Acredito que "O Lamento" é considerado uma das grandes obras dentro do gênero de horror, abordando uma parte macabra da cultura oriental sobre lendas, maldições, espíritos malignos e misticismo. Apesar da narrativa cadenciada, o filme não é maçante, mas mesmo assim, poderia ter sido mais objetivo e direto, creio que foi desnecessário duas horas e meia de filme para seu gênero.
Esta obra apresenta uma história folclórica associada ao misticismo oriental e também ao oculto, marcada por elementos de mistério, terror e sobrenatural: como guardiões, demônios e xamãs, com o desenrolar da trama ganhando gradualmente contornos mais intensos e inquietantes.
Destaque para os aspectos visuais e de cenários da obra, com uma fotografia estonteante de belas florestas e montanhas ao pôr-do-sol, que proporcionam uma combinação imersiva e envolvente. Em uma ambientação expressada pela chuva constante, pelo lamaçal, pela precariedade da pequena aldeia, pelas características marcantes de uma pequena cidade do interior. Além dos processos de maquiagem e dos cenários de massacre, consolidam o ar místico e lúgubre do filme, ampliando o mistério e prendendo a atenção do telespectador.
O roteiro trabalha bem com as expectativas, construindo alguns personagens de maneira dúbia, sem explicitar as suas reais intenções. Uma história relativamente simples nos é apresentada de maneira complexa e intrigante, onde cenas aparentemente sem grande propósito nos revelam muito, exigindo atenção aos detalhes, sejam eles símbolos do ocultismo ou referências religiosas. Corvos e cabeça de bode são utilizados ao longo da narrativa, simbolizando a morte e o mau presságio e remetendo ao profano e à bruxaria.
O filme consegue construir uma atmosfera de terror sem abusar dos truques típicos do gênero, o que o faz entrar para a seleta lista dos filmes de terror revolucionários. Os momentos de humor são utilizados para tornar mais suave a abordagem de um tema que por si só já é bastante tenso. Cabe ressaltar a ótima atuação de Kwak Do Won, no papel caricatural do policial preguiçoso, atrapalhado e medroso, embora seja bem-intencionado.
Com um trabalho competente do elenco, uma direção eficiente criando uma atmosfera que mistura mistério, terror e comédia, além de proporcionar muita reflexão com um final aberto a diferentes interpretações e também por sua originalidade. "O Lamento" é um dos longas-metragens mais significativos dentro de seu gênero nos últimos anos, e possivelmente um dos melhores terrores do século XXI.
Assistido em 16 de outubro de 2022 Minha avaliação: 7,5/10
Continuando minha exploração pelo cinema asiático sul-coreano.
Filme da década de 2000, onde às obras asiáticas sul-coreanas davam os primeiros passos para a ascensão no mercado cinematográfico. A Coreia do Sul (especialmente) sabe como fazer o telespectador se sentir humano, com obras extremamente cruas, nos conduzindo de uma forma de ser quase impossível não se comover, ficarmos tristes, ou revoltados com certas cenas.
Começa muito bem, entretanto, seu segundo ato é arrastado e cansativo, onde não acontece praticamente nada de interessante, apenas ganhando fôlego nos seus últimos minutos. Outro problema são os cortes bruscos na hora das cenas mais pesadas de gore, escancarando que o diretor queria poupar o telespectador da brutalidade, algo que particularmente desaprovo. Além disso, não é característica do cinema asiático seguir este caminho.
Um filme com um grande trabalho no aspecto de criar expectativa, pois, a todo momento estamos ligados para o que irá acontecer nos momentos seguintes. Com pouco mais de meia hora de filme (creio eu), tudo já está basicamente contextualizado: O tripé de personagens estão montadinhos, e eles formarão o eixo narrativo. Um é a luta desesperada pela liberdade, outro é a contagem regressiva para a soltura e o último, o mais complexo e intenso, o caçador do título.
É engraçado pensar quais figuras representam o bem e o mal, o anti-herói que em devidas circunstâncias age do lado da polícia, a mesma que protege o grande vilão da história. Temos aqui um universo confuso, perigoso, triste, sujo, violento e amedrontador, onde é necessário um monstro para se capturar outro pior. A figura feminina continua sendo ambígua, uma vez que é tanto a explorada quanto a protegida pelo homem bruto e protetor de seus interesses.
A premissa é muito bem arquitetada e pensada, com um suspense inteligente utilizado de maneira não-usual, porém, o roteiro tem alguns deslizes que são imperdoáveis. Como, por exemplo: a conivência do enredo em uma certa situação favorecendo o assassino, deixando uma parte da história extremamente forçada.
Estou apreciando muito o cinema oriental, geralmente dou no mínimo nota oito para esses filmes. No entanto, como esse não atingiu o mesmo nível dos melhores, "O Caçador" ficará um pouco abaixo da média pelos seus acertos e erros. Principalmente pelo motivo do conto de vingança não ter sido extremamente satisfatório.
"Parasita" surpreendeu o mundo! Além de vencer o Oscar de melhor filme estrangeiro, também conquistou o Oscar de melhor filme, sendo o primeiro longa-metragem estrangeiro da história a levar para casa o principal prêmio do evento. Me considero um cara anti-oscar, porque a academia coleciona diversas injustiças, tudo sem lógica e sem contexto em sua história. Como, por exemplo: o fraquíssimo, insosso e aborrecido "Shakespeare Apaixonado" ter derrotado "O Resgate do Soldado Ryan" em melhor filme. Na minha opinião, o maior 'roubo' de toda a história do Oscar.
O Oscar cada vez mais vai perdendo prestígio, audiência e principalmente credibilidade no mundo cinematográfico. Algo que não acontecia com frequência no século XX, mas acabou se intensificando muito no século XXI com diversos absurdos... Dito isso, em 2020 tivemos uma exceção e surpresa na premiação com a vitória de "Parasita", que, a meu ver, venceu merecidamente (apesar de considerar "Coringa" uma obra muito melhor). O cinema sul-coreano fazendo história graças a genialidade e talento de Bong Joon-ho.
O diretor e roteirista sempre teve essa obsessão em impor críticas sociais misturadas com sátiras e personagens caricatos, o que gerava obras ácidas e sagaz, sendo tecnicamente perfeitas e que deixavam sempre suas mensagens. Em "Parasita" Bong Joon-ho elevou o nível da crítica e com um roteiro brilhante por trás, desfila toda sua técnica visual em um filme cheio de camadas e com uma montagem fantástica.
"Parasita" foi brilhantemente dirigido por Bong Joon-ho, com um ritmo frenético, ângulos de câmera inspirados, um senso estético perfeccionista, com metáforas e críticas sociais que permeiam o sagaz e feroz enredo. A obra desafia a mente do telespectador a se questionar sobre situações do cotidiano, como um soco na mente, te causa desconforto e aqui se discute a tal meritocracia e as diferenças de classe. A burguesia é suja e o pobre que quer ser rico terá que se sujar também...
O roteiro é genial ao abordar o lado obscuro de todos, mas sem deixar de humanizar essa família (parasita), por assim dizer. Existem motivações para eles fazerem isso e a família rica não colabora muito, na verdade, eles são detestáveis, mesmo que inicialmente fossem ser "vítimas" de aproveitadores. O filme brinca e flerta com o drama, focando no emocional das figuras centrais, com uma pitada de comédia, sendo sempre em tons ácidos e sarcásticos. Além do suspense crescente e cada vez mais nervoso, chegando a um final chocante e avassalador!
Enfim, não acho "Parasita" o melhor filme asiático, nem mesmo é o melhor do Bong Joon-ho, mas fiquei extremamente feliz com às estatuetas do Oscar conquistadas. Um feito importante e um alerta para que o cinema hollywoodiano acorde e não fique estagnado no futuro. Atualmente o cinema oriental vem despejando muito mais filmes sensacionais, principalmente em relação à criatividade e ineditismo.
Maratona Bong Joon-ho 9 de outubro de 2022 Minha avaliação: 8,5/10
Em um mundo cada vez mais caótico, onde os seres humanos sofrem com diversos males causados por eles mesmos, um desses problemas inclui a crise alimentícia que infelizmente tende a piorar cada vez mais com o passar dos anos. Neste cenário surge um filme chamado "Okja", que aborda um tema bastante sensível e forte. Inicia-se de forma leve e descontraída, porém, ao final de sua projeção, não deixa de surpreender o telespectador com um choque de realidade.
Bong Joon-ho foi muito inteligente e certeiro na sua crítica às grandes corporações alimentícias, expondo de forma muito crua e realista a ganância e indiferença humana com os animais. Mostrando com muita dureza e tristeza a maldade das pessoas nos matadouros que existem mundos afora, os bichos são tradados como lixos sem valor algum. Um assunto necessário sendo exposto para reflexão.
Gostei muito das ideias implementadas do Bong Joon-ho em sua obra, a princípio achei que fosse uma crítica aos consumidores de carne. Entretanto, o diretor com sabedoria atacou o coração do problema, os grandes empresários de ego inflado e seus métodos desumanos e irresponsáveis de gerar lucros. O grande trunfo desse filme foi em não se agarrar na militância para tentar agradar um certo tipo de público, uma crítica muito bem feita sem os moldes atuais que estão arruinando o cinema.
Além de acertar no tema abordado, Bong Joon-ho também foi certeiro no super elenco de grandes nomes, com personagens bastante caricatos propositalmente. É muito bom ver que o trabalho desse grande diretor tenha ganhado ares comerciais, assim seu talento visual e críticas ácidas vão sendo gradualmente conhecidos pelas massas. Além disso, o cineasta aproveita para dar umas aulinhas de cinema para a Hollywood estagnada.
O filme é um deleite visual, com uma fotografia perfeita aliada a natureza em abundância, com belas cores e uma estética de belíssimo bom gosto. Além dos porcos gigantes graficamente muito bem-feitos. Tudo isso em uma interação incrível e singela entre a personagem Mija e Okja, em um senso de proteção e irmandade pairando sobre eles.
Enfim, "Okja" não é um filme que pode “mudar o mundo”. Mas ele consegue, através de sua incrível verossimilhança e humanidade, colocar o espectador para pensar de uma forma muito profunda e tocante sobre as questões de recursos e formas de garantir a plena alimentação da população mundial, atual e futuramente. Uma obra feita para ser vista por todos às nações.
Maratona Bong Joon-ho Assistido em 30 de setembro de 2022 Minha avaliação: 8,5/10
Bong Joon-ho chamou a atenção do mundo todo com suas obras voltadas a críticas certeiras em vários aspectos globais. Graças a isso conseguiu espaço em Hollywood, estreando no competitivo mercado com esse ótimo "Expresso do Amanhã", e que estreia senhoras e senhores! Filmão de ficção científica pós-apocalítica, que mostra a luta de classes sociais, com fortes críticas a desigualdade social e ao aquecimento global.
Ficção científica é um dos meus gêneros favoritos do cinema, e atualmente está muito difícil de surgir um filme desse gênero que seja muito acima da média. Filmes como "Gravidade", "Interestelar" e "Duna" estão cada vez mais raros, principalmente pela crise de criatividade nos roteiros que Hollywood vêm enfrentando. Para um Bong Joon-ho que não tinha experiência no gênero, o resultado é bem acima do esperado, e até de certo modo, surpreendente.
Particularmente gostei muito da personalidade do Bong Joon-ho em não ceder a cartilha fresca do cinema estadunidense, conduzindo o filme ao seu modo, sem deixar de lado suas origens e essência. A obra explora muito o lado brutal, animalesco e selvagem do ser humano quando se encontra em situações desfavoráveis, com o uso inteligente de metáforas para a reflexão do telespectador. O melhor de tudo, sem poupar o público da violência gerada pelo confronto de classes.
Filme com detalhes técnicos minuciosos, fotografia magnífica, cores fantásticas, figurinos e maquiagens excepcionais, tudo isso em locações e paisagens belíssimas. Os vagões individuais são espetaculares e abusam de design engenhoso, cada um dos vários ambientes (a sala de aula, discoteca, aquário, etc.), sucintamente destila uma cápsula isolada de nossa cultura.
No quesito atuação, meu destaque vai para Tilda Swinton, que ficou praticamente irreconhecível por conta de um processo de maquiagem e figurinos impressionantes! O telespectador provavelmente só a reconheceu quando a câmera se aproximava de suas feições. Além disso, vale citar a parceria de sucesso do Bong Joon-ho com o competente ator Song Kang-ho, e também um esforçado e carismático Chris Evans e um sempre cirúrgico Ed Harris.
A reunião da humanidade em um trem que tem como serventia a locomoção, se desenvolve em uma trama bem interessante, além da variedade de etnias que se encontram no mesmo local. A acidez do roteiro é extremamente conquistadora, que desdenha ao explorar o sistema político que se deteriora em opressão ao priorizar a sobrevivência sobre o progresso. É uma crítica deliciosa e inteligente, os diálogos são repletos de trocadilhos e subtextos, em uma obra poética, engraçada, repugnante e revoltante.
Acredito que faltou diluição nos minutos finais, o que não diminui em nada o primoroso espetáculo. Não é uma tarefa fácil criar um filme que estabelece um respeitoso equilíbrio fluente entre aventura e discurso político.
