Uma sociedade que resiste as mudanças: racista e homofóbica. Um coração de líder. Alguém atacado por todos os lados.
Saber sua essência e defender sua identidade. A luta por direitos, pela verdadeira liberdade. Movimento e momento histórico poderosos.
O filme aborda muito bem os aspectos da vida de Bayard Rustin, mostrando seus medos, memórias, bagagem e coragem. Bela atuação do ótimo Colman Domingo.
Ter um objetivo acima de tudo. Desafiar seus limites.
Não tem como não gostar de ver a protagonista nadando, em ação, mas mesmo alguns desses momentos são fracos. E aqueles flashbacks? Muito ruins. Filme clichê, bem limitado como cinema. Vale por Bening e Foster.
A tensão é constante, deveras palpável. O peso das acusações produz uma bola de neve que afeta a todos. Uma ação ou palavra é capaz de gerar desrespeito, agressão, perda de confiança e isolamento. Pode levar alguém ao fundo do poço.
A incerteza gera culpa e pesa, pesa muito. Não saber se fez a coisa certa e ver como isso está atingindo quem foi acusado torna a própria mente uma pilha de nervos - e vemos e sentimos isso de forma contundente, envolvente e criativa.
A dificuldade em trabalhar/lidar com alunos(e seus pais) e colegas de trabalho num ambiente tão importante e complexo. No meio do caos, torna-se ainda mais valioso ver a dedicação de uma professora por seus alunos.
Filme de muitos méritos. Atmosfera bastante envolvente e atraente. Roteiro e direção de alto nível.
O desejo de um futuro longe da pobreza, no velho continente.
A realidade cruel, pesada, de quem se submete a riscos enormes para mudar de vida definitivamente. A inocência e o choque de realidade. Descobrir que possui surpreendente força para lutar pelos seus. Pouco inspirado, porém forte filme sobre imigrantes africanos de todos os anos e lugares em busca de seus sonhos.
O impacto é intenso. O ato diário de resistir é desgastante, testa os limites de humanidade. Condução simples, mas envolvente. O final pesa um pouco a mão no drama, já era esperado. História ideal para o tipo de cinema que o Bayona gosta de fazer. Não sou fã, confesso.
A solidão. A busca por se sentir querido e ter alguém. A amizade. O amor. O amor pelo outro. O amor pela vida quando sentimos algo lindo por dentro. Ver o rosto de quem amamos por aí.
O que sonhamos e queremos que nos faz viajar, mas não se concretiza. O que é substituível(infelizmente ou felizmente?). O que não volta atrás. O que foi inesquecível e não se apaga. A conexão que sempre irá existir.
O sol que se abre quando não parecia mais ser possível. Os novos sentimentos dão sentido aos dias. As vivências seguirão despertando lembranças boas, ruins e saudade, mas o novo deve e merece todas as chances.
Uma história sobre o tempo(tão belo quanto cruel) e suas mudanças. Um longa que fala de forma muito madura sobre encontros e separações. Um cachorro e um robô mostrando o quanto nossos corações são infinitos em complexidade. O cinema é capaz disso.
Inventividade visual e narrativa especiais. E um enorme coração. Belíssimo.
Encontrar quem goste de nós por sermos quem de fato somos.
A mais bonita beleza é a interior. A bondade e o heroísmo que podem nascer em qualquer lugar. O que viramos quando o mundo não nos aceita. A solidão do 'diferente'. A resistência num mundo que rejeita quem não é como a maioria.
Nimona é uma personagem foda. A personagem dá um vigor especial a uma história que poderia ser super comum.
Quando os opostos se atraem e fazem despertar algo novo.
Amar quem quiser, ser quem quiser e fazer o que quiser. Sobre crescer em família e ter um caminho já traçado desde o berço, mas decidir criar seu próprio caminho. Padrão visual de beleza Pixar. Há alguns lindos momentos de sensibilidade e romantismo.
Sobre olhar mais de perto o que num primeiro momento é estranho, desagradável, irritante, chato e diferente do que estamos acostumados. Sobre olhar mais de perto e ver que todo mundo tá meio quebrado por dentro - os traumas, dores e medos estão ali. Todos têm cicatrizes e defeitos. Sobre compreender isso e a partir daí ser um pouquinho melhor com o outro.
O entendimento que vem ao perceber que todo mundo é parecido e gostaria de estar acompanhado de alguém que se importa, que goste de nós e nos queira bem. Quando duas pessoas se abrem e mostram vulnerabilidade é como se olhar no espelho.
Comédia dramática típica do Payne, que sabe muito bem criar e colocar na tela bons personagens. E aqui temos 3 belos personagens e atuações.
"Os Rejeitados" não atinge o nível dos melhores filmes do diretor, não tem a sensibilidade e beleza de "Sideways", por exemplo, mas é muito bom, humano e tocante.
O homem que não consegue se conectar com os outros na vida pessoal e nem na ficção(não pelo menos como ele deseja).
A farsa que conversa com o público em geral. Criar uma conexão com o mundo externo abraçando um eu diferente para ter sucesso. Entender que quando se trata de consumo externo: o que os outros querem de você acaba sendo mais importante do que quem você é. Por mais complicado que seja, chutar o balde tem suas vantagens.
A ideia é interessante, por isso o longa chamou a atenção na temporada e fez sucesso. O humor tem seus momentos, mas é um pouco repetitivo ao bater sempre na mesma tecla. A história familiar não é ruim, porém não conversa tão bem com o lado crítico e ácido do filme. Apesar de ter momentos inegavelmente bons, o longa parece um pouco desajustado, não flui como deveria.
Gostei muito de ver juntos em cena dois atores que gosto taanto como Jeffrey Wright e Sterling K. Brown, ambos estão muito bem.
A estrutura é de um drama clássico, faz o filme caminhar de forma consistente. A montagem e as cenas musicais acontecem no ritmo da inspiração do protagonista.
A primeira parte que mostra a paixão do casal é bonita. A relação entre os dois é o que move o "Maestro". Se a conexão entre os dois revela que eles deveriam ficar juntos, o tempo mostra que a convivência não será fácil. A vida que Leonard 'precisa'/deseja ter é dura demais para uma esposa aceitar(e como aceitar, né?).
