Nunca fui tão tapeado por avaliações do Filmow. Um rating 4,8 pra uma verdadeira contra-produção ou é muita coincidência ou a galera que amou isso tem um gosto comum bem peculiar. Uma grande aula do que não fazer com finais de personagens e de quebra uma season finale canastrona. Todos os personagens, com exceção de David e Brenda, regrediram ou receberam um final desconexo, incoerente, incompleto e sem a lição do que de fato importava. Fora os personagens secundários que sequer final tiveram.
Fica o alerta pra quem tá entediado lá na season 3 pensando se vale a pena continuar… Se a expectativa for no tom do final da season 2 e início da season 3 esquece. Mas se a expectativa for novelesca siga em frente.
transformar o personagem principal depois de toda uma lição de amor com Lisa em um vilão fdp e traidor e matá-lo no ápice do egoismo por pura necessidade de dar ponto alto emotivo à série; dar liberdade à Claire pra torrar sua herança em uma cidade grande sozinha sem ter aprendido nada sobre inteligência emocional e responsabilidade; Tornar a melhor personagem (Ruth) a mais insuportável e egoista gratuita com George e modificar isso duzentas vezes aleatoriamente e depois reforçar que ela nasceu pra ser triste e amargurada por tudo que sempre dá errado; Criar toda uma situação coerente de amor verdadeiro, trauma e bloqueio pós traição entre Vanessa e Rico e riscar isso do mapa pra ficar tudo resolvido com novos investimentos e dinheiro; por fim desperdiçar a chance de dar um fim de vida coerente a cada personagem com o que cada um aprendeu e faz aprender com sua história completa de vida a mostrar como cada um pateticamente fechou os olhos pela última vez. Créditos: envelhecimento bizarro de uns personagens e outros não. Nota: dó.
Filme pastelão de ação mas muuuito da ruim. Não tem um tom, não se decide o que quer ser, não tem compromisso com nada, sequer entrega violência gratuita coreografada com qualidade ou uma comédia pelo exagero. Inexplicável esse hype. Qualquer filme de ação de Bollywood é mais divertido ou empolgante do que isso.
Trama muito bem costurada, atuações gigantes e plot muito bom, bem sacado. Mas o diretor se autosabota por querer fazer o roteiro e filme ser muito maior do que de fato é. ou deveria ser. Peca pelo excesso e perdeu grande de chance de emplacar um clássico premiado.
Uma ótima ideia, com potencial pra gestar um filme tão bom ou tão profundo quanto um Interestellar, mas que entrega um produto pessimamente executado, com um único compromisso de ser um filme raso, de sessão da tarde, do início ao fim. Elenco excelente, mas o roteiro é tão preguiçoso em não desenvolver personagens e motivações que nem Marryl Streep ou di Caprio seriam capazes de entregar uma atuação convincente. Funciona pra quem
espera uma história de um herói que volta no tempo pra salvar vidas e se salvar apaixonado por uma desconhecida sem se questionar por quê e cientificamente como.
Avatar 2 não decepciona em nada a sua principal promessa e objetivo: a de ser uma experiência e um espetáculo visual feito especialmente pra uma sala de cinema 3D IMAX. Quem puder, não deixe de ir conferir, porque isso não funciona no sofá de casa e ainda não se vê em um parque de diversões ou outra franquia de filme até hoje.
Tecnicamente, Avatar mais uma vez dispensa apresentações e qualquer coisa que seja falada sobre sua técnica será redundante. A produção conseguiu evoluir ainda mais os detalhes e a ousadia na tecnologia a frente de seu tempo utilizada em cada cena. Deslumbre impecável, que pra mim garantem o selo 5 estrelas.
Mas existe um detalhe cobrado por quem espera mais do que visual: Avatar passar a ser vendido como uma longa franquia, como se tivesse história, pontas soltas, reviravoltas e roteiro suficiente pra sustentar 4 filmes de 3 horas de duração, e não tem. O enredo em Avatar 2 é ainda mais simplório e superficial, sem aprofundamento de personagens, sem reviravoltas ou criação de ganchos para mais 6 horas de história. Aliás, grande parte do tempo de Avatar 2 é tomado mesmo por cenas sem fala, feitas como presente pra quem pagou pra ir a um parque de diversões visual e só. A grandeza técnica dessa produção merecia um enredo mais atrativo e com maior profundidade e com isso facilmente se despontaria como um “Star Wars” de seu tempo. Infelizmente, Avatar 2 reforça a mensagem de que essa é uma franquia de exploração da capacidade da tecnologia no cinema e de apresentação de um banquete visual a um público sedento por pura diversão e nada mais. Para esse fim, Avatar segue sendo o maior de todos os tempos. Se Cameron dará uma guinada e enfim colocará tempero e enredo na história nos dois próximos filmes, pagaremos, com certeza, novamente pra ver.
Missão espinhosa a que deram a Baran Bo Odar: realizar, à sombra da obra-prima precursora, uma nova ficção tão instigante e puzzle quanto, mas que, agora, fosse também comercial. Em outras palavras: sacie a sede dos órfãos de Dark sem decepcioná-los e além disso seja atrativo e digerível a todos os demais públicos. Afinal, e$$e é o destination que mais interessa no fim das contas. Esse parece ter sido o mote arquitetônico de 1899 pra a Netflix.
Como esperado, o roteiro serve um banquete de mistério, suspense e enigmas a gosto do freguês. Esse não poderia ser um problema a quem já provou que domina bem essa arte e a repete muito bem novamente. O problema em 1899 é o excesso. O roteiro, viciado por esse afã de ser inteligente e vendável, busca a todo momento entregar mais enigmas do que a história precisa e respostas o mais rápido possível, apresentando a charada e imediatamente a solução, como quem diz ao espectador: ei, aqui está a maior resposta que você precisa, eu não vou te cozinhar, agora não desiste e fique comigo para mais recompensas rápidas e secundárias. Com isso, a série é mais rápida do que deveria ser e deixa de explorar melhor seus personagens e quebra-cabeças tomando atalhos e encurtando os caminhos.
A principal amostra disso já chega ao final do 3° episódio, onde a série entrega o que, pra mim, é o principal plot twist dessa season 1:
sim, sou uma série sci-fi, futurista, de prováveis (neuro)cientistas experimentando a mente humana ou se utilizando de pessoas em uma matrix a Big Brother para um projeto maior, aos moldes de Westworld, Ruptura, Matrix ou Incception. Agora, por ora, resta apenas saber quem é o criador/arquiteto das realidades e o que ele deseja de fato com isso…
Felizmente, o final entrega, no apagar das luzes, uma boa surpresa que abre os horizontes para o que virá, e isso mantém o enredo bastante promissor.
Se essa produção estivesse em uma plataforma de maior popularidade como Netflix ou Amazon, certamente estaria no centro da aclamação do mundo das séries como se tornou Lost ao trabalhar com um mistério instigante e pessoalizado como fio condutor de trama ou Black Mirror ao satirizar e jogar na real as mazelas do mundo tecnológico e moderno. Esse show me obriga a dizer que desde Dark não éramos presentados com um universo e trama tão geniais e disruptivos, agora com o 'mundo do trabalho vs vida pessoal em um futuro distópico' como ambientação.