Maratona Bong Joon-ho Assistido em 26 de setembro de 2022 Minha avaliação: 9,0/10
"Mother: A Busca Pela Verdade" é mais um filme policial investigativo do ótimo diretor Bong Joon-ho, lembra bastante "Memórias de um Assassino" devido a muitas semelhanças na narrativa, porém, melhor executado e dirigido. A história de "Mother" me prendeu mais, pois, aparentava se tratar de algo simples, mas ocorrem situações tão bizarras e infames, que elevam o patamar da história para algo poderoso e totalmente original, criativo e inesperado.
Muito perspicaz e atrativo a forma que Bong Joon-ho conduz sua história, passeando novamente em muitos gêneros e subgêneros cinematográficos, tudo isso sem perder a mão, em um roteiro redondinho recheado de surpresas. O enredo desse filme é muito interessante, intrigante e surpreendente, que deixa o telespectador com a pulga atrás da orelha, em um mistério que se mantém intacto em boa parte do filme.
Parte técnica impecável como sempre, em cenários de muito bom gosto estético, com uma fotografia escura e depressiva, que combina perfeitamente com a chuva constante na cidade, criando um clima opressor e sufocante. O visual do filme remete muito o que o cinema asiático quer mostrar para o espectador, sempre com aquele clima sombrio de desesperança, insegurança, desespero, maldade, etc.
Kim Hye Ja é uma atriz excepcional, roteiro totalmente focado em seu personagem e conseguiu dar conta do recado. Apesar da idade, fiquei chocado com a sua pouca experiência no cinema, deveria e merecia ter mais reconhecimento em seu país. Aqui ela carrega o filme nas costas, com expressões e atuação maravilhosa, baita personagem interpretado.
A grande revelação de que seu próprio filho é o assassino não chega a surpreender tanto, porém, os rumos que a história tomou a partir desse acontecimento, faz do filme ser especial e muito acima da média. A obsessão da mãe em proteger o seu filho a todo custo, mesmo que para isso tenha que matar um inocente... Final brilhante e totalmente apoteótico.
Enfim, "Mother: A Busca Pela Verdade" é apenas mais um entre tantos outros do cinema asiático, que priorizam um bom roteiro e qualidade. Hollywood, nestes quesitos (principalmente pelos lançamentos atuais), tem muito que aprender com os diretores e roteiristas do outro lado do mundo. Especialmente dos da Coreia do Sul, esses Coreanos são fodas!
Maratona Bong Joon-ho Assistido em 24 de setembro de 2022 Minha avaliação: 8,5/10
Um filme diferente de toda a filmografia do Bong Joon-ho, onde o diretor decidiu sair de sua zona de conforto, mas sem deixar suas principais características e virtudes de lado. O filme aborda o implacável preconceito e discriminação que uma família humilde sofre do seu governo, além do descaso e irresponsabilidade ambiental das grandes empresas que não tem noção de seus atos. A cena inicial é bastante revoltante!
Esse longa-metragem traz a tona problemas socioeconômicos e políticos, sendo uma crítica pertinente às grandes potências e ao governo local submisso, que não se importam com o meio-ambiente e o aumento da poluição global. Tudo isso muito bem dirigido pelo Bong Joon-ho, sem deixar de lado o bom entretenimento de qualidade e sublime, com personagens divertidos e envolvidos em um bom drama familiar.
Diferente dos filmes Hollywoodianos sobre monstros, a trama dessa obra é mais focada na família que protagoniza a obra, conhecemos com calma cada personagem, suas características e peculiaridades. Entretanto, o monstrengo não demora muito a dar às caras, assim, Bong Joon-ho conseguiu estabelecer um bom equilíbrio em sua obra.
A criatura (ou monstro) é uma espécie de peixe anfíbio gigante, que sofreu mutação devido a uma substância líquida tóxica descartada incorretamente, parando direto no rio da cidade. O filme mostra como uma simples ação de um único ser humano pode desencadear uma grande tragédia, levando um grande caos a uma população que já sofre com condições precárias.
"O Hospedeiro" transcende qualquer tentativa de rotulação, é uma mistura de gêneros cinematográficos bastante interessante, com enquadramentos de primeiríssima qualidade e parte técnica super apurada. Gostei muito das cenas finais bem produzidas, frenéticas e satisfatórias. É o cinema sul-coreano acertando a mão até mesmo fora das suas produções habituais.
Maratona Bong Joon-ho Assistido em 21 de setembro de 2022 Minha avaliação: 7,5/10
Bong Joon-ho tornou-se o mais novo estrangeiro queridinho de Hollywood após vencer o Oscar de melhor diretor e filme por "Parasita (2019)". Apesar de não o considerar o melhor filme sul-coreano, acredito que venceu o Oscar merecidamente, principalmente se compararmos Parasita a muitas bombas que ganharam o Oscar com tons de fajuto. Já estava na hora de dar atenção a este cineasta devido a seu trabalho competente em Parasita, merecendo de minha parte uma maratona de sua filmografia.
"Memórias de um Assassino" é o primeiro trabalho de destaque que deu grande fama a Bong Joon-ho, que se caracteriza por trazer fortes críticas sociais em seus filmes. Seu longa trata-se de uma história real de crimes ocorridos entre 1986 a 1991, numa pequena província no interior da Coreia do Sul, que ficou marcada por ser o primeiro caso de serial killer no país.
Infelizmente não achei essa obra-prima toda que muitos fãs do Bong Joon-ho o consideram, apenas gostei do filme em partes. Embora tenha um roteiro interessante, acredito que faltou mais dinâmica na narrativa, a primeira hora é bem cansativa e achei boa parte dos desdobramentos das investigações desinteressantes. Com isso, o filme demora muito a engrenar, ficando bom somente em seus instantes finais...
O filme cria uma grande tensão e desenvolve um mistério instigante em sua parte final, porém, não chega a lugar algum em um desfecho aberto, onde o assassino não é descoberto.
A construção dos personagens meio abobalhados e atrapalhados quebra o clímax de um filme investigativo, que era para ser cem por cento sério. Por outro lado, a direção do Bong Joon-ho é certeira ao retratar a desigualdade social de seu próprio país, onde os detetives trabalham em condições totalmente precárias. Sem sombra de dúvidas, esse seu estilo de direção é o que garantiu seu emprego na competitiva Hollywood.
Enfim, eu poderia ficar aqui questionando o final do filme, porém, por se tratar de uma história real, terei que aceitar às coisas como elas realmente são. Bong Joon-ho tratou da história com muita fidelidade em relação ao caso real, e graças a isso o filme merece tal reconhecimento. Mas ainda assim, esperava bem mais... principalmente por muitos acharem esse filme melhor até mesmo que "Parasita", fato que discordo totalmente.
Maratona Bong Joon-ho Assistido em 20 de setembro de 2022 Minha avaliação: 6,5/10
É incrível a capacidade e competência do cinema sul-coreano de produzir grandes filmes de qualidade sobre o tema “Vingança”. “Eu Vi o Diabo” é doentio, perturbador, repugnante, forte, pesado, visceral e cheio de momentos com muito GORE. Sendo completamente diferente dos filmes hollywoodianos com o mesmo tema, onde na sua grande maioria apresenta roteiros e histórias clichês, batidas e sem inspiração.
Essa é a obra-prima máxima do diretor Kim Jee Woon, o cineasta juntou tudo que há de pior em um ser humano e potencializou isso em um único personagem. Choi Min Shik interpreta um dos melhores vilões da história do cinema, sua maldade, sadismo e demência extrapolam todos os limites! Fazendo que o telespectador torça para que ele se foda da pior forma possível.
Kim Jee Woon não quis nem saber de moderação, meteu violência explicita sem dó nem piedade, com o mais puro suco da vingança desenfreada, em uma trama macabra regada a muito ódio! Infelizmente são poucos estúdios e diretores com a coragem de ousar e ser feliz, neste caso deu muito certo! Um estudo perfeito e realista sobre a mente de um serial killer que sente prazer em matar.
Praticamente tudo neste filme é perfeito, a direção de Kim Jee Woon é incontestável, se mostrando um diretor que domina o tema retratado. O roteiro é bem estruturado e cuidadoso, que dá o máximo de atenção e desenvolvimento possível aos personagens protagonistas. Lee Byung-hun e Min-sik Choi dão um show de interpretação em seus respectivos papéis, a cada momento em que se encontram o filme ganha em emoção, angústia e tensão, acompanhados de diálogos impactantes e sensacionais!
“Eu Vi o Diabo” é um filme que traz reflexões sobre justiça com às próprias mãos e suas consequências, o desfecho é extremamente cru e melancólico, onde não há vencedores. Uma obra necessária que faz o telespectador se questionar se realmente a vingança pode ajudar a diminuir a dor e sofrimento da perda de alguém sem motivo plausível.
Enfim, em minha opinião, uma obra única, que não poupa em chocar o telespectador com a tamanha crueldade em sua projeção. E isso é a mais pura realidade da humanidade, o mundo está repleto de Kyung-chuls dando sopa por aí... Esse filme merece ser mais visto e apreciado, mas uma vez, o cinema asiático surpreende e prova que vai muito além de "Oldboy" e "Parasita".
O cineasta Kim Jee Woon é responsável pelo excelente "Eu Vi o Diabo", que em minha visão é o melhor filme sobre vingança já produzido, e também, por enquanto, o melhor longa-metragem da história do cinema asiático. Fiquei instigado a acompanhar mais seus trabalhos e peguei esse "O Gosto da Vingança" para assistir, gostei do filme apesar de não chegar nem aos pés de sua maior obra-prima.
Não achei o roteiro grandes coisas, por ser simplório demais e um pouco abaixo do que se espera de um filme sul-coreano. No entanto, se sobressai na direção do mestre Kim Jee Woon, ele tem uma intimidade com a câmera e ousa em algumas cenas com ângulos inusitados. Outro detalhe interessante é no belíssimo contraste do sangue com fundo branco, quase sempre constantes no filme, que se destacam junto a fotografia e edição impecáveis.
Às cenas de ação são muito boas, com lutas empolgantes, eletrizantes e realistas, parecendo que nem utilizaram dublês, além de quebrar o clichê do gênero, de balas infinitas que não acertam o protagonista nem fudendo. Lee Byung-Hun novamente está ótimo no protagonismo, em mais uma parceria certeira e lendária ao lado do competente diretor Kim Jee Woon.
Acredito que o enredo tem umas falhas bizarras e bem evidentes, principalmente nas cenas de ação finais, que o faz ser uma obra menor da ascensão do cinema asiático, mas ainda assim, bom em seu propósito. Concluindo-se com um desfecho poético e sanguinolento.
"O Gosto da Vingança" é mais um exemplar clássico da boa e velha vingança que o cinema da Coreia do Sul não cansa de produzir com maestria, sempre tratando o assunto com muita seriedade. Um filme estiloso, com personagens infames, protagonista frio e de poucas palavras, e com um completo clima hostil e caótico durante toda a sessão.
Assistido em 16 de setembro de 2022 Minha avaliação: 7,5/10
Surpreendi-me com o filme antecessor do Jeong-beom Lee e resolvi acompanhar mais um de seus trabalhos. O cineasta tem poucos filmes no currículo, mas com sabedoria soube priorizar mais a qualidade do que quantidade, esse é um dos primeiros passos para se tornar um grande diretor no futuro. Em seu terceiro filme conseguiu um orçamento mais alto para realizar um longa ainda mais extremo que "O Homem de Lugar Nenhum".
O protagonista, além de ter passado por um trauma de infância, precisa lidar com os sentimentos de remorso e culpa, pelo erro fatal que cometeu em seu último serviço a mando da máfia que o criou. Neste contexto, ele resolve arriscar tudo em busca de redenção, em mais uma história com um excelente peso emocional.
O filme em sua primeira hora tem um ritmo cadenciado para a construção dos personagens e desenvolvimento da trama, essa parte não chega a ser chata, já que o filme te prende do início ao fim. Na segunda hora o pau come de vez para todos os lados! Com às características marcantes do cinema sul-coreano, muita loucura, insanidade, demência, maldade, etc. Às cenas de tiroteios e lutas são um deleite visual, sendo extremamente satisfatórios, e como sempre não poupando no sangue e violência.
Embora não supere seu melhor e maior clássico, Jeong-beom Lee novamente acerta a mão em mais uma boa história aliada a uma ação impactante, ágil, frenética e sem piedade, não possuindo a emoção do seu filme anterior, mas ainda assim bom! Destaque para os cenários, fotografia e a beleza asiática da atriz protagonista Kim Min Hee.
Enfim, esse é mais um dos grandes destaques de obras do cinema sul-coreano que merece ser mais popular no Brasil do que é atualmente. Um filme de ação muito bom que passa longe de ser clichê, como muitos dos filmes estadunidenses.
Assistido em 8 de setembro de 2022 Minha avaliação: 8,0/10
Mais uma obra sagaz, visceral e potente do cinema sul-coreano, país que não cansa de me surpreender com suas obras maravilhosas e magníficas. O grande diferencial da Coreia do Sul é elaborar e trabalhar bem filmes que tenham equilibro em todos os quesitos cinematográficos: roteiro, personagens, atuações, edição, entretenimento, etc. Tudo isso aliado a narrativas extremamente maduras, corajosas e sem frescura em relação à violência.
