Esse documentário é encantador! Fiquei impressionada, realmente, a música dessa região recebe muito a influência do Oriente e do Ocidente, para que se fechar? Fica muito mais interessante mesclar os dois, como diversos artistas fizeram. Os depoimentos, as vivências, os shows, são muito sinceros, achei uma delícia assistir. É uma cultura musical que não chega até nós, uma pena.
Finalmente pude assistir o famoso Donnie Darko. A estrutura misteriosa, que aos poucos é revelada, faz do roteiro um ponto forte que instiga o espectador. Assim, pra quem nunca teve a curiosidade ou oportunidade de ler um pouco sobre teorias de viagem no tempo, deve ter sido meio enrolado, como eu já sabia um pouquinho sobre o tema (admito, assisto nerdices do discovery) não ficou complicado de sacar mais ou menos o que rolaria quando Donnie estava a discutir com o professor, sobre os buracos de minhoca. As implicações do personagem consigo mesmo, colocando-o de cara com o futuro, o fim de tudo, o fim de sua existência, acho que isso que criou um pouco da realidade psicológica do personagem.
A cada cena que passa você descobre um pouco do desenrolar da trama, é interessante esse modelo de embaralhar tudo e deixar que no final as peças se encaixem. Sou fã, deve ser foda construir um roteiro assim. E em relação ao final, quantas vezes eu já não pensei nisso... será que eu já voltei no passado, minha vida atual é o passado, e eu nem sei?
Posso começar elogiando bastante a fotografia, é belíssima, arrasadora. Atuação do Cassel é tão forte que chega a ser desconfortável assistir. Le Moine é uma pesada crítica, notavelmente bem estruturada, regada de elementos que sempre adicionam um significado às cenas. É preciso ficar atento aos detalhes, como o filme é lento, acabar se desligando pode atrapalhar o entendimento. Captei esse longa como um recorte da época mais sórdida do homem, os desejos da carne tendo como fim a ardente fogueira, o confinamento, a morte. Homens que confundiam - e confundem até os dias atuais - o acreditar em Deus e o seguir uma religião. Homens que se apossavam do medo e de seu poder para cometer absurdos. Achei muito interessante ficar a reparar nos detalhes, por exemplo, a cor da capa de Antonia era vermelha, a cor do desejo; quando a mãe concede ao padre a permissão de falar com Antonia, mas apenas sobre a supervisão de Leonella... seria uma metáfora em relação à supervisão divina, que evitaria pecados; há também a parte que o padre diz que a moça deveria temer o que Deus pensaria, e não a punição de seu pecado, que deveria aliás ansiar por essa punição. Enfim, achei a crítica muito boa, apesar de lento, é um filme que vale, com certeza!
Incrível, ainda estou tentando digerir o que acabei de ver. Aronofsky acertou de novo, muito profundo, conecta lá no fundo da alma. O que temos aqui é uma obra que trabalha muito bem o conceito de morte, o mais interessante é que abre margem pra diversas interpretações. Acredito que tenham pequenos significados em todas as cenas, tudo que está impregnado nelas tem seu propósito, escrever sobre cada uma daria cinco páginas, é tentador, mas isso fica por conta de cada um chegar a sua própria conclusão. A Fonte da Vida é uma busca - como outros filmes do Aronofsky - por uma grande resposta. A cena em que Tommy e a mulher estão no hospital e conversam sobre a morte, ela diz que sente-se pronta, que quando morresse deixaria de ser aquela forma, seria outra; um fruto que seria comido por passarinhos; ela estaria em tudo; seus átomos estariam em tudo. Quanto a conexão das três histórias, para mim chegam todas ao mesmo significado (até em uma cena muito contrária ao normal, onde se diz "Eu vou morrer" sorrindo): as três correndo atrás da imortalidade, mas a unica coisa que obtiveram foi a certeza inevitável de deixar de ser o que é, para ser outra coisa. Me lembra Lavoisier, "Nada se perde, tudo se transforma". Quem sabe não seja isso mesmo? O homem chegar na plenitude de perder o medo, vencer o desconhecido, e se deixar ser simplesmente. Se você procura uma experiência sinestésica, gostará bastante desse filme, vale à pena! E putz, que trilha sonora.
No começo, a estética meio novelística, me havia deixado a desejar, achei que fosse assistir a um longa força barra, mas acabei me envolvendo. É um filme simples, despretensioso, a maioria das construções de cenas não são ricccas cinematograficamente, mas cara, achei uma delícia de assistir. Acho que o roteiro, apesar de super direto, me prendeu, fiquei ali junto das personagens tentando adivinhar quem ganharia o coração de Dóris. Tem umas cenas muito bonitas, é bem singelo.
