Se você nunca imaginou ver o Bergman - tão sério, existencialista e carregado no drama - fazendo uma comédia, não está sozinho. E olha que no final das contas, a coisa toda funcionou, quem diria! Preciso confessar que até a metade do filme, pouco havia entendido sobre toda a intenção do longa, mas a partir daí, Coernelius passa a soltar frases que tornam a trama com uma direção ao tema "crítica". "Quem escolhe o que é importante?" É um diálogo entre a obra e o crítico olhar diante dela. Como este próprio texto... o biógrafo torna viva a arte. "Para Não Falar de Todas Essas Mulheres" detém cenas com significados implícitos, e acredito que a comédia tenha permitido Bergman de estruturá-las dessa forma. Os atores são incríveis de intensos, é um baita filme, surpreendente.
Assistir "Pacific Vibrations" nos dias atuais é genial, puts! Toda a alma dos anos setenta no surf de perto, demais. Até a maneira escolhida para construir as cenas remonta um espírito de sensações, tudo muito cinestésico.
É certo: o que acontece nesse filme te deixa baqueado. Querer entender é uma necessidade, mesmo que não dê em nada. Há uma atmosfera Lynchiana, e já no começo percebemos que será um longa denso e sério, que encara e mergulha na alma e na mente. Causa estranheza pela natureza tão real das personagens, e muito bem observado por um cinéfilo "principalmente pelo que não é dito por essas personagens em suas relações". Parece que a grande chave de "Caché" está com o foco na consciência.
Haneke parecia querer dizer - com o personagem de Georges - que o mal está na consciência. Como assim? Construímos, durante nossa criação (e cita por entrelinhas na cena do escritório), a noção de maldade, os conceitos negativos, a mentira, a falta de respeito (talvez haja também a comparação entre a figura do Georges e de Anne. Alguns não conseguem dormir a noite, com peso por determinadas ações, já outros...
Vim pensando qual das metáforas geniais do filme eu citaria, para instigar alguém à assistir. Mas como faria isto? O longa é composto inteirinho por metáforas! São as representações das personagens, as citações sobre luz e a energia em contraposição com o escuro do quarto, o medo. É a loucura, o fora do senso comum te rondando. O muro, a indecisão de estar no limite, entre a regra e a sensação. Pular o último bloqueio que te protege do desconhecido? "A Ovelha Negra" consegue te colocar no fio estreito da contradição que cerca a mente humana, é profundo e cheio de poesia, com uma bela construção - filosófico sem ser sonolento. E aí, para que servem os loucos?
Me disseram que era um filme de arrepiar os cabelos do braço quando lembrado. E realmente, é! "Olga" é um longa que tem sua qualidade, todo bem construído, e pode calar a boca de qualquer críticazinha salgada. Beleza, há um tom fantasioso em certas partes, e por vezes detalhes que se distanciam da realidade, mas Cinema - mesmo o biográfico - também trabalha com a cinematografia das coisas. O que funciona, o que não funciona, o que deve ser romantizado para passar a intenção... oras! As atuações são incríveis e eu não acho que deva ser um filme descartado por não obedecer todos os quesitos verídicos e regras, talvez ele venha pra reforçar ou esclarecer (para os desavisados) o momento político vivido.
Esperava elogios imensos a este filme, acabo de me surpreender ao ler críticas (e dá lá pra confiar em críticas? Tire por si). Contrariando a média, eu não consigo dizer nada de ruim deste longa, aliás para mim, é Cinema Nacional de qualidade! Não há exageros, ou fantasiosidade da realidade, é a indignação crua de um trabalhador desesperado, absorvido por toda a moral. Além do cunho social, vemos a questão da religiosidade presente, como um embate do personagem Otoniel e o padre. Gente, tem coisa mais real que isso? Pessoas se aproveitando da instabilidade alheia e justificando-se por meio de um Deus. O final não poderia ser melhor... uma crítica; seus vários ângulos; o punho atado; quem leva o tiro?
