Gosto de filmes que me fazem ter emoções fortes - seja essa emoção por meio de uma paisagem muito bem enquadrada, por uma performace dramática ou por um riso sincero. Gerald's Game é um daqueles filmes que choca - uma história que começa em uma simples fuga em casal se transforma em uma batalha pela sobrevivência e a revisão de um passado perdido. Stephen King sempre teve uma mão pra causar terror e aqui não é diferente, mas dessa vez Jack Torrance não carrega um machado, dessa vez Cristine não atropela e Pennywise não expande o maxilar pra causar pânico. O que assusta em Gerald's Game é a naturalidade da narrativa - apesar do primeiro contato ser um tanto quanto simplório, o desenrolar tira o véu de uma história de abusos, segredos e de muito medo. Bruce Greenwood está muito bem no filme, apesar de sua morte precoce, mas quem brilha mesmo é Carla Gugino. Meu Deus! Essa mulher vai de uma ingenuidade passiva no início do filme até uma figura quase Sarah Connor mais para o final. Os diálogos, digo, monólogos desse filme são sensacionais. Muito disso se deve à mão de Stephen King que traz reflexões pesadíssimas sobre a mente humana e sobre passividade, amor e cumplicidade(de um jeito distorçidamente nojento, como Stephen King sempre faz). O filme peca em alguns aspectos, insere um alemento que poderia muito bem ser cortado e poderia (deveria) ter terminado 15 minutos antes. Pelo bem do próprio filme. É um filme pesado, tem uma atmosfera de medo e tem uma cena que você precisa ter estômago pra assistir. Eu recomendo pra quem gosta de Stephen King, ou quer ver um filme diferente, mas decididamente não recomendo pra quem tem estômago fraco, fiquem longe desse filme. Hahahha. Excelente filme, o fim do ano se aproxima e as jóias vão aparecendo, será que rola um Oscar pra Carla Gugino? :)
Aronofsky é um diretor consagrado, já presenteou a 7ª arte com filmes pesadíssimos psicologicamente como Réquiem for a Dream, The Wrestler e Black Swan. Agora vem Mother! para se juntar ao grupo de acertos do diretor. O primeiro ponto a ressaltar do filme é a câmera, seu enquadramento majoritariamente em Primeiro Plano ou Sobre o Ombro faz com que a janela de observação do espectador tenha de ser absurdamente precisa - o diretor sabe quando mostrar ou não mostrar uma sequência, o que podemos ver e o que só precisamos imaginar. Essa câmera mais próxima acaba derrubando todo o peso de atuação sobre Jeniffer Lawrence que, quem diria, entrega uma performance excelente no trabalho - ela é o espectador perdido entre os acontecimentos, ela é o tremor da câmera, o medo e o receio de cada hóspede e cada liberdade extrapolada. Javier Barden, ao menos pra mim, seria a única opção para o seu papel - ingênuo, porém sábio; sincero em suas reações, mas ao mesmo tempo capcioso nas palavras que usa... e ao que o final do filme se aproxima, mais sua faceta vilanesca aparece e aí sua atuação brilha ainda mais. A cinematografia é ótima, o diretor usa muito bem o silêncio nas tomadas e as metáforas estão aqui em todo o lugar - cicatrizes, termos, chegadas e partidas, até em um móvel ainda mal adaptado; tudo aqui traz referências claras à mensagem que o filme quer passar. Mother! é um filme frenético, em alguns momentos difícil de engolir, sádico, tem um toque sobrenatural balanceado com uma abordagem muito pé no chão e consegue o feito máximo em uma obra cinematográfica - ele conta uma boa história de uma maneira surpreendentemente original. Recomendo muito. Aliás, só um detalhe em spoiler... ;)
Ok... tem filmes que a gente vai com expectativas de assistir um clássico, um marco na história do cinema contemporâneo, o novo Cidadão Kane. Bueno... não é o caso. E se você acha que é o caso... não é. O roteiro do filme é um clichê de filmes de desastre, todos eles estão aqui - contagem regressiva, destruição de ponte, o nerd que prevê tudo, o herói que é chamado de volta... absolutamente tudo. Sobre o casting, Gerard Butler, Ed harris e Andy Garcia estão aceitáveis com o que é permitido, mas Jim Sturgess está mais que péssimo... aliás um destaque pra Sterlin Jenkins, a tadinha recebeu as piores falas e os piores momentos - tudo em relação à ela parece artificial, desde a relação forçada com o pai, até as frases de impacto absolutamente do nada. Suspensão de descrença (aquele 'ah... é filme isso né') se torna essencial em quase todos os momentos, desde um astronauta demitido morando a 500 metros de uma plataforma de lançamento, o time de astronautas renomados que não conhece o idealizador da estação espacial que salvou o mundo (e é o escritório de trabalho deles)... bom, enfim. Agora, alguns pontos positivos, por que né... O filme diverte, é simples, tem um ritmo rápido depois da metade e consegue prender o espectador... apesar de tudo ser previsível. Se você quiser ir se divertir, Geostorm pode ser até divertido - tem aquele roteiro clichezão com cenas de ação bem divertidas e uma perseguição de carros que vale a pena assistir. Bom, eu recomendaria pra alugar numa sexta-feira como o filme coringa que vem na promoção 'Alugue 3 e entregue na segunda'. (Haha... ninguém aluga filme mais... :P ) Assista sem compromisso que você vai se divertir. :)
Sempre gostei muito de filmes de 'roubo a banco' e Steven Soderbergh conhece muito bem o gênero, como visto nos Ocean's. Em Logan Lucky ele tenta subverter o gênero usando uma locação diferente e personagens diferentes - aqui temos uma corrida de Nascar lucrativa, mas com um público muito mais humilde que o de um Cassino luxuoso em Vegas, assim como os personagens são presidiários, bartenders e trabalhadores locais em contrapartida aos gênios do crime, socialites e hackers dos filmes clássicos. O filme anda muito bem pela experiência do diretor, mas peca em alguns pontos. O enredo acaba ficando apressado em algumas motivações e vários momentos necessitam de uma suspensão de descrença pra funcionar. O filme acaba ficando caricato demais, tudo se resolve de maneira muito simples - 'vamos fazer? vamos! então vamos!', falta uma visão um pouquinho mais realista, como em The Lookout (2007) ou Going in Style (2017). Alguns personagens são caricatos demais e sem propósito, como Seth Mcfarlane, enquanto alguns atores são cruelmente subaproveitados - Sebastian Stan, Hilary Swank e Katherine Waterson estão aqui só pra ter o nome nos créditos. O andamento da história é leve, o filme pode surpreender quem não está acostumado com o gênero, mas em sua essência não é nada demais. Adam Driver, Chaning Tatum e Daniel Craig estão muito bem e acabam segurando boa parte do filme, a narrativa 'complexa que se torna simples' também ajuda bastante, mas no geral é um filme que diverte sem se tornar memorável. Eu recomendaria pra um sábado à tarde quando não tem nada mais divertido pra fazer. :)
É tão gostoso (e um pouco raro ultimamente) adaptações que dão certo. Ainda mais quando essas adaptações são de livros de escritores consagrados. Esse é o caso da nova versão de It. Uma história sensacional aliada a um esmero absurdo na produção visual. Os diálogos carregam boa parte do filme, com sua simplicidade, naturalidade e sagacidade de expor as motivações, aproximar o espectador e conduzir a narrativa. A câmera, por sua vez, vem pra causar inquietação, tanto pelas sequências de câmera na mão quanto pelos enquadramentos que trazem desconforto e nos colocam na pele dos protagonistas. It é um filme que fala de crianças e brinca com um palhaço assassino, mas que por baixo dos panos fala sobre infância, abuso, violência, abandono e luto (por que não?). Os adultos aqui são as crianças, pouco influenciando nos acontecimentos e demonstrando ingenuidade para com o sobrenatural evidente, enquanto as crianças se tornam protagonistas - temos a criança vilão, a criança mocinho, a criança tutor e a criança a ser resgatada. Como todo filme de terror, o antagonista acaba sendo o elo da narrativa, e Pennywise continua sendo extremamente eficiente em causar horror, inquietação e dúvida - ora na conversa descompromissada (a lá Tarantino) com Georgie, seja no trabalho corporal (CGI... mas ainda assim) na sequência com Ed ou nas interações com os Losers. Uma história que merecia um filme à altura... e me desculpem os nostálgicos, mas fora Tim Curry (que, assim como Skarsgard é MUITO auxiliado pela personagem), aquela série era bem ruinzinha... Um filme que assusta quando precisa, faz rir pra valorizar seus personagens e ainda brinca com a dicotomia da infância leve, de uma brincadeira no lago, em contraste com um assassino homicida perseguindo crianças indefesas. It é tudo o que precisava ser, recomendadíssimo pra quem gosta muito de Stephen King, pra quem gosta de horror e pra quem gosta de bons filmes. :)
Doug Liman já dirigiu os divertidos Mr. and Mrs. Smith, Bourne Identity e Edge of Tomorrow, assim como o 'clássico' Jumper (u___u). Dessa vez ele se aventura em contar uma história real de um piloto americano que viveu uma vida absurdamente perigosa... porém muito divertida. A história por si só é excelente, temos um personagem principal que participa ativamente da narrativa, toma decisões, mas acaba se envolvendo com tramas muito superiores a ele - o senso de 'bom, eu na mesma situação, acho que faria quase a mesma coisa' aparece toda hora e isso é bom pra causar empatia com o público. As motivações são bem construídas, não temos muitas cenas desnecessárias e, claro, o carisma do Tom Cruise ajuda MUITO na identificação com Barry Seal. O diretor já mostrou que manja das comédias de ação e isso fica evidenta na segunda metade do filme, onde o mesmo ganha ritmo, fica mais agudo e consegue prender o espectador na cadeira. Tem duas sequências que a tensão foi tão bem construída que eu fiquei nervoso no cinema, hahaha, muito bom. O início do filme que fica mais lento, perdido e arrastado - necessário para o desenrolar da trama, mas muito discrepante do resto do filme... até por conta da própria história do personagem. As atuações também não são ruins, Sarah Wright faz o basicão (até por que não tem muito espaço pra fazer mais), o menino Gleeson continua com performances ótimas (sério, esse cara é muito bom) e Tom Cruise continua da mesma maneira - competente no drama, acima da média como canastrão e em cenas de ''ação''. Eu recomendaria o filme pra quem está afim de se divertir sem muito compromisso, um domingo a tarde é um bom momento pra assistir, mas decididamente não é um filme memorável ou excelente. Digamos que é competente e divertido. :)
Só queria comentar aqui um paralelo que pode ser feito, deixei como spoiler por que não tem muito a ver com o comentário geral. O que Doug Liman fez foi pegar uma história muito boa (puta merda, esse Barry Seal viveu um filmaço na vida) e transformar em um filme mediano, enquanto Daniel Rezende, em Bingo, teve uma história tão boa quanto (talvez até um tantinho mais monótona) e transformou em um filme excelente. Só pra ficar o registro que o Brasil está indo muito bem no audio-visual. ;)
