Consegue abranger, com poesia, as dores e prazeres da jornada de gênero, apoiado não só no livro de Virginia Wolf, mas na experiência pessoal dos atores e atrizes e do escritor/diretor. Um dos filmes mais criativos que já assisti, de grande contribuição também para o cinema graças a seu formato que rejeita os limites entre documentário e ficção.
Quando soube da premissa, já vista - pais descobrem o envolvimento de seus filhos no espancamento de uma pessoa em situação de rua - me interessei pela perspectiva coreana do tema, mas o resultado ficou no mais do mesmo, entregando um novelão maniqueísta ao contrapor e as reações do irmão pediatra moralista com a do irmão advogado criminalista.
Quanto mais aprofundado o conhecimento do espectador sobre as faixas do disco, mais proveito tira-se dos depoimentos e encontros apresentados no documentário.
Filme riquíssimo, com fotografia e atuações impressionantes.A encenação da peça de Sêneca é bastante forte para olhos sensíveis a imagens mais gráficas, mas Geraldine Chaplin rouba as cenas de que participa e a atuação de John Malkovich nos leva a lembrar o absurdo que é um ator de seu porte não possuir um Oscar - ao mesmo tempo que nos leva a concluir que o Oscar precisa mais dele, para recuperar sua credibilidade, do que o contrário.
Emocionante! Traz um panorama bastante completo da luta por direitos da população LGBT+ durante a ditadura. Os depoimentos são literalmente de deixar arrepiado.
Essa proposta de filmar os efeitos das escolhas - ou da passividade com que se aceita o passar do tempo - no destino dos personagens já renderam filmes bem mais interessantes. Não é só o cenário e a fotografia que são monótonos e enfadonhos, mas os diálogos extremamente repetitivos não contribuem em interesse à uma história que gira em círculos e não chega a lugar nenhum. Foi uma tortura assistir a esse filme em um dia cansativo, então, se for, vá com muita boa vontade. Será necessário...
A cena inicial é tão falsa que dá vontade de desistir, mas quem seguir pode se surpreender, nem que seja pelas baixas expectativas. É um bom suspense, com plot twist que pode surpreender.
A excelente premissa tinha muito pra entregar, mas faltou fazer o caldo render. Um desperdício e uma pena que Taís Araújo não tenha tido uma grande cena, como merecia, e como seus parceiros de cena tiveram.
Documentário musical exemplar. É impressionante como conseguiram fazer um documentário inteiro, mais de 20 anos após a morte de seu retratado, todo pautado em material de arquivo inédito! Uma aula sobre os entremeios obscuros do estrelato pop.
é sem dúvida um dos piores filmes que já vi na vida, e olha que já assisti muita coisa ruim na vida. eu deveria ter imaginado, quando li o nome de Fred Durst no cargo de diretor...
Assisti o filme pela primeira vez em 2007, na saudosa edição carioca do Festival Mix Brasil. O impacto de assistir uma comédia romântica de temática homossexual foi muito marcante, por isso, ainda hoje, figura na minha lista de preferidos. É solar, leve, o tipo de filme que entretêm, diverte e faz você se sentir bem, o típico efeito de um filme voltado para o público jovem.
Revendo-o é inegável que o filme tem defeitos: a produção é barata (de acordo com o IMDB, o orçamento foi de apenas $125.000), o ritmo da direção e edição é tão acelerado que acaba atrapalhando a absorção da história e mesmo a graça das piadas (hilárias ainda hoje) e algumas interpretações ruins (Charlie David pode ser lindo, mas é um tremendo canastrão). Ainda assim, não justifica a avaliação dos usuários do Filmow. O roteiro do filme é ótimo, tanto é que foi premiado em 3 festivais diferentes. Tão cheio de potencial que poderia facilmente ser transformado em uma série. Além de engraçado, cheio de piadas atemporais, mordaz e preciso na sua análise da comunidade gay, traça personagens bastante críveis e que representam perfeitamente uma boa parcela dos diversos subgrupos que compõem a letra G. Luke é um desses personagens: exagerado, carismático e sem um pingo de autoreflexão.
Caso tivesse recebido mais investimento, o resultado chegaria à altura de seu texto.
Me surpreendeu o tom épico do filme australiano, contando uma história de amor que atravessa diversas fases ao longo de 15 anos. Para conseguir tal feito, o filme teve obviamente muito investimento, é perceptível que trata-se de uma produção cara quando analisamos locações, fotografia, direção de arte, figurinos... As atuações são espetaculares, cheias de entrega e densidade. Filme surpreendentemente marcante, tem espaço garantido entre os melhores filmes de temática gay.
