Novato no cinema indiano e de Satyajit, peguei o filme pra ver com receio de que fosse um grande desafio (ou um pequeno tormento), mas fiquei muito surpreso quando o filme manteve o meu interesse desperto do início ao fim, com seu retrato profundamente realista da intimidade da família indiana tradicional e a grande atuação de Madhabi Mukherjee. Irei conferir todas as outras obras do diretor.
Há muitos momentos sublimes de um retrato macabro e extremamente desolador da Amazônia, mas infelizmente se perdem em um amontoado de cenas que não enriquecem em nada a obra. Um corte de 40 minutos faria muito bem ao filme. Também senti que o potencial do Kinski não foi tão bem explorado. Faltou "explosão". Aguirre foi bem melhor. Agora, é sem sombra de dúvida uma experiência única e espantosa ver o Herzog recriando a jornada do Fitzcarraldo embarcando num projeto igualmente insano e megalomaníaco.
Uma direção grandiloquente para um conteúdo que não está à altura, o que faz parecer um pouco forçado todo o mistério e drama. É claro que sem sombra de dúvidas é uma grande aula de como se contar uma história com todos os recursos de imagem e narrativa possíveis, mesmo para uma trama tão desinteressante.
No começo achei que seria só um exercício fútil de estilo com humor blasé, mas para minha surpresa terminei em lágrimas. Impressionante a sutileza e profundidade dos dramas que se desenvolvem sem alardes nessa comédia tão seca.
Difícil porque extremamente elíptico, mas sempre sublime e instigante. Fiquei impressionado com a beleza de cada tomada, em que cada mínimo instante é injetado com significação pela câmera vagarosa mas sempre dinâmica. Os diálogos enigmáticos, conquanto dramáticos, são situados num contexto de vazio e desimportância, traduzido no foco nos objetos e cenários vazios, em detrimento das próprias personagens. Muita coisa da trama propriamente dita não entendi, mas a atmosfera irresistível manteve sempre meu interesse vivo.
Um desperdício com o talento da Isabelle. Ela podia crescer muito nesse papel mas deram pouco espaço pra isso, e o filme em geral é confuso e chato pra caralho.
Sion Sono pegou a fórmula onírica do David Lynch (que o próprio explorou à exaustão), desmontou e remontou tudo de uma forma absolutamente original e brilhante. Um poema audiovisual do início ao fim, com uma metralhadora giratória de frases de impacto e verdades jogadas na cara da sociedade japonesa, explorando a psique atormentada de uma mulher em conflito com sexualidade, família e carreira. Meu terceiro diretor favorito inspirado pelo meu segundo diretor favorito; não tinha como eu não amar. Melhor filme visto este ano.
Poderia ser um filme perfeito, mas foi só um filme bom. Poderia ter uma fotografia mais estimulante (ok, não precisava ser igual ao original, mas essa característica de forte estímulo sensorial era algo que se esperava mais, e está presente só em poucos momentos realmente de brilhantismo puro). A divisão do roteiro em atos soa pretensiosa, pois não é suficientemente bem marcado. Os movimentos de câmera, os zooms e os cortes abruptos que ecoam o estilo característico do Dario Argento são um ponto alto. Mas, mesmo que o resto do filme fosse ruim (o que não é), a sequência em vermelho no último ato tudo redime, absolutamente sublime. Se a atmosfera daquela cena tivesse dominado mais o filme, teria sido perfeito, como o é o clássico original do Dario Argento.
O grande mérito foi ter dado continuidade ao conceito visual e sonoro original do Ridley Scott e do Vangelis (embora não tão brilhantemente) e atualizado a temática, introduzindo a questão da inteligência artificial virtual, que é o ponto alto do roteiro, que, deixando isso de lado, deixou muito a desejar: maçante, perdido, sem clímax nenhum, sentimentalismo politicamente correto (muito diferente da ambiguidade moral do original), final totalmente brochante e inconclusivo com gancho pra sequência (grande mal cinematográfico do século).
