Um filme que mostra, sob a ótica da causa negra, uma iminente contradição na Guerra do Vietnã — soldados negros lutando por uma “suposta” liberdade num lugar do outro lado do mundo, sendo que não haviam conquistado liberdade para sua comunidade em seu próprio país.
Dos que já vi, poucos são os filmes que tão bem expressam o amor em seu estado mais líquido. “Lola” é uma obra sobre movimentos e desencontros; sobre relações jamais estáveis ou seguras. Os personagens se esbarram somente para se separem logo seguida, num mundo incerto e fluído, onde a dúvida é sempre maior que qualquer certeza. Claro, a dúvida do último olhar de Lola, já no carro para outro lugar e outro destino.
Dixon Steele não cometeu o assassinato que inicia a trama, mas poderia muito bem tê-lo feito. O mal que existe lá fora, distante, existe também dentro e perto.
“Onde os Fracos Não Tem Vez” é um filme sobre a degradação da sociedade. Para isso, os irmãos Coen constroem uma trama tensa e envolvente, permeada por diversas observações críticas de tendências (a princípio) contemporâneas. Pode-se citar, mais notoriamente, a busca obsessiva e imoral pelo dinheiro, sempre acompanhada de uma violência cada vez mais brutal e indiferente ao próximo.
É interessante notar a visão do xerife Ed Tom Bell; que serve de base ao nome original da obra — “No Country for Old Men”. Para o personagem, a sociedade tornou-se, com o tempo, cada vez mais violenta e imoral e, justamente por isso, tem-se um país muito diferente do qual os velhos um dia viveram. Se antes os xerifes andavam desarmados, depois isso soaria quase como uma piada.
Entretanto, e por isso mesmo um filme ainda mais grandioso, percebe-se que, ao final da obra, essa visão da decadência é questionada. Quando o xerife encontra seu tio aposentado, esse lhe coloca que a violência sempre esteve presente, mesmo na época dos velhos.
É uma obra ambígua e incerta, que nós traz mais perguntas do que respostas. Talvez não seja um país para velhos; mas me parece mais provável que não seja um país para ninguém.
Uma obra ambiciosa que nunca chega em um lugar realmente profundo. Falta potência na desconstrução dos personagens e dos valores do “American Way of Life”.
A mensagem da “beleza oculta” no mundo, por sua vez, é simples e válida, mesmo que colocada de uma forma poética um tanto tosca e infantil — com uma sacola voando ao vento.
Em “Lawrence da Arábia”, duas jornadas seguem juntas para encontrar esse mesmo fim; amargo, desiludido e desesperançoso.
O “épico interno” trata-se justamente do arco do protagonista. Se em um primeiro momento temos a impressão de mais uma narrativa sobre o processo civilizatório do “homem branco”, nos deparamos, por fim, com uma absoluta desconstrução desse conceito. Lawrence é aquele que, entre todos, mais se corrompe; de bondoso e misericordioso transforma-se num ser violento e ganancioso.
O “épico externo”, por sua vez, gira em torno do sonho de uma nação árabe, unida e coesa pela diferentes tribos da região. Essas que, em dado momento, passam a trabalhar juntas em torno de um objetivo em comum, acabam por retomarem os conflitos e seguirem por diferentes caminhos. A “nação” se dispersa e o território termina como mais uma barganha entre tiranos.
Seja Lawrence ou seus guerreiros; no fim, nenhum deles realmente termina como árabe — a Arábia sequer existe.
Todos os elementos típicos dos filmes do Adam Sandler estão aqui — e ainda sim Paul Thomas Anderson consegue criar algo inteiramente novo e fascinante. Espetacular!
É um filme fraco, incapaz de aprofundar seja na vida política ou na vida pessoal do personagem.
Dentre todos os defeitos, o que mais se destaca é a montagem (uma das piores que eu já vi no cinema, sem exagero). A narrativa não linear é executada de forma confusa e desconexa, tornando o filme sempre despropositado. O final da história (depois do atentando) é reabordado num vai e vem constante, do início ao final do filme, deixando a experiência maçante, repetitiva e mesmo óbvia.
Além disso, outro ponto ridículo é a tentativa de um “plot twist” no final, forjando uma cena do casal no Rio. Criar uma cena falsa pra depois desmentí-la é um dos recursos mais simplórios e preguiçosos que se pode fazer num roteiro (além do que é um filme biográfico e a morte da personalidade já era de conhecimento geral (!?!?!).