Cada categoria de arte - música, dança, literatura - possui uma linguagem particular, transmitindo assim uma mensagem ou emoção diferente. Óbvio que a emoção sentida é individual e não merece julgamentos ou 'revisões de filmow'. João, o maestro conta a história de João Carlos Martins e... meus amigos... que história. O cara é um exemplo de superação e sua história representa muito bem a dualidade entre obsessão, arte, limites e loucura. Infelizmente o filme fica devendo muito... em caráter de 'filme'. As atuações são muito limitadas, a montagem é picotada e a mixagem de som é um pouco bestinha (risos). Rodrigo Pandolfo e, bom... o pai do personagem (juro que procurei o ator :( ) se destacam, porém os demais soam novelescos ou talvez muito mal dirigidos. A edição do filme é muito picotada, muitos elementos são inseridos e removidos sem pudor algum. Geralmente elementos narrativos devem ter um propósito, seja ele específico ou para o desenvolvimento de personagem, o filme está recheado de elementos que simplesmente desaparecem (uma droga é apresentada em um momento, uma doença que se cura em outro... só alguns exemplos). A história parece apressada e em alguns momentos a edição de som (terrível, por sinal) parece brincar com o espectador... basicamente cada vez que um personagem aparece toca uma 'vinheta' sobre o humor do personagem. Eu literalmente gargalhei quando introduziram a personagem do Caco Ciocler. As músicas, melodias e composições são ótimas, o que é esperado em um filme dessa temática, mas a mixagem de som é muito terrível. Existem uns ângulos de câmera bem interessantes, porém mal aproveitados... o que parece é que muitos elementos foram inseridos sem que sua função fosse levada em conta... o filme 'ousa' bastante e essa ousadia não adiciona muito. O filme ganha impacto na 'jovialidade' do personagem e acaba ficando um tanto quanto novelesco a medida que os eventos se tornam mais atuais, as sequências infatis parecem uma novela... sinceramente. Eu daria uma nota mais baixa para esse filme, mas ao chegar no final e ver tudo o que esse rapaz João Carlos Martins fez pela arte... sinceramente é impossível castigar tanto. Não é um filme chato, mas, como eu havia dito no início, cada arte tem uma linguagem e esse filme fala muito como documentário e pouco como filme biográfico. Procurem a história desse pianista/maestro... sensacional. :D
Eu sempre digo que os gêneros mais difíceis de se produzir são o terror e a comédia - ambos por que lidam com emoções subjetivas incontroláveis do ser humano, o medo e o riso. Edgar Wright já provou que consegue fazer humor de uma maneira tão natural que nem sentimos que estamos assistindo algo cômico e muito disso se deve, em minha humildíssima opinião, a sua habilidade de montagem. A montagem é ativa, ela interage com o espectador quase como um terceiro elemento além do áudio e do visual. Baby Driver conta uma história de maneira leve, usa e abusa de toques humorados e leves, sequências coreografadas e uma fluência muito boa em frente às câmeras. Os atores fazem um excelente trabalho com destaque pro Ansel Elgort que usa muito bem os espaços e se move de maneira muito genuína na pele de Baby. Além dele, o conjunto é ótimo - temos Kevin Spacey fazendo o que sabe fazer, Jamie Foxx fazendo o que sabe fazer e Jon Hamm brilhando. Todos os 'vilões' têm peso no filme, desde a loucura até a presença ameaçadora que 'bandidos' devem possuir, tudo está nesse filme. Excelente trabalho de atores. A química entre Baby e Debora também flui naturalmente, apesar do arco acabar sendo coadjuvante no enredo. Baby Driver tem uma trilha sonora sensacional (Easy vai ficar na minha cabeça toda a semana, certo), uma edição excelente (deve vir Oscar aí, hein), um enredo eficaz e atores comprometidos e bem trabalhados. Um filme com ótimas cenas de perseguição, ação, humor e tensão, tudo no equilíbrio perfeito pra não dar sono e entreter o público até (surpreendemente) a última cena. Entrou pra minha lista de filmes favoritos e recomendadíssimos. :)
"Um filme que diz muito quando seus personagens não estão dizendo nada", pra mim isso captura bem a atmosfera de O Filme da Minha Vida. A direção do grande Selton Mello fala muito em suas paisagens, em suas metáforas e em seu intimismo no trato com personagens. Os momentos silenciosos povoam o filme, as sequências musicais e os primeiríssimos planos aprisionam o espectador na tristeza e na solidão de seus personagens, que aqui é retratada no contexto afetivo, sexual e social de maneira sensacional. Muitos diálogos lembram a técnica usada pelos irmãos Cohen com a câmera entre os personagens, isso faz com que o espectador se torne a segunda pessoa da conversa. A fotografia está de parabéns, com uso (as vezes um pouco abusivo) de umas composições noir onde os personagens desabafam usando a fumaça do cigarro quando não conseguem desabafar em palavras. Em alguns pontos, porém, o filme peca. Ao meu ver, Johnny Massaro é limitado demais pra o que é exigido aqui... seu personagem tem muito peso dramático e as vezes é narrativamente passivo pra história. Nos momentos em que ele se destaca (com o plano detalhe e em algumas sequências e tomadas de decisão) o ator não consegue trazer o que é pedido... parece que seu personagem dança entre ser muito passivo/irrelevante ou extremamente caricato, o que não favorece em nada. Bruna Linzmeyer está ótima aqui, seus olhos dizem muita coisa (Emma Stone brasisleira? haha). Vincent Cassel é um ator muito bom, mas nesse filme parece fazer uma ponta em sitcom... senti falta de mais drama em algumas sequências dele, algo mais raivoso, mais enérgico e até mais violento (e esse ator sabe fazer isso muito bem). O início do filme e o finalzinho do segundo ato ficam meio cansativos, muita exposição e algumas cenas longas demais. O teceiro ato é compreensível, porém mal executado - eis a questão, a linguagem figurada misturada com a realidade acaba ficando um pouco cômica demais, ao menos pra mim (James Dean feelings). O filme é interessante, acho que marca um cinema brasileiro que está rompendo com alguns laços muito antigos e nos últmos anos está descobrindo uma nova faceta, sei lá, talvez seja viagem minha. Inegavelmente é um filme bom, leve e que traz uma sensação de felicidade, com certeza assistirei novamente. Apesar de tudo, para quem gostar desse filme, eu recomendaria O Palhaço (2011) que é ainda melhor, na minha opinião, claro. :)
Bonjour Anne (ou Bonjour Brulee, vai), é um filme saudosista que conta a história de Anne e sua intrigante viagem a Paris com o encantador Jackques de Arneud Viard. O filme é muito leve, tem um compasso lento e um roteiro clássico de filmes franceses. A beleza e o cuidado são as marcas aqui, temos fotografia, iluminação e posicionamentos de câmera pitorescos, o que nem sempre é bom, mas funciona em boa parte do filme. O filme é um romance pincelado de ironias e carrega um ideal simples (inclusive citado no próprio filme) 'seize the day'. É interessante pra quem gosta muito da cultura européia, de fotografias bonitas e de clima 'relax'. Infelizmente, as reflexões são vazias, o filme parece um chá morno e saudosista, os conflitos são resolvidos com naturalidade de um conto infantil, nada parece 'real'. Duas sequências dão mais profundidade para os personagens, porém se perdem em uma imensidão de elementos cartunescos. Eu achei o filme bem chatinho, o próprio conflito do filme 'chegar a Paris' é tratado sem nenhuma urgência e até o romance, que poderia render uma boa sequência, acaba sendo levado ao patamar de conto de fadas. Eu recomendaria para alguém que viajou a muito tempo para a Europa, está na meia idade ou gosta muito de jornadas introspectivas de terceiros. A fotografia é bonita, o roteiro é atadinho e o final é suave, absolutamente nada mais que isso.
Indiscutivelmente, Cristopher Nolan é um dos grandes nomes do cinema na atualidade, muito disso se deve a versatilidade que o mesmo tem com gêneros diferentes, desde thrilers policiais, dramas psicológicos até aventuras de super-heróis. O que ele consegue em Dunkirk é muito interessante - um filme de guerra quase sem sangue e sem foco em personagens. A personificação da guerra é feita quase que completamente por meio do som, o inimigo é apresentado como uma força invisível, quase que natural, limitando as ações e inserindo urgência na narrativa. Talvez tenhamos um forte concorrente para as categorias de edição e mixagem de som no Oscar do ano que vem. O valor de produção do filme também é visível, sequências de guerra muito bem construídas e conseguem atingir seu propósito - causar terror, pânico, imprevisibilidade, insegurança e medo no espectador. Todo o ataque acontece sem previsão, porém, segundos antes de acontecer o sentimento é de naturalidade. Apesar das questões técnicas, o filme acaba perdendo um pouco o peso justamente por ser muito inovador - talvez isso crie um subgênero de filmes de guerra, não sei. Mas o fato é que ao assistir Saving Private Ryan, Band of Brothers ou até mesmo Hacksaw Ridge, o espectador cria laços com os personagens que, quando rompidos, causam desconforto e empatia pela história do mesmo. Em Dunkirk isso até acontece, mas o peso é muito leve. A não linearidade também é pouco explorada, Nolan é bom em 'prever' reações dos espectadores, porém em Durkirk as sequências que se relacionam nas diferentes linhas temporais funcionam mais para 'ah... então foi nessa ordem que aconteceu... blz'. O paralelismo das sequências não traz nenhuma informação nova. Recomendo Dunkirk para quem gosta de filmes de guerra, pra quem gosta de filmes do Spielberg (tem uma boa influência aqui), mas talvez pra quem goste dos trabalhos anteriores do Nolan eu pensaria algumas vezes antes de indicar. Acho que Dunkirk é um filme ótimo, mas questiono o seguinte: tirando alguns milhões de produção e o nome de Christopher Nolan dos créditos, esse filme seria marcante? :)
O cinema sempre acaba ficando próximo de seu povo, enquanto os americanos esbanjam riquezas, efeitos e ironias, os franceses com seu esmero na beleza, frieza e música, nós, brasileiros carregamos uma sujeira, uma bagunça e uma suavidade pra tratar das coisas mais tristes - que acabam sendo escondidas por essa alegria que nós esbanjamos. Eu acho isso sensacional. O palhaço reflete o improviso, a falta de esperança que acaba criando uma fé inabalável e uma despreocupação com a objetividade dos fatos em vista da beleza de um momento, um picadeiro, uma apresentação, e até mesmo um abandono. Com uma trilha sonora alegremente triste, uma atuação pontual de Selton Mello (sensacional), uma trama bem simples, mas que toca em pontos profundos da natureza humana, e metáforas extraordinárias, o palhaço é um filme bem curtinho e que merece ser assistido por todo mundo que gosta de um bom filme.
