Me incomodou em certa medida a quantidade de flash backs e a forma como foram introduzidos na trama; tem momentos em que parece perdido (era esse o objetivo?).
Destaque interessante para a constante relação com a literatura e para a trilha sonora.
Este é o cinema pernambucano, cada vez mais promissor; este é o cinema brasileiro, tantas vezes menosprezado e subestimado. A obra em questão, "Baixio das bestas", talvez não seja mesmo uma das principais a configurar nosso diamante ainda por lapidar. Mas com certeza, é parte que completa este imenso quadro.
Aqui temos uma demonstração do que há de mais real em nossa sociedade; as manifestações do falso moralismo do interior do nordeste, a religiosidade e como a arte é vista, tendo por pano de fundo os canaviais, a poeira, os bares onde a comunicação se faz através de grunhidos quase inaudíveis, regados a álcool, drogas, machismo, preconceito. E mais: tristemente atual. Nada disso é retrato de outros tempos, isso existe.
Amo o cinema nacional principalmente por ser este laboratório comportamental, social e linguístico. Várias falas são inesquecíveis.
Acho que muito do que foi colocado neste segundo volume poderia ter entrado no primeiro, sem prejuízo e, inclusive, mais proveito. Mas isso são escolhas de quem produziu e nós ficamos na espera para então avaliar.
Devo dizer que o primeiro me agradou de certa forma, mas o segundo nem tanto. Como falei, comentando o primeiro volume, talvez o problema seja comigo. Talvez eu tenha exigido demais do filme, talvez o filme tenha exigido mais de mim.
Cenas impressionantes, atuações incríveis, fotografia. Mas não achei o final tão incrível assim, apesar de "absurdo". Eu já esperava algo do tipo. No fundo, achei que foi mais uma tentativa de manter a surpresa, o tempo todo.
Mas, avaliando os dois volumes juntos, é realmente um tapa na cara. As manifestações da hipocrisia humana, o machismo, toda a sujeira.
Tal como a eles discutem que a sociedade não deveria saber determinadas coisas, isso traria caos, sofrimento. De fato, a realidade nos fere tanto quanto a Joe foi (continuamente) ferida.
Segundo filme que assisto do Lars Von Trier (o primeiro foi "Dogville"), e as marcas de alguma espécie de "característica" já se fazem presentes.
A começar por eu achar que este é um filme de muita pretensão. Torna-se, inclusive, difícil, saber quem está mentindo para quem, neste diálogo entre Joe e Seligman. Acho interessantíssimas as observações do bom samaritano, as metáforas, as analogias e, claro, em alguns momentos cansa (propositalmente), mas
acho muita coincidência que justamente ele resgate a Joe completamente ferida, etc. Quero dizer, são duas pessoas muito inteligentes que, por um infortúnio, se encontram. Mas, tudo bem; é ficção. Depois, tem o comportamento da Joe que altamente questionável. A pessoa te tira do chão, completamente ferida, cuida de você, te dá um lugar para dormir, enfim. E você destrata essa pessoa. Cria-se uma relação de muita proximidade muito rapidamente entre um homem e uma mulher que apresentava dificuldades tremendas de se relacionar de outra forma que não fosse sexualmente... Confuso, mas tudo bem mais uma vez. É ficção.
Mas, no geral, achei um ótimo filme. A direção é muito bem feita, as atuações são excepcionais, Shia LaBeouf me impressionou. Diria que os detalhes técnicos estão todos onde deveriam estar. Mas devo dizer que esperava um pouco mais e talvez isso seja um erro meu.
É o segundo filme da Sofia Coppola que assisto (o primeiro é "Lost in translation") e sinto que foi interessante fazer uma espécie de "caminho inverso" na carreira da diretora, tendo em vista que "As virgens suicidas" é o primeiro filme dirigido por ela.
A obra é muito delicada, regada (mais uma vez) por uma trilha sonora da qual jamais se esquece. Enxergo-a como uma fábula às avessas do conservadorismo e do moralismo tipicamente norte-americano, cuja moral da história é até conhecida: tudo em excesso faz mal (claro, uma moral da história questionável). No entanto é o que acontece com a família Lisbon.