Em “Ad Astra”, James Gray se utiliza da ficção científica para inverter a proposta comum ao gênero. Nesse tipo de filme, o que se espera é um olhar para aquilo está fora, distante; aquilo que nos é desconhecido. Em “Ad Astra”, porém, defende-se justamente o oposto — a importância de olharmos para o próximo; aqueles que estão ao nosso lado.
Nesse sentido, existe, no filme, um forte pesar quanto às conquistas da geração passada (que, na verdade, é a geração atual fora da história futurista). Evoluímos nossa tecnologia e nossa economia. Nos tornamos técnicos, frios e metódicos. A falta de emoção é uma grande virtude; mantenha seus batimentos lentos.
Entretanto, e por isso um filme tão tocante, existe nele também uma ponta de esperança na humanidade. Somos como os nossos pais? Em certos aspectos, sim. Em outros, porém, podemos mudar. Podemos aprender a viver e a amar e a compartilhar. Sim, podemos.
“Ad Astra” é uma obra-prima; um dos melhores filmes dos últimos tempos.
Um filme com abordagem cômica que retrata essa clássica dificuldade adolescente entre a escolha do caminho seguro e do caminho prazeroso. O mais interessante aqui é a coragem em deixar o moralismo de lado, saindo das respostas/ sermões óbvios.
“My name is Joel Goodson. I deal in human fulfillment. I grossed over eight thousand dollars in one night. Time of your life, huh kid?” Ótimo!!
“A Conversação” é um profundo estudo de personagem. O protagonista, Harry Caul, apresenta pelo menos dois pontos principais, sendo essenciais para o entendimento da narrativa.
Primeiramente, o isolamento e distanciamento do personagem. Nada mais natural, pois se ele sabe que pode descobrir qualquer coisa sobre qualquer pessoa, sabe também que qualquer pessoa pode descobrir qualquer coisa sobre ele. Por isso ele se fecha tanto para o mundo a sua volta.
Segundamente, sua intensa relação com a religião. Se até mesmo pronunciar o nome de Deus em vão o incomoda tanto, é evidente sua extrema angústia ao perceber as possíveis consequências desastrosas de seu trabalho como “vigilante”. Por isso, o caso em Nova York que resultou em três assassinatos, a partir de sua “investigação”, representa um profundo trauma para o personagem.
Fechado em seus próprios pensamentos e influenciado pelo trauma anterior, ele enxerga um possível crime numa nova investigação. É por isso, portanto, que sua interpretação sobre a tal “conversação” se torna cada vez mais ambígua, paranóica e mesmo assustadora.
É um filme cuja reflexão gira em torno do contraste entre a unidade da natureza, na qual todos os seres são diferentes formas de um todo, e a divisão da sociedade, sob a forma de uma guerra que coloca humanos em grupos distintos e sempre opostos.
Detesto contestar os clássicos, mas neste “Drácula” não teve jeito. Desconsidero aqui alguns pontos incomodativos do filme, como a ausência de trilha sonora, o efeito tosco do morcego ou os inúmeros closes no rosto do vilão, pois faziam parte do contexto das produções da época e julgá-los com o “olhar de hoje” seria cometer um anacronismo grosseiro. O que me parece realmente decepcionante, entretanto, é o roteiro da obra. A maior parte do desenvolvimento da narrativa é baseada num vai e vêm incessante dos doutores em torno da verdadeira identidade do Conde, o que acaba por tornar a história estagnada e maçante. Um deles defende que o Conde é um vampiro, os outros discordam. E por aí vai, repetidas vezes. Igualmente decepcionante é o desfecho do filme — a resolução do conflito final acontece de modo muito fácil; me parece um ponto quase preguiçoso do roteiro. Uma pena, mas esse não rolou pra mim!
Police Story: A Guerra das Drogas
3.8 130 Assista AgoraFilmasso.
A Noite Americana
4.3 188O mágico revelando seu truque.
O Vingador do Futuro
3.6 495 Assista Agora“Um homem é definido por suas ações, não por suas memórias.”
Rolling Stones - Shine a Light
4.0 55A participação de Buddy Guy, com Champagne and Reefer, é sensacional, minha parte favorita do show.
Jovens, Loucos e Rebeldes
3.7 447 Assista AgoraSobre essa anarquia que é só da juventude.
Os Excêntricos Tenenbaums
4.1 856 Assista AgoraSobre alçar voos e voltar ao ninho.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraUm filme que mostra, sob a ótica da causa negra, uma iminente contradição na Guerra do Vietnã — soldados negros lutando por uma “suposta” liberdade num lugar do outro lado do mundo, sendo que não haviam conquistado liberdade para sua comunidade em seu próprio país.