É bem sucedido em apresentar o processo criativo da Taylor Swift compositora e de passagens tensas de sua mudança de estratégia de imagem em termos de posicionamento político. Apesar de citar algumas polêmicas envolvendo seu nome, falha em não aprofundar o ponto de vista da artista com relação a essas controvérsias. No geral, é um documentário muito bem feito, levemente revelador e pouco fabricado, em comparação a tantos exemplos disponíveis - "Dance Again", da Jennifer Lopez, pra citar um.
A cena dos personagens correndo pelo Louvre e a cena da dancinha no restaurante são as únicas coisas que gostei no filme inteiro! E como dirigem (carros) mal, hein?!
Sou fã do Hitchcock, é inegável que é um gênio e tinha muita expectativa sobre o filme, durante o qual fiquei extremamente envolvido, mas saí frustrado... Sem desconsiderar o contexto histórico e as limitações tecnológicas do período em que foi feito, a sequência clímax é acelerada demais para conseguir transmitir a tensão que prometia.
Quais as motivações para o assassinato? Qual foi o método utilizado, de fato? O que estava enterrado no quintal do prédio e foi retirado por ter sido farejado pelo cachorro dos vizinhos? Quem era a mulher que deixou o apartamento com Thorwald na madrugada em que a esposa dele desapareceu? Com quem Thorwald falava ao telefone nos interurbanos que fazia regularmente? Qual o motivo das brigas cotidianas de Thorwald e sua esposa? Se ela era inválida, como ela sai da cama sozinha após receber seu jantar na cama para confrontar o marido durante um de seus telefonemas?
A história tinha um prato cheio pra apresentar reviravoltas que respondessem essas perguntas, mas elas não nos são apresentadas e isso faz o filme perder boa parcela do interesse.
Como escreveu o jornalista Artur Xexeo em sua coluna no jornal O Globo, não é tarefa fácil desenvolver um roteiro original sobre divórcio e Noah Baumbach cumpre a tarefa atingindo resultado emocional, delicado, divertido em certos momentos e até com uma certa dose de criatividade. O filme comove tanto quanto "Krammer versus Krammer", referência sobre o tema. Scarlett Johansson entrega a melhor performance de sua carreira - seu monólogo em plano sequência na primeira reunião com sua advogada é um exemplo disso -, Adam Driver cresce ao longo do filme e Laura Dern faz uma caricatura - boa, mas caricata e muito parecida com sua Renata Klein, de "Big Little Lies" - da advogada especialista em divórcio.
Almodóvar é um mestre do exagero e esse filme é um dos principais exemplos disso, com roteiro pautado na surrealidade. Apesar da exploração criativa brilhante do diretor, aqui, ele acaba pecando por não seguir direções abertas na história e por não esclarecer alguns pontos de sua intrincada trama:
1) Apesar do experimento visual interessantíssimo da abertura, a história de Kika começa numa aula de maquiagem, na qual ela começa a contar a história de quando maquiou um cadáver. Como o corpo em questão era, na verdade de um homem vivo, por quem se apaixona imediatamente e rapidamente transformou-se em seu namorado, não é possível precisar em que momento da história se posiciona o relato dado por Kika naquela aula. Além disso, como a história começa através desse relato, cria-se a expectativa de que, em algum momento, o filme retornará a esta cena em que Kika compartilha sua vida pessoal com suas alunas.
2) Se Ramón era um voyeur que observava sua própria esposa, como ele poderia não saber do caso extraconjugal que ela mantinha com seu padastro?
3) A existência de um passado amoroso entre Ramón e Andrea Caracortada é tão irrelevante para a história que parece constar no letreiro apenas para criar um vínculo desnecessário entre Andrea e o núcleo principal. Na minha opinião, bastava que sua personagem fosse simplesmente a jornalista inescrupulosa que é para justificar seu interesse na história de Nicholas, sendo ele um escritor famoso com um passado suspeito.
4) A catalepsia de Ramón é mal explorada no filme, uma vez que tal condição podertia contribuir ainda mais para o enredo.
5) A relação de Ramón e Nicholas é outro ponto frutífero, mas que não é aproveitado suficientemente pelo roteiro.
6) Como Andrea conseguiu as imagens do estupro para exibi-las em seu programa? Li em alguma análise do filme que a mesma também observava clandestinamente o apartamento de Ramón, mas penso que isto não está explícito no filme.