O filme mergulha nessa dificuldade deles não conseguirem ter uma relação 'normal'. O peso dos anos, desgaste e cicatrizes são sentidos. Assim como também o amor em toda sua complexidade. Por mais magoada e já distante, Felicia jamais perde o encantamento no olhar ao ver o talento do marido nas apresentações e também não deixa apoiá-lo de coração nesses momentos - e em toda a carreira. Leonard se envolve com alguns homens, mas jamais deixa de achar que a sua companheira de vida deve ser Felicia.
Uma história de amor entre duas pessoas que se magoam, porém entendem o que são um para o outro. Nas horas mais importantes eles precisam, devem e querem ficar juntos. Complexo, torto, porém humano. Boas atuações da dupla principal. Adoro a Mulligan.
Funciona quase que totalmente como uma ideia automaticamente concebida(que depende do conhecimento histórico prévio do espectador), e não como um filme em si. É um problema. Obviamente, todas as nossas avaliações como espectador são subjetivas e afetadas por nossas experiências de vida, porém um filme que não sai minimamente da sua zona de conforto(ou seria de 'interesse'? não resisti) e não suja as mãos é decepcionante. "Zona de Interesse" fica preso no seu senso de autoimportância e não vai além disso, além da sua premissa.
Um Sub-Haneke. Podemos dizer isso em relação a objetividade muito direta(e eventual frieza) característica do diretor austríaco, mas as obras de Haneke geralmente mexem conosco de alguma forma. Esse aqui pouco faz isso. Vemos o cotidiano dos personagens e um mundo que ignora a crueldade que ocorre lá fora, porém tudo é tão sem contundência que o que sobra é apenas um longa vazio. Simplesmente não há envolvimento, não há como se importar com nada colocado na tela. Fica de positivo o uso excelente do som, o mesmo mostra que há algo terrível por perto.
P.S.: Não curti esse, mas quero todos os anos 2 filmes de destaque com a maravilhosa Sandra Huller.
O gosto de viver perigosamente foi sentido na primeira temporada e, claramente, não é algo que pode-se abrir mão. Vemos agora que não apenas Walter descobriu um novo lado seu, mas que ele necessita dele. O personagem se corrói por dentro ao se sentir diminuído em qualquer cenário e não convive bem com a ideia de ter somente a vida normal de antes. Internamente Walt grita para que seus 'feitos' sejam reconhecidos.
Uma questão notória que diz muito sobre a transformação do protagonista é como o próprio se sente muito mais desconfortável e acuado lidando com sua rotina familiar do que ao ser confrontado no mundo do crime(mesmo tendo que se impor em cenários ameaçadores e correndo riscos constantemente). A mudança é gradual, notamos o processo em cada parte da temporada, mas sem deixar de mostrar que se trata de alguém em conflito interno. Um homem que ainda tem dificuldade em lidar com dois mundos tão diferentes. A brilhante atuação de Cranston é fundamental para que possamos nos envolver e fascinar com essa jornada.
Jesse cresce ainda mais nesse segundo ano. Seu parceiro o faz abrir a perigosa porta da enorme ambição(que deixa sérias sequelas após tragédias) e conhecemos como o personagem se importa com as pessoas próximas, o quanto sente as grandes pancadas do destino nos mesmos. Aaron Paul também entrega uma grande performance, digna de prêmios. Se Walt cresce, Jesse sente bastante o peso de lidar com o mundo do crime.
Algo marcante que faz a temporada funcionar bastante e dá certo frescor a "Breaking Bad" é a entrada de novos personagens. Jane é uma ótima aquisição. A personagem cresce muito com o passar dos episódios, sua sintonia e momentos com Jesse são memoráveis. Jane marcou o ano 2 da série. A sua presença e o que a cercou são fundamentais para entendermos muito sobre os dois personagens principais. Para vermos quem eles são e, principalmente, quem ambos estão se tornando e para onde estão indo.
Saul Goodman, Gus e Mike surgem na temporada e rapidamente dizem a que vieram. Eu realmente não lembrava que o trio aparecia tão cedo, revê-los aqui(especialmente por ter visto "Better Call Saul") teve um gosto bastante especial.
Uma das coisas que mais está me impressionando nessa revisão é o quanto Walt mente o tempo inteiro. De pequenas a grandes mentiras: ele não para. Quanto mais mente, mais o personagem se afasta do seu eu do passado e consequentemente afasta todos que o amam. O final(Skyler/Anna Gunn em grande momento) simboliza isso e encerra lindamente a temporada. O castelo de mentiras está grande demais para não ser percebido.
Um garoto e seu luto. Um Japão que lida com sua tragédia. Uma família em reconstrução. Miyazaki revisita o passado, constrói um presente de traumas e fantasia(sombrio e colorido ao mesmo tempo) e olha com esperança para o futuro.
Visualmente é um filme absolutamente espetacular, hipnotizante. Uma obra sobre os labirintos da mente, da alma e da percepção de mundo. Fantasia e realidade jamais soltam as mãos nesta grande viagem onírica sobre escape das angústias, entendimento interior e reconciliação com o seu próprio universo.
Aceitar o que foi vivido e perceber o amor recebido. Querer voltar, mas agora sabendo que pode dar mais em troca. Entender que a beleza em volta e a poesia que se vê, sente e não se pode explicar são acima de tudo uma questão de olhar.
Escolher o amor numa realidade de cicatrizes, turbilhões e inevitáveis dores. Não poderia ser mais Miyazaki. Caso tenha sido a despedida do fantástico diretor: Obrigado por tudo! Seu cinema incrivelmente rico em detalhes, significados e beleza nunca será esquecido.
Vi pela quarta vez esta primeira temporada(apesar de nunca ter revisto a série inteira, farei isso agora pela primeira vez) e passei a adorá-la mais ainda. Walter recebe uma pancada do destino e no fundo do poço decide viver como nunca viveu. E se entrega nisso, de forma que até o próprio se surpreende. Um homem que já tem seus dias contados é capaz de tudo.