"O Homem de Lugar Nenhum" não é apenas um simples filme de ação, ele explora muito bem o mundo hostil das drogas, tráfico de órgãos, escravidão infantil e guerras de gangues/facções; temas que são muito relevantes para os dias de hoje. A cereja do bolo dessa obra é aliar a boa ação com uma carga dramática pesada e emocionante, com atuações convincentes e muita química entre os protagonistas.
A narrativa nos apresenta com calma todo esse mundo cruel, maldoso e repleto de desordem, com um clima totalmente negativo e triste. O protagonista é um homem solitário, frio, caladão e misterioso, seu único contato é uma garotinha que encanta com sua pureza em meio ao caos que se encontram.
A ação não fica de lado, temos uma sequência frenética de lutas ultraviolentas regadas a banho de sangue e muita agilidade, muito bem coreografadas em um jogo de câmera magistral. A boa e velha vingança fazendo jus a sua fama, sendo extremamente letal e fatal em seu ato final. Destaque para a atriz mirim responsável pelas cenas finais absurdamente emocionantes.
Enfim, o considero um filmaço! Obscuro, brutal e humano ao mesmo tempo, fazendo ótimo uso de planos prolongados que visam expor um sentimento preso na alma do protagonista. O cinema asiático precisa urgentemente ser mais apreciado e conhecido por todo o tipo de cinéfilo. Filme imperdível!
Assistido em 7 de setembro de 2022 Minha avaliação: 9,0/10
Optei por assistir à versão estendida desse filme (170 mim ou 2h e 50 min), sinceramente a versão de cinema já é considerada uma longa duração para um conto de terror psicológico. É inegável que Ari Aster foi bem pretensioso, sendo ambicioso até demais com esse seu segundo trabalho, não poupando tempo em tela e não tendo medo de errar. Como o esperado, essa versão do diretor exige muita paciência do espectador, pois a construção da narrativa é bem lenta e demorada, levando mais de uma hora para um evento bombástico!
O ser humano consegue ser bastante influenciável se estiver em uma situação psicologicamente vulnerável, seja por qual o motivo: um trauma, a ausência familiar ou até mesmo a falta de comunicação numa relação amorosa. Ari Aster utiliza-se de todos esses fatores para ilustrar uma trama que envolve inúmeras referências, críticas e paralelos com males que nossa sociedade propaga. Do extremismo religioso, a hipocrisia moral que tomou conta de muitos nos últimos tempos para cá.
Midsommar torna-se uma viagem, que leva a uma reflexão profunda sobre nossos costumes e a falta de expressão e empatia para reprimir sentimentos de ódio, maldade ou pura omissão diante do mal (seja ele sob qualquer forma). Ari Aster se aproveita da forte carga emocional para dar força a uma obra que expressa significados e metáforas praticamente em cada um de seus planos, a riqueza de detalhes é tamanha que é necessária uma atenção redobrada para tentar captar tantas mensagens...
Florence Pugh, é a protagonista e carrega o filme nas costas, me impressionou pela expressividade e a forma como representa as dores e aflições de seu coração e mente. Já o resto do elenco, na minha visão, pouco se destaca e não chegam a ficar acima da média (algo que não aconteceu em "Hereditário"). O longa mesmo é todo da Florence, que realmente foi a única a se destacar durante todo o filme, uma atriz que se continuar assim vai muito longe!
Dessa vez o roteiro do Ari Aster me incomodou em alguns aspectos, primeiramente por sermos obrigados a engolir a passividade dos principais personagens após o evento do penhasco, segundamente por ele ser em boa parte previsível e revelar detalhes da trama em forma de arte. Com isso, o mistério e suspense ficaram bem rasos em boa parte da narrativa.
Tecnicamente o filme é muito bom! A direção de arte e o design de produção acertam na criação do ambiente aberto. Vale destacar a concepção estilizada e assustadora das casas de madeiras em meio a vegetação em volta do lugar, e os figurinos bastante claros, sempre rodeados por flores coloridas, representando um tipo de "pureza". A fotografia é composta por imagens belíssimas, escancarando ainda mais as cores dos ambientes, essa maneira mais clara de expor as situações ajuda o filme a apresentar alguns efeitos de maquiagem bastante realistas e chocantes.
Enfim, "Midsommar" é um longa que divide opiniões, acerta por ser bem impactante e reflexivo, até consegue surpreender com suas cenas finais bem macabras e bizarras, mas peca pelo ritmo irregular e roteiro com algumas inconsistências. Poderia ter sido um pouco mais dinâmico. O considero assistível e bonzinho, não é uma obra-prima como muitos acham, mas também não é desprezível como muitos o julgam.
Assistido em 1 de setembro de 2022 Minha avaliação: 6,5/10
"Hereditário" consegue se utilizar do terror psicológico muito bem, mesclando o suspense e drama alinhado a uma ótima técnica e bom roteiro, feito pouco usual para filmes de terror ultimamente (outro que tem tal requisito é "A Bruxa"). Esta obra do novato Ari Aster tem algo a mais, ele consegue se apropriar do termo 'terror' com maior amplitude, pois o mesmo, dá medo e assusta, de uma maneira mais autoral, dispensando os elementos datados, ou convencionais de seu gênero.
Seu terror apresentado não desce o nível, se utilizando da tensão com constantes traumas que vão abalando o telespectador psicologicamente, o amaciando, como um cozinheiro batendo um bife. Apesar da duração um tanto pretensiosa, o ritmo do filme é razoavelmente bom, pois não demora muito para às coisas ficarem estranhas e medonhas. Gradualmente o filme vai deixando o espectador com uma sensação desagradável de sufocamento e desconforto, com uma trama extremamente inteligente, bem desenvolvida e eficaz na sua proposta.
Ari Aster em seu primeiro trabalho já se mostra bem acima da média, com uma técnica usual de clássicos filmes de terror, com câmeras invertidas e planos médios constantes. "Hereditário" é envolvente, inquietante, surpreendente, perturbador e imprevisível (com direito a plot twist dos brabos). Sua técnica causa angústia e exprime exatamente os sentimentos que se espera em um filme de terror: nojo, tensão e medo, com seus enquadramentos grosseiros e sua trilha arrojada.
A fotografia é perfeita, as luzes, sombras e escuridão são muito bem utilizadas, deixando os detalhes soltos, mas que vamos entendendo seu significado em cada ato. Trilha sonora também merece destaque, é impecável, quando presente é certeira e quando ausente, o silêncio é necessário.
A protagonista é maravilhosa e dá um show de atuação, Toni Collette mergulha de cabeça na personagem, os melhores diálogos são dela, isso sem falar nas expressões extraordinárias que a atriz faz com o rosto e o corpo. Um trabalho digno de ser premiado. Milly Shapiro cumpre seu papel com uma personagem instigante e misteriosa, a atriz por si só já é assustadora, combina muito bem com terror. Alex Wolff surpreende, entregando uma excelente atuação, surpreendendo com suas expressões e emoções.
Enfim, o trabalho do Ari Aster surpreende e acerta na inovação, criatividade e imprevisibilidade, algo que está cada vez mais difícil de se ver nos filmes de terror. Sua obra é muito bem bolada, onde cada detalhe importante vai revelando uma nova descoberta sobre o impressionante e perturbador final. Um início de carreira promissor, onde dá para contar nos dedos os cineastas que conseguem tal feito.
Assistido em 31 de agosto de 2022 Minha avaliação: 8,0/10
Cresci assistindo aos filmes do Sylvester Stallone pela TV aberta no saudoso SBT dos anos 2000, principalmente seus filmes de ação dos anos 90. Sou um fãnzaço do tio Syl, o cara é responsável pela imortalização de dois grandes personagens na história do cinema (Rocky e Rambo). Vale destacar também a sua incrível história de vida.
No Oscar de 2016 aconteceu um dos maiores crimes da história da academia, tio Syl perder o Oscar de melhor ator coadjuvante para um ator que ninguém conhece, uma grande falta de bom senso e um tremendo desrespeito por parte dos jurados. Muitos dizem que chegou a ter até roubo nessa escolha, de fato, uma decisão no mínimo muito polêmica, que quebra ainda mais a credibilidade baixíssima do Oscar atualmente.
Esse "Samaritano" é uma das grandes surpresas do ano, nunca imaginei ver o tio Syl envolvido em um projeto de Super-Herói. O destaque do filme vai para o roteiro que consegue surpreender com um plot twist bem interessante, uma boa sacada e um diferencial para o gênero que se caracteriza pela previsibilidade. Os idealizadores souberam criar um arco inteligente para o personagem do velho Stallone, assim às cenas de ação não ficaram inverossímeis.
O cenário urbano pinchado e tomados por gangues de baderneiros faz lembrar muitos filmes clássicos dos anos 80. Uma pena que decidiram desenvolver esse filme com a violência bem-moderada, Sylvester Stallone não combina com filmes estilo Sessão da Tarde, muito menos ator para agradar às massas.
Enfim, "Samaritano" é um bom filme para passatempo, e até consegue prender a atenção dentro do possível. Não possui uma qualidade técnica primorosa, mas também não dava para se esperar muito de um projeto desenvolvido direto para streaming. No mais, foi bom ver o tio Syl ainda com disposição para filmes de ação.
Assistido no Prime Video em 29 de agosto de 2022 Minha avaliação: 7,0/10
Robert Eggers é um cineasta com um grande potencial e futuro na sua carreira promissora, soube lidar muito bem com a falta de experiência em seus dois primeiros filmes, compensando isso com ideias mirabolantes e inovadoras. Mas aqui infelizmente parece que esse projeto foi dirigido por um diretor amador, pois, justamente onde Eggers precisava ser mais corajoso, ousado e ambicioso, acabou não sendo...
Obviamente o diretor não queria que seu novo filme tivesse uma pegada comercial, deixando às batalhas de lado, apostando mais nos diálogos e desenvolvimento de personagens. Mas isso acabou ficando exagerado, o filme tem pouquíssimas batalhas e às poucas que têm são totalmente no escuro, me pareceu uma tentativa de diminuir a intensidade da violência, para ficar mais acessível às massas. Isso tudo acabou deixando a narrativa completamente desequilibrada.
Eggers provavelmente queria um filme mais épico do que comercial, mas na minha opinião não conseguiu nem um, nem outro... Infelizmente não é um bom atrativo como entretenimento, mas também passa longe de ser épico, com suas batalhas curtas demais, especialmente o confronto final preguiçoso e absurdamente decepcionante. Neste caso, a falta de experiência afetou negativamente esta obra, principalmente na edição e tomadas de decisões do Eggers, que muitas, a meu ver, foram equivocadas.
O roteiro é falho em alguns aspectos, como nas facilitações exageradas para o protagonista conseguir eliminar seus inimigos com mais rapidez, e em vários momentos sem esforço. Estranhei às partes místicas e sobrenaturais do filme, acredito que foram usadas de maneira exagerada, e como mencionado antes, servindo de facilitações para o desenvolvimento da história.
Única coisa que me surpreendeu em "O Homem do Norte" foi o arco da personagem Nicole Kidman, onde a mesma não ficou ao lado do filho como se esperava. Acabou sendo morta pelo próprio filho, já que o protagonista não teve outra escolha... Único momento em que Eggers conseguiu fugir da previsibilidade.
"O Homem do Norte" é o único trabalho do Eggers que não me agradou muito, na minha visão faltou emoção e não me empolgou em praticamente momento algum. Das histórias medievais prefiro a versão estendida de "Tróia", do recentemente falecido e competente Wolfgang Petersen. Um filme muito mais equilibrado entre diálogos e batalhas sanguinolentas.
Enfim, esse "O Homem do Norte" é infelizmente uma obra facilmente esquecível, regular com boa vontade...
Maratona Robert Eggers Assistido em 28 de agosto de 2022 Minha avaliação: 5,5/10
"O Farol", segundo filme da carreira do cineasta Robert Eggers, novamente apostando em características do seu primeiro longa "A Bruxa". Só que dessa vez sem os elementos de horror vistos em seu primeiro filme, sendo totalmente focado em um mistério intrincado, com relação à mitologia grega. De fato, não é um filme de terror, e sim um drama psicológico recheado de demências, loucuras e bizarrices impagáveis.
O filme é muito ambicioso e pretensioso, com uma fotografia preto-e-branco e formato 4:3, características que estão praticamente extintas no cinema. Com esses aspectos, Eggers imerge o espectador na sensação de sufocamento que a ambientação do filme causa, o local por si só já é amedrontador, e o jogo de câmera do cineasta é diferenciado. Todo esse clímax desfavorável para os personagens fica ainda pior por ambos serem doidos varridos 😂🤣.
Esta obra exige até demais do espectador, têm uma pegada muito David Lynch imprimida neste filme. "O Farol" não é nada fácil de se decifrar, seu roteiro e narrativa são 100% interpretativos, você é que decide o desfecho da história. Apesar de já ter um pouco de experiência com filmes complexos, fiquei muito perdido com o que vi, parece que absolutamente nada faz sentido, a menos que...
Ephraim Winslow e Thomas Wake sejam a mesma pessoa, isso mesmo! Fiquei remoendo muito essa ideia, e ao ligar os fatos é o que mais faz sentido para mim.
