A sacada de deixar o conflito em segundo plano, dando destaque para a road trip dos fotógrafos, faz com que a veracidade da ficção aumente, não sei exatamente por que. Uma hipótese é que, desse modo, toma-se a guerra como algo dado, que acontece independentemente do andar da narrativa principal - ou seja, ela já está lá. Achei essa escolha de roteiro sensacional, também porque, fugindo das minúcias políticas do presente (que era onde eu esperava que a trama se centraria), ela leva a discussão para um patamar mais elevado, e de certo modo atemporal, que é o drama dos fotógrafos de guerra.
De resto, situo esse filme entre as grandes obras contemporâneas também pelo apuro técnico, na montagem, na fotografia e no som, e por se utilizar dessas ferramentas ora de maneira poética, contemplativa, ora de maneira brutalmente crua e envolvente, fazendo com que a gente fique de olhos vidrados e queixo caído, apertando os braços da poltrona. É um filme que te entrega uma experiência imersiva completa. Que bela surpresa.
Ficou bem explícita a metáfora, até pelo nome do planeta. A Justine como a encarnação da melancolia. Ela chega deprimida no próprio casamento, parece que vai embora mas acaba voltando pra casa da irmã, tal qual o planeta, que todos achavam que passaria pela Terra e seguiria seu rumo, mas ele acaba voltando. Construção narrativa interessante. Ainda, a primeira parte é realmente pesada. Não sei como se sente alguém que sofre de depressão, mas me pareceu a abordagem cinematográfica mais bem feita do tema.
Que produção fantástica, em todos os aspectos. Única. Com uma narrativa redonda (além de, obviamente, tocante), construída com esmero, emulando em parte os contos de antigamente. E que belo casamento da psicodelia da animação com a psicodelia da música sententista. PS: Fiquei sabendo desse filme através do canal Quadrinhos na Sarjeta, recomendo.
Esse filme me deixou pensando sobre o absurdo que são os julgamentos em que não há uma prova cabal que elucide a questão: sem testemunhas, gravações em vídeo, etc., e que dependem de deduções, induções, estatísticas e médias de comportamento para chegar a alguma conclusão. Na prática, o que temos são duas partes totalmente comprometidas com suas teses de absolvição e condenação, portanto enviesadas, cabendo ao juiz ou júri escolher como vencedora aquela que melhor argumentou. A verdade dos fatos, ou ao menos uma aproximação dela, além de parecer não ser buscada dada a formatação do julgamento, talvez seja mesmo impossível de se atingir nesses casos.
Claramente um filme de baixo orçamento, mas produzido com notável dedicação e competência. Narrativa verossímil, e cujo foco é o trabalho e o comportamento dos astronautas/cientistas, algo que não se vê muito. Vale a pena.
PS: Mais alguém veio pela indicação do Sacani? Hehehe
Quase que eu não vejo esse filme. O trailer não me pegou, achei que seria só mais uma space opera genérica, com jornada do herói e tudo mais. Então um amigo foi ver o 2 no cinema e ficou de queixo caído. Aí fui atrás do primeiro pra poder ver o segundo, enquanto ainda tá em cartaz. Não faça como eu. Ou melhor, faça, assista mesmo não querendo hehehe. Claro que a história em si meio que se estrutura dentro de uma narrativa clichê, mas cara. Que baita realização cinematográfica.
O que Não Olhe Para Cima fez com a direita, Ficção Americana fez com a esquerda. Tem seus bons momentos, mas essa abordagem demasiadamente escrachada de determinado grupo social não agrega em nada (na verdade, mal deu pra rir).
Vago demais para mim. Ouvi falar que há várias metáforas ao longo da narrativa, mas não consegui entender seu significado. Filmes que não funcionam por conta própria, que precisam se apoiar em outros conhecimentos para fazer sentido, não me agradam muito. Tornam-se enfadonhos e aparentam pretensão. É visualmente muito bonito, como de costume, e as cenas de humor também são muito boas.
Abordagem experimental de um tema tão forte e impactante. Na câmera, na montagem, no som, mas sobretudo pela escolha de ocultar o terror em vez de mostrar. É surreal imaginar que o ser humano é capaz de ser indiferente ao sofrimento alheio, ainda mais um sofrimento tão coberto de crueldade. Mas somos capazes.
A ousadia de fazer um filme desses, tá maluco. Óbvio que embrulha o estômago de pessoas com a moralidade contemporânea, mas há algo ali que conversa com a natureza atemporal masculina de uma maneira que apenas a minoria vai ter coragem de assumir. A psicologia, à luz da teoria da evolução, traz boas teses pra explicar isso.
Duas estrelas pela ousadia. No mais, filme beirando o amadorismo, mal montado, câmera desleixada, atuações ruins, história despropositada. E assim, acho que vou levar pedrada por levantar essa questão, mas "experimentações" do tipo sexual encaixariam mais com os liberais do que com os fascistas. Parece que o Pasolini quis simplesmente colocar toda a monstruosidade humana no colo de determinado grupo político - que tem muita monstruosidade sim, mas outros grupos também tem. A monstruosidade está em todo mundo.