Conceito sensacional, mas sem nenhum desenvolvimento, como se um grande motivo musical de Beethoven fosse dado para o Tiririca compor uma sinfonia. A primeira metade foi melhor, porque conseguiu me deixar com grande expectativa, mas a segunda já tirou todas as minhas esperanças. Poderia ter sido um filme maravilhoso, denso, cheio de analogias e temas secundários instigantes perpassando a estrutura do terror (como o Alien, do Ridley Scott, e o Anticristo, do Von Trier), mas virou só um filminho bobo de perseguição de monstro. (Nada contra os filminhos bobos de monstro, é claro, quando são divertidos e despretensiosos, como Cloverfield, mas esse é vacuamente contemplativo demais só pra entreter e superficial demais para levar a qualquer reflexão.) E o final é mais um desses ganchos brochantes só para encher os bolsos dos produtores com uma continuação sem nenhum propósito maior.
Bem executado na primeira metade, mas sem nada a acrescentar a Alien, de cujo modelo o filme é inteiramente dependente. No resto, o filme se perde completamente em ritmo, tom, e se torna maçante, com momentos de sentimentalismo forçado e despropositado que em nada convence. Não chega nem aos pés de Alien em elegância narrativa, e a criatura de feição lovecraftiana, embora interessante em seu desenvolvimento,não tem a mesma beleza simbólica do xenomorfo. A pirotecnia antigravitacional do cenário acaba também não sendo tão eficiente, comparada à concisão visual de Ridley Scott que com a mais simples ambientação criou o paradigma da claustrofobia no cinema. Enfim, um filme divertido, mas só mais uma reciclagem de gênero sem nenhum propósito além de produzir dinheiro. O mais temeroso é o potencial para sequências esdrúxulas que o final sugere. Deus nos proteja...
Um verdadeiro número de ilusionismo em forma de narrativa cinematográfica. Até o fim da primeira parte, o filme já havia me convencido de seu primor técnico (onipresente em toda a obra do diretor, com seus ângulos de precisão cirúrgica, tomadas sempre impecáveis), mas pouco me havia impressionado com sua trama. Até que de repente, o espectador é pego em sua presunção de previsibilidade e todas as suas impressões são viradas do avesso, não uma, nem duas, mas três vezes até o final do filme, com uma edição e um domínio narrativo impecável. O final me soou um pouco farsesco, e penso que poderia ter encerrado mais ambiguamente um material dessa qualidade, mas todo o resto é fantástico.
Maníaco é muito mais que só um slasher apelativo, e a câmera em primeira pessoa, muito mais que só um recurso pretensioso. O diretor consegue te colocar na perspectiva do serial killer da forma mais verdadeira, vivenciar cada sentimento do protagonista, por vezes com uma empatia quase perturbadora. A capacidade da arte de te dar acesso a uma multiplicidade de experiências que você jamais poderia ter em só uma vida, com retratos psicológicos genuínos, é sua principal função, e foi executada brilhantemente em cada frame do filme. O tema do menino atormentado pela figura da mãe é um velho clichê, mas ele é aqui desenvolvido com uma intensidade que lhe dá novo brilho. Além das ótimas atuações de todo o elenco e as tomadas inspiradas e brilhantemente executadas, a trilha sonora cheia de sintetizadores é também sensacional, infundindo a melancolia noturna urbana que melhor poderia caracterizar essa trama.
Um ótimo exemplo de como o horror pode servir de veículo simbólico para os dramas mais inapreensíveis da natureza humana, do gore como tradução do conflito psicológico. Tem uma atmosfera opressiva e nauseante com cenas explícitas que o tema musical confrontado com a crueza das imagens complementa e enriquece da forma mais original e perturbadora. Um filme sobre autoconhecimento e contenção das paixões no ambiente selvagem das universidades modernas.
O timing cômico de Meryl Streep é impecável. Seu trabalho vocal, seu grande trunfo, como sempre é do detalhismo mais preciso, captando a alma do canto de Florence Foster Jenkins como poucos fariam. Simon Helberg encarnou o debochado e afeminado Cosme McMoon com perfeição e sutileza. Na segunda metade o nível do filme cambaleia um pouco pelo melodrama pouco convincente em que cai, e por algumas cenas com potencial sub-aproveitado e mal executadas. Mas o filme tem alma, e isso vale muito.
O horror cômico quando bem realizado - com inspiração e inteligência, o que é raro - é o melhor dos gêneros. Não é bem esse o caso, embora tenha boas cenas de gore. É interessante o conceito como metáfora psicanalítica.