Homem aranha sempre foi um herói marcante para a Marvel, muito disso se deve a proximidade do jovem Peter Parker ao seu público. Ele não é um bilionário super gênio, um alien ou uma amazona com poderes místicos, talvez por isso mesmo que as tentativas cinematográficas anteriores tenham resultado em estranheza - Andrew Garfield era um nerd descolado com cabelo de ondinha e que anda de skate em locações abandonadas (wtf), enquanto Tobey Mcguire foi o nerd de filme, que sofre bullying sem razão de valentões que não existem e se apaixona pela donzela indefesa (apesar do clichê, sempre gostei do Tobby ;) ). Tom Holland traz uma cara nova, moderna e (ao meu ver) bem realista de um adolescente do final dos anos 'zero zero'. Talvez um público mais adulto não compreenda, eu mesmo achei alguns traços da personagem bem idiotas, mas reconheço quando vejo irmãos menores, primos mais novos e filhos dos vizinhos. Esse Peter Parker é imediatista, impaciente, nervoso e ao mesmo tempo inseguro de si mesmo. Não foi feita uma revisão da história de origem do personagem, graças a deus, mas os traços estão lá - e isso é ótimo, pois dá uma profundidade e mais níveis para o personagem se apresentar frágil ao público. O vilão é realista, tem motivações boas - inclusive, pra mim é vilão do universo Marvel que mais faz sentido até hoje - e tem uma química ótima com o próprio homem aranha (Michael Keaton adora essas personagens baseadas em animais voadores, né?). O elenco de apoio é sensacional, o filme é engraçado, um pouco longo, mas nunca parado. As referências ao universo Marvel estão lá, mas o filme não é dependente do mesmo pra existir (isso!). Não é o melhor filme de todos os tempos, mas dessa linha de 'filmes engraçadões de super heróis' tá pau a pau com Ant Man e Dead Pool. Recomendadíssimo pra quem curte filmes de heróis.
Ah, fiquem no cinema até o final. Melhor end-scene de todos os tempos, mas tem que ter paciência. :D
Robert Zemeckis premiou o mundo com alguns filmes fantásticos, entre eles o meu favorito de todos os tempos - Forrest Gump. Allied conta a história de dois espiões que se encontram, se apaixonam, se casam e vivem uma investigação militar. O filme possui alguns méritos na fotografia, ambientação e em alguns recursos de câmera (iluminação, o POV com transição dos veículos). O enredo é interessante e consegue abrir discussões acerca de seu final, isso me deixou muito feliz. Infelizmente o diretor conta muito com o peso da história, o que não pesa nunca. Somente duas sequências causam preocupação no espectador, ambas após a metade do filme... isso é ruim, pois filmes de espiões geralmente se baseiam no medo do seu personagem ser descoberto ou morto em alguma situação e aqui raramente essa preocupação é suficiente. A química entra os atores é terrível, apesar da natureza ludibriante das personagens, sempre aparenta ser uma relação forçada, o próprio amor parece artificial e 'caricato' demais. O mesmo acontece em La La Land, mas lá como objetivo de narrativa, em Allied o clima sombrio pede uma abordagem mais realista nas interpretações. Brad Pitt faz um papel desinteressado - só senti a carga emocional em uma cena na chuva. Marion Cotillard parece investida na trama, mas limitada pelo roteiro, talvez. Alguns elementos de humor aparecem aqui, mas são desnecessários. O diretor talvez funcione mais em aventuras ou dramas cômicos. Acho que verei esse filme reprisando em algum canal de TV por assinatura, mas dificilmente pararei pra assistí-lo novamente. :)
O filme apresenta uma premissa simples, criticar a organização militar americana e refletir sobre a real necessidade do sistema armado apresentado em filmes (muito bons) como Rambo, Apocalipse Now e, mais recentemente, Hacksaw Ridge. Uma premissa interessante, relevante, porém, subaproveitada. A personagem principal (interpretada por Brad Pitt) é caricata demais para a história, o que faz com que o filme trafegue muito entre o humor (mal construído) com a seriedade (pouco atrativa). Poucas sequências são memoráveis, os diálogos ficam artificiais e a atmosfera do filme é desinteressante. O sentimento comum é 'por que eu estou assistindo isso?'. O filme só apresenta propósito em uma sequência (uma invasão), o que só serve pra mostrar como o filme poderia ter sido muito melhor. Péssimas atuações, péssimo roteiro e um filme extremamente esquecível. :(
Eu não achei o filme ruim, tampouco bom. É um filme bem animado que flerta com o terror, a ação e a comédia, sem ir muito a fundo em nenhum dos caminhos. As sequências são muito bem produzidas, desde as de terror como as de ação (a comédia nem tanto). Tom Cruise entrega seu personagem padrão, cara de charlatão com jeito de espertalhão. Jake Johnson é fraco, continua sendo... Russell Crowe é um grande ator, continua sendo... não existem muitos destaques aqui, até mesmo pela trama simples. Sofia Boutella talvez seja a mais chamativa na interpretação. Confesso que me surpreendi com os comentários (da crítica e dos 'críticos'), não achei o filme tão ruim assim... inclusive, não sabia que A Múmia (1999) era um clássico, descobri pelos comentário aqui abaixo que é uma obra-prima, pra mim sempre foi um filme de sessão da tarde. Ambos os filmes buscam divertir o público, na minha opinião ambos conseguem por razões diferentes. A Múmia é leve, não dá sono, diverte e nada mais... aliás, precisava de mais que isso?
A DC vem sofrendo do mesmo mal que os super-heróis vêm sofrendo há muito tempo - descrença. Enquanto a Marvel conseguiu buscar diferentes públicos em diferentes franquias, a DC continua sofrendo aquele preconceito que filmes como Kick-ass, Watchmen, V for Vendetta e Scott Pilgrim estavam conseguindo tirar dos filmes baseados em HQ. Felizmente, Mulher Maravilha parece ser um passo importante para eliminar essa chaga na DC. Apesar disso, continua sendo um filme mediano... chamá-lo de 'filme do ano' ou 'marco na DC', ao menos pra mim, é fruto da euforia dos fãs que finalmente receberam um produto decente da DC (eu incluso). Sempre irei considerar 'Avengers' como o marco dos super-heróis... e falando da DC... a trilogia Batman do Nolan é infinitamente superior. Primeiramente, a estratégia da DC foi aumentar o grau de semelhança com filmes da Marvel (pra mim, efetivo, mas triste... eu mesmo achei Guerra Civil bem ruinzinho :P). Mulher Maravilha usa um tom mais alegre pra contar sua história, porém o enredo é bem simples e pouco original. Os personagens coadjuvantes são quase irrelevantes e a própria Mulher Maravilha sofre do mesmo mal do Homem de Aço, ela é MUITO poderosa, ao ponto que muitas cenas abrem a questão 'por que diabos temos personagens coadjuvantes se ela é praticamente imortal?'. Gal Gadot, apesar de elogiada e obviamente dedicada, não é uma atriz fenomenal... quando ela contracena com a Connie ou Robin Wright isso fica evidente (outros personagens também, mas... spoilers). As sequências de ação são muito mal dirigidas, câmera lenta pra todo o lado, CGI excessivo e muita barra sendo forçada, BvS tem uma direção artística das cenas de ação melhor (vide Batman salvando Marta, cabia uma sequência daquelas aqui). A mesma crítica da Civil War cabe aqui, os vilões não fazem sentido algum, os planos são furados e nunca parece que os heróis vão ser vencidos. Algo essencial quando se fala em antagonista de peso é sentir ameaça, aqui a ameaça é a guerra por si só, só um elemento é ameaçador e este funciona muito bem. Bueno, se tem pontos negativo, tem os positivos também... e alguns deles são surpreendentes. Chris Pine se destaca! What? Carismático, sensível e responsável pela cena mais emocional do filme. Gal Gadot está muito dedicada no papel e acho que ainda vai ser uma boa Mulher Maravilha no futuro. O fato de não forçarem tanto as referências a outros filmes também é ótimo, não fica pesado e faz a história ser autocontida, o que é ótimo. A ambientação também é muito legal e as sequências de guerra (pós Londres e pré final) são ótimas, a retratação dos horrores da guerra, a felicidade pós batalha, as trincheiras e até a sequência da dança são muito bonitas e importantes para os personagens e para o enredo. Um filme decente, excelente para a DC, mas ainda mediano. Oremos que a DC nos premie com filmes mais agradáveis daqui pra frente. :)
O cinema argentino pode se comparar muito com o brasileiro, ambos tratam de uma realidade semelhante e usam dessa experiência pra desenvolver narrativas próximas da realidade, marcantes e muito perturbadoras. O cidadão ilustre captura essa atmosfera interiorana de maneira excelente, trazendo no contraponto a figura de Daniel Mantovani, um antigo habitante de Salas que emerge de sua realidade para a alta sociedade européia. O filme consegue trazer graça, seriedade e diálogos (que funcionam como monólogos, realmente) sensacionais. Muitos deles eu ainda fiz questão de salvar para ler eventualmente, pois são profundos e tratam de comportamento, valorização e até religião, em certo ponto. O roteiro é magnífico, simples, porém efetivo e 'levemente' imprevisível. As falas são bem escritas e por vezes eu senti como se estivesse lendo um livro muito bom, tanto pela fluidez dos diálogos, quanto pelas reviravoltas e acontecimentos esperados ou inesperados do qual o filme se constitui. Acho que artistas em geral deveriam assistir esse filme, na verdade, eu recomendaria pra qualquer pessoa que possua uma abertura para a apreciação do comportamento humano e do papel da arte na sociedade. :)
