Baita roteiro! Gostei das discussões que levanta, se as pessoas podem mudar ou não, se a honestidade deve ou não ser um valor central. Tudo num formato bem dinâmico, cheio daquelas reviravoltas boas. E, meu Deus, o que eu ri do Fuches hahaha.
Ricky Gervais é o mestre da quebra da quarta parede. Essas olhadinhas pra câmera na busca de cumplicidade são de matar. E o texto dele, que vai do humor ingênuo ao drama pesado, do sarcasmo ácido à sensibilidade meiga, tudo isso num segundo, é inigualável.
É um tipo de humor um pouco batido já, tanto que o texto chega a ser previsível em vários momentos. Mas existe alguma coisa muito engraçada aqui que é difícil de definir, talvez seja o tom geral da série, essa apatia dos atores misturada com esse sotaque escandinavo. Orm, como já falaram, se destaca, também gostei muito do Arvid e do earl Varg.
A série tem pontos altos. Destacaria os arcos do Justiça Encapuzada, que ganha uma excelente história de origem, e do Adrian Veidt, com interessantes discussões filosóficas e um ótimo Jeremy Irons. De modo geral, há uma feliz semelhança de tom com relação à HQ, mas a trama em si da ameaça me pareceu mal escrita, confusa, desnecessariamente complexa (complô atrás de complô) e com problemas de ritmo. E o potencial de um personagem como Dr. Manhattan, que entra mais pra amarrar as pontas, me pareceu não muito bem aproveitado.
Vinland Saga é um bom exemplo do quanto nós, enquanto ocidentais, estamos perdendo em termos de experiência audiovisual e narrativa ao não dar o devido destaque e repercussão a produções japonesas. Pessoalmente, coloco esse roteiro no nível do de Game of Thrones, e bastante acima de Vikings.
É uma das mais belas realizações audiovisuais que já vi. Um casamento perfeito entre a abordagem cinematográfica e o conteúdo. Se a narrativa, por vezes, não traz muita novidade ao gênero, a maneira como ela se desenvolve na tela é magistral, com uma sutileza que é resultado da primazia dos elementos da linguagem cinematográfica (enquadramento, movimento de câmera, montagem, trilha sonora - participação de Philip Glass - e expressões físicas dos atores) sobre o simples diálogo ou narração. Isso gera um encantamento, um deslumbramento no espectador, sensação parecida com a dos personagens ou de nós mesmos quando nos deparamos ou refletimos sobre esses mistérios do tempo e do espaço aqui abordados.
Que grata surpresa a continuação dessa série. É uma abordagem bastante única de assuntos pesados, com essa contextualização numa cidadezinha inglesa do interior e com esse humor característico do Gervais. Consegue ser também tocante, pois o roteiro tem muita sensibilidade. Espero que siga com mais temporadas.
Pra minha surpresa, o fôlego da série se manteve mesmo com a saída de Steve Carell. Excelente final. Uma das melhores obras de comédia que já vi. Que trabalho de roteiro excepcional.
O roteiro perdeu um pouco de coesão e profundidade, mas ainda é notável e bastante afiado em muitas partes, sobretudo no final. A abordagem estética continua única. É um verdadeiro deleite.
Essa série é incompreensivelmente subestimada. A qualidade transborda em todos os aspectos, as escolhas de fotografia, edição, trilha musical e de elenco casam perfeitamente com o tom do roteiro (e isso é mais raro do que se imagina), que mescla "conto" e realismo, pontuado por altas doses de sarcasmo. É uma obra bastante singular, e uma das características que mais me chamou a atenção, além das citadas, foi essa escrita que intercala os diálogos com os pensamentos dos protagonistas. O formato de poucos e curtos episódios favorece a narrativa, é como se fosse uma série de contos. A ambientação, por fim, me agrada particularmente. Histórias sobre os "quebrados" ou rejeitados da sociedade sempre parecem despertar mais empatia.
Um desfecho para a história, mas que acaba sem conclusão. Talvez esperássemos (eu esperava, com certeza) por aquela explicação definitiva, que ligasse os pontos e amarasse todas as pontas soltas, entretanto, não é o que acontece. Não há um final feliz. O que Lynch e Frost entregam é uma não-conclusão, é a permanência do mistério e da confusão, e isso é mais incômodo do que uma "vitória do mal". E incomoda justamente pela verossimilhança.