Segundo filme de Dennis Villeneuve que vejo que me impressiona com sua habilidade para retratar a dualidade da vivência feminina, no mundo, e no núcleo familiar. A Chegada representa o que o gênero sci-fi tem de mais poderoso: a capacidade de articular o indizível e realidades que poderiam ser com conflitos reais presentes e dramas humanos atemporais. A sonoplastia sugestiva e a trilha sonora de contornos místicos associadas a tonalidades azuladas melancólicas e close-ups muito eficientes criam uma atmosfera lovecraftiana envolvente e transcendental. Emocionou o tradutor e amante da linguística que habita em mim. Belíssimo.
Alguns bons momentos de excesso gratuito garantem algum entretenimento, mas falta o timing de obras-primas do trash como Evil Dead e Braindead para insuflar humor genuíno a sua proposta cômica, e a criatividade de um Hellraiser para produzir aquele horror que violenta o inconsciente de forma indelével. Já tendo assistido a essas três obras-primas do gore over the top, o banho de sangue não me surpreendeu nem um pouco também. Outro defeito é o reaproveitamento do Prelúdio originalmente composto por Bernard Hermann para Psicose, que enfraquece um filme cuja própria força está muito aquém de poder sustentar uma referência tão imponente.
A Grande Cidade
4.3 5Novato no cinema indiano e de Satyajit, peguei o filme pra ver com receio de que fosse um grande desafio (ou um pequeno tormento), mas fiquei muito surpreso quando o filme manteve o meu interesse desperto do início ao fim, com seu retrato profundamente realista da intimidade da família indiana tradicional e a grande atuação de Madhabi Mukherjee. Irei conferir todas as outras obras do diretor.
Fitzcarraldo
4.2 148 Assista AgoraHá muitos momentos sublimes de um retrato macabro e extremamente desolador da Amazônia, mas infelizmente se perdem em um amontoado de cenas que não enriquecem em nada a obra. Um corte de 40 minutos faria muito bem ao filme. Também senti que o potencial do Kinski não foi tão bem explorado. Faltou "explosão". Aguirre foi bem melhor. Agora, é sem sombra de dúvida uma experiência única e espantosa ver o Herzog recriando a jornada do Fitzcarraldo embarcando num projeto igualmente insano e megalomaníaco.
Cidadão Kane
4.3 990 Assista AgoraUma direção grandiloquente para um conteúdo que não está à altura, o que faz parecer um pouco forçado todo o mistério e drama. É claro que sem sombra de dúvidas é uma grande aula de como se contar uma história com todos os recursos de imagem e narrativa possíveis, mesmo para uma trama tão desinteressante.
Os Excêntricos Tenenbaums
4.1 856 Assista AgoraNo começo achei que seria só um exercício fútil de estilo com humor blasé, mas para minha surpresa terminei em lágrimas. Impressionante a sutileza e profundidade dos dramas que se desenvolvem sem alardes nessa comédia tão seca.
Danação
4.1 51Difícil porque extremamente elíptico, mas sempre sublime e instigante. Fiquei impressionado com a beleza de cada tomada, em que cada mínimo instante é injetado com significação pela câmera vagarosa mas sempre dinâmica. Os diálogos enigmáticos, conquanto dramáticos, são situados num contexto de vazio e desimportância, traduzido no foco nos objetos e cenários vazios, em detrimento das próprias personagens. Muita coisa da trama propriamente dita não entendi, mas a atmosfera irresistível manteve sempre meu interesse vivo.
Toda Arte é Perigosa
2.6 496 Assista AgoraMelhore, Netflix.
A Rainha Margot
3.9 110 Assista AgoraUm desperdício com o talento da Isabelle. Ela podia crescer muito nesse papel mas deram pouco espaço pra isso, e o filme em geral é confuso e chato pra caralho.