É um longa muito bacana! Os diretores conseguiram de forma impressionante, criar o clima de suspense, a atmosfera que desde o início é revestida por um forte ar mistério. Além do que, no final das contas, toda a coisa exagerada serve de pretexto para uma bela de uma crítica ao chamado homem moderno. Adorei a forma como os fatos cotidianos foram introduzidos, sem eles, a crítica/metáfora (e a comédia escondidinha ali também) não seriam possíveis. Um grito aos homens das cavernas, uga.
A sinopse do filme resume exatamente o que acontece nos 78 minutos. Eu tenho quedinha por abordagens diferentes e rudes (estilo Lars von Trier e David Lynch), que permeiam as cenas por meio de imagens bastante representativas. Imagino ser de grande dificuldade dar o simbolismo/significado, como no caso deste média-metragem, onde a qualidade da imagem é quase um borrão, e por meio de sombras e cronologia dos fatos, você vai deduzindo o que se passa. E as cenas pesadas... metáforas. A humanidade sendo estuprada, queimada, tiradas as tripas, isso é muito significativo. Contudo, a duração pesou muito, e tornou algo que tinha o potencial para ser uma dura (e põe dura nisso) crítica, para se tornar algo que você conta os minutos para chegar ao fim, por conta da estagnação e repetição das imagens.
Caraca, um filme que poderia se tornar super massivo e pesado - por tratar de assuntos intricados - foi feito com uma delicadeza admirável. "Em Um Mundo Melhor" consegue equilibrar seu lado racional e crítico com o psicológico das personagens, criando um longa incrível, onde as representações estão muito bem postas. Se você reparar bem, o diretor coloca nuvens passando para indicar os pontos de reviravolta, os chamados ventos da mudança. O menino caminhando à passos do abismo, entende-se como uma relação com a morte, o sentimento de proximidade. Portanto, há bastante metáfora, música boa, atuações vívidas e um enredo reflexivo, recheado de filosofia e sociologia, vale muito!
Eu gosto bastante do Cinema Nacional, de fato podemos produzir muita coisa boa! Mas na maratona que estou, de ver filmes locais, percebo uma mania em grande parte (veja bem, grande parte não significa todos), de apresentar um final completamente quimérico. A coisa descamba, vira uma coisa que a vida não é. "O Homem que Copiava" tem a construção com bastante fundamentação, a narração de André atualiza o espectador a par de sua situação, o que depois, serve como base para "justificar" seus atos. E não tem como negar, o diretor consegue manter a curiosidade constante. Agora,
o cara roubar um banco daquele jeito, despreparado, e sair impune? Os amigos dividirem o dinheiro e sair na curtição? Gente! Legal a menina também observá-lo, foi uma sacadinha interessante, mas não salva o absurdo geral.
Impressionante, eu não sei se foi apenas na minha concepção, mas senti uma forte responsabilidade social atrelada a este documentário. Mais que uma aula completíssima de História, é também um alerta aos segredos guardados, a falta de interesse que acoberta um período negro da construção do Brasil. É realmente medonho pensar na grandeza de toda a coisa, era muita coisa envolvida... Não fazia idéia. E o pior é a cara de pau dos envolvidos, 18 mortes do coração? Fala sério.
Walter consegue criar Dora de forma tão real, que imprime a beleza de sua simplicidade tanto quanto as marcas da fraqueza humana, engrandece a personagem de uma forma incrível. Em "Central do Brasil", torna-se impossível não interiorizar toda o contexto vivido, é um filme que cria uma introspecção reflexiva pessoal, e digo, bastante emocional - até pela bela trilha sonora - a cerca dos assuntos que estão presentes nas situações dos protagonistas. Na escolha da fotografia, fica evidente os tons amarelados, por sinais muito bonitos, e que acompanham a palidez dos objetos em cena. As vezes, em meio aos tons pastéis, vemos uma cor, talvez uma alusão à esperança, a busca pelo "milagre" na vida dos dois personagens - que aliás, tornam-se queridos para o espectador.
