Um dia sonhei que voltei a 1963, ano do lançamento do primeiro disco dos Beatles, o já clássico 'Please Please Me'. Assim que a canção 'Love Me Do' ressoava nas rádios eu sentia uma energia transcendental percorrer pelo meu corpo e desejava, mais do que nunca, conhecer aqueles rapazes cabeludos e irreverentes: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star. O que eles fizeram em tão pouco tempo estando juntos ecoa no universo cultural até os dias atuais, quando, obviamente, acordei e percebi que meu sonho não se efetivaria.
Mas, então, chega ao catálogo da Disney+ o documentário THE BEATLES: GET BACK (2021), do diretor neozelandês Peter Jackson (o mesmo por trás da trilogia de 'O Senhor Dos Anéis'). Quase oito horas de sons e imagens refletindo o cotidiano dos fabulosos por 21 dias seguidos, no janeiro de 1969. Jackson, que teve acesso a mais de 50 horas de filmagem e 150 horas de gravação (!), teve o exímio trabalho de editar e entregar aos fãs não apenas uma carta de amor, mas um portal para a realização dos nossos sonhos.
Muito bem produzido e repleto de simbolismos recorrentes do universo beatlemaníaco, a obra se dividiu em três capítulos. Sabiamente, o primeiro já destrói a imagem de deuses que os caras tinham e os colocam no patamar humano, onde assistimos a quatro pessoas que destoam do artista médio comum apenas por serem excepcionalmente talentosas e inventivas, mas culminando na bronca de George que deixa momentaneamente o grupo. O segundo, mais longo, é a imersão na atmosfera de um estúdio em ebulição - planejamento, entusiasmo, diversão e, principalmente, criatividade. Logo, o terceiro e último capítulo é um fan service do diretor, que entrega o icônico show do terraço na íntegra, inclusive com a banda performando a música título três vezes.
Enfim, vários mitos foram destruídos (ou confirmados) pelo filme. Mas a melhor e maior sensação é retomar àquele meu velho sonho (os sonhos não envelhecem, Danilo!) de conviver com meus ídolos numa época em que eu nem havia nascido. E eu voltei! Voltei ao contato daqueles nunca foram, pois, em janeiro de 1969, eu estava ali, junto com eles, presenciando o início de hits atemporais e clássicos da música mundial. Eu percebi o quanto os Beatles eram tão humanos quanto nós. Porém, na hora em que os letreiros subiam, eu chorei. Pois tive que acordar.
Obrigado, Michael Lindsay-Hogg, por ter gravado o cenário do meu sonho! Obrigado, Peter Jackson, por ter dado voz, imagem e sentimento ao meu sonho! E obrigado, Beatles, por serem o meu sonho.
Última temporada de uma série que patina. Começa bem, desliza, volta com tudo e derrapa de vez. Nesta, até as protagonistas ficaram robóticas e a obviedade prevaleceu. Implantar uma tradição de heroína malvada e sem sentimentos não obteve sucesso com o clichêzaço final. Entretanto, não há problemas narrativos, as reviravoltas continuam deleitosas e o tema é sempre interessante: o instigante e perigoso desejo de vingança, que é uma espécie de justiça selvagem. Infelizmente nos foi oferecido o prato superaquecido, quando, preferencialmente, serve-se frio.
Quando, no mundo cinéfilo, a versão orgânica e original se perde, resta-se uma emenda retalhada. Neste caso, uma bagunça recreativa. Não há a autolimitação que a série se impôs na segunda temporada, mas a necessidade a qualquer custo de vingança mexeu com alguns nervos dos telespectadores. Por mais que os planos da nossa anti-heroína fossem tediosos e ridículos, a trama intrigou. E, esperançosamente, ladrilhou um belo caminho para a parte final de uma história que começou cheia de grandes expectativas - mas ainda não atingidas, diga-se.
A reinterpretação autoral dos 10 Mandamentos cristãos sob uma visão consciente, política, social e moderna, aludindo à vida do homem cru(el), independente de sua religiosidade. Através de um recorte de um microcosmo polonês (o mesmo complexo residencial mas com pessoas diferentes), o diretor, numa série de dez capítulos, faz-nos enxergar como humanos, por respeito a todos e com abertura moral para o diálogo, que é a melhor forma de estabelecer "outros mandamentos" - se um dia tivermos liberdade, quais escolhas faremos? Pois, neste mundo e em qualquer época, o pecado impera, como se cada mandamento fora feito para ser descumprido. Porém, também nos é oferecida uma segunda chance. E parece que isto incomoda, já que a fé, diferentemente daquela conhecida canção, costuma falhar. Obra necessária!
Com bem menos lógica que a primeira temporada, apresenta uma trama excessivamente complicada e desigual, porém, divertida. Ainda consegue manter a fome por mais capítulos sob novas, pulsantes e emocionantes sensações de escuridão, presságio e melancolia. Ou seja, sem brilho e com pouca nitidez. Talvez seja uma reorganização das embaralhadas cartas da narrativa inicial, embora o anseio fosse de reenergização, como se a anti-heroína não fosse capaz da vingança.
Intrigante, engenhoso, opulento, ensaboado. Um clássico prazer culposo com bombardeio de reviravoltas excêntricas típicas de dramas de retaliações. A vingança é um prato que se serve frio ou um prato que nos deixa frio? Anti-heroína x vilã cínica e encantadora num tic tac cativante. Ótimo exemplo de série pop inteligente.