Vemos algumas franquias de sucesso como Batman, Harry Potter e recentemente Star Wars que consegue se reinventar com o tempo, fazendo uso da base construída em um filme anterior e renovando elementos. O mesmo não pode ser dito de Piratas do Caribe. O sucesso do primeiro filme se deu graças a expontaniedade de Johnny Depp, porém quando o mesmo se tornou protagonista, nunca conseguiu segurar o filme, o que é normal... mas parece que a Disney nunca vai aceitar isso, pra ela Jack Sparrow sempre será suficiente. O roteiro parece escrito sem vontade, tudo acontece meio que 'por que tem que acontecer' e nada parece realmente necessário de acontecer senão para a história avançar. As piadas são intermitentes e, muitas vezes, não fazem sentido. Existem sequências inteiras que só ter uma serventia - arrancar uma gargalhada do público. Legal, mas né... enfim. Geoffrey Rush faz um bom trabalho aqui, ele que sempre esteve regular nos outros filmes da franquia, agora encontra o tom certo do personagem. Os 'meninos' (Brenton e Kaya) são caricaturas de seus próprios personagens. Ele como um 'herói' em ascensão, não passa de um personagem de anime e ela, uma 'wannabe' feminista acaba sendo caricata demais pra passar sua mensagem. Os efeitos são espetaculares e Javier Bardem até ameaça ser um vilão forte em algumas sequências, mas no fim é aquele vilão que mais grita do que age. Não é o melhor filme da franquia, que já é bem ruinzinha. O final é fofinho pelo menos. :)
Guy Richie tem uma pegada moderna pra dirigir, desde as sequências de narrativas em flashbacks até a câmera lateral durante a movimentação dos personagens. E isso é muito bom para filmes de grandes golpes ou espionagem. Infelizmente um filme sobre uma história clássica, como Rei Arthur, não favorece esse tipo de direção, e é justamente isso que acontece aqui. A tentativa de inserir elementos mais ágeis na contagem da história faz o enredo parecer bobo, superestima a direção e irrita o espectador. A cinematografia é excelente, porém não é adequada para o clima que a história pede, uma história fantasiosa clama por diálogos fortes, momentos de contemplação e desfechos clichês. Ótima a tentativa, super divertida, porém esses elementos acabam deixando o filme confuso e irritante, algumas sequências parecem 'trailers' no meio do filme. O vilão é fraco e, mesmo eu sendo fã do Jude Law, queria saber onde ele estava durante a gravação do filme. A personagem dele não tem imponência, o figurino é terrível, os servos dele tem mais figuração real do que ele, que é o maldito rei!!! Os personagens coadjuvantes são irrelevantes e a história segue o roteiro de um vídeo-game da década de 90, que infelizmente não é o suficiente pra levar um filme (tem side-quests e até batalha com boss no final, hahaha). Acho que mantendo o roteiro, mudando alguns elementos (espadas e coroas) e os nomes dos personagens, fácil fácil seria um bom filme de gangues ou assalto a banco (oi, Snatch?). Prevejo um filme que reprisará infinitamente na TNT, nada mais que isso. :(
Uma história sensacional de um povo batalhador que enfrentou uma catástofre pouco conhecida. 'A promessa' segue Mikael enquanto retrata a perseguição do povo Armênio pelos turcos. O filme merece ser assistido por sua importância, porém as características técnicas deixam a desejar. A montagem do filme é bagunçada, algumas sequência são irrelevantes e boa parte do 'romance', apesar de seguro e muito bem atuado por Oscar Isaac, Charlotte LeBon e Christian Bale, acaba sendo desvalorizado pela cinematografia. Algumas sequências deixam o espectador sem noção espacial, além da cronologia ser completamente bagunçada. Tem corte representando algumas horas, outros dias e outras vezes meses... e o espectador fica lá, tentando adivinhar o ritmo que as coisas estão acontecendo. A trilha sonora também desorienta o espectador, além de ser bem batida. A narrativa é boa, o roteiro prende o espectador, porém é possível sentir o cansaço no último terço do filme. Apesar dos quesitos técnicos, o que salta aos olhos mesmo é a inserção (já costumeira) dos Estados Unidos em um conflito que, ao menos no meu (leigo) conhecimento, não deve ter influenciado em quase nada... enfim... boas atuações e uma história envolvente, mas uma direção (que me parece) apressada e um pouco fora de mão. Só uma pergunta, até quando os Estados Unidos vão ser os heróis de todos os conflitos no mundo do cinema?
Um filme engraçado, leve e simples, que mistura traços de uma comédia da terceira idade com filmes de assalto a banco. Inclusive, as referências são bem interessantes, praticamente todos os grandes filmes de assalto a banco são lembrandos em algum momento, com destaque pro sensacional Dog Day's Afternoon e uma quase replicação da cena final de Ocean's Eleven (desconstruída para a terceira idade). O filme trabalha com um tema batido que já foi muito explorado em Red e Remember, sem trazer nada de novo, mas também não decepciona. A direção de Zach Braff é ligeira, um pouco clichê, mas segura. Em alguns momentos cai para o ridículo e deixa seu espectador envergonhado, porém em outros momentos premia com sacadas inteligentes e uma retratação justa (porém caricata) da terceira idade. Não é um filme que eu recomendaria ir ao cinema assistir, mas diverte um sábado monótono. Pra quem gosta da temática de terceira idade, volto a recomendar Remember, de 2015 e Hell or High Water, de 2016; o primeiro, inclusive, é meio desconhecido e vale muito a pena. :)
Diferente da ação desenfreada dos blockbusters americanos, o cinema francês se consagra pelas atuações pontuais, pela beleza das tomadas e pela suavidade no desenrolar da narrativa. Médecin de campagne mantém essa pegada leve apresentando lindas paisagens e boas tomadas, assim como atuações ótimas de François Cluzet (né... alguém esperava menos?) e Marianne Denicourt, como os médicos de um vilarejo francês que sofre com a distância dos grandes centros. O filme se desenrola com suavidade e a proposta vai se apresentando lentamente na tela. Infelizmente pra mim, o filme peca no ritmo e na objetividade - apesar do paradigma francês, falta um conflito central cativante ou uma certa coragem pra história 'caminhar' um pouco mais. O filme é repleto de reflexões sobre qualidade de vida, escolhas, envelhecimento e valores, porém ele demora muito e projeta muito para não entregar a carga emocional que, no meu ver, poderia deixar o filme mais empolgante. O 'conflito central' é apresentado, mas nunca resolvido e nunca abordado diretamente. Sempre que o filme converge pra um momento de embate, ele pára, retorcede, alivia a tensão e abandona o arco. Alguns elementos (como o filho, a doença e alguns pacientes) deixam o espectador ansioso e, então, são subaproveitados na trama. Um filme francês que pode interessar os amantes dessa arte, mas que poderia ter tido uma leve 'chacoalhada' próximo de seu final. :)
Uma sequência muito bem feita - cores vibrantes, fotografia espetacular e a mesma trilha sonora que cativou os espectadores no primeiro filme. Ao meu ver o filme peca em dois pontos: o enredo e o humor. O enredo é preguiçoso e barato, algo que a Marvel já vem fazendo a algum tempo, como em Guerra Civil (com um plano maquiavélico fundamentado no acaso) e Deadpool (que apesar de ser um filme brilhante, tem um enredo bem genérico). Tem um arco nesse filme (podemos dizer que um 'arco dourado' para não comprometer spoilers) que só tem uma utilidade - servir de atalho para o roteiro. Falta justificativa narrativa? Chama o arco dourado. Faltou motivação pra personagem? Arco dourado. Conflito foi resolvido antes do que deveria? Chama o arco dourado pra atrapalhar. A preguiça também aparece nas exposições, tudo é exposto em algum diálogo, todas as reflexões, todas as motivações, tudo foi, é ou vai ser exposto em algum momento. Além disso, ninguém nunca toma decisão alguma, o filme lembra muito Suicide Squad (apesar de ser infinitamente superior) naquele esquema 'você está em A, vá para B. Agora que está em B, você deve ir para C'. O segundo ponto é o humor. Acho ótimo quando filmes não se levam tão a sério, mas acredito que Guardians of the Galaxy já provou que tem potencial e que pode contar uma boa história... o que acontece na verdade é uma falta de bom senso, piadas excessivamente repetitivas e até mesmo previsíveis. Acho que como uma continuação de filme de sucesso, poderia ter arriscado um pouco mais em trabalhar uma atmosfera menos 'desenho animado' e andar em direção a um Kick-ass, por exemplo, onde existe a necessidade de suspensão de descrença, mas em doses moderadas. O filme é interessante, tem uma trilha sonora muito boa e com certeza diverte seu público, mas traz piadas demais e falta se levar um pouco mais a sério. :)
Poxa, esse pós-créditos foi pra matar hein... Não tava mais aguentando ficar sentado no cinema e não achei nada demais em nenhuma das cenas. Colocar cena pós-crédito tá tão batido que podia parar ou surgir uma reinvenção da prática. ;)
Jogo Perigoso
3.5 1,1K Assista AgoraGosto de filmes que me fazem ter emoções fortes - seja essa emoção por meio de uma paisagem muito bem enquadrada, por uma performace dramática ou por um riso sincero. Gerald's Game é um daqueles filmes que choca - uma história que começa em uma simples fuga em casal se transforma em uma batalha pela sobrevivência e a revisão de um passado perdido. Stephen King sempre teve uma mão pra causar terror e aqui não é diferente, mas dessa vez Jack Torrance não carrega um machado, dessa vez Cristine não atropela e Pennywise não expande o maxilar pra causar pânico. O que assusta em Gerald's Game é a naturalidade da narrativa - apesar do primeiro contato ser um tanto quanto simplório, o desenrolar tira o véu de uma história de abusos, segredos e de muito medo. Bruce Greenwood está muito bem no filme, apesar de sua morte precoce, mas quem brilha mesmo é Carla Gugino. Meu Deus! Essa mulher vai de uma ingenuidade passiva no início do filme até uma figura quase Sarah Connor mais para o final. Os diálogos, digo, monólogos desse filme são sensacionais. Muito disso se deve à mão de Stephen King que traz reflexões pesadíssimas sobre a mente humana e sobre passividade, amor e cumplicidade(de um jeito distorçidamente nojento, como Stephen King sempre faz). O filme peca em alguns aspectos, insere um alemento que poderia muito bem ser cortado e poderia (deveria) ter terminado 15 minutos antes. Pelo bem do próprio filme. É um filme pesado, tem uma atmosfera de medo e tem uma cena que você precisa ter estômago pra assistir. Eu recomendo pra quem gosta de Stephen King, ou quer ver um filme diferente, mas decididamente não recomendo pra quem tem estômago fraco, fiquem longe desse filme. Hahahha. Excelente filme, o fim do ano se aproxima e as jóias vão aparecendo, será que rola um Oscar pra Carla Gugino? :)
