonista vive: mundo da fama. Mas é um "mundo da fama" com elementos até bem brasileiros, considerando que é uma atriz famosa que protagoniza novelas, o que é algo até nem tão explorado assim em comédias. Mas a diferença aqui é em como o filme acaba absorvendo essa quantidade de coisas típicas do que seria do Brasil (toda a parte em Osasco mostra isso), mas sem soar um meme solto, ou apenas algo do Brasil que toda uma maquiagem de um filme de fora, algo bem recorrente em comédias nacionais recentes.
Carlinhos & Carlão
3.4 94 Assista AgoraUsar a homofobia como humor não é uma ideia nova e até pode ser uma bom caminho pra gerar uma crítica que não seja tão baseada em um discurso direto e óbvio, que acaba sendo raso. Mas esse filme acaba caindo nessa armadilha do raso e do óbvio, mesmo que aqui e ali fosse possível perceber "boas intenções". E até há bons momentos, mas eles não o suficiente para que o filme não pareça tão vazio e fique apenas nas suas intenções.
Depois a Louca Sou Eu
3.4 138 Assista AgoraOs pontos altos do filme são os momentos em que a Dani usa os remédios, pois nesses momentos a direção consegue misturar essa necessidade interna da personagem com o humor, e demonstrar de forma visual e interessante os efeitos dos remédios sobre ela. Mas essa destruição interna da personagem não consegue encontrar um equilíbrio entre uma comédia mais solta e algo mais elaborado sobre a psique humana, e o filme pretende misturar esses dois. É difícil entender o que leva a Dani a agir de tal maneira com a mãe, ou até mesmo a sua ambição como escritora fica um pouco escondida, e com isso é difícil entender algumas ações ou motivações. Isso gera uma irregularidade ao longo do filme, que até busca fugir de alguns lugares comuns, mas não é o suficiente para tornar o ritmo mais consistente e a saga da personagem não parecer insuportável em alguns momentos.
A Falecida
4.1 106Existe um voltar -se pra dentro dos personagens que o filme utiliza, mas isso tudo de uma forma que não é escancarada, vai acontecendo através dos acontecimentos, percebido em gestos, e em alguns diálogos. Com isso o filme vai desenvolvendo essa trama sobre essa agonia interna que nunca cessa sobre a personagem principal, e mesmo que no fim o espectador saiba do que é a agonia, o filme consegue localizar que não é sobre o que foi mostrado, mas sim sobre uma liberdade, uma vontade que não vai vir nunca, e a cena da chuva acaba demonstrando isso.