Com exceção de um único fator, esse seria um filme com resultado nivelado em comparação com os outros filmes da saga. A questão é que esse fator é de fundamental importância — a premissa da obra é extremamente ambiciosa. E o filme, certamente, não responde à altura.
Segue meu ranking dos filmes de James Bond protagonizados por Daniel Craig:
Mam called me barmy when I told her I fell of a gasometer for a bet. But I'm not barmy, I'm a fighting pit prop that wants a pint of beer, that's me. But if any knowing bastard says that's me I'll tell them I'm a dynamite dealer waiting to blow the factory to kingdom come. I'm me and nobody else. Whatever people say I am, that's what I'm not because they don't know a bloody thing about me! God knows what I am.
O filme perde muito de seu potencial por conta do didatismo de Nolan — as explicações estão presentes durante toda a extensão da obra, sem trégua. E isso prejudica especialmente a parte emocional do filme, ou seja, aquela que concerne ao relacionamento de Cobb com sua ex-mulher e seus filhos. Me é impossível desenvolver mesmo o menor tipo de afeto ou simpatia pela família, uma vez que simplesmente todas as cenas com ela são flashbacks narrados pelas explicações pedantes de Cobb.
Barravento é o primeira longa de Glauber Rocha. Mesmo que a linguagem do diretor ainda estivesse pouco desenvolvida, o conteúdo do filme muito se assemelha a suas próximas obras. A temática do povo, da pobreza e da exploração já estão presentes.
Entretanto, é interessante como neste filme as críticas voltam-se principalmente para a própria comunidade, incapaz de se rebelar com sua situação de vida por um prisão religiosa autoimposta.
Os filhos de Iemanjá são vistos como homens imunes ao mar, mas que não podem se relacionar com outras mulheres por ciúmes da “mãe”.
O conflito principal se dá entre Aruã, filho de Iemanjá, e Firmino, ex-membro da comunidade que foi para a cidade trabalhar. Fato é que desde o início do filme ambos já apresentam uma convergência de pensamentos, pois duvidam dos preceitos religiosos da comunidade local.
Segundos eles, não existe santo de carne e osso. Pesca não se faz com rezas, mas sim com trabalho. O início de uma insurgência que pode libertar seus semelhantes.
Alguns aspectos técnicos, principalmente o som do filme, saem prejudicados, por conta da falta de recursos. Assim sendo, é um filme difícil de assistir, mas ainda vale a pena, já que temos aqui uma obra relevante, inteligente e questionadora.
No início, vemos uma terra virgem, intocada. Um lugar com plenos recursos, enorme potencial — Eldorado.
A obra mostra a confusão e a indecisão do poeta e jornalista Paulo, que protagoniza o filme. Em certos momentos, Paulo apoia a luta popular, a revolta das massas. Em outros, alia-se com grandes empresários e corruptos políticos, abandonando as causas sociais para festejar com mulheres, bebidas e música alta.
Glauber afirma a complexidade e dificuldade da natureza política. Embora com muitos vilões, não há sequer um herói. Todos os personagens são ambíguos, incoerentes e, por isso mesmo, não há nenhum caminho fácil ou óbvio a ser seguido. Paulo opta, por fim, pela luta armada das massas contra a elite, mas foi ele mesmo que censurou Jerônimo, afirmando que o povo é ignorante e analfabeto. Vieira possui apoio popular, mas lhe falta coragem para enfrentar seus oponentes.
“Nossos trabalhos na pedra, na pintura, na prensa são poupados, alguns deles por algumas décadas ou por um ou dois milênios. Mas tudo, por fim, irá cair na guerra ou desgastar nas cinzas inevitáveis e universais — os triunfos e as fraudes, os tesouros e as cópias.
Um fato da vida. Nós vamos morrer. Os de bom coração choram os artistas mortos de um passado vivo. Nossas canções serão todas silenciadas. Mas o que fazer? Continuem cantando.
Talvez o nome de um homem não seja tão importante.”
O amor é capaz de ultrapassar e transcender a razão, a ciência, o limitado conhecimento humano.
No filme, Chris Kelvin, ao chegar na estação espacial de Solaris, se depara com dois cientistas.
Sartorius representa a prepotência humana — a ciência como plenamente capaz de explicar todo o universo. Snaut, por sua vez, estabelece um contraponto. Ele entende que essa busca é gananciosa e fracassada, justamente pela arrogância característica da humanidade.
É nesse ponto que Kelvin se destaca — ele já não tenta explicar aquilo que presencia. Os acontecimentos da estação Solaris superam sua possibilidade de entendimento. Ele vê seu grande amor, Hari, e passa a crer nela, mesmo que aquilo possa ser uma ilusão. Afinal, Tarkóvski demonstra, também em outros de seus filmes, como a fé pode superar os limites do mundo materialista.