Desencontros (e encontros) e desventuras da vida. Achei incrível poder entrar em contato com a visão de cada personagem, o diretor conseguiu a construção de personagens densos, que defendiam seus pontos de vista. É bastante agoniante ver como as vidas se esbarram, as coincidências podem estar no limite de acontecerem, mas não acontecem. Porque será? Dá o que pensar. A fotografia é lindíssima, as atuações muito boas, as vezes o ritmo lento dá uma pesada, mas vale conferir!
É um filme que traz uma estética diferente, me incomodou algumas cenas que parecia malhação indiana, mas logo me desgrudei disso e comecei a tratar aquelas partes como sei lá, um musical rs. Enfim, é muito bonito em sua construção e mensagem! O nome traduz muito bem a crítica à guerra, ao morrer pela pátria, não ter seu destino livre, seguir alienadamente regras que estimulam a violência. Outra questão que eu achei interessante foi logo no começo, quando estão dançando e são interrompidos, o embate é sobre a música e os hábitos ocidentais, a perda da cultura deles. Bem, eu não acho que estejam certos de proibi-los - até porque é uma das formas de manter o sistema funcionando do jeito deles - mas realmente, é algo para se pensar sobre a perda da cultura.
A cena em que os garotos tiram a camisa e saem correndo pelo gramado, e pulam em câmera lenta, realmente dá uma sensação de liberdade muito gostosa. Fiquei sorrindo um tempão.
Esse longa foi um frescor pra mim, ele tem algo de novo. Pode-se dizer até ingênuo, prematuro, mas eu gosto. Esperava pouco, muito pouco, e quando comecei a assisti-lo, nos primeiros minutos, não levei fé. Mas o tempo foi passando e eu adentrei à trama, que por sinal, tem sua peculiaridade. Gostei bastante da forma como colocaram os contrates políticos com a linguagem poética do teatro. Quanto à fotografia, realmente fica pedindo uma melhor qualidade em certas partes, e a atuação de alguns atores me pareceram forçadas.
O filme começa com diálogos sensacionais, daqueles que te martelam na cabeça! Engata-se uma narrativa desafiando o espectador, são indagações sobre Deus; Diabo; a vida; a morte; os simbolismos; o que seria pecado e maldade e o amor. Tem uma parte muito interessante, quando Fausto começa a ler "No princípio era o Verbo", e segue "No princípio era o pensamento" e depois "No princípio era Eu". Tanta angústia humana (apesar das atuações serem sérias), uma busca pelo "eu" humano, pelo infinito e pela alma. Margaret parece representar a pureza, ao contrário do Fausto "corrompido". O lance é que alguns momentos o filme também transmite que a ideia de Bem ou Mal não existe, o que existe são as motivações. Ao chegar em certos pontos, senti pesar o andamento, acabou me desnorteando da reflexão. Mas com certeza é um filme que vale conferir, talvez o meu incômodo seja pela falta de trilha sonora que encadeia uma dinâmica, eu não sei. A fotografia de Bruno Delbonnel é belíssima, impressionante.
Uau, que filme f-o-d-a! Nunca vi reflexão melhor sobre o homem moderno e televisionado do que esse longa, é genial. O legal do Cronenberg é que ele não trabalha na superfície da coisa, ele foi a fundo, me deixou questionando coisas ainda não cavucadas dentro de mim. O filme já começa com uma grande questão "A agressão e a perversão vendidas nos programas de TV afetam a interpretação do homem, é ruim?" Cara, isso é fantástico de se pensar sobre. Mais tarde chegam várias outras frases contestadoras, quase que diziam "Mostramos os humanos agindo de acordo com seus delírios, passamos à eles (cena onde a fita é colocada na barriga), eles agem assim". É também uma crítica aos que assistem, logicamente. A cena onde a moça conversa com Max e o chama, e o engole, literalmente. E não só com a TV, também no início a moça diz algo como "aos estímulos". O final faz o papel, ao meu ver, de colocar tudo em contradição... o homem e a TV como um ser só, será então a natureza humana? Perversos e alucinados? Presos à carne e capazes de se auto destruir? São várias cenas, elas oferecem um leque de muitas interpretações, é um filme que vale muito sua atenção, pode apostar!