Anti-Porno
3.4 60 Assista AgoraSion Sono pegou a fórmula onírica do David Lynch (que o próprio explorou à exaustão), desmontou e remontou tudo de uma forma absolutamente original e brilhante. Um poema audiovisual do início ao fim, com uma metralhadora giratória de frases de impacto e verdades jogadas na cara da sociedade japonesa, explorando a psique atormentada de uma mulher em conflito com sexualidade, família e carreira. Meu terceiro diretor favorito inspirado pelo meu segundo diretor favorito; não tinha como eu não amar. Melhor filme visto este ano.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraPoderia ser um filme perfeito, mas foi só um filme bom.
Poderia ter uma fotografia mais estimulante (ok, não precisava ser igual ao original, mas essa característica de forte estímulo sensorial era algo que se esperava mais, e está presente só em poucos momentos realmente de brilhantismo puro). A divisão do roteiro em atos soa pretensiosa, pois não é suficientemente bem marcado. Os movimentos de câmera, os zooms e os cortes abruptos que ecoam o estilo característico do Dario Argento são um ponto alto. Mas, mesmo que o resto do filme fosse ruim (o que não é), a sequência em vermelho no último ato tudo redime, absolutamente sublime. Se a atmosfera daquela cena tivesse dominado mais o filme, teria sido perfeito, como o é o clássico original do Dario Argento.
A Dama de Baco
4.0 25 Assista AgoraTemas interessantíssimos, mas narrativa sem foco.
Baseado em Fatos Reais
3.1 189 Assista AgoraDesnecessário. Só a Eva Green pra salvar o filme. Nem a Emmanuelle Seigner tá bem. Polanski decepcionou.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraO grande mérito foi ter dado continuidade ao conceito visual e sonoro original do Ridley Scott e do Vangelis (embora não tão brilhantemente) e atualizado a temática, introduzindo a questão da inteligência artificial virtual, que é o ponto alto do roteiro, que, deixando isso de lado, deixou muito a desejar: maçante, perdido, sem clímax nenhum, sentimentalismo politicamente correto (muito diferente da ambiguidade moral do original), final totalmente brochante e inconclusivo com gancho pra sequência (grande mal cinematográfico do século).
Vingadores: Guerra Infinita
4.3 2,6K Assista AgoraO Senhor dos Anéis e Star Wars requentados pra vender pros fãs da Marvel.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraConceito sensacional, mas sem nenhum desenvolvimento, como se um grande motivo musical de Beethoven fosse dado para o Tiririca compor uma sinfonia. A primeira metade foi melhor, porque conseguiu me deixar com grande expectativa, mas a segunda já tirou todas as minhas esperanças. Poderia ter sido um filme maravilhoso, denso, cheio de analogias e temas secundários instigantes perpassando a estrutura do terror (como o Alien, do Ridley Scott, e o Anticristo, do Von Trier), mas virou só um filminho bobo de perseguição de monstro. (Nada contra os filminhos bobos de monstro, é claro, quando são divertidos e despretensiosos, como Cloverfield, mas esse é vacuamente contemplativo demais só pra entreter e superficial demais para levar a qualquer reflexão.) E o final é mais um desses ganchos brochantes só para encher os bolsos dos produtores com uma continuação sem nenhum propósito maior.
A Honra Perdida de Katharina Blum
4.0 16Uma ótima direção para uma trama politiqueira reducionista e medíocre.
Prometheus
3.1 3,4K Assista AgoraQue nota absurda...
Vida
3.4 1,2K Assista AgoraBem executado na primeira metade, mas sem nada a acrescentar a Alien, de cujo modelo o filme é inteiramente dependente. No resto, o filme se perde completamente em ritmo, tom, e se torna maçante, com momentos de sentimentalismo forçado e despropositado que em nada convence.
Não chega nem aos pés de Alien em elegância narrativa, e a criatura de feição lovecraftiana, embora interessante em seu desenvolvimento,não tem a mesma beleza simbólica do xenomorfo. A pirotecnia antigravitacional do cenário acaba também não sendo tão eficiente, comparada à concisão visual de Ridley Scott que com a mais simples ambientação criou o paradigma da claustrofobia no cinema. Enfim, um filme divertido, mas só mais uma reciclagem de gênero sem nenhum propósito além de produzir dinheiro. O mais temeroso é o potencial para sequências esdrúxulas que o final sugere. Deus nos proteja...
