Enquanto os americanos insistem nos repetecos sobre exorcismos arcaicos, os europeus à moda da casa, estão mostrando um outro tipo de horror - o humano. Assim como o brutal Speak no Evil, esse da Romênia faz o medo brotar de lugares muito mais críveis. E quem estiver buscando jumpscare ou demônios contorcionistas já aviso: o bicho saiu correndo porque encontrou alguém pior que ele: o próprio ser humano.
Sobre uma doença ordinária e sem cura, onde o personagem em seu desfecho, traça para si uma alternativa que nos deixa pensando muito e bem longe da nossa zona de conforto.
"Sou só um visitante. Tudo que toco me machuca profundamente, então tudo isso não me pertence mais. Tem sempre alguém pra dizer: Isso é meu! Não tenho nada que seja meu, como eu disse de forma arrogante uma vez. Agora, eu aprendi que nada é nada"
Como não se importar com esse filme, com suas sutilezas ou com suas investidas profundas sobre grandes verdades e os incógnitos da alma?
Numa determinada cena, o jornalista entra num bar e quando começa a tocar uma música romântica, ele se senta e percebe que há uma mulher ao lado, (a única que não foi tirada para dançar) ela o encara, obsessivamente. Ele tenta se esquivar para fora mas ainda sim ela o segue com o olhar. Todo o plano e o que se segue é silencioso e majestoso e só poderia ser captado por um cineasta que tem a veia de um mestre. Há ainda tantos outros momentos únicos, como a sequência do casamento na beira do lago que separa os dois noivos. Há ainda toda a complexidade do personagem de Marcello Mastroianni que com seus atos, nos coloca na parede entre tudo que encaramos como grandes verdades.
É como se apaixonar pelo cinema novamente, então me diz: como não se importar?
Não entendi nadinha, mas é tão estranho, tão viajado e tem uma fotografia tão hipnotizante que não consegui dar nota ruim. A sinceridade nos créditos iniciais sobre o orçamento precário do filme me fez considerá-lo ainda mais.
Da primeira vez que vi, não gostei. Achei tudo muito jogado e aleatório demais, mas aquele absurdo da história havia me hipnotizado; tanto que nunca o esqueci. Afinal o bigode daquele sujeito existia, sim ou não??? Anos depois, encontro num saldão, o livro em que o filme foi baseado e depois de ler, bateu a curiosidade de rever. O livro insiste na loucura crescente e na paranoia existencial do personagem, o que no filme (curiosamente dirigido pelo próprio autor) fica diluído demais por conta de pouco mais de 80 minutos de projeção. O livro, através de suas diversas camadas faz com que a gente se conecte fácil e experimente o pesadelo do personagem e até compre da sua absurda história. Vincent Lindon e Emanuelle Devos são excelentes, mas foi a adaptação dessa história tão surreal que não caiu bem para o formato. É quase inadaptável isso.
Quase sem querer, Alice Diop vai arrebatando aos poucos ao tocar em velhas feridas femininas, infestada das mesmas moscas universais que teimam em sobrevivem ainda nos novos tempos. E como se não bastasse, o filme tem ainda questões devastadoras acerca da maternidade, da insegurança e do medo passado de geração em geração.
Que direção mais honrosa! Que personagens mais enigmáticas!
O documentário joga mais uma luz de reverência à enigmática e cultuada obra de um dos melhores cineastas da era do cinema. Revisitar algumas cenas e saber de detalhes importantes sobre a filmagem e interrupção de O Globo de Prata reacende ainda mais a paixão pela obra mais completa (e inacabada) do diretor. Uma ode à um dos melhores projetos que já existiu.
- Eu tive um sonho estranho. Se você pudesse me explicar esse sonho... Acho que esse sonho só acontece uma vez na vida. Sim.. foi um sonho estranho. Sonhei que eu era um bêbado. Que havia um telefone no meu apartamento. Sonhei que eu queria esquecer minha bebida, deixar as pessoas com quem bebi, deixar os bares, minha lembranças ... Isso é o que acontece em um sonho, certo? Mas em um sonho você não pode escapar de nada... e isso é o pior. Esse sonho é muito exaustivo. E sonhei muitas outras coisas... Um país... um estranho. Um país difícil e pesado. Um país que você tem que trabalhar tanto, ter tanta esperança e coração. Esse é o meu pior sonho. Um sonho horrível. Mas é apenas um sonho, certo?. Acho que isso não é possível na vida real. Afinal, a vida não é tão cruel assim, né?