Baseada no mito da caverna de Platão, assim como em Matrix e na contemporânea Westworld, Severance, ou Ruptura, explode cabeças num thriller que reúne sci-fi, suspense e comédia, jogando tudo no liquidificador e produzindo um extrato cristalino e perfeitamente digerível da nossa vida real contemporânea, dos dilemas sociais modernos, dos limites morais e éticos da tecnologia, da luta e dominação de classes, do universo corporativo de disputa e insalubre, da rotina que reduz e consome o ser, da demanda por desempenhar os papeis de profissional, esposo(a), pai/mãe, filho, amigo(a) e de como se comportar e ser um eu em cada papel. O mais barato dessa série é que ela é capaz de atender a todos os públicos, sem se tornar hermética, "metida" ou "elitista" a ponto de restringir o publico como Dark ou Westworld (essa mais ainda). A série funciona ao público que só quer se ater mesmo à superfície da história sem se cansar e que já estará super atendido com uma entrega de enredo e reflexões incríveis, até ao publico que vai levar muito a sério toda a riqueza de detalhes e prismas que a série apresenta em camadas, desde os conceitos visuais, psicologia das cores e enquadramento de câmera propositalmente desconfortáveis, cenários, figurinos, subtextos, hierarquias, trilha sonora excelente que reforça a ideia de repetição e rotina, até a conceitos e dilemas filosóficos, psicossociais, religiosos, morais, éticos, econômicos, aplicados ao ambiente de trabalho e à vida fora dele, além de muito mistério. Para esse segundo público, a dica é: prepara o flipchart, uma parede limpa, postit e pincel, que tem muito ponto pra ligar e puzzle pra montar de teoria sobre a trama.
Em Ruptura, absolutamente tudo o que é apresentado se conversa, se conecta e é desenvolvido de forma que pode soar lenta, mas muito orgânica, em camadas e em conta gotas, na medida certa. O ambiente de trabalho futurístico tecnológico da Lumon contrasta com alguns elementos do passado, como os monitores de tubo 8bits, números na tela, quadros com pinturas de estilo clássico, paleta de cores retrô, reforçando a sensação de que, apesar de ultra-moderna em tecnologia, a empresa se utiliza de métodos e políticas arcaicas, o que comicamente é o presente do nosso mundo corporativo da vida real em grande parte das organizações. Na Lumon, temos setores que não se conversam, funcionários que não conhecem o proposito do que fazem, assédio moral, concorrência tóxica, níveis e andares da empresa em que as camadas mais baixas jamais tomam conhecimento de suas decisões e reais propósitos e que aparentemente são marionetes ou cobaias de um plano de dominação, tradição, política e poder que parece existir na alta cúpula. Os personagens também representam bem a ideia do desconforto e de seguir uma rotina programada, até na forma engessada de andar, nas roupas apertadas, são devidamente trabalhados pra não só serem estudos de caso, mas para gerarem empatia, carisma e assim conduzirem o espectador às descobertas e ao plano de libertação ou entendimento do que acontece por fora da caverna e que se reflete dentro. A série sacia e muito bem o espectador na sua segunda metade, entregando uma trama frenética, agonizante, subversiva e com várias faces e possibilidades de enxergar as alegorias e metáforas apresentadas. Há ainda muitas sombras a serem reveladas e isso é ainda mais instigador. Nota 10 de 10, no hype alto e já favoritada! Genial!
Um dos grandes trunfos da DC é quase nunca entregar o seu maior e mais famoso herói nas mãos de qualquer um, pra fazer qualquer coisa. Afinal, é o Batman, o trauma, o medo, a sombra, a fé em um lugar melhor, a inteligência, a investigação, o preparo e a vigilância.
The Batman é totalmente diferente de tudo o que foi feito nos cinemas sobre o morcego até hoje e isso mais do que paga o ingresso, pois Matt imprimiu um arranjo ousado, de um Batman muito jovem, iniciante, com pouco preparo, mas viceral, vingativo e exímio investigador. Filmaço.
Pontos altos: Gotham, extremamente escura e suja, como melhor poderia ser retratada, pois o diretor consegue de forma magistral fazer você quase literalmente sentir que a cidade fede à corrupção, a crime e à vingança, trazendo a cada quadro a cidade sempre com tons de amarelo e vermelho se dissolvendo nas sombras. O Batmóvel é outro ponto alto que dispensa comentários, pois além da estética de muscle car que conversa total com a estética do filme, o motor não ronca, o motor rasga como a garganta de alguém cheio de vingança pra atacar o inimigo. As cenas de ação são todas excelentes, em especial a que a o morcego bate à luz das faíscas intermitentes das armas (única iluminação possível).
Pontos baixos: o diretor não tem a mesma ousadia em alguns diálogos, soluções e reviravoltas pra trama, sendo mais conservador pra entregar algo sem se arriscar. Pattison como Bruce ainda não convence, ao contrário da ótima atuação como Batman, mas segue com potencial. O filme tende a ter mais ponto baixo se o expectador cair no vício de comparar com outras adaptações do morcego, incomparáveis, pois nunca houve interpretação de Batman em ano 2, inexperiente e descobrindo suas origens, razões e preparos.
Mas, já que somos aficionados em comparações, só vejo uma perspectiva possível: Como um novo begins, esse é o melhor filme de início de um Batman já feito. E, por tudo isso, The Batman tem enorme potencial pra ser a melhor série de adaptação do morcego já produzida em cinema.
Se você viu todas as 8 temporadas de Dexter e espera ver nesse revival o que os produtores sac4nas foram incapazes de realizarem até aqui, fuja! (Já que não é possível desver nada). Mas, se você quer curtir apenas a nostalgia da série, se divertir com boas referências, easter eggs e um pouco do que poderia ser o desenvolvimento da história, assista até os 30 minutos do último episódio (não avance mais do que isso), porque os mesmos produtores estão de volta pra jogar no lixo um dos maiores potenciais de séries da história da TV. E fica tudo só no potencial mais uma vez.
Dexter é um serial killer que assinou centenas de pessoas e isso já o torna na trama o maior serial killer de todos os tempos. Só que ele é um gênio forense e não deixa rastros, até que alguém tão inteligente e serial killer quanto ele (um puta vilão conectado à origem de Dexter e criado pela dra. Vogel) o pusesse em apuros novamente com a polícia em um jogo de assassinatos, charadas e gato e rato, inocentando Doakes com álibis, reabrindo o caso Bay Harbor Butcher e causando uma mega operação do FBi que culminasse na prisão preventiva de Dexter como maior suspeito de ser o açougueiro. A partir daí, cabia uma última temporada focada no julgamento e na genialidade de Dexter e seu advogado pra livra-lo, além de explorar a opinião pública inflamada sobre o caso, colocando em cheque conceitos morais e religiosos sobre justiça e justiçamento, até que fosse provado que Dexter causou a morte de pessoas inocentes para se livrar e que isso o descredibiliza perante todos os apoiadores e Deb (que eu não teria matado) e Harisson. Ao filho de Dexter eu daria a trama similar à que foi dada em New Blood, exceto na sua decisão final. Dexter fugiria e, só após tudo isso, seria morto pela dra Vogel (que também não teria matado), que se suicidaria por remorso do que ajudou a criar e a história teria um fim. Qualquer mente minimamente criativa, em poucos instantes pensaria um desenvolvimento melhor com o personagem de Jeff Lindsay em mãos. Mas Dexter New Blood tambem não foi nada disso.
Sim, Dexter foi uma série sobre como não se fazer uma série. E agora, enfim, terminou.
o filme reúne (com muuuito fan service) 3 gerações do Aranha e emociona e diverte pra caralho meio mundo de gente, inclusive eu.
As atuações de Molina e Dafoe (que dispensa comentários sempre!), além das cenas sempre incríveis com o dr. Strange completam a base de sustentação do filme e o tornam sim um presente inevitavelmente marcante. Mas, só! (o que pra maior parte do público ja é mais do que suficiente pra colocar a produção no pedestal dos melhores).