E se não há como entender ou explicar, só nos resta amar.
“Réquiem para um Sonho” apresenta uma história demasiadamente repetitiva. Todos os seus personagens possuem exatamente o mesmo arco. Todos eles com o mesmo início, meio e fim. Estamos falando não de um, nem de dois e incrivelmente também não de três. Quatro personagens cujas histórias são precisamente idênticas.
Além disso, a obra sofre com falta de sutileza e excesso de didatismo. Realmente é necessário mostrar uma geladeira se movendo a noite para representar o medo de uma idosa em ganhar peso? Beira ao ridículo.
“Era Uma Vez na América”. O nome da obra já permite entender seu objeto de estudo. Nesse sentido, interessante ressaltar como o diretor italiano Sergio Leone deixa bem claro sua visão estrangeira sobre o país. Não existe na obra nenhuma espécie de saudosismo ou patriotismo — muito pelo contrário!
O contexto que permeia toda a história é a formação da nação norte-americana. Quando crianças, os protagonistas vivem em um bairro onde o crime e a corrupção acontecem de forma local e contida. Existem alguns líderes da máfia local, pequenos policiais corruptos, furtos de objetos pessoais, etc. No segundo momento, com os personagens adultos, a corrupção já contamina esferas maiores, como os sindicatos, as indústrias e os chefes de polícia. Por fim, estando os personagens idosos, finalmente vê-se uma nação inteiramente construída em cima da criminalidade. Grandes políticos, estrelas de Hollywood, diversas celebridades e personalidades do alto escalão da sociedade — todos contaminados pela corrupção.
E mesmo na história específica dos personagens, a traição, a ambição e a violência permeiam toda a trajetória das relações. O filme é uma triste visão da sociedade e da humanidade como um todo. Excelente desfecho para uma filmografia excepcional!
“Cléo das 5 às 7” é essencialmente uma obra sobre transformação.
De início, conhecemos uma protagonista vaidosa e egocêntrica. A presença constante de espelhos reflete sua incessante busca pela beleza, ao passo que os personagens parecem estar ali com o único propósito de satisfazê-la.
Tudo muda com o risco iminente da morte. Ela saí de casa e, pela primeira vez, percebe o externo — as pessoas a sua volta, os artistas na rua, os clientes na cafeteria, os marinheiros no porto. E, justamente por desviar a atenção de si, é que Cléo consegue abrir espaço para o outro, para Antoine.
O filme muito me toca. Agnès Varda, com uma incrível direção e fotografia, mostra a importância do olhar para o próximo.
O título original da obra, em tradução literal, seria “À Beira Mar”. Esse é um lugar particularmente interessante pois marca a divisão entre dois lados opostos — terra e mar. Terry Malloy, protagonista do filme, encontra-se em situação semelhante.
Isso porque “Sindicato dos Ladrões” nos mostra uma cidade portuária dominado por criminosos, que controlam o trabalho nos portos, surgindo, portanto, um grupo aliado e outro oposto à dominação dos “ladrões”. Terry oscila entre os dois lados, vendo seu irmão, Charley Malloy, advogando os gângsters e sua paixão, Edie Doyle, lutando contra os crimes na cidade.
Acredito que os trabalhadores explorados seriam como os pombos, que, por medo dos gaviões, encontram-se aprisionados em uma gaiola. Qualquer um que possua um ímpeto revolucionário é rapidamente “silenciado”. Mas se, ao invés de somente “um”, fossem todos revolucionários? Pois o filme nos sugere uma resposta.
Martin Scorsese já havia feito um excelente longa em sua faculdade de cinema, chamado “Quem Bate à Minha Porta”. “Sexy e Marginal”, porém, consiste em sua estreia profissional, tendo como produtor Roger Corman, grande nome do cinema independente dos Estados Unidos.
Em “Sexy e Marginal”, Scorsese estuda em um esfera menor aquilo que ocorreu de forma generalizada na época em que se passa o filme. A rebelião de diversos proletários explorados em seus trabalhos, muitas vezes acusados de comunistas por isso, é de certa forma o que ocorre com os protagonistas da trama. Reparem: um mulher acusada de prostituta, um negro e um nortista em meio ao conservadorismo do sul e um líder sindical visto como comunista. Esses são perfeitos exemplos de verdadeiros marginalizados, que, justamente por isso, se rebelam contra o sistema que os oprime.
O filme assemelha-se à um “road-movie”, já apresentando tendências de um dos maiores movimentos cinematográficos dos Estados Unidos, chamado de “Nova Hollywood”. Aliás, Scorsese dirige grandes títulos desse movimento, como “Caminhos Perigosos”, “Taxi Driver” e aquele que alguns consideram como sendo o último deles, “Touro Indomável”. Certamente, em meio a esses últimos, “Sexy e Marginal” é uma obra menor na filmografia do diretor. Entretanto, existem boas qualidades no filme, com destaque para a direção de Scorsese, concebendo planos belíssimos como o último da obra.
