"Os grandes méritos do filme são o elenco bem entrosado, o que rende atuações bem naturais, que em nenhum momento fazem o espectador desacreditar de que está vendo uma família de verdade, e testemunhando seus dramas ao longo de mais de uma década."
[...]
"O filme parece uma versão compilada de Anos Incríveis, com a longa duração de O Melhor da Juventude (que tem mais de 6 horas de duração). Ok, Boyhood não chega a 3 horas (são 2:45), mas consegue superar o desafio de não cansar seu espectador apesar disto. Não dá pra sentir o tempo passar, ao contrário do que vemos na tela. Os personagens crescem, envelhecem, se alegram e sofrem, mas nada disto torna-se enfadonho para quem assiste, o que é o melhor indício de que a montagem de Sandra Adair é digna de receber prêmios. Impecável, realmente."
"A história retratada não foge do que já vimos em inúmeros filmes do gênero: soldado que abraça a bandeira dos Estados Unidos, vai pra uma guerra em outro continente, e volta transformado e obcecado por ela. Isto tudo a direção de Eastwood e o roteiro de Jason Hall contam de maneira direta, sem grandes surpresas. É um filme redondinho, mas que, sinceramente, se não fosse por sua indicação ao Oscar, passaria batido por muita gente como “mais um filme de guerra.” "
Em tempo, minha crítica completa: http://nerdgeekfeelings.com/2015/02/21/cinema-sniper-americano-critica/
"O sonho dourado de qualquer aspirante a escritor de ficção juvenil é ser o próximo Harry Potter ou o próximo Jogos Vorazes, qualquer um que já tenha pensado em escrever um livro nos últimos anos sabe disso. Veronica Roth (deve ser sobrinha do Celso) também sabe disso só que ela não parou por aí. Ela se dedicou furiosamente a escrever o próximo Harry Potter ou o próximo Jogos Vorazes fazendo levando a expressão a sua literalidade máxima: ela chupinhou o que pode de Jogos Vorazes com Harry Potter, bateu em um liquidificador, adicionou idéias próprias a gosto e daí nasceu Divergente."
Mais aqui: http://nerdgeekfeelings.wordpress.com/2014/04/17/resenha-divergente/
E pra quem estiver afim de saber um pouco sobre as histórias em quadrinhos onde o Soldado Invernal apareceu pela primeira vez, aqui tem uma resenha dela: http://nerdgeekfeelings.wordpress.com/2014/04/10/resenha-capitao-america-2-o-soldado-invernal-captain-america-2-the-winter-soldier/
Crítica pra ser lida por quem tá afim de baixar as expectativas antes de assistir o filme (não é minha, é de um amigo): http://nerdgeekfeelings.wordpress.com/2014/04/10/resenha-capitao-america-2-o-soldado-invernal-captain-america-2-the-winter-soldier/
Pra quem se interessar, escrevi uma resenha sobre a graphic novel que adaptou a primeira versão do roteiro do filme, escrita pelo próprio Aronofsky: http://nerdgeekfeelings.wordpress.com/2014/04/03/quadrinhos-noah-a-graphic-novel-que-deu-origem-ao-filme-de-darren-aronofsky/
Antes que comecem a me julgar, devo dizer que eu li os mangás (até onde saiu aqui no Brasil), assisti a série original e os filmes, que acho geniais, assim como os dois primeiros desta nova série. Gosto de quão pretensiosa é a história, misturando ficção científica com conceitos religiosos e misticismo, o que fez muita gente achar a série original e o filme que a encerra herméticos demais. Não acho tanto assim, porque ambos seguem numa progressão lógica que culmina no que é visto em seu clímax.
Terminei o Evangelion 2.22 ansioso pra conferir logo o terceiro (se tiverem alguma dúvida é só dar uma olhada nos comentários que deixei neles pra constatar o quanto eu gostei de ambos). Juro que comecei a assisti-lo querendo gostar tanto quanto gostei dos dois primeiros, mas, por mais esforço que eu tenha feito pra isto, parece que o nível de confusão e hermetismo aumentava conforme a história avançava para o final.
Ele é tão hermético, mas tão hermético, que não duvido de que nem os roteiristas dele sabem ao certo o que quiseram dizer com a história. Nada do que veio antes, seja na série ou no mangá, contribuiu para a compreensão do que ocorre neste filme. A impressão que ele passa é que quiseram enfiar todos os conceitos pretensiosos de ficção científica, religião e misticismo que imaginaram, misturá-los com cenários grandiosos, máquinas gigantescas, e batalhas cada vez mais apoteóticas, e o resultado foi essa coisa quase abstrata e sem sentido, com cenas de ação confusas, e personagens sem carisma. O Shinji, que havia conquistado mais respeito nos dois primeiros filmes, exibindo um pouco mais de atitude e colhões que sua versão da série original, nesta volta a ser aquele moleque mimado, que faz questão de se fazer de coitado e sofrido sempre que pode. E fica nisto o filme inteiro. Já os demais pouco interesse despertam. A Ayanami está mais insossa como jamais foi, a Asuka tão irritante quando sempre foi, e a nova piloto cujo nome não faço questão de guardar está ali só pra oferecer os poucos alívios cômicos que o filme têm. Dispensável.
Se ao final do segundo filme eu não via a hora de assistir a sequência, com este o efeito foi o oposto. Não fiquei com a menor curiosidade pra conferir o final. Se eles cometeram tantos erros neste, quando tinham de tudo pra fazer um filme tão fabuloso quanto o segundo, não quero nem imaginar o que vão tirar da cartola para o 4º.
Uma pena. Eu adoro a série original pelas discussões filosóficas que propõe e pelo cuidado na elaboração do quadro psicológico dos personagens, e isto passou bem longe de acontecer neste filme. É só pirotecnia e algumas explicações que pouco esclarecem. Faltou fazer com que o espectador se importasse com o que estava acontecendo, e acima disto, oferecer alguma entrada para que ele começasse a entender o que assistiu durante o tempo que ele dura.
o que mais me impressionou neste filme foi a impecável integração da computação gráfica aos cenários, e sua interação com os atores de carne e osso. NUNCA o Gollum (Andy Serkis) foi tão real quanto neste filme! Reparem na cena em que Peter Jackson faz questão de filmá-lo em close, e fica impossível dizer que aquilo é só computação gráfica! E desta vez o personagem ele não está sozinho no páreo de criaturas digitais que nos fazem duvidar da natureza do que estamos vendo. Além dele temos os três famosos trolls que capturam os anões e Bilbo para assá-los na fogueira, o Grande Goblin (Barry Humphries), gordo, gigantesco, e com um papo tumoroso que impressiona pelo volume, textura e asquerosidade, e Azog (Manu Bennett), o orc albino que parece uma versão alternativa do Kratos de God of War e que, sério, em sua primeira aparição na tela eu não sabia se estava vendo um ator com uma maquiagem muito bem feita, ou uma criatura em computação gráfica convincente ao extremo. Resumindo, a WETA conseguiu superar-se mais uma vez. E tudo isto em 3D possui um grau de verossimilhança que torna impossível não acreditar na veracidade do que estamos vendo.
[...]
[O Hobbit] é uma fantasia envolvente, contada num ritmo que muito me agradou e que, se for um indício do que veremos nos próximos, tem grandes chances de superar O Senhor dos Anéis no que diz respeito ao teor de aventura apresentado pela história. Muito bom saber que novamente teremos nossa passagem garantida para a Terra Média nos finais dos próximos dois anos!
Minha crítica completa do filme pode ser lida aqui:
"[...]é importante notar a forma “asséptica” com que a história foi filmada. A fotografia é sempre muito clara, ressaltando a “pureza” do ambiente criado pelos pais. As atuações também combinam com o ambiente pouco estimulante. Os atores não expõem seus sentimentos. Só a mãe (Michele Valley) parece afetar-se pela condição de sua família, mas exprime isto apenas quando se tranca sozinha no quarto. O pai só perde o controle emocional quando percebe o erro que cometeu. A impressão é que ambos se impõem um equilíbrio extremo a fim de não “contaminarem” o comportamento dos filhos com rompantes emocionais, ou mesmo leves perturbações no “equilíbrio” visual e psicológico que construíram ao longo de anos em torno de seus rebentos."
Isto sim é que é uma bela adaptação de uma obra do Mike Mignola, ao contrário dos dois longas animados insossos e pasteurizados de Hellboy que lançaram para se aproveitar das adaptações cinematográficas.
É de se lamentar que tenha ficado apenas neste curta. É um material que merecia, pelo menos, um longa animado caprichado. Boas idéias é o que não falta aqui.