Até que o filme comece a funcionar emotivamente e leve o público à essa catarse, ele já tem se sabotado em incoerências do tipo que faz um Mago supremo aceitar o risco de criar o caos generalizado só de olhar pra cara de cachorro-aranha pidão, a personagens revividos em tubos de ensaio, imobilizados, estranhos e apagados, bem como uma fotografia que nas melhores oportunidades se escurece bisonhamente. Adicione isso a uma trilha sonora nada marcante, montada na preguiça, e sensação de muita perda de chance de colocar mais ação e menos conversa em tela, principalmente com
os aranhas, juntos, bem enquadrados na tela, sem medo de mostrar a trindade trajada e de explorar cenas vivas e visíveis.
Com isso, No way home se perde no caminho de casa, onde, com tudo pra ser bem distante do tom insosso dos dois filmes antecessores, fica pelas esquinas da grandeza do herói.
É preciso muita disposição e saco pra assistir um casal brigando pra krlho* por mais de 2 horas. Mas respeito quem tem essa disposição e conseguiu ver beleza no filme, que até no que se propõe deixa a desejar pesando a mão estabanadamente no drama sem um plano afetivo de sustentação entre espectador, personagens e história de amor por trás de toda a briga pra que tenha pelo menos efeito emocional. Duas estrelas pela tentativa e esforço dos atores, que cumpriram muito bem a missão de não me deixar dormir gritando pra krlho*, mesmo diante de um sono pesado que esse filme dá.
Existem filmes que foram feitos pra serem vividos em uma sala de cinema, em alta resolução de som e imagem em profundidade. Exemplo nato desse tipo de filme é Dunkirk. Infelizmente, quem deixou pra assisti-lo como se assiste qualquer drama emotivo de guerra em um quarto ou sofá, jamais será seduzido à mesma imersividade e potência dos efeitos, a não ser que possua uma sala de cinema à altura. Dunkirk é pura técnica, direção de câmera das mais absurdas, que te coloca a bordo de caças parafusando os céus franceses com trilhas e planos em primeira pessoa de tirar o fôlego e com uma fotografia exuberante. A mixagem de som e a trilha sonora em relógio tiquetaqueando ao fundo incessantemente ditam o ritmo da agonia, principalmente na parte em que você é um dos náufragos submersos sem ar tentando tornar à superfície. Filme sensacional no que se propõe e com certeza será visto como um clássico de seu tempo.
Como filme solo, talvez o melhor desde "O Império Contra-Ataca". Como filme que fecha uma saga, há controvérsias e pontos fracos maximizados pelos chatos fanboys. A trilogia enfim tem suas principais pontas amarradas e um desfecho romântico ao tom de Star Wars enquanto obra infantil, nada compromissada com genialidades e deuses ex machina. Mas pra quem leva a coisa muito mais a sério, o filme é um puta balde de água fria.
Similar ao que ocorreu com os idealizadores de Lost, os roteiristas de Game Of Thrones foram vítimas cabais da grandiosidade da própria obra, que tomou proporções gigantescas que nem os próprios conseguiram domar no tempo. E se erraram, foi em criar expectativa demais por desenvolver muito bem as narrativas de uma gama de personagens, sem se dar conta de que não teriam tempo pra concluir tudo no tempo certo. Arrisco dizer que talvez a decisão de concluir logo a série tenha se dado por alguma previsão contratual com GRRM, que precisaria concluir a obra nos livros à sua maneira e sem interferência da série, ou por extenuação do elenco debruçados em quase uma década no mesmo trabalho, pois do contrário, a série não tinha motivo algum do ponto de vista de receita exorbitante e do seu sucesso crescente e avassalador, para ter concluída tanta história em tão pouco tempo. Decisão: resolveram concluir tudo em apenas 13 episódios. Resultado: um desfecho poético e coerente com toda a história, porém esvaziado pela ausência da devida construção que lhe levaria em segurança até ali. Consequências: abismos lógicos, pontas soltas, destrato à construção da história dos personagens, desrespeito a grande parcela de fãs. Por mais que a decisão de correr pra concluir a série tenha sido uma decisão inevitável pelas circunstâncias, fica uma sensação melancólica de se ter desperdiçado a chance de ser não só a maior obra a título de série de TV de todos os tempos, em termos de magnitude de super produção, mas de ser concluída à altura e figurar na mesma galeria de sucesso até a conclusão em que estão The Sopranos ou Breaking Bad, por exemplo. Melancolia essa, maior do que a desprazer do fato de não mais ver todos os personagens que apreciamos por quase 10 anos, em misto de apegos e desapegos. É ainda mais triste ver médias pífias de avaliações gerais àquele que seria o ápice de glória e majestade de GOT.
Acerca da temporada em si, é visualmente uma das mais incríveis, com recortes fotográficos dignos de sua season finale, assim como nos efeitos visuais, figurino e maquiagem impecáveis e que devem arrastar novamente com folgas as premiações técnicas do EA. Quanto ao roteiro, este se apresenta da mesma forma que se apresentou na 7º temporada (ou parte 1): uma sinopse, ou ainda pior, um compacto desonesto que suprimiu inúmeras cenas importantes. Ou seja, A sensação novamente é de se assistir a um resumo superficial do que veríamos em, pelo menos, mais 4 ou 5 temporadas. A produção até se esforça no desenho das principais cenas que se esperava desde a primeira temporada acontecer e traz bons e agonizantes episódios como o episódio 3 , mas, como dito, é traída pelas lacunas e boa parte da obra televisiva se desmorona, como quem adiciona uma laje para concluir a construção de um castelo de 10 andares sem colunas do 6º em diante. Resta ao telespectador criar na mente os fatos e cenas que melhor conduziriam às decisões do desfecho sem soar abrupto como foi pra grande parte dos fãs, de perfil intolerante a conversas mal explicadas. Aos menos negativistas e mais avessos ao roteiro que se autoexplica, como eu, a experiência do desfecho e da temporada em si não é, por assim dizer, negativa. É que não poderia ter sido feito algo melhor em 6 episódios, então, por essa circunstância, a produção final sai do posto de horror para um lugar de afeto. E esse é o agridoce prêmio de consolação.
Tirando o fato de que não houve desenvolvimento digno, quem demonizou ou rechaçou o destino dado aos principais personagens parece não ter assistido atentamente à série, pois todos foram coerentes e plausíveis dentro do universo, por mais que um ou outro final também possa ter sido diferente e não comprometer a coerência, uma vez que é característica da história de GRRM ser multifacetada e constantemente abrir novas possibilidades de rumos.
Contudo, mesmo com pouco tempo de tela pra resolver o mundo, a produção de fato peca e feio em alguns pontos:
1. O inverno rigoroso, tão prometido, nunca chega a Westeros, radiante ao sol nesta temporada. Aliás, o mesmo inverno foi inclusive motivo de adiamento das filmagens que por fim usaram papel picado pra fazer neve. Enfim, vemos somente uma neve tímida e comum no norte e nada mais. Bola murcha sem explicação.
2. O arco do rei da noite e seus caminhantes foi um dos mais prejudicados pelo resumo da história, que ao final não teve a explicação e importância que merecia, reduzido a mero prólogo à guerra do trono. Por que subsistem no frio? Por que sacrificam crianças? Por que uns são wights e outros não? Por que não falam? Onde está a magia ou objeto para criar outros wights e onde ela pode ser encontrada? O erro aqui é imperdoável, pois dava pra pegar tempo de bastante conversa fiada ao longo do 7º e 8º ano e desenvolvido melhor isso.
3. A "loucura" de Daenerys é o outro principal fato prejudicado pela sintetização do roteiro e soa abrupta, além da sensação de esvaziamento da importância da descendência de Jon, muito embora ela tenha sido um dos principais fatores que contribuem para a revolta da Mãe dos dragões.