Uma das coisas mais interessantes da temporada é acompanhar os efeitos que a revelação da doença do protagonista(algo revelado já no primeiro episódio) gera na sua família. Boa parte desse ano 1 concentra-se nesse drama familiar, no grande impacto, na forma como isso mexe com seus integrantes de diferentes formas e como essa questão torna mais profunda a jornada do protagonista.
O homem com problemas financeiros e por vezes humilhado. O professor frustrado e pouco reconhecido para o seu grande conhecimento. O processo no qual Walter deixa essas questões para trás e passo a passo essa vida no passado é repleto de perigos e, acima de tudo, transformador. Não só por passar a conviver com outro mundo e tipos de pessoas totalmente diferentes, mas tal jornada transforma lentamente sua essência. O homem que escolheu influenciar positivamente vidas passa a ter que lidar e decidir sobre mortes. Certos caminhos não têm mais volta.
O ponto mais rico e complexo nessa história é acompanhar como o protagonista se sente mais vivo ao conhecer/criar uma versão que ele jamais poderia imaginar que existiria. Ao deixar sua escuridão tomar à frente de suas ações, Walter 'cresce' e começa a ver que é possível juntar dinheiro para sua família, aquele que é seu único grande objetivo no momento. O resto é história. E será sensacional acompanhá-la novamente.
Bryan Cranston brilha muito já nesse ano inicial. Performance maravilhosa.
Rever "Breaking Bad" depois de mergulhar muito como mergulhei na estupenda "Better Call Saul" será especial.
Direção, montagem, roteiro e atuações de alto nível. Excelente temporada.
8 histórias de aproximadamente 30 minutos, como 8 pequenos filmes, repletos de muita memória, família, cultura e origens. São tramas sobre imigrantes nos EUA que têm em comum a frustração com a vida atual e a busca interna por realizar/entender seu propósito de vida. A 'América' das oportunidades é desconstruída, vemos um país com pessoas passando por muitos percalços e dificuldades. Um país onde os sonhos demoram a acontecer e muitas vezes nem acontecem ou são transformados.
"Little America" é uma série baseada em fatos reais que nos envolve muito com suas histórias deveras humanas, de gente como a gente, mas a beleza da obra não é ver sonhos sendo realizados. Não se trata disso. A beleza aqui é justamente mergulhar nas angústias, falhas, medos, dúvidas, desânimo e fios de esperança. É acompanhar seres humanos nascidos nos mais diversos lugares do mundo que tiveram que olhar para dentro de si para encontrar forças(da melhor forma que puderam), paz e dar sentido as suas trajetórias. Pessoas que em algum momento não aguentaram mais não viver de acordo com o que carregam e sempre carregaram dentro de seus corações. No caminho se encontra as respostas.
Emociona, porém o que se destaca é a sensibilidade das escolhas e o olhar honesto sobre o mundo. Uma pena que a série é tão pouca vista. Bonita temporada, espero assistir outras. Ikigai para todos nós.
Um olhar acerca do processo de criação: da arte, de um personagem e sua caracterização. Do quanto você coloca nisso no processo e do quanto esse mergulho em outra vida te transforma.
Um filme sobre falsas aparências. Um mundo, vida e relação construídas num terreno tão complicado que se varre para debaixo do tapete uma reflexão maior em relação ao que iniciou essa história. Uma obra sobre se sentir preso. E não conseguir falar, nem desvencilhar da conexão construída, pois a dependência emocional e psicológica são grandes demais.
Fingir normalidade para tornar tudo mais suportável de lidar. Mas até que ponto e até quando se pode minimizar algo tão profundo? O incômodo e alguma angústia sempre estarão presentes.
Na vida ou na arte, somos afetados o tempo todo, mas cada um é protagonista de sua complexa história. Apenas quem sentiu na pele pode dizer o que viveu.
Julianne Moore, Natalie Portman e Charles Melton ótimos. Todd Haynes sabe o que faz.
Pessoas horríveis se mostrando mais e mais horríveis. Sobra para religião, família e instituições. Vai de crianças à idosos. Não importa: ninguém sai ileso. A série zomba de todo mundo e os personagens exploram todos pelas razões mais egoístas possíveis. "Seinfeld" investiu na ideia e "It's Always Sunny in Philadelphia" aumentou a aposta. Funcionou muito. Temporada bastante engraçada.
Revi após 10 anos esta temporada que me impressionou muito na época. Hoje, posso dizer com minhas impressões renovadas: o ano 1 de "True Detective" merece o reconhecimento que possui.
A estrutura de diferentes linhas do tempo é elegante e funciona muito, pois dá grande profundidade aos personagens, expõe suas muitas falhas, diz muito sobre quem os mesmos são e como eles chegaram onde chegaram - para o mal e para o bem. E, claro, apresenta a complexa e rica relação entre os dois protagonistas.
A direção é deveras excelente(com direito a plano-sequência memorável), a série constrói uma tensão absurda em seus momentos de maior perigo. Rust dá o tom existencialista/pessimista da obra(vê-lo falando sobre sua visão de mundo é deveras fascinante, quase hipnotizante), com suas reflexões duras, porém racionais que vão de encontro ao mundo apresentado. Um mundo carregado de sujeira e crueldade, dono de uma dimensão que choca e só se mostra maior e maior.
Os assassinatos se multiplicam. Cadáveres expostos à luz do dia, verdades ocultas e pistas enterradas. Pensar e agir assim é confortável para quase todos, mas o mal não é vencido tão facilmente. Não quando se quer acabar com o mesmo de vez e vencer seus próprios demônios.
O roteiro apresenta e desenvolve habilmente seus mistérios, caminha dentro de uma atmosfera que cheira a rastro de mortes macabras e que quando atinge seu ápice marca o espectador de forma poderosa e inesquecível.