Conspirações governamentais envolvendo manipulação genética e clonagem de meta-humanos, conflitos ideológicos sobre o uso de poder, numa trama que não apenas fica mais sinistra, intrincada e envolvente, como ainda consegue amarrar praticamente todas as pontas soltas espalhadas pelas séries relacionadas ao Universo DC que precederam Liga da Justiça. A equipe de roteiristas responsáveis por esta temporada alcançaram um nível de excelência que nem mesmo a temporada final conseguiu superar, tanto que optaram por tramas mais convencionais e um estilo super-heróico mais tradicional. Mas o que conseguiram aqui é algo que transcendeu os quadrinhos, criando uma cronologia própria tão empolgante e rica quanto as melhores histórias publicadas pela DC Comics.
Já assisti duas vezes esta temporada, e não canso de elogiá-la pela consistência na qualidade dos roteiros. Dwayne McDuffie provando que foi uma grande perda para a divisão da Warner responsável pelas adaptações animadas dos heróis da DC. Grande responsável pela brilhante construção que teve início na temporada anterior e aqui alcançou a épica culminância. Ao término dá vontade de ir correndo pra coleção de quadrinhos e devorá-los numa sentada só.
Obra-prima de Woody Allen em preto e branco, e um dos melhores filmes sobre relacionamentos já realizados. Impossível não se identificar com algum (ns) personagem (ns) ou situação (ões).
Pena que não atue mais com tanta freqüência na frente das câmeras, é sempre um prazer vê-lo e ouvi-lo.
Alguns detalhes que me incomodaram muito neste filme:
1º) a forma parcial, debochada e humilhante com que retrataram os índios, além de terem escalado um ator que claramente não tem descendência indígena para interpretar o Chefe Scar. A gota d'água foi quando usaram a índia como alívio cômico, e acharam que seria engraçado se o Martin literalmente a chutasse pra longe dele; 2º) a maioria das tentativas de humor, que soam artificiais demais (não consegui rir de nada protagonizado por Mose Harper, um personagem que claramente estava ali só pra tirar risadas fáceis); 3º) a falta de carisma de todo elenco, incluindo o personagem de John Wayne; 4º) o romance obrigatório que acrescenta pouco à trama, e cria um desvio que a prejudica; 5º) a incapacidade de John Ford em transmitir a passagem de tempo ao expectador. Fiquei surpreso quando em dado momento da história Ethan diz a Martin que já se passaram 5 anos. Apelar para diálogos expositivos empobreceu uma história que dependia do expectador envolver-se com a longa jornada da dupla principal.
Em suma, fui incapaz de sentir empatia por Ethan e Martin, o que quase completamente arruinou o filme pra mim. Apesar isto, a direção é competente, utiliza bem toda a paisagem natural, e a trama é relativamente bem contada, exceto pelos problemas acima citados. Mas, para um filme tão aclamado achei que deixa muito a desejar. Não chega nem aos pés daquele que, por enquanto, considero o melhor filme de John Wayne, Onde Começa o Inferno, este sim uma obra-prima do gênero.
Li muita gente, tanto na época em que o filme foi lançado como aqui no Filmow, dizendo que o Batman do Christian Bale não é nada perto do Coringa do Heath Ledger, como se fosse uma espécie de demérito do Nolan ter deixado que o vilão dominasse o filme do herói. Mas é justamente aí que está a genialidade do roteiro. O Coringa como uma força incontrolável incitada pelo surgimento do justiceiro encapuzado, e toda a agonia, desespero, sufoco encarados por Gotham City, que de repente se esquece do herói que despertou a esperança de seus habitantes em ver a cidade se endireitar de alguma forma.
É até comovente ver ao longo do filme o herói ser cada vez mais relegado a um segundo ou mesmo terceiro plano, em detrimento dos coadjuvantes, pois isto acabou aumentando a sensação de impotência que ele transmite diante do problema maior que ele causou por sua mera existência na cidade, como já havia advertido Gordon no final de Batman Begins. É um caminho natural, e Nolan foi muito feliz em contar com um intérprete que se entregou de corpo e alma ao papel de sua vida.
Revendo o filme pela segunda vez (sim, eu não ousei revê-lo desde a estréia) a riqueza do roteiro, da direção e da montagem se sobressaem sem esforço. O crescendo de urgência em crises que se sucedem sem dar ao espectador e seus personagens chance o suficiente para respirar entre uma e outra é um dos melhores exemplos recentes de como elevar um blockbuster ao um nível que beira a perfeição em termos de tornar o público cativo do início ao fim, tão refém do longa quanto as pessoas cujas vidas servem de matéria prima para que o Coringa comprove sua tese insana sobre a deturpação moral do ser humano em situações limite geradas pelo caos.
Nota-se em Cavaleiro das Trevas um Nolan já desenvolvendo uma técnica narrativa que ele aperfeiçoaria em A Origem: o prolongamento do clímax pela reprodução de situações climáticas cada vez maiores.
Como disse acima, considero, mais que uma adaptação de uma história em quadrinhos, um tour de force de um diretor com suas próprias capacidades, levando-as até o limite. Muito se elogiou da capacidade de Nolan em superar-se neste filme dirigindo algumas das melhores cenas de ação da década passada. Mas é mais do que isto, é um diretor mostrando que é possível trazer inteligência e sofisticação narrativa ao cinema de massa. Cavaleiro das Trevas é o caminho do meio.
Fiquei surpreso ao revê-lo e descobrir que gostei mais dele agora do que na época em que o assisti pela primeira vez. Talvez seja porque desencanei do pescoço duro e do vilão inexpressivo. Acredito até que ambos foram necessários, pois a história é sobre o início da carreira de um herói que se construiu através de tentativas e erros, e não dá pra ter um visual de primeira e todo articulável logo de cara, nem um embate épico como aventura de estréia.
Além disto, Ras al' Ghul segue a cartilha do clássico vilão com um plano megalomaníaco, sabiamente disfarçado com uma roupagem mais "realista" e menos histriônica. E a idéia de seu objetivo final ser a completa destruição de Gotham é ótima, pois obriga o Batman a provar que acredita na capacidade de sua cidade em livrar-se da corrupção gradativamente, ao invés abraçar a solução mais fácil e extrema de expurgar o mau removendo-o de maneira brutal, sem medir os efeitos colaterais.
Outra excelente sacada do roteiro é fazer com que toda a trama gire em torno do medo. O gás do medo usado para que Bruce Wayne complete seu treinamento com a Liga das Sombras; a cena em que ele volta a entrar na caverna e permanece firmemente de pé enquanto os morcegos voam ao seu redor, num simbólico abraço acolhedor de seu próprio medo, que naquele momento torna-se sua maior arma; e tudo isto culminando no vilão que potencializa sua própria capacidade de gerar medo, forçando Batman a encontrar um meio de poupar sua cidade de um sentimento que ele só quer despertar no coração daqueles que a corrompem.
Assim, é exemplar o trabalho de direção e montagem na cena-chave do filme, quando Batman finalmente surge primeiro como um barulho que lembra as asas de um morcego gigante, depois como um vulto, e em seguida como uma sombra que se move com rapidez. E por mais que tenhamos acompanhado todo o processo de construção de Batman como um símbolo durante toda a primeira hora do filme, é arrepiante vê-lo manifestar-se pela primeira vez. E reparem como no clímax, mesmo em meio ao caos e paranóia causados por Ras al' Ghul, consciente ou não disto, Batman tira proveito do efeito do gás do medo para tornar-se um mito ainda maior, sobrevoando a área de Gotham City mais afetada, exibindo-se para centenas de pessoas afetadas pelo ataque, que graças a ele o enxergam como um ser sobrenatural, espectral.
Quanto ao visual, que, lembro, muitos criticaram como parecido demais com o uniforme emborrachado dos filmes do Burton, é perdoável. Primeiro porque, apesar de tornar a cabeça de Bale ligeiramente grande, ele funciona para mudar o formato dela e afastar maiores suspeitas quanto à sua identidade real, e é preciso lembrar que todo o traje foi feito com peças já existentes reunidas, e com a finalidade de protegê-lo, quase um improviso. Além disto, ele ainda está no começo de sua missão, e um uniforme refinado e totalmente flexível tiraria parte da idéia de que ele ainda está encontrando o melhor caminho para tornar viável sua iniciativa.
Por estes e outros méritos, como todo o amarramento que o roteiro faz de inúmeros elementos da mitologia do personagem e de seu elenco de inimigos e aliados, considero Batman Begins um filme subestimado graças ao estrondo causado por sua continuação. Merece ser revisto, especialmente levando em consideração que estamos diante de um herói que, a cada filme, lapida-se, e aperfeiçoa-se conforme a natureza da ameaça que o impede de realizar seu sonho de exorcizar Gotham de seus demônios, e com isto livrar-se daquele que foi forçado a criar para cumprir sua promessa.