Acho que o Philippe se deu melhor nos filmes que fez anteriormente. É um bom filme, mas fiquei esperando algo que nunca chegava. Eu não sei, talvez por ter assistido vários outros longas dele que eram bastante diferente desse. Eu sou fã da atuação do Louis, mas como alguém comentou aqui em baixo, é meio que a mesma linha... queria vê-lo por um momento surtar, sair de si, ele parece estar sempre no controle do papel, queria ver o papel o dominando. Quanto ao enredo, percebo que o Philippe realmente tem uma fixação louca por suicídios, eu acho um tema curiosíssimo de se tratar, mas neste filme não me cativou. Claro que vemos a evidente submissão do personagem à ideia de amor e casamento... para ele é melhor morrer do que perder a mulher. Em contra partida tem aquela imagem do avô, lhe perguntando "Como assim a sua vida não faz sentido sem ela?" e rindo. Mas são poucos momentos. Ficou morno, bem morninho. Achei bastante coisa casualmente jogada à tela, pequenas frases sobre política que fico me perguntando o que estavam fazendo ali. Falta uma substância que conecte tudo. Porém, o fato do enredo conter uma narração que vai e volta, para incluir os personagens me manteve. Enfim, eu posso não ter entendido algumas mensagens, mas eu esperava algo diferente. Não sei.
O ponte forte desse diretor com certeza é criar climas, ele embala a cena com uma trilha sonora que bate muito bem com o que os personagens estão sentindo. Isso dá uma força gigantesca, quando se trabalha com a música a favor, você pode melhorar em mil uma obra. As sequências foram bem estruturadas, sem muitos cortes, era bem natural, as atuações dos jovens também são ótimas. Como já disseram, há problemas de coerência e isso faz não ganhar completamente o espectador mas... é um bom filme! Juventude confusa, mergulhada nas drogas, liberdade é confundida com anarquia. Mas é impossível não se dizer que o lindo desse período é a busca pelos sentimentos, pela sensação, pelo viver. Talvez a vida fosse mais brilhante se essa faísca tomasse mais força nos dias de hoje, claro que com moral pra não acontecer essa onda das viagens psicodélicas, mas parecia ser um período fantástico.
Tive uma boa surpresa com esse filme, sério. As atuações são incríveis, me emocionei com esse final. Eu achei esse filme no ponto, diversos longas que abordam este tema são recheados de clichês, mas este tem algo diferente. Você percebe que são pessoas que tentam achar desesperadamente algo para se agarrar em meio aquela realidade, são pessoas normais, apenas perdidas num mundo que não tem muitas oportunidades. Ao contrário da opinião de muitos, não achei apelativo sexualmente, esse filme tem a obrigação de mostrar a convivência, as relações daqueles personagens, se não, seus dramas não fariam sentido, ele cumpre o papel.
Cara, impossível não se apaixonar pelo estilo do Philippe de filmar. Estou cada vez mais fã! Ele conduz calmamente, parece saber o que faz e dirige o espectador pra emoção que ele deseja causar. Achei os diálogos fantásticos, bastante embate sobre o ser "ator". Tem muita força dentro desses diálogos, lá pelo final tem um maravilhoso, sobre amor, vida e morte. Garrel foca nas expressões e reações, é muito envolvente. A trilha sonora e a fotografia são pontos super fortes também, colaboram para o clima do filme, achei inebriante!
Poxa, eu não achei vago e com o roteiro fraco, como muitos disseram. Ele retrata muito bem o período, não era apenas uma mudança social, mas uma mudança de comportamento pessoal, um novo estilo de ver a vida, uma busca pela personalidade própria. Nesse período, por causa de todos os acontecimentos, surgiram muitos artistas, e eu tenho lido e procurado bastante coisa sobre a discussão do tema arte. Se a arte forma cultura; se ela é a ferramenta de revolução. E eu acho que esse é um dos pontos desse filme, a arte e sua solidão, a busca por algo que nem ele sabe, fica evidente nos diálogos. Não é um roteiro de grandes acontecimentos, mas é um recorte exato do título "Depois de Maio". E aí? O que aquelas pessoas fariam depois? Qual era o sentido da vida delas? Bom, eu gostei pra caramba, virou referência de boa trilha sonora e fotografia, e achei o enredo gostoso no desenrolar.
A atuação de Jack é monstruosa, me fez acreditar, juro. Quanto a história, eu não curto muito esse tipo de coisa, mas ok, para o gênero terror Kubick fez milagre em me prender, a direção é muito boa. É raro ver um filme destes que não é aquela escuridão, ele conseguiu criar a loucura apenas com a tensão entre os atores.
Pois é, sempre tive essa teoria de que o mundo estaria literalmente conectado em todo seu entorno. Todos nós já vivenciamos aquelas coincidências inacreditáveis de conhecer alguém que conhecia outro alguém e assim vai. Ou simplesmente quando você não encontra uma pessoa por coisa de cinco segundos. São vidas se esbarrando, se alterando, cada ação, cada bifurcação que alguém toma, faz diferença na minha e na sua vida. Ação e reação, uma hora te atinge. Assim como tudo que você faz. A direção do Fernando é gostosa, é um filme interessante, não tem nada de monumental, mas ele cumpre muito bem a proposta, eu achei delicioso assistir todos os dramas pessoas que se entrelaçam.