- Você não deveria ter pesadelos.
- E o que você pode fazer para esquecer?
-Tudo passa. Não existe sonho pior que a vida e isso também passa.
Retrato contundente da pobreza e da falta de afeto. Do que ela junta e acumulada, pode se transformar. Numa determinado momento, o grupo de garotos enquanto caminham pela noite, vão destruindo lâmpadas dos postes tornando seus caminhos mais escuros e aquilo sem querer foi uma das cenas mais significativas do filme inteiro.
A diretora não quis diagnosticar nada do que filma mas sim expor o enraizado de uma situação que ela bem sabe.
Nunca pensei que poderia existir um filme voltado aos investigadores atormentados por não concluirem certos crimes e o diretor Dominik Moll foi lá e fez. La Nuit du 12 não se prontifica a solucionar o mistério, vide o enunciado no início dele, no entanto foi um dos suspenses que mais souberam me conduzir.
Quatro Noites de um Sonhador
3.8 22Quatro noites de um trouxa
The Goat and Her Three Kids
3.5 14Enquanto os americanos insistem nos repetecos sobre exorcismos arcaicos, os europeus à moda da casa, estão mostrando um outro tipo de horror - o humano.
Assim como o brutal Speak no Evil, esse da Romênia faz o medo brotar de lugares muito mais críveis.
E quem estiver buscando jumpscare ou demônios contorcionistas já aviso: o bicho saiu correndo porque encontrou alguém pior que ele: o próprio ser humano.
Mantícora
3.8 12Sobre uma doença ordinária e sem cura, onde o personagem em seu desfecho, traça para si uma alternativa que nos deixa pensando muito e bem longe da nossa zona de conforto.
O Passo Suspenso da Cegonha
4.1 17"Sou só um visitante.
Tudo que toco me machuca profundamente, então tudo isso não me pertence mais.
Tem sempre alguém pra dizer: Isso é meu! Não tenho nada que seja meu, como eu disse de forma arrogante uma vez.
Agora, eu aprendi que nada é nada"
Como não se importar com esse filme, com suas sutilezas ou com suas investidas profundas sobre grandes verdades e os incógnitos da alma?
Numa determinada cena, o jornalista entra num bar e quando começa a tocar uma música romântica, ele se senta e percebe que há uma mulher ao lado, (a única que não foi tirada para dançar) ela o encara, obsessivamente. Ele tenta se esquivar para fora mas ainda sim ela o segue com o olhar. Todo o plano e o que se segue é silencioso e majestoso e só poderia ser captado por um cineasta que tem a veia de um mestre. Há ainda tantos outros momentos únicos, como a sequência do casamento na beira do lago que separa os dois noivos. Há ainda toda a complexidade do personagem de Marcello Mastroianni que com seus atos, nos coloca na parede entre tudo que encaramos como grandes verdades.
É como se apaixonar pelo cinema novamente, então me diz: como não se importar?
Serviço
3.4 29 Assista AgoraSexo, cinema e família.
Não tem representatividade melhor do que esse filme.
Beau Tem Medo
3.2 406 Assista AgoraMe admira muito quem sai após a sessão desse filme com a convicção certa de ter gostado ou não dele.
Enter Mycel
2.3 3Não entendi nadinha, mas é tão estranho, tão viajado e tem uma fotografia tão hipnotizante que não consegui dar nota ruim.
A sinceridade nos créditos iniciais sobre o orçamento precário do filme me fez considerá-lo ainda mais.
O Comerciante das Quatro Estações
3.8 9A vida é bem isso aí:
In the end: nobody cares
Harka
3.6 4Já tinha visto finais parecidos com esse antes, mas esse doeu demais. A indiferença ali doeu mais que tudo.
Owl
3.7 4Homens morrendo como potros, como bichos, como porcos.
Um deleite.
As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado
4.2 9Achei bem mais introspectivo que a primeira parte. Além de ser mais melancólico e o mais musicado também. Toca ate Tim Maia!
O segmento da juíza é o melhor. Inteirinho impagável!
Nazarin
4.1 21 Assista AgoraUm dos finais mais icônicos da história
O padre caminhando para seu calvário segurando um abacaxi.