Este filme me fez ter vontade de assisti-lo há 55 anos atrás, quando foi lançado nos cinemas, só pra ter o prazer de estar entre uma das platéias que certamente bateram palmas naquela cena chave no final. Deve ter sido uma das experiências cinematográficas mais arrebatadoras da história da 7ª arte, e só por isto Kurosawa já merecia ser chamado de gênio em formação quando Um Domingo Maravilhoso foi lançado. O primeiro grande filme do diretor, na minha opinião. Indispensável para qualquer um que se diga admirador deste mestre da direção.
Eu realmente não entendo quem detesta Avatar. Sim, o filme representou outro feito apoteótico de James Cameron em termos de bilheteria e especialmente de avanço tecnológico em todos os sentidos. Revi hoje e os efeitos especiais e a imersão que ele proporciona graças a cenários ricamente construídos e detalhados, mesmo sem o 3D continuam impressionando.
A história de fato não apresenta nenhuma novidade, e apesar de oferecer várias chances de tornar-se pretensiosa e uma ficção científica "roots", opta por uma trama mais palatável para um grande público, e como ótimo diretor de blockbusters que Cameron é, sabiamente foge da sedução de tornar tudo mais complexo do que o recomendável.
Eu, como grande admirador do gênero, adoraria um filme que mergulhasse mais fundo nos conceitos que o filme apresenta, especialmente sobre a "rede neural planetária" e as "conexões USB" entre os seres vivos de Pandora, mas, apesar disto, gostei da aventura que encontrei quando o assisti pela primeira vez no cinema, e continuei apreciando nesta minha recente revisita.
É um filme agradável de assistir, não cansa em nenhum momento graças ao seu ritmo milimetricamente calculado e a excelente montagem.
Muita gente parece não entender que a grande sacada de Avatar é atualizar um daqueles mitos que a humanidade sempre carregará consigo em sua consciência coletiva, justamente por seu apelo universal, e pela flexibilidade que ele oferece para ser abordado em novas roupagens.
Ainda é uma das melhores experiências cinematográficas que tive no cinema (sempre bom lembrar que apesar de cinéfilo, a proporção de filmes que assisti na telona é ridiculamente menor que aqueles que assisti na TV ou num monitor), e James Cameron, juntamente com toda a sua competentíssima equipe de direção de arte e efeitos visuais, conseguiu criar um mundo que me seduziu, me fez acreditar em sua existência, e me deixou com ânsia de visitá-lo em futuras continuações.
Pandora é apenas uma das luas de um planeta gigantesco do qual pouco se fala durante o filme, e já que Cameron planeja mais 3 filmes, que venham logo, por favor. O garoto aqui está muito disposto a sonhar acordado um pouco mais diante daquela tela mágica.
Ao lado de Baraka e Planet Earth, está entre os documentários mais visualmente belos que já assisti, e um dos mais alarmantes também.
Home merece créditos por expôr de maneira apaixonada e ao mesmo tempo lógica e racional toda a seqüência de eventos que conduziu nosso planeta à situação em que se encontra hoje, além de ser muito eficiente na tarefa de nos conscientizar ainda mais com a maneira orgânica, complexa e interconectada com que todo o sistema que o forma funciona.
Impossível para alguém com um mínimo de sensibilidade não sentir-se deleitado com algumas das imagens apresentadas, e os realizadores usam este recurso muito bem, para logo em seguida contrapô-lo às conseqüências de todos os erros que fomos cometendo ao longo de nossa história, a ponto de chegarmos a ameaçar grande parte das belezas que vimos no início do filme.
Em alguns pontos o encadeamento de fatos preocupantes parece servir ao único propósito de esvaziar toda a esperança que temos de mudar o quadro cada vez mais pessimista que se forma ao visualizamos cada peça que o forma lado a lado. Confesso que em diversos momentos me senti não apenas muito mal como completamente descrente de encontrarmos coletivamente qualquer maneira viável de mudar o futuro negro que espera todos neste planeta daqui a menos de 40 anos. Mas, sabiamente, a opressão das verdades dolorosas é parcialmente aliviada quando vemos alguns dos esforços reunidos por parte daqueles que querem evitar o pior, graças à montagem inteligente do filme, e à escolha de sua trilha sonora, muito evocativa e capaz de emocionar, provocar e incomodar quando necessário.
Às vezes penso que a melhor solução para boa parte dos problemas expostos no documentário seria a mais drástica e imediata possível: uma resposta sucinta deste mundo que nos abriga sob a forma de inúmeros desastres climáticos, a fim de diminuir drasticamente a população global de uma espécie que vêm prejudicando mais do que ajudando seu funcionamento natural. Mas são produções como esta que nos ajuda a abrir os olhos para o outro lado da questão, e pensar que ainda vale a pena tentar um pouco mais, dando uma nova chance para que a fagulha de esperança aumente e se transforme em chama.
Home deixa bem claro que tínhamos apenas 10 anos para fazer algo a respeito, e já se passaram 3 desde que o filme foi lançado. Resta pouco para que transformemos aquela chama hesitante em algo tão significativo quanto a energia do sol que, desde que aprendemos a extraí-la do solo sob forma de combustível fóssil, é uma das nossas principais fontes de sobrevivência. Talvez esta seja a hora em que mais precisamos aprender com um herói que só existe na ficção dos quadrinhos, mas que desde 1938 nos ensina que a melhor forma de nos tornarmos fortes é através da luz direta do sol. Resta-nos descobrir como transformar toda a humanidade em Super-Homens.
O que o filme anterior ficou devendo no tratamento dos personagens, este compensa por desacelerar o ritmo da história, e focar-se mais na dupla que conseguiu nos cativar nos dois primeiros filmes, em especial do Dr. Brown.
Se observarmos com um bocado de frieza, dá pra notar que o filme é praticamente uma reciclagem da estrutura do roteiro do primeiro capítulo. Está ali toda a situação de Marty preso no passado, recorrendo ao Doc para ajudá-lo a encontrar um meio de voltar para o seu tempo, e todas as tentativas da dupla em chegar a uma forma de fazer com que o Delorean alcance a velocidade necessária para ativar o capacitor de fluxo. Há também o envolvimento amoroso que ameaça alterar drasticamente os eventos futuros, e até mesmo uma situação em um baile que muito se assemelha a outra vista no primeiro filme, quando Marty contava com a iniciativa do pai para dar o primeiro beijo em Lorraine e salvar sua existência, embora aqui o que está em jogo é menos dramático.
Se tem uma coisa em que Zemeckis e Gale aprenderam ao longo da trilogia foi em criar ironias e momentos de humor por meio da auto-referência. Assim, também não faltam aqui perseguições e caminhões de estrume, o que dá maior coerência aos três filmes, além de divertir e tornar a experiência de revê-los um deleite para o cinéfilo mais atento, que pode sempre descobrir um detalhe novo a cada nova incursão aos vários períodos de Hill Valley.
O único problema desta terceira parte não é o ritmo mais lento da história, como muita gente aponta, pois vejo esta opção como necessária, já que ela reflete o ritmo da época em que ela se ambienta. O problema maior é o interesse romântico do Dr. Brown. Clara passa o filme inteiro como apenas uma mulher sem muita personalidade, assumindo burocraticamente um papel que merecia um cuidado maior em sua concepção, que a tornasse tão cativamente quanto é para o Doc. Não fosse a atuação de Christopher Lloyd soaria pouco convincente o envolvimento do casal. Em alguns momentos ela soa até irritante e parece emperrar a história.
Pequenas imperfeições à parte, este capítulo final oferece uma conclusão satisfatória para a trilogia. Encontramos nele um cuidado maior com o amadurecimento da dupla principal, além de despedir-se com mais uma das seqüências finais memoráveis, um ponto em que Zemeckis e Gale também se especializaram durante os três filmes.
Até pouco tempo atrás este era o meu capítulo favorito da trilogia, mas já não posso dizer isto após revê-lo hoje, logo após o primeiro, e me pegar reparando nos pequenos problemas que o filme apresenta, e o distancia levemente da sensação de satisfação que a parte 1 ainda consegue despertar em mim, depois de revê-la incontáveis vezes.
Apesar de ter uma trama mais movimentada e mais cheia de reviravoltas, e apresentar mais viagens no tempo do que o filme anterior, esta segunda parte exige mais suspensão de descrença do espectador, especialmente nas diversas tentativas de Marty em tomar do Biff de 1955 o almanaque de esportes, que acabam apontando para a artificialidade e o absurdo das mesmas. Com todo o vai e vem da trama, os personagens também saíram prejudicados, pois suas interações são jogadas para o segundo plano, em prol do desenrolar da história, que apesar de tudo continua ótima, e muito bem amarrada.
A idéia de fazer uma continuação que literalmente bebe da fonte do sucesso do primeiro filme justamente ao fazer com que os protagonistas voltem a momentos cruciais dele rende situações divertidas, e carregam na tensão e urgência, assim como são muito divertidas as criações de cenas antológicas em épocas diferentes, como a perseguição de Griff e seu bando a Marty sobre o hoverboard, remetendo diretamente à da parte 1.