A trama se expande consideravelmente e se complexifica nessa temporada final. Ao mesmo tempo, o tratamento audiovisual parece se tornar mais sóbrio, perdendo aquela aura novelesca das temporadas anteriores, enquanto a narrativa, quando não aborda o sobrenatural, aproxima-se, em muitos momentos, do estilo dos irmãos Coen, principalmente em termos de personagens e diálogos. Twin Peaks se consolida, com essa temporada, como um marco na narrativa televisiva. Pela vastidão das discussões levantadas ao longo da série, pela mitologia original absolutamente hipnotizante, pela abordagem audiovisual, pelo texto e personagens. Creio que não haverá nada igual.
Talvez a série mais intrigante que assisti até então. Parece ser uma grande síntese do absurdo que é a condição humana. Está tudo aí, do amor ao terror (ou medo, conforme o roteiro). As trivialidades e o charme do cotidiano de uma cidade pequena misturando-se à barbárie e à profundas discussões existenciais e sobrenaturais, tudo isso narrado através de um formato audiovisual extremamente superficial e massificado - a novela televisiva barata -, o que é uma contradição evidentemente intencional (os criadores parecem, ao mesmo tempo, prestar uma homenagem a esse formato e rir dele). Twin Peaks: penso que não houve nem haverá nada igual.
A narrativa, visivelmente, perdeu muito em profundidade, complexidade e ritmo desde que os roteiristas tiveram que escrevê-la a próprio punho, sem o apoio dos livros. Tornou-se uma série de fantasia medieval medíocre - no sentido literal da palavra, ou seja, comum, banal. Em alguns momentos, lembrava uma novela brasileira, só que com orçamento milionário (talvez o maior símbolo disso seja o fato de Daenerys passar a ser chamada de Dany pelos seus próximos). Com a última temporada não foi muito diferente, apesar de vermos ressurgir alguma discussão política e moral. Até o momento, não sei por quê essa temporada teve sua duração ainda mais encurtada do que a sétima, uma vez que a audiência seguiu elevada, o que, supostamente, daria fôlego para um desenrolar mais lento e verossímil dos acontecimentos.
Fiquei incomodado, sobretudo, com o desfecho apressado e antecipado da ameaça dos white walkers, que parecia ser o principal conflito da série, e com a guinada tirânica da Daenerys - mas não pela guinada, e sim pela velocidade e gratuidade com que aconteceu (a destruição de King's Landing simplesmente não se justifica suficientemente, mesmo para um tirano). Por outro lado, ao contrário do que muitos estão afirmando, a série me surpreendeu positivamente por mais uma vez ao final, com a morte da Daenerys por Jon, o derretimento simbólico do trono e a instituição de uma espécie de governo por colegiado, com a escolha de Bran como rei.
A série, a meu ver, se redimiu, conseguindo oferecer ao mesmo tempo um final satisfatório sem ser previsível. Claro, restou muita ponta solta na narrativa, e a velocidade dos acontecimentos, como falei, a empobreceu. Mas, se considerarmos Game of Thrones como um todo, com seus altos e baixos, diria que o saldo final é bastante positivo. Tornou-se um marco na história da TV, certamente.
É triste ver o rumo que tomou essa série após uma primeira temporada, se não excelente, no mínimo promissora. Me parece que a produção, realmente, se perdeu na tentativa de adaptar para um público médio uma história que não é para um público médio. Suprimiram-se narrativas originais (com o selo Gaiman de qualidade), criaram-se outras bastante medíocres, a ordem dos acontecimentos ficou bagunçada... American Gods virou uma novelinha comum, mas também confusa, com demasiado destaque para tramas vazias, e com personagens cujo potencial acabou desperdiçado. Os pontos altos ficam com os episódios ou trechos em que se conta o passado de determinados personagens.
Por mais contraditório que possa parecer (tendo em vista o argumento), assistir a essa série me proporcionou uma sensação de calento e conforto como poucas. É algo como voltar pra casa depois de um dia ruim, o que, não por acaso, é uma das coisas que o protagonista mais gosta de fazer. Penso que contribuem para isso a ambientação numa pequena cidade inglesa e o realismo, a simplicidade e a despretensão da história - além, é claro, dessa "crueza gentil" tão empática do Tony. Obviamente, fiquei órfão depois desses curtos episódios, mas a narrativa encontrou sua completude.
Pelo visto, só mesmo a primeira temporada ficará na história. Não que a atual não tenha qualidade; Mahershala Ali está incrível como sempre, e a reviravolta após o final, que se encaminhava para ser bastante comum, foi interessante.