O que sinto ainda (de forma muito precoce, levando em consideração que vi apenas dois filmes dela), é que a própria cinematografia da Coppola é um quebra-cabeças, qual qual pensaram os meninos que "amavam" as irmãs Lisbon. Ela própria vai tentando se encontrar, pensando nos temas deste filme e de "Lost in translation", por exemplo. O vazio, a incerteza, a insegurança, a insatisfação. Sintomas de nossos tempos.
O filme é de uma dureza impressionante, algo que há muito não vejo nos cinemas. Enquanto filmes patrióticos de guerra e/ou filmes sobre heróis de guerra norte-americanos são indicados ao Oscar incansavelmente, uma obra como esta sequer é citada. É triste quando os valores comerciais da arte são postos na frente da qualidade.
Idris Elba e Abraham Attah estão tão reais que dá pra sentir a terra em seus corpos, dá pra sentir o suor, o calor. As cenas são de uma beleza contraditória; cenas de dor, revestidas por uma fotografia lindíssima.
No final, quando o Agu olha para a mulher, tentando explicar a ela que é melhor que ele não diga "quem é", o aperto no peito é impossível. Nó na garganta, vontade de fechar os olhos, chorar.
"Beasts of no nation" é a prova de que prêmios não significam nada.
O filme apresenta uma proposta interessante, mas perde sua possibilidade criativa em alguns momentos. Traz características muito frequentes de outros filmes de guerra também norte-americanos. Tem seus diferenciais, mas não se destaca.
Eu queria entender os efeitos nos tiros, que mais pareciam tiros de armas laser. Meu irmão disse que talvez fosse assim mesmo, mas aí me confundo ainda mais: porque uns são de uma cor e outros de outra (uns verdes, outros vermelhos)? hahaha Eu ri, numa cena que, provavelmente, não era pra rir.
As atuações são muito boas, principalmente a de Brad Pitt, elenco bom mesmo.
O filme realmente tem sua beleza, principalmente na fotografia; as cores são muito agradáveis e provocam uma sensação de sossego, de paz, com uma trilha sonora que encaixa perfeitamente.
O clima é esse mesmo, de monotonia, de "tempo que demora a passar", da hora do sono que não existe. Acredito que seja isso que Coppola quis passar; a nossa impossibilidade de modificar o tédio, a repetição, a passividade.
Como tornar a vida mais agitada com um casamento prestes a ruir e uma carreira que se resume a fazer comerciais? Como preencher as lacunas da incerteza?
Se tornou um dos meus filmes favoritos, sem esforço algum. Eu não mudaria nada, absolutamente nada. As cenas de humor leve, as cenas de drama intenso. Atuação primorosa de De Niro.
Eu nunca chorei tanto em um filme como chorei na cena em que ele volta à galera para comprar o quadro do filho. Quando a mulher diz: "Ele dizia que não teria sido um artista se não fosse por você, que acreditou nele." os meus olhos já começaram a inundar; quando ela vai com ele ver se tem algum quadro no estoque e puxa aquela tela... Acabou pra mim. Tive que pausar o filme porque não conseguia assistir e chorar. Não sei como, mas essa cena me atingiu forte demais.
Acho que o filme merece mesmo muitos aplausos pela produção. É de cair o queixo ver uma animação em stop-motion tão bem feita em 1993. A versão dublada é também bastante agradável, embora eu seja suspeito, pois sou muito fã de Guilherme Briggs e ele mandou muito bem na dublagem do prefeito.
Entretanto, sinto que o roteiro foi meio disperso, como uma mistura louca para ter o final já muito esperado. Não quero desmerecer o musical, muito pelo contrário; embora eu não goste do gênero, considero um trabalho muito bem feito.
É incrível como tem vezes em que as cenas permanecem tão estáticas ao ponto de parecerem fotos. O silêncio em seu mais profundo sentido, quase palpável. Não preciso nem falar do cuidado com a imagem.