Parece que Eggers é obcecado em querer ser cult, inclusive isso se reflete no ritmo de seu filme, que assim como "A Bruxa", não achei muito bom. Entretanto, funciona bem demais! Graças a dois perfeitos protagonistas, que entregam tudo de si para realizarem atuações genialmente macabras, filme exigiu demais de ambos e corresponderam! Robert Pattinson e Willem Dafoe brindam e abraçam a loucura como ninguém! Com uma química entre personagens irretocáveis.
Enfim, "O Farol" é uma alegoria sobre distúrbios da mente humana, do que ela é capaz, sobre efeitos de solidão e pressões que o sentimento de culpa causa ao indivíduo, desejos proibidos, etc. Uma odisseia impressionante e interessante no subconsciente humano. Um prato cheio para estudantes de psicologia, ou para quem exerce a profissão, têm grandes chances de amarem este filme.
Eggers têm grande capacidade de ser criativo e diferenciado, e vai conquistando seu espaço merecidamente em Hollywood. É um grande queridinho da crítica especializada, e aos poucos também vai conquistando a admiração do público geral. Consegue ao menos prender a atenção do espectador com suas obras, vejo mais qualidades do que defeitos em seus trabalhos.
Maratona Robert Eggers Assistido em 27 de agosto de 2022 Minha avaliação: 7,0/10
Após se passar mais de dez anos que não acompanho filmes de terror, decidir voltar a dar uma chance ao gênero, já que o mesmo não me surpreende mais igual quando eu era criança/adolescente. Larguei o terror porque simplesmente o gênero anda cada vez mais saturado, escolhi este filme por ter potencial de apresentar algo inovador e diferente para o gênero. Fica até difícil fazer um comentário bacana sobre este filme, já que estou muito por fora do universo do terror e de suas novidades.
"A Bruxa" é o filme de estreia da carreira do jovem Robert Eggers, o diretor decidiu apostar em características diferentes e desenvolvimento de história que vai à contramão dos filmes de terror convencionais. A obra têm uma pegada bastante cult, com muitos simbolismos, metáforas e mensagens subliminares, é um dos poucos filmes do gênero que exigem o espectador pensar.
Não gostei muito do ritmo, achei um pouco vagaroso. Entretanto, "A Bruxa" cativa por sua beleza estética, suas atuações convincentes, seu clima mórbido e agoniante, sua fotografia inóspita, envelhecida e estonteante, e por uma tensão crescente. Souberam criar uma atmosfera inquietante e misteriosa, tornando o espectador tão impotente quanto os personagens sobre o que pode acontecer em uma floresta escura, abandonada e afastada.
Abordando o tema do sobrenatural, Robert Eggers constrói um bom terror psicológico e caótico. Um filme extremamente cru e realista, onde a religião ganha vida pela personificação do mau que se reflete em nossas escolhas e quem realmente somos. De modo geral não acho um filme grandioso e extraordinário na visão da crítica especializada, mas de fato, "A Bruxa" é uma obra importante para um gênero defasado, que ultimamente vêm apresentando mais do mesmo.
Apesar de estar com uma penca de filmes pendentes para assistir, tive que deixá-los de lado e rever "Top Gun: Maverick". Precisava tirar a dúvida do que vi no cinema, se simplesmente não me deixei levar pela emoção do hype, e a resposta é absolutamente não! Mantenho minha avaliação máxima e digo mais... subiu muito no meu conceito, se tornando um dos principais filmes que mais gosto de rever. Essa obra é tão extraordinária e fantástica, tanto em uma telona de cinema, quanto em uma simples televisão de quarenta polegadas, ou até mesmo em um monitor de computador.
Um grande fenômeno nas bilheterias mundiais e principalmente na doméstica, superando os números locais de "Titanic" e também três dos quatro filmes dos "Vingadores", ou seja, batendo de frente com o filme mais popular da história e das maiores febres do século XXI. Sem falar nas concorrências diretas com o novo filme do "Doutor Estranho" e do novo "Jurassic World", mas mesmo assim, "Top Gun: Maverick" surpreendeu o mundo, quebrando a hegemonia da Marvel nos cinemas e se firmando até então... como a maior bilheteria global de seu ano.
Não é tão difícil explicar o sucesso estrondoso desse filme, a começar pela nostalgia magistralmente bem trabalhada. Na poltrona de cinema a sensação é de uma incrível e alucinante viagem no tempo, com uma maravilhosa volta aos anos 80, tudo muito imersivo e perfeitamente executado. O grande diferencial dessa obra foi a junção de elementos do bom e velho cinema do século passado, com os recursos modernos e tecnologia da atualidade, ou seja, unindo o útil ao agradável. O filme possui muitos detalhes aparentemente simples e banais, mas que ao final da projeção fazem toda a diferença.
Filme feito para agradar a todos os gostos e tipos de público, começando pelos amantes de ação, para se deliciarem com às impressionantes cenas aéreas de muita qualidade, realismo e bom gosto visual. O roteiro, apesar de simples, proporciona uma ótima carga dramática, com o peso emocional da história cuidadosamente bem desenvolvido entre os personagens principais, ainda sobra espaço para um melodrama romântico. Esse é o segredo desse novo Top Gun, simples e sem inovação, mas ainda assim grandioso e muito completo em relação e gêneros cinematográficos.
Tom Cruise ainda no auge nos seus já 60 anos... provando ainda estar em forma e com muita disposição e lenha para queimar. O considero o Cristiano Ronaldo dos cinemas, não está exatamente entre os melhores atores da história, mas o seu empenho e dedicação faz a diferença entre os maiores e melhores serem encurtadas. Achei muito bonito da parte dele não ter esquecido do amigo Val Kilmer, fazendo questão que o mesmo participasse do filme. A história de amizade entre Maverick e Iceman é uma das mais lindas já retratadas no cinema.
"Top Gun: Maverick" entrou na seleta lista do cinema como um dos melhores filmes já realizados da história cinematográfica, no Rotten Tomatoes possuiu aprovação de crítica de 96% e de público 99%. Já no IMDB possui nota de 8,4/10 e atualmente ocupa a posição de n.º 56, figurando com folga na lista de 250 melhores filmes da história segundo o site IMDB.
Este grande filme não é somente um simples exemplar de ação aérea, "Top Gun: Maverick" vai além e entrega muito mais que isso. É um filme sobre conflitos interpessoais, traumas, amizade, coragem, determinação e amor a profissão. Daqui a 30, 40, 50 anos... têm grandes chances de se tornar o maior clássico do século XXI. Uma obra magnífica, eletrizante, emocionante, empolgante, memorável e inesquecível!
Assistido no cinema em 31 de maio de 2022 Revisto em 25 de agosto de 2022 Minha avaliação: 10/10
Achei esse filme por acaso e acabou despertando minha atenção. Decidi assistir para sair um pouco da minha bolha de filmes de ação e ficção, e também para dar uma diversificada, explorando e conhecendo melhor o cinema da América-latina, já que nunca havia tido interesse em seus longas-metragens. Talvez isso mude a partir de agora, por esse filme ser sensacional, maravilhoso, indefectível e rigorosamente fudido!
Nunca havia assistido a um filme tão divertido, ágil, dinâmico, sagaz, envolvente, imersivo, e chocantemente cômico sobre o cotidiano igual a essa obra. Muitos filmes sobre esse tema têm aquela pegada de enredos insuportáveis das novelas da Globo, ou dos filmes do Woody Allen, que particularmente acho um pé no saco. Mas aqui em "Relatos Selvagens" tudo difere da mesmice sobre o tema.
Trata-se de um filme que mostra a realidade do cotidiano caótico e moderno, das consequências que às pessoas sofrem com seus erros e quando perdem às estribeiras. Além de mostrar do jeito mais realista possível como funciona os esquemas dos governos para roubarem dinheiro do povo de "forma legal", e de como às pessoas são facilmente corruptíveis.
Todas às seis histórias do filme, sem exceção, foram muito bem dirigidas e roteirizadas, que deixam o espectador com gostinho de quero mais. O filme passa num piscar de olhos, os diálogos são sensacionais, a crítica ao cotidiano e a barbárie do ser humano, quando o ser humano se desprende dos paradigmas da sociedade e se aproxima de um animal irracional. Uma reflexão profundamente comportamental sobre quem somos e o que podemos nos tornar.
Acredito que o filme seja uma forma de protesto contra o governo argentino, que nos últimos anos afundou o país na crise econômica, deixando os hermanos em uma situação delicada, beirando a realidade da Venezuela. Apesar de o filme ser argentino, o enredo também se encaixa perfeitamente com a realidade do Brasil, aliais os brasileiros que trabalham com cinema deveriam dar um pulinho no país vizinho e aprender um pouco como se faz sétima arte de qualidade.
Peca por não ser tão extremo como se vendeu, somente por isso e por muito pouco mesmo não ganhará minha avaliação máxima. Ainda assim, a obra nos presenteia com uma história melhor que a outra, o filme é genial, reflexivo, magnífico, certeiro, essencial e inesquecível. Altamente recomendável para todo tipo de cinéfilo.
Assistido em 8 de agosto de 2022 Minha avaliação: 9,5/10
O que me animou a conferir essa obra foi a escalação de atores asiáticos no filme, já que atualmente o continente asiático vem se destacando e crescendo muito na indústria cinematográfica. A China, por exemplo, já emplacou três filmes entre às 100 maiores bilheterias da história do cinema, algo que alguns anos atrás parecia improvável.
"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" é uma inusitada mistura de elementos de "Matrix", "Interestelar", "Lucy", "2001" e "Kung-Fusão". Apesar de pegar a ideia do novo filme do Doutor Estranho, este filme têm uma abordagem completamente diferente, e surpreende pelo ineditismo, inovação, criatividade, montagem e acontecimentos inimagináveis. Com altas doses de esquizofrenia, bizarrices e caos elevadas a enésima potência!
Este filme conseguiu a façanha de criar cenas mais absurdas e surreais do que muitos sonhos que tenho, não consigo contar a ninguém de tão malucos e inexplicáveis que são. Apesar de estar com uma avaliação muito favorável de crítica e público, o filme definitivamente não foi feito para todos, primeiramente têm que assisti-lo de mente aberta e ter uma certa experiência com filmes complexos.
Embora tenha um certo grau de complexidade, o filme não foi feito para se levar a sério, contém muitas cenas impagáveis e o andamento da história é completamente inacreditável! Nível de loucura e originalidade como nunca visto antes, em uma trama focada nos problemas familiares do famoso sonho americano. Com uma bonita mensagem sobre a procura do propósito da vida.
Pessoalmente gostei muito mais da primeira parte do filme, incrível, fantástica, memorável e frenética, quase beirando a excelente. Na segunda parte a obra perde um pouco de fôlego, tentando se sustentar com o mesmo de sempre e acabando ficando um pouco repetitiva. Por isso, a meu ver, não chega a merecer nota máxima. Ainda assim, é um grande filme que quebra a barreira do convencional e traz algo primordial para a renovação do cinema, um filme importante que será discutido por um bom tempo.
Para mim, "Top Gun: Maverick" segue disparadamente como o melhor filme do ano, mas esse não deixa de ser um bom concorrente à altura da disputa. O estúdio A24 vêm fazendo sucesso e cada vez mais se firmando na indústria cinematográfica, os outros concorrentes mais famosos que se cuidem. Principalmente a Warner que investe muito em filmes medíocres, enquanto isso às sequências de Mad Max seguem engavetadas por trocentos anos...
Assistido em 6 de agosto de 2022 Minha avaliação: 8,0/10
Fiquei imaginando agora como seria a união de Lula com o Edir Macedo fazendo juntos palestras Internacionais, ambos são mestres especialistas na manipulação da mente humana e lavagem cerebral.
O mundo iria sofrer com um apocalipse de zumbis domesticados 😂🤣
Acabei de ler a matéria do adolescente que foi estuprado e queimado vivo, e foi muito... mais muuuito pior do que imaginava, um crime bárbaro dos mais pesados da história do Brasil. Cometido por um pastor e dois bispos, que na época faziam parte da Igreja Universal.
A situação é mais agravante ainda porque o crime foi cometido dentro da própria Igreja Universal, de uma sede da Bahia. O motivo do crime é tão absurdo e revoltante que prefiro nem mencionar aqui. O crime aconteceu em 2001 e mesmo assim os bispos nem ao menos foram julgados, o Brasil não cansa de surpreender negativamente.
Depois disso o meu ranço com essa igreja será eterno! Os podridões que envolvem essa instituição são muito piores do que eu poderia imaginar...
O Lamento
3.9 431 Assista AgoraAcredito que "O Lamento" é considerado uma das grandes obras dentro do gênero de horror, abordando uma parte macabra da cultura oriental sobre lendas, maldições, espíritos malignos e misticismo. Apesar da narrativa cadenciada, o filme não é maçante, mas mesmo assim, poderia ter sido mais objetivo e direto, creio que foi desnecessário duas horas e meia de filme para seu gênero.
Esta obra apresenta uma história folclórica associada ao misticismo oriental e também ao oculto, marcada por elementos de mistério, terror e sobrenatural: como guardiões, demônios e xamãs, com o desenrolar da trama ganhando gradualmente contornos mais intensos e inquietantes.