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The Beatles: Get Back
4.7 117 Assista AgoraA VOLTA DOS QUE NÃO FORAM
Um dia sonhei que voltei a 1963, ano do lançamento do primeiro disco dos Beatles, o já clássico 'Please Please Me'. Assim que a canção 'Love Me Do' ressoava nas rádios eu sentia uma energia transcendental percorrer pelo meu corpo e desejava, mais do que nunca, conhecer aqueles rapazes cabeludos e irreverentes: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star. O que eles fizeram em tão pouco tempo estando juntos ecoa no universo cultural até os dias atuais, quando, obviamente, acordei e percebi que meu sonho não se efetivaria.
Mas, então, chega ao catálogo da Disney+ o documentário THE BEATLES: GET BACK (2021), do diretor neozelandês Peter Jackson (o mesmo por trás da trilogia de 'O Senhor Dos Anéis'). Quase oito horas de sons e imagens refletindo o cotidiano dos fabulosos por 21 dias seguidos, no janeiro de 1969. Jackson, que teve acesso a mais de 50 horas de filmagem e 150 horas de gravação (!), teve o exímio trabalho de editar e entregar aos fãs não apenas uma carta de amor, mas um portal para a realização dos nossos sonhos.
Muito bem produzido e repleto de simbolismos recorrentes do universo beatlemaníaco, a obra se dividiu em três capítulos. Sabiamente, o primeiro já destrói a imagem de deuses que os caras tinham e os colocam no patamar humano, onde assistimos a quatro pessoas que destoam do artista médio comum apenas por serem excepcionalmente talentosas e inventivas, mas culminando na bronca de George que deixa momentaneamente o grupo. O segundo, mais longo, é a imersão na atmosfera de um estúdio em ebulição - planejamento, entusiasmo, diversão e, principalmente, criatividade. Logo, o terceiro e último capítulo é um fan service do diretor, que entrega o icônico show do terraço na íntegra, inclusive com a banda performando a música título três vezes.
Enfim, vários mitos foram destruídos (ou confirmados) pelo filme. Mas a melhor e maior sensação é retomar àquele meu velho sonho (os sonhos não envelhecem, Danilo!) de conviver com meus ídolos numa época em que eu nem havia nascido. E eu voltei! Voltei ao contato daqueles nunca foram, pois, em janeiro de 1969, eu estava ali, junto com eles, presenciando o início de hits atemporais e clássicos da música mundial. Eu percebi o quanto os Beatles eram tão humanos quanto nós. Porém, na hora em que os letreiros subiam, eu chorei. Pois tive que acordar.
Obrigado, Michael Lindsay-Hogg, por ter gravado o cenário do meu sonho! Obrigado, Peter Jackson, por ter dado voz, imagem e sentimento ao meu sonho! E obrigado, Beatles, por serem o meu sonho.
Revenge (4ª Temporada)
4.1 666 Assista AgoraÚltima temporada de uma série que patina. Começa bem, desliza, volta com tudo e derrapa de vez. Nesta, até as protagonistas ficaram robóticas e a obviedade prevaleceu. Implantar uma tradição de heroína malvada e sem sentimentos não obteve sucesso com o clichêzaço final. Entretanto, não há problemas narrativos, as reviravoltas continuam deleitosas e o tema é sempre interessante: o instigante e perigoso desejo de vingança, que é uma espécie de justiça selvagem. Infelizmente nos foi oferecido o prato superaquecido, quando, preferencialmente, serve-se frio.
Revenge (3ª Temporada)
4.2 629 Assista AgoraQuando, no mundo cinéfilo, a versão orgânica e original se perde, resta-se uma emenda retalhada. Neste caso, uma bagunça recreativa. Não há a autolimitação que a série se impôs na segunda temporada, mas a necessidade a qualquer custo de vingança mexeu com alguns nervos dos telespectadores. Por mais que os planos da nossa anti-heroína fossem tediosos e ridículos, a trama intrigou. E, esperançosamente, ladrilhou um belo caminho para a parte final de uma história que começou cheia de grandes expectativas - mas ainda não atingidas, diga-se.
O Decálogo
4.7 108A reinterpretação autoral dos 10 Mandamentos cristãos sob uma visão consciente, política, social e moderna, aludindo à vida do homem cru(el), independente de sua religiosidade. Através de um recorte de um microcosmo polonês (o mesmo complexo residencial mas com pessoas diferentes), o diretor, numa série de dez capítulos, faz-nos enxergar como humanos, por respeito a todos e com abertura moral para o diálogo, que é a melhor forma de estabelecer "outros mandamentos" - se um dia tivermos liberdade, quais escolhas faremos? Pois, neste mundo e em qualquer época, o pecado impera, como se cada mandamento fora feito para ser descumprido. Porém, também nos é oferecida uma segunda chance. E parece que isto incomoda, já que a fé, diferentemente daquela conhecida canção, costuma falhar. Obra necessária!
Revenge (2ª Temporada)
4.2 649Com bem menos lógica que a primeira temporada, apresenta uma trama excessivamente complicada e desigual, porém, divertida. Ainda consegue manter a fome por mais capítulos sob novas, pulsantes e emocionantes sensações de escuridão, presságio e melancolia. Ou seja, sem brilho e com pouca nitidez. Talvez seja uma reorganização das embaralhadas cartas da narrativa inicial, embora o anseio fosse de reenergização, como se a anti-heroína não fosse capaz da vingança.
Revenge (1ª Temporada)
4.3 824 Assista AgoraIntrigante, engenhoso, opulento, ensaboado. Um clássico prazer culposo com bombardeio de reviravoltas excêntricas típicas de dramas de retaliações. A vingança é um prato que se serve frio ou um prato que nos deixa frio? Anti-heroína x vilã cínica e encantadora num tic tac cativante. Ótimo exemplo de série pop inteligente.