As pessoas, os prédios, as manifestações artísticas e culturais e, é claro, o dinheiro, vêm e vão, e a gente não consegue lidar bem com isso. O ponto de maior lucidez do filme é quando Kleber relata que o próprio cinema São Luiz foi construído sobre as ruínas de outro prédio, no caso, uma igreja do século XIX. A mudança, infelizmente, é a única coisa que permanece.
Filme descartável, sem propósito. Uma corrida pela linha do tempo, sem aprofundamento dos personagens ou do contexto histórico, e com uma abordagem audiovisual trivial. Me lembrou dos docudramas do History Channel, só que aqui não temos os depoimentos dos especialistas, cujo conteúdo seria precisamente aquilo de que a narrativa mais carece.
Mitologia mal amarrada e meio que sem propósito. Deve ter chamado a atenção na época pelos efeitos e pela questão da imortalidade, da montagem intercalando as épocas.
Esse Lars... já que não se pode fazer experimentos com seres humanos no mundo real, ele faz no cinema! Pelo que tenho lido, a ciência, ao menos por enquanto, tende a concordar com essa visão ambivalente do ser humano: bom para com os seus, mau para com estranhos. Ou seja, um animal como qualquer outro. O resto é enfeite filosófico.
Guerra Civil
3.8 185Esperava um filme distópico genérico, me deparei com uma das melhores produções cinematográficas dos últimos anos.
A sacada de deixar o conflito em segundo plano, dando destaque para a road trip dos fotógrafos, faz com que a veracidade da ficção aumente, não sei exatamente por que. Uma hipótese é que, desse modo, toma-se a guerra como algo dado, que acontece independentemente do andar da narrativa principal - ou seja, ela já está lá. Achei essa escolha de roteiro sensacional, também porque, fugindo das minúcias políticas do presente (que era onde eu esperava que a trama se centraria), ela leva a discussão para um patamar mais elevado, e de certo modo atemporal, que é o drama dos fotógrafos de guerra.
De resto, situo esse filme entre as grandes obras contemporâneas também pelo apuro técnico, na montagem, na fotografia e no som, e por se utilizar dessas ferramentas ora de maneira poética, contemplativa, ora de maneira brutalmente crua e envolvente, fazendo com que a gente fique de olhos vidrados e queixo caído, apertando os braços da poltrona. É um filme que te entrega uma experiência imersiva completa. Que bela surpresa.
Melancolia
3.8 3,1K Assista AgoraFicou bem explícita a metáfora, até pelo nome do planeta. A Justine como a encarnação da melancolia. Ela chega deprimida no próprio casamento, parece que vai embora mas acaba voltando pra casa da irmã, tal qual o planeta, que todos achavam que passaria pela Terra e seguiria seu rumo, mas ele acaba voltando. Construção narrativa interessante. Ainda, a primeira parte é realmente pesada. Não sei como se sente alguém que sofre de depressão, mas me pareceu a abordagem cinematográfica mais bem feita do tema.
A Tragédia de Belladonna
4.1 97Que produção fantástica, em todos os aspectos. Única. Com uma narrativa redonda (além de, obviamente, tocante), construída com esmero, emulando em parte os contos de antigamente. E que belo casamento da psicodelia da animação com a psicodelia da música sententista.
PS: Fiquei sabendo desse filme através do canal Quadrinhos na Sarjeta, recomendo.
Anatomia de uma Queda
4.0 781 Assista AgoraE pensar que perdeu o Oscar pra uma cinebiografia...
Esse filme me deixou pensando sobre o absurdo que são os julgamentos em que não há uma prova cabal que elucide a questão: sem testemunhas, gravações em vídeo, etc., e que dependem de deduções, induções, estatísticas e médias de comportamento para chegar a alguma conclusão. Na prática, o que temos são duas partes totalmente comprometidas com suas teses de absolvição e condenação, portanto enviesadas, cabendo ao juiz ou júri escolher como vencedora aquela que melhor argumentou. A verdade dos fatos, ou ao menos uma aproximação dela, além de parecer não ser buscada dada a formatação do julgamento, talvez seja mesmo impossível de se atingir nesses casos.
Tempo
3.1 1,1K Assista AgoraSe fosse um filmezinho qualquer do Syfy até que teria sido bom, mas pra uma mega produção do Shyamalan...
Viagem à Lua de Júpiter
3.1 285Claramente um filme de baixo orçamento, mas produzido com notável dedicação e competência. Narrativa verossímil, e cujo foco é o trabalho e o comportamento dos astronautas/cientistas, algo que não se vê muito. Vale a pena.