Destaque para os aspectos visuais e de cenários da obra, com uma fotografia estonteante de belas florestas e montanhas ao pôr-do-sol, que proporcionam uma combinação imersiva e envolvente. Em uma ambientação expressada pela chuva constante, pelo lamaçal, pela precariedade da pequena aldeia, pelas características marcantes de uma pequena cidade do interior. Além dos processos de maquiagem e dos cenários de massacre, consolidam o ar místico e lúgubre do filme, ampliando o mistério e prendendo a atenção do telespectador.
O roteiro trabalha bem com as expectativas, construindo alguns personagens de maneira dúbia, sem explicitar as suas reais intenções. Uma história relativamente simples nos é apresentada de maneira complexa e intrigante, onde cenas aparentemente sem grande propósito nos revelam muito, exigindo atenção aos detalhes, sejam eles símbolos do ocultismo ou referências religiosas. Corvos e cabeça de bode são utilizados ao longo da narrativa, simbolizando a morte e o mau presságio e remetendo ao profano e à bruxaria.
O filme consegue construir uma atmosfera de terror sem abusar dos truques típicos do gênero, o que o faz entrar para a seleta lista dos filmes de terror revolucionários. Os momentos de humor são utilizados para tornar mais suave a abordagem de um tema que por si só já é bastante tenso. Cabe ressaltar a ótima atuação de Kwak Do Won, no papel caricatural do policial preguiçoso, atrapalhado e medroso, embora seja bem-intencionado.
Com um trabalho competente do elenco, uma direção eficiente criando uma atmosfera que mistura mistério, terror e comédia, além de proporcionar muita reflexão com um final aberto a diferentes interpretações e também por sua originalidade. "O Lamento" é um dos longas-metragens mais significativos dentro de seu gênero nos últimos anos, e possivelmente um dos melhores terrores do século XXI.
Assistido em 16 de outubro de 2022
Minha avaliação: 7,5/10
O Caçador
4.1 313Continuando minha exploração pelo cinema asiático sul-coreano.
Filme da década de 2000, onde às obras asiáticas sul-coreanas davam os primeiros passos para a ascensão no mercado cinematográfico. A Coreia do Sul (especialmente) sabe como fazer o telespectador se sentir humano, com obras extremamente cruas, nos conduzindo de uma forma de ser quase impossível não se comover, ficarmos tristes, ou revoltados com certas cenas.
Começa muito bem, entretanto, seu segundo ato é arrastado e cansativo, onde não acontece praticamente nada de interessante, apenas ganhando fôlego nos seus últimos minutos. Outro problema são os cortes bruscos na hora das cenas mais pesadas de gore, escancarando que o diretor queria poupar o telespectador da brutalidade, algo que particularmente desaprovo. Além disso, não é característica do cinema asiático seguir este caminho.
Um filme com um grande trabalho no aspecto de criar expectativa, pois, a todo momento estamos ligados para o que irá acontecer nos momentos seguintes. Com pouco mais de meia hora de filme (creio eu), tudo já está basicamente contextualizado: O tripé de personagens estão montadinhos, e eles formarão o eixo narrativo. Um é a luta desesperada pela liberdade, outro é a contagem regressiva para a soltura e o último, o mais complexo e intenso, o caçador do título.
É engraçado pensar quais figuras representam o bem e o mal, o anti-herói que em devidas circunstâncias age do lado da polícia, a mesma que protege o grande vilão da história. Temos aqui um universo confuso, perigoso, triste, sujo, violento e amedrontador, onde é necessário um monstro para se capturar outro pior. A figura feminina continua sendo ambígua, uma vez que é tanto a explorada quanto a protegida pelo homem bruto e protetor de seus interesses.
A premissa é muito bem arquitetada e pensada, com um suspense inteligente utilizado de maneira não-usual, porém, o roteiro tem alguns deslizes que são imperdoáveis. Como, por exemplo: a conivência do enredo em uma certa situação favorecendo o assassino, deixando uma parte da história extremamente forçada.
Estou apreciando muito o cinema oriental, geralmente dou no mínimo nota oito para esses filmes. No entanto, como esse não atingiu o mesmo nível dos melhores, "O Caçador" ficará um pouco abaixo da média pelos seus acertos e erros. Principalmente pelo motivo do conto de vingança não ter sido extremamente satisfatório.
10 de outubro de 2022
Minha avaliação: 7,0/10
Parasita
4.5 3,6K Assista Agora"Parasita" surpreendeu o mundo! Além de vencer o Oscar de melhor filme estrangeiro, também conquistou o Oscar de melhor filme, sendo o primeiro longa-metragem estrangeiro da história a levar para casa o principal prêmio do evento. Me considero um cara anti-oscar, porque a academia coleciona diversas injustiças, tudo sem lógica e sem contexto em sua história. Como, por exemplo: o fraquíssimo, insosso e aborrecido "Shakespeare Apaixonado" ter derrotado "O Resgate do Soldado Ryan" em melhor filme. Na minha opinião, o maior 'roubo' de toda a história do Oscar.
O Oscar cada vez mais vai perdendo prestígio, audiência e principalmente credibilidade no mundo cinematográfico. Algo que não acontecia com frequência no século XX, mas acabou se intensificando muito no século XXI com diversos absurdos... Dito isso, em 2020 tivemos uma exceção e surpresa na premiação com a vitória de "Parasita", que, a meu ver, venceu merecidamente (apesar de considerar "Coringa" uma obra muito melhor). O cinema sul-coreano fazendo história graças a genialidade e talento de Bong Joon-ho.
O diretor e roteirista sempre teve essa obsessão em impor críticas sociais misturadas com sátiras e personagens caricatos, o que gerava obras ácidas e sagaz, sendo tecnicamente perfeitas e que deixavam sempre suas mensagens. Em "Parasita" Bong Joon-ho elevou o nível da crítica e com um roteiro brilhante por trás, desfila toda sua técnica visual em um filme cheio de camadas e com uma montagem fantástica.
"Parasita" foi brilhantemente dirigido por Bong Joon-ho, com um ritmo frenético, ângulos de câmera inspirados, um senso estético perfeccionista, com metáforas e críticas sociais que permeiam o sagaz e feroz enredo. A obra desafia a mente do telespectador a se questionar sobre situações do cotidiano, como um soco na mente, te causa desconforto e aqui se discute a tal meritocracia e as diferenças de classe. A burguesia é suja e o pobre que quer ser rico terá que se sujar também...
O roteiro é genial ao abordar o lado obscuro de todos, mas sem deixar de humanizar essa família (parasita), por assim dizer. Existem motivações para eles fazerem isso e a família rica não colabora muito, na verdade, eles são detestáveis, mesmo que inicialmente fossem ser "vítimas" de aproveitadores. O filme brinca e flerta com o drama, focando no emocional das figuras centrais, com uma pitada de comédia, sendo sempre em tons ácidos e sarcásticos. Além do suspense crescente e cada vez mais nervoso, chegando a um final chocante e avassalador!
Enfim, não acho "Parasita" o melhor filme asiático, nem mesmo é o melhor do Bong Joon-ho, mas fiquei extremamente feliz com às estatuetas do Oscar conquistadas. Um feito importante e um alerta para que o cinema hollywoodiano acorde e não fique estagnado no futuro. Atualmente o cinema oriental vem despejando muito mais filmes sensacionais, principalmente em relação à criatividade e ineditismo.
Maratona Bong Joon-ho
9 de outubro de 2022
Minha avaliação: 8,5/10
Okja
4.0 1,3K Assista AgoraEm um mundo cada vez mais caótico, onde os seres humanos sofrem com diversos males causados por eles mesmos, um desses problemas inclui a crise alimentícia que infelizmente tende a piorar cada vez mais com o passar dos anos. Neste cenário surge um filme chamado "Okja", que aborda um tema bastante sensível e forte. Inicia-se de forma leve e descontraída, porém, ao final de sua projeção, não deixa de surpreender o telespectador com um choque de realidade.
Bong Joon-ho foi muito inteligente e certeiro na sua crítica às grandes corporações alimentícias, expondo de forma muito crua e realista a ganância e indiferença humana com os animais. Mostrando com muita dureza e tristeza a maldade das pessoas nos matadouros que existem mundos afora, os bichos são tradados como lixos sem valor algum. Um assunto necessário sendo exposto para reflexão.
Gostei muito das ideias implementadas do Bong Joon-ho em sua obra, a princípio achei que fosse uma crítica aos consumidores de carne. Entretanto, o diretor com sabedoria atacou o coração do problema, os grandes empresários de ego inflado e seus métodos desumanos e irresponsáveis de gerar lucros. O grande trunfo desse filme foi em não se agarrar na militância para tentar agradar um certo tipo de público, uma crítica muito bem feita sem os moldes atuais que estão arruinando o cinema.
Além de acertar no tema abordado, Bong Joon-ho também foi certeiro no super elenco de grandes nomes, com personagens bastante caricatos propositalmente. É muito bom ver que o trabalho desse grande diretor tenha ganhado ares comerciais, assim seu talento visual e críticas ácidas vão sendo gradualmente conhecidos pelas massas. Além disso, o cineasta aproveita para dar umas aulinhas de cinema para a Hollywood estagnada.
O filme é um deleite visual, com uma fotografia perfeita aliada a natureza em abundância, com belas cores e uma estética de belíssimo bom gosto. Além dos porcos gigantes graficamente muito bem-feitos. Tudo isso em uma interação incrível e singela entre a personagem Mija e Okja, em um senso de proteção e irmandade pairando sobre eles.
Enfim, "Okja" não é um filme que pode “mudar o mundo”. Mas ele consegue, através de sua incrível verossimilhança e humanidade, colocar o espectador para pensar de uma forma muito profunda e tocante sobre as questões de recursos e formas de garantir a plena alimentação da população mundial, atual e futuramente. Uma obra feita para ser vista por todos às nações.
Maratona Bong Joon-ho
Assistido em 30 de setembro de 2022
Minha avaliação: 8,5/10
Expresso do Amanhã
3.5 1,3K Assista grátisBong Joon-ho chamou a atenção do mundo todo com suas obras voltadas a críticas certeiras em vários aspectos globais. Graças a isso conseguiu espaço em Hollywood, estreando no competitivo mercado com esse ótimo "Expresso do Amanhã", e que estreia senhoras e senhores! Filmão de ficção científica pós-apocalítica, que mostra a luta de classes sociais, com fortes críticas a desigualdade social e ao aquecimento global.
Ficção científica é um dos meus gêneros favoritos do cinema, e atualmente está muito difícil de surgir um filme desse gênero que seja muito acima da média. Filmes como "Gravidade", "Interestelar" e "Duna" estão cada vez mais raros, principalmente pela crise de criatividade nos roteiros que Hollywood vêm enfrentando. Para um Bong Joon-ho que não tinha experiência no gênero, o resultado é bem acima do esperado, e até de certo modo, surpreendente.
Particularmente gostei muito da personalidade do Bong Joon-ho em não ceder a cartilha fresca do cinema estadunidense, conduzindo o filme ao seu modo, sem deixar de lado suas origens e essência. A obra explora muito o lado brutal, animalesco e selvagem do ser humano quando se encontra em situações desfavoráveis, com o uso inteligente de metáforas para a reflexão do telespectador. O melhor de tudo, sem poupar o público da violência gerada pelo confronto de classes.
Filme com detalhes técnicos minuciosos, fotografia magnífica, cores fantásticas, figurinos e maquiagens excepcionais, tudo isso em locações e paisagens belíssimas. Os vagões individuais são espetaculares e abusam de design engenhoso, cada um dos vários ambientes (a sala de aula, discoteca, aquário, etc.), sucintamente destila uma cápsula isolada de nossa cultura.
No quesito atuação, meu destaque vai para Tilda Swinton, que ficou praticamente irreconhecível por conta de um processo de maquiagem e figurinos impressionantes! O telespectador provavelmente só a reconheceu quando a câmera se aproximava de suas feições. Além disso, vale citar a parceria de sucesso do Bong Joon-ho com o competente ator Song Kang-ho, e também um esforçado e carismático Chris Evans e um sempre cirúrgico Ed Harris.
A reunião da humanidade em um trem que tem como serventia a locomoção, se desenvolve em uma trama bem interessante, além da variedade de etnias que se encontram no mesmo local. A acidez do roteiro é extremamente conquistadora, que desdenha ao explorar o sistema político que se deteriora em opressão ao priorizar a sobrevivência sobre o progresso. É uma crítica deliciosa e inteligente, os diálogos são repletos de trocadilhos e subtextos, em uma obra poética, engraçada, repugnante e revoltante.
Acredito que faltou diluição nos minutos finais, o que não diminui em nada o primoroso espetáculo. Não é uma tarefa fácil criar um filme que estabelece um respeitoso equilíbrio fluente entre aventura e discurso político.
Maratona Bong Joon-ho
Assistido em 26 de setembro de 2022
Minha avaliação: 9,0/10
Mother - A Busca Pela Verdade
4.1 279"Mother: A Busca Pela Verdade" é mais um filme policial investigativo do ótimo diretor Bong Joon-ho, lembra bastante "Memórias de um Assassino" devido a muitas semelhanças na narrativa, porém, melhor executado e dirigido. A história de "Mother" me prendeu mais, pois, aparentava se tratar de algo simples, mas ocorrem situações tão bizarras e infames, que elevam o patamar da história para algo poderoso e totalmente original, criativo e inesperado.