Se você começar a assistir e não se animar, dê uma chance ao filme, ele vai te surpreender! (pelo menos no meu caso). Alain é o auge do Niilismo, se ele não pode tocar as coisas, se ele não é capaz de sentir, todo o sentido permanece longe. Por si só, não consegue se fixar na realidade, é o que dá a entender, nas cenas de conversa com o amigo sobre a juventude, passam grupos de crianças e adolescentes rindo por eles. Uma metáfora, elementos figurativos que acompanham diversos cenários. "Le feu follet" é um longa profundo, cheio de melancolia e discussões filosóficas existenciais nem tão jogadas à cara, mas ali escondidinhas, cumprindo seu papel.
Que beleza! Garrel parece entender muito bem o conceito de "audiovisual", é uma harmonia, uma conversa entre as partes. Adorei os closes, típico da Nouvelle Vague - Louis equilibra muito bem o andamento lincando com o estilo - e a câmera meio flutuante, dando uma naturalidade. Aliás, é uma história cheia de simplicidade, com apenas pequenos detalhes, criou-se uma trama interessantíssima. Os diálogos são muito significativos, há presença do teatro; discussão sobre o significado do amor; atuação e formação de personalidade; crise de personalidade e um dos temas que mais gosto, a estranha tristeza sem definição. Garrel como diretor pode fazer coisas ótimas, heim!
O roteiro é incrível, ocorre o desmembramento conforme o filme passa, as lacunas de tempo vão se encaixando. O clima construído cheio de melancolia, surge então a metáfora da fumaça, depois de diversas cenas com cigarro, me veio a lembrança da frase "A vida é um sopro. E é nesse suspiro que você deve se agarrar". A música, o violino e Irene eram o sopro, o suspiro de Nasser-Ali! Sem isso, nada lhe fazia sentido.
não teve jeito melhor de terminar o filme do que com aquela frase!
O conceito desse filme é muito interessante. Procurar vida inteligente, mas da mesma forma que a nossa, é um erro. Esse lance de homens verdes acenando só em imaginação, a realidade é que pode haver outras formas de vida que distinguem completamente da nossa percepção, sendo difícil percebê-las. O outro ponto pertinente é a criação de tecnologias que envolvam construções moleculares que o homem não controla, podendo criar uma guerra biológica. Bom, é um filme que vale muito ver, se as ficções de hoje fossem feitas assim atualmente... mais cabeça e menos lucro. Ah, impossível não notar a influência de "2001 Uma Odisseia no Espaço" na criação das cenas.
Ok, o filme tem um clima gostoso, mas oi? Nunca vi tamanha vontade de transformar o Brasil num lugar idealizado americanoide. Até a Bossa, o que acredito que seria uma homenagem ao Rio, foi cantada em Inglês.
É um filme que contrapõem a imagem idealizada de família, foge da ilusão da moral e evidencia bastante a hipocrisia da sociedade. Vale conferir, apesar do desfecho meio solto, levando-se em consideração o roteiro como um todo, e a proposta que ele passa, é uma mensagem escondida nas várias construções de cenas. Desde a linguagem das personagens, até o cenário, tudo diz algo sobre a vida e os dramas interiores daquelas figuras, que afinal, estão sem achar o ponto de equilíbrio. Confesso que me surpreendi com as atuações, uma cena em especial, da briga... incrível. Acreditei em cada gesto. Bom, creio que "A Casa de Alice" - que aliás tem uma ótima direção e condução do enredo - é um bom filme retratando acima de tudo, a hipocrisia.
"A Mulher do Lado" é um filme sentimental, guiado pelas emoções das personagens. Aqui, não os temos como certinhos, vemos pessoas que não conseguem lutar contra o sentimento que explode, contra a moral que suas vidas exigiam. O antigo casal não se vê há tempos, acreditam ter superado o distanciamento, mas quando a relação volta à tona, o amor "adormecido" aparece. A relação deles é bastante humana, o sentir ódio e ao mesmo tempo o desejo, o não conseguir sentir-se feliz por completo - mesmo acompanhado de uma família. Truffaut parece querer mostrar que o amor está sempre atropelando qualquer regra, ele está ali, mesmo que de uma forma estranha. Quanto ao final, típico da Nouvelle Vague,
Ahhh, que longa excelente! Acerta a discussão no ponto, o direito. Temos o direito de viver, porque não o de morrer? A morte historicamente - na maioria das populações/civilizações - foi um tabu, um assunto a ser evitado, rodeado de medo. O filme acerta na mosca em colocar evidenciada a herança moral que carregamos, do Estado que se diz laico, das influências da Igreja, da mentalidade de idade média. Além das várias reflexões trazidas pelo brilhante roteiro, a construção é certeira também: com o elenco certo e uma trilha sonora de arrepiar, "Mar Adentro" se torna um filme que merece muita atenção, sem dúvida!
