A série parece escrita por um adolescente deslumbrado com um rolê na Augusta (que já não é tudo isso) e tenta inserir o máximo de clichês possíveis, abusando do neon, dos mamilos e da glamourização da prostituição (se ser garota de programa em boate da Boca do Lixo pode bancar um apartamento com janelão apontado pra Paulista, eu preciso rever minha profissão). Mesmo assim, a boa fotografia ajudou a matar a saudade destes cenários paulistanos em tempos de pandemia. Pena que matou meu crush no Rodrigo Pandolfo. E Fiorella, amor, me ajuda a te ajudar!
Fiquei decepcionado com a apatia que me acometeu nestes últimos episódios, todos eles apoiados em um lugar seguro que vemos desde o início e que aqui, foram milimetricamente conservados.
Do progresso à queda de Bojack, passando pelo episódio de epifania, tudo estava lá, de novo, repetido à exaustão, tendo como pano de fundo os mesmos problemas das temporadas anteriores (caso da Penny e da Sarah Lynn) que poderiam ter sido resolvidos bem antes. Até os discursos na boca das personagens não parecem ter mudado muito. Pelo menos a Princesa Carolyn teve um final feliz.
Nunca deixa de me surpreender a capacidade humana de criar situações que podem conduzir a todos nós à morte. Não menos surpreendente é constatar quão próximos nós já estivemos disso em ocasiões como esta. E a despeito das mais baixas expectativas, cá estamos nós, assimilando a barbárie, transformando o horror em arte, reconstruindo nosso passado - do qual pouco há para se orgulhar, com opulência. Ainda que trate de conceitos físicos bastante além da realidade da grande maioria de nós, "Chernobyl" é uma minissérie totalmente palatável. Se a verdade foi obscurecida à época do desastre, aqui ela é clara e cristalina, para não deixar dúvidas sobre quem está certo e quem está errado, nem que para isso precise abraçar com força o maniqueísmo. No frigir dos ovos, é impossível ignorar que é uma história russa contada por americanos, e esta intenção não se deixa disfarçar nem pelo idioma praticado pelas personagens (alô, Glória Perez), nem por todo verniz que conduz o espetáculo, embalado por frases de efeito rasas sobre verdades e mentiras (kkkk, ah, EUA..). Mas nada disso importa quando nossa insaciável e mórbida curiosidade pelo desastre é sanada com tamanha precisão, sem que precisemos nos expor à radiação.
Pela proposta da série, achei que poderia mesclar mais os estilos de animação, já que a grande maioria segue aquele estilo ultrarealista que deixa o episódio com ares de videogame. Algumas histórias são extremamente banais, o que também tira um pouco o seu peso, mas o todo é bem agradável de assistir, e a curta duração dos episódios contribui para essa fluidez gostosa. Zima Blue é a pérola da temporada, mas destacam-se também "Good Hunt" e "Help Handing", que talvez sejam os melhores em contar uma história bem definida e que justificam o estilo adotado.
Fazia tempo que eu não forçava meus olhos a assistirem a um show tão ruim. Um dia, Ryan Murphy estava entediado e sem muitas ideias de para onde levar sua série de terror antológica que já vinha patinando há anos. Desnorteado, ele pega seu notebook, entra no Tumblr e encontra milhões de referências ao casal Tate e Violet e às bruxas de Coven. "E se a gente juntasse isso tudo aí, a molecada ia ficar louca", pensa Murphy. Eis que surge Apocalipse. A temporada toda parece saída de uma fanfic ruim da internet: diálogos cheios de lacunas que Ryan preenche com as palavras "fuck" ou "bitch", em frases que os fãs vão adorar repetir para se sentirem a Emma Roberts; referências idiotas, saídas fáceis, e claro, muitas e muitas cenas do anticristo milenial de olhos azuis e cabelos sedosos. A Fox, desacreditada do projeto, cortou legal a verba do programa, o que deve explicar os efeitos especiais dignos das novelas bíblicas da Record. Ryan até tentou introduzir uma galeria de novos personagens à antologia, mas esqueceu deles lá pelas tantas, brincando com seus brinquedos antigos. E como sempre, o carnaval de breguice, que incluiu Iluminatis e Kathy Bates robô, só poderia terminar com o recurso mais velho do universo para dar cabo de uma história tão chinfrim. Se Jessica Lange aceitou voltar, foi para ver que a melhor coisa que fez foi abandonar este barco.
Gente, só eu acho que o Todd deveria ter um show à parte? Ele não funciona mais dentro do arco central da série, seus plots mais parecem esquetes de alívio cômico, e nem sempre dão certo, vide plot dos palhaços dentistas da temporada anterior. Poderia ter saído da série depois que foi embora da casa do Bojack.