Um ponto fraco muito comum em diversos blockbusters hollywoodianos é a figura de um vilão superficial e mal desenvolvido, que geralmente ambiciona o mal simplesmente pelo mal e nada além disso. Essa falha ocorre pelo fato de que esses filmes geralmente buscam explorar quase que exclusivamente os heróis, esquecendo-se, portanto, do outro lado da história.
Interessante notar que a saga de Animais Fantásticos vai no caminho oposto, reservando um filme para que o Grindelwald pudesse ser melhor desenvolvido. É justamente isso que ocorre em “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”. A obra explora principalmente o discurso sedutor do vilão, que esconde sua ambição pelo poder e dominação não somente do mundo bruxo, como do mundo dos trouxas.
O filme torna-se disperso e confuso em vários momentos, apresenta um sub-trama ao meu ver desinteressante relacionada com o histórico de Credence, além de estagnar em outros pontos, como na relação de Newt com Porpentina. Por isso, acredito que o filme perde qualidade em relação ao seu antecessor, muito embora tenha uma decisão admirável quanto ao aprofundamento do antagonista.
Nas artes de maneira geral, e acredito que isso se estenda para outras áreas do conhecimento, existem obras que, para serem entendidas e melhor apreciadas, exigem um conhecimento mais bem desenvolvido do seu tema. Alguns filmes, por exemplo, demandam um alto grau de entendimento da linguagem cinematográfica, para que então possam ser entendidas as suas reais qualidades.
“Um Sonho de Liberdade” certamente não é um desses. Não me entendam mal — essa obra é mais do que boa, ou muito boa. É um filme excelente, profundamente emocionante, com cenas lindíssimas e memoráveis. Mas, mais do que isso, esse é um filme que deixa suas qualidades claras para qualquer um que assista, desde uma criança que nunca viu um filme, até o crítico mais conhecedor. Está ali, estampando, claro, evidente.
Os temas de prisão, redenção, corrupção e abuso de poder são abordados com profundidade e complexidade. O que mais me chama atenção, porém, é o quão sensível o filme é quanto as questões verdadeiramente humanas. O amor, a dor, a esperança, me emociono só de lembrar!
Em “Veludo Azul”, David Lynch apropria-se do suspense policial e, como já era de se esperar, não se mantém dentro dos moldes normalmente atribuídos ao gênero. Pelo contrário, ele subverte esse suspense, criando algo inovador e autoral. Toda essa estranheza ajuda a criar uma atmosfera sedutora ao filme, que mantém a atenção do público justamente por essa incrível capacidade do diretor.
Analisando o filme superficialmente, a trama não apresenta nada que se difere muito do usual. Uma mãe cuja família é sequestrada passa a ser chantageada e abusada por criminosos. Entretanto, e justamente por isso fundamental, o talento de Lynch subverte dos grandes aos mínimos pontos da obra, criando personagens e situações únicas. Excelente filme!
Em “A Noviça Rebelde”, encontramos uma obra na qual toda potencialidade do cinema é explorada ao máximo. Por isso, palavras tornam-se muito escassas e insuficientes para descrever a obra. Pela beleza das músicas e das fotografias, as 3 horas de duração parecem passar em 3 minutos. Tudo isso já fica bem claro na cena inicial do filme, certamente uma das mais belas aberturas do cinema.
Já que, portanto, é um tarefa em vão tentar descrever a beleza dessa obra, resta-me explorar um pouco das possíveis interpretações para a história do filme. O título original, “O Som da Música” em tradução literal, mostra-nos como as canções são importantes na trama. A música é utilizada como uma forma de melhorar ou ao menos escapar de uma realidade que oprime e assusta. É o modo pelo qual as crianças enfrentam a autoridade e inflexibilidade do pai, ou mesmo a forma com a qual a família, ao final, luta contra o regime fascista em ascensão.
“A Noviça Rebelde” é, sem sombra de dúvidas, uma grande obra-prima da Sétima Arte. As atuações, músicas e fotografias encontram-se em perfeita harmonia, trazendo uma das mais raras experiências que o cinema pode apresentar.
“Animais Fantásticos e Onde Habitam” é uma boa introdução para essa nova saga de J. K. Rolling.
A obra se desprende do mundo infantil e imaginário dos filmes originais do “Harry Potter”, muito baseados na escola de Hogwarts, para explorar um pouco mais da burocracia do mundo bruxo, o que traz um tom mais maduro e formal ao filme.