Woody Harrelson está ótimo e Matthew McConaughey está absolutamente fantástico. A performance do segundo é dessas que o espectador jamais esquece. Revendo, posso afirmar com mais força o que eu já achava: está entre as maiores atuações da história da TV. Não me recordo a última vez que uma série/filme fez eu chorar como aconteceu ao ver Rust falando da filha no final. Que ator enorme é McConaughey. E que episódio brilhante de encerramento! Tensão, ação e emoção em altíssimo grau de excelência.
A temporada mais pesada de "Fargo". Não em termos de mortes(todas têm muitas), mas em identificar as imagens e violência da tela e sabermos que as mesmas sempre fizeram e ainda fazem muito parte da época que vivemos, da realidade de muitas pessoas.
O caráter político da temporada também chama a atenção. A série constantemente mostrou em outros anos inúmeros confrontos sangrentos por territórios e/ou entre grupos e choques entre figuras que se esbarram e são ambiciosas demais para não passarem umas por cima das outras. Esses são temas que fazem parte do DNA da antologia.
Neste novo ano, tais temas novamente estão presentes, mas dentro de um panorama muito atual. Um mundo muito marcado por líderes que usam todas as artimanhas possíveis e privilégios que suas respectivas posições, capacidades de influenciar e regiões oferecem. O resultado não poderia ser outro. Claramente, pelos envolvidos, não é um duelo sobre bem x mal(embora seja quase impossível não torcermos por um dos lados), porém o resultado nos faz esquecer disso lindamente.
O conservadorismo exacerbado, o comportamento arcaico sobre relações e a visão estreita e egoísta de mundo são características bastante marcantes do grande vilão da história. Um vilão deveras assustador, pois é tão palpável quanto figuras que vemos fora da ficção.
Personagens exóticos que nem parecem humanos(por representarem o mal ou 'guardiões da punição inescapável' em carne e osso) são atrações fascinantes, já tradicionais da série. Como esquecer de Lorne Malvo e V. M. Varga? Impossível. Aqui essa figura também é fascinante, parece quase indestrutível, entrega o que se espera. Mas há um algo a mais que surpreende e conversa diretamente com a jornada da protagonista da história.
Dorothy. Um nome que significa uma nova vida. Uma vida que carrega da antiga a incrível capacidade de resistir e lutar como uma gigante contra as maiores crueldades e violências. Contudo, o que a torna invencível de verdade é o amor de hoje, de uma família construída. Um amor que uma mulher merece viver, que sara anos de pesadelos, traumas e feridas. Um amor capaz até mesmo de curar maldições de séculos através dos mais simples gestos de bondade e de pequenos prazeres compartilhados com grande carinho.
Juno Temple, Jon Hamm, Sam Spruell e Jennifer Jason Leigh arrebentam. Ótimas atuações, entraram na galeria de personagens marcantes da série.
"Pobres Criaturas" parte do clássico 'criador e criatura' para mostrar quem de fato são as criaturas. O domador e o ser domado. Apenas quando se perde o controle do outro se vê a verdadeira face do sentimento e interesse.
O prazer da descoberta. A paz do não-saber. A dor de conhecer o mundo como ele é. O conhecimento que clareia a mente e mostra o caminho a ser traçado. A maior das experiências é vivenciar a verdadeira liberdade, a aventura que é ser você mesma. Uma liberdade que apenas por existir confronta os costumes, as prisões e um mundo criado pelo que há de pior nos homens.
Quem já não gostava do cinema de Lanthimos vai continuar não curtindo seus 'exageros', 'excentricidades' e 'humor particular', seguirá enxergando fortemente isso neste longa. Os que curtiram os filmes anteriores, provavelmente vão gostar muito e se envolver com esse seu mais novo filme.
Belo momento de Emma Stone e Willem Dafoe(sempre, né) no cinema, ambos brilham.
Pelos envolvidos(Tom Hanks e Spielberg são os criadores) e pelo ano de realização, eu já esperava encontrar uma obra de tom e direção similares a de "O Resgate do Soldado Ryan". É bem por aí, mas gosto mais desta produção da HBO. O lado humano é bastante aprofundado, se destaca tanto quanto a impressionante parte técnica.
Sobreviver é o objetivo. Porém, a busca por demonstrar valor e encontrar propósito também são muito importantes. O desejo 100% em comum? A chegada do tempo de paz.
Coragem? Eficiência? Medo? Desespero? Afobação? Somente se sabe a reação que se terá num cenário de Guerra quando se vive a mesma na pele. E assim se entende o quanto todos os envolvidos são parecidos de alguma forma e o preço imenso que a Guerra cobra.
Muitas marcas e muitas histórias. O companheirismo e os laços criados são o que permitem seguir.
Pessoas à Beira de um Ataque de Nervos, retrato do nosso tempo. O estado externo explode ao refletir o desespero existencial interno. A solidão e a busca por algo que faça se sentir vivo como elementos universais, que reverberam em todos. Apenas quando se entende isso pode-se enxergar o outro. Yeun e Wong ótimos, em grande sintonia.
Rustin
3.3 81 Assista AgoraUma sociedade que resiste as mudanças: racista e homofóbica.
Um coração de líder. Alguém atacado por todos os lados.
Saber sua essência e defender sua identidade. A luta por direitos, pela verdadeira liberdade. Movimento e momento histórico poderosos.
O filme aborda muito bem os aspectos da vida de Bayard Rustin, mostrando seus medos, memórias, bagagem e coragem.
Bela atuação do ótimo Colman Domingo.
NYAD
3.7 155Ter um objetivo acima de tudo. Desafiar seus limites.
Não tem como não gostar de ver a protagonista nadando, em ação, mas mesmo alguns desses momentos são fracos. E aqueles flashbacks? Muito ruins.
Filme clichê, bem limitado como cinema.
Vale por Bening e Foster.
A Sala dos Professores
3.9 141 Assista AgoraQuem está com a verdade? Pouco importa.
A tensão é constante, deveras palpável. O peso das acusações produz uma bola de neve que afeta a todos.
Uma ação ou palavra é capaz de gerar desrespeito, agressão, perda de confiança e isolamento. Pode levar alguém ao fundo do poço.