Resolvi revisitar esta que eu julguei a melhor temporada quando vi lá pelos meus 16 anos e foi extremamente interessante notar como meu olhar mudou completamente. Além do texto didático, com alguns gags colocados propositalmente para viralizarem, a narrativa é um enorme balaio de gato, fruto da prepotência dos criadores em quererem abraçar o mundo, esquecendo que seus braços são curtos. Isso sem falar na exposição sádica de violência contra a personagens Lana. Testemunhamos de estupro a cenas de violência psicológica incessantemente, sem que nada disso seja justificado pelo roteiro. Não é questão de eu ter estômago fraco, é de quem escreveu aquilo ter bom senso. A coisa descamba para o torture porn e o que menos importa é se ela vai sair vitoriosa dali. Daí no final colocam um discurso feminista na boca da Jéssica Lange, como quem diz: "vejam, expomos mulheres à toda sorte de violências mas somos radicalmente contra isso." Para, né? Há de se levar em conta as boas atuações e um ou outro momento inspirado, mas o saldo final é bastante constrangedor. Deveria ter deixado isso na adolescência.
Grey's Anatomy retorna depois da sua pior temporada explorando como nunca seu próprio universo. Diversas referências ao passado tomaram conta dos episódios. Personagens retornando e o emblemático 300° episódio deram o tom da nostalgia que assegurou que o público fiel fosse posto em um lugar seguro. O grande problema da temporada foi o discurdo "lacrador" que tomou conta das personagens. Até mesmo os novos internos foram totalmente esterotipados para caberem no discurso do ativismo de telão. A série sempre trabalhou diversidade e igualdade sem precisar recorrer ao didatismo. Ficou forçado. Mesmo após uma temporada regular, o desgaste da série é iminente. Nenhuma personagem do arco principal tem mais história. Todos já chegaram ao máximo do que poderiam chegar. Prova disso é que o único gancho deixado no final envolve personagens secundários, uma até que nem fazia mais parte do elenco regular. Espero que consigam dar um final à série com dignidade.
Está morta a menina Black Mirror. Ideias batidas, roteiros repletos de furos e conveniências, personagens burras tomando atitudes que envergonhariam até a uma criança de pouca idade e reviravoltas bestas que não escondem o desespero de fazer aquilo parecer inteligente de alguma forma. O criador deveria inventar um dispositivo que me devolvesse os 40 minutos de vida que eu perdi assistindo a Metalhead.
Depois de três temporadas com um arco central bem delineado (a biografia de Bojack; as gravações do filme Secretariat e a corrida para o Oscar), o quarto ano do cavalo mais famoso dos anos 90 retorna sem um fio que una a todas as personagens, o que é muito positivo, pois dá a cada uma espaço para brilhar.
O gancho deixado no ano anterior prometia uma redenção à Bojack, mas nem por isso a série caiu no lugar comum. Ele de fato deu uma melhorada, porém continuou fazendo merda, bebendo, fumando, falando palavrão e sendo egoísta. Com um presente um pouco mais equilibrado para os padrões anteriores, o material mais pesado com o qual estamos acostumados foi buscado lá no passado, com a triste história da mãe de Bojack. Destaque também para o episódio centrado na Princesa Carolyne, eu fiquei extremamente mexido com aquilo. O episódio sobre o armamento foi excelente, resgatando a pauta feminista depois do ótimo episódio sobre o aborto da temporada 3. E finalmente Bojack encontrou um final feliz!!!
Eu acho que tudo o que se passou com a Audrey pós 2ª temporada foi indiretamente contado. Alguém diz que o Bad Cooper foi visitá-la na UTI, ou seja, ela sobreviveu à explosão do banco. Depois, é dito com todas as letras que o Richard é filho dela com o Bad C., somando essas duas informações, fica sugerido um estupro. Eu acho que ela não morreu, e sim ficou louca, e começou a juntar coisas aleatórias na mente dela dentro do sanatório. Qualquer que seja a versão dos fatos, o destino dela foi um dos mais tristes de todos. Eu não mudaria nada na forma como ele foi contado. Para mim, os minutos finais dela foram os mais impactantes dessa temporada. Fiquei com medo, angustiado e triste.