1. O desfecho de Jon parece ser o mais promissor para o que virá a ser tratado por Martin nos livros, pois na série de fato ele é confirmado como a personificação do gelo e fogo, o equilíbrio, o ying yang que salvaria Westeros do caos e da tirania (longa escuridão) e que sacrifica a sua amada e a sua liberdade para isso, o verdadeiro Azor Ahai. Pena que o tempo novamente traiu a recepção e percepção de tudo isso e torna o seu triste final à muralha muito difícil de digerir. 2. Tiryon Lannister, finalmente retorna à série no episódio final, depois de sumir no final da 4º temporada e resume pra gente a decisão final: "Às vezes, o dever é a morte do amor" (que homem!).
Apesar de tudo, Game Of Thrones esteve, está e estará para sempre na história da TV, queiram bem o seu final suprimido ou não.
"As pessoas estão com fome de mais do que apenas comida. Elas anseiam por distrações. E se não as fornecermos, elas vão criar as suas próprias. E suas distrações provavelmente acabarão por nos despedaçar." - Olenna Tyrell
O melhor e mais injustiçado filme de universo herói compartilhado já feito. É lastimável ver essa grande massa de público tão melindrosa que foi ao cinema com 10 pedras nas mãos e saiu vomitando críticas pra todo lado. E mais lastimável ainda é saber que toda essa hostilização poderá afetar o futuro (promissor) dos próximos filmes. A única coisa que posso imaginar que toda essa gente esperava era um filme colorido, piadista, perfeito e sem furos de roteiro e direção como foram os dois The Avangers (só que ñ). Foram os excessos? Inegável que a direção e montagem do filme tem excessos, mas nada que tire seu brilhantismo e mérito. E é uma pena que, mercadologicamente falando, a Warner não possa se fechar ao público que reprovou, e muito provavelmente atolará o pé no jogo da crítica hostil e esse pode ser um pântano perigoso.
We need more The Boston Globe!! O não acovardamento pelo receio do embate a uma instituição socialmente relevante e altamente intrínseca à realidade mundial parece utopia. Alenta saber que de fato a Spotlight cumpriu seu papel de forma honrada e séria, ao passo em que seja lamentável que o Homem, enquanto ser político, e seus agrupamentos, sejam tão imundos a ponto de tornar o trabalho análogo ao da Spotlight uma raridade, um incômodo, um risco, ou até uma fantasia irrealizável.
A câmera flutuante e os takes longos em cenas de ação são sufocantes, imersivos e encantadores. A natureza exposta em cada quadro é de encher os olhos e o sofrimento de Glass é agonizante graças à fantástica atuação de Leonardo e do brilhante trabalho de Tom Hardy, mais uma vez dignos de premiação. A única ressalva talvez caiba à hermeticidade do roteiro ao tratar Glass, pois, pelo menos para mim, as motivações, visões e reais anseios do personagem soaram desnecessariamente confusos, contraditórios e incertos no fim das contas, o que não ocorre na narrativa do livro e que a meu ver acaba por comprometer o desfecho da adaptação.
Western, século XIX, ex escravo e caçadores de recompensa: Django. Roteiro adaptado: Reservoir Dog. The Hateful Eight soa um mais do mesmo extremamente forçado e preguiçoso, desnecessariamente longo (ou pelo menos não há matéria suficiente pra justificar tal duração). A sensação que dá é de que Tarantino fez uma colagem às pressas das obras anteriores e entregou à venda, desprovida da imersão e da solidificação da trama que as duas obras inspiradoras tiveram. Ainda que tais obras anteriores não tivessem existido (pra não haver gente chata como eu comparando) a trama não deixaria de ser rasa, mal costurada e brochante. Salvo: a belíssima trilha sonora de Morricone, os primeiros tiros por volta de 2h de película e alguns belos quadros.
"De todas essas vidas, qual delas é a correta? Cada uma dessas vidas é correta."
Belo. Poético. Um caleidoscópio cinematográfico sobre a existência, suas decisões e seus universos em loops entrelaçados a outras milhares de existências aparentemente independentes e a outras existências paralelas e suas que surgem a cada escolha. Filme genial, aberto a vários prismas interpretativos, fotograficamente grandioso, profundamente reflexivo e acima de tudo tocante.
Suponho que a ideia de filmagem ao longo de 12 anos talvez tenha aflorado na mente de Linklater desde quando o excelente "Before Sunrise (Antes do Amanhecer)" despontou como sucesso e recebeu continuidade nos dois (excelentes) filmes posteriores, valendo-se da mesma passagem do tempo real e os mesmos atores em um romance de 20 anos. Eis que Linklater, paralelamente à trilogia romântica, emprega a mesma fórmula, mais fidedignamente, em um "drama realista", mas esquece de uns pequenos detalhes: um roteiro, uma história, boas atuações, diálogos bem construídos, fatos, traumas, reflexões, encontros, desencontros, decepções, realizações. Nada, absolutamente nada disso, você encontrará em Boyhood. Mas haverá sim, a aclamação pelo "brilhantismo" de uma filmagem em 12 anos e por retratar uma vida monótona e clichê. Há quem se identifique e se emocione com o monótono e veja num rabisco uma obra prima. Quão sedentos de genialidade estamos...
Quando "A.I., Inteligência Artificial" chegou às telas como um soco sentimental nos telespectadores que o aclamaram, a fórmula foi unir ficção científica ao "absurdo romântico" de dar vida e sentimentos a maquinas. "Her" retoma a temática com novo contexto e perspectiva e com uma sutileza e um propósito adicional: fazer sentir e refletir 'ao quadrado'. Spike Jonze traça uma linha de aproximação entre o telespectador e a história de uma forma genial, deixando-o preso e boquiaberto a cada nova reação e funcionalidade humana de um sistema operacional, trazendo o público pra mesa do "aonde, de fato, poderemos chegar?" no campo da dicotomia artificial/real, das relações entre humanos e entre homem/computador. Não a toa, os diálogos humanos em "Her" são superficiais entre si, sem profundidade, ressaltando uma frieza melancólica sem igual e de dar agonia, apesar de já termos o elo que liga a nossa realidade à realidade assistida: as nossas relações cada vez mais cerceadas à tecnologia. As atuações de Joaquin e Scarlett (voz) estão brilhantes. A fotografia é outro elemento chave e incrível. Praticamente não há uma cena na tela em que nela não estejam pintadas cores e mais cores denotando alegria e contrastando com a profunda tristeza interior e solidão dos personagens. Apesar do enfoque "figurante", o mundo futurístico de Jonze segue lindo e rico, alegre, mas o seus integrantes humanos, aqueles que em outras épocas deram ao mundo o dom da diversidade, estão avessos a ela mergulhados no eu, na introspecção, na saturação e na dormência de se relacionarem como em outras épocas. "Her" é um show de sensibilidade e transcende a sua percepção do que é reflexão e evolução. E enfim, sim, não é a esmo a sua aclamação. Beirou a perfeição no que se propôs e garante lugar fácil na galeria dos clássicos do século XXI.
Por um instante, desajeitado, vi e parei pensando sobre Before Sunrise. Daí, mexendo com meus botões perguntei: como pode tanta naturalidade e beleza? E aí depois procurei um botão de dar repeat, outro de fazer chover €uros o suficiente pra comprar vinho e não ficar devendo e outro botão de ir parar em algum trem em Viena.
A Sete Palmos (5ª Temporada)
4.8 478 Assista AgoraNunca fui tão tapeado por avaliações do Filmow. Um rating 4,8 pra uma verdadeira contra-produção ou é muita coincidência ou a galera que amou isso tem um gosto comum bem peculiar. Uma grande aula do que não fazer com finais de personagens e de quebra uma season finale canastrona. Todos os personagens, com exceção de David e Brenda, regrediram ou receberam um final desconexo, incoerente, incompleto e sem a lição do que de fato importava. Fora os personagens secundários que sequer final tiveram.
