Vou me limitar a uma observação, que realmente não consegui fazer sentido: depois de tantos anos, mentiras, falsidades, roubos, tramóias, traições, de ter descoberto o vício, a mentira sobre sua profissão, o assalto forjado e tudo mais... em que mundo uma pessoa, sem emprego e cuja única renda vinha da mesada dos pais, insistiria em financiar o vício do namorado e bancar jantares absurdos em restaurantes super luxuosos? Nada como white people problems.
Se com Teorema eu fiquei curioso e em dúvida sobre minha opinião, com Decameron tive confirmação. Acredito que Pasolini tenha um total desprezo pela construção narrativa, pelo preparo de atores, pela mise en scene como um todo. O que se desenvolve na frente de sua câmera é um vetor pra expor suas ideologias, críticas, suposta irreverência e acidez. Talvez na época funcionasse, mas hoje não. Parece datado, tolo, vazio. Uma preocupação excessiva pelo sexo, pelo corpo, pela presença dos personagens marginalizados, como se pudesse dá-los voz de alguma forma, quando na verdade apenas os usa para ridicularizar, chocar, provocar.
Na ânsia de mirar suas armas na direção da sociedade conservadora de época, da burguesia predominante do status quo, da religião que o imputava pecados e negava sua sexualidade, seu discurso parece vazio e desprovido de substância.
Pra além da óbvia associação da "figura angelical de um rapazinho que personaliza um amor à tudo que é belo, natural e inusitado", que naturalmente é loiro, branco, europeu e infantil, já desgastada nos dias atuais, a ideia de que o velho decrépito direciona sua obsessão a um conceito de juventude, frescor e vitalidade é uma mera tentativa de desviar atenção da pedofilia latente. Ainda que fosse o caso, esvaziar por completo o personagem/objeto não faz mais do que isso, objetificar uma figura de desejo e perseguição, rasa e superficial e que de nada acrescenta.
De forma repetida, do título do filme até ao argumento da diretora, nos é dito que esta é a forma da personagem principal reagir ao trauma do abuso sexual, é a escolha dela de lidar com a violência sofrida. Seria essa a forma correta, mais adequada, eficaz? Quem pode saber? E existe uma forma mágica para se lidar com um evento terrível como esse, uma bula, talvez?
Em menos de quinze minutos de filme e a narrativa passa a lidar com as consequências da decisão de Janne, sobre a reafirmação de sua autonomia e recusa a vestir o papel de vítima, somos colocados apenas na posição de observador, cabendo quem quiser julgar que julgue, mas em primeira pessoa assistindo o completo desmoronamento da saúde psicológica e emocional de Janne.
Até pra própria mãe ela tergiversa, fala sobre nadar em vez de ser direta e encarar a realidade do que ela sofreu. Em determinado momento, enfim já esgotada, ela explode com seu estuprador ao dizer que era inútil falar qualquer coisa, ele jamais entenderia, não saberia o que dizer, nunca compreenderia. Parece um pouco como todos os homens que a cercam no filme, parece mais ainda como se ela dissesse isso para nós, que assistimos cobrando e julgando e exigindo uma reação, um desabafo sobre como tanto de homens quanto da sociedade, a mulher vítima de abuso sexual ainda é muito mal amparada, e o quanto é difícil encontrar empatia, compreensão e acolhimento.
a grande verdade é que seria um filme comum, não fosse a menina maya erskine completamente dominar toda a atenção a cada minuto que se encontrava em cena. é quem confere frescor, originalidade, paixão, humor.. basicamente ela É o filme, com o devido reconhecimento do sólido trabalho como coadjuvante do jack quaid.
É brilhante a intrincada relação da trilha sonora de música diegética, pontual e com apenas duas inserções de arroubos musicais - um coral feminino ao redor de uma fogueira e a catarse do plano final com Vivaldi -, com a razão do isolamento geográfico e temporal das três mulheres que se relacionam durante boa parte do filme.
Como se todas as escolhas narrativas da diretora fechassem em um círculo completo, de forma redonda. Durante a cerimônia noturna, all female, em torno da fogueira, eu tentei procurar o significado da letra/sussurros cantados, algo próximo de "non possum fugere", não posso escapar, o que de certa forma dialoga diretamente tanto com a inevitável paixão da qual as duas personagens principais são vítima, quanto com o fato delas serem prisioneiras do tempo e espaço, particularmente no século 18, e por isso terem consciência de que essa relação de amor nasceu condenada.
Apenas através dessa construção social suspensa atrelada ao estilo clássico, denotando a preocupação realista contemporânea de Sciamma, que as três personagens em pé de igualdade e destituídas de qualquer tipo de hierarquia social conseguem encontrar uma utopia feminina. Não que isso configure um deslize de percepção histórica da diretora, apesar de eliminar a presença masculina do filme por escolha, a pressão patriarcal machista de época é perceptível na resignação presente nas conversas onde personagens conformam-se com seus papéis de atuação social pra fora daqueles muros e mares.