De alguma forma, mesmo com estas imprecisões e com toda a polêmica e incômoda cena de estupro, Almodóvar construiu personagens tão carismáticos e absurdos, e é tão genial em sua direção, que é impossível não render-se ao filme e divertir-se com ele.
Se você vai fazer um filme sobre Stonewall, faça um filme sobre Stonewall. A história paralela transforma o filme num coming of age que nada acrescenta. Os personagens reais e perfis do público envolvido na Rebelião, o contexto e o abuso de autoridade já garantiriam a riqueza do filme. "Ah, mas a ideia era atrair o público hetero e branco, levá-los a conhecer a história", alguém poderia argumentar. Se precisa inserir um ator loiro e de olhos claros pra atrair esse público, faz um filme de nicho mesmo e cria um documento que sirva para essa e próximas gerações conhecerem o fato histórico. Se for só pelo lucro, não aproprie-se dessa história, ela é séria e importante demais pra ser usada por pura ganância. Dito isso, há ótimas atuações entre os coadjuvantes - destaque para Jonny Beauchamp - e o roteiro inclui muitos fatos e personagens reais envolvendo os eventos, o que comprova que pelo menos houve pesquisa.
Monstro
4.3 263 Assista AgoraFala de segredos e dos riscos oriundos à má comunicação, inerente a uma sociedade que julga e não escuta.
Orlando, Minha Biografia Política
4.3 4Consegue abranger, com poesia, as dores e prazeres da jornada de gênero, apoiado não só no livro de Virginia Wolf, mas na experiência pessoal dos atores e atrizes e do escritor/diretor. Um dos filmes mais criativos que já assisti, de grande contribuição também para o cinema graças a seu formato que rejeita os limites entre documentário e ficção.
A Cena final, com a entrega dos passaportes, é marcante
Mal Viver
3.6 5Lindamente dirigido e atuado, mas chato como uma briga de família
A Normal Family
3.7 1Quando soube da premissa, já vista - pais descobrem o envolvimento de seus filhos no espancamento de uma pessoa em situação de rua - me interessei pela perspectiva coreana do tema, mas o resultado ficou no mais do mesmo, entregando um novelão maniqueísta ao contrapor e as reações do irmão pediatra moralista com a do irmão advogado criminalista.
A própria tentativa de inversão dessas reações, ao fim, reforçam o maniqueísmo do filme
Nada Será como Antes - A Música do Clube da …
3.4 6Quanto mais aprofundado o conhecimento do espectador sobre as faixas do disco, mais proveito tira-se dos depoimentos e encontros apresentados no documentário.
Senti falta de uma reunião com todos os músicos, que o documentário tinha a oportunidade de promover
How to Have Sex
3.7 110 Assista AgoraA imaturidade das personagens é tanta que vira um capítulo de "Malhação", tocando em temas sérios com a profundidade de um pires.
The Breaking Ice
3.2 3Roteiro fraquíssimo, com um fiapo de história. Só vale pela atmosfera que constrói.
Seneca: On the Creation of Earthquakes
3.3 1Filme riquíssimo, com fotografia e atuações impressionantes.A encenação da peça de Sêneca é bastante forte para olhos sensíveis a imagens mais gráficas, mas Geraldine Chaplin rouba as cenas de que participa e a atuação de John Malkovich nos leva a lembrar o absurdo que é um ator de seu porte não possuir um Oscar - ao mesmo tempo que nos leva a concluir que o Oscar precisa mais dele, para recuperar sua credibilidade, do que o contrário.
Não é a Primeira Vez que Lutamos pelo Nosso Amor
3.3 2Emocionante! Traz um panorama bastante completo da luta por direitos da população LGBT+ durante a ditadura. Os depoimentos são literalmente de deixar arrepiado.
Walk Up
3.5 7Essa proposta de filmar os efeitos das escolhas - ou da passividade com que se aceita o passar do tempo - no destino dos personagens já renderam filmes bem mais interessantes. Não é só o cenário e a fotografia que são monótonos e enfadonhos, mas os diálogos extremamente repetitivos não contribuem em interesse à uma história que gira em círculos e não chega a lugar nenhum. Foi uma tortura assistir a esse filme em um dia cansativo, então, se for, vá com muita boa vontade. Será necessário...