Fica o alerta pra quem tá entediado lá na season 3 pensando se vale a pena continuar… Se a expectativa for no tom do final da season 2 e início da season 3 esquece. Mas se a expectativa for novelesca siga em frente.
Razões com spoiler:
transformar o personagem principal depois de toda uma lição de amor com Lisa em um vilão fdp e traidor e matá-lo no ápice do egoismo por pura necessidade de dar ponto alto emotivo à série; dar liberdade à Claire pra torrar sua herança em uma cidade grande sozinha sem ter aprendido nada sobre inteligência emocional e responsabilidade; Tornar a melhor personagem (Ruth) a mais insuportável e egoista gratuita com George e modificar isso duzentas vezes aleatoriamente e depois reforçar que ela nasceu pra ser triste e amargurada por tudo que sempre dá errado; Criar toda uma situação coerente de amor verdadeiro, trauma e bloqueio pós traição entre Vanessa e Rico e riscar isso do mapa pra ficar tudo resolvido com novos investimentos e dinheiro; por fim desperdiçar a chance de dar um fim de vida coerente a cada personagem com o que cada um aprendeu e faz aprender com sua história completa de vida a mostrar como cada um pateticamente fechou os olhos pela última vez. Créditos: envelhecimento bizarro de uns personagens e outros não. Nota: dó.
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraFilme pastelão de ação mas muuuito da ruim. Não tem um tom, não se decide o que quer ser, não tem compromisso com nada, sequer entrega violência gratuita coreografada com qualidade ou uma comédia pelo exagero. Inexplicável esse hype. Qualquer filme de ação de Bollywood é mais divertido ou empolgante do que isso.
Cidade dos Sonhos
4.2 1,7K Assista AgoraTrama muito bem costurada, atuações gigantes e plot muito bom, bem sacado. Mas o diretor se autosabota por querer fazer o roteiro e filme ser muito maior do que de fato é. ou deveria ser. Peca pelo excesso e perdeu grande de chance de emplacar um clássico premiado.
Contra o Tempo
3.8 2,0K Assista AgoraUma ótima ideia, com potencial pra gestar um filme tão bom ou tão profundo quanto um Interestellar, mas que entrega um produto pessimamente executado, com um único compromisso de ser um filme raso, de sessão da tarde, do início ao fim. Elenco excelente, mas o roteiro é tão preguiçoso em não desenvolver personagens e motivações que nem Marryl Streep ou di Caprio seriam capazes de entregar uma atuação convincente. Funciona pra quem
espera uma história de um herói que volta no tempo pra salvar vidas e se salvar apaixonado por uma desconhecida sem se questionar por quê e cientificamente como.
Avatar: O Caminho da Água
3.9 1,3K Assista AgoraAvatar 2 não decepciona em nada a sua principal promessa e objetivo: a de ser uma experiência e um espetáculo visual feito especialmente pra uma sala de cinema 3D IMAX. Quem puder, não deixe de ir conferir, porque isso não funciona no sofá de casa e ainda não se vê em um parque de diversões ou outra franquia de filme até hoje.
Tecnicamente, Avatar mais uma vez dispensa apresentações e qualquer coisa que seja falada sobre sua técnica será redundante. A produção conseguiu evoluir ainda mais os detalhes e a ousadia na tecnologia a frente de seu tempo utilizada em cada cena. Deslumbre impecável, que pra mim garantem o selo 5 estrelas.
Mas existe um detalhe cobrado por quem espera mais do que visual: Avatar passar a ser vendido como uma longa franquia, como se tivesse história, pontas soltas, reviravoltas e roteiro suficiente pra sustentar 4 filmes de 3 horas de duração, e não tem. O enredo em Avatar 2 é ainda mais simplório e superficial, sem aprofundamento de personagens, sem reviravoltas ou criação de ganchos para mais 6 horas de história. Aliás, grande parte do tempo de Avatar 2 é tomado mesmo por cenas sem fala, feitas como presente pra quem pagou pra ir a um parque de diversões visual e só. A grandeza técnica dessa produção merecia um enredo mais atrativo e com maior profundidade e com isso facilmente se despontaria como um “Star Wars” de seu tempo. Infelizmente, Avatar 2 reforça a mensagem de que essa é uma franquia de exploração da capacidade da tecnologia no cinema e de apresentação de um banquete visual a um público sedento por pura diversão e nada mais. Para esse fim, Avatar segue sendo o maior de todos os tempos. Se Cameron dará uma guinada e enfim colocará tempero e enredo na história nos dois próximos filmes, pagaremos, com certeza, novamente pra ver.
1899 (1ª Temporada)
3.6 394 Assista AgoraMissão espinhosa a que deram a Baran Bo Odar: realizar, à sombra da obra-prima precursora, uma nova ficção tão instigante e puzzle quanto, mas que, agora, fosse também comercial. Em outras palavras: sacie a sede dos órfãos de Dark sem decepcioná-los e além disso seja atrativo e digerível a todos os demais públicos. Afinal, e$$e é o destination que mais interessa no fim das contas. Esse parece ter sido o mote arquitetônico de 1899 pra a Netflix.
Como esperado, o roteiro serve um banquete de mistério, suspense e enigmas a gosto do freguês. Esse não poderia ser um problema a quem já provou que domina bem essa arte e a repete muito bem novamente.
O problema em 1899 é o excesso. O roteiro, viciado por esse afã de ser inteligente e vendável, busca a todo momento entregar mais enigmas do que a história precisa e respostas o mais rápido possível, apresentando a charada e imediatamente a solução, como quem diz ao espectador: ei, aqui está a maior resposta que você precisa, eu não vou te cozinhar, agora não desiste e fique comigo para mais recompensas rápidas e secundárias. Com isso, a série é mais rápida do que deveria ser e deixa de explorar melhor seus personagens e quebra-cabeças tomando atalhos e encurtando os caminhos.
A principal amostra disso já chega ao final do 3° episódio, onde a série entrega o que, pra mim, é o principal plot twist dessa season 1:
sim, sou uma série sci-fi, futurista, de prováveis (neuro)cientistas experimentando a mente humana ou se utilizando de pessoas em uma matrix a Big Brother para um projeto maior, aos moldes de Westworld, Ruptura, Matrix ou Incception. Agora, por ora, resta apenas saber quem é o criador/arquiteto das realidades e o que ele deseja de fato com isso…
Felizmente, o final entrega, no apagar das luzes, uma boa surpresa que abre os horizontes para o que virá, e isso mantém o enredo bastante promissor.
Ruptura (1ª Temporada)
4.5 750 Assista AgoraSe essa produção estivesse em uma plataforma de maior popularidade como Netflix ou Amazon, certamente estaria no centro da aclamação do mundo das séries como se tornou Lost ao trabalhar com um mistério instigante e pessoalizado como fio condutor de trama ou Black Mirror ao satirizar e jogar na real as mazelas do mundo tecnológico e moderno.
Esse show me obriga a dizer que desde Dark não éramos presentados com um universo e trama tão geniais e disruptivos, agora com o 'mundo do trabalho vs vida pessoal em um futuro distópico' como ambientação.