É essa mesma contemplação do feminino pelo olhar feminino que subverte o conceito da pintura como uma forma de observação e desejo mútuo, do retratado e de quem retrata, que acompanha de maneira humana e natural o desenvolver da paixão das duas mulheres. A fluidez da química entre Haenel e Merlant é implacável, uma pérola pra se ver de joelhos.
Já é de praxe dos diretores a abordagem naturalista, com um pé no gênero documentário, acompanhando o cotidiano de personagens problemáticos, em geral em condições vulneráveis e bastante fragilizados, ainda que não tenham total consciência disso. É quase como que uma agonia crescente acompanhar seus percalços.
Claro, talvez sejam dos poucos artistas atuais a tratar com tamanha imparcialidade ou até mesmo entendimento, não confundir com complacência, seus personagens. Não que esse seja o melhor filme da carreira da dupla, mas acho incrível a ousada escolha de tratar sobre um menino, ou homem, dependendo do seu ponto de vista moral, que é possível já ter cruzado o ponto de não retorno, onde já não há mais salvação. Isso porque a mão do roteiro nos apresenta uma situação onde só é possível sentir empatia genuína, algo raro hoje em dia.
O traço marcante do abuso da pessoa vulnerável por parte de adultos/figuras em posição de autoridade é fundamental para entender como é possível a radicalização de um jovem que não se encontra numa situação de pressão social extrema, ao mesmo tempo em que o respeito pela religião e cultura do islamismo é visível ao apresentar outros personagens com posicionamentos opostos e contrários, denotando que é a visão radical e extremista é de uma parcela minoritária.
Antes de mais nada, eu achei superestimado. Talvez seja culpa minha e um excesso de expectativa, mas não senti o filme. É um delírio noir megalomânico, visceral e cru, excepcional tecnicamente tanto pela fotografia emulando uma tensão bem característica de um cinema já em desuso, quanto pelos grandes confrontos verbais entre dois atores no absoluto apex de suas atuações, Dafoe e Pattinson, mas... faltou alguma coisa pra mim.
Não senti o roteiro redondinho, apesar de um trabalho cuidadoso de introduzir a mitologia característica do cenário e da época, parece que falta uma peça ou outra no desfecho, talvez aberto demais pro meu gosto. Mas é perfeitamente compreensível todos os louros e elogios.
Uma das coisas mais incríveis ao se experimentar numa sessão de cinema é a completa identificação com a problemática em questão vivida pela personagem. Tentar se descobrir, conhecer e reinventar numa metrópole cosmopolita, lugar onde por definição, se você é jovem e classe média, não deveria ser alguém solitário/sozinho, é uma tarefa árdua.
Não é um chamado a se jogar de cabeça no delírio de verão madrilenho, ou lançar-se em relações esporádicas e frívolas, mas é um deleite de se acompanhar a personagem alternando momentos de desfrutar sua própria companhia, e ter prazer com isso, e de encontros casuais com muita vontade e interesse.
É como se a todo momento a narrativa, através das intersecções que pontuam os dias, fizesse questão de afirmar a necessidade Eva estar, viver e ser seu momento presente. Talvez seja o caso do filme tocar de forma diferente e muito íntima de pessoa pra pessoa, - provavelmente vai ser um desses casos perdidos no meio de tantos lançamentos anuais, um one hit wonder de festivais ao redor do mundo - e aqui há a subjetividade de me relacionar profundamente com a temática já que vivo em uma metrópole própria, o Rio de Janeiro, passando por uma solidão compartilhada bem típica. Sem dúvida alguma, a personagem de Itsaso Arana é alguém que você adoraria ter por perto.
Parabéns pra organização do Festival do Rio, que precisou fazer uma vaquinha pública pra realizar essa edição, e na hora de devolver pro público, resolve cortar a sessão pública da exibição do filme e manter apenas a sessão de gala (pros famosos e convidados, claro) cobrando absurdos 150 reais por alguns poucos ingressos em péssimos lugares na sala.
Eu tinha o torrent desse filme baixado faz já uns 2 meses, mas assim que descobri que ele entraria rapidamente em cartaz durante o Festival do Rio não pensei duas vezes (mesmo que minha única oportunidade de assisti-lo tenha sido no ingrato Estação Net Gávea). Essa é a justificativa máxima da velha "filme foi feito pra se ver no cinema". E que obra-prima pra tela grande.
Num certo momento, uma conversa íntima e franca entre duas pessoas que se respeitam mutuamente, a personagem de Iya vai dizer, de forma até docemente infantil, que não quer mais ajudar ninguém. Nas entrelinhas, no muito que não é dito, ela não suporta mais absorver tanta dor e culpa e miséria por se doar e tentar aplacar a tragédia alheia. É sincero, e se tem algo que pode-se dizer sobre o filme é que, imerso nos longos silêncios, respiração ofegante e olhares suportados, existe uma sinceridade perturbadora dos personagens. Não que isso signifique que eles falam a verdade, pelo contrário.. a verdade é irrelevante. Constrói-se algum tipo de história vazia e conveniente para dar prosseguimento à vida e é suficiente.