Não tem como não elogiar a trilha sonora, se um filme é mediano, mas tem a trilha sonora correta, que dê sentido à trama, ele passa a se tornar bom. Se tirassem a trilha sonora, a obra não teria o significado que tem na construção das cenas. Não é uma estória inovadora, mas a forma como foi tratada, a tornou. A angústia da personagem é trabalhada progressivamente, e conforme aumenta, contagia o espetador também. Conclusão, não é uma estória "uau", mas a montagem geral fez com que houvesse aquela curiosidade que prende. Aliás, repararam que tem algo de francês nesse filme? Os enquadramentos, alguns planos, lembram muito. Atuação de Leandra é excelente.
Para Não Falar de Todas Essas Mulheres
3.5 34Se você nunca imaginou ver o Bergman - tão sério, existencialista e carregado no drama - fazendo uma comédia, não está sozinho. E olha que no final das contas, a coisa toda funcionou, quem diria! Preciso confessar que até a metade do filme, pouco havia entendido sobre toda a intenção do longa, mas a partir daí, Coernelius passa a soltar frases que tornam a trama com uma direção ao tema "crítica". "Quem escolhe o que é importante?" É um diálogo entre a obra e o crítico olhar diante dela. Como este próprio texto... o biógrafo torna viva a arte. "Para Não Falar de Todas Essas Mulheres" detém cenas com significados implícitos, e acredito que a comédia tenha permitido Bergman de estruturá-las dessa forma. Os atores são incríveis de intensos, é um baita filme, surpreendente.
Pacific Vibrations
4.5 1Assistir "Pacific Vibrations" nos dias atuais é genial, puts! Toda a alma dos anos setenta no surf de perto, demais. Até a maneira escolhida para construir as cenas remonta um espírito de sensações, tudo muito cinestésico.
Caché
3.8 384 Assista AgoraÉ certo: o que acontece nesse filme te deixa baqueado. Querer entender é uma necessidade, mesmo que não dê em nada. Há uma atmosfera Lynchiana, e já no começo percebemos que será um longa denso e sério, que encara e mergulha na alma e na mente. Causa estranheza pela natureza tão real das personagens, e muito bem observado por um cinéfilo "principalmente pelo que não é dito por essas personagens em suas relações". Parece que a grande chave de "Caché" está com o foco na consciência.
Haneke parecia querer dizer - com o personagem de Georges - que o mal está na consciência. Como assim? Construímos, durante nossa criação (e cita por entrelinhas na cena do escritório), a noção de maldade, os conceitos negativos, a mentira, a falta de respeito (talvez haja também a comparação entre a figura do Georges e de Anne. Alguns não conseguem dormir a noite, com peso por determinadas ações, já outros...
A Ovelha Negra
3.9 3Vim pensando qual das metáforas geniais do filme eu citaria, para instigar alguém à assistir. Mas como faria isto? O longa é composto inteirinho por metáforas! São as representações das personagens, as citações sobre luz e a energia em contraposição com o escuro do quarto, o medo. É a loucura, o fora do senso comum te rondando. O muro, a indecisão de estar no limite, entre a regra e a sensação. Pular o último bloqueio que te protege do desconhecido? "A Ovelha Negra" consegue te colocar no fio estreito da contradição que cerca a mente humana, é profundo e cheio de poesia, com uma bela construção - filosófico sem ser sonolento. E aí, para que servem os loucos?