A incerteza gera culpa e pesa, pesa muito. Não saber se fez a coisa certa e ver como isso está atingindo quem foi acusado torna a própria mente uma pilha de nervos - e vemos e sentimos isso de forma contundente, envolvente e criativa.
A dificuldade em trabalhar/lidar com alunos(e seus pais) e colegas de trabalho num ambiente tão importante e complexo.
No meio do caos, torna-se ainda mais valioso ver a dedicação de uma professora por seus alunos.
Filme de muitos méritos. Atmosfera bastante envolvente e atraente. Roteiro e direção de alto nível.
Eu, Capitão
4.0 70 Assista AgoraO desejo de um futuro longe da pobreza, no velho continente.
A realidade cruel, pesada, de quem se submete a riscos enormes para mudar de vida definitivamente.
A inocência e o choque de realidade. Descobrir que possui surpreendente força para lutar pelos seus.
Pouco inspirado, porém forte filme sobre imigrantes africanos de todos os anos e lugares em busca de seus sonhos.
A Sociedade da Neve
4.2 723 Assista AgoraEmoção e sobrevivência.
O impacto é intenso. O ato diário de resistir é desgastante, testa os limites de humanidade.
Condução simples, mas envolvente.
O final pesa um pouco a mão no drama, já era esperado.
História ideal para o tipo de cinema que o Bayona gosta de fazer. Não sou fã, confesso.
Meu Amigo Robô
4.0 86A solidão. A busca por se sentir querido e ter alguém.
A amizade. O amor. O amor pelo outro. O amor pela vida quando sentimos algo lindo por dentro.
Ver o rosto de quem amamos por aí.
O que sonhamos e queremos que nos faz viajar, mas não se concretiza.
O que é substituível(infelizmente ou felizmente?). O que não volta atrás.
O que foi inesquecível e não se apaga. A conexão que sempre irá existir.
O sol que se abre quando não parecia mais ser possível. Os novos sentimentos dão sentido aos dias.
As vivências seguirão despertando lembranças boas, ruins e saudade, mas o novo deve e merece todas as chances.
Uma história sobre o tempo(tão belo quanto cruel) e suas mudanças. Um longa que fala de forma muito madura sobre encontros e separações.
Um cachorro e um robô mostrando o quanto nossos corações são infinitos em complexidade. O cinema é capaz disso.
Inventividade visual e narrativa especiais. E um enorme coração. Belíssimo.
Nimona
4.1 234 Assista AgoraEncontrar quem goste de nós por sermos quem de fato somos.
A mais bonita beleza é a interior. A bondade e o heroísmo que podem nascer em qualquer lugar.
O que viramos quando o mundo não nos aceita. A solidão do 'diferente'.
A resistência num mundo que rejeita quem não é como a maioria.
Nimona é uma personagem foda. A personagem dá um vigor especial a uma história que poderia ser super comum.
Dias Perfeitos
4.2 296 Assista AgoraEnxergar a poesia no cotidiano.
Fazer o melhor que pode em qualquer cenário, mesmo com pouco.
Viver a beleza de ser você mesmo.
Viver a própria solitude e os momentos de solidão.
Brincar com as sombras é legal, todos deveriam fazer.
Faz todo sentido um filme como este sair das mãos do diretor de "Paris, Texas" e "Asas do Desejo", duas das obras mais lindas já realizadas.
Elementos
3.7 471Quando os opostos se atraem e fazem despertar algo novo.
Amar quem quiser, ser quem quiser e fazer o que quiser.
Sobre crescer em família e ter um caminho já traçado desde o berço, mas decidir criar seu próprio caminho.
Padrão visual de beleza Pixar. Há alguns lindos momentos de sensibilidade e romantismo.
Os Rejeitados
4.0 321 Assista AgoraA beleza da conexão humana.
Sobre olhar mais de perto o que num primeiro momento é estranho, desagradável, irritante, chato e diferente do que estamos acostumados.
Sobre olhar mais de perto e ver que todo mundo tá meio quebrado por dentro - os traumas, dores e medos estão ali. Todos têm cicatrizes e defeitos. Sobre compreender isso e a partir daí ser um pouquinho melhor com o outro.
O entendimento que vem ao perceber que todo mundo é parecido e gostaria de estar acompanhado de alguém que se importa, que goste de nós e nos queira bem.
Quando duas pessoas se abrem e mostram vulnerabilidade é como se olhar no espelho.
Comédia dramática típica do Payne, que sabe muito bem criar e colocar na tela bons personagens. E aqui temos 3 belos personagens e atuações.
"Os Rejeitados" não atinge o nível dos melhores filmes do diretor, não tem a sensibilidade e beleza de "Sideways", por exemplo, mas é muito bom, humano e tocante.
Ficção Americana
3.8 383 Assista AgoraO homem que não consegue se conectar com os outros na vida pessoal e nem na ficção(não pelo menos como ele deseja).
A farsa que conversa com o público em geral. Criar uma conexão com o mundo externo abraçando um eu diferente para ter sucesso.
Entender que quando se trata de consumo externo: o que os outros querem de você acaba sendo mais importante do que quem você é.
Por mais complicado que seja, chutar o balde tem suas vantagens.
A ideia é interessante, por isso o longa chamou a atenção na temporada e fez sucesso.
O humor tem seus momentos, mas é um pouco repetitivo ao bater sempre na mesma tecla.
A história familiar não é ruim, porém não conversa tão bem com o lado crítico e ácido do filme.
Apesar de ter momentos inegavelmente bons, o longa parece um pouco desajustado, não flui como deveria.
Gostei muito de ver juntos em cena dois atores que gosto taanto como Jeffrey Wright e Sterling K. Brown, ambos estão muito bem.
Maestro
3.1 260A música e os amores.
A estrutura é de um drama clássico, faz o filme caminhar de forma consistente.
A montagem e as cenas musicais acontecem no ritmo da inspiração do protagonista.
A primeira parte que mostra a paixão do casal é bonita. A relação entre os dois é o que move o "Maestro". Se a conexão entre os dois revela que eles deveriam ficar juntos, o tempo mostra que a convivência não será fácil.