De volta a Iya e seu esgotamento, como bem esclareceram abaixo: existe uma enorme diferença entre lento e denso. Dylda é denso. São camadas pesadas de uma insuportável dor que cada uma dessas pessoas carrega, como que removidos da guerra a direção magistral evita (quase) sempre o conflito pois há muito mais interesse dramático na forma como essas pessoas, todas traumatizadas, lidam umas com as outras e suas tragédias pessoais. Não o que causou tudo isso. É quase como uma realização prática do estresse pós concussão de Iya, algo que constantemente a paralisa, jogando-a num estado de suspensão da realidade, inerte, mas precisando lidar com as consequências quando ela recobra a consciência.
De certa forma Masha também está, ainda, num estado de realidade suspensa. Outra pessoa abaixo comentou como as atitudes dela pouco fazem sentido, e eu não ouso julgar sentido ou lógica nas atitudes de uma mulher que passou por tudo que ela no fronte de batalha. E precisamos falar sobre como a história dessas mulheres, russas, alemãs, judias, seja qual for a nacionalidade, é silenciada nos livros e registros. Voltando, acredito que parte da sanidade de Masha foi perdida na guerra, e assim como muitos, mesmo que ela tenha voltado "sem um arranhão físico", ela procura desesperadamente alguma forma de curar o trauma perturbador que ela sofreu, algo no que se apegar. O filho dela, que foi deixado com Iya, não é realmente a figura da relação idealizada mãe/filho, ele é um objeto de obsessão e apego útil em tempos de exceção.
Igualmente, para Iya, o objeto de sua obsessão é suportar todo tipo de abuso, físico e psicológico que a relação com Masha a submete. Ela também se agarra a uma relação grotesca e bizarra, algo capaz de curá-la do seu próprio trauma. Vai saber, talvez sim, talvez não. Nada tira da minha cabeça como parece que a própria vida foi arrancada da alma dela com o retorno de Masha, e por consequência a destruição da única relação respeitosa que ela mantinha de igual para igual com alguém.
Mais alguém sentiu uma proximidade com 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias? A cinematografia em cores é pra se assistir de joelhos, aquela cor amarelada das lâmpadas de sódio... então elas seguem buscando algo, alguma coisa, qualquer coisa, na tola esperança de novamente se sentirem completas, de preencherem o vazio dentro de cada um.
Era pra ser um soft porn? Fiquei confuso. Existe algo de muito descompassado com um filme que não sabe sobre o que é. Ainda que saiba que não se deve futucar pra tentar encontrar essa identidade duvidosa, quanto mais se desfaz o fio da meada narrativo, mais você tenta fazer algum sentido do que tá assistindo.
mais um do gênero "torture porn". fantasia vingança como escape pra uma realidade miserável e opressiva, mas em vez da personagem principal conseguir, pelas próprias forças, sua liberdade... não. desfecho apressado e problemático.
Pra além das peculiaridades sociais da cultura japonesa, eu acho que tem algo que atravessa o filme e que é universal: a tentativa dolorosa e desagradável de se encaixar em um ambiente, em um grupo ou, em último caso, na vida de alguém.
Lucy carrega pra todo canto dentro de si algo muito parecido com o interior de seu apartamento, uma bagunça surreal, não tão cuidadosamente assim, varrida pra baixo do tapete. E ela parece claramente destoar de todo lugar pelo qual passa, desde seu local de trabalho, a aula de inglês, sua relação com familiares... mas mesmo assim ela se desdobra em esforços, favores não solicitados, atira-se de cabeça, provoca uma contorce sofrida, beira a humilhação e joga pela janela qualquer vestígio de dignidade, a expectativa de ser aceita e abraçada genuinamente faz tudo isso valer a pena.
Mas os clichês apenas são clichês porque também são verdadeiros, e nunca é algo justificável se machucar tanto por algo ou alguém. Ser amado não deve ser difícil, ou pelo menos não deveria. O suicídio permeia todo o filme, constante presença e pode-se até arriscar dizer que Lucy teve seu suicídio, a criação de um alter ego para que o próprio pudesse morrer enquanto o ego, Setsuko, sobrevive, é um truque de roteiro brilhante.
Uma obra prima em termos de ambientação, levando a extremos a construção narrativa e um delicado balanço entre o que revelar e o que esconder sobre a história. Acredito que as atuações são corretas, funcionam no ritmo lento e low key da direção, abrindo caminho pra real estrela do filme: a crescente tensão.