Olga
3.8 1,3K Assista AgoraMe disseram que era um filme de arrepiar os cabelos do braço quando lembrado. E realmente, é! "Olga" é um longa que tem sua qualidade, todo bem construído, e pode calar a boca de qualquer críticazinha salgada. Beleza, há um tom fantasioso em certas partes, e por vezes detalhes que se distanciam da realidade, mas Cinema - mesmo o biográfico - também trabalha com a cinematografia das coisas. O que funciona, o que não funciona, o que deve ser romantizado para passar a intenção... oras! As atuações são incríveis e eu não acho que deva ser um filme descartado por não obedecer todos os quesitos verídicos e regras, talvez ele venha pra reforçar ou esclarecer (para os desavisados) o momento político vivido.
Lua Crescente
3.8 12É como dizem... a simplicidade do "menos é mais" coube muito bem aqui.
No Olho da Rua
2.9 10Esperava elogios imensos a este filme, acabo de me surpreender ao ler críticas (e dá lá pra confiar em críticas? Tire por si). Contrariando a média, eu não consigo dizer nada de ruim deste longa, aliás para mim, é Cinema Nacional de qualidade! Não há exageros, ou fantasiosidade da realidade, é a indignação crua de um trabalhador desesperado, absorvido por toda a moral. Além do cunho social, vemos a questão da religiosidade presente, como um embate do personagem Otoniel e o padre. Gente, tem coisa mais real que isso? Pessoas se aproveitando da instabilidade alheia e justificando-se por meio de um Deus. O final não poderia ser melhor... uma crítica; seus vários ângulos; o punho atado; quem leva o tiro?
Trabalhar Cansa
3.6 209É um longa muito bacana! Os diretores conseguiram de forma impressionante, criar o clima de suspense, a atmosfera que desde o início é revestida por um forte ar mistério. Além do que, no final das contas, toda a coisa exagerada serve de pretexto para uma bela de uma crítica ao chamado homem moderno. Adorei a forma como os fatos cotidianos foram introduzidos, sem eles, a crítica/metáfora (e a comédia escondidinha ali também) não seriam possíveis. Um grito aos homens das cavernas, uga.
Begotten
3.2 349A sinopse do filme resume exatamente o que acontece nos 78 minutos. Eu tenho quedinha por abordagens diferentes e rudes (estilo Lars von Trier e David Lynch), que permeiam as cenas por meio de imagens bastante representativas. Imagino ser de grande dificuldade dar o simbolismo/significado, como no caso deste média-metragem, onde a qualidade da imagem é quase um borrão, e por meio de sombras e cronologia dos fatos, você vai deduzindo o que se passa. E as cenas pesadas... metáforas. A humanidade sendo estuprada, queimada, tiradas as tripas, isso é muito significativo. Contudo, a duração pesou muito, e tornou algo que tinha o potencial para ser uma dura (e põe dura nisso) crítica, para se tornar algo que você conta os minutos para chegar ao fim, por conta da estagnação e repetição das imagens.
Em um Mundo Melhor
3.9 317Caraca, um filme que poderia se tornar super massivo e pesado - por tratar de assuntos intricados - foi feito com uma delicadeza admirável. "Em Um Mundo Melhor" consegue equilibrar seu lado racional e crítico com o psicológico das personagens, criando um longa incrível, onde as representações estão muito bem postas. Se você reparar bem, o diretor coloca nuvens passando para indicar os pontos de reviravolta, os chamados ventos da mudança. O menino caminhando à passos do abismo, entende-se como uma relação com a morte, o sentimento de proximidade. Portanto, há bastante metáfora, música boa, atuações vívidas e um enredo reflexivo, recheado de filosofia e sociologia, vale muito!
O Homem Que Copiava
3.5 901 Assista AgoraEu gosto bastante do Cinema Nacional, de fato podemos produzir muita coisa boa! Mas na maratona que estou, de ver filmes locais, percebo uma mania em grande parte (veja bem, grande parte não significa todos), de apresentar um final completamente quimérico. A coisa descamba, vira uma coisa que a vida não é. "O Homem que Copiava" tem a construção com bastante fundamentação, a narração de André atualiza o espectador a par de sua situação, o que depois, serve como base para "justificar" seus atos. E não tem como negar, o diretor consegue manter a curiosidade constante. Agora,
o cara roubar um banco daquele jeito, despreparado, e sair impune? Os amigos dividirem o dinheiro e sair na curtição? Gente! Legal a menina também observá-lo, foi uma sacadinha interessante, mas não salva o absurdo geral.