Apesar de sua linguagem demasiadamente "pop" - a presença constante de música de fundo, por exemplo -, a série foi conduzida de uma maneira imparcial, algo não tão comum em produções desse tipo. Essa recusa em abraçar uma abordagem maniqueísta me parece ser o grande destaque aqui. Aos entrevistados é dada a oportunidade de se revelarem como são, com suas virtudes e vícios, de modo que, ao final, acabamos compreendendo e até mesmo concordando com todos os pontos de vista. A duração prolongada da obra, com seis episódios, creio ser a responsável por essa profundidade de análise. Sheela é gananciosa e fanática por poder e dominação, mas tem uma sensibilidade humanista e um desprendimento enormes; Bhagwan parece interpretar um papel de sábio oriental para poder viver luxuosamente às custas de seus seguidores, mas há, sim, certa sabedoria em suas palavras, e como negar a força de seu espírito, capaz de continuar comovendo pessoas de alto grau de instrução (como seu advogado) mesmo após seguidas desilusões? E os habitantes de Antelope, apesar da xenofobia e conservadorismo típicos do interior norte-americano, não deixam de ter certa razão em suas reivindicações, afinal, quem aceitaria de bom grado uma tomada de poder seguida de uma reviravolta cultural em sua própria cidade? Wild Wild Country é uma realização de qualidade e importante para os dias de hoje, justamente por tratar de maneira digna um tema complexo e delicado.
Barry (2ª Temporada)
4.3 122Baita roteiro! Gostei das discussões que levanta, se as pessoas podem mudar ou não, se a honestidade deve ou não ser um valor central. Tudo num formato bem dinâmico, cheio daquelas reviravoltas boas. E, meu Deus, o que eu ri do Fuches hahaha.
Barry (1ª Temporada)
4.1 118 Assista AgoraTem algo aqui que me lembra muito Breaking Bad e Better Call Saul. Que baita produção.
Derek - Special
4.4 13Obrigado papai do Céu por ter colocado Ricky Gervais no mundo.
Derek (1ª Temporada)
4.5 103Ricky Gervais é o mestre da quebra da quarta parede. Essas olhadinhas pra câmera na busca de cumplicidade são de matar. E o texto dele, que vai do humor ingênuo ao drama pesado, do sarcasmo ácido à sensibilidade meiga, tudo isso num segundo, é inigualável.
Norsemen (1ª Temporada)
3.6 23 Assista AgoraÉ um tipo de humor um pouco batido já, tanto que o texto chega a ser previsível em vários momentos. Mas existe alguma coisa muito engraçada aqui que é difícil de definir, talvez seja o tom geral da série, essa apatia dos atores misturada com esse sotaque escandinavo. Orm, como já falaram, se destaca, também gostei muito do Arvid e do earl Varg.
Roma (2ª Temporada)
4.5 97 Assista AgoraDecaiu bastante a qualidade do roteiro em comparação com a primeira temporada, virou quase um novelão da Record.
Seinfeld (9ª Temporada)
4.5 129 Assista AgoraHumor sem igual. Saudades eternas.
Watchmen
4.4 562 Assista AgoraA série tem pontos altos. Destacaria os arcos do Justiça Encapuzada, que ganha uma excelente história de origem, e do Adrian Veidt, com interessantes discussões filosóficas e um ótimo Jeremy Irons. De modo geral, há uma feliz semelhança de tom com relação à HQ, mas a trama em si da ameaça me pareceu mal escrita, confusa, desnecessariamente complexa (complô atrás de complô) e com problemas de ritmo. E o potencial de um personagem como Dr. Manhattan, que entra mais pra amarrar as pontas, me pareceu não muito bem aproveitado.
Vinland Saga (1ª Temporada)
4.3 61 Assista AgoraVinland Saga é um bom exemplo do quanto nós, enquanto ocidentais, estamos perdendo em termos de experiência audiovisual e narrativa ao não dar o devido destaque e repercussão a produções japonesas. Pessoalmente, coloco esse roteiro no nível do de Game of Thrones, e bastante acima de Vikings.
Contos do Loop (1ª Temporada)
4.3 218 Assista AgoraÉ uma das mais belas realizações audiovisuais que já vi. Um casamento perfeito entre a abordagem cinematográfica e o conteúdo. Se a narrativa, por vezes, não traz muita novidade ao gênero, a maneira como ela se desenvolve na tela é magistral, com uma sutileza que é resultado da primazia dos elementos da linguagem cinematográfica (enquadramento, movimento de câmera, montagem, trilha sonora - participação de Philip Glass - e expressões físicas dos atores) sobre o simples diálogo ou narração. Isso gera um encantamento, um deslumbramento no espectador, sensação parecida com a dos personagens ou de nós mesmos quando nos deparamos ou refletimos sobre esses mistérios do tempo e do espaço aqui abordados.