Revendo os dois últimos episódios, cheguei a uma conclusão que para mim é satisfatória. Esqueçamos a teoria do "foi tudo um sonho" por um instante e busquemos uma relação com o mito de Sísifo. Duas falas dentro do texto me levam a crer que o Cooper encontrou um destino ainda mais cruel que na segunda temporada. A primeira delas é do Hawk, quando ele diz: "Se você enfrentar o Black Lodge com a coragem imperfeita, ele aniquilará sua alma" Foi o que o Cooper fez quando adentrou o Black Lodge para salvar a Annie, ignorando os perigos que lá havia e sua própria ignorância diante daquelas forças. Resultado: ele passou 25 anos preso lá. De volta ao nosso mundo, nosso herói, depois de enfim liquidar BOB e seu duplo maligno, resolve empreender uma jornada ainda mais arriscada: mexer no curso da história. Resultado: ele acaba preso em um círculo vicioso (o cavalo branco estaria preso em um carrossel?), onde ele sempre vai tentar salvar a Laura (que pode assumir diferentes identidades) e sempre vai falhar. A segunda frase que citei é esta: It's happening again. Da primeira vez, Laura antecipou que 25 anos se passariam. Mas e agora? Em que ano estamos? Talvez aquele semblante de incredulidade do nosso agente queira dizer que bem mais de 25 anos vão se passar dessa vez. Eles deveriam ter continuado sem falar sobre a Judy...
A esta altura, ficou muito claro que os testes nucleares e o posterior ataque com a bomba atômica abriram as portas para um mal sem precedentes na história da humanidade. Mal este que entidades superiores, as quais cada um pode chamar e entender conforme lhe for conveniente, buscaram combater através da figura de uma garota que simboliza a pureza, a bondade e a esperança, e esta figura nos é apresentada sob o nome de Laura Palmer. Ela é enviada ao menos suspeito dos lugares, uma cidade atrás das montanhas, longe do palco das barbaridades bélicas, onde seus habitantes vivem uma vida simples e sem grandes emoções, onde seria de se esperar que ela fosse amada e guardada de todo mal. Mas não é o que acontece. Por trás da pacata fachada ostentada por Twin Peaks, escondem-se atrocidades inenarráveis. O nosso retrato da esperança é estuprado, violentado fisica e psicologicamente e negligenciado por todos. Bobby, em seu funeral, diz que ela estava gritando por socorro e todos ali ignoraram. Grito este que ecoou até o último instante deste retorno, 25 anos após os eventos trágicos que a fizeram sucumbir. "Laura is the one", disse a Senhora do Tronco. Mas ela está morta. E quem matou Laura Palmer? Esta é a pergunta que norteou grande parte da série, e a revelação é a mais cruel possível. O espírito maligno chamado BOB, através de seu pai (DAD), e também de outros que dela abusaram (LEO). Mas todos ali têm sua parcela de culpa. E a grande questão trazida no derradeiro episódio 18 é respondida com um dos mais negativos finais da história: É possível mudar o passado? Não. A bomba atômica não vai "desexplodir", Laura Palmer não vai "desmorrer". "It's happening again", disse o Gigante e ostentou o letreiro deste retorno. Não para de acontecer, na verdade. Seja com Maddy, a prima idêntica de Laura Palmer; com Audrey, estuprada dentro do hospital, gerando um fruto que é o próprio demônio encarnado; com Becky, a filha de Shelly, fadada a repetir os erros da mãe. É como se, na concepção cristão, Jesus fosse trazido de volta e crucificado over and over again. Laura poderia ter outro nome, outra nacionalidade, outra vida. Ainda assim, seu grito seria ouvido. Mesmo o sonho, a auto-ilusão, os subterfúgios de Cooper para enfrentar esta força malígna desconhecida, mostram-se, no final das contas, tão horríveis quanto a realidade. "A tristeza acabará um dia", disse Margareth, lá pelas tantas. Mas, aparentemente, este dia não será hoje.
Há de se levar em consideração vários fatores externos que justificam o grande cocô que foi esta temporada. Quatro atrizes entraram em licença maternidade (Jessica Capshaw, Caterina Scorsone, Ellen Pompeo e Camila Luddington), e todas com papeis importantes na série,o que fez com que muitos dramas tivessem que ser esticados até o limite para render, e a ação fosse centrada em apenas parte do elenco em vários episódios. Duas personagens precisam de mais espaço urgentemente: Alex e April. Ele parece só existir em função da Jo e ela do Jackson. Ademais, valeu a pena ver mais um arco de superação da Meredith se fechando, ela é uma personagem maravilhosa e teve muitos bons momentos. Com boas sementes plantadas para a próxima temporada, resta esperar que a cegonha não chegue na casa de mais ninguém!
Então a lenda da colônia de Roanoke era sobre uma bruxa ninfomaníaca da floresta que deu poderes para uma louca sair matando os outros com um cutelo? Eu ia falar sobre como o desconhecido, o sugerido e o misterioso são capazes de provocar muito mais medo do que o explícito, mas lembrei do lance dos canibais e das decepações, e é aquela história né... sutileza não é o ponto forte dos produtores. Tivemos sexo até dizer chega na temporada passada, violência gratuita nessa... AHS virou uma novela ruim que não sabe mais para onde apelar.