Em meio a essa burocracia, surge a figura rebelde de Newt Scamander, que, de certa forma, confronta o “status quo”. Isso porque Newt trabalha como um magizoologista e, portanto, luta pela proteção dos animais fantásticos, seres que são confrontados pela sociedade bruxa de modo geral.
Nesse sentido, é interessante ressaltar que, mesmo em mundo mágico, a sociedade e a burocracia não deixam de apresentar diversas falhas, preconceitos, erros que podem prejudicar até mesmo vidas inocentes.
Talvez o roteiro apresente uma ou outra falha, como a revelação e prisão de Grindelwald ao final, mas nada que prejudique muito a obra. Bom filme!
“O Posto” é um perfeito exemplar do importante movimento de cinema conhecido como Neorrealismo Italiano. Isso porque a obra escancara, da forma mais literal possível, a difícil realidade da população após as Grandes Guerras.
O protagonista do filme vive um momento de transição precipitada, pois precisa abandonar os estudos ainda jovem para conseguir um emprego e ajudar na escassa renda de sua família.
Para um jovem ainda na faculdade, como é o meu caso, o filme, no mínimo, incomoda. O garoto é engolido por um grande corporação e, em meio aos diversos setores e funcionários, ele acaba por perder o contanto com a garota que conheceu durante o processo de aprovação. Ela, por sua vez, representa um escape daquele difícil situação, uma possibilidade de prazer e felicidade em meio à frustração.
É interessante também como o filme se desprende do protagonista em dados momentos, explorando, mesmo que superficialmente, a vida de outros trabalhadores da empresa. Esses são mais velhos, algo que reforça a ideia de incoerência entre a idade do menino e seu respectivo contexto, além de terem uma vida maçante e desanimada, uma espécie de antecipação do que viria a ser a vida do garoto.
Um excelente filme, mesmo que um tanto perturbador.
Essa nova versão de “O Estranho Que Nós Amamos” não acrescenta nada em relação ao clássico de 1971. Pelo contrário, a partir de uma redução na duração do filme, encontramos um roteiro simplificado, que acaba por diminuir a tensão sexual da trama, além de amenizar a complexidade e ambiguidade dos personagens — fatores essenciais para a obra, que são muito melhor explorados na versão original.
“O Estranho Que Nós Amamos” impressiona por retratar os diversos personagens e lados da história de forma sofisticada e ambígua. Não é possível apontar com imediata certeza quais seriam os heróis ou violões da obra.
Isso se estende não somente aos personagens do filme, mas também ao contexto da Guerra Civil Americana que circunda a obra. Seja entre John McBurney e as mulheres do colégio; ou ainda entre União e Confederados — a obra foge de uma dualidade simplista, apresentando lados opostos que cometem erros semelhantes e são igualmente questionáveis.
Nota-se, por exemplo, como as moças do abrigo temem, durante toda extensão da obra, um possível abuso sexual tanto por parte dos soldados nortistas quanto dos sulistas.
Assim sendo, temos aqui um excelente filme, que muito bem explora as tensões internas de um abrigo envolto por um contexto igualmente conflituoso. A mudança no tom do filme é corajosa e admirável — esse caráter cada vez mais perturbador ao decorrer da história certamente desconcertará a maior parte do público, mas por isso mesmo torna a obra tão interessante.
“Bohemian Rhapsody” é um bom filme, que nos traz a história da grande banda “Queen” com o eixo principal focado na figura do vocalista Freddie Mercury.
Tecnicamente a obra impressiona — direção, fotografia, figurino, design de produção, efeitos especiais, todos esses muito bem realizados. O destaque fica com o trabalho de som, que potencializa toda a grandeza das músicas do Queen e da voz excepcional de Mercury. Basta reparar nos créditos finais, onde não é feita a edição e mixagem de som, para perceber como esse trabalho faz toda (e que!) diferença.
O roteiro realmente deixa a desejar. Mesmo apresentando um desenvolvimento fluído e eficiente da carreira da banda, alguns pontos específicos do filme são mal explorados ou ainda mal resolvidos. A título de exemplo, pode se citar o conflito de Mercury com sua origem étnica ou ainda sua relação com Jim Hutton, ambos pessimamente resolvidos ao final do filme.
Outro ponto que deve ser ressaltado é a atuação (ou melhor — não atuação!) de Rami Malek. Entendam, Malek realiza uma imitação impecável de Mercury. Nos shows, por exemplo, é inegável a sua ótima performance, quase como se estivesse ali o verdadeiro vocalista. Entretanto, digo que não há atuação, pois o trabalho de Malek não oferece vida a Mercury — o ator soa como uma máquina de trejeitos. Para os shows isso funciona, mas e quanto às cenas dos dramas pessoais de Mercury? Ele não desenvolve o personagem, não o torna orgânico, se contem, mostrando um resultado vazio.