A princípio, é um filme, para mim, esteticamente bonito. Os elementos técnicos, ao menos os que eu considero técnicos, me agradaram bastante.
O título em português (ou inglês) é mais para atrair espectadores mesmo, porque o original faz mais sentido, visto que se trata da vida de Adèle, simplesmente. É o que o filme nos dá: o fragmento de uma vida; esse pedaço incompleto do qual desconhecemos o começo e o final.
Não me incomodam filmes longos, isso é um critério dos que o fizeram e eu respeito. Mas está longe de ser um filme que passa facilmente, de ser ver mais de uma vez. Digo isso mais pela dureza da condução. É angustiante, agoniante, parece não descer naturalmente pela garganta. E eu, particularmente, gosto disso. A arte deve travar mesmo, emperrar na gente.
As cenas que envolvem comida, que se avolumam no filme, me lembraram um estudo que certa vez vi na universidade, sobre a gastronomia em Eça de Queirós: a importância da comida em eventos sociais em obras como "Os Maias", "Primo Basílio", "O crime do Padre Amaro", etc. E talvez seja esse o interesse em colocar tantas cenas com comida, em que os personagens comem para se sujar mesmo, com closes nesses momentos, especificamente. A maioria das cenas acontece em momentos de certa importância para a narrativa. Sem falar na proximidade que causa (nojo, para algumas pessoas haha).
Comentário de menos importância, mas devo dizer, para a beleza da Adèle Exarchopoulos. Peculiar e diferente.
Podiam ter desenvolvido melhor a parte da infância e até mesmo a "pós" (que não é contada) e reduzido na frente, tirando a história do Sean (Kevin Bacon) com a mulher e, como disseram aqui terminado o filme antes. A última cena é irrelevante.
Sensibilidade extraordinária. Direção e fotografia estão absurdamente afiadas nessa obra prima. Achei ousado e incrível manter as mesmas palavras do livro, as descrições de Raduan Nassar são o que tem mais de mais belo na literatura brasileira, tornando o filme também um dos melhores que já assisti.
O clima teatral misturado com a fantasia, a terra, deixam tudo ainda mais imersivo.
"ah, meu irmão, não me deitei nesse chão de tangerinas incendiadas, nesse reino de drosófilas, não me entreguei feito menino na orgia de amoras assassinas? não era acaso uma paz precária essa paz que sobrevinha, ter meu corpo estirado num colchão de erva daninha? não era acaso um sono provisório esse outro sono, ter minhas unhas sujas, meus pés entorpecidos, piolhos me abrindo trilhas nos cabelos, minhas axilas visitadas por formigas? não era acaso um sono provisório esse segundo sono, ter minha cabeça coroada de borboletas, larvas gordas me saindo pelo umbigo, minha testa fria coberta de insetos, minha boca inerte beijando escaravelhos? quanta sonolência, quanto torpor, quanto pesadelo nessa adolescência! afinal, que pedra é essa que vai pesando sobre meu corpo? há uma frieza misteriosa nesse fogo, para onde estou sendo levado um dia? que lousa branca, que pó anémico, que campo calado, que copos-de-leite, que ciprestes mais altos, que lamentos mais longos, que elegias mais múltiplas plangendo meu corpo adolescente!"
Não me tocou como outros filmes que trazem temáticas semelhantes como "Mar adentro" (mais dramático) e "Intocáveis" (mais otimista, mais puro, mais sensível). Salvo para a ausência do "romance".
Algumas músicas que compõe a trilha são legais, mas os takes são muito secos e as atuações são rasas. É um filme pra ver o tempo passar; não é péssimo, mas está longe de ser bom.
Nem entro na questão da escolha do personagem por suicidar-se mesmo tendo a sua vida renovada com a presença da Louisa. Como falei, "Mar adentro", por exemplo, trabalha essa questão com muito mais propriedade, fazendo-nos compreender porque determinadas pessoas preferem tirar a própria vida a viver em condições semelhantes a do William. O problema é que nesse filme eles trabalham de forma bem vaga a ideia. Tudo é muito resumido, desde o acidente ao final.