Apesar dos pequenos defeitos que o tornam um filme menos marcante que o primeiro, ainda é uma ótima continuação, que evita cair nas armadilhas de simplesmente repetir a mesma fórmula de sucesso do capítulo 1, e no lugar dela arrisca direções imprevistas. Além de servir muito bem para formar a ponte entre aquele e o capítulo final. A cena que o conclui ainda é um dos melhores ganchos de qualquer trilogia que o cinema produziu até então. É divertida, impactante, e absolutamente eficaz em deixar qualquer um sedento para assistir o desfecho daquela nova direção tomada pela história. Brilhante!
Ainda é um dos poucos filmes que fazem eu me sentir como o moleque de 9 anos que o assistiu pela primeira vez numa reprise da Sessão da Tarde cheio de fascínio.
O roteiro é de um brilhantismo que raramente se encontra hoje em filmes de aventura, e de uma despretensão que só aumenta meu desgosto quando me deparo do ficções científicas sisudas que se levam a sério demais e não têm 1/4 do carisma que esta.
A idéia de jogar um adolescente da década de 80 para a década de 50 e fazê-lo não apenas conhecer seus pais quando tinha a mesma idade que ele, como ainda transformar estes encontros num acidente que pode apagar sua própria existência é inteiramente aproveitada tanto para potencializar a urgência da trama central que moverá a história, como para extrair ótimas tiradas de humor. Gosto particularmente das reações de Marty conforme ele vai descobrindo mais e mais provas de que realmente viajou no tempo. As expressões faciais de Michael J. Fox são impagáveis, e só se equiparam às de seu parceiro de cena, que cria um Dr. Brown que não apenas é um dos melhores cientistas "loucos" da história do cinema, como um modelo para outros igualmente carismáticos e geniais que surgiriam na década seguinte, como o Dr. Walter Bishop da série Fringe.
Ainda é um filme em que não consigo encontrar defeitos ou detalhes que diminuam meu amor pelo grande responsável por minha paixão por histórias de viagens no tempo, e tenho certeza que muita gente deve algo semelhante a esta obra-prima de Robert Zemeckis.
Antes de dizer qualquer coisa a respeito do filme, devo informar que infelizmente não participei da experiência de assistir o Homem-Aranha pela primeira vez no cinema quando foi lançado o filme de 2002 dirigido por Sam Raimi. Tive que me contentar em assisti-lo na TV, portanto parte de todo o impacto visual se perdeu. Em compensação assisti Homem-Aranha 2 na telona, e ainda figura entre as melhores adaptações de uma HQ de super-heróis que já assisti. Foi memorável aquela sessão.
Já li muita gente criticando a decisão de reiniciar a franquia, e muita crítica jogando o filme lá embaixo, e isto acabou fazendo bem pra mim, pois fui conferi-lo com as expectativas baixas, e me surpreendi.
O reboot reconta a origem do herói de uma maneira até mais completa que seu antecessor, detalhando ainda mais a adaptação de Peter Parker aos novos poderes, seu treinamento, e todo o processo que levou-o a inventar seu alter-ego, sabiamente reintroduzindo os lançadores de teia e o humor verborrágico do personagem, que poucas vezes se manifestou na trilogia do Sam Raimi.
Já a tão criticada "origem secreta" envolvendo os pais de Peter eu vi como uma referência direta à linha Ultimate Marvel, que nos quadrinhos reinventou o personagem no início da década passada, recriando vários personagens da mitologia do Homem-Aranha, em alguns casos radicalmente diferentes dos originais, mas preservando sua essência, enquanto testava novas formas de tecer suas relações com o herói. Eu particularmente gosto desta abordagem, embora entenda aqueles que preferem as versões mais tradicionais, pois há um charme inerente ao acaso no lugar de complexas redes de coincidências e destinos cruzados.
A maneira como o novo filme reapresentou o assassinato do Tio Ben, por exemplo, ganhou uma força dramática maior pela forma como ele repercute no início de Peter como combatente do crime. A idéia de tudo começar como uma caça ao assassino, e gradualmente se tornar uma missão maior do que ele pretendia é muito bem resolvida pelo roteiro, assim como o surgimento da identidade secreta (e confesso que fiquei torcendo para que naquele ringue abandonado houvesse um cartaz anunciando uma luta do Jack "Batalhador" Murdock, o pai pugilista de Matthew Murdock, o Demolidor).
Também me agradou o 3D como forma de realçar as tomadas aéreas dando-lhes profundidade, embora ele cause desconforto visual em passagens mais movimentadas. E sem o 3D a seqüência final, claramente feita para os fãs de longa data do personagem, no melhor estilo "essa é pra você!", não teria o mesmo impacto.
Já o Lagarto como vilão eu achei superficial. Está ali só como uma desculpa para que o Homem-Aranha tenha um adversário à altura. Os efeitos que o criaram são ótimos, apesar disto, mas deixou a impressão de que, se não fosse pela proximidade temporal com a trilogia do Raimi, eles teriam usado Norman Osborn mais uma vez, especialmente pelas várias menções ao dono da Oscorp e sua condição no decorrer do filme, plantando um óbvio gancho para as continuações.
Andrew Garfield é mais convincente como Peter Parker do que Tobey Maguire. Apesar de eu também gostar daquela versão, achei a atual mais fiel à personalidade extrovertida do Aranha dos quadrinhos quando está de máscara, e a "trollagem" que o caracteriza enquanto enfrenta criminosos. Sua química com Emma Stone também funciona muito bem, e garante que nos apaixonemos por ela ao mesmo tempo que o herói (e a atriz nunca esteve tão linda como neste filme).
Foi um reinício bem sucedido, na minha opinião, e espero que, com ele, tenhamos a chance de ver outros vilões e personagens que ficaram de fora da trilogia anterior, além de mais trollagens do Homem-Aranha. Que o próximo seja menos dramático e mais divertido.
O filme vai muito bem até sua conclusão, quando se estende um pouco além do recomendável e apresenta um anti-clímax abrupto que busca torná-lo ambíguo, mas que soa mais como uma história incompleta.
Vale para conferir o controle hábil de Kurosawa sobre o suspense e a tensão, que infelizmente é prejudicado por tentativas um tanto desajeitadas de fazer humor, desnecessárias em vários momentos, algo que ele aperfeiçoaria em suas obras posteriores.
A Marvel pode ter sido a pioneira em construir gradativamente um universo para seus super-heróis no cinema, que culminou no filme dos Vingadores, mas antes disto a DC conseguiu fazer isto na TV, através da divisão de animação da Warner Brothers.
Aqui vemos o resultado, há muito esperado, daquilo que se iniciou com a já clássica obra-prima que foi Batman Animated, que veio seguida de Superman Animated, Batman Beyond e The New Batman Adventures. Valeu a pena acompanhar durante toda aquela década para sermos brindados com uma das melhores adaptações de super-heróis para os desenhos animados, especialmente quando ela veio com uma temporada recheada de ótimas histórias, cada uma delas apresentando um aspecto do rico universo dos quadrinhos da DC Comics.
Começando em grande estilo com um episódio triplo, e encerrando com outro de maneira grandiosa, a temporada cumpre muito bem tanto a função de introduzir personagens não muito conhecidos do público pouco habituado com os quadrinhos, como Lanterna Verde e Mulher Gavião, como também apresenta um quadro amplo do universo fantástico que os cerca, além de plantar mistérios e propositalmente oferecer pouca informação a respeito de alguns heróis e vilões que aparecem em participações especiais dentro de cada arco.
Ajuda muito a estrutura de arcos duplos, usando o recurso do gancho para manter o público cativo, além de sempre garantir, através da variação do gênero da história e da crise enfrentada pelos heróis, um renovado interesse, mesmo quando um arco é fechado, e é seguido de outro sem relação direta com o anterior.
Talvez o único ponto negativo desta temporada seja a ordem em que se encontra o arco "Fury", que claramente ocorre cronologicamente após "Injustice for All", quando analisamos a relação entre o grupo de vilões que aparece em ambos. Fora este pequeno equívoco, esta se mantém como uma excelente temporada de estréia de uma das melhores e mais divertidas séries animadas da década passada.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista Agora"Os grandes méritos do filme são o elenco bem entrosado, o que rende atuações bem naturais, que em nenhum momento fazem o espectador desacreditar de que está vendo uma família de verdade, e testemunhando seus dramas ao longo de mais de uma década."
[...]
"O filme parece uma versão compilada de Anos Incríveis, com a longa duração de O Melhor da Juventude (que tem mais de 6 horas de duração). Ok, Boyhood não chega a 3 horas (são 2:45), mas consegue superar o desafio de não cansar seu espectador apesar disto. Não dá pra sentir o tempo passar, ao contrário do que vemos na tela. Os personagens crescem, envelhecem, se alegram e sofrem, mas nada disto torna-se enfadonho para quem assiste, o que é o melhor indício de que a montagem de Sandra Adair é digna de receber prêmios. Impecável, realmente."