Numa guinada absolutamente surpreendente, Ross Perry arrisca por águas desconhecidas até então por ele. Abandona completamente o estilo de rua nova yorquino, embebido por influências de Allen, Bergman, Bogdanovich, dando lugar a um projeto inovador (pelo seu estilo de direção) e arriscado.
É grandiloquente e suntuoso, uma obra de mais de duas horas de duração com um belíssimo arco de desgraça, ruína e redenção carregado por uma performance elétrica da Elizabeth Moss, mostrando mais uma vez sua versatilidade absurda enquanto atriz.
Acabei por ver essa mesma comparação que pensei durante a sessão, de que a primeira hora funciona como um pesadelo sufocante, algo como os melhores momentos da câmera esquizofrênica do Gaspar Noé, apoiada por uma fotografia subexposta que passeia por camarins, salas apertadas, corredores estreitos, estúdios de gravação, etc., tudo funciona em uníssono como uma perfeita ambientação de estilo. Prepara o terreno para a segunda hora, a redenção da personagem que entende que seus atos autodestrutivos, e o mal que fez para a vida dos outros a sua volta, não podem ser reparados, talvez nem mesmo cicatrizados, permaneceram para sempre feridas abertas. Um final doce e recompensador, destoando um pouco da forma como Perry costumava encerrar suas obras, mas não deixa nada a dever.
Nós vivemos a vida através das pessoas com quem partilhamos experiências, momentos, dias.. pessoas que entram e saem de nossas vidas, de forma dolorosa ou sem a menor cerimônia.
Num primeiro momento eu acho que o filme trataria da dor da perda e como isso afeta a vida daquelas pessoas próxima a Sasha, mas nós não conhecemos como era a vida deles prévia à perda, o roteiro habilmente se concentra em Sasha no plano inicial, sem dar qualquer brecha pra outros personagens. Conhecemos Lawrence e Zoe apenas depois da morte, não há, portanto, como comparar.
Acho que o mais correto seja então assumir que o filme trata do que essas pessoas fizeram em vida, e como viveram através dos dias em seus trabalhos, diversões, festas, caminhando por duas, com amigos, amores, familiares, e assim foram os dias.
Talvez eu seja a única pessoa daqui a ter curtido o filme. Sou suspeito, adoro tudo que o Assayas faz/escreve, adorei a sessão do filme, a sala em que assisti, o granulado delicioso logo de cara anunciando a exibição, enfim, abracei.
Achei os diálogos de uma desenvoltura e sedução incríveis, jamais deixa o ritmo cair mesmo com a passagem do tempo, enveredando pelas teias de traições e relacionamentos, os conflitos dos amantes, discussões sem propósito sobre literatura, tecnologia, mutação da arte no novo século.. é uma maravilha isso aqui.
E quanto ao desfecho, ou falta dele, vale a pena lembrar que o filme também não parte de um ponto zero. Somos jogados no banco do passageiro atrás já com a trama em curso, então acredito que o melhor a fazer é suspender um pouco nossa necessidade de começo/meio/fim e simplesmente aceitar o fato de que Assayas não propõe ir de algum lugar para outro, longe disso. Ele vai sim, do nada a lugar algum e a jornada é sensacional.
Então deixa ver se entendi: o diretor E roteirista do filme é... homem? Não sei porque isso não me surpreende... filme EXTREMAMENTE problemático. Apresenta uma primeira parte apressada e burocrática, apenas pra construir uma alavanca com a intenção de desenvolver a sua (dele) ideia de proposição do filme. Desnecessário dizer que a parte apressada e burocrática é a que realmente tem algum significado, a da mulher violada, que até no roteiro serve de escada pra tratar do personagem masculino.
Um desfile deselegante e sofrível de personagens masculinos merdas, inconsequentes e imaturos, o que não admira o estado catastrófico do mundo atual. De ponta a ponta só salva, e quem demonstra um mínimo de bom senso, são as personagens femininas da mãe e da filha caçula.
Mas o real problema é o diretor/roteirista apostar que a segunda parte, de quase uma hora, vai se sustentar nas costas do vitimismo e lágrimas mimadas do personagem masculino, o direto responsável por toda tragédia que aconteceu. E ainda temos de ter o que? Paciência? Empatia? Compaixão? Lamentável escolha do senhor Muritiba.
O Souvenir
3.0 51 Assista AgoraVou me limitar a uma observação, que realmente não consegui fazer sentido: depois de tantos anos, mentiras, falsidades, roubos, tramóias, traições, de ter descoberto o vício, a mentira sobre sua profissão, o assalto forjado e tudo mais... em que mundo uma pessoa, sem emprego e cuja única renda vinha da mesada dos pais, insistiria em financiar o vício do namorado e bancar jantares absurdos em restaurantes super luxuosos?
Nada como white people problems.