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraAronofsky é um diretor consagrado, já presenteou a 7ª arte com filmes pesadíssimos psicologicamente como Réquiem for a Dream, The Wrestler e Black Swan. Agora vem Mother! para se juntar ao grupo de acertos do diretor. O primeiro ponto a ressaltar do filme é a câmera, seu enquadramento majoritariamente em Primeiro Plano ou Sobre o Ombro faz com que a janela de observação do espectador tenha de ser absurdamente precisa - o diretor sabe quando mostrar ou não mostrar uma sequência, o que podemos ver e o que só precisamos imaginar. Essa câmera mais próxima acaba derrubando todo o peso de atuação sobre Jeniffer Lawrence que, quem diria, entrega uma performance excelente no trabalho - ela é o espectador perdido entre os acontecimentos, ela é o tremor da câmera, o medo e o receio de cada hóspede e cada liberdade extrapolada. Javier Barden, ao menos pra mim, seria a única opção para o seu papel - ingênuo, porém sábio; sincero em suas reações, mas ao mesmo tempo capcioso nas palavras que usa... e ao que o final do filme se aproxima, mais sua faceta vilanesca aparece e aí sua atuação brilha ainda mais. A cinematografia é ótima, o diretor usa muito bem o silêncio nas tomadas e as metáforas estão aqui em todo o lugar - cicatrizes, termos, chegadas e partidas, até em um móvel ainda mal adaptado; tudo aqui traz referências claras à mensagem que o filme quer passar. Mother! é um filme frenético, em alguns momentos difícil de engolir, sádico, tem um toque sobrenatural balanceado com uma abordagem muito pé no chão e consegue o feito máximo em uma obra cinematográfica - ele conta uma boa história de uma maneira surpreendentemente original. Recomendo muito. Aliás, só um detalhe em spoiler... ;)
Supondo que queiram presentear esse filme com Oscar pelo roteiro, seria em roteiro original ou roteiro adaptado? Hahaha! :P
Tempestade: Planeta em Fúria
2.7 596 Assista AgoraOk... tem filmes que a gente vai com expectativas de assistir um clássico, um marco na história do cinema contemporâneo, o novo Cidadão Kane. Bueno... não é o caso. E se você acha que é o caso... não é. O roteiro do filme é um clichê de filmes de desastre, todos eles estão aqui - contagem regressiva, destruição de ponte, o nerd que prevê tudo, o herói que é chamado de volta... absolutamente tudo. Sobre o casting, Gerard Butler, Ed harris e Andy Garcia estão aceitáveis com o que é permitido, mas Jim Sturgess está mais que péssimo... aliás um destaque pra Sterlin Jenkins, a tadinha recebeu as piores falas e os piores momentos - tudo em relação à ela parece artificial, desde a relação forçada com o pai, até as frases de impacto absolutamente do nada. Suspensão de descrença (aquele 'ah... é filme isso né') se torna essencial em quase todos os momentos, desde um astronauta demitido morando a 500 metros de uma plataforma de lançamento, o time de astronautas renomados que não conhece o idealizador da estação espacial que salvou o mundo (e é o escritório de trabalho deles)... bom, enfim. Agora, alguns pontos positivos, por que né... O filme diverte, é simples, tem um ritmo rápido depois da metade e consegue prender o espectador... apesar de tudo ser previsível. Se você quiser ir se divertir, Geostorm pode ser até divertido - tem aquele roteiro clichezão com cenas de ação bem divertidas e uma perseguição de carros que vale a pena assistir. Bom, eu recomendaria pra alugar numa sexta-feira como o filme coringa que vem na promoção 'Alugue 3 e entregue na segunda'. (Haha... ninguém aluga filme mais... :P ) Assista sem compromisso que você vai se divertir. :)
Logan Lucky: Roubo em Família
3.4 254 Assista AgoraSempre gostei muito de filmes de 'roubo a banco' e Steven Soderbergh conhece muito bem o gênero, como visto nos Ocean's. Em Logan Lucky ele tenta subverter o gênero usando uma locação diferente e personagens diferentes - aqui temos uma corrida de Nascar lucrativa, mas com um público muito mais humilde que o de um Cassino luxuoso em Vegas, assim como os personagens são presidiários, bartenders e trabalhadores locais em contrapartida aos gênios do crime, socialites e hackers dos filmes clássicos. O filme anda muito bem pela experiência do diretor, mas peca em alguns pontos. O enredo acaba ficando apressado em algumas motivações e vários momentos necessitam de uma suspensão de descrença pra funcionar. O filme acaba ficando caricato demais, tudo se resolve de maneira muito simples - 'vamos fazer? vamos! então vamos!', falta uma visão um pouquinho mais realista, como em The Lookout (2007) ou Going in Style (2017). Alguns personagens são caricatos demais e sem propósito, como Seth Mcfarlane, enquanto alguns atores são cruelmente subaproveitados - Sebastian Stan, Hilary Swank e Katherine Waterson estão aqui só pra ter o nome nos créditos. O andamento da história é leve, o filme pode surpreender quem não está acostumado com o gênero, mas em sua essência não é nada demais. Adam Driver, Chaning Tatum e Daniel Craig estão muito bem e acabam segurando boa parte do filme, a narrativa 'complexa que se torna simples' também ajuda bastante, mas no geral é um filme que diverte sem se tornar memorável. Eu recomendaria pra um sábado à tarde quando não tem nada mais divertido pra fazer. :)
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraÉ tão gostoso (e um pouco raro ultimamente) adaptações que dão certo. Ainda mais quando essas adaptações são de livros de escritores consagrados. Esse é o caso da nova versão de It. Uma história sensacional aliada a um esmero absurdo na produção visual. Os diálogos carregam boa parte do filme, com sua simplicidade, naturalidade e sagacidade de expor as motivações, aproximar o espectador e conduzir a narrativa. A câmera, por sua vez, vem pra causar inquietação, tanto pelas sequências de câmera na mão quanto pelos enquadramentos que trazem desconforto e nos colocam na pele dos protagonistas. It é um filme que fala de crianças e brinca com um palhaço assassino, mas que por baixo dos panos fala sobre infância, abuso, violência, abandono e luto (por que não?). Os adultos aqui são as crianças, pouco influenciando nos acontecimentos e demonstrando ingenuidade para com o sobrenatural evidente, enquanto as crianças se tornam protagonistas - temos a criança vilão, a criança mocinho, a criança tutor e a criança a ser resgatada. Como todo filme de terror, o antagonista acaba sendo o elo da narrativa, e Pennywise continua sendo extremamente eficiente em causar horror, inquietação e dúvida - ora na conversa descompromissada (a lá Tarantino) com Georgie, seja no trabalho corporal (CGI... mas ainda assim) na sequência com Ed ou nas interações com os Losers. Uma história que merecia um filme à altura... e me desculpem os nostálgicos, mas fora Tim Curry (que, assim como Skarsgard é MUITO auxiliado pela personagem), aquela série era bem ruinzinha... Um filme que assusta quando precisa, faz rir pra valorizar seus personagens e ainda brinca com a dicotomia da infância leve, de uma brincadeira no lago, em contraste com um assassino homicida perseguindo crianças indefesas. It é tudo o que precisava ser, recomendadíssimo pra quem gosta muito de Stephen King, pra quem gosta de horror e pra quem gosta de bons filmes. :)
Feito na América
3.6 356 Assista AgoraDoug Liman já dirigiu os divertidos Mr. and Mrs. Smith, Bourne Identity e Edge of Tomorrow, assim como o 'clássico' Jumper (u___u). Dessa vez ele se aventura em contar uma história real de um piloto americano que viveu uma vida absurdamente perigosa... porém muito divertida. A história por si só é excelente, temos um personagem principal que participa ativamente da narrativa, toma decisões, mas acaba se envolvendo com tramas muito superiores a ele - o senso de 'bom, eu na mesma situação, acho que faria quase a mesma coisa' aparece toda hora e isso é bom pra causar empatia com o público. As motivações são bem construídas, não temos muitas cenas desnecessárias e, claro, o carisma do Tom Cruise ajuda MUITO na identificação com Barry Seal. O diretor já mostrou que manja das comédias de ação e isso fica evidenta na segunda metade do filme, onde o mesmo ganha ritmo, fica mais agudo e consegue prender o espectador na cadeira. Tem duas sequências que a tensão foi tão bem construída que eu fiquei nervoso no cinema, hahaha, muito bom. O início do filme que fica mais lento, perdido e arrastado - necessário para o desenrolar da trama, mas muito discrepante do resto do filme... até por conta da própria história do personagem. As atuações também não são ruins, Sarah Wright faz o basicão (até por que não tem muito espaço pra fazer mais), o menino Gleeson continua com performances ótimas (sério, esse cara é muito bom) e Tom Cruise continua da mesma maneira - competente no drama, acima da média como canastrão e em cenas de ''ação''. Eu recomendaria o filme pra quem está afim de se divertir sem muito compromisso, um domingo a tarde é um bom momento pra assistir, mas decididamente não é um filme memorável ou excelente. Digamos que é competente e divertido. :)
Só queria comentar aqui um paralelo que pode ser feito, deixei como spoiler por que não tem muito a ver com o comentário geral. O que Doug Liman fez foi pegar uma história muito boa (puta merda, esse Barry Seal viveu um filmaço na vida) e transformar em um filme mediano, enquanto Daniel Rezende, em Bingo, teve uma história tão boa quanto (talvez até um tantinho mais monótona) e transformou em um filme excelente. Só pra ficar o registro que o Brasil está indo muito bem no audio-visual. ;)
João, O Maestro