PS: Mais alguém veio pela indicação do Sacani? Hehehe
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraQuase que eu não vejo esse filme. O trailer não me pegou, achei que seria só mais uma space opera genérica, com jornada do herói e tudo mais. Então um amigo foi ver o 2 no cinema e ficou de queixo caído. Aí fui atrás do primeiro pra poder ver o segundo, enquanto ainda tá em cartaz.
Não faça como eu. Ou melhor, faça, assista mesmo não querendo hehehe. Claro que a história em si meio que se estrutura dentro de uma narrativa clichê, mas cara. Que baita realização cinematográfica.
Ficção Americana
3.8 362 Assista AgoraO que Não Olhe Para Cima fez com a direita, Ficção Americana fez com a esquerda. Tem seus bons momentos, mas essa abordagem demasiadamente escrachada de determinado grupo social não agrega em nada (na verdade, mal deu pra rir).
O Menino e a Garça
4.0 215Vago demais para mim. Ouvi falar que há várias metáforas ao longo da narrativa, mas não consegui entender seu significado. Filmes que não funcionam por conta própria, que precisam se apoiar em outros conhecimentos para fazer sentido, não me agradam muito. Tornam-se enfadonhos e aparentam pretensão.
É visualmente muito bonito, como de costume, e as cenas de humor também são muito boas.
Zona de Interesse
3.6 577 Assista AgoraAbordagem experimental de um tema tão forte e impactante. Na câmera, na montagem, no som, mas sobretudo pela escolha de ocultar o terror em vez de mostrar. É surreal imaginar que o ser humano é capaz de ser indiferente ao sofrimento alheio, ainda mais um sofrimento tão coberto de crueldade. Mas somos capazes.
Lolita
3.7 632 Assista AgoraA ousadia de fazer um filme desses, tá maluco. Óbvio que embrulha o estômago de pessoas com a moralidade contemporânea, mas há algo ali que conversa com a natureza atemporal masculina de uma maneira que apenas a minoria vai ter coragem de assumir. A psicologia, à luz da teoria da evolução, traz boas teses pra explicar isso.
Salò, ou os 120 Dias de Sodoma
3.2 1,0KDuas estrelas pela ousadia. No mais, filme beirando o amadorismo, mal montado, câmera desleixada, atuações ruins, história despropositada. E assim, acho que vou levar pedrada por levantar essa questão, mas "experimentações" do tipo sexual encaixariam mais com os liberais do que com os fascistas. Parece que o Pasolini quis simplesmente colocar toda a monstruosidade humana no colo de determinado grupo político - que tem muita monstruosidade sim, mas outros grupos também tem. A monstruosidade está em todo mundo.
Christine, O Carro Assassino
3.3 670 Assista AgoraFilme redondinho, verdadeira aula de cinema pop de terror. A capacidade da equipe de antropomorfizar o carro é de cair o queixo.
Retratos Fantasmas
4.2 226 Assista AgoraAs pessoas, os prédios, as manifestações artísticas e culturais e, é claro, o dinheiro, vêm e vão, e a gente não consegue lidar bem com isso. O ponto de maior lucidez do filme é quando Kleber relata que o próprio cinema São Luiz foi construído sobre as ruínas de outro prédio, no caso, uma igreja do século XIX. A mudança, infelizmente, é a única coisa que permanece.
Ricky Gervais: Armageddon
3.5 15A piada do Timmy e do "does the dog die" me fizeram rir como há muito não acontecia.
Napoleão
3.2 320 Assista AgoraFilme descartável, sem propósito. Uma corrida pela linha do tempo, sem aprofundamento dos personagens ou do contexto histórico, e com uma abordagem audiovisual trivial. Me lembrou dos docudramas do History Channel, só que aqui não temos os depoimentos dos especialistas, cujo conteúdo seria precisamente aquilo de que a narrativa mais carece.
Meio-Dia Preto
3.4 5Me lembrou do Bebê de Rosemary.
Highlander: O Guerreiro Imortal
3.6 409 Assista AgoraMitologia mal amarrada e meio que sem propósito. Deve ter chamado a atenção na época pelos efeitos e pela questão da imortalidade, da montagem intercalando as épocas.
Shin Kamen Rider
3.5 19 Assista AgoraRoteiro bastante confuso e raso, mas a execução como um todo é fantástica.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraCara, o Ryan Gosling me fez rir no cinema como há muito não acontecia.
Oppenheimer
4.0 1,1KMuita bomba e pouco Oppenheimer.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraEsse Lars... já que não se pode fazer experimentos com seres humanos no mundo real, ele faz no cinema!
Pelo que tenho lido, a ciência, ao menos por enquanto, tende a concordar com essa visão ambivalente do ser humano: bom para com os seus, mau para com estranhos. Ou seja, um animal como qualquer outro. O resto é enfeite filosófico.
Relíquia Macabra
4.0 182 Assista AgoraA acão toda se sustenta nos diálogos, incrível. Por vezes é até informação demais hehe.
Eraserhead
3.9 922 Assista AgoraAbstrato demais pra mim, mas é uma realização técnica louvável.