Muito perspicaz e atrativo a forma que Bong Joon-ho conduz sua história, passeando novamente em muitos gêneros e subgêneros cinematográficos, tudo isso sem perder a mão, em um roteiro redondinho recheado de surpresas. O enredo desse filme é muito interessante, intrigante e surpreendente, que deixa o telespectador com a pulga atrás da orelha, em um mistério que se mantém intacto em boa parte do filme.
Parte técnica impecável como sempre, em cenários de muito bom gosto estético, com uma fotografia escura e depressiva, que combina perfeitamente com a chuva constante na cidade, criando um clima opressor e sufocante. O visual do filme remete muito o que o cinema asiático quer mostrar para o espectador, sempre com aquele clima sombrio de desesperança, insegurança, desespero, maldade, etc.
Kim Hye Ja é uma atriz excepcional, roteiro totalmente focado em seu personagem e conseguiu dar conta do recado. Apesar da idade, fiquei chocado com a sua pouca experiência no cinema, deveria e merecia ter mais reconhecimento em seu país. Aqui ela carrega o filme nas costas, com expressões e atuação maravilhosa, baita personagem interpretado.
A grande revelação de que seu próprio filho é o assassino não chega a surpreender tanto, porém, os rumos que a história tomou a partir desse acontecimento, faz do filme ser especial e muito acima da média. A obsessão da mãe em proteger o seu filho a todo custo, mesmo que para isso tenha que matar um inocente... Final brilhante e totalmente apoteótico.
Enfim, "Mother: A Busca Pela Verdade" é apenas mais um entre tantos outros do cinema asiático, que priorizam um bom roteiro e qualidade. Hollywood, nestes quesitos (principalmente pelos lançamentos atuais), tem muito que aprender com os diretores e roteiristas do outro lado do mundo. Especialmente dos da Coreia do Sul, esses Coreanos são fodas!
Maratona Bong Joon-ho
Assistido em 24 de setembro de 2022
Minha avaliação: 8,5/10
O Hospedeiro
3.6 550 Assista AgoraUm filme diferente de toda a filmografia do Bong Joon-ho, onde o diretor decidiu sair de sua zona de conforto, mas sem deixar suas principais características e virtudes de lado. O filme aborda o implacável preconceito e discriminação que uma família humilde sofre do seu governo, além do descaso e irresponsabilidade ambiental das grandes empresas que não tem noção de seus atos. A cena inicial é bastante revoltante!
Esse longa-metragem traz a tona problemas socioeconômicos e políticos, sendo uma crítica pertinente às grandes potências e ao governo local submisso, que não se importam com o meio-ambiente e o aumento da poluição global. Tudo isso muito bem dirigido pelo Bong Joon-ho, sem deixar de lado o bom entretenimento de qualidade e sublime, com personagens divertidos e envolvidos em um bom drama familiar.
Diferente dos filmes Hollywoodianos sobre monstros, a trama dessa obra é mais focada na família que protagoniza a obra, conhecemos com calma cada personagem, suas características e peculiaridades. Entretanto, o monstrengo não demora muito a dar às caras, assim, Bong Joon-ho conseguiu estabelecer um bom equilíbrio em sua obra.
A criatura (ou monstro) é uma espécie de peixe anfíbio gigante, que sofreu mutação devido a uma substância líquida tóxica descartada incorretamente, parando direto no rio da cidade. O filme mostra como uma simples ação de um único ser humano pode desencadear uma grande tragédia, levando um grande caos a uma população que já sofre com condições precárias.
"O Hospedeiro" transcende qualquer tentativa de rotulação, é uma mistura de gêneros cinematográficos bastante interessante, com enquadramentos de primeiríssima qualidade e parte técnica super apurada. Gostei muito das cenas finais bem produzidas, frenéticas e satisfatórias. É o cinema sul-coreano acertando a mão até mesmo fora das suas produções habituais.
Maratona Bong Joon-ho
Assistido em 21 de setembro de 2022
Minha avaliação: 7,5/10
Memórias de um Assassino
4.2 366 Assista AgoraBong Joon-ho tornou-se o mais novo estrangeiro queridinho de Hollywood após vencer o Oscar de melhor diretor e filme por "Parasita (2019)". Apesar de não o considerar o melhor filme sul-coreano, acredito que venceu o Oscar merecidamente, principalmente se compararmos Parasita a muitas bombas que ganharam o Oscar com tons de fajuto. Já estava na hora de dar atenção a este cineasta devido a seu trabalho competente em Parasita, merecendo de minha parte uma maratona de sua filmografia.
"Memórias de um Assassino" é o primeiro trabalho de destaque que deu grande fama a Bong Joon-ho, que se caracteriza por trazer fortes críticas sociais em seus filmes. Seu longa trata-se de uma história real de crimes ocorridos entre 1986 a 1991, numa pequena província no interior da Coreia do Sul, que ficou marcada por ser o primeiro caso de serial killer no país.
Infelizmente não achei essa obra-prima toda que muitos fãs do Bong Joon-ho o consideram, apenas gostei do filme em partes. Embora tenha um roteiro interessante, acredito que faltou mais dinâmica na narrativa, a primeira hora é bem cansativa e achei boa parte dos desdobramentos das investigações desinteressantes. Com isso, o filme demora muito a engrenar, ficando bom somente em seus instantes finais...
O filme cria uma grande tensão e desenvolve um mistério instigante em sua parte final, porém, não chega a lugar algum em um desfecho aberto, onde o assassino não é descoberto.
A construção dos personagens meio abobalhados e atrapalhados quebra o clímax de um filme investigativo, que era para ser cem por cento sério. Por outro lado, a direção do Bong Joon-ho é certeira ao retratar a desigualdade social de seu próprio país, onde os detetives trabalham em condições totalmente precárias. Sem sombra de dúvidas, esse seu estilo de direção é o que garantiu seu emprego na competitiva Hollywood.
Enfim, eu poderia ficar aqui questionando o final do filme, porém, por se tratar de uma história real, terei que aceitar às coisas como elas realmente são. Bong Joon-ho tratou da história com muita fidelidade em relação ao caso real, e graças a isso o filme merece tal reconhecimento. Mas ainda assim, esperava bem mais... principalmente por muitos acharem esse filme melhor até mesmo que "Parasita", fato que discordo totalmente.
Maratona Bong Joon-ho
Assistido em 20 de setembro de 2022
Minha avaliação: 6,5/10
Eu Vi o Diabo
4.1 1,1KÉ incrível a capacidade e competência do cinema sul-coreano de produzir grandes filmes de qualidade sobre o tema “Vingança”. “Eu Vi o Diabo” é doentio, perturbador, repugnante, forte, pesado, visceral e cheio de momentos com muito GORE. Sendo completamente diferente dos filmes hollywoodianos com o mesmo tema, onde na sua grande maioria apresenta roteiros e histórias clichês, batidas e sem inspiração.
Essa é a obra-prima máxima do diretor Kim Jee Woon, o cineasta juntou tudo que há de pior em um ser humano e potencializou isso em um único personagem. Choi Min Shik interpreta um dos melhores vilões da história do cinema, sua maldade, sadismo e demência extrapolam todos os limites! Fazendo que o telespectador torça para que ele se foda da pior forma possível.
Kim Jee Woon não quis nem saber de moderação, meteu violência explicita sem dó nem piedade, com o mais puro suco da vingança desenfreada, em uma trama macabra regada a muito ódio! Infelizmente são poucos estúdios e diretores com a coragem de ousar e ser feliz, neste caso deu muito certo! Um estudo perfeito e realista sobre a mente de um serial killer que sente prazer em matar.
Praticamente tudo neste filme é perfeito, a direção de Kim Jee Woon é incontestável, se mostrando um diretor que domina o tema retratado. O roteiro é bem estruturado e cuidadoso, que dá o máximo de atenção e desenvolvimento possível aos personagens protagonistas. Lee Byung-hun e Min-sik Choi dão um show de interpretação em seus respectivos papéis, a cada momento em que se encontram o filme ganha em emoção, angústia e tensão, acompanhados de diálogos impactantes e sensacionais!
“Eu Vi o Diabo” é um filme que traz reflexões sobre justiça com às próprias mãos e suas consequências, o desfecho é extremamente cru e melancólico, onde não há vencedores. Uma obra necessária que faz o telespectador se questionar se realmente a vingança pode ajudar a diminuir a dor e sofrimento da perda de alguém sem motivo plausível.
Enfim, em minha opinião, uma obra única, que não poupa em chocar o telespectador com a tamanha crueldade em sua projeção. E isso é a mais pura realidade da humanidade, o mundo está repleto de Kyung-chuls dando sopa por aí... Esse filme merece ser mais visto e apreciado, mas uma vez, o cinema asiático surpreende e prova que vai muito além de "Oldboy" e "Parasita".
18 de setembro de 2022
Minha avaliação: 9,5/10
O Gosto da Vingança
3.9 188O cineasta Kim Jee Woon é responsável pelo excelente "Eu Vi o Diabo", que em minha visão é o melhor filme sobre vingança já produzido, e também, por enquanto, o melhor longa-metragem da história do cinema asiático. Fiquei instigado a acompanhar mais seus trabalhos e peguei esse "O Gosto da Vingança" para assistir, gostei do filme apesar de não chegar nem aos pés de sua maior obra-prima.
Não achei o roteiro grandes coisas, por ser simplório demais e um pouco abaixo do que se espera de um filme sul-coreano. No entanto, se sobressai na direção do mestre Kim Jee Woon, ele tem uma intimidade com a câmera e ousa em algumas cenas com ângulos inusitados. Outro detalhe interessante é no belíssimo contraste do sangue com fundo branco, quase sempre constantes no filme, que se destacam junto a fotografia e edição impecáveis.
Às cenas de ação são muito boas, com lutas empolgantes, eletrizantes e realistas, parecendo que nem utilizaram dublês, além de quebrar o clichê do gênero, de balas infinitas que não acertam o protagonista nem fudendo. Lee Byung-Hun novamente está ótimo no protagonismo, em mais uma parceria certeira e lendária ao lado do competente diretor Kim Jee Woon.
Acredito que o enredo tem umas falhas bizarras e bem evidentes, principalmente nas cenas de ação finais, que o faz ser uma obra menor da ascensão do cinema asiático, mas ainda assim, bom em seu propósito. Concluindo-se com um desfecho poético e sanguinolento.
"O Gosto da Vingança" é mais um exemplar clássico da boa e velha vingança que o cinema da Coreia do Sul não cansa de produzir com maestria, sempre tratando o assunto com muita seriedade. Um filme estiloso, com personagens infames, protagonista frio e de poucas palavras, e com um completo clima hostil e caótico durante toda a sessão.
Assistido em 16 de setembro de 2022
Minha avaliação: 7,5/10
Assassino Profissional
3.8 91Surpreendi-me com o filme antecessor do Jeong-beom Lee e resolvi acompanhar mais um de seus trabalhos. O cineasta tem poucos filmes no currículo, mas com sabedoria soube priorizar mais a qualidade do que quantidade, esse é um dos primeiros passos para se tornar um grande diretor no futuro. Em seu terceiro filme conseguiu um orçamento mais alto para realizar um longa ainda mais extremo que "O Homem de Lugar Nenhum".
O protagonista, além de ter passado por um trauma de infância, precisa lidar com os sentimentos de remorso e culpa, pelo erro fatal que cometeu em seu último serviço a mando da máfia que o criou. Neste contexto, ele resolve arriscar tudo em busca de redenção, em mais uma história com um excelente peso emocional.
O filme em sua primeira hora tem um ritmo cadenciado para a construção dos personagens e desenvolvimento da trama, essa parte não chega a ser chata, já que o filme te prende do início ao fim. Na segunda hora o pau come de vez para todos os lados! Com às características marcantes do cinema sul-coreano, muita loucura, insanidade, demência, maldade, etc. Às cenas de tiroteios e lutas são um deleite visual, sendo extremamente satisfatórios, e como sempre não poupando no sangue e violência.
Embora não supere seu melhor e maior clássico, Jeong-beom Lee novamente acerta a mão em mais uma boa história aliada a uma ação impactante, ágil, frenética e sem piedade, não possuindo a emoção do seu filme anterior, mas ainda assim bom! Destaque para os cenários, fotografia e a beleza asiática da atriz protagonista Kim Min Hee.
Enfim, esse é mais um dos grandes destaques de obras do cinema sul-coreano que merece ser mais popular no Brasil do que é atualmente. Um filme de ação muito bom que passa longe de ser clichê, como muitos dos filmes estadunidenses.
Assistido em 8 de setembro de 2022
Minha avaliação: 8,0/10
O Homem de Lugar Nenhum
4.1 238 Assista AgoraMais uma obra sagaz, visceral e potente do cinema sul-coreano, país que não cansa de me surpreender com suas obras maravilhosas e magníficas. O grande diferencial da Coreia do Sul é elaborar e trabalhar bem filmes que tenham equilibro em todos os quesitos cinematográficos: roteiro, personagens, atuações, edição, entretenimento, etc. Tudo isso aliado a narrativas extremamente maduras, corajosas e sem frescura em relação à violência.