Minha crítica completa: http://nerdgeekfeelings.com/2015/02/21/cinema-boyhood-da-infancia-a-juventude-resenha/
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista Agora"A história retratada não foge do que já vimos em inúmeros filmes do gênero: soldado que abraça a bandeira dos Estados Unidos, vai pra uma guerra em outro continente, e volta transformado e obcecado por ela. Isto tudo a direção de Eastwood e o roteiro de Jason Hall contam de maneira direta, sem grandes surpresas. É um filme redondinho, mas que, sinceramente, se não fosse por sua indicação ao Oscar, passaria batido por muita gente como “mais um filme de guerra.” "
Em tempo, minha crítica completa: http://nerdgeekfeelings.com/2015/02/21/cinema-sniper-americano-critica/
Divergente
3.5 2,1K Assista Agora"O sonho dourado de qualquer aspirante a escritor de ficção juvenil é ser o próximo Harry Potter ou o próximo Jogos Vorazes, qualquer um que já tenha pensado em escrever um livro nos últimos anos sabe disso. Veronica Roth (deve ser sobrinha do Celso) também sabe disso só que ela não parou por aí. Ela se dedicou furiosamente a escrever o próximo Harry Potter ou o próximo Jogos Vorazes fazendo levando a expressão a sua literalidade máxima: ela chupinhou o que pode de Jogos Vorazes com Harry Potter, bateu em um liquidificador, adicionou idéias próprias a gosto e daí nasceu Divergente."
Mais aqui: http://nerdgeekfeelings.wordpress.com/2014/04/17/resenha-divergente/
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraE pra quem estiver afim de saber um pouco sobre as histórias em quadrinhos onde o Soldado Invernal apareceu pela primeira vez, aqui tem uma resenha dela: http://nerdgeekfeelings.wordpress.com/2014/04/10/resenha-capitao-america-2-o-soldado-invernal-captain-america-2-the-winter-soldier/
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraCrítica pra ser lida por quem tá afim de baixar as expectativas antes de assistir o filme (não é minha, é de um amigo): http://nerdgeekfeelings.wordpress.com/2014/04/10/resenha-capitao-america-2-o-soldado-invernal-captain-america-2-the-winter-soldier/
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraPra quem se interessar, escrevi uma resenha sobre a graphic novel que adaptou a primeira versão do roteiro do filme, escrita pelo próprio Aronofsky: http://nerdgeekfeelings.wordpress.com/2014/04/03/quadrinhos-noah-a-graphic-novel-que-deu-origem-ao-filme-de-darren-aronofsky/
Evangelion 3.33: Você (Não) Pode Refazer
3.9 108Antes que comecem a me julgar, devo dizer que eu li os mangás (até onde saiu aqui no Brasil), assisti a série original e os filmes, que acho geniais, assim como os dois primeiros desta nova série. Gosto de quão pretensiosa é a história, misturando ficção científica com conceitos religiosos e misticismo, o que fez muita gente achar a série original e o filme que a encerra herméticos demais. Não acho tanto assim, porque ambos seguem numa progressão lógica que culmina no que é visto em seu clímax.
Terminei o Evangelion 2.22 ansioso pra conferir logo o terceiro (se tiverem alguma dúvida é só dar uma olhada nos comentários que deixei neles pra constatar o quanto eu gostei de ambos). Juro que comecei a assisti-lo querendo gostar tanto quanto gostei dos dois primeiros, mas, por mais esforço que eu tenha feito pra isto, parece que o nível de confusão e hermetismo aumentava conforme a história avançava para o final.
Ele é tão hermético, mas tão hermético, que não duvido de que nem os roteiristas dele sabem ao certo o que quiseram dizer com a história. Nada do que veio antes, seja na série ou no mangá, contribuiu para a compreensão do que ocorre neste filme. A impressão que ele passa é que quiseram enfiar todos os conceitos pretensiosos de ficção científica, religião e misticismo que imaginaram, misturá-los com cenários grandiosos, máquinas gigantescas, e batalhas cada vez mais apoteóticas, e o resultado foi essa coisa quase abstrata e sem sentido, com cenas de ação confusas, e personagens sem carisma.
O Shinji, que havia conquistado mais respeito nos dois primeiros filmes, exibindo um pouco mais de atitude e colhões que sua versão da série original, nesta volta a ser aquele moleque mimado, que faz questão de se fazer de coitado e sofrido sempre que pode. E fica nisto o filme inteiro. Já os demais pouco interesse despertam. A Ayanami está mais insossa como jamais foi, a Asuka tão irritante quando sempre foi, e a nova piloto cujo nome não faço questão de guardar está ali só pra oferecer os poucos alívios cômicos que o filme têm. Dispensável.
Se ao final do segundo filme eu não via a hora de assistir a sequência, com este o efeito foi o oposto. Não fiquei com a menor curiosidade pra conferir o final. Se eles cometeram tantos erros neste, quando tinham de tudo pra fazer um filme tão fabuloso quanto o segundo, não quero nem imaginar o que vão tirar da cartola para o 4º.
Uma pena. Eu adoro a série original pelas discussões filosóficas que propõe e pelo cuidado na elaboração do quadro psicológico dos personagens, e isto passou bem longe de acontecer neste filme. É só pirotecnia e algumas explicações que pouco esclarecem. Faltou fazer com que o espectador se importasse com o que estava acontecendo, e acima disto, oferecer alguma entrada para que ele começasse a entender o que assistiu durante o tempo que ele dura.
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
4.1 4,7K Assista Agorao que mais me impressionou neste filme foi a impecável integração da computação gráfica aos cenários, e sua interação com os atores de carne e osso. NUNCA o Gollum (Andy Serkis) foi tão real quanto neste filme! Reparem na cena em que Peter Jackson faz questão de filmá-lo em close, e fica impossível dizer que aquilo é só computação gráfica! E desta vez o personagem ele não está sozinho no páreo de criaturas digitais que nos fazem duvidar da natureza do que estamos vendo. Além dele temos os três famosos trolls que capturam os anões e Bilbo para assá-los na fogueira, o Grande Goblin (Barry Humphries), gordo, gigantesco, e com um papo tumoroso que impressiona pelo volume, textura e asquerosidade, e Azog (Manu Bennett), o orc albino que parece uma versão alternativa do Kratos de God of War e que, sério, em sua primeira aparição na tela eu não sabia se estava vendo um ator com uma maquiagem muito bem feita, ou uma criatura em computação gráfica convincente ao extremo. Resumindo, a WETA conseguiu superar-se mais uma vez. E tudo isto em 3D possui um grau de verossimilhança que torna impossível não acreditar na veracidade do que estamos vendo.
[...]
[O Hobbit] é uma fantasia envolvente, contada num ritmo que muito me agradou e que, se for um indício do que veremos nos próximos, tem grandes chances de superar O Senhor dos Anéis no que diz respeito ao teor de aventura apresentado pela história. Muito bom saber que novamente teremos nossa passagem garantida para a Terra Média nos finais dos próximos dois anos!
Minha crítica completa do filme pode ser lida aqui:
Dente Canino
3.8 1,2K"[...]é importante notar a forma “asséptica” com que a história foi filmada. A fotografia é sempre muito clara, ressaltando a “pureza” do ambiente criado pelos pais. As atuações também combinam com o ambiente pouco estimulante. Os atores não expõem seus sentimentos. Só a mãe (Michele Valley) parece afetar-se pela condição de sua família, mas exprime isto apenas quando se tranca sozinha no quarto. O pai só perde o controle emocional quando percebe o erro que cometeu. A impressão é que ambos se impõem um equilíbrio extremo a fim de não “contaminarem” o comportamento dos filhos com rompantes emocionais, ou mesmo leves perturbações no “equilíbrio” visual e psicológico que construíram ao longo de anos em torno de seus rebentos."
Crítica completa aqui:
The Amazing Screw-On-Head
4.3 9Isto sim é que é uma bela adaptação de uma obra do Mike Mignola, ao contrário dos dois longas animados insossos e pasteurizados de Hellboy que lançaram para se aproveitar das adaptações cinematográficas.
É de se lamentar que tenha ficado apenas neste curta. É um material que merecia, pelo menos, um longa animado caprichado. Boas idéias é o que não falta aqui.
Liga da Justiça Sem Limites (2ª Temporada)
4.3 23 Assista AgoraConspirações governamentais envolvendo manipulação genética e clonagem de meta-humanos, conflitos ideológicos sobre o uso de poder, numa trama que não apenas fica mais sinistra, intrincada e envolvente, como ainda consegue amarrar praticamente todas as pontas soltas espalhadas pelas séries relacionadas ao Universo DC que precederam Liga da Justiça. A equipe de roteiristas responsáveis por esta temporada alcançaram um nível de excelência que nem mesmo a temporada final conseguiu superar, tanto que optaram por tramas mais convencionais e um estilo super-heróico mais tradicional. Mas o que conseguiram aqui é algo que transcendeu os quadrinhos, criando uma cronologia própria tão empolgante e rica quanto as melhores histórias publicadas pela DC Comics.