Na Teia da Aranha
3.4 234 Assista AgoraA cena inicial é tão falsa que dá vontade de desistir, mas quem seguir pode se surpreender, nem que seja pelas baixas expectativas. É um bom suspense, com plot twist que pode surpreender.
Medida Provisória
3.6 432A excelente premissa tinha muito pra entregar, mas faltou fazer o caldo render. Um desperdício e uma pena que Taís Araújo não tenha tido uma grande cena, como merecia, e como seus parceiros de cena tiveram.
Teorema
4.0 198alguém sabe dizer onde consigo assistir?
Mystify: Michael Hutchence
4.1 37 Assista AgoraDocumentário musical exemplar. É impressionante como conseguiram fazer um documentário inteiro, mais de 20 anos após a morte de seu retratado, todo pautado em material de arquivo inédito! Uma aula sobre os entremeios obscuros do estrelato pop.
Fuja
3.4 1,1K Assista AgoraCumpre o papel de entreter e gerar tensão. Tem suas falhas de roteiro, passagens mal explicadas, mas o final faz tudo valer a pena.
Fanático
2.1 63 Assista Agoraé sem dúvida um dos piores filmes que já vi na vida, e olha que já assisti muita coisa ruim na vida. eu deveria ter imaginado, quando li o nome de Fred Durst no cargo de diretor...
Uma Palavra de 4 Letras
2.6 8Assisti o filme pela primeira vez em 2007, na saudosa edição carioca do Festival Mix Brasil. O impacto de assistir uma comédia romântica de temática homossexual foi muito marcante, por isso, ainda hoje, figura na minha lista de preferidos. É solar, leve, o tipo de filme que entretêm, diverte e faz você se sentir bem, o típico efeito de um filme voltado para o público jovem.
Revendo-o é inegável que o filme tem defeitos: a produção é barata (de acordo com o IMDB, o orçamento foi de apenas $125.000), o ritmo da direção e edição é tão acelerado que acaba atrapalhando a absorção da história e mesmo a graça das piadas (hilárias ainda hoje) e algumas interpretações ruins (Charlie David pode ser lindo, mas é um tremendo canastrão). Ainda assim, não justifica a avaliação dos usuários do Filmow. O roteiro do filme é ótimo, tanto é que foi premiado em 3 festivais diferentes. Tão cheio de potencial que poderia facilmente ser transformado em uma série. Além de engraçado, cheio de piadas atemporais, mordaz e preciso na sua análise da comunidade gay, traça personagens bastante críveis e que representam perfeitamente uma boa parcela dos diversos subgrupos que compõem a letra G. Luke é um desses personagens: exagerado, carismático e sem um pingo de autoreflexão.
Caso tivesse recebido mais investimento, o resultado chegaria à altura de seu texto.
O Amor é Para Todos
4.0 333Me surpreendeu o tom épico do filme australiano, contando uma história de amor que atravessa diversas fases ao longo de 15 anos. Para conseguir tal feito, o filme teve obviamente muito investimento, é perceptível que trata-se de uma produção cara quando analisamos locações, fotografia, direção de arte, figurinos... As atuações são espetaculares, cheias de entrega e densidade. Filme surpreendentemente marcante, tem espaço garantido entre os melhores filmes de temática gay.
Taylor Swift: Miss Americana
4.0 215 Assista AgoraÉ bem sucedido em apresentar o processo criativo da Taylor Swift compositora e de passagens tensas de sua mudança de estratégia de imagem em termos de posicionamento político. Apesar de citar algumas polêmicas envolvendo seu nome, falha em não aprofundar o ponto de vista da artista com relação a essas controvérsias. No geral, é um documentário muito bem feito, levemente revelador e pouco fabricado, em comparação a tantos exemplos disponíveis - "Dance Again", da Jennifer Lopez, pra citar um.
O Bando à Parte
4.1 211A cena dos personagens correndo pelo Louvre e a cena da dancinha no restaurante são as únicas coisas que gostei no filme inteiro! E como dirigem (carros) mal, hein?!
Janela Indiscreta
4.3 1,2K Assista AgoraSou fã do Hitchcock, é inegável que é um gênio e tinha muita expectativa sobre o filme, durante o qual fiquei extremamente envolvido, mas saí frustrado... Sem desconsiderar o contexto histórico e as limitações tecnológicas do período em que foi feito, a sequência clímax é acelerada demais para conseguir transmitir a tensão que prometia.
O problema maior porém, está no roteiro.