A Criada
4.4 1,3K Assista AgoraUm verdadeiro número de ilusionismo em forma de narrativa cinematográfica. Até o fim da primeira parte, o filme já havia me convencido de seu primor técnico (onipresente em toda a obra do diretor, com seus ângulos de precisão cirúrgica, tomadas sempre impecáveis), mas pouco me havia impressionado com sua trama. Até que de repente, o espectador é pego em sua presunção de previsibilidade e todas as suas impressões são viradas do avesso, não uma, nem duas, mas três vezes até o final do filme, com uma edição e um domínio narrativo impecável. O final me soou um pouco farsesco, e penso que poderia ter encerrado mais ambiguamente um material dessa qualidade, mas todo o resto é fantástico.
Maníaco
3.0 579 Assista AgoraManíaco é muito mais que só um slasher apelativo, e a câmera em primeira pessoa, muito mais que só um recurso pretensioso. O diretor consegue te colocar na perspectiva do serial killer da forma mais verdadeira, vivenciar cada sentimento do protagonista, por vezes com uma empatia quase perturbadora. A capacidade da arte de te dar acesso a uma multiplicidade de experiências que você jamais poderia ter em só uma vida, com retratos psicológicos genuínos, é sua principal função, e foi executada brilhantemente em cada frame do filme. O tema do menino atormentado pela figura da mãe é um velho clichê, mas ele é aqui desenvolvido com uma intensidade que lhe dá novo brilho. Além das ótimas atuações de todo o elenco e as tomadas inspiradas e brilhantemente executadas, a trilha sonora cheia de sintetizadores é também sensacional, infundindo a melancolia noturna urbana que melhor poderia caracterizar essa trama.
Grave
3.4 1,1KUm ótimo exemplo de como o horror pode servir de veículo simbólico para os dramas mais inapreensíveis da natureza humana, do gore como tradução do conflito psicológico. Tem uma atmosfera opressiva e nauseante com cenas explícitas que o tema musical confrontado com a crueza das imagens complementa e enriquece da forma mais original e perturbadora. Um filme sobre autoconhecimento e contenção das paixões no ambiente selvagem das universidades modernas.
Florence: Quem é Essa Mulher?
3.5 351 Assista AgoraO timing cômico de Meryl Streep é impecável. Seu trabalho vocal, seu grande trunfo, como sempre é do detalhismo mais preciso, captando a alma do canto de Florence Foster Jenkins como poucos fariam. Simon Helberg encarnou o debochado e afeminado Cosme McMoon com perfeição e sutileza. Na segunda metade o nível do filme cambaleia um pouco pelo melodrama pouco convincente em que cai, e por algumas cenas com potencial sub-aproveitado e mal executadas. Mas o filme tem alma, e isso vale muito.
O Mistério do Cesto
3.5 146O horror cômico quando bem realizado - com inspiração e inteligência, o que é raro - é o melhor dos gêneros. Não é bem esse o caso, embora tenha boas cenas de gore. É interessante o conceito como metáfora psicanalítica.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraSegundo filme de Dennis Villeneuve que vejo que me impressiona com sua habilidade para retratar a dualidade da vivência feminina, no mundo, e no núcleo familiar. A Chegada representa o que o gênero sci-fi tem de mais poderoso: a capacidade de articular o indizível e realidades que poderiam ser com conflitos reais presentes e dramas humanos atemporais. A sonoplastia sugestiva e a trilha sonora de contornos místicos associadas a tonalidades azuladas melancólicas e close-ups muito eficientes criam uma atmosfera lovecraftiana envolvente e transcendental. Emocionou o tradutor e amante da linguística que habita em mim. Belíssimo.
A Hora dos Mortos-Vivos
3.8 354Alguns bons momentos de excesso gratuito garantem algum entretenimento, mas falta o timing de obras-primas do trash como Evil Dead e Braindead para insuflar humor genuíno a sua proposta cômica, e a criatividade de um Hellraiser para produzir aquele horror que violenta o inconsciente de forma indelével. Já tendo assistido a essas três obras-primas do gore over the top, o banho de sangue não me surpreendeu nem um pouco também. Outro defeito é o reaproveitamento do Prelúdio originalmente composto por Bernard Hermann para Psicose, que enfraquece um filme cuja própria força está muito aquém de poder sustentar uma referência tão imponente.