Mesmo com esses pontos problemáticos, o filme convence, diverte, faz acreditar. Recomendo!
007 Contra Spectre
3.3 1,0K Assista AgoraCom exceção de um único fator, esse seria um filme com resultado nivelado em comparação com os outros filmes da saga. A questão é que esse fator é de fundamental importância — a premissa da obra é extremamente ambiciosa. E o filme, certamente, não responde à altura.
Segue meu ranking dos filmes de James Bond protagonizados por Daniel Craig:
1) Skyfall
2) Casino Royale
3) Quantum of Solace
4) Spectre
Ainda sim, considero todos os quatro bons filmes!
Tudo Começou no Sábado
3.8 25Mam called me barmy when I told her I fell of a gasometer for a bet. But I'm not barmy, I'm a fighting pit prop that wants a pint of beer, that's me. But if any knowing bastard says that's me I'll tell them I'm a dynamite dealer waiting to blow the factory to kingdom come. I'm me and nobody else. Whatever people say I am, that's what I'm not because they don't know a bloody thing about me! God knows what I am.
O Curioso Caso de Benjamin Button
4.1 3,3K Assista AgoraLindo...
A Origem
4.4 5,9K Assista AgoraO filme perde muito de seu potencial por conta do didatismo de Nolan — as explicações estão presentes durante toda a extensão da obra, sem trégua. E isso prejudica especialmente a parte emocional do filme, ou seja, aquela que concerne ao relacionamento de Cobb com sua ex-mulher e seus filhos. Me é impossível desenvolver mesmo o menor tipo de afeto ou simpatia pela família, uma vez que simplesmente todas as cenas com ela são flashbacks narrados pelas explicações pedantes de Cobb.
Barravento
3.9 70Barravento é o primeira longa de Glauber Rocha. Mesmo que a linguagem do diretor ainda estivesse pouco desenvolvida, o conteúdo do filme muito se assemelha a suas próximas obras. A temática do povo, da pobreza e da exploração já estão presentes.
Entretanto, é interessante como neste filme as críticas voltam-se principalmente para a própria comunidade, incapaz de se rebelar com sua situação de vida por um prisão religiosa autoimposta.
Os filhos de Iemanjá são vistos como homens imunes ao mar, mas que não podem se relacionar com outras mulheres por ciúmes da “mãe”.
O conflito principal se dá entre Aruã, filho de Iemanjá, e Firmino, ex-membro da comunidade que foi para a cidade trabalhar. Fato é que desde o início do filme ambos já apresentam uma convergência de pensamentos, pois duvidam dos preceitos religiosos da comunidade local.
Segundos eles, não existe santo de carne e osso. Pesca não se faz com rezas, mas sim com trabalho. O início de uma insurgência que pode libertar seus semelhantes.
Alguns aspectos técnicos, principalmente o som do filme, saem prejudicados, por conta da falta de recursos. Assim sendo, é um filme difícil de assistir, mas ainda vale a pena, já que temos aqui uma obra relevante, inteligente e questionadora.
Terra em Transe
4.1 286 Assista AgoraNo início, vemos uma terra virgem, intocada. Um lugar com plenos recursos, enorme potencial — Eldorado.
A obra mostra a confusão e a indecisão do poeta e jornalista Paulo, que protagoniza o filme. Em certos momentos, Paulo apoia a luta popular, a revolta das massas. Em outros, alia-se com grandes empresários e corruptos políticos, abandonando as causas sociais para festejar com mulheres, bebidas e música alta.
Glauber afirma a complexidade e dificuldade da natureza política. Embora com muitos vilões, não há sequer um herói. Todos os personagens são ambíguos, incoerentes e, por isso mesmo, não há nenhum caminho fácil ou óbvio a ser seguido. Paulo opta, por fim, pela luta armada das massas contra a elite, mas foi ele mesmo que censurou Jerônimo, afirmando que o povo é ignorante e analfabeto. Vieira possui apoio popular, mas lhe falta coragem para enfrentar seus oponentes.
O final, portanto, já era claro. Desde o início.
Os Girassóis da Rússia
4.1 106Os dois para sempre irão se desejar, tal como a flor que busca o sol — sem fim.
Uma das mais belas histórias de amor, simplesmente.
Verdades e Mentiras
4.2 69“Nossos trabalhos na pedra, na pintura, na prensa são poupados, alguns deles por algumas décadas ou por um ou dois milênios. Mas tudo, por fim, irá cair na guerra ou desgastar nas cinzas inevitáveis e universais — os triunfos e as fraudes, os tesouros e as cópias.
Um fato da vida. Nós vamos morrer.
Os de bom coração choram os artistas mortos de um passado vivo. Nossas canções serão todas silenciadas. Mas o que fazer? Continuem cantando.