Quais as motivações para o assassinato? Qual foi o método utilizado, de fato? O que estava enterrado no quintal do prédio e foi retirado por ter sido farejado pelo cachorro dos vizinhos? Quem era a mulher que deixou o apartamento com Thorwald na madrugada em que a esposa dele desapareceu? Com quem Thorwald falava ao telefone nos interurbanos que fazia regularmente? Qual o motivo das brigas cotidianas de Thorwald e sua esposa? Se ela era inválida, como ela sai da cama sozinha após receber seu jantar na cama para confrontar o marido durante um de seus telefonemas?
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraComo escreveu o jornalista Artur Xexeo em sua coluna no jornal O Globo, não é tarefa fácil desenvolver um roteiro original sobre divórcio e Noah Baumbach cumpre a tarefa atingindo resultado emocional, delicado, divertido em certos momentos e até com uma certa dose de criatividade. O filme comove tanto quanto "Krammer versus Krammer", referência sobre o tema. Scarlett Johansson entrega a melhor performance de sua carreira - seu monólogo em plano sequência na primeira reunião com sua advogada é um exemplo disso -, Adam Driver cresce ao longo do filme e Laura Dern faz uma caricatura - boa, mas caricata e muito parecida com sua Renata Klein, de "Big Little Lies" - da advogada especialista em divórcio.
Kika
3.5 359 Assista AgoraAlmodóvar é um mestre do exagero e esse filme é um dos principais exemplos disso, com roteiro pautado na surrealidade. Apesar da exploração criativa brilhante do diretor, aqui, ele acaba pecando por não seguir direções abertas na história e por não esclarecer alguns pontos de sua intrincada trama:
1) Apesar do experimento visual interessantíssimo da abertura, a história de Kika começa numa aula de maquiagem, na qual ela começa a contar a história de quando maquiou um cadáver. Como o corpo em questão era, na verdade de um homem vivo, por quem se apaixona imediatamente e rapidamente transformou-se em seu namorado, não é possível precisar em que momento da história se posiciona o relato dado por Kika naquela aula. Além disso, como a história começa através desse relato, cria-se a expectativa de que, em algum momento, o filme retornará a esta cena em que Kika compartilha sua vida pessoal com suas alunas.
2) Se Ramón era um voyeur que observava sua própria esposa, como ele poderia não saber do caso extraconjugal que ela mantinha com seu padastro?
3) A existência de um passado amoroso entre Ramón e Andrea Caracortada é tão irrelevante para a história que parece constar no letreiro apenas para criar um vínculo desnecessário entre Andrea e o núcleo principal. Na minha opinião, bastava que sua personagem fosse simplesmente a jornalista inescrupulosa que é para justificar seu interesse na história de Nicholas, sendo ele um escritor famoso com um passado suspeito.
4) A catalepsia de Ramón é mal explorada no filme, uma vez que tal condição podertia contribuir ainda mais para o enredo.
5) A relação de Ramón e Nicholas é outro ponto frutífero, mas que não é aproveitado suficientemente pelo roteiro.
6) Como Andrea conseguiu as imagens do estupro para exibi-las em seu programa? Li em alguma análise do filme que a mesma também observava clandestinamente o apartamento de Ramón, mas penso que isto não está explícito no filme.
De alguma forma, mesmo com estas imprecisões e com toda a polêmica e incômoda cena de estupro, Almodóvar construiu personagens tão carismáticos e absurdos, e é tão genial em sua direção, que é impossível não render-se ao filme e divertir-se com ele.
Stonewall: Onde o Orgulho Começou
3.1 95 Assista AgoraSe você vai fazer um filme sobre Stonewall, faça um filme sobre Stonewall. A história paralela transforma o filme num coming of age que nada acrescenta. Os personagens reais e perfis do público envolvido na Rebelião, o contexto e o abuso de autoridade já garantiriam a riqueza do filme. "Ah, mas a ideia era atrair o público hetero e branco, levá-los a conhecer a história", alguém poderia argumentar. Se precisa inserir um ator loiro e de olhos claros pra atrair esse público, faz um filme de nicho mesmo e cria um documento que sirva para essa e próximas gerações conhecerem o fato histórico. Se for só pelo lucro, não aproprie-se dessa história, ela é séria e importante demais pra ser usada por pura ganância. Dito isso, há ótimas atuações entre os coadjuvantes - destaque para Jonny Beauchamp - e o roteiro inclui muitos fatos e personagens reais envolvendo os eventos, o que comprova que pelo menos houve pesquisa.