"...sufocando sobre o peito. Eu quero ser livre" Diálogos fantásticos. A arte, a criação é um movimento poderoso, quando se inicia, jamais cessa. É um quer voar pra fora e pra dentro de si mesmo, é uma relação com os outros e ao mesmo tempo com sua própria pessoa. Putz, Bergmaaaaaan me ganha cada vez mais com esses filmes. Eu realmente me identifico com essa angústia toda.
Oh, meu deus, que decepção. Isso prova como nem um filme com dois granes atores (que apesar de tudo cumpriram seu papel) pode se salvar quando o enredo e a execução são falhos. Cara, a premissa desse filme é fantástica, quatro mágicos que recebem cartas e são unidos para realizarem grandes truques/golpes. Ok, a premissa é essa. Mas o enredo é completamente falho, sério. Super previsível, abarrotado de efeitos especiais impossíveis de acontecer na vida real (e o pior é que o filme é pra se assemelhar à vida real) e nenhuma saca genial. E o que foi aquele final? Parece que não tinham nada pra colocar e pensaram "Hmmm, precisamos mudar o rumo do esperado, mesmo que seja sem pé e cabeça, aí a gente inventa uma justificativa que aparece de repente no filme e fica tudo certo". Pra mim isso não funcionou, eu tentei, mas não valeu o preço do ingresso ]= Tem vários outros filmes de mágica que cumprem o papel e falam muito melhor sobre o tema do que esse. É uma pena, a premissa era boa.
Almodóvar cria as tramas mais inusitadas, e este não foi caso à parte, também é surpreendente. Esse filme é puro sentimento, muito bonito de assistir, construção de personagens e de cenas super bem feito.
É um enredo surpreendente, eu não esperava que a coisa iria se desenrolar dessa forma, mas não é nada que transcende. É gostoso de assistir, são situações absurdas, chega a ser engraçado, eu curti ver. As atuações são ótimas, o Banderas consegue ser tão convincente que até nos afeiçoamos pela loucura dele (e putz, ele tá sexy demais). Aquele final é completamente inesperado, bizarro, gostei. Pessoas e sentimentos, nunca vamos entender! Se pudesse descreveria como doideira haha
Caramba, que filme forte. Toda o furação dentro de Anna vai contaminando o espectador cena por cena, no final do filme, está tão saturado dos sentimentos quanto o próprio personagem, muito envolvente. A atuação de Noomi Repace é incrível, ela se entregou completamente ao filme, impecável. Descrição desse filme é angústia! Quanto ao enredo, incrível, o desespero de Anna é tratado de forma densa e obscura, é cruel de observar. As várias referências, quase constantes, sobre "Persona" (Bergman) colocava as falas da personagem contra a parede, enfrentar sua culpa, seus devaneios, seu trauma do estupro, cara é um filme muito bom!
É intenso, denso, consistente. Engraçado como um diretor pode fazer coisas completamente diferentes, em "Idade da Terra" eu simplesmente rejeitei o jeito como ele quis passar as coisas, e neste, eu adorei. A crítica desse filme é MUITO boa! A sequência final é fantástica, desde a cena do beijo até a corrida ao som daquela música. É, a terra não é nem de Deus nem do Diabo, é dos homens. O tema religião é constante, se vê a discussão sobre uma ilha, que seria onde seriam todos recompensados pelo sofrimento. Numa situação como aquela, de vida sem água, de coisa escassa, de perigo eminente, pensar na esperança era a unica solução para aquelas pessoas. Há também vários diálogos sobre justiça e violência, o jeito que o Glauber construiu as cenas envolve. As músicas (aliás com letras completamente significativas para o enredo, se não parte dele) conectando as transições deram profundidade aos personagens. Pois é, não achei chato, achei real.
Atravessando a Ponte: O Som de Istambul
4.0 32Esse documentário é encantador! Fiquei impressionada, realmente, a música dessa região recebe muito a influência do Oriente e do Ocidente, para que se fechar? Fica muito mais interessante mesclar os dois, como diversos artistas fizeram. Os depoimentos, as vivências, os shows, são muito sinceros, achei uma delícia assistir. É uma cultura musical que não chega até nós, uma pena.