Decameron
3.8 79Se com Teorema eu fiquei curioso e em dúvida sobre minha opinião, com Decameron tive confirmação. Acredito que Pasolini tenha um total desprezo pela construção narrativa, pelo preparo de atores, pela mise en scene como um todo. O que se desenvolve na frente de sua câmera é um vetor pra expor suas ideologias, críticas, suposta irreverência e acidez. Talvez na época funcionasse, mas hoje não. Parece datado, tolo, vazio. Uma preocupação excessiva pelo sexo, pelo corpo, pela presença dos personagens marginalizados, como se pudesse dá-los voz de alguma forma, quando na verdade apenas os usa para ridicularizar, chocar, provocar.
Na ânsia de mirar suas armas na direção da sociedade conservadora de época, da burguesia predominante do status quo, da religião que o imputava pecados e negava sua sexualidade, seu discurso parece vazio e desprovido de substância.
Morte em Veneza
4.0 210 Assista AgoraPra além da óbvia associação da "figura angelical de um rapazinho que personaliza um amor à tudo que é belo, natural e inusitado", que naturalmente é loiro, branco, europeu e infantil, já desgastada nos dias atuais, a ideia de que o velho decrépito direciona sua obsessão a um conceito de juventude, frescor e vitalidade é uma mera tentativa de desviar atenção da pedofilia latente. Ainda que fosse o caso, esvaziar por completo o personagem/objeto não faz mais do que isso, objetificar uma figura de desejo e perseguição, rasa e superficial e que de nada acrescenta.
Está Tudo Certo
3.1 23 Assista AgoraDe forma repetida, do título do filme até ao argumento da diretora, nos é dito que esta é a forma da personagem principal reagir ao trauma do abuso sexual, é a escolha dela de lidar com a violência sofrida. Seria essa a forma correta, mais adequada, eficaz? Quem pode saber? E existe uma forma mágica para se lidar com um evento terrível como esse, uma bula, talvez?
Em menos de quinze minutos de filme e a narrativa passa a lidar com as consequências da decisão de Janne, sobre a reafirmação de sua autonomia e recusa a vestir o papel de vítima, somos colocados apenas na posição de observador, cabendo quem quiser julgar que julgue, mas em primeira pessoa assistindo o completo desmoronamento da saúde psicológica e emocional de Janne.
Até pra própria mãe ela tergiversa, fala sobre nadar em vez de ser direta e encarar a realidade do que ela sofreu. Em determinado momento, enfim já esgotada, ela explode com seu estuprador ao dizer que era inútil falar qualquer coisa, ele jamais entenderia, não saberia o que dizer, nunca compreenderia. Parece um pouco como todos os homens que a cercam no filme, parece mais ainda como se ela dissesse isso para nós, que assistimos cobrando e julgando e exigindo uma reação, um desabafo sobre como tanto de homens quanto da sociedade, a mulher vítima de abuso sexual ainda é muito mal amparada, e o quanto é difícil encontrar empatia, compreensão e acolhimento.
Convidado Vitalício
3.4 58 Assista Agoraa grande verdade é que seria um filme comum, não fosse a menina maya erskine completamente dominar toda a atenção a cada minuto que se encontrava em cena. é quem confere frescor, originalidade, paixão, humor.. basicamente ela É o filme, com o devido reconhecimento do sólido trabalho como coadjuvante do jack quaid.
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 901 Assista AgoraÉ brilhante a intrincada relação da trilha sonora de música diegética, pontual e com apenas duas inserções de arroubos musicais - um coral feminino ao redor de uma fogueira e a catarse do plano final com Vivaldi -, com a razão do isolamento geográfico e temporal das três mulheres que se relacionam durante boa parte do filme.
Como se todas as escolhas narrativas da diretora fechassem em um círculo completo, de forma redonda. Durante a cerimônia noturna, all female, em torno da fogueira, eu tentei procurar o significado da letra/sussurros cantados, algo próximo de "non possum fugere", não posso escapar, o que de certa forma dialoga diretamente tanto com a inevitável paixão da qual as duas personagens principais são vítima, quanto com o fato delas serem prisioneiras do tempo e espaço, particularmente no século 18, e por isso terem consciência de que essa relação de amor nasceu condenada.
Apenas através dessa construção social suspensa atrelada ao estilo clássico, denotando a preocupação realista contemporânea de Sciamma, que as três personagens em pé de igualdade e destituídas de qualquer tipo de hierarquia social conseguem encontrar uma utopia feminina. Não que isso configure um deslize de percepção histórica da diretora, apesar de eliminar a presença masculina do filme por escolha, a pressão patriarcal machista de época é perceptível na resignação presente nas conversas onde personagens conformam-se com seus papéis de atuação social pra fora daqueles muros e mares.
É essa mesma contemplação do feminino pelo olhar feminino que subverte o conceito da pintura como uma forma de observação e desejo mútuo, do retratado e de quem retrata, que acompanha de maneira humana e natural o desenvolver da paixão das duas mulheres. A fluidez da química entre Haenel e Merlant é implacável, uma pérola pra se ver de joelhos.