Há uma visível expansão visual e de gêneros entre os episódios, cuja qualidade entre os roteiros é bastante oscilante. Se em "Cala a boca e dança" temos Black Mirror mais próximo de sua essência, ainda que com mais pretensão do que deveria, "Perdedor" ganha ares de longa-metragem cultivando a história mais próxima da nossa realidade, ainda que dispute com "Odiados Pela Nação", cujo final não lhe cai muito bem e sugere uma mudança para a próxima temporada que pode comprometer o formato que consolidou a série. O 2º episódio é o mais esquecível, e disputa com o péssimo "San Junipero", que tem mais furos que um queijo suíço. Por fim, "Engenharia Reversa" deixa a sensação de que deveria ter alguns minutos a mais. A crítica não é tão sutil quanto em outros episódios, o que o torna pouco marcante criativamente.
Um artista coloca o país para assistir a um político transando com uma porca, e os críticos chamam isso de obra de arte. Nós pagamos para ver um seriado que critica a sociedade por meio de um episódio em que as pessoas pagam para assistir a um cara criticando a sociedade. Personagens reveem cenas de sua vida, com a insistência que nós revemos esse episódio. Black Mirror, antes de mais nada, é pura auto-ironia.
Ao contrário da irretocável primeira temporada, em que nenhum episódio é menos do que excelente, essa temporada tem alguns bem passáveis, lá pela metade. Mas ainda está bem acima da média, com sacadas que deveriam virar filmes.
Fiz um salto corajoso do 12º para o 22º episódio, sem arrependimentos. O risco era eu não entender nada, mas em se tratando de uma serie finale dirigida por David Lynch, isso seria o de menos. Da revelação sobre o assassinato de Laura Palmer para frente, Twin Peaks se tornou aquilo que satirizava até então: uma novela ruim. É como se "Invitation to Love" toma-se por completo a série. Personagens secundários bobos, romances sem apelo, núcleos cômicos risíveis. Mesmo o último episódio não conseguiu ser o melhor. É bom, mas a tensão a todo momento é cortada por histórias chatas e quando finalmente engrena, termina. Talvez Twin Peaks tenha acabado com a resolução do assassinato, mas é importante considerar que este plot sempre foi a ponta de um novelo maior, cuja execução do desenrolar sofreu com os diversos percalços que o Lynch tentou redimir com o último episódio, o filme e, acredito eu, a próxima "temporada". Com a série voltando, uma edição caprichada dessas duas temporadas cairia bem. A surpresa quanto a
"possessão" do Cooper é explicada por uma fala do Hawk: se você enfrentar o Black Loudge com a coragem imperfeita, ele aniquilará sua alma. Foi isso que aconteceu. Na arrogância clichê de salvar a mocinha indefesa (mil vezes eca pra esse argumento), o herói enfrentou algo que não entendia e deu no que deu. Não me admira nada, vindo da única pessoa que considerava Twin Peaks um paraíso na terra.
Ainda não terminei de assistir, mas senti uma necessidade grande de registrar que o episódio 7 (Lonely Souls) é um dos maiores momentos da televisão mundial, para mim nunca ficou tão nítido o poder de uma boa direção, que se mostra decisiva nesse vaivém de qualidade da série.
Rua Augusta
3.2 53A série parece escrita por um adolescente deslumbrado com um rolê na Augusta (que já não é tudo isso) e tenta inserir o máximo de clichês possíveis, abusando do neon, dos mamilos e da glamourização da prostituição (se ser garota de programa em boate da Boca do Lixo pode bancar um apartamento com janelão apontado pra Paulista, eu preciso rever minha profissão). Mesmo assim, a boa fotografia ajudou a matar a saudade destes cenários paulistanos em tempos de pandemia. Pena que matou meu crush no Rodrigo Pandolfo. E Fiorella, amor, me ajuda a te ajudar!
BoJack Horseman (6ª Temporada)
4.6 296 Assista AgoraFiquei decepcionado com a apatia que me acometeu nestes últimos episódios, todos eles apoiados em um lugar seguro que vemos desde o início e que aqui, foram milimetricamente conservados.
Do progresso à queda de Bojack, passando pelo episódio de epifania, tudo estava lá, de novo, repetido à exaustão, tendo como pano de fundo os mesmos problemas das temporadas anteriores (caso da Penny e da Sarah Lynn) que poderiam ter sido resolvidos bem antes. Até os discursos na boca das personagens não parecem ter mudado muito. Pelo menos a Princesa Carolyn teve um final feliz.