Donnie Darko
4.2 3,8K Assista AgoraFinalmente pude assistir o famoso Donnie Darko. A estrutura misteriosa, que aos poucos é revelada, faz do roteiro um ponto forte que instiga o espectador. Assim, pra quem nunca teve a curiosidade ou oportunidade de ler um pouco sobre teorias de viagem no tempo, deve ter sido meio enrolado, como eu já sabia um pouquinho sobre o tema (admito, assisto nerdices do discovery) não ficou complicado de sacar mais ou menos o que rolaria quando Donnie estava a discutir com o professor, sobre os buracos de minhoca. As implicações do personagem consigo mesmo, colocando-o de cara com o futuro, o fim de tudo, o fim de sua existência, acho que isso que criou um pouco da realidade psicológica do personagem.
A cada cena que passa você descobre um pouco do desenrolar da trama, é interessante esse modelo de embaralhar tudo e deixar que no final as peças se encaixem. Sou fã, deve ser foda construir um roteiro assim. E em relação ao final, quantas vezes eu já não pensei nisso... será que eu já voltei no passado, minha vida atual é o passado, e eu nem sei?
O Monge
3.2 84 Assista AgoraPosso começar elogiando bastante a fotografia, é belíssima, arrasadora. Atuação do Cassel é tão forte que chega a ser desconfortável assistir. Le Moine é uma pesada crítica, notavelmente bem estruturada, regada de elementos que sempre adicionam um significado às cenas. É preciso ficar atento aos detalhes, como o filme é lento, acabar se desligando pode atrapalhar o entendimento. Captei esse longa como um recorte da época mais sórdida do homem, os desejos da carne tendo como fim a ardente fogueira, o confinamento, a morte. Homens que confundiam - e confundem até os dias atuais - o acreditar em Deus e o seguir uma religião. Homens que se apossavam do medo e de seu poder para cometer absurdos. Achei muito interessante ficar a reparar nos detalhes, por exemplo, a cor da capa de Antonia era vermelha, a cor do desejo; quando a mãe concede ao padre a permissão de falar com Antonia, mas apenas sobre a supervisão de Leonella... seria uma metáfora em relação à supervisão divina, que evitaria pecados; há também a parte que o padre diz que a moça deveria temer o que Deus pensaria, e não a punição de seu pecado, que deveria aliás ansiar por essa punição. Enfim, achei a crítica muito boa, apesar de lento, é um filme que vale, com certeza!
Fonte da Vida
3.7 778 Assista AgoraIncrível, ainda estou tentando digerir o que acabei de ver. Aronofsky acertou de novo, muito profundo, conecta lá no fundo da alma. O que temos aqui é uma obra que trabalha muito bem o conceito de morte, o mais interessante é que abre margem pra diversas interpretações. Acredito que tenham pequenos significados em todas as cenas, tudo que está impregnado nelas tem seu propósito, escrever sobre cada uma daria cinco páginas, é tentador, mas isso fica por conta de cada um chegar a sua própria conclusão. A Fonte da Vida é uma busca - como outros filmes do Aronofsky - por uma grande resposta. A cena em que Tommy e a mulher estão no hospital e conversam sobre a morte, ela diz que sente-se pronta, que quando morresse deixaria de ser aquela forma, seria outra; um fruto que seria comido por passarinhos; ela estaria em tudo; seus átomos estariam em tudo. Quanto a conexão das três histórias, para mim chegam todas ao mesmo significado (até em uma cena muito contrária ao normal, onde se diz "Eu vou morrer" sorrindo): as três correndo atrás da imortalidade, mas a unica coisa que obtiveram foi a certeza inevitável de deixar de ser o que é, para ser outra coisa. Me lembra Lavoisier, "Nada se perde, tudo se transforma". Quem sabe não seja isso mesmo? O homem chegar na plenitude de perder o medo, vencer o desconhecido, e se deixar ser simplesmente.
Se você procura uma experiência sinestésica, gostará bastante desse filme, vale à pena! E putz, que trilha sonora.
Depois Daquele Baile
3.5 29No começo, a estética meio novelística, me havia deixado a desejar, achei que fosse assistir a um longa força barra, mas acabei me envolvendo. É um filme simples, despretensioso, a maioria das construções de cenas não são ricccas cinematograficamente, mas cara, achei uma delícia de assistir. Acho que o roteiro, apesar de super direto, me prendeu, fiquei ali junto das personagens tentando adivinhar quem ganharia o coração de Dóris. Tem umas cenas muito bonitas, é bem singelo.
Do Outro Lado
4.1 79Desencontros (e encontros) e desventuras da vida. Achei incrível poder entrar em contato com a visão de cada personagem, o diretor conseguiu a construção de personagens densos, que defendiam seus pontos de vista. É bastante agoniante ver como as vidas se esbarram, as coincidências podem estar no limite de acontecerem, mas não acontecem. Porque será? Dá o que pensar. A fotografia é lindíssima, as atuações muito boas, as vezes o ritmo lento dá uma pesada, mas vale conferir!