Me assusta o poder de uma síntese bem feita. O filme consegue, em pouquíssimo tempo de duração, transmitir dor, breves momentos de alegria e solidão, da forma mais simples possível e quase nenhum recurso.
Todo amor do mundo pelo Ivo. Passou a ser um dos meus personagens favoritos na vida.
- Como seu filho morreu? - Só Deus sabe. Foi logo no início da guerra. - Os georgianos o mataram? - Provavelmente. - E você enterrou um georgiano ao lado do seu filho?! - Isso importa, Ahmed? - ... Não. Não importa.
Linda história de um homem que queria, principalmente, aprender e se mostrou ainda mais apto a ensinar. Além do visual muito bonito, das atuações e da trilha.
Alguns detalhes de fato deixam a desejar, mas não tiram toda importância da história que, aliás, devemos lembrar, é baseada em fatos reais da vida de Kimani Maruge.
Fundamental. Deveria ser assistido por todos que se dizem, de alguma maneira, preocupados com a situação político-social, principalmente, brasileira. Aplicável a vários contextos sem qualquer perda de sentido.
Livre
3.8 1,2K Assista AgoraGosto da temática, mas senti que não foi tão bem trabalhada quanto em "Into the wild". Entretanto, assumo que esse é um julgamento arbitrário.
Me incomodou em certa medida a quantidade de flash backs e a forma como foram introduzidos na trama; tem momentos em que parece perdido (era esse o objetivo?).
Destaque interessante para a constante relação com a literatura e para a trilha sonora.
Baixio das Bestas
3.5 397Faltou comentar, mas Dira Paes, Caio Blat, Irandhir Santos e Matheus Nachtergaele em um mesmo filme é de acabar com o coração. ♡
Baixio das Bestas
3.5 397Este é o cinema pernambucano, cada vez mais promissor; este é o cinema brasileiro, tantas vezes menosprezado e subestimado. A obra em questão, "Baixio das bestas", talvez não seja mesmo uma das principais a configurar nosso diamante ainda por lapidar. Mas com certeza, é parte que completa este imenso quadro.
Aqui temos uma demonstração do que há de mais real em nossa sociedade; as manifestações do falso moralismo do interior do nordeste, a religiosidade e como a arte é vista, tendo por pano de fundo os canaviais, a poeira, os bares onde a comunicação se faz através de grunhidos quase inaudíveis, regados a álcool, drogas, machismo, preconceito. E mais: tristemente atual. Nada disso é retrato de outros tempos, isso existe.
Amo o cinema nacional principalmente por ser este laboratório comportamental, social e linguístico. Várias falas são inesquecíveis.
"Se a cachaça era o diabo, pra quê bebeu? Se o copo era grande, pra quê encheu?"
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraAcho que muito do que foi colocado neste segundo volume poderia ter entrado no primeiro, sem prejuízo e, inclusive, mais proveito. Mas isso são escolhas de quem produziu e nós ficamos na espera para então avaliar.
Devo dizer que o primeiro me agradou de certa forma, mas o segundo nem tanto. Como falei, comentando o primeiro volume, talvez o problema seja comigo. Talvez eu tenha exigido demais do filme, talvez o filme tenha exigido mais de mim.
Cenas impressionantes, atuações incríveis, fotografia. Mas não achei o final tão incrível assim, apesar de "absurdo". Eu já esperava algo do tipo. No fundo, achei que foi mais uma tentativa de manter a surpresa, o tempo todo.
Mas, avaliando os dois volumes juntos, é realmente um tapa na cara. As manifestações da hipocrisia humana, o machismo, toda a sujeira.
Tal como a eles discutem que a sociedade não deveria saber determinadas coisas, isso traria caos, sofrimento. De fato, a realidade nos fere tanto quanto a Joe foi (continuamente) ferida.
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraSegundo filme que assisto do Lars Von Trier (o primeiro foi "Dogville"), e as marcas de alguma espécie de "característica" já se fazem presentes.