AJ and the Queen
3.8 87 Assista AgoraUma série feita para mostrar porque RuPaul é RuPaul, e com uma boa dose de fan service. Tem como não gostar?
fiquei surpreso que o final aponta para uma segunda temporada. Pode mandar!
Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraNunca deixa de me surpreender a capacidade humana de criar situações que podem conduzir a todos nós à morte. Não menos surpreendente é constatar quão próximos nós já estivemos disso em ocasiões como esta. E a despeito das mais baixas expectativas, cá estamos nós, assimilando a barbárie, transformando o horror em arte, reconstruindo nosso passado - do qual pouco há para se orgulhar, com opulência.
Ainda que trate de conceitos físicos bastante além da realidade da grande maioria de nós, "Chernobyl" é uma minissérie totalmente palatável. Se a verdade foi obscurecida à época do desastre, aqui ela é clara e cristalina, para não deixar dúvidas sobre quem está certo e quem está errado, nem que para isso precise abraçar com força o maniqueísmo.
No frigir dos ovos, é impossível ignorar que é uma história russa contada por americanos, e esta intenção não se deixa disfarçar nem pelo idioma praticado pelas personagens (alô, Glória Perez), nem por todo verniz que conduz o espetáculo, embalado por frases de efeito rasas sobre verdades e mentiras (kkkk, ah, EUA..). Mas nada disso importa quando nossa insaciável e mórbida curiosidade pelo desastre é sanada com tamanha precisão, sem que precisemos nos expor à radiação.
Amor, Morte e Robôs (Volume 1)
4.3 673 Assista AgoraPela proposta da série, achei que poderia mesclar mais os estilos de animação, já que a grande maioria segue aquele estilo ultrarealista que deixa o episódio com ares de videogame. Algumas histórias são extremamente banais, o que também tira um pouco o seu peso, mas o todo é bem agradável de assistir, e a curta duração dos episódios contribui para essa fluidez gostosa. Zima Blue é a pérola da temporada, mas destacam-se também "Good Hunt" e "Help Handing", que talvez sejam os melhores em contar uma história bem definida e que justificam o estilo adotado.
American Horror Story: Apocalypse (8ª Temporada)
3.5 511Fazia tempo que eu não forçava meus olhos a assistirem a um show tão ruim.
Um dia, Ryan Murphy estava entediado e sem muitas ideias de para onde levar sua série de terror antológica que já vinha patinando há anos. Desnorteado, ele pega seu notebook, entra no Tumblr e encontra milhões de referências ao casal Tate e Violet e às bruxas de Coven. "E se a gente juntasse isso tudo aí, a molecada ia ficar louca", pensa Murphy. Eis que surge Apocalipse. A temporada toda parece saída de uma fanfic ruim da internet: diálogos cheios de lacunas que Ryan preenche com as palavras "fuck" ou "bitch", em frases que os fãs vão adorar repetir para se sentirem a Emma Roberts; referências idiotas, saídas fáceis, e claro, muitas e muitas cenas do anticristo milenial de olhos azuis e cabelos sedosos. A Fox, desacreditada do projeto, cortou legal a verba do programa, o que deve explicar os efeitos especiais dignos das novelas bíblicas da Record. Ryan até tentou introduzir uma galeria de novos personagens à antologia, mas esqueceu deles lá pelas tantas, brincando com seus brinquedos antigos. E como sempre, o carnaval de breguice, que incluiu Iluminatis e Kathy Bates robô, só poderia terminar com o recurso mais velho do universo para dar cabo de uma história tão chinfrim. Se Jessica Lange aceitou voltar, foi para ver que a melhor coisa que fez foi abandonar este barco.
BoJack Horseman (5ª Temporada)
4.5 193 Assista AgoraGente, só eu acho que o Todd deveria ter um show à parte? Ele não funciona mais dentro do arco central da série, seus plots mais parecem esquetes de alívio cômico, e nem sempre dão certo, vide plot dos palhaços dentistas da temporada anterior. Poderia ter saído da série depois que foi embora da casa do Bojack.
American Horror Story: Asylum (2ª Temporada)
4.3 2,7KResolvi revisitar esta que eu julguei a melhor temporada quando vi lá pelos meus 16 anos e foi extremamente interessante notar como meu olhar mudou completamente.
Além do texto didático, com alguns gags colocados propositalmente para viralizarem, a narrativa é um enorme balaio de gato, fruto da prepotência dos criadores em quererem abraçar o mundo, esquecendo que seus braços são curtos.