Gênio Indomável
4.2 1,3K Assista AgoraCara, que filminho gostoso de ver. Se você procura um filme descontraído, mas não uma baboseira, com certeza é uma ótima escolha!
Pinte de Açafrão
3.9 37 Assista AgoraÉ um filme que traz uma estética diferente, me incomodou algumas cenas que parecia malhação indiana, mas logo me desgrudei disso e comecei a tratar aquelas partes como sei lá, um musical rs. Enfim, é muito bonito em sua construção e mensagem! O nome traduz muito bem a crítica à guerra, ao morrer pela pátria, não ter seu destino livre, seguir alienadamente regras que estimulam a violência. Outra questão que eu achei interessante foi logo no começo, quando estão dançando e são interrompidos, o embate é sobre a música e os hábitos ocidentais, a perda da cultura deles. Bem, eu não acho que estejam certos de proibi-los - até porque é uma das formas de manter o sistema funcionando do jeito deles - mas realmente, é algo para se pensar sobre a perda da cultura.
A cena em que os garotos tiram a camisa e saem correndo pelo gramado, e pulam em câmera lenta, realmente dá uma sensação de liberdade muito gostosa. Fiquei sorrindo um tempão.
Cara ou Coroa
2.9 24Esse longa foi um frescor pra mim, ele tem algo de novo. Pode-se dizer até ingênuo, prematuro, mas eu gosto. Esperava pouco, muito pouco, e quando comecei a assisti-lo, nos primeiros minutos, não levei fé. Mas o tempo foi passando e eu adentrei à trama, que por sinal, tem sua peculiaridade. Gostei bastante da forma como colocaram os contrates políticos com a linguagem poética do teatro. Quanto à fotografia, realmente fica pedindo uma melhor qualidade em certas partes, e a atuação de alguns atores me pareceram forçadas.
Fausto
3.4 220O filme começa com diálogos sensacionais, daqueles que te martelam na cabeça! Engata-se uma narrativa desafiando o espectador, são indagações sobre Deus; Diabo; a vida; a morte; os simbolismos; o que seria pecado e maldade e o amor. Tem uma parte muito interessante, quando Fausto começa a ler "No princípio era o Verbo", e segue "No princípio era o pensamento" e depois "No princípio era Eu". Tanta angústia humana (apesar das atuações serem sérias), uma busca pelo "eu" humano, pelo infinito e pela alma. Margaret parece representar a pureza, ao contrário do Fausto "corrompido". O lance é que alguns momentos o filme também transmite que a ideia de Bem ou Mal não existe, o que existe são as motivações. Ao chegar em certos pontos, senti pesar o andamento, acabou me desnorteando da reflexão. Mas com certeza é um filme que vale conferir, talvez o meu incômodo seja pela falta de trilha sonora que encadeia uma dinâmica, eu não sei. A fotografia de Bruno Delbonnel é belíssima, impressionante.
Videodrome: A Síndrome do Vídeo
3.7 546 Assista AgoraUau, que filme f-o-d-a! Nunca vi reflexão melhor sobre o homem moderno e televisionado do que esse longa, é genial. O legal do Cronenberg é que ele não trabalha na superfície da coisa, ele foi a fundo, me deixou questionando coisas ainda não cavucadas dentro de mim. O filme já começa com uma grande questão "A agressão e a perversão vendidas nos programas de TV afetam a interpretação do homem, é ruim?" Cara, isso é fantástico de se pensar sobre. Mais tarde chegam várias outras frases contestadoras, quase que diziam "Mostramos os humanos agindo de acordo com seus delírios, passamos à eles (cena onde a fita é colocada na barriga), eles agem assim". É também uma crítica aos que assistem, logicamente. A cena onde a moça conversa com Max e o chama, e o engole, literalmente. E não só com a TV, também no início a moça diz algo como "aos estímulos". O final faz o papel, ao meu ver, de colocar tudo em contradição... o homem e a TV como um ser só, será então a natureza humana? Perversos e alucinados? Presos à carne e capazes de se auto destruir? São várias cenas, elas oferecem um leque de muitas interpretações, é um filme que vale muito sua atenção, pode apostar!