Baseada no mito da caverna de Platão, assim como em Matrix e na contemporânea Westworld, Severance, ou Ruptura, explode cabeças num thriller que reúne sci-fi, suspense e comédia, jogando tudo no liquidificador e produzindo um extrato cristalino e perfeitamente digerível da nossa vida real contemporânea, dos dilemas sociais modernos, dos limites morais e éticos da tecnologia, da luta e dominação de classes, do universo corporativo de disputa e insalubre, da rotina que reduz e consome o ser, da demanda por desempenhar os papeis de profissional, esposo(a), pai/mãe, filho, amigo(a) e de como se comportar e ser um eu em cada papel. O mais barato dessa série é que ela é capaz de atender a todos os públicos, sem se tornar hermética, "metida" ou "elitista" a ponto de restringir o publico como Dark ou Westworld (essa mais ainda). A série funciona ao público que só quer se ater mesmo à superfície da história sem se cansar e que já estará super atendido com uma entrega de enredo e reflexões incríveis, até ao publico que vai levar muito a sério toda a riqueza de detalhes e prismas que a série apresenta em camadas, desde os conceitos visuais, psicologia das cores e enquadramento de câmera propositalmente desconfortáveis, cenários, figurinos, subtextos, hierarquias, trilha sonora excelente que reforça a ideia de repetição e rotina, até a conceitos e dilemas filosóficos, psicossociais, religiosos, morais, éticos, econômicos, aplicados ao ambiente de trabalho e à vida fora dele, além de muito mistério. Para esse segundo público, a dica é: prepara o flipchart, uma parede limpa, postit e pincel, que tem muito ponto pra ligar e puzzle pra montar de teoria sobre a trama.
Em Ruptura, absolutamente tudo o que é apresentado se conversa, se conecta e é desenvolvido de forma que pode soar lenta, mas muito orgânica, em camadas e em conta gotas, na medida certa. O ambiente de trabalho futurístico tecnológico da Lumon contrasta com alguns elementos do passado, como os monitores de tubo 8bits, números na tela, quadros com pinturas de estilo clássico, paleta de cores retrô, reforçando a sensação de que, apesar de ultra-moderna em tecnologia, a empresa se utiliza de métodos e políticas arcaicas, o que comicamente é o presente do nosso mundo corporativo da vida real em grande parte das organizações. Na Lumon, temos setores que não se conversam, funcionários que não conhecem o proposito do que fazem, assédio moral, concorrência tóxica, níveis e andares da empresa em que as camadas mais baixas jamais tomam conhecimento de suas decisões e reais propósitos e que aparentemente são marionetes ou cobaias de um plano de dominação, tradição, política e poder que parece existir na alta cúpula. Os personagens também representam bem a ideia do desconforto e de seguir uma rotina programada, até na forma engessada de andar, nas roupas apertadas, são devidamente trabalhados pra não só serem estudos de caso, mas para gerarem empatia, carisma e assim conduzirem o espectador às descobertas e ao plano de libertação ou entendimento do que acontece por fora da caverna e que se reflete dentro. A série sacia e muito bem o espectador na sua segunda metade, entregando uma trama frenética, agonizante, subversiva e com várias faces e possibilidades de enxergar as alegorias e metáforas apresentadas. Há ainda muitas sombras a serem reveladas e isso é ainda mais instigador. Nota 10 de 10, no hype alto e já favoritada! Genial!
Batman
4.0 1,9K Assista AgoraUm dos grandes trunfos da DC é quase nunca entregar o seu maior e mais famoso herói nas mãos de qualquer um, pra fazer qualquer coisa. Afinal, é o Batman, o trauma, o medo, a sombra, a fé em um lugar melhor, a inteligência, a investigação, o preparo e a vigilância.
The Batman é totalmente diferente de tudo o que foi feito nos cinemas sobre o morcego até hoje e isso mais do que paga o ingresso, pois Matt imprimiu um arranjo ousado, de um Batman muito jovem, iniciante, com pouco preparo, mas viceral, vingativo e exímio investigador. Filmaço.
Pontos altos: Gotham, extremamente escura e suja, como melhor poderia ser retratada, pois o diretor consegue de forma magistral fazer você quase literalmente sentir que a cidade fede à corrupção, a crime e à vingança, trazendo a cada quadro a cidade sempre com tons de amarelo e vermelho se dissolvendo nas sombras. O Batmóvel é outro ponto alto que dispensa comentários, pois além da estética de muscle car que conversa total com a estética do filme, o motor não ronca, o motor rasga como a garganta de alguém cheio de vingança pra atacar o inimigo. As cenas de ação são todas excelentes, em especial a que a o morcego bate à luz das faíscas intermitentes das armas (única iluminação possível).
Pontos baixos: o diretor não tem a mesma ousadia em alguns diálogos, soluções e reviravoltas pra trama, sendo mais conservador pra entregar algo sem se arriscar. Pattison como Bruce ainda não convence, ao contrário da ótima atuação como Batman, mas segue com potencial. O filme tende a ter mais ponto baixo se o expectador cair no vício de comparar com outras adaptações do morcego, incomparáveis, pois nunca houve interpretação de Batman em ano 2, inexperiente e descobrindo suas origens, razões e preparos.
Mas, já que somos aficionados em comparações, só vejo uma perspectiva possível: Como um novo begins, esse é o melhor filme de início de um Batman já feito. E, por tudo isso, The Batman tem enorme potencial pra ser a melhor série de adaptação do morcego já produzida em cinema.
Dexter: Sangue Novo
3.7 396Se você viu todas as 8 temporadas de Dexter e espera ver nesse revival o que os produtores sac4nas foram incapazes de realizarem até aqui, fuja! (Já que não é possível desver nada). Mas, se você quer curtir apenas a nostalgia da série, se divertir com boas referências, easter eggs e um pouco do que poderia ser o desenvolvimento da história, assista até os 30 minutos do último episódio (não avance mais do que isso), porque os mesmos produtores estão de volta pra jogar no lixo um dos maiores potenciais de séries da história da TV. E fica tudo só no potencial mais uma vez.
E olha quanto potencial perdido:
Dexter é um serial killer que assinou centenas de pessoas e isso já o torna na trama o maior serial killer de todos os tempos. Só que ele é um gênio forense e não deixa rastros, até que alguém tão inteligente e serial killer quanto ele (um puta vilão conectado à origem de Dexter e criado pela dra. Vogel) o pusesse em apuros novamente com a polícia em um jogo de assassinatos, charadas e gato e rato, inocentando Doakes com álibis, reabrindo o caso Bay Harbor Butcher e causando uma mega operação do FBi que culminasse na prisão preventiva de Dexter como maior suspeito de ser o açougueiro. A partir daí, cabia uma última temporada focada no julgamento e na genialidade de Dexter e seu advogado pra livra-lo, além de explorar a opinião pública inflamada sobre o caso, colocando em cheque conceitos morais e religiosos sobre justiça e justiçamento, até que fosse provado que Dexter causou a morte de pessoas inocentes para se livrar e que isso o descredibiliza perante todos os apoiadores e Deb (que eu não teria matado) e Harisson. Ao filho de Dexter eu daria a trama similar à que foi dada em New Blood, exceto na sua decisão final. Dexter fugiria e, só após tudo isso, seria morto pela dra Vogel (que também não teria matado), que se suicidaria por remorso do que ajudou a criar e a história teria um fim. Qualquer mente minimamente criativa, em poucos instantes pensaria um desenvolvimento melhor com o personagem de Jeff Lindsay em mãos. Mas Dexter New Blood tambem não foi nada disso.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraNão dá pra dar 5 estrelas só porque
o filme reúne (com muuuito fan service) 3 gerações do Aranha e emociona e diverte pra caralho meio mundo de gente, inclusive eu.