A vida que Leonard 'precisa'/deseja ter é dura demais para uma esposa aceitar(e como aceitar, né?).
O filme mergulha nessa dificuldade deles não conseguirem ter uma relação 'normal'.
O peso dos anos, desgaste e cicatrizes são sentidos. Assim como também o amor em toda sua complexidade.
Por mais magoada e já distante, Felicia jamais perde o encantamento no olhar ao ver o talento do marido nas apresentações e também não deixa apoiá-lo de coração nesses momentos - e em toda a carreira.
Leonard se envolve com alguns homens, mas jamais deixa de achar que a sua companheira de vida deve ser Felicia.
Uma história de amor entre duas pessoas que se magoam, porém entendem o que são um para o outro. Nas horas mais importantes eles precisam, devem e querem ficar juntos.
Complexo, torto, porém humano. Boas atuações da dupla principal. Adoro a Mulligan.
Zona de Interesse
3.6 601 Assista AgoraZona desinteressante.
Funciona quase que totalmente como uma ideia automaticamente concebida(que depende do conhecimento histórico prévio do espectador), e não como um filme em si. É um problema. Obviamente, todas as nossas avaliações como espectador são subjetivas e afetadas por nossas experiências de vida, porém um filme que não sai minimamente da sua zona de conforto(ou seria de 'interesse'? não resisti) e não suja as mãos é decepcionante.
"Zona de Interesse" fica preso no seu senso de autoimportância e não vai além disso, além da sua premissa.
Um Sub-Haneke. Podemos dizer isso em relação a objetividade muito direta(e eventual frieza) característica do diretor austríaco, mas as obras de Haneke geralmente mexem conosco de alguma forma. Esse aqui pouco faz isso. Vemos o cotidiano dos personagens e um mundo que ignora a crueldade que ocorre lá fora, porém tudo é tão sem contundência que o que sobra é apenas um longa vazio. Simplesmente não há envolvimento, não há como se importar com nada colocado na tela.
Fica de positivo o uso excelente do som, o mesmo mostra que há algo terrível por perto.
P.S.: Não curti esse, mas quero todos os anos 2 filmes de destaque com a maravilhosa Sandra Huller.
Breaking Bad (2ª Temporada)
4.5 775Mais Heisenberg, Menos Walt.
O gosto de viver perigosamente foi sentido na primeira temporada e, claramente, não é algo que pode-se abrir mão. Vemos agora que não apenas Walter descobriu um novo lado seu, mas que ele necessita dele. O personagem se corrói por dentro ao se sentir diminuído em qualquer cenário e não convive bem com a ideia de ter somente a vida normal de antes. Internamente Walt grita para que seus 'feitos' sejam reconhecidos.
Uma questão notória que diz muito sobre a transformação do protagonista é como o próprio se sente muito mais desconfortável e acuado lidando com sua rotina familiar do que ao ser confrontado no mundo do crime(mesmo tendo que se impor em cenários ameaçadores e correndo riscos constantemente).
A mudança é gradual, notamos o processo em cada parte da temporada, mas sem deixar de mostrar que se trata de alguém em conflito interno. Um homem que ainda tem dificuldade em lidar com dois mundos tão diferentes. A brilhante atuação de Cranston é fundamental para que possamos nos envolver e fascinar com essa jornada.
Jesse cresce ainda mais nesse segundo ano. Seu parceiro o faz abrir a perigosa porta da enorme ambição(que deixa sérias sequelas após tragédias) e conhecemos como o personagem se importa com as pessoas próximas, o quanto sente as grandes pancadas do destino nos mesmos. Aaron Paul também entrega uma grande performance, digna de prêmios.
Se Walt cresce, Jesse sente bastante o peso de lidar com o mundo do crime.
Algo marcante que faz a temporada funcionar bastante e dá certo frescor a "Breaking Bad" é a entrada de novos personagens. Jane é uma ótima aquisição. A personagem cresce muito com o passar dos episódios, sua sintonia e momentos com Jesse são memoráveis. Jane marcou o ano 2 da série. A sua presença e o que a cercou são fundamentais para entendermos muito sobre os dois personagens principais. Para vermos quem eles são e, principalmente, quem ambos estão se tornando e para onde estão indo.
Saul Goodman, Gus e Mike surgem na temporada e rapidamente dizem a que vieram.
Eu realmente não lembrava que o trio aparecia tão cedo, revê-los aqui(especialmente por ter visto "Better Call Saul") teve um gosto bastante especial.
Uma das coisas que mais está me impressionando nessa revisão é o quanto Walt mente o tempo inteiro. De pequenas a grandes mentiras: ele não para. Quanto mais mente, mais o personagem se afasta do seu eu do passado e consequentemente afasta todos que o amam. O final(Skyler/Anna Gunn em grande momento) simboliza isso e encerra lindamente a temporada. O castelo de mentiras está grande demais para não ser percebido.
Outro belíssimo ano.
O Menino e a Garça
4.0 218O tempo da gente.
Um garoto e seu luto. Um Japão que lida com sua tragédia. Uma família em reconstrução.
Miyazaki revisita o passado, constrói um presente de traumas e fantasia(sombrio e colorido ao mesmo tempo) e olha com esperança para o futuro.
Visualmente é um filme absolutamente espetacular, hipnotizante. Uma obra sobre os labirintos da mente, da alma e da percepção de mundo.
Fantasia e realidade jamais soltam as mãos nesta grande viagem onírica sobre escape das angústias, entendimento interior e reconciliação com o seu próprio universo.
Aceitar o que foi vivido e perceber o amor recebido. Querer voltar, mas agora sabendo que pode dar mais em troca.
Entender que a beleza em volta e a poesia que se vê, sente e não se pode explicar são acima de tudo uma questão de olhar.
Escolher o amor numa realidade de cicatrizes, turbilhões e inevitáveis dores. Não poderia ser mais Miyazaki.
Caso tenha sido a despedida do fantástico diretor: Obrigado por tudo! Seu cinema incrivelmente rico em detalhes, significados e beleza nunca será esquecido.