Já assisti duas vezes esta temporada, e não canso de elogiá-la pela consistência na qualidade dos roteiros. Dwayne McDuffie provando que foi uma grande perda para a divisão da Warner responsável pelas adaptações animadas dos heróis da DC. Grande responsável pela brilhante construção que teve início na temporada anterior e aqui alcançou a épica culminância. Ao término dá vontade de ir correndo pra coleção de quadrinhos e devorá-los numa sentada só.
Manhattan
4.1 595 Assista AgoraObra-prima de Woody Allen em preto e branco, e um dos melhores filmes sobre relacionamentos já realizados. Impossível não se identificar com algum (ns) personagem (ns) ou situação (ões).
Pena que não atue mais com tanta freqüência na frente das câmeras, é sempre um prazer vê-lo e ouvi-lo.
Rastros de Ódio
4.1 266 Assista AgoraAlguns detalhes que me incomodaram muito neste filme:
1º) a forma parcial, debochada e humilhante com que retrataram os índios, além de terem escalado um ator que claramente não tem descendência indígena para interpretar o Chefe Scar. A gota d'água foi quando usaram a índia como alívio cômico, e acharam que seria engraçado se o Martin literalmente a chutasse pra longe dele;
2º) a maioria das tentativas de humor, que soam artificiais demais (não consegui rir de nada protagonizado por Mose Harper, um personagem que claramente estava ali só pra tirar risadas fáceis);
3º) a falta de carisma de todo elenco, incluindo o personagem de John Wayne;
4º) o romance obrigatório que acrescenta pouco à trama, e cria um desvio que a prejudica;
5º) a incapacidade de John Ford em transmitir a passagem de tempo ao expectador. Fiquei surpreso quando em dado momento da história Ethan diz a Martin que já se passaram 5 anos. Apelar para diálogos expositivos empobreceu uma história que dependia do expectador envolver-se com a longa jornada da dupla principal.
Em suma, fui incapaz de sentir empatia por Ethan e Martin, o que quase completamente arruinou o filme pra mim. Apesar isto, a direção é competente, utiliza bem toda a paisagem natural, e a trama é relativamente bem contada, exceto pelos problemas acima citados. Mas, para um filme tão aclamado achei que deixa muito a desejar. Não chega nem aos pés daquele que, por enquanto, considero o melhor filme de John Wayne, Onde Começa o Inferno, este sim uma obra-prima do gênero.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraLi muita gente, tanto na época em que o filme foi lançado como aqui no Filmow, dizendo que o Batman do Christian Bale não é nada perto do Coringa do Heath Ledger, como se fosse uma espécie de demérito do Nolan ter deixado que o vilão dominasse o filme do herói. Mas é justamente aí que está a genialidade do roteiro. O Coringa como uma força incontrolável incitada pelo surgimento do justiceiro encapuzado, e toda a agonia, desespero, sufoco encarados por Gotham City, que de repente se esquece do herói que despertou a esperança de seus habitantes em ver a cidade se endireitar de alguma forma.
É até comovente ver ao longo do filme o herói ser cada vez mais relegado a um segundo ou mesmo terceiro plano, em detrimento dos coadjuvantes, pois isto acabou aumentando a sensação de impotência que ele transmite diante do problema maior que ele causou por sua mera existência na cidade, como já havia advertido Gordon no final de Batman Begins. É um caminho natural, e Nolan foi muito feliz em contar com um intérprete que se entregou de corpo e alma ao papel de sua vida.
Revendo o filme pela segunda vez (sim, eu não ousei revê-lo desde a estréia) a riqueza do roteiro, da direção e da montagem se sobressaem sem esforço. O crescendo de urgência em crises que se sucedem sem dar ao espectador e seus personagens chance o suficiente para respirar entre uma e outra é um dos melhores exemplos recentes de como elevar um blockbuster ao um nível que beira a perfeição em termos de tornar o público cativo do início ao fim, tão refém do longa quanto as pessoas cujas vidas servem de matéria prima para que o Coringa comprove sua tese insana sobre a deturpação moral do ser humano em situações limite geradas pelo caos.
Nota-se em Cavaleiro das Trevas um Nolan já desenvolvendo uma técnica narrativa que ele aperfeiçoaria em A Origem: o prolongamento do clímax pela reprodução de situações climáticas cada vez maiores.
Como disse acima, considero, mais que uma adaptação de uma história em quadrinhos, um tour de force de um diretor com suas próprias capacidades, levando-as até o limite. Muito se elogiou da capacidade de Nolan em superar-se neste filme dirigindo algumas das melhores cenas de ação da década passada. Mas é mais do que isto, é um diretor mostrando que é possível trazer inteligência e sofisticação narrativa ao cinema de massa. Cavaleiro das Trevas é o caminho do meio.
Batman Begins
4.0 1,4K Assista AgoraFiquei surpreso ao revê-lo e descobrir que gostei mais dele agora do que na época em que o assisti pela primeira vez. Talvez seja porque desencanei do pescoço duro e do vilão inexpressivo. Acredito até que ambos foram necessários, pois a história é sobre o início da carreira de um herói que se construiu através de tentativas e erros, e não dá pra ter um visual de primeira e todo articulável logo de cara, nem um embate épico como aventura de estréia.
Além disto, Ras al' Ghul segue a cartilha do clássico vilão com um plano megalomaníaco, sabiamente disfarçado com uma roupagem mais "realista" e menos histriônica. E a idéia de seu objetivo final ser a completa destruição de Gotham é ótima, pois obriga o Batman a provar que acredita na capacidade de sua cidade em livrar-se da corrupção gradativamente, ao invés abraçar a solução mais fácil e extrema de expurgar o mau removendo-o de maneira brutal, sem medir os efeitos colaterais.
Outra excelente sacada do roteiro é fazer com que toda a trama gire em torno do medo. O gás do medo usado para que Bruce Wayne complete seu treinamento com a Liga das Sombras; a cena em que ele volta a entrar na caverna e permanece firmemente de pé enquanto os morcegos voam ao seu redor, num simbólico abraço acolhedor de seu próprio medo, que naquele momento torna-se sua maior arma; e tudo isto culminando no vilão que potencializa sua própria capacidade de gerar medo, forçando Batman a encontrar um meio de poupar sua cidade de um sentimento que ele só quer despertar no coração daqueles que a corrompem.
Assim, é exemplar o trabalho de direção e montagem na cena-chave do filme, quando Batman finalmente surge primeiro como um barulho que lembra as asas de um morcego gigante, depois como um vulto, e em seguida como uma sombra que se move com rapidez. E por mais que tenhamos acompanhado todo o processo de construção de Batman como um símbolo durante toda a primeira hora do filme, é arrepiante vê-lo manifestar-se pela primeira vez. E reparem como no clímax, mesmo em meio ao caos e paranóia causados por Ras al' Ghul, consciente ou não disto, Batman tira proveito do efeito do gás do medo para tornar-se um mito ainda maior, sobrevoando a área de Gotham City mais afetada, exibindo-se para centenas de pessoas afetadas pelo ataque, que graças a ele o enxergam como um ser sobrenatural, espectral.
Quanto ao visual, que, lembro, muitos criticaram como parecido demais com o uniforme emborrachado dos filmes do Burton, é perdoável. Primeiro porque, apesar de tornar a cabeça de Bale ligeiramente grande, ele funciona para mudar o formato dela e afastar maiores suspeitas quanto à sua identidade real, e é preciso lembrar que todo o traje foi feito com peças já existentes reunidas, e com a finalidade de protegê-lo, quase um improviso. Além disto, ele ainda está no começo de sua missão, e um uniforme refinado e totalmente flexível tiraria parte da idéia de que ele ainda está encontrando o melhor caminho para tornar viável sua iniciativa.
Por estes e outros méritos, como todo o amarramento que o roteiro faz de inúmeros elementos da mitologia do personagem e de seu elenco de inimigos e aliados, considero Batman Begins um filme subestimado graças ao estrondo causado por sua continuação. Merece ser revisto, especialmente levando em consideração que estamos diante de um herói que, a cada filme, lapida-se, e aperfeiçoa-se conforme a natureza da ameaça que o impede de realizar seu sonho de exorcizar Gotham de seus demônios, e com isto livrar-se daquele que foi forçado a criar para cumprir sua promessa.