Lola, a Flor Proibida
3.9 25Dos que já vi, poucos são os filmes que tão bem expressam o amor em seu estado mais líquido. “Lola” é uma obra sobre movimentos e desencontros; sobre relações jamais estáveis ou seguras. Os personagens se esbarram somente para se separem logo seguida, num mundo incerto e fluído, onde a dúvida é sempre maior que qualquer certeza. Claro, a dúvida do último olhar de Lola, já no carro para outro lugar e outro destino.
Umberto D.
4.4 124 Assista AgoraSobre um abandono (quase) absoluto.
No Silêncio da Noite
4.1 79 Assista AgoraDixon Steele não cometeu o assassinato que inicia a trama, mas poderia muito bem tê-lo feito. O mal que existe lá fora, distante, existe também dentro e perto.
Grande Hotel
3.4 336 Assista AgoraO melhor segmento é do Robert Rodriguez, seguido pelo do Tarantino. Os dois primeiros são bem fracos.
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista Agora“Onde os Fracos Não Tem Vez” é um filme sobre a degradação da sociedade. Para isso, os irmãos Coen constroem uma trama tensa e envolvente, permeada por diversas observações críticas de tendências (a princípio) contemporâneas. Pode-se citar, mais notoriamente, a busca obsessiva e imoral pelo dinheiro, sempre acompanhada de uma violência cada vez mais brutal e indiferente ao próximo.
É interessante notar a visão do xerife Ed Tom Bell; que serve de base ao nome original da obra — “No Country for Old Men”. Para o personagem, a sociedade tornou-se, com o tempo, cada vez mais violenta e imoral e, justamente por isso, tem-se um país muito diferente do qual os velhos um dia viveram. Se antes os xerifes andavam desarmados, depois isso soaria quase como uma piada.
Entretanto, e por isso mesmo um filme ainda mais grandioso, percebe-se que, ao final da obra, essa visão da decadência é questionada. Quando o xerife encontra seu tio aposentado, esse lhe coloca que a violência sempre esteve presente, mesmo na época dos velhos.
É uma obra ambígua e incerta, que nós traz mais perguntas do que respostas. Talvez não seja um país para velhos; mas me parece mais provável que não seja um país para ninguém.
Beleza Americana
4.1 2,9K Assista AgoraUma obra ambiciosa que nunca chega em um lugar realmente profundo. Falta potência na desconstrução dos personagens e dos valores do “American Way of Life”.
A mensagem da “beleza oculta” no mundo, por sua vez, é simples e válida, mesmo que colocada de uma forma poética um tanto tosca e infantil — com uma sacola voando ao vento.
Lawrence da Arábia
4.2 415 Assista AgoraEm “Lawrence da Arábia”, duas jornadas seguem juntas para encontrar esse mesmo fim; amargo, desiludido e desesperançoso.
O “épico interno” trata-se justamente do arco do protagonista. Se em um primeiro momento temos a impressão de mais uma narrativa sobre o processo civilizatório do “homem branco”, nos deparamos, por fim, com uma absoluta desconstrução desse conceito. Lawrence é aquele que, entre todos, mais se corrompe; de bondoso e misericordioso transforma-se num ser violento e ganancioso.
O “épico externo”, por sua vez, gira em torno do sonho de uma nação árabe, unida e coesa pela diferentes tribos da região. Essas que, em dado momento, passam a trabalhar juntas em torno de um objetivo em comum, acabam por retomarem os conflitos e seguirem por diferentes caminhos. A “nação” se dispersa e o território termina como mais uma barganha entre tiranos.
Seja Lawrence ou seus guerreiros; no fim, nenhum deles realmente termina como árabe — a Arábia sequer existe.
Os 12 Macacos
3.9 1,1K Assista AgoraUm filme trágico e tocante, sobre o desejo e a impossibilidade de mudar o que já se passou — um triste eterno retorno.
Embriagado de Amor
3.6 479 Assista AgoraTodos os elementos típicos dos filmes do Adam Sandler estão aqui — e ainda sim Paul Thomas Anderson consegue criar algo inteiramente novo e fascinante. Espetacular!
Sérgio
3.2 223É um filme fraco, incapaz de aprofundar seja na vida política ou na vida pessoal do personagem.
Dentre todos os defeitos, o que mais se destaca é a montagem (uma das piores que eu já vi no cinema, sem exagero). A narrativa não linear é executada de forma confusa e desconexa, tornando o filme sempre despropositado. O final da história (depois do atentando) é reabordado num vai e vem constante, do início ao final do filme, deixando a experiência maçante, repetitiva e mesmo óbvia.