Talvez o nome de um homem não seja tão importante.”
A arte supera o artista — ela é a verdade.
Solaris
4.2 369 Assista AgoraUma interpretação pessoal sobre “Solaris”:
O amor é capaz de ultrapassar e transcender a razão, a ciência, o limitado conhecimento humano.
No filme, Chris Kelvin, ao chegar na estação espacial de Solaris, se depara com dois cientistas.
Sartorius representa a prepotência humana — a ciência como plenamente capaz de explicar todo o universo. Snaut, por sua vez, estabelece um contraponto. Ele entende que essa busca é gananciosa e fracassada, justamente pela arrogância característica da humanidade.
É nesse ponto que Kelvin se destaca — ele já não tenta explicar aquilo que presencia. Os acontecimentos da estação Solaris superam sua possibilidade de entendimento. Ele vê seu grande amor, Hari, e passa a crer nela, mesmo que aquilo possa ser uma ilusão. Afinal, Tarkóvski demonstra, também em outros de seus filmes, como a fé pode superar os limites do mundo materialista.
E se não há como entender ou explicar, só nos resta amar.
Réquiem para um Sonho
4.3 4,4K Assista Agora“Réquiem para um Sonho” apresenta uma história demasiadamente repetitiva. Todos os seus personagens possuem exatamente o mesmo arco. Todos eles com o mesmo início, meio e fim. Estamos falando não de um, nem de dois e incrivelmente também não de três. Quatro personagens cujas histórias são precisamente idênticas.
Além disso, a obra sofre com falta de sutileza e excesso de didatismo. Realmente é necessário mostrar uma geladeira se movendo a noite para representar o medo de uma idosa em ganhar peso? Beira ao ridículo.
O Professor Aloprado
3.6 126A garota me lembra a Marilyn Monroe!
Era uma Vez na América
4.3 531 Assista Agora“Era Uma Vez na América”. O nome da obra já permite entender seu objeto de estudo. Nesse sentido, interessante ressaltar como o diretor italiano Sergio Leone deixa bem claro sua visão estrangeira sobre o país. Não existe na obra nenhuma espécie de saudosismo ou patriotismo — muito pelo contrário!
O contexto que permeia toda a história é a formação da nação norte-americana. Quando crianças, os protagonistas vivem em um bairro onde o crime e a corrupção acontecem de forma local e contida. Existem alguns líderes da máfia local, pequenos policiais corruptos, furtos de objetos pessoais, etc. No segundo momento, com os personagens adultos, a corrupção já contamina esferas maiores, como os sindicatos, as indústrias e os chefes de polícia. Por fim, estando os personagens idosos, finalmente vê-se uma nação inteiramente construída em cima da criminalidade. Grandes políticos, estrelas de Hollywood, diversas celebridades e personalidades do alto escalão da sociedade — todos contaminados pela corrupção.
E mesmo na história específica dos personagens, a traição, a ambição e a violência permeiam toda a trajetória das relações. O filme é uma triste visão da sociedade e da humanidade como um todo. Excelente desfecho para uma filmografia excepcional!
Cléo das 5 às 7
4.2 201 Assista Agora“Cléo das 5 às 7” é essencialmente uma obra sobre transformação.
De início, conhecemos uma protagonista vaidosa e egocêntrica. A presença constante de espelhos reflete sua incessante busca pela beleza, ao passo que os personagens parecem estar ali com o único propósito de satisfazê-la.
Tudo muda com o risco iminente da morte. Ela saí de casa e, pela primeira vez, percebe o externo — as pessoas a sua volta, os artistas na rua, os clientes na cafeteria, os marinheiros no porto. E, justamente por desviar a atenção de si, é que Cléo consegue abrir espaço para o outro, para Antoine.
O filme muito me toca. Agnès Varda, com uma incrível direção e fotografia, mostra a importância do olhar para o próximo.
Sindicato de Ladrões
4.2 295 Assista AgoraO título original da obra, em tradução literal, seria “À Beira Mar”. Esse é um lugar particularmente interessante pois marca a divisão entre dois lados opostos — terra e mar. Terry Malloy, protagonista do filme, encontra-se em situação semelhante.
Isso porque “Sindicato dos Ladrões” nos mostra uma cidade portuária dominado por criminosos, que controlam o trabalho nos portos, surgindo, portanto, um grupo aliado e outro oposto à dominação dos “ladrões”. Terry oscila entre os dois lados, vendo seu irmão, Charley Malloy, advogando os gângsters e sua paixão, Edie Doyle, lutando contra os crimes na cidade.
Acredito que os trabalhadores explorados seriam como os pombos, que, por medo dos gaviões, encontram-se aprisionados em uma gaiola. Qualquer um que possua um ímpeto revolucionário é rapidamente “silenciado”. Mas se, ao invés de somente “um”, fossem todos revolucionários? Pois o filme nos sugere uma resposta.