Um Verão Escaldante
3.0 121Acho que o Philippe se deu melhor nos filmes que fez anteriormente. É um bom filme, mas fiquei esperando algo que nunca chegava. Eu não sei, talvez por ter assistido vários outros longas dele que eram bastante diferente desse. Eu sou fã da atuação do Louis, mas como alguém comentou aqui em baixo, é meio que a mesma linha... queria vê-lo por um momento surtar, sair de si, ele parece estar sempre no controle do papel, queria ver o papel o dominando. Quanto ao enredo, percebo que o Philippe realmente tem uma fixação louca por suicídios, eu acho um tema curiosíssimo de se tratar, mas neste filme não me cativou. Claro que vemos a evidente submissão do personagem à ideia de amor e casamento... para ele é melhor morrer do que perder a mulher. Em contra partida tem aquela imagem do avô, lhe perguntando "Como assim a sua vida não faz sentido sem ela?" e rindo. Mas são poucos momentos. Ficou morno, bem morninho. Achei bastante coisa casualmente jogada à tela, pequenas frases sobre política que fico me perguntando o que estavam fazendo ali. Falta uma substância que conecte tudo. Porém, o fato do enredo conter uma narração que vai e volta, para incluir os personagens me manteve. Enfim, eu posso não ter entendido algumas mensagens, mas eu esperava algo diferente. Não sei.
Água Fria
3.8 23O ponte forte desse diretor com certeza é criar climas, ele embala a cena com uma trilha sonora que bate muito bem com o que os personagens estão sentindo. Isso dá uma força gigantesca, quando se trabalha com a música a favor, você pode melhorar em mil uma obra. As sequências foram bem estruturadas, sem muitos cortes, era bem natural, as atuações dos jovens também são ótimas. Como já disseram, há problemas de coerência e isso faz não ganhar completamente o espectador mas... é um bom filme! Juventude confusa, mergulhada nas drogas, liberdade é confundida com anarquia. Mas é impossível não se dizer que o lindo desse período é a busca pelos sentimentos, pela sensação, pelo viver. Talvez a vida fosse mais brilhante se essa faísca tomasse mais força nos dias de hoje, claro que com moral pra não acontecer essa onda das viagens psicodélicas, mas parecia ser um período fantástico.
Cidade Baixa
3.4 356 Assista AgoraTive uma boa surpresa com esse filme, sério. As atuações são incríveis, me emocionei com esse final. Eu achei esse filme no ponto, diversos longas que abordam este tema são recheados de clichês, mas este tem algo diferente. Você percebe que são pessoas que tentam achar desesperadamente algo para se agarrar em meio aquela realidade, são pessoas normais, apenas perdidas num mundo que não tem muitas oportunidades. Ao contrário da opinião de muitos, não achei apelativo sexualmente, esse filme tem a obrigação de mostrar a convivência, as relações daqueles personagens, se não, seus dramas não fariam sentido, ele cumpre o papel.
Beijos de Emergência
3.6 9Cara, impossível não se apaixonar pelo estilo do Philippe de filmar. Estou cada vez mais fã! Ele conduz calmamente, parece saber o que faz e dirige o espectador pra emoção que ele deseja causar. Achei os diálogos fantásticos, bastante embate sobre o ser "ator". Tem muita força dentro desses diálogos, lá pelo final tem um maravilhoso, sobre amor, vida e morte. Garrel foca nas expressões e reações, é muito envolvente. A trilha sonora e a fotografia são pontos super fortes também, colaboram para o clima do filme, achei inebriante!
Depois de Maio
3.2 83 Assista AgoraPoxa, eu não achei vago e com o roteiro fraco, como muitos disseram. Ele retrata muito bem o período, não era apenas uma mudança social, mas uma mudança de comportamento pessoal, um novo estilo de ver a vida, uma busca pela personalidade própria. Nesse período, por causa de todos os acontecimentos, surgiram muitos artistas, e eu tenho lido e procurado bastante coisa sobre a discussão do tema arte. Se a arte forma cultura; se ela é a ferramenta de revolução. E eu acho que esse é um dos pontos desse filme, a arte e sua solidão, a busca por algo que nem ele sabe, fica evidente nos diálogos. Não é um roteiro de grandes acontecimentos, mas é um recorte exato do título "Depois de Maio". E aí? O que aquelas pessoas fariam depois? Qual era o sentido da vida delas? Bom, eu gostei pra caramba, virou referência de boa trilha sonora e fotografia, e achei o enredo gostoso no desenrolar.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraA atuação de Jack é monstruosa, me fez acreditar, juro. Quanto a história, eu não curto muito esse tipo de coisa, mas ok, para o gênero terror Kubick fez milagre em me prender, a direção é muito boa. É raro ver um filme destes que não é aquela escuridão, ele conseguiu criar a loucura apenas com a tensão entre os atores.