3.4 43 Assista AgoraCada categoria de arte - música, dança, literatura - possui uma linguagem particular, transmitindo assim uma mensagem ou emoção diferente. Óbvio que a emoção sentida é individual e não merece julgamentos ou 'revisões de filmow'. João, o maestro conta a história de João Carlos Martins e... meus amigos... que história. O cara é um exemplo de superação e sua história representa muito bem a dualidade entre obsessão, arte, limites e loucura. Infelizmente o filme fica devendo muito... em caráter de 'filme'. As atuações são muito limitadas, a montagem é picotada e a mixagem de som é um pouco bestinha (risos). Rodrigo Pandolfo e, bom... o pai do personagem (juro que procurei o ator :( ) se destacam, porém os demais soam novelescos ou talvez muito mal dirigidos. A edição do filme é muito picotada, muitos elementos são inseridos e removidos sem pudor algum. Geralmente elementos narrativos devem ter um propósito, seja ele específico ou para o desenvolvimento de personagem, o filme está recheado de elementos que simplesmente desaparecem (uma droga é apresentada em um momento, uma doença que se cura em outro... só alguns exemplos). A história parece apressada e em alguns momentos a edição de som (terrível, por sinal) parece brincar com o espectador... basicamente cada vez que um personagem aparece toca uma 'vinheta' sobre o humor do personagem. Eu literalmente gargalhei quando introduziram a personagem do Caco Ciocler. As músicas, melodias e composições são ótimas, o que é esperado em um filme dessa temática, mas a mixagem de som é muito terrível. Existem uns ângulos de câmera bem interessantes, porém mal aproveitados... o que parece é que muitos elementos foram inseridos sem que sua função fosse levada em conta... o filme 'ousa' bastante e essa ousadia não adiciona muito. O filme ganha impacto na 'jovialidade' do personagem e acaba ficando um tanto quanto novelesco a medida que os eventos se tornam mais atuais, as sequências infatis parecem uma novela... sinceramente. Eu daria uma nota mais baixa para esse filme, mas ao chegar no final e ver tudo o que esse rapaz João Carlos Martins fez pela arte... sinceramente é impossível castigar tanto. Não é um filme chato, mas, como eu havia dito no início, cada arte tem uma linguagem e esse filme fala muito como documentário e pouco como filme biográfico. Procurem a história desse pianista/maestro... sensacional. :D
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraEu sempre digo que os gêneros mais difíceis de se produzir são o terror e a comédia - ambos por que lidam com emoções subjetivas incontroláveis do ser humano, o medo e o riso. Edgar Wright já provou que consegue fazer humor de uma maneira tão natural que nem sentimos que estamos assistindo algo cômico e muito disso se deve, em minha humildíssima opinião, a sua habilidade de montagem. A montagem é ativa, ela interage com o espectador quase como um terceiro elemento além do áudio e do visual. Baby Driver conta uma história de maneira leve, usa e abusa de toques humorados e leves, sequências coreografadas e uma fluência muito boa em frente às câmeras. Os atores fazem um excelente trabalho com destaque pro Ansel Elgort que usa muito bem os espaços e se move de maneira muito genuína na pele de Baby. Além dele, o conjunto é ótimo - temos Kevin Spacey fazendo o que sabe fazer, Jamie Foxx fazendo o que sabe fazer e Jon Hamm brilhando. Todos os 'vilões' têm peso no filme, desde a loucura até a presença ameaçadora que 'bandidos' devem possuir, tudo está nesse filme. Excelente trabalho de atores. A química entre Baby e Debora também flui naturalmente, apesar do arco acabar sendo coadjuvante no enredo. Baby Driver tem uma trilha sonora sensacional (Easy vai ficar na minha cabeça toda a semana, certo), uma edição excelente (deve vir Oscar aí, hein), um enredo eficaz e atores comprometidos e bem trabalhados. Um filme com ótimas cenas de perseguição, ação, humor e tensão, tudo no equilíbrio perfeito pra não dar sono e entreter o público até (surpreendemente) a última cena. Entrou pra minha lista de filmes favoritos e recomendadíssimos. :)
O Filme da Minha Vida
3.6 500 Assista Agora"Um filme que diz muito quando seus personagens não estão dizendo nada", pra mim isso captura bem a atmosfera de O Filme da Minha Vida. A direção do grande Selton Mello fala muito em suas paisagens, em suas metáforas e em seu intimismo no trato com personagens. Os momentos silenciosos povoam o filme, as sequências musicais e os primeiríssimos planos aprisionam o espectador na tristeza e na solidão de seus personagens, que aqui é retratada no contexto afetivo, sexual e social de maneira sensacional. Muitos diálogos lembram a técnica usada pelos irmãos Cohen com a câmera entre os personagens, isso faz com que o espectador se torne a segunda pessoa da conversa. A fotografia está de parabéns, com uso (as vezes um pouco abusivo) de umas composições noir onde os personagens desabafam usando a fumaça do cigarro quando não conseguem desabafar em palavras. Em alguns pontos, porém, o filme peca. Ao meu ver, Johnny Massaro é limitado demais pra o que é exigido aqui... seu personagem tem muito peso dramático e as vezes é narrativamente passivo pra história. Nos momentos em que ele se destaca (com o plano detalhe e em algumas sequências e tomadas de decisão) o ator não consegue trazer o que é pedido... parece que seu personagem dança entre ser muito passivo/irrelevante ou extremamente caricato, o que não favorece em nada. Bruna Linzmeyer está ótima aqui, seus olhos dizem muita coisa (Emma Stone brasisleira? haha). Vincent Cassel é um ator muito bom, mas nesse filme parece fazer uma ponta em sitcom... senti falta de mais drama em algumas sequências dele, algo mais raivoso, mais enérgico e até mais violento (e esse ator sabe fazer isso muito bem). O início do filme e o finalzinho do segundo ato ficam meio cansativos, muita exposição e algumas cenas longas demais. O teceiro ato é compreensível, porém mal executado - eis a questão, a linguagem figurada misturada com a realidade acaba ficando um pouco cômica demais, ao menos pra mim (James Dean feelings). O filme é interessante, acho que marca um cinema brasileiro que está rompendo com alguns laços muito antigos e nos últmos anos está descobrindo uma nova faceta, sei lá, talvez seja viagem minha. Inegavelmente é um filme bom, leve e que traz uma sensação de felicidade, com certeza assistirei novamente. Apesar de tudo, para quem gostar desse filme, eu recomendaria O Palhaço (2011) que é ainda melhor, na minha opinião, claro. :)
Paris Pode Esperar
3.2 110 Assista AgoraBonjour Anne (ou Bonjour Brulee, vai), é um filme saudosista que conta a história de Anne e sua intrigante viagem a Paris com o encantador Jackques de Arneud Viard. O filme é muito leve, tem um compasso lento e um roteiro clássico de filmes franceses. A beleza e o cuidado são as marcas aqui, temos fotografia, iluminação e posicionamentos de câmera pitorescos, o que nem sempre é bom, mas funciona em boa parte do filme. O filme é um romance pincelado de ironias e carrega um ideal simples (inclusive citado no próprio filme) 'seize the day'. É interessante pra quem gosta muito da cultura européia, de fotografias bonitas e de clima 'relax'. Infelizmente, as reflexões são vazias, o filme parece um chá morno e saudosista, os conflitos são resolvidos com naturalidade de um conto infantil, nada parece 'real'. Duas sequências dão mais profundidade para os personagens, porém se perdem em uma imensidão de elementos cartunescos. Eu achei o filme bem chatinho, o próprio conflito do filme 'chegar a Paris' é tratado sem nenhuma urgência e até o romance, que poderia render uma boa sequência, acaba sendo levado ao patamar de conto de fadas. Eu recomendaria para alguém que viajou a muito tempo para a Europa, está na meia idade ou gosta muito de jornadas introspectivas de terceiros. A fotografia é bonita, o roteiro é atadinho e o final é suave, absolutamente nada mais que isso.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraIndiscutivelmente, Cristopher Nolan é um dos grandes nomes do cinema na atualidade, muito disso se deve a versatilidade que o mesmo tem com gêneros diferentes, desde thrilers policiais, dramas psicológicos até aventuras de super-heróis. O que ele consegue em Dunkirk é muito interessante - um filme de guerra quase sem sangue e sem foco em personagens. A personificação da guerra é feita quase que completamente por meio do som, o inimigo é apresentado como uma força invisível, quase que natural, limitando as ações e inserindo urgência na narrativa. Talvez tenhamos um forte concorrente para as categorias de edição e mixagem de som no Oscar do ano que vem. O valor de produção do filme também é visível, sequências de guerra muito bem construídas e conseguem atingir seu propósito - causar terror, pânico, imprevisibilidade, insegurança e medo no espectador. Todo o ataque acontece sem previsão, porém, segundos antes de acontecer o sentimento é de naturalidade. Apesar das questões técnicas, o filme acaba perdendo um pouco o peso justamente por ser muito inovador - talvez isso crie um subgênero de filmes de guerra, não sei. Mas o fato é que ao assistir Saving Private Ryan, Band of Brothers ou até mesmo Hacksaw Ridge, o espectador cria laços com os personagens que, quando rompidos, causam desconforto e empatia pela história do mesmo. Em Dunkirk isso até acontece, mas o peso é muito leve. A não linearidade também é pouco explorada, Nolan é bom em 'prever' reações dos espectadores, porém em Durkirk as sequências que se relacionam nas diferentes linhas temporais funcionam mais para 'ah... então foi nessa ordem que aconteceu... blz'. O paralelismo das sequências não traz nenhuma informação nova. Recomendo Dunkirk para quem gosta de filmes de guerra, pra quem gosta de filmes do Spielberg (tem uma boa influência aqui), mas talvez pra quem goste dos trabalhos anteriores do Nolan eu pensaria algumas vezes antes de indicar. Acho que Dunkirk é um filme ótimo, mas questiono o seguinte: tirando alguns milhões de produção e o nome de Christopher Nolan dos créditos, esse filme seria marcante? :)