Além disso, outro ponto ridículo é a tentativa de um “plot twist” no final, forjando uma cena do casal no Rio. Criar uma cena falsa pra depois desmentí-la é um dos recursos mais simplórios e preguiçosos que se pode fazer num roteiro (além do que é um filme biográfico e a morte da personalidade já era de conhecimento geral (!?!?!).
Dois Caras Legais
3.6 640 Assista AgoraUm mundo que perde sua inocência.
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 851 Assista AgoraEm “Ad Astra”, James Gray se utiliza da ficção científica para inverter a proposta comum ao gênero. Nesse tipo de filme, o que se espera é um olhar para aquilo está fora, distante; aquilo que nos é desconhecido. Em “Ad Astra”, porém, defende-se justamente o oposto — a importância de olharmos para o próximo; aqueles que estão ao nosso lado.
Nesse sentido, existe, no filme, um forte pesar quanto às conquistas da geração passada (que, na verdade, é a geração atual fora da história futurista). Evoluímos nossa tecnologia e nossa economia. Nos tornamos técnicos, frios e metódicos. A falta de emoção é uma grande virtude; mantenha seus batimentos lentos.
Entretanto, e por isso um filme tão tocante, existe nele também uma ponta de esperança na humanidade. Somos como os nossos pais? Em certos aspectos, sim. Em outros, porém, podemos mudar. Podemos aprender a viver e a amar e a compartilhar. Sim, podemos.
“Ad Astra” é uma obra-prima; um dos melhores filmes dos últimos tempos.
Negócio Arriscado
3.3 192 Assista AgoraUm filme com abordagem cômica que retrata essa clássica dificuldade adolescente entre a escolha do caminho seguro e do caminho prazeroso. O mais interessante aqui é a coragem em deixar o moralismo de lado, saindo das respostas/ sermões óbvios.
“My name is Joel Goodson. I deal in human fulfillment. I grossed over eight thousand dollars in one night. Time of your life, huh kid?” Ótimo!!
A Paixão de Joana d'Arc
4.5 229 Assista AgoraLembra muito “O Pagador de Promessas”, do brasileiro Anselmo Duarte. Ambos tratam dessa fé individual batalhando contra a corrupção da instituição.
A Conversação
4.0 231 Assista Agora“A Conversação” é um profundo estudo de personagem. O protagonista, Harry Caul, apresenta pelo menos dois pontos principais, sendo essenciais para o entendimento da narrativa.
Primeiramente, o isolamento e distanciamento do personagem. Nada mais natural, pois se ele sabe que pode descobrir qualquer coisa sobre qualquer pessoa, sabe também que qualquer pessoa pode descobrir qualquer coisa sobre ele. Por isso ele se fecha tanto para o mundo a sua volta.
Segundamente, sua intensa relação com a religião. Se até mesmo pronunciar o nome de Deus em vão o incomoda tanto, é evidente sua extrema angústia ao perceber as possíveis consequências desastrosas de seu trabalho como “vigilante”. Por isso, o caso em Nova York que resultou em três assassinatos, a partir de sua “investigação”, representa um profundo trauma para o personagem.
Fechado em seus próprios pensamentos e influenciado pelo trauma anterior, ele enxerga um possível crime numa nova investigação. É por isso, portanto, que sua interpretação sobre a tal “conversação” se torna cada vez mais ambígua, paranóica e mesmo assustadora.
Além da Linha Vermelha
3.9 382 Assista AgoraÉ um filme cuja reflexão gira em torno do contraste entre a unidade da natureza, na qual todos os seres são diferentes formas de um todo, e a divisão da sociedade, sob a forma de uma guerra que coloca humanos em grupos distintos e sempre opostos.
Drácula
3.9 296 Assista AgoraDetesto contestar os clássicos, mas neste “Drácula” não teve jeito. Desconsidero aqui alguns pontos incomodativos do filme, como a ausência de trilha sonora, o efeito tosco do morcego ou os inúmeros closes no rosto do vilão, pois faziam parte do contexto das produções da época e julgá-los com o “olhar de hoje” seria cometer um anacronismo grosseiro. O que me parece realmente decepcionante, entretanto, é o roteiro da obra. A maior parte do desenvolvimento da narrativa é baseada num vai e vêm incessante dos doutores em torno da verdadeira identidade do Conde, o que acaba por tornar a história estagnada e maçante. Um deles defende que o Conde é um vampiro, os outros discordam. E por aí vai, repetidas vezes. Igualmente decepcionante é o desfecho do filme — a resolução do conflito final acontece de modo muito fácil; me parece um ponto quase preguiçoso do roteiro. Uma pena, mas esse não rolou pra mim!