Isso sem falar na exposição sádica de violência contra a personagens Lana. Testemunhamos de estupro a cenas de violência psicológica incessantemente, sem que nada disso seja justificado pelo roteiro. Não é questão de eu ter estômago fraco, é de quem escreveu aquilo ter bom senso. A coisa descamba para o torture porn e o que menos importa é se ela vai sair vitoriosa dali. Daí no final colocam um discurso feminista na boca da Jéssica Lange, como quem diz: "vejam, expomos mulheres à toda sorte de violências mas somos radicalmente contra isso." Para, né?
Há de se levar em conta as boas atuações e um ou outro momento inspirado, mas o saldo final é bastante constrangedor. Deveria ter deixado isso na adolescência.
A Anatomia de Grey (14ª Temporada)
4.2 256 Assista AgoraGrey's Anatomy retorna depois da sua pior temporada explorando como nunca seu próprio universo. Diversas referências ao passado tomaram conta dos episódios. Personagens retornando e o emblemático 300° episódio deram o tom da nostalgia que assegurou que o público fiel fosse posto em um lugar seguro.
O grande problema da temporada foi o discurdo "lacrador" que tomou conta das personagens. Até mesmo os novos internos foram totalmente esterotipados para caberem no discurso do ativismo de telão. A série sempre trabalhou diversidade e igualdade sem precisar recorrer ao didatismo. Ficou forçado.
Mesmo após uma temporada regular, o desgaste da série é iminente. Nenhuma personagem do arco principal tem mais história. Todos já chegaram ao máximo do que poderiam chegar. Prova disso é que o único gancho deixado no final envolve personagens secundários, uma até que nem fazia mais parte do elenco regular. Espero que consigam dar um final à série com dignidade.
Black Mirror (4ª Temporada)
3.8 1,3K Assista AgoraEstá morta a menina Black Mirror. Ideias batidas, roteiros repletos de furos e conveniências, personagens burras tomando atitudes que envergonhariam até a uma criança de pouca idade e reviravoltas bestas que não escondem o desespero de fazer aquilo parecer inteligente de alguma forma.
O criador deveria inventar um dispositivo que me devolvesse os 40 minutos de vida que eu perdi assistindo a Metalhead.
BoJack Horseman (4ª Temporada)
4.5 240 Assista AgoraDepois de três temporadas com um arco central bem delineado (a biografia de Bojack; as gravações do filme Secretariat e a corrida para o Oscar), o quarto ano do cavalo mais famoso dos anos 90 retorna sem um fio que una a todas as personagens, o que é muito positivo, pois dá a cada uma espaço para brilhar.
O gancho deixado no ano anterior prometia uma redenção à Bojack, mas nem por isso a série caiu no lugar comum. Ele de fato deu uma melhorada, porém continuou fazendo merda, bebendo, fumando, falando palavrão e sendo egoísta. Com um presente um pouco mais equilibrado para os padrões anteriores, o material mais pesado com o qual estamos acostumados foi buscado lá no passado, com a triste história da mãe de Bojack. Destaque também para o episódio centrado na Princesa Carolyne, eu fiquei extremamente mexido com aquilo. O episódio sobre o armamento foi excelente, resgatando a pauta feminista depois do ótimo episódio sobre o aborto da temporada 3. E finalmente Bojack encontrou um final feliz!!!
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraSobre a Audrey:
Eu acho que tudo o que se passou com a Audrey pós 2ª temporada foi indiretamente contado. Alguém diz que o Bad Cooper foi visitá-la na UTI, ou seja, ela sobreviveu à explosão do banco. Depois, é dito com todas as letras que o Richard é filho dela com o Bad C., somando essas duas informações, fica sugerido um estupro. Eu acho que ela não morreu, e sim ficou louca, e começou a juntar coisas aleatórias na mente dela dentro do sanatório. Qualquer que seja a versão dos fatos, o destino dela foi um dos mais tristes de todos. Eu não mudaria nada na forma como ele foi contado. Para mim, os minutos finais dela foram os mais impactantes dessa temporada. Fiquei com medo, angustiado e triste.
Sobre o final:
Revendo os dois últimos episódios, cheguei a uma conclusão que para mim é satisfatória. Esqueçamos a teoria do "foi tudo um sonho" por um instante e busquemos uma relação com o mito de Sísifo. Duas falas dentro do texto me levam a crer que o Cooper encontrou um destino ainda mais cruel que na segunda temporada. A primeira delas é do Hawk, quando ele diz:
"Se você enfrentar o Black Lodge com a coragem imperfeita, ele aniquilará sua alma"
Foi o que o Cooper fez quando adentrou o Black Lodge para salvar a Annie, ignorando os perigos que lá havia e sua própria ignorância diante daquelas forças. Resultado: ele passou 25 anos preso lá.