Um Domingo Maravilhoso
4.3 29Este filme me fez ter vontade de assisti-lo há 55 anos atrás, quando foi lançado nos cinemas, só pra ter o prazer de estar entre uma das platéias que certamente bateram palmas naquela cena chave no final. Deve ter sido uma das experiências cinematográficas mais arrebatadoras da história da 7ª arte, e só por isto Kurosawa já merecia ser chamado de gênio em formação quando Um Domingo Maravilhoso foi lançado. O primeiro grande filme do diretor, na minha opinião. Indispensável para qualquer um que se diga admirador deste mestre da direção.
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraEu realmente não entendo quem detesta Avatar. Sim, o filme representou outro feito apoteótico de James Cameron em termos de bilheteria e especialmente de avanço tecnológico em todos os sentidos. Revi hoje e os efeitos especiais e a imersão que ele proporciona graças a cenários ricamente construídos e detalhados, mesmo sem o 3D continuam impressionando.
A história de fato não apresenta nenhuma novidade, e apesar de oferecer várias chances de tornar-se pretensiosa e uma ficção científica "roots", opta por uma trama mais palatável para um grande público, e como ótimo diretor de blockbusters que Cameron é, sabiamente foge da sedução de tornar tudo mais complexo do que o recomendável.
Eu, como grande admirador do gênero, adoraria um filme que mergulhasse mais fundo nos conceitos que o filme apresenta, especialmente sobre a "rede neural planetária" e as "conexões USB" entre os seres vivos de Pandora, mas, apesar disto, gostei da aventura que encontrei quando o assisti pela primeira vez no cinema, e continuei apreciando nesta minha recente revisita.
É um filme agradável de assistir, não cansa em nenhum momento graças ao seu ritmo milimetricamente calculado e a excelente montagem.
Muita gente parece não entender que a grande sacada de Avatar é atualizar um daqueles mitos que a humanidade sempre carregará consigo em sua consciência coletiva, justamente por seu apelo universal, e pela flexibilidade que ele oferece para ser abordado em novas roupagens.
Ainda é uma das melhores experiências cinematográficas que tive no cinema (sempre bom lembrar que apesar de cinéfilo, a proporção de filmes que assisti na telona é ridiculamente menor que aqueles que assisti na TV ou num monitor), e James Cameron, juntamente com toda a sua competentíssima equipe de direção de arte e efeitos visuais, conseguiu criar um mundo que me seduziu, me fez acreditar em sua existência, e me deixou com ânsia de visitá-lo em futuras continuações.
Pandora é apenas uma das luas de um planeta gigantesco do qual pouco se fala durante o filme, e já que Cameron planeja mais 3 filmes, que venham logo, por favor. O garoto aqui está muito disposto a sonhar acordado um pouco mais diante daquela tela mágica.
Home - Nosso Planeta, Nossa Casa
4.3 74 Assista AgoraAo lado de Baraka e Planet Earth, está entre os documentários mais visualmente belos que já assisti, e um dos mais alarmantes também.
Home merece créditos por expôr de maneira apaixonada e ao mesmo tempo lógica e racional toda a seqüência de eventos que conduziu nosso planeta à situação em que se encontra hoje, além de ser muito eficiente na tarefa de nos conscientizar ainda mais com a maneira orgânica, complexa e interconectada com que todo o sistema que o forma funciona.
Impossível para alguém com um mínimo de sensibilidade não sentir-se deleitado com algumas das imagens apresentadas, e os realizadores usam este recurso muito bem, para logo em seguida contrapô-lo às conseqüências de todos os erros que fomos cometendo ao longo de nossa história, a ponto de chegarmos a ameaçar grande parte das belezas que vimos no início do filme.
Em alguns pontos o encadeamento de fatos preocupantes parece servir ao único propósito de esvaziar toda a esperança que temos de mudar o quadro cada vez mais pessimista que se forma ao visualizamos cada peça que o forma lado a lado. Confesso que em diversos momentos me senti não apenas muito mal como completamente descrente de encontrarmos coletivamente qualquer maneira viável de mudar o futuro negro que espera todos neste planeta daqui a menos de 40 anos. Mas, sabiamente, a opressão das verdades dolorosas é parcialmente aliviada quando vemos alguns dos esforços reunidos por parte daqueles que querem evitar o pior, graças à montagem inteligente do filme, e à escolha de sua trilha sonora, muito evocativa e capaz de emocionar, provocar e incomodar quando necessário.
Às vezes penso que a melhor solução para boa parte dos problemas expostos no documentário seria a mais drástica e imediata possível: uma resposta sucinta deste mundo que nos abriga sob a forma de inúmeros desastres climáticos, a fim de diminuir drasticamente a população global de uma espécie que vêm prejudicando mais do que ajudando seu funcionamento natural. Mas são produções como esta que nos ajuda a abrir os olhos para o outro lado da questão, e pensar que ainda vale a pena tentar um pouco mais, dando uma nova chance para que a fagulha de esperança aumente e se transforme em chama.
Home deixa bem claro que tínhamos apenas 10 anos para fazer algo a respeito, e já se passaram 3 desde que o filme foi lançado. Resta pouco para que transformemos aquela chama hesitante em algo tão significativo quanto a energia do sol que, desde que aprendemos a extraí-la do solo sob forma de combustível fóssil, é uma das nossas principais fontes de sobrevivência. Talvez esta seja a hora em que mais precisamos aprender com um herói que só existe na ficção dos quadrinhos, mas que desde 1938 nos ensina que a melhor forma de nos tornarmos fortes é através da luz direta do sol. Resta-nos descobrir como transformar toda a humanidade em Super-Homens.
De Volta Para o Futuro 3
4.1 743 Assista AgoraO que o filme anterior ficou devendo no tratamento dos personagens, este compensa por desacelerar o ritmo da história, e focar-se mais na dupla que conseguiu nos cativar nos dois primeiros filmes, em especial do Dr. Brown.
Se observarmos com um bocado de frieza, dá pra notar que o filme é praticamente uma reciclagem da estrutura do roteiro do primeiro capítulo. Está ali toda a situação de Marty preso no passado, recorrendo ao Doc para ajudá-lo a encontrar um meio de voltar para o seu tempo, e todas as tentativas da dupla em chegar a uma forma de fazer com que o Delorean alcance a velocidade necessária para ativar o capacitor de fluxo. Há também o envolvimento amoroso que ameaça alterar drasticamente os eventos futuros, e até mesmo uma situação em um baile que muito se assemelha a outra vista no primeiro filme, quando Marty contava com a iniciativa do pai para dar o primeiro beijo em Lorraine e salvar sua existência, embora aqui o que está em jogo é menos dramático.
Se tem uma coisa em que Zemeckis e Gale aprenderam ao longo da trilogia foi em criar ironias e momentos de humor por meio da auto-referência. Assim, também não faltam aqui perseguições e caminhões de estrume, o que dá maior coerência aos três filmes, além de divertir e tornar a experiência de revê-los um deleite para o cinéfilo mais atento, que pode sempre descobrir um detalhe novo a cada nova incursão aos vários períodos de Hill Valley.
O único problema desta terceira parte não é o ritmo mais lento da história, como muita gente aponta, pois vejo esta opção como necessária, já que ela reflete o ritmo da época em que ela se ambienta. O problema maior é o interesse romântico do Dr. Brown. Clara passa o filme inteiro como apenas uma mulher sem muita personalidade, assumindo burocraticamente um papel que merecia um cuidado maior em sua concepção, que a tornasse tão cativamente quanto é para o Doc. Não fosse a atuação de Christopher Lloyd soaria pouco convincente o envolvimento do casal. Em alguns momentos ela soa até irritante e parece emperrar a história.
Pequenas imperfeições à parte, este capítulo final oferece uma conclusão satisfatória para a trilogia. Encontramos nele um cuidado maior com o amadurecimento da dupla principal, além de despedir-se com mais uma das seqüências finais memoráveis, um ponto em que Zemeckis e Gale também se especializaram durante os três filmes.
De Volta Para o Futuro 2
4.2 886 Assista AgoraAté pouco tempo atrás este era o meu capítulo favorito da trilogia, mas já não posso dizer isto após revê-lo hoje, logo após o primeiro, e me pegar reparando nos pequenos problemas que o filme apresenta, e o distancia levemente da sensação de satisfação que a parte 1 ainda consegue despertar em mim, depois de revê-la incontáveis vezes.
Apesar de ter uma trama mais movimentada e mais cheia de reviravoltas, e apresentar mais viagens no tempo do que o filme anterior, esta segunda parte exige mais suspensão de descrença do espectador, especialmente nas diversas tentativas de Marty em tomar do Biff de 1955 o almanaque de esportes, que acabam apontando para a artificialidade e o absurdo das mesmas.
Com todo o vai e vem da trama, os personagens também saíram prejudicados, pois suas interações são jogadas para o segundo plano, em prol do desenrolar da história, que apesar de tudo continua ótima, e muito bem amarrada.