O Palhaço
3.6 2,2K Assista AgoraO cinema sempre acaba ficando próximo de seu povo, enquanto os americanos esbanjam riquezas, efeitos e ironias, os franceses com seu esmero na beleza, frieza e música, nós, brasileiros carregamos uma sujeira, uma bagunça e uma suavidade pra tratar das coisas mais tristes - que acabam sendo escondidas por essa alegria que nós esbanjamos. Eu acho isso sensacional. O palhaço reflete o improviso, a falta de esperança que acaba criando uma fé inabalável e uma despreocupação com a objetividade dos fatos em vista da beleza de um momento, um picadeiro, uma apresentação, e até mesmo um abandono. Com uma trilha sonora alegremente triste, uma atuação pontual de Selton Mello (sensacional), uma trama bem simples, mas que toca em pontos profundos da natureza humana, e metáforas extraordinárias, o palhaço é um filme bem curtinho e que merece ser assistido por todo mundo que gosta de um bom filme.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar
3.8 1,9K Assista AgoraHomem aranha sempre foi um herói marcante para a Marvel, muito disso se deve a proximidade do jovem Peter Parker ao seu público. Ele não é um bilionário super gênio, um alien ou uma amazona com poderes místicos, talvez por isso mesmo que as tentativas cinematográficas anteriores tenham resultado em estranheza - Andrew Garfield era um nerd descolado com cabelo de ondinha e que anda de skate em locações abandonadas (wtf), enquanto Tobey Mcguire foi o nerd de filme, que sofre bullying sem razão de valentões que não existem e se apaixona pela donzela indefesa (apesar do clichê, sempre gostei do Tobby ;) ). Tom Holland traz uma cara nova, moderna e (ao meu ver) bem realista de um adolescente do final dos anos 'zero zero'. Talvez um público mais adulto não compreenda, eu mesmo achei alguns traços da personagem bem idiotas, mas reconheço quando vejo irmãos menores, primos mais novos e filhos dos vizinhos. Esse Peter Parker é imediatista, impaciente, nervoso e ao mesmo tempo inseguro de si mesmo. Não foi feita uma revisão da história de origem do personagem, graças a deus, mas os traços estão lá - e isso é ótimo, pois dá uma profundidade e mais níveis para o personagem se apresentar frágil ao público. O vilão é realista, tem motivações boas - inclusive, pra mim é vilão do universo Marvel que mais faz sentido até hoje - e tem uma química ótima com o próprio homem aranha (Michael Keaton adora essas personagens baseadas em animais voadores, né?). O elenco de apoio é sensacional, o filme é engraçado, um pouco longo, mas nunca parado. As referências ao universo Marvel estão lá, mas o filme não é dependente do mesmo pra existir (isso!). Não é o melhor filme de todos os tempos, mas dessa linha de 'filmes engraçadões de super heróis' tá pau a pau com Ant Man e Dead Pool. Recomendadíssimo pra quem curte filmes de heróis.
Ah, fiquem no cinema até o final. Melhor end-scene de todos os tempos, mas tem que ter paciência. :D
Aliados
3.5 452 Assista AgoraRobert Zemeckis premiou o mundo com alguns filmes fantásticos, entre eles o meu favorito de todos os tempos - Forrest Gump. Allied conta a história de dois espiões que se encontram, se apaixonam, se casam e vivem uma investigação militar. O filme possui alguns méritos na fotografia, ambientação e em alguns recursos de câmera (iluminação, o POV com transição dos veículos). O enredo é interessante e consegue abrir discussões acerca de seu final, isso me deixou muito feliz. Infelizmente o diretor conta muito com o peso da história, o que não pesa nunca. Somente duas sequências causam preocupação no espectador, ambas após a metade do filme... isso é ruim, pois filmes de espiões geralmente se baseiam no medo do seu personagem ser descoberto ou morto em alguma situação e aqui raramente essa preocupação é suficiente. A química entra os atores é terrível, apesar da natureza ludibriante das personagens, sempre aparenta ser uma relação forçada, o próprio amor parece artificial e 'caricato' demais. O mesmo acontece em La La Land, mas lá como objetivo de narrativa, em Allied o clima sombrio pede uma abordagem mais realista nas interpretações. Brad Pitt faz um papel desinteressado - só senti a carga emocional em uma cena na chuva. Marion Cotillard parece investida na trama, mas limitada pelo roteiro, talvez. Alguns elementos de humor aparecem aqui, mas são desnecessários. O diretor talvez funcione mais em aventuras ou dramas cômicos. Acho que verei esse filme reprisando em algum canal de TV por assinatura, mas dificilmente pararei pra assistí-lo novamente. :)
Máquina de Guerra
2.7 150 Assista AgoraO filme apresenta uma premissa simples, criticar a organização militar americana e refletir sobre a real necessidade do sistema armado apresentado em filmes (muito bons) como Rambo, Apocalipse Now e, mais recentemente, Hacksaw Ridge. Uma premissa interessante, relevante, porém, subaproveitada. A personagem principal (interpretada por Brad Pitt) é caricata demais para a história, o que faz com que o filme trafegue muito entre o humor (mal construído) com a seriedade (pouco atrativa). Poucas sequências são memoráveis, os diálogos ficam artificiais e a atmosfera do filme é desinteressante. O sentimento comum é 'por que eu estou assistindo isso?'. O filme só apresenta propósito em uma sequência (uma invasão), o que só serve pra mostrar como o filme poderia ter sido muito melhor. Péssimas atuações, péssimo roteiro e um filme extremamente esquecível. :(
A Múmia
2.5 999 Assista AgoraEu não achei o filme ruim, tampouco bom. É um filme bem animado que flerta com o terror, a ação e a comédia, sem ir muito a fundo em nenhum dos caminhos. As sequências são muito bem produzidas, desde as de terror como as de ação (a comédia nem tanto). Tom Cruise entrega seu personagem padrão, cara de charlatão com jeito de espertalhão. Jake Johnson é fraco, continua sendo... Russell Crowe é um grande ator, continua sendo... não existem muitos destaques aqui, até mesmo pela trama simples. Sofia Boutella talvez seja a mais chamativa na interpretação. Confesso que me surpreendi com os comentários (da crítica e dos 'críticos'), não achei o filme tão ruim assim... inclusive, não sabia que A Múmia (1999) era um clássico, descobri pelos comentário aqui abaixo que é uma obra-prima, pra mim sempre foi um filme de sessão da tarde. Ambos os filmes buscam divertir o público, na minha opinião ambos conseguem por razões diferentes. A Múmia é leve, não dá sono, diverte e nada mais... aliás, precisava de mais que isso?
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraA DC vem sofrendo do mesmo mal que os super-heróis vêm sofrendo há muito tempo - descrença. Enquanto a Marvel conseguiu buscar diferentes públicos em diferentes franquias, a DC continua sofrendo aquele preconceito que filmes como Kick-ass, Watchmen, V for Vendetta e Scott Pilgrim estavam conseguindo tirar dos filmes baseados em HQ. Felizmente, Mulher Maravilha parece ser um passo importante para eliminar essa chaga na DC. Apesar disso, continua sendo um filme mediano... chamá-lo de 'filme do ano' ou 'marco na DC', ao menos pra mim, é fruto da euforia dos fãs que finalmente receberam um produto decente da DC (eu incluso). Sempre irei considerar 'Avengers' como o marco dos super-heróis... e falando da DC... a trilogia Batman do Nolan é infinitamente superior. Primeiramente, a estratégia da DC foi aumentar o grau de semelhança com filmes da Marvel (pra mim, efetivo, mas triste... eu mesmo achei Guerra Civil bem ruinzinho :P). Mulher Maravilha usa um tom mais alegre pra contar sua história, porém o enredo é bem simples e pouco original. Os personagens coadjuvantes são quase irrelevantes e a própria Mulher Maravilha sofre do mesmo mal do Homem de Aço, ela é MUITO poderosa, ao ponto que muitas cenas abrem a questão 'por que diabos temos personagens coadjuvantes se ela é praticamente imortal?'. Gal Gadot, apesar de elogiada e obviamente dedicada, não é uma atriz fenomenal... quando ela contracena com a Connie ou Robin Wright isso fica evidente (outros personagens também, mas... spoilers). As sequências de ação são muito mal dirigidas, câmera lenta pra todo o lado, CGI excessivo e muita barra sendo forçada, BvS tem uma direção artística das cenas de ação melhor (vide Batman salvando Marta, cabia uma sequência daquelas aqui). A mesma crítica da Civil War cabe aqui, os vilões não fazem sentido algum, os planos são furados e nunca parece que os heróis vão ser vencidos. Algo essencial quando se fala em antagonista de peso é sentir ameaça, aqui a ameaça é a guerra por si só, só um elemento é ameaçador e este funciona muito bem. Bueno, se tem pontos negativo, tem os positivos também... e alguns deles são surpreendentes. Chris Pine se destaca! What? Carismático, sensível e responsável pela cena mais emocional do filme. Gal Gadot está muito dedicada no papel e acho que ainda vai ser uma boa Mulher Maravilha no futuro. O fato de não forçarem tanto as referências a outros filmes também é ótimo, não fica pesado e faz a história ser autocontida, o que é ótimo. A ambientação também é muito legal e as sequências de guerra (pós Londres e pré final) são ótimas, a retratação dos horrores da guerra, a felicidade pós batalha, as trincheiras e até a sequência da dança são muito bonitas e importantes para os personagens e para o enredo. Um filme decente, excelente para a DC, mas ainda mediano. Oremos que a DC nos premie com filmes mais agradáveis daqui pra frente. :)
O Cidadão Ilustre