De volta ao nosso mundo, nosso herói, depois de enfim liquidar BOB e seu duplo maligno, resolve empreender uma jornada ainda mais arriscada: mexer no curso da história. Resultado: ele acaba preso em um círculo vicioso (o cavalo branco estaria preso em um carrossel?), onde ele
sempre vai tentar salvar a Laura (que pode assumir diferentes identidades) e sempre vai falhar. A segunda frase que citei é esta: It's happening again. Da primeira vez, Laura antecipou que 25 anos se passariam. Mas e agora? Em que ano estamos? Talvez aquele semblante de incredulidade do nosso agente queira dizer que bem mais de 25 anos vão se passar dessa vez. Eles deveriam ter continuado sem falar sobre a Judy...
Sobre a série:
A esta altura, ficou muito claro que os testes nucleares e o posterior ataque com a bomba atômica abriram as portas para um mal sem precedentes na história da humanidade. Mal este que entidades superiores, as quais cada um pode chamar e entender conforme lhe for conveniente, buscaram combater através da figura de uma garota que simboliza a pureza, a bondade e a esperança, e esta figura nos é apresentada sob o nome de Laura Palmer. Ela é enviada ao menos suspeito dos lugares, uma cidade atrás das montanhas, longe do palco das barbaridades bélicas, onde seus habitantes vivem uma vida simples e sem grandes emoções, onde seria de se esperar que ela fosse amada e guardada de todo mal. Mas não é o que acontece. Por trás da pacata fachada ostentada por Twin Peaks, escondem-se atrocidades inenarráveis. O nosso retrato da esperança é estuprado, violentado fisica e psicologicamente e negligenciado por todos. Bobby, em seu funeral, diz que ela estava gritando por socorro e todos ali ignoraram. Grito este que ecoou até o último instante deste retorno, 25 anos após os eventos trágicos que a fizeram sucumbir. "Laura is the one", disse a Senhora do Tronco. Mas ela está morta. E quem matou Laura Palmer? Esta é a pergunta que norteou grande parte da série, e a revelação é a mais cruel possível. O espírito maligno chamado BOB, através de seu pai (DAD), e também de outros que dela abusaram (LEO). Mas todos ali têm sua parcela de culpa. E a grande questão trazida no derradeiro episódio 18 é respondida com um dos mais negativos finais da história: É possível mudar o passado? Não. A bomba atômica não vai "desexplodir", Laura Palmer não vai "desmorrer". "It's happening again", disse o Gigante e ostentou o letreiro deste retorno. Não para de acontecer, na verdade. Seja com Maddy, a prima idêntica de Laura Palmer; com Audrey, estuprada dentro do hospital, gerando um fruto que é o próprio demônio encarnado; com Becky, a filha de Shelly, fadada a repetir os erros da mãe. É como se, na concepção cristão, Jesus fosse trazido de volta e crucificado over and over again. Laura poderia ter outro nome, outra nacionalidade, outra vida. Ainda assim, seu grito seria ouvido. Mesmo o sonho, a auto-ilusão, os subterfúgios de Cooper para enfrentar esta força malígna desconhecida, mostram-se, no final das contas, tão horríveis quanto a realidade. "A tristeza acabará um dia", disse Margareth, lá pelas tantas. Mas, aparentemente, este dia não será hoje.
A Anatomia de Grey (13ª Temporada)
4.1 275 Assista AgoraHá de se levar em consideração vários fatores externos que justificam o grande cocô que foi esta temporada.
Quatro atrizes entraram em licença maternidade (Jessica Capshaw, Caterina Scorsone, Ellen Pompeo e Camila Luddington), e todas com papeis importantes na série,o que fez com que muitos dramas tivessem que ser esticados até o limite para render, e a ação fosse centrada em apenas parte do elenco em vários episódios. Duas personagens precisam de mais espaço urgentemente: Alex e April. Ele parece só existir em função da Jo e ela do Jackson. Ademais, valeu a pena ver mais um arco de superação da Meredith se fechando, ela é uma personagem maravilhosa e teve muitos bons momentos. Com boas sementes plantadas para a próxima temporada, resta esperar que a cegonha não chegue na casa de mais ninguém!
American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson (1ª Temporada)
4.5 582 Assista AgoraMas a série é sobre o julgamento de O.J. Simpson ou a família Kardashian? Fiquei confuso.
SuperMax (1ª Temporada)
2.9 166Vamos lá apoiar produto nacional, né? Pois bem, lá pelo terceiro episódio eu já queria estar dentro daquela cadeia, morto.