Breaking Bad (1ª Temporada)
4.5 1,4K Assista AgoraTudo pela família.
Vi pela quarta vez esta primeira temporada(apesar de nunca ter revisto a série inteira, farei isso agora pela primeira vez) e passei a adorá-la mais ainda.
Walter recebe uma pancada do destino e no fundo do poço decide viver como nunca viveu.
E se entrega nisso, de forma que até o próprio se surpreende. Um homem que já tem seus dias contados é capaz de tudo.
Uma das coisas mais interessantes da temporada é acompanhar os efeitos que a revelação da doença do protagonista(algo revelado já no primeiro episódio) gera na sua família.
Boa parte desse ano 1 concentra-se nesse drama familiar, no grande impacto, na forma como isso mexe com seus integrantes de diferentes formas e como essa questão torna mais profunda a jornada do protagonista.
O homem com problemas financeiros e por vezes humilhado. O professor frustrado e pouco reconhecido para o seu grande conhecimento. O processo no qual Walter deixa essas questões para trás e passo a passo essa vida no passado é repleto de perigos e, acima de tudo, transformador. Não só por passar a conviver com outro mundo e tipos de pessoas totalmente diferentes, mas tal jornada transforma lentamente sua essência.
O homem que escolheu influenciar positivamente vidas passa a ter que lidar e decidir sobre mortes. Certos caminhos não têm mais volta.
O ponto mais rico e complexo nessa história é acompanhar como o protagonista se sente mais vivo ao conhecer/criar uma versão que ele jamais poderia imaginar que existiria.
Ao deixar sua escuridão tomar à frente de suas ações, Walter 'cresce' e começa a ver que é possível juntar dinheiro para sua família, aquele que é seu único grande objetivo no momento. O resto é história. E será sensacional acompanhá-la novamente.
Bryan Cranston brilha muito já nesse ano inicial. Performance maravilhosa.
Rever "Breaking Bad" depois de mergulhar muito como mergulhei na estupenda "Better Call Saul" será especial.
Direção, montagem, roteiro e atuações de alto nível. Excelente temporada.
Little America
3.5 3 Assista AgoraO que nos move.
8 histórias de aproximadamente 30 minutos, como 8 pequenos filmes, repletos de muita memória, família, cultura e origens. São tramas sobre imigrantes nos EUA que têm em comum a frustração com a vida atual e a busca interna por realizar/entender seu propósito de vida.
A 'América' das oportunidades é desconstruída, vemos um país com pessoas passando por muitos percalços e dificuldades. Um país onde os sonhos demoram a acontecer e muitas vezes nem acontecem ou são transformados.
"Little America" é uma série baseada em fatos reais que nos envolve muito com suas histórias deveras humanas, de gente como a gente, mas a beleza da obra não é ver sonhos sendo realizados. Não se trata disso. A beleza aqui é justamente mergulhar nas angústias, falhas, medos, dúvidas, desânimo e fios de esperança. É acompanhar seres humanos nascidos nos mais diversos lugares do mundo que tiveram que olhar para dentro de si para encontrar forças(da melhor forma que puderam), paz e dar sentido as suas trajetórias. Pessoas que em algum momento não aguentaram mais não viver de acordo com o que carregam e sempre carregaram dentro de seus corações.
No caminho se encontra as respostas.
Emociona, porém o que se destaca é a sensibilidade das escolhas e o olhar honesto sobre o mundo.
Uma pena que a série é tão pouca vista. Bonita temporada, espero assistir outras.
Ikigai para todos nós.
Segredos de um Escândalo
3.5 331 Assista AgoraO eu e o outro.
Um olhar acerca do processo de criação: da arte, de um personagem e sua caracterização.
Do quanto você coloca nisso no processo e do quanto esse mergulho em outra vida te transforma.
Um filme sobre falsas aparências. Um mundo, vida e relação construídas num terreno tão complicado que se varre para debaixo do tapete uma reflexão maior em relação ao que iniciou essa história.
Uma obra sobre se sentir preso. E não conseguir falar, nem desvencilhar da conexão construída, pois a dependência emocional e psicológica são grandes demais.
Fingir normalidade para tornar tudo mais suportável de lidar. Mas até que ponto e até quando se pode minimizar algo tão profundo? O incômodo e alguma angústia sempre estarão presentes.
Na vida ou na arte, somos afetados o tempo todo, mas cada um é protagonista de sua complexa história. Apenas quem sentiu na pele pode dizer o que viveu.
Julianne Moore, Natalie Portman e Charles Melton ótimos. Todd Haynes sabe o que faz.
It's Always Sunny in Philadelphia (2ª Temporada)
4.3 33Quanto piores melhor.
Pessoas horríveis se mostrando mais e mais horríveis. Sobra para religião, família e instituições. Vai de crianças à idosos. Não importa: ninguém sai ileso. A série zomba de todo mundo e os personagens exploram todos pelas razões mais egoístas possíveis.
"Seinfeld" investiu na ideia e "It's Always Sunny in Philadelphia" aumentou a aposta. Funcionou muito. Temporada bastante engraçada.
True Detective (1ª Temporada)
4.7 1,6K Assista AgoraEm busca de alguma luz na escuridão.
Revi após 10 anos esta temporada que me impressionou muito na época. Hoje, posso dizer com minhas impressões renovadas: o ano 1 de "True Detective" merece o reconhecimento que possui.
A estrutura de diferentes linhas do tempo é elegante e funciona muito, pois dá grande profundidade aos personagens, expõe suas muitas falhas, diz muito sobre quem os mesmos são e como eles chegaram onde chegaram - para o mal e para o bem. E, claro, apresenta a complexa e rica relação entre os dois protagonistas.
A direção é deveras excelente(com direito a plano-sequência memorável), a série constrói uma tensão absurda em seus momentos de maior perigo.
Rust dá o tom existencialista/pessimista da obra(vê-lo falando sobre sua visão de mundo é deveras fascinante, quase hipnotizante), com suas reflexões duras, porém racionais que vão de encontro ao mundo apresentado. Um mundo carregado de sujeira e crueldade,
dono de uma dimensão que choca e só se mostra maior e maior.