After Life: Vocês Vão Ter de Me Engolir (2ª Temporada)
4.2 94Que grata surpresa a continuação dessa série. É uma abordagem bastante única de assuntos pesados, com essa contextualização numa cidadezinha inglesa do interior e com esse humor característico do Gervais. Consegue ser também tocante, pois o roteiro tem muita sensibilidade. Espero que siga com mais temporadas.
The Office (9ª Temporada)
4.3 653Pra minha surpresa, o fôlego da série se manteve mesmo com a saída de Steve Carell. Excelente final. Uma das melhores obras de comédia que já vi. Que trabalho de roteiro excepcional.
O Novo Papa
4.1 22O roteiro perdeu um pouco de coesão e profundidade, mas ainda é notável e bastante afiado em muitas partes, sobretudo no final. A abordagem estética continua única. É um verdadeiro deleite.
The End of the F***ing World (2ª Temporada)
3.9 315Essa série é incompreensivelmente subestimada. A qualidade transborda em todos os aspectos, as escolhas de fotografia, edição, trilha musical e de elenco casam perfeitamente com o tom do roteiro (e isso é mais raro do que se imagina), que mescla "conto" e realismo, pontuado por altas doses de sarcasmo. É uma obra bastante singular, e uma das características que mais me chamou a atenção, além das citadas, foi essa escrita que intercala os diálogos com os pensamentos dos protagonistas. O formato de poucos e curtos episódios favorece a narrativa, é como se fosse uma série de contos. A ambientação, por fim, me agrada particularmente. Histórias sobre os "quebrados" ou rejeitados da sociedade sempre parecem despertar mais empatia.
Black Mirror (5ª Temporada)
3.2 959A série recupera aqui a qualidade que não vimos na quarta temporada, com exceção do terceiro episódio.
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraUm desfecho para a história, mas que acaba sem conclusão. Talvez esperássemos (eu esperava, com certeza) por aquela explicação definitiva, que ligasse os pontos e amarasse todas as pontas soltas, entretanto, não é o que acontece. Não há um final feliz. O que Lynch e Frost entregam é uma não-conclusão, é a permanência do mistério e da confusão, e isso é mais incômodo do que uma "vitória do mal". E incomoda justamente pela verossimilhança.
A trama se expande consideravelmente e se complexifica nessa temporada final. Ao mesmo tempo, o tratamento audiovisual parece se tornar mais sóbrio, perdendo aquela aura novelesca das temporadas anteriores, enquanto a narrativa, quando não aborda o sobrenatural, aproxima-se, em muitos momentos, do estilo dos irmãos Coen, principalmente em termos de personagens e diálogos.
Twin Peaks se consolida, com essa temporada, como um marco na narrativa televisiva. Pela vastidão das discussões levantadas ao longo da série, pela mitologia original absolutamente hipnotizante, pela abordagem audiovisual, pelo texto e personagens. Creio que não haverá nada igual.
Belas Maldições (1ª Temporada)
4.1 230 Assista AgoraNão li o livro, mas confesso que esperava mais do mestre Gaiman, que, afinal, também é o roteirista da série.
Twin Peaks (2ª Temporada)
4.2 299Talvez a série mais intrigante que assisti até então. Parece ser uma grande síntese do absurdo que é a condição humana. Está tudo aí, do amor ao terror (ou medo, conforme o roteiro). As trivialidades e o charme do cotidiano de uma cidade pequena misturando-se à barbárie e à profundas discussões existenciais e sobrenaturais, tudo isso narrado através de um formato audiovisual extremamente superficial e massificado - a novela televisiva barata -, o que é uma contradição evidentemente intencional (os criadores parecem, ao mesmo tempo, prestar uma homenagem a esse formato e rir dele). Twin Peaks: penso que não houve nem haverá nada igual.