Até que o filme comece a funcionar emotivamente e leve o público à essa catarse, ele já tem se sabotado em incoerências do tipo que faz um Mago supremo aceitar o risco de criar o caos generalizado só de olhar pra cara de cachorro-aranha pidão, a personagens revividos em tubos de ensaio, imobilizados, estranhos e apagados, bem como uma fotografia que nas melhores oportunidades se escurece bisonhamente. Adicione isso a uma trilha sonora nada marcante, montada na preguiça, e sensação de muita perda de chance de colocar mais ação e menos conversa em tela, principalmente com
os aranhas, juntos, bem enquadrados na tela, sem medo de mostrar a trindade trajada e de explorar cenas vivas e visíveis.
Upgrade: Atualização
3.7 687 Assista AgoraFilmaço. Mas que aparentemente deixa um grande furo no roteiro:
Se o principal objetivo da IA era assumir o corpo do cara, não faz muito sentido ele demorar tanto pra assumir o controle total.
Mas nada que tire a qualidade do filme.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraÉ preciso muita disposição e saco pra assistir um casal brigando pra krlho* por mais de 2 horas. Mas respeito quem tem essa disposição e conseguiu ver beleza no filme, que até no que se propõe deixa a desejar pesando a mão estabanadamente no drama sem um plano afetivo de sustentação entre espectador, personagens e história de amor por trás de toda a briga pra que tenha pelo menos efeito emocional. Duas estrelas pela tentativa e esforço dos atores, que cumpriram muito bem a missão de não me deixar dormir gritando pra krlho*, mesmo diante de um sono pesado que esse filme dá.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraExistem filmes que foram feitos pra serem vividos em uma sala de cinema, em alta resolução de som e imagem em profundidade. Exemplo nato desse tipo de filme é Dunkirk. Infelizmente, quem deixou pra assisti-lo como se assiste qualquer drama emotivo de guerra em um quarto ou sofá, jamais será seduzido à mesma imersividade e potência dos efeitos, a não ser que possua uma sala de cinema à altura. Dunkirk é pura técnica, direção de câmera das mais absurdas, que te coloca a bordo de caças parafusando os céus franceses com trilhas e planos em primeira pessoa de tirar o fôlego e com uma fotografia exuberante. A mixagem de som e a trilha sonora em relógio tiquetaqueando ao fundo incessantemente ditam o ritmo da agonia, principalmente na parte em que você é um dos náufragos submersos sem ar tentando tornar à superfície. Filme sensacional no que se propõe e com certeza será visto como um clássico de seu tempo.
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista AgoraComo filme solo, talvez o melhor desde "O Império Contra-Ataca". Como filme que fecha uma saga, há controvérsias e pontos fracos maximizados pelos chatos fanboys. A trilogia enfim tem suas principais pontas amarradas e um desfecho romântico ao tom de Star Wars enquanto obra infantil, nada compromissada com genialidades e deuses ex machina. Mas pra quem leva a coisa muito mais a sério, o filme é um puta balde de água fria.
Game of Thrones (8ª Temporada)
3.0 2,2K Assista AgoraSimilar ao que ocorreu com os idealizadores de Lost, os roteiristas de Game Of Thrones foram vítimas cabais da grandiosidade da própria obra, que tomou proporções gigantescas que nem os próprios conseguiram domar no tempo. E se erraram, foi em criar expectativa demais por desenvolver muito bem as narrativas de uma gama de personagens, sem se dar conta de que não teriam tempo pra concluir tudo no tempo certo. Arrisco dizer que talvez a decisão de concluir logo a série tenha se dado por alguma previsão contratual com GRRM, que precisaria concluir a obra nos livros à sua maneira e sem interferência da série, ou por extenuação do elenco debruçados em quase uma década no mesmo trabalho, pois do contrário, a série não tinha motivo algum do ponto de vista de receita exorbitante e do seu sucesso crescente e avassalador, para ter concluída tanta história em tão pouco tempo. Decisão: resolveram concluir tudo em apenas 13 episódios. Resultado: um desfecho poético e coerente com toda a história, porém esvaziado pela ausência da devida construção que lhe levaria em segurança até ali. Consequências: abismos lógicos, pontas soltas, destrato à construção da história dos personagens, desrespeito a grande parcela de fãs. Por mais que a decisão de correr pra concluir a série tenha sido uma decisão inevitável pelas circunstâncias, fica uma sensação melancólica de se ter desperdiçado a chance de ser não só a maior obra a título de série de TV de todos os tempos, em termos de magnitude de super produção, mas de ser concluída à altura e figurar na mesma galeria de sucesso até a conclusão em que estão The Sopranos ou Breaking Bad, por exemplo. Melancolia essa, maior do que a desprazer do fato de não mais ver todos os personagens que apreciamos por quase 10 anos, em misto de apegos e desapegos. É ainda mais triste ver médias pífias de avaliações gerais àquele que seria o ápice de glória e majestade de GOT.
Acerca da temporada em si, é visualmente uma das mais incríveis, com recortes fotográficos dignos de sua season finale, assim como nos efeitos visuais, figurino e maquiagem impecáveis e que devem arrastar novamente com folgas as premiações técnicas do EA. Quanto ao roteiro, este se apresenta da mesma forma que se apresentou na 7º temporada (ou parte 1): uma sinopse, ou ainda pior, um compacto desonesto que suprimiu inúmeras cenas importantes. Ou seja, A sensação novamente é de se assistir a um resumo superficial do que veríamos em, pelo menos, mais 4 ou 5 temporadas. A produção até se esforça no desenho das principais cenas que se esperava desde a primeira temporada acontecer e traz bons e agonizantes episódios como o episódio 3 , mas, como dito, é traída pelas lacunas e boa parte da obra televisiva se desmorona, como quem adiciona uma laje para concluir a construção de um castelo de 10 andares sem colunas do 6º em diante. Resta ao telespectador criar na mente os fatos e cenas que melhor conduziriam às decisões do desfecho sem soar abrupto como foi pra grande parte dos fãs, de perfil intolerante a conversas mal explicadas. Aos menos negativistas e mais avessos ao roteiro que se autoexplica, como eu, a experiência do desfecho e da temporada em si não é, por assim dizer, negativa. É que não poderia ter sido feito algo melhor em 6 episódios, então, por essa circunstância, a produção final sai do posto de horror para um lugar de afeto. E esse é o agridoce prêmio de consolação.
Tirando o fato de que não houve desenvolvimento digno, quem demonizou ou rechaçou o destino dado aos principais personagens parece não ter assistido atentamente à série, pois todos foram coerentes e plausíveis dentro do universo, por mais que um ou outro final também possa ter sido diferente e não comprometer a coerência, uma vez que é característica da história de GRRM ser multifacetada e constantemente abrir novas possibilidades de rumos.
Contudo, mesmo com pouco tempo de tela pra resolver o mundo, a produção de fato peca e feio em alguns pontos:
1. O inverno rigoroso, tão prometido, nunca chega a Westeros, radiante ao sol nesta temporada. Aliás, o mesmo inverno foi inclusive motivo de adiamento das filmagens que por fim usaram papel picado pra fazer neve. Enfim, vemos somente uma neve tímida e comum no norte e nada mais. Bola murcha sem explicação.
2. O arco do rei da noite e seus caminhantes foi um dos mais prejudicados pelo resumo da história, que ao final não teve a explicação e importância que merecia, reduzido a mero prólogo à guerra do trono. Por que subsistem no frio? Por que sacrificam crianças? Por que uns são wights e outros não? Por que não falam? Onde está a magia ou objeto para criar outros wights e onde ela pode ser encontrada? O erro aqui é imperdoável, pois dava pra pegar tempo de bastante conversa fiada ao longo do 7º e 8º ano e desenvolvido melhor isso.
3. A "loucura" de Daenerys é o outro principal fato prejudicado pela sintetização do roteiro e soa abrupta, além da sensação de esvaziamento da importância da descendência de Jon, muito embora ela tenha sido um dos principais fatores que contribuem para a revolta da Mãe dos dragões.