Os assassinatos se multiplicam. Cadáveres expostos à luz do dia, verdades ocultas e pistas enterradas. Pensar e agir assim é confortável para quase todos, mas o mal não é vencido tão facilmente. Não quando se quer acabar com o mesmo de vez e vencer seus próprios demônios.
O roteiro apresenta e desenvolve habilmente seus mistérios, caminha dentro de uma atmosfera que cheira a rastro de mortes macabras e que quando atinge seu ápice marca o espectador de forma poderosa e inesquecível.
Woody Harrelson está ótimo e Matthew McConaughey está absolutamente fantástico.
A performance do segundo é dessas que o espectador jamais esquece. Revendo, posso afirmar com mais força o que eu já achava: está entre as maiores atuações da história da TV.
Não me recordo a última vez que uma série/filme fez eu chorar como aconteceu ao ver Rust falando da filha no final. Que ator enorme é McConaughey. E que episódio brilhante de encerramento! Tensão, ação e emoção em altíssimo grau de excelência.
Temporada maravilhosa. Absolutamente obrigatória.
Se existe luz, há possibilidade de seguir.
Fargo (5ª Temporada)
4.0 29 Assista AgoraO amor e a bondade curam.
A temporada mais pesada de "Fargo". Não em termos de mortes(todas têm muitas), mas em identificar as imagens e violência da tela e sabermos que as mesmas sempre fizeram e ainda fazem muito parte da época que vivemos, da realidade de muitas pessoas.
O caráter político da temporada também chama a atenção. A série constantemente mostrou em outros anos inúmeros confrontos sangrentos por territórios e/ou entre grupos e choques entre figuras que se esbarram e são ambiciosas demais para não passarem umas por cima das outras. Esses são temas que fazem parte do DNA da antologia.
Neste novo ano, tais temas novamente estão presentes, mas dentro de um panorama muito atual. Um mundo muito marcado por líderes que usam todas as artimanhas possíveis e privilégios que suas respectivas posições, capacidades de influenciar e regiões oferecem.
O resultado não poderia ser outro. Claramente, pelos envolvidos, não é um duelo sobre bem x mal(embora seja quase impossível não torcermos por um dos lados), porém o resultado nos faz esquecer disso lindamente.
O conservadorismo exacerbado, o comportamento arcaico sobre relações e a visão estreita e egoísta de mundo são características bastante marcantes do grande vilão da história. Um vilão deveras assustador, pois é tão palpável quanto figuras que vemos fora da ficção.
Personagens exóticos que nem parecem humanos(por representarem o mal ou 'guardiões da punição inescapável' em carne e osso) são atrações fascinantes, já tradicionais da série. Como esquecer de Lorne Malvo e V. M. Varga? Impossível. Aqui essa figura também é fascinante, parece quase indestrutível, entrega o que se espera. Mas há um algo a mais que surpreende e conversa diretamente com a jornada da protagonista da história.
Dorothy. Um nome que significa uma nova vida. Uma vida que carrega da antiga a incrível capacidade de resistir e lutar como uma gigante contra as maiores crueldades e violências. Contudo, o que a torna invencível de verdade é o amor de hoje, de uma família construída. Um amor que uma mulher merece viver, que sara anos de pesadelos, traumas e feridas. Um amor capaz até mesmo de curar maldições de séculos através dos mais simples gestos de bondade e de pequenos prazeres compartilhados com grande carinho.
Juno Temple, Jon Hamm, Sam Spruell e Jennifer Jason Leigh arrebentam. Ótimas atuações, entraram na galeria de personagens marcantes da série.
Bela e intensa temporada de "Fargo".
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraFome de (re)viver.
"Pobres Criaturas" parte do clássico 'criador e criatura' para mostrar quem de fato são as criaturas.
O domador e o ser domado. Apenas quando se perde o controle do outro se vê a verdadeira face do sentimento e interesse.
O prazer da descoberta. A paz do não-saber. A dor de conhecer o mundo como ele é.
O conhecimento que clareia a mente e mostra o caminho a ser traçado.
A maior das experiências é vivenciar a verdadeira liberdade, a aventura que é ser você mesma. Uma liberdade que apenas por existir confronta os costumes, as prisões e um mundo criado pelo que há de pior nos homens.
Quem já não gostava do cinema de Lanthimos vai continuar não curtindo seus 'exageros', 'excentricidades' e 'humor particular', seguirá enxergando fortemente isso neste longa.
Os que curtiram os filmes anteriores, provavelmente vão gostar muito e se envolver com esse seu mais novo filme.
Belo momento de Emma Stone e Willem Dafoe(sempre, né) no cinema, ambos brilham.
Irmãos de Guerra
4.7 621 Assista AgoraMemórias eternas.
Pelos envolvidos(Tom Hanks e Spielberg são os criadores) e pelo ano de realização, eu já esperava encontrar uma obra de tom e direção similares a de "O Resgate do Soldado Ryan". É bem por aí, mas gosto mais desta produção da HBO.
O lado humano é bastante aprofundado, se destaca tanto quanto a impressionante parte técnica.
Sobreviver é o objetivo. Porém, a busca por demonstrar valor e encontrar propósito também são muito importantes. O desejo 100% em comum? A chegada do tempo de paz.
Coragem? Eficiência? Medo? Desespero? Afobação? Somente se sabe a reação que se terá num cenário de Guerra quando se vive a mesma na pele. E assim se entende o quanto todos os envolvidos são parecidos de alguma forma e o preço imenso que a Guerra cobra.
Muitas marcas e muitas histórias. O companheirismo e os laços criados são o que permitem seguir.
Uma das grandes minisséries da TV.
Treta
4.1 315 Assista AgoraA raiva devora a alma.
Pessoas à Beira de um Ataque de Nervos, retrato do nosso tempo.
O estado externo explode ao refletir o desespero existencial interno.
A solidão e a busca por algo que faça se sentir vivo como elementos universais, que reverberam em todos. Apenas quando se entende isso pode-se enxergar o outro.
Yeun e Wong ótimos, em grande sintonia.