Sexy e Marginal
3.1 52 Assista AgoraMartin Scorsese já havia feito um excelente longa em sua faculdade de cinema, chamado “Quem Bate à Minha Porta”. “Sexy e Marginal”, porém, consiste em sua estreia profissional, tendo como produtor Roger Corman, grande nome do cinema independente dos Estados Unidos.
Em “Sexy e Marginal”, Scorsese estuda em um esfera menor aquilo que ocorreu de forma generalizada na época em que se passa o filme. A rebelião de diversos proletários explorados em seus trabalhos, muitas vezes acusados de comunistas por isso, é de certa forma o que ocorre com os protagonistas da trama. Reparem: um mulher acusada de prostituta, um negro e um nortista em meio ao conservadorismo do sul e um líder sindical visto como comunista. Esses são perfeitos exemplos de verdadeiros marginalizados, que, justamente por isso, se rebelam contra o sistema que os oprime.
O filme assemelha-se à um “road-movie”, já apresentando tendências de um dos maiores movimentos cinematográficos dos Estados Unidos, chamado de “Nova Hollywood”. Aliás, Scorsese dirige grandes títulos desse movimento, como “Caminhos Perigosos”, “Taxi Driver” e aquele que alguns consideram como sendo o último deles, “Touro Indomável”. Certamente, em meio a esses últimos, “Sexy e Marginal” é uma obra menor na filmografia do diretor. Entretanto, existem boas qualidades no filme, com destaque para a direção de Scorsese, concebendo planos belíssimos como o último da obra.
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald
3.5 1,1K Assista AgoraUm ponto fraco muito comum em diversos blockbusters hollywoodianos é a figura de um vilão superficial e mal desenvolvido, que geralmente ambiciona o mal simplesmente pelo mal e nada além disso. Essa falha ocorre pelo fato de que esses filmes geralmente buscam explorar quase que exclusivamente os heróis, esquecendo-se, portanto, do outro lado da história.
Interessante notar que a saga de Animais Fantásticos vai no caminho oposto, reservando um filme para que o Grindelwald pudesse ser melhor desenvolvido. É justamente isso que ocorre em “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”. A obra explora principalmente o discurso sedutor do vilão, que esconde sua ambição pelo poder e dominação não somente do mundo bruxo, como do mundo dos trouxas.
O filme torna-se disperso e confuso em vários momentos, apresenta um sub-trama ao meu ver desinteressante relacionada com o histórico de Credence, além de estagnar em outros pontos, como na relação de Newt com Porpentina. Por isso, acredito que o filme perde qualidade em relação ao seu antecessor, muito embora tenha uma decisão admirável quanto ao aprofundamento do antagonista.
Um Sonho de Liberdade
4.6 2,4K Assista AgoraNas artes de maneira geral, e acredito que isso se estenda para outras áreas do conhecimento, existem obras que, para serem entendidas e melhor apreciadas, exigem um conhecimento mais bem desenvolvido do seu tema. Alguns filmes, por exemplo, demandam um alto grau de entendimento da linguagem cinematográfica, para que então possam ser entendidas as suas reais qualidades.
“Um Sonho de Liberdade” certamente não é um desses. Não me entendam mal — essa obra é mais do que boa, ou muito boa. É um filme excelente, profundamente emocionante, com cenas lindíssimas e memoráveis. Mas, mais do que isso, esse é um filme que deixa suas qualidades claras para qualquer um que assista, desde uma criança que nunca viu um filme, até o crítico mais conhecedor. Está ali, estampando, claro, evidente.
Os temas de prisão, redenção, corrupção e abuso de poder são abordados com profundidade e complexidade. O que mais me chama atenção, porém, é o quão sensível o filme é quanto as questões verdadeiramente humanas. O amor, a dor, a esperança, me emociono só de lembrar!
Veludo Azul
3.9 776 Assista AgoraEm “Veludo Azul”, David Lynch apropria-se do suspense policial e, como já era de se esperar, não se mantém dentro dos moldes normalmente atribuídos ao gênero. Pelo contrário, ele subverte esse suspense, criando algo inovador e autoral. Toda essa estranheza ajuda a criar uma atmosfera sedutora ao filme, que mantém a atenção do público justamente por essa incrível capacidade do diretor.
Analisando o filme superficialmente, a trama não apresenta nada que se difere muito do usual. Uma mãe cuja família é sequestrada passa a ser chantageada e abusada por criminosos. Entretanto, e justamente por isso fundamental, o talento de Lynch subverte dos grandes aos mínimos pontos da obra, criando personagens e situações únicas. Excelente filme!