De pontos muito positivos:
1. O desfecho de Jon parece ser o mais promissor para o que virá a ser tratado por Martin nos livros, pois na série de fato ele é confirmado como a personificação do gelo e fogo, o equilíbrio, o ying yang que salvaria Westeros do caos e da tirania (longa escuridão) e que sacrifica a sua amada e a sua liberdade para isso, o verdadeiro Azor Ahai. Pena que o tempo novamente traiu a recepção e percepção de tudo isso e torna o seu triste final à muralha muito difícil de digerir.
2. Tiryon Lannister, finalmente retorna à série no episódio final, depois de sumir no final da 4º temporada e resume pra gente a decisão final: "Às vezes, o dever é a morte do amor" (que homem!).
Apesar de tudo, Game Of Thrones esteve, está e estará para sempre na história da TV, queiram bem o seu final suprimido ou não.
"As pessoas estão com fome de mais do que apenas comida. Elas anseiam por distrações. E se não as fornecermos, elas vão criar as suas próprias. E suas distrações provavelmente acabarão por nos despedaçar." - Olenna Tyrell
3,9 - 5,0
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraO melhor e mais injustiçado filme de universo herói compartilhado já feito. É lastimável ver essa grande massa de público tão melindrosa que foi ao cinema com 10 pedras nas mãos e saiu vomitando críticas pra todo lado. E mais lastimável ainda é saber que toda essa hostilização poderá afetar o futuro (promissor) dos próximos filmes. A única coisa que posso imaginar que toda essa gente esperava era um filme colorido, piadista, perfeito e sem furos de roteiro e direção como foram os dois The Avangers (só que ñ). Foram os excessos? Inegável que a direção e montagem do filme tem excessos, mas nada que tire seu brilhantismo e mérito. E é uma pena que, mercadologicamente falando, a Warner não possa se fechar ao público que reprovou, e muito provavelmente atolará o pé no jogo da crítica hostil e esse pode ser um pântano perigoso.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraWe need more The Boston Globe!!
O não acovardamento pelo receio do embate a uma instituição socialmente relevante e altamente intrínseca à realidade mundial parece utopia. Alenta saber que de fato a Spotlight cumpriu seu papel de forma honrada e séria, ao passo em que seja lamentável que o Homem, enquanto ser político, e seus agrupamentos, sejam tão imundos a ponto de tornar o trabalho análogo ao da Spotlight uma raridade, um incômodo, um risco, ou até uma fantasia irrealizável.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraA câmera flutuante e os takes longos em cenas de ação são sufocantes, imersivos e encantadores. A natureza exposta em cada quadro é de encher os olhos e o sofrimento de Glass é agonizante graças à fantástica atuação de Leonardo e do brilhante trabalho de Tom Hardy, mais uma vez dignos de premiação. A única ressalva talvez caiba à hermeticidade do roteiro ao tratar Glass, pois, pelo menos para mim, as motivações, visões e reais anseios do personagem soaram desnecessariamente confusos, contraditórios e incertos no fim das contas, o que não ocorre na narrativa do livro e que a meu ver acaba por comprometer o desfecho da adaptação.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraWestern, século XIX, ex escravo e caçadores de recompensa: Django.
Roteiro adaptado: Reservoir Dog. The Hateful Eight soa um mais do mesmo extremamente forçado e preguiçoso, desnecessariamente longo (ou pelo menos não há matéria suficiente pra justificar tal duração). A sensação que dá é de que Tarantino fez uma colagem às pressas das obras anteriores e entregou à venda, desprovida da imersão e da solidificação da trama que as duas obras inspiradoras tiveram. Ainda que tais obras anteriores não tivessem existido (pra não haver gente chata como eu comparando) a trama não deixaria de ser rasa, mal costurada e brochante. Salvo: a belíssima trilha sonora de Morricone, os primeiros tiros por volta de 2h de película e alguns belos quadros.
Sr. Ninguém
4.3 2,7K"De todas essas vidas, qual delas é a correta? Cada uma dessas vidas é correta."
Belo. Poético. Um caleidoscópio cinematográfico sobre a existência, suas decisões e seus universos em loops entrelaçados a outras milhares de existências aparentemente independentes e a outras existências paralelas e suas que surgem a cada escolha. Filme genial, aberto a vários prismas interpretativos, fotograficamente grandioso, profundamente reflexivo e acima de tudo tocante.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraHipnotizante. Frenético. Taquicardíaco. Uma aula sobre Vida.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraSuponho que a ideia de filmagem ao longo de 12 anos talvez tenha aflorado na mente de Linklater desde quando o excelente "Before Sunrise (Antes do Amanhecer)" despontou como sucesso e recebeu continuidade nos dois (excelentes) filmes posteriores, valendo-se da mesma passagem do tempo real e os mesmos atores em um romance de 20 anos. Eis que Linklater, paralelamente à trilogia romântica, emprega a mesma fórmula, mais fidedignamente, em um "drama realista", mas esquece de uns pequenos detalhes: um roteiro, uma história, boas atuações, diálogos bem construídos, fatos, traumas, reflexões, encontros, desencontros, decepções, realizações. Nada, absolutamente nada disso, você encontrará em Boyhood. Mas haverá sim, a aclamação pelo "brilhantismo" de uma filmagem em 12 anos e por retratar uma vida monótona e clichê. Há quem se identifique e se emocione com o monótono e veja num rabisco uma obra prima. Quão sedentos de genialidade estamos...
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraQuando "A.I., Inteligência Artificial" chegou às telas como um soco sentimental nos telespectadores que o aclamaram, a fórmula foi unir ficção científica ao "absurdo romântico" de dar vida e sentimentos a maquinas. "Her" retoma a temática com novo contexto e perspectiva e com uma sutileza e um propósito adicional: fazer sentir e refletir 'ao quadrado'. Spike Jonze traça uma linha de aproximação entre o telespectador e a história de uma forma genial, deixando-o preso e boquiaberto a cada nova reação e funcionalidade humana de um sistema operacional, trazendo o público pra mesa do "aonde, de fato, poderemos chegar?" no campo da dicotomia artificial/real, das relações entre humanos e entre homem/computador. Não a toa, os diálogos humanos em "Her" são superficiais entre si, sem profundidade, ressaltando uma frieza melancólica sem igual e de dar agonia, apesar de já termos o elo que liga a nossa realidade à realidade assistida: as nossas relações cada vez mais cerceadas à tecnologia. As atuações de Joaquin e Scarlett (voz) estão brilhantes. A fotografia é outro elemento chave e incrível. Praticamente não há uma cena na tela em que nela não estejam pintadas cores e mais cores denotando alegria e contrastando com a profunda tristeza interior e solidão dos personagens. Apesar do enfoque "figurante", o mundo futurístico de Jonze segue lindo e rico, alegre, mas o seus integrantes humanos, aqueles que em outras épocas deram ao mundo o dom da diversidade, estão avessos a ela mergulhados no eu, na introspecção, na saturação e na dormência de se relacionarem como em outras épocas. "Her" é um show de sensibilidade e transcende a sua percepção do que é reflexão e evolução. E enfim, sim, não é a esmo a sua aclamação. Beirou a perfeição no que se propôs e garante lugar fácil na galeria dos clássicos do século XXI.
Antes do Amanhecer
4.3 1,9K Assista AgoraPor um instante, desajeitado, vi e parei pensando sobre Before Sunrise. Daí, mexendo com meus botões perguntei: como pode tanta naturalidade e beleza? E aí depois procurei um botão de dar repeat, outro de fazer chover €uros o suficiente pra comprar vinho e não ficar devendo e outro botão de ir parar em algum trem em Viena.