Jessica Watson True Spirit
4.7 2U-a-l.
Dossiê Jango
4.4 72Impressionante, eu não sei se foi apenas na minha concepção, mas senti uma forte responsabilidade social atrelada a este documentário. Mais que uma aula completíssima de História, é também um alerta aos segredos guardados, a falta de interesse que acoberta um período negro da construção do Brasil. É realmente medonho pensar na grandeza de toda a coisa, era muita coisa envolvida... Não fazia idéia. E o pior é a cara de pau dos envolvidos, 18 mortes do coração? Fala sério.
Central do Brasil
4.1 1,8K Assista AgoraWalter consegue criar Dora de forma tão real, que imprime a beleza de sua simplicidade tanto quanto as marcas da fraqueza humana, engrandece a personagem de uma forma incrível. Em "Central do Brasil", torna-se impossível não interiorizar toda o contexto vivido, é um filme que cria uma introspecção reflexiva pessoal, e digo, bastante emocional - até pela bela trilha sonora - a cerca dos assuntos que estão presentes nas situações dos protagonistas. Na escolha da fotografia, fica evidente os tons amarelados, por sinais muito bonitos, e que acompanham a palidez dos objetos em cena. As vezes, em meio aos tons pastéis, vemos uma cor, talvez uma alusão à esperança, a busca pelo "milagre" na vida dos dois personagens - que aliás, tornam-se queridos para o espectador.
Trinta Anos Esta Noite
4.3 142Se você começar a assistir e não se animar, dê uma chance ao filme, ele vai te surpreender! (pelo menos no meu caso). Alain é o auge do Niilismo, se ele não pode tocar as coisas, se ele não é capaz de sentir, todo o sentido permanece longe. Por si só, não consegue se fixar na realidade, é o que dá a entender, nas cenas de conversa com o amigo sobre a juventude, passam grupos de crianças e adolescentes rindo por eles. Uma metáfora, elementos figurativos que acompanham diversos cenários. "Le feu follet" é um longa profundo, cheio de melancolia e discussões filosóficas existenciais nem tão jogadas à cara, mas ali escondidinhas, cumprindo seu papel.
Aprendiz de Alfaiate
4.1 63Que beleza! Garrel parece entender muito bem o conceito de "audiovisual", é uma harmonia, uma conversa entre as partes. Adorei os closes, típico da Nouvelle Vague - Louis equilibra muito bem o andamento lincando com o estilo - e a câmera meio flutuante, dando uma naturalidade. Aliás, é uma história cheia de simplicidade, com apenas pequenos detalhes, criou-se uma trama interessantíssima. Os diálogos são muito significativos, há presença do teatro; discussão sobre o significado do amor; atuação e formação de personalidade; crise de personalidade e um dos temas que mais gosto, a estranha tristeza sem definição. Garrel como diretor pode fazer coisas ótimas, heim!
Frango Com Ameixas
4.1 162 Assista AgoraO roteiro é incrível, ocorre o desmembramento conforme o filme passa, as lacunas de tempo vão se encaixando. O clima construído cheio de melancolia, surge então a metáfora da fumaça, depois de diversas cenas com cigarro, me veio a lembrança da frase "A vida é um sopro. E é nesse suspiro que você deve se agarrar". A música, o violino e Irene eram o sopro, o suspiro de Nasser-Ali! Sem isso, nada lhe fazia sentido.
O Enigma de Andrômeda
3.6 77Incrível, isso é ficção! Ou melhor, isso é um alerta para o atual mundo de que pode deixar de ser ficção,
não teve jeito melhor de terminar o filme do que com aquela frase!