O Jovem Ahmed
3.5 33 Assista AgoraJá é de praxe dos diretores a abordagem naturalista, com um pé no gênero documentário, acompanhando o cotidiano de personagens problemáticos, em geral em condições vulneráveis e bastante fragilizados, ainda que não tenham total consciência disso. É quase como que uma agonia crescente acompanhar seus percalços.
Claro, talvez sejam dos poucos artistas atuais a tratar com tamanha imparcialidade ou até mesmo entendimento, não confundir com complacência, seus personagens. Não que esse seja o melhor filme da carreira da dupla, mas acho incrível a ousada escolha de tratar sobre um menino, ou homem, dependendo do seu ponto de vista moral, que é possível já ter cruzado o ponto de não retorno, onde já não há mais salvação. Isso porque a mão do roteiro nos apresenta uma situação onde só é possível sentir empatia genuína, algo raro hoje em dia.
O traço marcante do abuso da pessoa vulnerável por parte de adultos/figuras em posição de autoridade é fundamental para entender como é possível a radicalização de um jovem que não se encontra numa situação de pressão social extrema, ao mesmo tempo em que o respeito pela religião e cultura do islamismo é visível ao apresentar outros personagens com posicionamentos opostos e contrários, denotando que é a visão radical e extremista é de uma parcela minoritária.
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraAntes de mais nada, eu achei superestimado. Talvez seja culpa minha e um excesso de expectativa, mas não senti o filme. É um delírio noir megalomânico, visceral e cru, excepcional tecnicamente tanto pela fotografia emulando uma tensão bem característica de um cinema já em desuso, quanto pelos grandes confrontos verbais entre dois atores no absoluto apex de suas atuações, Dafoe e Pattinson, mas... faltou alguma coisa pra mim.
Não senti o roteiro redondinho, apesar de um trabalho cuidadoso de introduzir a mitologia característica do cenário e da época, parece que falta uma peça ou outra no desfecho, talvez aberto demais pro meu gosto. Mas é perfeitamente compreensível todos os louros e elogios.
A Virgem de Agosto
3.8 1Uma das coisas mais incríveis ao se experimentar numa sessão de cinema é a completa identificação com a problemática em questão vivida pela personagem. Tentar se descobrir, conhecer e reinventar numa metrópole cosmopolita, lugar onde por definição, se você é jovem e classe média, não deveria ser alguém solitário/sozinho, é uma tarefa árdua.
Não é um chamado a se jogar de cabeça no delírio de verão madrilenho, ou lançar-se em relações esporádicas e frívolas, mas é um deleite de se acompanhar a personagem alternando momentos de desfrutar sua própria companhia, e ter prazer com isso, e de encontros casuais com muita vontade e interesse.
É como se a todo momento a narrativa, através das intersecções que pontuam os dias, fizesse questão de afirmar a necessidade Eva estar, viver e ser seu momento presente. Talvez seja o caso do filme tocar de forma diferente e muito íntima de pessoa pra pessoa, - provavelmente vai ser um desses casos perdidos no meio de tantos lançamentos anuais, um one hit wonder de festivais ao redor do mundo - e aqui há a subjetividade de me relacionar profundamente com a temática já que vivo em uma metrópole própria, o Rio de Janeiro, passando por uma solidão compartilhada bem típica. Sem dúvida alguma, a personagem de Itsaso Arana é alguém que você adoraria ter por perto.
Adoráveis Mulheres
4.0 975 Assista AgoraParabéns pra organização do Festival do Rio, que precisou fazer uma vaquinha pública pra realizar essa edição, e na hora de devolver pro público, resolve cortar a sessão pública da exibição do filme e manter apenas a sessão de gala (pros famosos e convidados, claro) cobrando absurdos 150 reais por alguns poucos ingressos em péssimos lugares na sala.
Brasil, nada de novo sob o sol.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraTalvez nunca tenha havido amor. Talvez ninguém saiba o que, realmente, é amor. Talvez o amor precise ser reinventado.
O Chalé
3.3 724 Assista Agoraa decepção do ano.
Uma Mulher Alta
3.8 112Eu tinha o torrent desse filme baixado faz já uns 2 meses, mas assim que descobri que ele entraria rapidamente em cartaz durante o Festival do Rio não pensei duas vezes (mesmo que minha única oportunidade de assisti-lo tenha sido no ingrato Estação Net Gávea). Essa é a justificativa máxima da velha "filme foi feito pra se ver no cinema". E que obra-prima pra tela grande.