Amor Suspeito
3.5 60Da primeira vez que vi, não gostei. Achei tudo muito jogado e aleatório demais, mas aquele absurdo da história havia me hipnotizado; tanto que nunca o esqueci. Afinal o bigode daquele sujeito existia, sim ou não???
Anos depois, encontro num saldão, o livro em que o filme foi baseado e depois de ler, bateu a curiosidade de rever.
O livro insiste na loucura crescente e na paranoia existencial do personagem, o que no filme (curiosamente dirigido pelo próprio autor) fica diluído demais por conta de pouco mais de 80 minutos de projeção.
O livro, através de suas diversas camadas faz com que a gente se conecte fácil e experimente o pesadelo do personagem e até compre da sua absurda história.
Vincent Lindon e Emanuelle Devos são excelentes, mas foi a adaptação dessa história tão surreal que não caiu bem para o formato.
É quase inadaptável isso.
Saint Omer
3.7 15 Assista AgoraQuase sem querer, Alice Diop vai arrebatando aos poucos ao tocar em velhas feridas femininas, infestada das mesmas moscas universais que teimam em sobrevivem ainda nos novos tempos.
E como se não bastasse, o filme tem ainda questões devastadoras acerca da maternidade, da insegurança e do medo passado de geração em geração.
Que direção mais honrosa! Que personagens mais enigmáticas!
Una
3.0 139 Assista AgoraTenta ser polêmico, intenso, provocante mas tudo que consegue é ser ridículo e equivocado. Beira o mau gosto.
Plano 75
3.4 6Uma pena que na reta final, a diretora se acovarda em nome de uma solução rasa e bem distante de sua proposta inicial
Bronson
3.8 426Charles Bronson veio literalmente para roubar, matar e destruir. Esse puto sadomasoquista!
Escape to the Silver Globe
4.4 1O documentário joga mais uma luz de reverência à enigmática e cultuada obra de um dos melhores cineastas da era do cinema. Revisitar algumas cenas e saber de detalhes importantes sobre a filmagem e interrupção de O Globo de Prata reacende ainda mais a paixão pela obra mais completa (e inacabada) do diretor.
Uma ode à um dos melhores projetos que já existiu.
The Noose
4.2 1- Eu tive um sonho estranho. Se você pudesse me explicar esse sonho... Acho que esse sonho só acontece uma vez na vida.
Sim.. foi um sonho estranho. Sonhei que eu era um bêbado. Que havia um telefone no meu apartamento. Sonhei que eu queria esquecer minha bebida, deixar as pessoas com quem bebi, deixar os bares, minha lembranças ... Isso é o que acontece em um sonho, certo?
Mas em um sonho você não pode escapar de nada... e isso é o pior.
Esse sonho é muito exaustivo. E sonhei muitas outras coisas... Um país... um estranho. Um país difícil e pesado. Um país que você tem que trabalhar tanto, ter tanta esperança e coração. Esse é o meu pior sonho. Um sonho horrível. Mas é apenas um sonho, certo?. Acho que isso não é possível na vida real. Afinal, a vida não é tão cruel assim, né?
- Você não deveria ter pesadelos.
- E o que você pode fazer para esquecer?
-Tudo passa. Não existe sonho pior que a vida e isso também passa.
Os Reis do Mundo
3.5 21 Assista AgoraRetrato contundente da pobreza e da falta de afeto. Do que ela junta e acumulada, pode se transformar.
Numa determinado momento, o grupo de garotos enquanto caminham pela noite, vão destruindo lâmpadas dos postes tornando seus caminhos mais escuros e aquilo sem querer foi uma das cenas mais significativas do filme inteiro.
A diretora não quis diagnosticar nada do que filma mas sim expor o enraizado de uma situação que ela bem sabe.
Pacifiction
3.7 7 Assista AgoraUm filme que não tem nada mas ao mesmo tempo, tem tudo.
Eo
3.3 96 Assista AgoraO mundo é mesmo a porra de um moinho!
A Pomba Branca
4.2 12Uma poesia cinematográfica acerca da liberdade ou da privação dela
A Noite do Dia 12
3.8 14Nunca pensei que poderia existir um filme voltado aos investigadores atormentados por não concluirem certos crimes e o diretor Dominik Moll foi lá e fez.
La Nuit du 12 não se prontifica a solucionar o mistério, vide o enunciado no início dele, no entanto foi um dos suspenses que mais souberam me conduzir.