Game of Thrones (8ª Temporada)
3.0 2,2K Assista AgoraA narrativa, visivelmente, perdeu muito em profundidade, complexidade e ritmo desde que os roteiristas tiveram que escrevê-la a próprio punho, sem o apoio dos livros. Tornou-se uma série de fantasia medieval medíocre - no sentido literal da palavra, ou seja, comum, banal. Em alguns momentos, lembrava uma novela brasileira, só que com orçamento milionário (talvez o maior símbolo disso seja o fato de Daenerys passar a ser chamada de Dany pelos seus próximos). Com a última temporada não foi muito diferente, apesar de vermos ressurgir alguma discussão política e moral. Até o momento, não sei por quê essa temporada teve sua duração ainda mais encurtada do que a sétima, uma vez que a audiência seguiu elevada, o que, supostamente, daria fôlego para um desenrolar mais lento e verossímil dos acontecimentos.
Fiquei incomodado, sobretudo, com o desfecho apressado e antecipado da ameaça dos white walkers, que parecia ser o principal conflito da série, e com a guinada tirânica da Daenerys - mas não pela guinada, e sim pela velocidade e gratuidade com que aconteceu (a destruição de King's Landing simplesmente não se justifica suficientemente, mesmo para um tirano). Por outro lado, ao contrário do que muitos estão afirmando, a série me surpreendeu positivamente por mais uma vez ao final, com a morte da Daenerys por Jon, o derretimento simbólico do trono e a instituição de uma espécie de governo por colegiado, com a escolha de Bran como rei.
Deuses Americanos (2ª Temporada)
3.4 185 Assista AgoraÉ triste ver o rumo que tomou essa série após uma primeira temporada, se não excelente, no mínimo promissora. Me parece que a produção, realmente, se perdeu na tentativa de adaptar para um público médio uma história que não é para um público médio. Suprimiram-se narrativas originais (com o selo Gaiman de qualidade), criaram-se outras bastante medíocres, a ordem dos acontecimentos ficou bagunçada... American Gods virou uma novelinha comum, mas também confusa, com demasiado destaque para tramas vazias, e com personagens cujo potencial acabou desperdiçado. Os pontos altos ficam com os episódios ou trechos em que se conta o passado de determinados personagens.
After Life: Vocês Vão Ter de Me Engolir (1ª Temporada)
4.2 183 Assista AgoraPor mais contraditório que possa parecer (tendo em vista o argumento), assistir a essa série me proporcionou uma sensação de calento e conforto como poucas. É algo como voltar pra casa depois de um dia ruim, o que, não por acaso, é uma das coisas que o protagonista mais gosta de fazer. Penso que contribuem para isso a ambientação numa pequena cidade inglesa e o realismo, a simplicidade e a despretensão da história - além, é claro, dessa "crueza gentil" tão empática do Tony. Obviamente, fiquei órfão depois desses curtos episódios, mas a narrativa encontrou sua completude.
True Detective (3ª Temporada)
4.0 285Pelo visto, só mesmo a primeira temporada ficará na história. Não que a atual não tenha qualidade; Mahershala Ali está incrível como sempre, e a reviravolta após o final, que se encaminhava para ser bastante comum, foi interessante.
Better Call Saul (4ª Temporada)
4.4 230 Assista AgoraPuta-que-o-pariu!
Wild Wild Country
4.3 265 Assista AgoraApesar de sua linguagem demasiadamente "pop" - a presença constante de música de fundo, por exemplo -, a série foi conduzida de uma maneira imparcial, algo não tão comum em produções desse tipo. Essa recusa em abraçar uma abordagem maniqueísta me parece ser o grande destaque aqui. Aos entrevistados é dada a oportunidade de se revelarem como são, com suas virtudes e vícios, de modo que, ao final, acabamos compreendendo e até mesmo concordando com todos os pontos de vista. A duração prolongada da obra, com seis episódios, creio ser a responsável por essa profundidade de análise.
Sheela é gananciosa e fanática por poder e dominação, mas tem uma sensibilidade humanista e um desprendimento enormes; Bhagwan parece interpretar um papel de sábio oriental para poder viver luxuosamente às custas de seus seguidores, mas há, sim, certa sabedoria em suas palavras, e como negar a força de seu espírito, capaz de continuar comovendo pessoas de alto grau de instrução (como seu advogado) mesmo após seguidas desilusões? E os habitantes de Antelope, apesar da xenofobia e conservadorismo típicos do interior norte-americano, não deixam de ter certa razão em suas reivindicações, afinal, quem aceitaria de bom grado uma tomada de poder seguida de uma reviravolta cultural em sua própria cidade?
Wild Wild Country é uma realização de qualidade e importante para os dias de hoje, justamente por tratar de maneira digna um tema complexo e delicado.