Num certo momento, uma conversa íntima e franca entre duas pessoas que se respeitam mutuamente, a personagem de Iya vai dizer, de forma até docemente infantil, que não quer mais ajudar ninguém. Nas entrelinhas, no muito que não é dito, ela não suporta mais absorver tanta dor e culpa e miséria por se doar e tentar aplacar a tragédia alheia. É sincero, e se tem algo que pode-se dizer sobre o filme é que, imerso nos longos silêncios, respiração ofegante e olhares suportados, existe uma sinceridade perturbadora dos personagens. Não que isso signifique que eles falam a verdade, pelo contrário.. a verdade é irrelevante. Constrói-se algum tipo de história vazia e conveniente para dar prosseguimento à vida e é suficiente.
De volta a Iya e seu esgotamento, como bem esclareceram abaixo: existe uma enorme diferença entre lento e denso. Dylda é denso. São camadas pesadas de uma insuportável dor que cada uma dessas pessoas carrega, como que removidos da guerra a direção magistral evita (quase) sempre o conflito pois há muito mais interesse dramático na forma como essas pessoas, todas traumatizadas, lidam umas com as outras e suas tragédias pessoais. Não o que causou tudo isso. É quase como uma realização prática do estresse pós concussão de Iya, algo que constantemente a paralisa, jogando-a num estado de suspensão da realidade, inerte, mas precisando lidar com as consequências quando ela recobra a consciência.
De certa forma Masha também está, ainda, num estado de realidade suspensa. Outra pessoa abaixo comentou como as atitudes dela pouco fazem sentido, e eu não ouso julgar sentido ou lógica nas atitudes de uma mulher que passou por tudo que ela no fronte de batalha. E precisamos falar sobre como a história dessas mulheres, russas, alemãs, judias, seja qual for a nacionalidade, é silenciada nos livros e registros. Voltando, acredito que parte da sanidade de Masha foi perdida na guerra, e assim como muitos, mesmo que ela tenha voltado "sem um arranhão físico", ela procura desesperadamente alguma forma de curar o trauma perturbador que ela sofreu, algo no que se apegar. O filho dela, que foi deixado com Iya, não é realmente a figura da relação idealizada mãe/filho, ele é um objeto de obsessão e apego útil em tempos de exceção.
Igualmente, para Iya, o objeto de sua obsessão é suportar todo tipo de abuso, físico e psicológico que a relação com Masha a submete. Ela também se agarra a uma relação grotesca e bizarra, algo capaz de curá-la do seu próprio trauma. Vai saber, talvez sim, talvez não. Nada tira da minha cabeça como parece que a própria vida foi arrancada da alma dela com o retorno de Masha, e por consequência a destruição da única relação respeitosa que ela mantinha de igual para igual com alguém.
Mais alguém sentiu uma proximidade com 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias? A cinematografia em cores é pra se assistir de joelhos, aquela cor amarelada das lâmpadas de sódio... então elas seguem buscando algo, alguma coisa, qualquer coisa, na tola esperança de novamente se sentirem completas, de preencherem o vazio dentro de cada um.
Sibyl
3.2 31 Assista AgoraEra pra ser um soft porn? Fiquei confuso. Existe algo de muito descompassado com um filme que não sabe sobre o que é. Ainda que saiba que não se deve futucar pra tentar encontrar essa identidade duvidosa, quanto mais se desfaz o fio da meada narrativo, mais você tenta fazer algum sentido do que tá assistindo.
Pausa
3.4 6mais um do gênero "torture porn". fantasia vingança como escape pra uma realidade miserável e opressiva, mas em vez da personagem principal conseguir, pelas próprias forças, sua liberdade... não. desfecho apressado e problemático.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraProva máxima de que um Tarantino conservador ainda é um excepcional diretor e contador de histórias.
Oh Lucy!
3.6 20 Assista AgoraPra além das peculiaridades sociais da cultura japonesa, eu acho que tem algo que atravessa o filme e que é universal: a tentativa dolorosa e desagradável de se encaixar em um ambiente, em um grupo ou, em último caso, na vida de alguém.
Lucy carrega pra todo canto dentro de si algo muito parecido com o interior de seu apartamento, uma bagunça surreal, não tão cuidadosamente assim, varrida pra baixo do tapete. E ela parece claramente destoar de todo lugar pelo qual passa, desde seu local de trabalho, a aula de inglês, sua relação com familiares... mas mesmo assim ela se desdobra em esforços, favores não solicitados, atira-se de cabeça, provoca uma contorce sofrida, beira a humilhação e joga pela janela qualquer vestígio de dignidade, a expectativa de ser aceita e abraçada genuinamente faz tudo isso valer a pena.
Mas os clichês apenas são clichês porque também são verdadeiros, e nunca é algo justificável se machucar tanto por algo ou alguém. Ser amado não deve ser difícil, ou pelo menos não deveria. O suicídio permeia todo o filme, constante presença e pode-se até arriscar dizer que Lucy teve seu suicídio, a criação de um alter ego para que o próprio pudesse morrer enquanto o ego, Setsuko, sobrevive, é um truque de roteiro brilhante.