"O Homem de Lugar Nenhum" não é apenas um simples filme de ação, ele explora muito bem o mundo hostil das drogas, tráfico de órgãos, escravidão infantil e guerras de gangues/facções; temas que são muito relevantes para os dias de hoje. A cereja do bolo dessa obra é aliar a boa ação com uma carga dramática pesada e emocionante, com atuações convincentes e muita química entre os protagonistas.
A narrativa nos apresenta com calma todo esse mundo cruel, maldoso e repleto de desordem, com um clima totalmente negativo e triste. O protagonista é um homem solitário, frio, caladão e misterioso, seu único contato é uma garotinha que encanta com sua pureza em meio ao caos que se encontram.
A ação não fica de lado, temos uma sequência frenética de lutas ultraviolentas regadas a banho de sangue e muita agilidade, muito bem coreografadas em um jogo de câmera magistral. A boa e velha vingança fazendo jus a sua fama, sendo extremamente letal e fatal em seu ato final. Destaque para a atriz mirim responsável pelas cenas finais absurdamente emocionantes.
Enfim, o considero um filmaço! Obscuro, brutal e humano ao mesmo tempo, fazendo ótimo uso de planos prolongados que visam expor um sentimento preso na alma do protagonista. O cinema asiático precisa urgentemente ser mais apreciado e conhecido por todo o tipo de cinéfilo. Filme imperdível!
Assistido em 7 de setembro de 2022
Minha avaliação: 9,0/10
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraOptei por assistir à versão estendida desse filme (170 mim ou 2h e 50 min), sinceramente a versão de cinema já é considerada uma longa duração para um conto de terror psicológico. É inegável que Ari Aster foi bem pretensioso, sendo ambicioso até demais com esse seu segundo trabalho, não poupando tempo em tela e não tendo medo de errar. Como o esperado, essa versão do diretor exige muita paciência do espectador, pois a construção da narrativa é bem lenta e demorada, levando mais de uma hora para um evento bombástico!
O ser humano consegue ser bastante influenciável se estiver em uma situação psicologicamente vulnerável, seja por qual o motivo: um trauma, a ausência familiar ou até mesmo a falta de comunicação numa relação amorosa. Ari Aster utiliza-se de todos esses fatores para ilustrar uma trama que envolve inúmeras referências, críticas e paralelos com males que nossa sociedade propaga. Do extremismo religioso, a hipocrisia moral que tomou conta de muitos nos últimos tempos para cá.
Midsommar torna-se uma viagem, que leva a uma reflexão profunda sobre nossos costumes e a falta de expressão e empatia para reprimir sentimentos de ódio, maldade ou pura omissão diante do mal (seja ele sob qualquer forma). Ari Aster se aproveita da forte carga emocional para dar força a uma obra que expressa significados e metáforas praticamente em cada um de seus planos, a riqueza de detalhes é tamanha que é necessária uma atenção redobrada para tentar captar tantas mensagens...
Florence Pugh, é a protagonista e carrega o filme nas costas, me impressionou pela expressividade e a forma como representa as dores e aflições de seu coração e mente. Já o resto do elenco, na minha visão, pouco se destaca e não chegam a ficar acima da média (algo que não aconteceu em "Hereditário"). O longa mesmo é todo da Florence, que realmente foi a única a se destacar durante todo o filme, uma atriz que se continuar assim vai muito longe!
Dessa vez o roteiro do Ari Aster me incomodou em alguns aspectos, primeiramente por sermos obrigados a engolir a passividade dos principais personagens após o evento do penhasco, segundamente por ele ser em boa parte previsível e revelar detalhes da trama em forma de arte. Com isso, o mistério e suspense ficaram bem rasos em boa parte da narrativa.
Tecnicamente o filme é muito bom! A direção de arte e o design de produção acertam na criação do ambiente aberto. Vale destacar a concepção estilizada e assustadora das casas de madeiras em meio a vegetação em volta do lugar, e os figurinos bastante claros, sempre rodeados por flores coloridas, representando um tipo de "pureza". A fotografia é composta por imagens belíssimas, escancarando ainda mais as cores dos ambientes, essa maneira mais clara de expor as situações ajuda o filme a apresentar alguns efeitos de maquiagem bastante realistas e chocantes.
Enfim, "Midsommar" é um longa que divide opiniões, acerta por ser bem impactante e reflexivo, até consegue surpreender com suas cenas finais bem macabras e bizarras, mas peca pelo ritmo irregular e roteiro com algumas inconsistências. Poderia ter sido um pouco mais dinâmico. O considero assistível e bonzinho, não é uma obra-prima como muitos acham, mas também não é desprezível como muitos o julgam.
Assistido em 1 de setembro de 2022
Minha avaliação: 6,5/10
Hereditário
3.8 3,0K Assista Agora"Hereditário" consegue se utilizar do terror psicológico muito bem, mesclando o suspense e drama alinhado a uma ótima técnica e bom roteiro, feito pouco usual para filmes de terror ultimamente (outro que tem tal requisito é "A Bruxa"). Esta obra do novato Ari Aster tem algo a mais, ele consegue se apropriar do termo 'terror' com maior amplitude, pois o mesmo, dá medo e assusta, de uma maneira mais autoral, dispensando os elementos datados, ou convencionais de seu gênero.
Seu terror apresentado não desce o nível, se utilizando da tensão com constantes traumas que vão abalando o telespectador psicologicamente, o amaciando, como um cozinheiro batendo um bife. Apesar da duração um tanto pretensiosa, o ritmo do filme é razoavelmente bom, pois não demora muito para às coisas ficarem estranhas e medonhas. Gradualmente o filme vai deixando o espectador com uma sensação desagradável de sufocamento e desconforto, com uma trama extremamente inteligente, bem desenvolvida e eficaz na sua proposta.
Ari Aster em seu primeiro trabalho já se mostra bem acima da média, com uma técnica usual de clássicos filmes de terror, com câmeras invertidas e planos médios constantes. "Hereditário" é envolvente, inquietante, surpreendente, perturbador e imprevisível (com direito a plot twist dos brabos). Sua técnica causa angústia e exprime exatamente os sentimentos que se espera em um filme de terror: nojo, tensão e medo, com seus enquadramentos grosseiros e sua trilha arrojada.
A fotografia é perfeita, as luzes, sombras e escuridão são muito bem utilizadas, deixando os detalhes soltos, mas que vamos entendendo seu significado em cada ato. Trilha sonora também merece destaque, é impecável, quando presente é certeira e quando ausente, o silêncio é necessário.
A protagonista é maravilhosa e dá um show de atuação, Toni Collette mergulha de cabeça na personagem, os melhores diálogos são dela, isso sem falar nas expressões extraordinárias que a atriz faz com o rosto e o corpo. Um trabalho digno de ser premiado. Milly Shapiro cumpre seu papel com uma personagem instigante e misteriosa, a atriz por si só já é assustadora, combina muito bem com terror. Alex Wolff surpreende, entregando uma excelente atuação, surpreendendo com suas expressões e emoções.
Enfim, o trabalho do Ari Aster surpreende e acerta na inovação, criatividade e imprevisibilidade, algo que está cada vez mais difícil de se ver nos filmes de terror. Sua obra é muito bem bolada, onde cada detalhe importante vai revelando uma nova descoberta sobre o impressionante e perturbador final. Um início de carreira promissor, onde dá para contar nos dedos os cineastas que conseguem tal feito.
Assistido em 31 de agosto de 2022
Minha avaliação: 8,0/10
Samaritano
2.8 221 Assista AgoraCresci assistindo aos filmes do Sylvester Stallone pela TV aberta no saudoso SBT dos anos 2000, principalmente seus filmes de ação dos anos 90. Sou um fãnzaço do tio Syl, o cara é responsável pela imortalização de dois grandes personagens na história do cinema (Rocky e Rambo). Vale destacar também a sua incrível história de vida.
No Oscar de 2016 aconteceu um dos maiores crimes da história da academia, tio Syl perder o Oscar de melhor ator coadjuvante para um ator que ninguém conhece, uma grande falta de bom senso e um tremendo desrespeito por parte dos jurados. Muitos dizem que chegou a ter até roubo nessa escolha, de fato, uma decisão no mínimo muito polêmica, que quebra ainda mais a credibilidade baixíssima do Oscar atualmente.
Esse "Samaritano" é uma das grandes surpresas do ano, nunca imaginei ver o tio Syl envolvido em um projeto de Super-Herói. O destaque do filme vai para o roteiro que consegue surpreender com um plot twist bem interessante, uma boa sacada e um diferencial para o gênero que se caracteriza pela previsibilidade. Os idealizadores souberam criar um arco inteligente para o personagem do velho Stallone, assim às cenas de ação não ficaram inverossímeis.
O cenário urbano pinchado e tomados por gangues de baderneiros faz lembrar muitos filmes clássicos dos anos 80. Uma pena que decidiram desenvolver esse filme com a violência bem-moderada, Sylvester Stallone não combina com filmes estilo Sessão da Tarde, muito menos ator para agradar às massas.
Enfim, "Samaritano" é um bom filme para passatempo, e até consegue prender a atenção dentro do possível. Não possui uma qualidade técnica primorosa, mas também não dava para se esperar muito de um projeto desenvolvido direto para streaming. No mais, foi bom ver o tio Syl ainda com disposição para filmes de ação.
Assistido no Prime Video em 29 de agosto de 2022
Minha avaliação: 7,0/10
O Homem do Norte
3.7 949 Assista AgoraRobert Eggers é um cineasta com um grande potencial e futuro na sua carreira promissora, soube lidar muito bem com a falta de experiência em seus dois primeiros filmes, compensando isso com ideias mirabolantes e inovadoras. Mas aqui infelizmente parece que esse projeto foi dirigido por um diretor amador, pois, justamente onde Eggers precisava ser mais corajoso, ousado e ambicioso, acabou não sendo...
Obviamente o diretor não queria que seu novo filme tivesse uma pegada comercial, deixando às batalhas de lado, apostando mais nos diálogos e desenvolvimento de personagens. Mas isso acabou ficando exagerado, o filme tem pouquíssimas batalhas e às poucas que têm são totalmente no escuro, me pareceu uma tentativa de diminuir a intensidade da violência, para ficar mais acessível às massas. Isso tudo acabou deixando a narrativa completamente desequilibrada.
Eggers provavelmente queria um filme mais épico do que comercial, mas na minha opinião não conseguiu nem um, nem outro... Infelizmente não é um bom atrativo como entretenimento, mas também passa longe de ser épico, com suas batalhas curtas demais, especialmente o confronto final preguiçoso e absurdamente decepcionante. Neste caso, a falta de experiência afetou negativamente esta obra, principalmente na edição e tomadas de decisões do Eggers, que muitas, a meu ver, foram equivocadas.
O roteiro é falho em alguns aspectos, como nas facilitações exageradas para o protagonista conseguir eliminar seus inimigos com mais rapidez, e em vários momentos sem esforço. Estranhei às partes místicas e sobrenaturais do filme, acredito que foram usadas de maneira exagerada, e como mencionado antes, servindo de facilitações para o desenvolvimento da história.
Única coisa que me surpreendeu em "O Homem do Norte" foi o arco da personagem Nicole Kidman, onde a mesma não ficou ao lado do filho como se esperava. Acabou sendo morta pelo próprio filho, já que o protagonista não teve outra escolha... Único momento em que Eggers conseguiu fugir da previsibilidade.
"O Homem do Norte" é o único trabalho do Eggers que não me agradou muito, na minha visão faltou emoção e não me empolgou em praticamente momento algum. Das histórias medievais prefiro a versão estendida de "Tróia", do recentemente falecido e competente Wolfgang Petersen. Um filme muito mais equilibrado entre diálogos e batalhas sanguinolentas.
Enfim, esse "O Homem do Norte" é infelizmente uma obra facilmente esquecível, regular com boa vontade...
Maratona Robert Eggers
Assistido em 28 de agosto de 2022
Minha avaliação: 5,5/10
O Farol
3.8 1,6K Assista Agora"O Farol", segundo filme da carreira do cineasta Robert Eggers, novamente apostando em características do seu primeiro longa "A Bruxa". Só que dessa vez sem os elementos de horror vistos em seu primeiro filme, sendo totalmente focado em um mistério intrincado, com relação à mitologia grega. De fato, não é um filme de terror, e sim um drama psicológico recheado de demências, loucuras e bizarrices impagáveis.
O filme é muito ambicioso e pretensioso, com uma fotografia preto-e-branco e formato 4:3, características que estão praticamente extintas no cinema. Com esses aspectos, Eggers imerge o espectador na sensação de sufocamento que a ambientação do filme causa, o local por si só já é amedrontador, e o jogo de câmera do cineasta é diferenciado. Todo esse clímax desfavorável para os personagens fica ainda pior por ambos serem doidos varridos 😂🤣.
Esta obra exige até demais do espectador, têm uma pegada muito David Lynch imprimida neste filme. "O Farol" não é nada fácil de se decifrar, seu roteiro e narrativa são 100% interpretativos, você é que decide o desfecho da história. Apesar de já ter um pouco de experiência com filmes complexos, fiquei muito perdido com o que vi, parece que absolutamente nada faz sentido, a menos que...
Ephraim Winslow e Thomas Wake sejam a mesma pessoa, isso mesmo! Fiquei remoendo muito essa ideia, e ao ligar os fatos é o que mais faz sentido para mim.