4.0 198 Assista AgoraO cinema argentino pode se comparar muito com o brasileiro, ambos tratam de uma realidade semelhante e usam dessa experiência pra desenvolver narrativas próximas da realidade, marcantes e muito perturbadoras. O cidadão ilustre captura essa atmosfera interiorana de maneira excelente, trazendo no contraponto a figura de Daniel Mantovani, um antigo habitante de Salas que emerge de sua realidade para a alta sociedade européia. O filme consegue trazer graça, seriedade e diálogos (que funcionam como monólogos, realmente) sensacionais. Muitos deles eu ainda fiz questão de salvar para ler eventualmente, pois são profundos e tratam de comportamento, valorização e até religião, em certo ponto. O roteiro é magnífico, simples, porém efetivo e 'levemente' imprevisível. As falas são bem escritas e por vezes eu senti como se estivesse lendo um livro muito bom, tanto pela fluidez dos diálogos, quanto pelas reviravoltas e acontecimentos esperados ou inesperados do qual o filme se constitui. Acho que artistas em geral deveriam assistir esse filme, na verdade, eu recomendaria pra qualquer pessoa que possua uma abertura para a apreciação do comportamento humano e do papel da arte na sociedade. :)
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar
3.3 1,1K Assista AgoraVemos algumas franquias de sucesso como Batman, Harry Potter e recentemente Star Wars que consegue se reinventar com o tempo, fazendo uso da base construída em um filme anterior e renovando elementos. O mesmo não pode ser dito de Piratas do Caribe. O sucesso do primeiro filme se deu graças a expontaniedade de Johnny Depp, porém quando o mesmo se tornou protagonista, nunca conseguiu segurar o filme, o que é normal... mas parece que a Disney nunca vai aceitar isso, pra ela Jack Sparrow sempre será suficiente. O roteiro parece escrito sem vontade, tudo acontece meio que 'por que tem que acontecer' e nada parece realmente necessário de acontecer senão para a história avançar. As piadas são intermitentes e, muitas vezes, não fazem sentido. Existem sequências inteiras que só ter uma serventia - arrancar uma gargalhada do público. Legal, mas né... enfim. Geoffrey Rush faz um bom trabalho aqui, ele que sempre esteve regular nos outros filmes da franquia, agora encontra o tom certo do personagem. Os 'meninos' (Brenton e Kaya) são caricaturas de seus próprios personagens. Ele como um 'herói' em ascensão, não passa de um personagem de anime e ela, uma 'wannabe' feminista acaba sendo caricata demais pra passar sua mensagem. Os efeitos são espetaculares e Javier Bardem até ameaça ser um vilão forte em algumas sequências, mas no fim é aquele vilão que mais grita do que age. Não é o melhor filme da franquia, que já é bem ruinzinha. O final é fofinho pelo menos. :)
Rei Arthur: A Lenda da Espada
3.2 623Guy Richie tem uma pegada moderna pra dirigir, desde as sequências de narrativas em flashbacks até a câmera lateral durante a movimentação dos personagens. E isso é muito bom para filmes de grandes golpes ou espionagem. Infelizmente um filme sobre uma história clássica, como Rei Arthur, não favorece esse tipo de direção, e é justamente isso que acontece aqui. A tentativa de inserir elementos mais ágeis na contagem da história faz o enredo parecer bobo, superestima a direção e irrita o espectador. A cinematografia é excelente, porém não é adequada para o clima que a história pede, uma história fantasiosa clama por diálogos fortes, momentos de contemplação e desfechos clichês. Ótima a tentativa, super divertida, porém esses elementos acabam deixando o filme confuso e irritante, algumas sequências parecem 'trailers' no meio do filme. O vilão é fraco e, mesmo eu sendo fã do Jude Law, queria saber onde ele estava durante a gravação do filme. A personagem dele não tem imponência, o figurino é terrível, os servos dele tem mais figuração real do que ele, que é o maldito rei!!! Os personagens coadjuvantes são irrelevantes e a história segue o roteiro de um vídeo-game da década de 90, que infelizmente não é o suficiente pra levar um filme (tem side-quests e até batalha com boss no final, hahaha). Acho que mantendo o roteiro, mudando alguns elementos (espadas e coroas) e os nomes dos personagens, fácil fácil seria um bom filme de gangues ou assalto a banco (oi, Snatch?). Prevejo um filme que reprisará infinitamente na TNT, nada mais que isso. :(
A Promessa
3.7 112 Assista AgoraUma história sensacional de um povo batalhador que enfrentou uma catástofre pouco conhecida. 'A promessa' segue Mikael enquanto retrata a perseguição do povo Armênio pelos turcos. O filme merece ser assistido por sua importância, porém as características técnicas deixam a desejar. A montagem do filme é bagunçada, algumas sequência são irrelevantes e boa parte do 'romance', apesar de seguro e muito bem atuado por Oscar Isaac, Charlotte LeBon e Christian Bale, acaba sendo desvalorizado pela cinematografia. Algumas sequências deixam o espectador sem noção espacial, além da cronologia ser completamente bagunçada. Tem corte representando algumas horas, outros dias e outras vezes meses... e o espectador fica lá, tentando adivinhar o ritmo que as coisas estão acontecendo. A trilha sonora também desorienta o espectador, além de ser bem batida. A narrativa é boa, o roteiro prende o espectador, porém é possível sentir o cansaço no último terço do filme. Apesar dos quesitos técnicos, o que salta aos olhos mesmo é a inserção (já costumeira) dos Estados Unidos em um conflito que, ao menos no meu (leigo) conhecimento, não deve ter influenciado em quase nada... enfim... boas atuações e uma história envolvente, mas uma direção (que me parece) apressada e um pouco fora de mão. Só uma pergunta, até quando os Estados Unidos vão ser os heróis de todos os conflitos no mundo do cinema?
Despedida em Grande Estilo
3.5 227 Assista AgoraUm filme engraçado, leve e simples, que mistura traços de uma comédia da terceira idade com filmes de assalto a banco. Inclusive, as referências são bem interessantes, praticamente todos os grandes filmes de assalto a banco são lembrandos em algum momento, com destaque pro sensacional Dog Day's Afternoon e uma quase replicação da cena final de Ocean's Eleven (desconstruída para a terceira idade). O filme trabalha com um tema batido que já foi muito explorado em Red e Remember, sem trazer nada de novo, mas também não decepciona. A direção de Zach Braff é ligeira, um pouco clichê, mas segura. Em alguns momentos cai para o ridículo e deixa seu espectador envergonhado, porém em outros momentos premia com sacadas inteligentes e uma retratação justa (porém caricata) da terceira idade. Não é um filme que eu recomendaria ir ao cinema assistir, mas diverte um sábado monótono. Pra quem gosta da temática de terceira idade, volto a recomendar Remember, de 2015 e Hell or High Water, de 2016; o primeiro, inclusive, é meio desconhecido e vale muito a pena. :)
Insubstituível
3.5 35 Assista AgoraDiferente da ação desenfreada dos blockbusters americanos, o cinema francês se consagra pelas atuações pontuais, pela beleza das tomadas e pela suavidade no desenrolar da narrativa. Médecin de campagne mantém essa pegada leve apresentando lindas paisagens e boas tomadas, assim como atuações ótimas de François Cluzet (né... alguém esperava menos?) e Marianne Denicourt, como os médicos de um vilarejo francês que sofre com a distância dos grandes centros. O filme se desenrola com suavidade e a proposta vai se apresentando lentamente na tela. Infelizmente pra mim, o filme peca no ritmo e na objetividade - apesar do paradigma francês, falta um conflito central cativante ou uma certa coragem pra história 'caminhar' um pouco mais. O filme é repleto de reflexões sobre qualidade de vida, escolhas, envelhecimento e valores, porém ele demora muito e projeta muito para não entregar a carga emocional que, no meu ver, poderia deixar o filme mais empolgante. O 'conflito central' é apresentado, mas nunca resolvido e nunca abordado diretamente. Sempre que o filme converge pra um momento de embate, ele pára, retorcede, alivia a tensão e abandona o arco. Alguns elementos (como o filho, a doença e alguns pacientes) deixam o espectador ansioso e, então, são subaproveitados na trama. Um filme francês que pode interessar os amantes dessa arte, mas que poderia ter tido uma leve 'chacoalhada' próximo de seu final. :)
Guardiões da Galáxia Vol. 2
4.0 1,7K Assista AgoraUma sequência muito bem feita - cores vibrantes, fotografia espetacular e a mesma trilha sonora que cativou os espectadores no primeiro filme. Ao meu ver o filme peca em dois pontos: o enredo e o humor. O enredo é preguiçoso e barato, algo que a Marvel já vem fazendo a algum tempo, como em Guerra Civil (com um plano maquiavélico fundamentado no acaso) e Deadpool (que apesar de ser um filme brilhante, tem um enredo bem genérico). Tem um arco nesse filme (podemos dizer que um 'arco dourado' para não comprometer spoilers) que só tem uma utilidade - servir de atalho para o roteiro. Falta justificativa narrativa? Chama o arco dourado. Faltou motivação pra personagem? Arco dourado. Conflito foi resolvido antes do que deveria? Chama o arco dourado pra atrapalhar. A preguiça também aparece nas exposições, tudo é exposto em algum diálogo, todas as reflexões, todas as motivações, tudo foi, é ou vai ser exposto em algum momento. Além disso, ninguém nunca toma decisão alguma, o filme lembra muito Suicide Squad (apesar de ser infinitamente superior) naquele esquema 'você está em A, vá para B. Agora que está em B, você deve ir para C'. O segundo ponto é o humor. Acho ótimo quando filmes não se levam tão a sério, mas acredito que Guardians of the Galaxy já provou que tem potencial e que pode contar uma boa história... o que acontece na verdade é uma falta de bom senso, piadas excessivamente repetitivas e até mesmo previsíveis. Acho que como uma continuação de filme de sucesso, poderia ter arriscado um pouco mais em trabalhar uma atmosfera menos 'desenho animado' e andar em direção a um Kick-ass, por exemplo, onde existe a necessidade de suspensão de descrença, mas em doses moderadas. O filme é interessante, tem uma trilha sonora muito boa e com certeza diverte seu público, mas traz piadas demais e falta se levar um pouco mais a sério. :)
Poxa, esse pós-créditos foi pra matar hein... Não tava mais aguentando ficar sentado no cinema e não achei nada demais em nenhuma das cenas. Colocar cena pós-crédito tá tão batido que podia parar ou surgir uma reinvenção da prática. ;)