A começar por eu achar que este é um filme de muita pretensão. Torna-se, inclusive, difícil, saber quem está mentindo para quem, neste diálogo entre Joe e Seligman. Acho interessantíssimas as observações do bom samaritano, as metáforas, as analogias e, claro, em alguns momentos cansa (propositalmente), mas
acho muita coincidência que justamente ele resgate a Joe completamente ferida, etc. Quero dizer, são duas pessoas muito inteligentes que, por um infortúnio, se encontram. Mas, tudo bem; é ficção. Depois, tem o comportamento da Joe que altamente questionável. A pessoa te tira do chão, completamente ferida, cuida de você, te dá um lugar para dormir, enfim. E você destrata essa pessoa. Cria-se uma relação de muita proximidade muito rapidamente entre um homem e uma mulher que apresentava dificuldades tremendas de se relacionar de outra forma que não fosse sexualmente... Confuso, mas tudo bem mais uma vez. É ficção.
Mas, no geral, achei um ótimo filme. A direção é muito bem feita, as atuações são excepcionais, Shia LaBeouf me impressionou. Diria que os detalhes técnicos estão todos onde deveriam estar. Mas devo dizer que esperava um pouco mais e talvez isso seja um erro meu.
As Virgens Suicidas
3.8 1,4K Assista AgoraÉ o segundo filme da Sofia Coppola que assisto (o primeiro é "Lost in translation") e sinto que foi interessante fazer uma espécie de "caminho inverso" na carreira da diretora, tendo em vista que "As virgens suicidas" é o primeiro filme dirigido por ela.
A obra é muito delicada, regada (mais uma vez) por uma trilha sonora da qual jamais se esquece. Enxergo-a como uma fábula às avessas do conservadorismo e do moralismo tipicamente norte-americano, cuja moral da história é até conhecida: tudo em excesso faz mal (claro, uma moral da história questionável). No entanto é o que acontece com a família Lisbon.
O que sinto ainda (de forma muito precoce, levando em consideração que vi apenas dois filmes dela), é que a própria cinematografia da Coppola é um quebra-cabeças, qual qual pensaram os meninos que "amavam" as irmãs Lisbon. Ela própria vai tentando se encontrar, pensando nos temas deste filme e de "Lost in translation", por exemplo. O vazio, a incerteza, a insegurança, a insatisfação. Sintomas de nossos tempos.
Beasts of No Nation
4.3 831 Assista AgoraO filme é de uma dureza impressionante, algo que há muito não vejo nos cinemas. Enquanto filmes patrióticos de guerra e/ou filmes sobre heróis de guerra norte-americanos são indicados ao Oscar incansavelmente, uma obra como esta sequer é citada. É triste quando os valores comerciais da arte são postos na frente da qualidade.
Idris Elba e Abraham Attah estão tão reais que dá pra sentir a terra em seus corpos, dá pra sentir o suor, o calor. As cenas são de uma beleza contraditória; cenas de dor, revestidas por uma fotografia lindíssima.
No final, quando o Agu olha para a mulher, tentando explicar a ela que é melhor que ele não diga "quem é", o aperto no peito é impossível. Nó na garganta, vontade de fechar os olhos, chorar.
"Beasts of no nation" é a prova de que prêmios não significam nada.
Corações de Ferro
3.9 1,4K Assista AgoraO filme apresenta uma proposta interessante, mas perde sua possibilidade criativa em alguns momentos. Traz características muito frequentes de outros filmes de guerra também norte-americanos. Tem seus diferenciais, mas não se destaca.
Eu queria entender os efeitos nos tiros, que mais pareciam tiros de armas laser. Meu irmão disse que talvez fosse assim mesmo, mas aí me confundo ainda mais: porque uns são de uma cor e outros de outra (uns verdes, outros vermelhos)? hahaha Eu ri, numa cena que, provavelmente, não era pra rir.
As atuações são muito boas, principalmente a de Brad Pitt, elenco bom mesmo.
Encontros e Desencontros
3.8 1,7K Assista AgoraO filme realmente tem sua beleza, principalmente na fotografia; as cores são muito agradáveis e provocam uma sensação de sossego, de paz, com uma trilha sonora que encaixa perfeitamente.