Assassinato em Sparrow Creek
3.1 12 Assista AgoraUma obra prima em termos de ambientação, levando a extremos a construção narrativa e um delicado balanço entre o que revelar e o que esconder sobre a história. Acredito que as atuações são corretas, funcionam no ritmo lento e low key da direção, abrindo caminho pra real estrela do filme: a crescente tensão.
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 852 Assista Agorajames. gray. eu quero.
Her Smell
3.3 35Numa guinada absolutamente surpreendente, Ross Perry arrisca por águas desconhecidas até então por ele. Abandona completamente o estilo de rua nova yorquino, embebido por influências de Allen, Bergman, Bogdanovich, dando lugar a um projeto inovador (pelo seu estilo de direção) e arriscado.
É grandiloquente e suntuoso, uma obra de mais de duas horas de duração com um belíssimo arco de desgraça, ruína e redenção carregado por uma performance elétrica da Elizabeth Moss, mostrando mais uma vez sua versatilidade absurda enquanto atriz.
Acabei por ver essa mesma comparação que pensei durante a sessão, de que a primeira hora funciona como um pesadelo sufocante, algo como os melhores momentos da câmera esquizofrênica do Gaspar Noé, apoiada por uma fotografia subexposta que passeia por camarins, salas apertadas, corredores estreitos, estúdios de gravação, etc., tudo funciona em uníssono como uma perfeita ambientação de estilo. Prepara o terreno para a segunda hora, a redenção da personagem que entende que seus atos autodestrutivos, e o mal que fez para a vida dos outros a sua volta, não podem ser reparados, talvez nem mesmo cicatrizados, permaneceram para sempre feridas abertas. Um final doce e recompensador, destoando um pouco da forma como Perry costumava encerrar suas obras, mas não deixa nada a dever.
Aquele Sentimento de Verão
3.6 9Nós vivemos a vida através das pessoas com quem partilhamos experiências, momentos, dias.. pessoas que entram e saem de nossas vidas, de forma dolorosa ou sem a menor cerimônia.
Num primeiro momento eu acho que o filme trataria da dor da perda e como isso afeta a vida daquelas pessoas próxima a Sasha, mas nós não conhecemos como era a vida deles prévia à perda, o roteiro habilmente se concentra em Sasha no plano inicial, sem dar qualquer brecha pra outros personagens. Conhecemos Lawrence e Zoe apenas depois da morte, não há, portanto, como comparar.
Acho que o mais correto seja então assumir que o filme trata do que essas pessoas fizeram em vida, e como viveram através dos dias em seus trabalhos, diversões, festas, caminhando por duas, com amigos, amores, familiares, e assim foram os dias.
Vidas Duplas
3.2 37 Assista AgoraTalvez eu seja a única pessoa daqui a ter curtido o filme. Sou suspeito, adoro tudo que o Assayas faz/escreve, adorei a sessão do filme, a sala em que assisti, o granulado delicioso logo de cara anunciando a exibição, enfim, abracei.
Achei os diálogos de uma desenvoltura e sedução incríveis, jamais deixa o ritmo cair mesmo com a passagem do tempo, enveredando pelas teias de traições e relacionamentos, os conflitos dos amantes, discussões sem propósito sobre literatura, tecnologia, mutação da arte no novo século.. é uma maravilha isso aqui.
E quanto ao desfecho, ou falta dele, vale a pena lembrar que o filme também não parte de um ponto zero. Somos jogados no banco do passageiro atrás já com a trama em curso, então acredito que o melhor a fazer é suspender um pouco nossa necessidade de começo/meio/fim e simplesmente aceitar o fato de que Assayas não propõe ir de algum lugar para outro, longe disso. Ele vai sim, do nada a lugar algum e a jornada é sensacional.
Ferrugem
2.9 129Então deixa ver se entendi: o diretor E roteirista do filme é... homem? Não sei porque isso não me surpreende... filme EXTREMAMENTE problemático. Apresenta uma primeira parte apressada e burocrática, apenas pra construir uma alavanca com a intenção de desenvolver a sua (dele) ideia de proposição do filme. Desnecessário dizer que a parte apressada e burocrática é a que realmente tem algum significado, a da mulher violada, que até no roteiro serve de escada pra tratar do personagem masculino.
Um desfile deselegante e sofrível de personagens masculinos merdas, inconsequentes e imaturos, o que não admira o estado catastrófico do mundo atual. De ponta a ponta só salva, e quem demonstra um mínimo de bom senso, são as personagens femininas da mãe e da filha caçula.
Mas o real problema é o diretor/roteirista apostar que a segunda parte, de quase uma hora, vai se sustentar nas costas do vitimismo e lágrimas mimadas do personagem masculino, o direto responsável por toda tragédia que aconteceu. E ainda temos de ter o que? Paciência? Empatia? Compaixão? Lamentável escolha do senhor Muritiba.
A Favorita
3.9 1,2K Assista AgoraBoa noite, merecidíssimo!