O conceito desse filme é muito interessante. Procurar vida inteligente, mas da mesma forma que a nossa, é um erro. Esse lance de homens verdes acenando só em imaginação, a realidade é que pode haver outras formas de vida que distinguem completamente da nossa percepção, sendo difícil percebê-las. O outro ponto pertinente é a criação de tecnologias que envolvam construções moleculares que o homem não controla, podendo criar uma guerra biológica. Bom, é um filme que vale muito ver, se as ficções de hoje fossem feitas assim atualmente... mais cabeça e menos lucro. Ah, impossível não notar a influência de "2001 Uma Odisseia no Espaço" na criação das cenas.
Bossa Nova
2.6 72 Assista AgoraOk, o filme tem um clima gostoso, mas oi? Nunca vi tamanha vontade de transformar o Brasil num lugar idealizado americanoide. Até a Bossa, o que acredito que seria uma homenagem ao Rio, foi cantada em Inglês.
A Casa de Alice
3.7 139 Assista AgoraÉ um filme que contrapõem a imagem idealizada de família, foge da ilusão da moral e evidencia bastante a hipocrisia da sociedade. Vale conferir, apesar do desfecho meio solto, levando-se em consideração o roteiro como um todo, e a proposta que ele passa, é uma mensagem escondida nas várias construções de cenas. Desde a linguagem das personagens, até o cenário, tudo diz algo sobre a vida e os dramas interiores daquelas figuras, que afinal, estão sem achar o ponto de equilíbrio. Confesso que me surpreendi com as atuações, uma cena em especial, da briga... incrível. Acreditei em cada gesto.
Bom, creio que "A Casa de Alice" - que aliás tem uma ótima direção e condução do enredo - é um bom filme retratando acima de tudo, a hipocrisia.
A Mulher do Lado
3.8 62"A Mulher do Lado" é um filme sentimental, guiado pelas emoções das personagens. Aqui, não os temos como certinhos, vemos pessoas que não conseguem lutar contra o sentimento que explode, contra a moral que suas vidas exigiam. O antigo casal não se vê há tempos, acreditam ter superado o distanciamento, mas quando a relação volta à tona, o amor "adormecido" aparece. A relação deles é bastante humana, o sentir ódio e ao mesmo tempo o desejo, o não conseguir sentir-se feliz por completo - mesmo acompanhado de uma família. Truffaut parece querer mostrar que o amor está sempre atropelando qualquer regra, ele está ali, mesmo que de uma forma estranha. Quanto ao final, típico da Nouvelle Vague,
acho trágico demais, um amor que leva à morte passa longe da minha noção de saudável. Mas, quem vai entender esse sentimento...
Mar Adentro
4.2 607Ahhh, que longa excelente! Acerta a discussão no ponto, o direito. Temos o direito de viver, porque não o de morrer? A morte historicamente - na maioria das populações/civilizações - foi um tabu, um assunto a ser evitado, rodeado de medo. O filme acerta na mosca em colocar evidenciada a herança moral que carregamos, do Estado que se diz laico, das influências da Igreja, da mentalidade de idade média. Além das várias reflexões trazidas pelo brilhante roteiro, a construção é certeira também: com o elenco certo e uma trilha sonora de arrepiar, "Mar Adentro" se torna um filme que merece muita atenção, sem dúvida!
Estamos Juntos
2.9 245 Assista AgoraNão tem como não elogiar a trilha sonora, se um filme é mediano, mas tem a trilha sonora correta, que dê sentido à trama, ele passa a se tornar bom. Se tirassem a trilha sonora, a obra não teria o significado que tem na construção das cenas. Não é uma estória inovadora, mas a forma como foi tratada, a tornou. A angústia da personagem é trabalhada progressivamente, e conforme aumenta, contagia o espetador também. Conclusão, não é uma estória "uau", mas a montagem geral fez com que houvesse aquela curiosidade que prende. Aliás, repararam que tem algo de francês nesse filme? Os enquadramentos, alguns planos, lembram muito. Atuação de Leandra é excelente.
Pequenos Espiões 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos
2.5 134 Assista Agorahahah, o que dizer? Infância, né.