O clima é esse mesmo, de monotonia, de "tempo que demora a passar", da hora do sono que não existe. Acredito que seja isso que Coppola quis passar; a nossa impossibilidade de modificar o tédio, a repetição, a passividade.
Como tornar a vida mais agitada com um casamento prestes a ruir e uma carreira que se resume a fazer comerciais? Como preencher as lacunas da incerteza?
Estão Todos Bem
3.8 678 Assista AgoraSe tornou um dos meus filmes favoritos, sem esforço algum. Eu não mudaria nada, absolutamente nada. As cenas de humor leve, as cenas de drama intenso. Atuação primorosa de De Niro.
Eu nunca chorei tanto em um filme como chorei na cena em que ele volta à galera para comprar o quadro do filho. Quando a mulher diz: "Ele dizia que não teria sido um artista se não fosse por você, que acreditou nele." os meus olhos já começaram a inundar; quando ela vai com ele ver se tem algum quadro no estoque e puxa aquela tela... Acabou pra mim. Tive que pausar o filme porque não conseguia assistir e chorar. Não sei como, mas essa cena me atingiu forte demais.
O Estranho Mundo de Jack
4.1 1,3K Assista AgoraAcho que o filme merece mesmo muitos aplausos pela produção. É de cair o queixo ver uma animação em stop-motion tão bem feita em 1993. A versão dublada é também bastante agradável, embora eu seja suspeito, pois sou muito fã de Guilherme Briggs e ele mandou muito bem na dublagem do prefeito.
Entretanto, sinto que o roteiro foi meio disperso, como uma mistura louca para ter o final já muito esperado. Não quero desmerecer o musical, muito pelo contrário; embora eu não goste do gênero, considero um trabalho muito bem feito.
Ida
3.7 439É incrível como tem vezes em que as cenas permanecem tão estáticas ao ponto de parecerem fotos. O silêncio em seu mais profundo sentido, quase palpável. Não preciso nem falar do cuidado com a imagem.
A passividade de Ida me dá arrepios. Os sorrisos que ela devolve quando a sua fé é questionada. Isso é lindo demais!
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraA princípio, é um filme, para mim, esteticamente bonito. Os elementos técnicos, ao menos os que eu considero técnicos, me agradaram bastante.
O título em português (ou inglês) é mais para atrair espectadores mesmo, porque o original faz mais sentido, visto que se trata da vida de Adèle, simplesmente. É o que o filme nos dá: o fragmento de uma vida; esse pedaço incompleto do qual desconhecemos o começo e o final.
Não me incomodam filmes longos, isso é um critério dos que o fizeram e eu respeito. Mas está longe de ser um filme que passa facilmente, de ser ver mais de uma vez. Digo isso mais pela dureza da condução. É angustiante, agoniante, parece não descer naturalmente pela garganta. E eu, particularmente, gosto disso. A arte deve travar mesmo, emperrar na gente.
As cenas que envolvem comida, que se avolumam no filme, me lembraram um estudo que certa vez vi na universidade, sobre a gastronomia em Eça de Queirós: a importância da comida em eventos sociais em obras como "Os Maias", "Primo Basílio", "O crime do Padre Amaro", etc. E talvez seja esse o interesse em colocar tantas cenas com comida, em que os personagens comem para se sujar mesmo, com closes nesses momentos, especificamente. A maioria das cenas acontece em momentos de certa importância para a narrativa. Sem falar na proximidade que causa (nojo, para algumas pessoas haha).
Comentário de menos importância, mas devo dizer, para a beleza da Adèle Exarchopoulos. Peculiar e diferente.
Realmente ela consegue ser misteriosa, como comenta a amiga.
Será Que?
3.5 913 Assista AgoraGosto muito dos diálogos do Wallace com o Allan, principalmente o da loja de joias. Divertido de ver.
Sobre Meninos e Lobos
4.1 1,5K Assista AgoraFilme muito bom, mas poderia ter sido melhor. Como falaram, se estendeu sem necessidade. Mas as atuações são incríveis, a direção é foda.