American Horror Story: Roanoke (6ª Temporada)
3.9 716 Assista AgoraEntão a lenda da colônia de Roanoke era sobre uma bruxa ninfomaníaca da floresta que deu poderes para uma louca sair matando os outros com um cutelo?
Eu ia falar sobre como o desconhecido, o sugerido e o misterioso são capazes de provocar muito mais medo do que o explícito, mas lembrei do lance dos canibais e das decepações, e é aquela história né... sutileza não é o ponto forte dos produtores. Tivemos sexo até dizer chega na temporada passada, violência gratuita nessa... AHS virou uma novela ruim que não sabe mais para onde apelar.
Black Mirror (3ª Temporada)
4.5 1,3K Assista AgoraHá uma visível expansão visual e de gêneros entre os episódios, cuja qualidade entre os roteiros é bastante oscilante. Se em "Cala a boca e dança" temos Black Mirror mais próximo de sua essência, ainda que com mais pretensão do que deveria, "Perdedor" ganha ares de longa-metragem cultivando a história mais próxima da nossa realidade, ainda que dispute com "Odiados Pela Nação", cujo final não lhe cai muito bem e sugere uma mudança para a próxima temporada que pode comprometer o formato que consolidou a série. O 2º episódio é o mais esquecível, e disputa com o péssimo "San Junipero", que tem mais furos que um queijo suíço. Por fim, "Engenharia Reversa" deixa a sensação de que deveria ter alguns minutos a mais. A crítica não é tão sutil quanto em outros episódios, o que o torna pouco marcante criativamente.
Black Mirror (2ª Temporada)
4.4 753 Assista Agora"White Bear" faz parecer a cena de sexo entre o Primeiro Ministro e a porca um filme romântico.
Black Mirror (1ª Temporada)
4.4 1,3K Assista AgoraUm artista coloca o país para assistir a um político transando com uma porca, e os críticos chamam isso de obra de arte. Nós pagamos para ver um seriado que critica a sociedade por meio de um episódio em que as pessoas pagam para assistir a um cara criticando a sociedade. Personagens reveem cenas de sua vida, com a insistência que nós revemos esse episódio. Black Mirror, antes de mais nada, é pura auto-ironia.
Rick and Morty (2ª Temporada)
4.6 245 Assista AgoraAo contrário da irretocável primeira temporada, em que nenhum episódio é menos do que excelente, essa temporada tem alguns bem passáveis, lá pela metade. Mas ainda está bem acima da média, com sacadas que deveriam virar filmes.
American Horror Story: Freak Show (4ª Temporada)
3.5 1,4K Assista AgoraObrigado, Finn Wittrock!
Twin Peaks (2ª Temporada)
4.2 299Fiz um salto corajoso do 12º para o 22º episódio, sem arrependimentos. O risco era eu não entender nada, mas em se tratando de uma serie finale dirigida por David Lynch, isso seria o de menos. Da revelação sobre o assassinato de Laura Palmer para frente, Twin Peaks se tornou aquilo que satirizava até então: uma novela ruim. É como se "Invitation to Love" toma-se por completo a série. Personagens secundários bobos, romances sem apelo, núcleos cômicos risíveis. Mesmo o último episódio não conseguiu ser o melhor. É bom, mas a tensão a todo momento é cortada por histórias chatas e quando finalmente engrena, termina. Talvez Twin Peaks tenha acabado com a resolução do assassinato, mas é importante considerar que este plot sempre foi a ponta de um novelo maior, cuja execução do desenrolar sofreu com os diversos percalços que o Lynch tentou redimir com o último episódio, o filme e, acredito eu, a próxima "temporada". Com a série voltando, uma edição caprichada dessas duas temporadas cairia bem.
A surpresa quanto a
"possessão" do Cooper é explicada por uma fala do Hawk: se você enfrentar o Black Loudge com a coragem imperfeita, ele aniquilará sua alma. Foi isso que aconteceu. Na arrogância clichê de salvar a mocinha indefesa (mil vezes eca pra esse argumento), o herói enfrentou algo que não entendia e deu no que deu. Não me admira nada, vindo da única pessoa que considerava Twin Peaks um paraíso na terra.
A Anatomia de Grey (12ª Temporada)
4.3 324 Assista AgoraConvenhamos, depois desses 8 episódios, quem é Derek mesmo?
Twin Peaks (2ª Temporada)
4.2 299Ainda não terminei de assistir, mas senti uma necessidade grande de registrar que o episódio 7 (Lonely Souls) é um dos maiores momentos da televisão mundial, para mim nunca ficou tão nítido o poder de uma boa direção, que se mostra decisiva nesse vaivém de qualidade da série.