Parece que Eggers é obcecado em querer ser cult, inclusive isso se reflete no ritmo de seu filme, que assim como "A Bruxa", não achei muito bom. Entretanto, funciona bem demais! Graças a dois perfeitos protagonistas, que entregam tudo de si para realizarem atuações genialmente macabras, filme exigiu demais de ambos e corresponderam! Robert Pattinson e Willem Dafoe brindam e abraçam a loucura como ninguém! Com uma química entre personagens irretocáveis.
Enfim, "O Farol" é uma alegoria sobre distúrbios da mente humana, do que ela é capaz, sobre efeitos de solidão e pressões que o sentimento de culpa causa ao indivíduo, desejos proibidos, etc. Uma odisseia impressionante e interessante no subconsciente humano. Um prato cheio para estudantes de psicologia, ou para quem exerce a profissão, têm grandes chances de amarem este filme.
Eggers têm grande capacidade de ser criativo e diferenciado, e vai conquistando seu espaço merecidamente em Hollywood. É um grande queridinho da crítica especializada, e aos poucos também vai conquistando a admiração do público geral. Consegue ao menos prender a atenção do espectador com suas obras, vejo mais qualidades do que defeitos em seus trabalhos.
Maratona Robert Eggers
Assistido em 27 de agosto de 2022
Minha avaliação: 7,0/10
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraApós se passar mais de dez anos que não acompanho filmes de terror, decidir voltar a dar uma chance ao gênero, já que o mesmo não me surpreende mais igual quando eu era criança/adolescente. Larguei o terror porque simplesmente o gênero anda cada vez mais saturado, escolhi este filme por ter potencial de apresentar algo inovador e diferente para o gênero. Fica até difícil fazer um comentário bacana sobre este filme, já que estou muito por fora do universo do terror e de suas novidades.
"A Bruxa" é o filme de estreia da carreira do jovem Robert Eggers, o diretor decidiu apostar em características diferentes e desenvolvimento de história que vai à contramão dos filmes de terror convencionais. A obra têm uma pegada bastante cult, com muitos simbolismos, metáforas e mensagens subliminares, é um dos poucos filmes do gênero que exigem o espectador pensar.
Não gostei muito do ritmo, achei um pouco vagaroso. Entretanto, "A Bruxa" cativa por sua beleza estética, suas atuações convincentes, seu clima mórbido e agoniante, sua fotografia inóspita, envelhecida e estonteante, e por uma tensão crescente. Souberam criar uma atmosfera inquietante e misteriosa, tornando o espectador tão impotente quanto os personagens sobre o que pode acontecer em uma floresta escura, abandonada e afastada.
Abordando o tema do sobrenatural, Robert Eggers constrói um bom terror psicológico e caótico. Um filme extremamente cru e realista, onde a religião ganha vida pela personificação do mau que se reflete em nossas escolhas e quem realmente somos. De modo geral não acho um filme grandioso e extraordinário na visão da crítica especializada, mas de fato, "A Bruxa" é uma obra importante para um gênero defasado, que ultimamente vêm apresentando mais do mesmo.
Obs.: Se eu fosse irmão da Anya Taylor-Joy, também cometeria o pecado do incesto 😂🤣
Maratona Robert Eggers
Assistido no Prime Video em 26 de agosto de 2022
Minha avaliação: 7,0/10
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraApesar de estar com uma penca de filmes pendentes para assistir, tive que deixá-los de lado e rever "Top Gun: Maverick". Precisava tirar a dúvida do que vi no cinema, se simplesmente não me deixei levar pela emoção do hype, e a resposta é absolutamente não! Mantenho minha avaliação máxima e digo mais... subiu muito no meu conceito, se tornando um dos principais filmes que mais gosto de rever. Essa obra é tão extraordinária e fantástica, tanto em uma telona de cinema, quanto em uma simples televisão de quarenta polegadas, ou até mesmo em um monitor de computador.
Um grande fenômeno nas bilheterias mundiais e principalmente na doméstica, superando os números locais de "Titanic" e também três dos quatro filmes dos "Vingadores", ou seja, batendo de frente com o filme mais popular da história e das maiores febres do século XXI. Sem falar nas concorrências diretas com o novo filme do "Doutor Estranho" e do novo "Jurassic World", mas mesmo assim, "Top Gun: Maverick" surpreendeu o mundo, quebrando a hegemonia da Marvel nos cinemas e se firmando até então... como a maior bilheteria global de seu ano.
Não é tão difícil explicar o sucesso estrondoso desse filme, a começar pela nostalgia magistralmente bem trabalhada. Na poltrona de cinema a sensação é de uma incrível e alucinante viagem no tempo, com uma maravilhosa volta aos anos 80, tudo muito imersivo e perfeitamente executado. O grande diferencial dessa obra foi a junção de elementos do bom e velho cinema do século passado, com os recursos modernos e tecnologia da atualidade, ou seja, unindo o útil ao agradável. O filme possui muitos detalhes aparentemente simples e banais, mas que ao final da projeção fazem toda a diferença.
Filme feito para agradar a todos os gostos e tipos de público, começando pelos amantes de ação, para se deliciarem com às impressionantes cenas aéreas de muita qualidade, realismo e bom gosto visual. O roteiro, apesar de simples, proporciona uma ótima carga dramática, com o peso emocional da história cuidadosamente bem desenvolvido entre os personagens principais, ainda sobra espaço para um melodrama romântico. Esse é o segredo desse novo Top Gun, simples e sem inovação, mas ainda assim grandioso e muito completo em relação e gêneros cinematográficos.
Tom Cruise ainda no auge nos seus já 60 anos... provando ainda estar em forma e com muita disposição e lenha para queimar. O considero o Cristiano Ronaldo dos cinemas, não está exatamente entre os melhores atores da história, mas o seu empenho e dedicação faz a diferença entre os maiores e melhores serem encurtadas. Achei muito bonito da parte dele não ter esquecido do amigo Val Kilmer, fazendo questão que o mesmo participasse do filme. A história de amizade entre Maverick e Iceman é uma das mais lindas já retratadas no cinema.
"Top Gun: Maverick" entrou na seleta lista do cinema como um dos melhores filmes já realizados da história cinematográfica, no Rotten Tomatoes possuiu aprovação de crítica de 96% e de público 99%. Já no IMDB possui nota de 8,4/10 e atualmente ocupa a posição de n.º 56, figurando com folga na lista de 250 melhores filmes da história segundo o site IMDB.
Este grande filme não é somente um simples exemplar de ação aérea, "Top Gun: Maverick" vai além e entrega muito mais que isso. É um filme sobre conflitos interpessoais, traumas, amizade, coragem, determinação e amor a profissão. Daqui a 30, 40, 50 anos... têm grandes chances de se tornar o maior clássico do século XXI. Uma obra magnífica, eletrizante, emocionante, empolgante, memorável e inesquecível!
Assistido no cinema em 31 de maio de 2022
Revisto em 25 de agosto de 2022
Minha avaliação: 10/10
365 Dias: Finais
1.3 85 Assista AgoraJá pode ganhar o prêmio de pior trilogia da história cinematográfica? Ou ainda têm que esperar mais?
21 de agosto de 2022
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraAchei esse filme por acaso e acabou despertando minha atenção. Decidi assistir para sair um pouco da minha bolha de filmes de ação e ficção, e também para dar uma diversificada, explorando e conhecendo melhor o cinema da América-latina, já que nunca havia tido interesse em seus longas-metragens. Talvez isso mude a partir de agora, por esse filme ser sensacional, maravilhoso, indefectível e rigorosamente fudido!
Nunca havia assistido a um filme tão divertido, ágil, dinâmico, sagaz, envolvente, imersivo, e chocantemente cômico sobre o cotidiano igual a essa obra. Muitos filmes sobre esse tema têm aquela pegada de enredos insuportáveis das novelas da Globo, ou dos filmes do Woody Allen, que particularmente acho um pé no saco. Mas aqui em "Relatos Selvagens" tudo difere da mesmice sobre o tema.
Trata-se de um filme que mostra a realidade do cotidiano caótico e moderno, das consequências que às pessoas sofrem com seus erros e quando perdem às estribeiras. Além de mostrar do jeito mais realista possível como funciona os esquemas dos governos para roubarem dinheiro do povo de "forma legal", e de como às pessoas são facilmente corruptíveis.
Todas às seis histórias do filme, sem exceção, foram muito bem dirigidas e roteirizadas, que deixam o espectador com gostinho de quero mais. O filme passa num piscar de olhos, os diálogos são sensacionais, a crítica ao cotidiano e a barbárie do ser humano, quando o ser humano se desprende dos paradigmas da sociedade e se aproxima de um animal irracional. Uma reflexão profundamente comportamental sobre quem somos e o que podemos nos tornar.
Acredito que o filme seja uma forma de protesto contra o governo argentino, que nos últimos anos afundou o país na crise econômica, deixando os hermanos em uma situação delicada, beirando a realidade da Venezuela. Apesar de o filme ser argentino, o enredo também se encaixa perfeitamente com a realidade do Brasil, aliais os brasileiros que trabalham com cinema deveriam dar um pulinho no país vizinho e aprender um pouco como se faz sétima arte de qualidade.
Peca por não ser tão extremo como se vendeu, somente por isso e por muito pouco mesmo não ganhará minha avaliação máxima. Ainda assim, a obra nos presenteia com uma história melhor que a outra, o filme é genial, reflexivo, magnífico, certeiro, essencial e inesquecível. Altamente recomendável para todo tipo de cinéfilo.
Assistido em 8 de agosto de 2022
Minha avaliação: 9,5/10
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraO que me animou a conferir essa obra foi a escalação de atores asiáticos no filme, já que atualmente o continente asiático vem se destacando e crescendo muito na indústria cinematográfica. A China, por exemplo, já emplacou três filmes entre às 100 maiores bilheterias da história do cinema, algo que alguns anos atrás parecia improvável.
"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" é uma inusitada mistura de elementos de "Matrix", "Interestelar", "Lucy", "2001" e "Kung-Fusão". Apesar de pegar a ideia do novo filme do Doutor Estranho, este filme têm uma abordagem completamente diferente, e surpreende pelo ineditismo, inovação, criatividade, montagem e acontecimentos inimagináveis. Com altas doses de esquizofrenia, bizarrices e caos elevadas a enésima potência!
Este filme conseguiu a façanha de criar cenas mais absurdas e surreais do que muitos sonhos que tenho, não consigo contar a ninguém de tão malucos e inexplicáveis que são. Apesar de estar com uma avaliação muito favorável de crítica e público, o filme definitivamente não foi feito para todos, primeiramente têm que assisti-lo de mente aberta e ter uma certa experiência com filmes complexos.
Embora tenha um certo grau de complexidade, o filme não foi feito para se levar a sério, contém muitas cenas impagáveis e o andamento da história é completamente inacreditável! Nível de loucura e originalidade como nunca visto antes, em uma trama focada nos problemas familiares do famoso sonho americano. Com uma bonita mensagem sobre a procura do propósito da vida.
Pessoalmente gostei muito mais da primeira parte do filme, incrível, fantástica, memorável e frenética, quase beirando a excelente. Na segunda parte a obra perde um pouco de fôlego, tentando se sustentar com o mesmo de sempre e acabando ficando um pouco repetitiva. Por isso, a meu ver, não chega a merecer nota máxima. Ainda assim, é um grande filme que quebra a barreira do convencional e traz algo primordial para a renovação do cinema, um filme importante que será discutido por um bom tempo.
Para mim, "Top Gun: Maverick" segue disparadamente como o melhor filme do ano, mas esse não deixa de ser um bom concorrente à altura da disputa. O estúdio A24 vêm fazendo sucesso e cada vez mais se firmando na indústria cinematográfica, os outros concorrentes mais famosos que se cuidem. Principalmente a Warner que investe muito em filmes medíocres, enquanto isso às sequências de Mad Max seguem engavetadas por trocentos anos...
Assistido em 6 de agosto de 2022
Minha avaliação: 8,0/10
Lula - O Presidente
1.9 4Fiquei imaginando agora como seria a união de Lula com o Edir Macedo fazendo juntos palestras Internacionais, ambos são mestres especialistas na manipulação da mente humana e lavagem cerebral.
O mundo iria sofrer com um apocalipse de zumbis domesticados 😂🤣
6 de agosto de 2022
Nada a Perder 2: Não Se Pode Esconder a Verdade
1.7 63Acabei de ler a matéria do adolescente que foi estuprado e queimado vivo, e foi muito... mais muuuito pior do que imaginava, um crime bárbaro dos mais pesados da história do Brasil. Cometido por um pastor e dois bispos, que na época faziam parte da Igreja Universal.
A situação é mais agravante ainda porque o crime foi cometido dentro da própria Igreja Universal, de uma sede da Bahia. O motivo do crime é tão absurdo e revoltante que prefiro nem mencionar aqui. O crime aconteceu em 2001 e mesmo assim os bispos nem ao menos foram julgados, o Brasil não cansa de surpreender negativamente.
Depois disso o meu ranço com essa igreja será eterno! Os podridões que envolvem essa instituição são muito piores do que eu poderia imaginar...
5 de agosto de 2022