360
3.4 928 Assista AgoraPois é, sempre tive essa teoria de que o mundo estaria literalmente conectado em todo seu entorno. Todos nós já vivenciamos aquelas coincidências inacreditáveis de conhecer alguém que conhecia outro alguém e assim vai. Ou simplesmente quando você não encontra uma pessoa por coisa de cinco segundos. São vidas se esbarrando, se alterando, cada ação, cada bifurcação que alguém toma, faz diferença na minha e na sua vida. Ação e reação, uma hora te atinge. Assim como tudo que você faz. A direção do Fernando é gostosa, é um filme interessante, não tem nada de monumental, mas ele cumpre muito bem a proposta, eu achei delicioso assistir todos os dramas pessoas que se entrelaçam.
O Rito
4.0 46"...sufocando sobre o peito. Eu quero ser livre" Diálogos fantásticos. A arte, a criação é um movimento poderoso, quando se inicia, jamais cessa. É um quer voar pra fora e pra dentro de si mesmo, é uma relação com os outros e ao mesmo tempo com sua própria pessoa. Putz, Bergmaaaaaan me ganha cada vez mais com esses filmes. Eu realmente me identifico com essa angústia toda.
Truque de Mestre
3.8 2,5K Assista AgoraOh, meu deus, que decepção. Isso prova como nem um filme com dois granes atores (que apesar de tudo cumpriram seu papel) pode se salvar quando o enredo e a execução são falhos. Cara, a premissa desse filme é fantástica, quatro mágicos que recebem cartas e são unidos para realizarem grandes truques/golpes. Ok, a premissa é essa. Mas o enredo é completamente falho, sério. Super previsível, abarrotado de efeitos especiais impossíveis de acontecer na vida real (e o pior é que o filme é pra se assemelhar à vida real) e nenhuma saca genial. E o que foi aquele final? Parece que não tinham nada pra colocar e pensaram "Hmmm, precisamos mudar o rumo do esperado, mesmo que seja sem pé e cabeça, aí a gente inventa uma justificativa que aparece de repente no filme e fica tudo certo". Pra mim isso não funcionou, eu tentei, mas não valeu o preço do ingresso ]= Tem vários outros filmes de mágica que cumprem o papel e falam muito melhor sobre o tema do que esse. É uma pena, a premissa era boa.
Carne Trêmula
4.0 585Almodóvar cria as tramas mais inusitadas, e este não foi caso à parte, também é surpreendente. Esse filme é puro sentimento, muito bonito de assistir, construção de personagens e de cenas super bem feito.
Ata-me!
3.7 550É um enredo surpreendente, eu não esperava que a coisa iria se desenrolar dessa forma, mas não é nada que transcende. É gostoso de assistir, são situações absurdas, chega a ser engraçado, eu curti ver. As atuações são ótimas, o Banderas consegue ser tão convincente que até nos afeiçoamos pela loucura dele (e putz, ele tá sexy demais). Aquele final é completamente inesperado, bizarro, gostei. Pessoas e sentimentos, nunca vamos entender! Se pudesse descreveria como doideira haha
Daisy Diamond
3.9 127Caramba, que filme forte. Toda o furação dentro de Anna vai contaminando o espectador cena por cena, no final do filme, está tão saturado dos sentimentos quanto o próprio personagem, muito envolvente. A atuação de Noomi Repace é incrível, ela se entregou completamente ao filme, impecável. Descrição desse filme é angústia! Quanto ao enredo, incrível, o desespero de Anna é tratado de forma densa e obscura, é cruel de observar. As várias referências, quase constantes, sobre "Persona" (Bergman) colocava as falas da personagem contra a parede, enfrentar sua culpa, seus devaneios, seu trauma do estupro, cara é um filme muito bom!
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 428 Assista AgoraÉ intenso, denso, consistente. Engraçado como um diretor pode fazer coisas completamente diferentes, em "Idade da Terra" eu simplesmente rejeitei o jeito como ele quis passar as coisas, e neste, eu adorei. A crítica desse filme é MUITO boa! A sequência final é fantástica, desde a cena do beijo até a corrida ao som daquela música. É, a terra não é nem de Deus nem do Diabo, é dos homens. O tema religião é constante, se vê a discussão sobre uma ilha, que seria onde seriam todos recompensados pelo sofrimento. Numa situação como aquela, de vida sem água, de coisa escassa, de perigo eminente, pensar na esperança era a unica solução para aquelas pessoas. Há também vários diálogos sobre justiça e violência, o jeito que o Glauber construiu as cenas envolve. As músicas (aliás com letras completamente significativas para o enredo, se não parte dele) conectando as transições deram profundidade aos personagens. Pois é, não achei chato, achei real.