A idéia de fazer uma continuação que literalmente bebe da fonte do sucesso do primeiro filme justamente ao fazer com que os protagonistas voltem a momentos cruciais dele rende situações divertidas, e carregam na tensão e urgência, assim como são muito divertidas as criações de cenas antológicas em épocas diferentes, como a perseguição de Griff e seu bando a Marty sobre o hoverboard, remetendo diretamente à da parte 1.
Apesar dos pequenos defeitos que o tornam um filme menos marcante que o primeiro, ainda é uma ótima continuação, que evita cair nas armadilhas de simplesmente repetir a mesma fórmula de sucesso do capítulo 1, e no lugar dela arrisca direções imprevistas. Além de servir muito bem para formar a ponte entre aquele e o capítulo final. A cena que o conclui ainda é um dos melhores ganchos de qualquer trilogia que o cinema produziu até então. É divertida, impactante, e absolutamente eficaz em deixar qualquer um sedento para assistir o desfecho daquela nova direção tomada pela história. Brilhante!
De Volta Para o Futuro
4.4 1,8K Assista AgoraAinda é um dos poucos filmes que fazem eu me sentir como o moleque de 9 anos que o assistiu pela primeira vez numa reprise da Sessão da Tarde cheio de fascínio.
O roteiro é de um brilhantismo que raramente se encontra hoje em filmes de aventura, e de uma despretensão que só aumenta meu desgosto quando me deparo do ficções científicas sisudas que se levam a sério demais e não têm 1/4 do carisma que esta.
A idéia de jogar um adolescente da década de 80 para a década de 50 e fazê-lo não apenas conhecer seus pais quando tinha a mesma idade que ele, como ainda transformar estes encontros num acidente que pode apagar sua própria existência é inteiramente aproveitada tanto para potencializar a urgência da trama central que moverá a história, como para extrair ótimas tiradas de humor. Gosto particularmente das reações de Marty conforme ele vai descobrindo mais e mais provas de que realmente viajou no tempo. As expressões faciais de Michael J. Fox são impagáveis, e só se equiparam às de seu parceiro de cena, que cria um Dr. Brown que não apenas é um dos melhores cientistas "loucos" da história do cinema, como um modelo para outros igualmente carismáticos e geniais que surgiriam na década seguinte, como o Dr. Walter Bishop da série Fringe.
Ainda é um filme em que não consigo encontrar defeitos ou detalhes que diminuam meu amor pelo grande responsável por minha paixão por histórias de viagens no tempo, e tenho certeza que muita gente deve algo semelhante a esta obra-prima de Robert Zemeckis.
O Espetacular Homem-Aranha
3.4 4,9K Assista AgoraAntes de dizer qualquer coisa a respeito do filme, devo informar que infelizmente não participei da experiência de assistir o Homem-Aranha pela primeira vez no cinema quando foi lançado o filme de 2002 dirigido por Sam Raimi. Tive que me contentar em assisti-lo na TV, portanto parte de todo o impacto visual se perdeu. Em compensação assisti Homem-Aranha 2 na telona, e ainda figura entre as melhores adaptações de uma HQ de super-heróis que já assisti. Foi memorável aquela sessão.
Já li muita gente criticando a decisão de reiniciar a franquia, e muita crítica jogando o filme lá embaixo, e isto acabou fazendo bem pra mim, pois fui conferi-lo com as expectativas baixas, e me surpreendi.
O reboot reconta a origem do herói de uma maneira até mais completa que seu antecessor, detalhando ainda mais a adaptação de Peter Parker aos novos poderes, seu treinamento, e todo o processo que levou-o a inventar seu alter-ego, sabiamente reintroduzindo os lançadores de teia e o humor verborrágico do personagem, que poucas vezes se manifestou na trilogia do Sam Raimi.
Já a tão criticada "origem secreta" envolvendo os pais de Peter eu vi como uma referência direta à linha Ultimate Marvel, que nos quadrinhos reinventou o personagem no início da década passada, recriando vários personagens da mitologia do Homem-Aranha, em alguns casos radicalmente diferentes dos originais, mas preservando sua essência, enquanto testava novas formas de tecer suas relações com o herói. Eu particularmente gosto desta abordagem, embora entenda aqueles que preferem as versões mais tradicionais, pois há um charme inerente ao acaso no lugar de complexas redes de coincidências e destinos cruzados.
A maneira como o novo filme reapresentou o assassinato do Tio Ben, por exemplo, ganhou uma força dramática maior pela forma como ele repercute no início de Peter como combatente do crime. A idéia de tudo começar como uma caça ao assassino, e gradualmente se tornar uma missão maior do que ele pretendia é muito bem resolvida pelo roteiro, assim como o surgimento da identidade secreta (e confesso que fiquei torcendo para que naquele ringue abandonado houvesse um cartaz anunciando uma luta do Jack "Batalhador" Murdock, o pai pugilista de Matthew Murdock, o Demolidor).
Também me agradou o 3D como forma de realçar as tomadas aéreas dando-lhes profundidade, embora ele cause desconforto visual em passagens mais movimentadas. E sem o 3D a seqüência final, claramente feita para os fãs de longa data do personagem, no melhor estilo "essa é pra você!", não teria o mesmo impacto.
Já o Lagarto como vilão eu achei superficial. Está ali só como uma desculpa para que o Homem-Aranha tenha um adversário à altura. Os efeitos que o criaram são ótimos, apesar disto, mas deixou a impressão de que, se não fosse pela proximidade temporal com a trilogia do Raimi, eles teriam usado Norman Osborn mais uma vez, especialmente pelas várias menções ao dono da Oscorp e sua condição no decorrer do filme, plantando um óbvio gancho para as continuações.
Andrew Garfield é mais convincente como Peter Parker do que Tobey Maguire. Apesar de eu também gostar daquela versão, achei a atual mais fiel à personalidade extrovertida do Aranha dos quadrinhos quando está de máscara, e a "trollagem" que o caracteriza enquanto enfrenta criminosos. Sua química com Emma Stone também funciona muito bem, e garante que nos apaixonemos por ela ao mesmo tempo que o herói (e a atriz nunca esteve tão linda como neste filme).
Foi um reinício bem sucedido, na minha opinião, e espero que, com ele, tenhamos a chance de ver outros vilões e personagens que ficaram de fora da trilogia anterior, além de mais trollagens do Homem-Aranha. Que o próximo seja menos dramático e mais divertido.
Os Homens Que Pisaram na Cauda do Tigre
3.6 18 Assista AgoraO filme vai muito bem até sua conclusão, quando se estende um pouco além do recomendável e apresenta um anti-clímax abrupto que busca torná-lo ambíguo, mas que soa mais como uma história incompleta.
Vale para conferir o controle hábil de Kurosawa sobre o suspense e a tensão, que infelizmente é prejudicado por tentativas um tanto desajeitadas de fazer humor, desnecessárias em vários momentos, algo que ele aperfeiçoaria em suas obras posteriores.
Liga da Justiça (1ª Temporada)
4.2 73 Assista AgoraA Marvel pode ter sido a pioneira em construir gradativamente um universo para seus super-heróis no cinema, que culminou no filme dos Vingadores, mas antes disto a DC conseguiu fazer isto na TV, através da divisão de animação da Warner Brothers.
Aqui vemos o resultado, há muito esperado, daquilo que se iniciou com a já clássica obra-prima que foi Batman Animated, que veio seguida de Superman Animated, Batman Beyond e The New Batman Adventures. Valeu a pena acompanhar durante toda aquela década para sermos brindados com uma das melhores adaptações de super-heróis para os desenhos animados, especialmente quando ela veio com uma temporada recheada de ótimas histórias, cada uma delas apresentando um aspecto do rico universo dos quadrinhos da DC Comics.
Começando em grande estilo com um episódio triplo, e encerrando com outro de maneira grandiosa, a temporada cumpre muito bem tanto a função de introduzir personagens não muito conhecidos do público pouco habituado com os quadrinhos, como Lanterna Verde e Mulher Gavião, como também apresenta um quadro amplo do universo fantástico que os cerca, além de plantar mistérios e propositalmente oferecer pouca informação a respeito de alguns heróis e vilões que aparecem em participações especiais dentro de cada arco.
Ajuda muito a estrutura de arcos duplos, usando o recurso do gancho para manter o público cativo, além de sempre garantir, através da variação do gênero da história e da crise enfrentada pelos heróis, um renovado interesse, mesmo quando um arco é fechado, e é seguido de outro sem relação direta com o anterior.
Talvez o único ponto negativo desta temporada seja a ordem em que se encontra o arco "Fury", que claramente ocorre cronologicamente após "Injustice for All", quando analisamos a relação entre o grupo de vilões que aparece em ambos. Fora este pequeno equívoco, esta se mantém como uma excelente temporada de estréia de uma das melhores e mais divertidas séries animadas da década passada.