Podiam ter desenvolvido melhor a parte da infância e até mesmo a "pós" (que não é contada) e reduzido na frente, tirando a história do Sean (Kevin Bacon) com a mulher e, como disseram aqui terminado o filme antes. A última cena é irrelevante.
Lavoura Arcaica
4.2 381 Assista AgoraSensibilidade extraordinária. Direção e fotografia estão absurdamente afiadas nessa obra prima. Achei ousado e incrível manter as mesmas palavras do livro, as descrições de Raduan Nassar são o que tem mais de mais belo na literatura brasileira, tornando o filme também um dos melhores que já assisti.
O clima teatral misturado com a fantasia, a terra, deixam tudo ainda mais imersivo.
"ah, meu irmão, não me deitei nesse chão de tangerinas incendiadas, nesse reino de drosófilas, não me entreguei feito menino na orgia de amoras assassinas? não era acaso uma paz precária essa paz que sobrevinha, ter meu corpo estirado num colchão de erva daninha? não era acaso um sono provisório esse outro sono, ter minhas unhas sujas, meus pés entorpecidos, piolhos me abrindo trilhas nos cabelos, minhas axilas visitadas por formigas? não era acaso um sono provisório esse segundo sono, ter minha cabeça coroada de borboletas, larvas gordas me saindo pelo umbigo, minha testa fria coberta de insetos, minha boca inerte beijando escaravelhos? quanta sonolência, quanto torpor, quanto pesadelo nessa adolescência! afinal, que pedra é essa que vai pesando sobre meu corpo? há uma frieza misteriosa nesse fogo, para onde estou sendo levado um dia? que lousa branca, que pó anémico, que campo calado, que copos-de-leite, que ciprestes mais altos, que lamentos mais longos, que elegias mais múltiplas plangendo meu corpo adolescente!"
Como Eu Era Antes de Você
3.7 2,3K Assista AgoraNão me tocou como outros filmes que trazem temáticas semelhantes como "Mar adentro" (mais dramático) e "Intocáveis" (mais otimista, mais puro, mais sensível). Salvo para a ausência do "romance".
Algumas músicas que compõe a trilha são legais, mas os takes são muito secos e as atuações são rasas. É um filme pra ver o tempo passar; não é péssimo, mas está longe de ser bom.
Nem entro na questão da escolha do personagem por suicidar-se mesmo tendo a sua vida renovada com a presença da Louisa. Como falei, "Mar adentro", por exemplo, trabalha essa questão com muito mais propriedade, fazendo-nos compreender porque determinadas pessoas preferem tirar a própria vida a viver em condições semelhantes a do William. O problema é que nesse filme eles trabalham de forma bem vaga a ideia. Tudo é muito resumido, desde o acidente ao final.
Tangerinas
4.3 243Me assusta o poder de uma síntese bem feita. O filme consegue, em pouquíssimo tempo de duração, transmitir dor, breves momentos de alegria e solidão, da forma mais simples possível e quase nenhum recurso.
Todo amor do mundo pelo Ivo. Passou a ser um dos meus personagens favoritos na vida.
- Como seu filho morreu?
- Só Deus sabe. Foi logo no início da guerra.
- Os georgianos o mataram?
- Provavelmente.
- E você enterrou um georgiano ao lado do seu filho?!
- Isso importa, Ahmed?
- ... Não. Não importa.
Uma Lição de Vida
4.3 213Linda história de um homem que queria, principalmente, aprender e se mostrou ainda mais apto a ensinar. Além do visual muito bonito, das atuações e da trilha.
Alguns detalhes de fato deixam a desejar, mas não tiram toda importância da história que, aliás, devemos lembrar, é baseada em fatos reais da vida de Kimani Maruge.
Requiem for the American Dream
4.4 64Fundamental. Deveria ser assistido por todos que se dizem, de alguma maneira, preocupados com a situação político-social, principalmente, brasileira. Aplicável a vários contextos sem qualquer perda de sentido.
Anomalisa
3.8 497 Assista AgoraMe identifiquei tanto com o Michael que agradeço por ter assistido sozinho. Depois de um filme desses o que menos quero é conversar.