A Noviça Rebelde
4.2 801 Assista AgoraEm “A Noviça Rebelde”, encontramos uma obra na qual toda potencialidade do cinema é explorada ao máximo. Por isso, palavras tornam-se muito escassas e insuficientes para descrever a obra. Pela beleza das músicas e das fotografias, as 3 horas de duração parecem passar em 3 minutos. Tudo isso já fica bem claro na cena inicial do filme, certamente uma das mais belas aberturas do cinema.
Já que, portanto, é um tarefa em vão tentar descrever a beleza dessa obra, resta-me explorar um pouco das possíveis interpretações para a história do filme. O título original, “O Som da Música” em tradução literal, mostra-nos como as canções são importantes na trama. A música é utilizada como uma forma de melhorar ou ao menos escapar de uma realidade que oprime e assusta. É o modo pelo qual as crianças enfrentam a autoridade e inflexibilidade do pai, ou mesmo a forma com a qual a família, ao final, luta contra o regime fascista em ascensão.
“A Noviça Rebelde” é, sem sombra de dúvidas, uma grande obra-prima da Sétima Arte. As atuações, músicas e fotografias encontram-se em perfeita harmonia, trazendo uma das mais raras experiências que o cinema pode apresentar.
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista Agora“Animais Fantásticos e Onde Habitam” é uma boa introdução para essa nova saga de J. K. Rolling.
A obra se desprende do mundo infantil e imaginário dos filmes originais do “Harry Potter”, muito baseados na escola de Hogwarts, para explorar um pouco mais da burocracia do mundo bruxo, o que traz um tom mais maduro e formal ao filme.
Em meio a essa burocracia, surge a figura rebelde de Newt Scamander, que, de certa forma, confronta o “status quo”. Isso porque Newt trabalha como um magizoologista e, portanto, luta pela proteção dos animais fantásticos, seres que são confrontados pela sociedade bruxa de modo geral.
Nesse sentido, é interessante ressaltar que, mesmo em mundo mágico, a sociedade e a burocracia não deixam de apresentar diversas falhas, preconceitos, erros que podem prejudicar até mesmo vidas inocentes.
Talvez o roteiro apresente uma ou outra falha, como a revelação e prisão de Grindelwald ao final, mas nada que prejudique muito a obra. Bom filme!
O Posto
4.2 16“O Posto” é um perfeito exemplar do importante movimento de cinema conhecido como Neorrealismo Italiano. Isso porque a obra escancara, da forma mais literal possível, a difícil realidade da população após as Grandes Guerras.
O protagonista do filme vive um momento de transição precipitada, pois precisa abandonar os estudos ainda jovem para conseguir um emprego e ajudar na escassa renda de sua família.
Para um jovem ainda na faculdade, como é o meu caso, o filme, no mínimo, incomoda. O garoto é engolido por um grande corporação e, em meio aos diversos setores e funcionários, ele acaba por perder o contanto com a garota que conheceu durante o processo de aprovação. Ela, por sua vez, representa um escape daquele difícil situação, uma possibilidade de prazer e felicidade em meio à frustração.
É interessante também como o filme se desprende do protagonista em dados momentos, explorando, mesmo que superficialmente, a vida de outros trabalhadores da empresa. Esses são mais velhos, algo que reforça a ideia de incoerência entre a idade do menino e seu respectivo contexto, além de terem uma vida maçante e desanimada, uma espécie de antecipação do que viria a ser a vida do garoto.
Um excelente filme, mesmo que um tanto perturbador.
O Estranho que Nós Amamos
3.2 615 Assista AgoraEssa nova versão de “O Estranho Que Nós Amamos” não acrescenta nada em relação ao clássico de 1971. Pelo contrário, a partir de uma redução na duração do filme, encontramos um roteiro simplificado, que acaba por diminuir a tensão sexual da trama, além de amenizar a complexidade e ambiguidade dos personagens — fatores essenciais para a obra, que são muito melhor explorados na versão original.
O Estranho Que Nós Amamos
3.9 131 Assista Agora“O Estranho Que Nós Amamos” impressiona por retratar os diversos personagens e lados da história de forma sofisticada e ambígua. Não é possível apontar com imediata certeza quais seriam os heróis ou violões da obra.
Isso se estende não somente aos personagens do filme, mas também ao contexto da Guerra Civil Americana que circunda a obra. Seja entre John McBurney e as mulheres do colégio; ou ainda entre União e Confederados — a obra foge de uma dualidade simplista, apresentando lados opostos que cometem erros semelhantes e são igualmente questionáveis.
Nota-se, por exemplo, como as moças do abrigo temem, durante toda extensão da obra, um possível abuso sexual tanto por parte dos soldados nortistas quanto dos sulistas.
Assim sendo, temos aqui um excelente filme, que muito bem explora as tensões internas de um abrigo envolto por um contexto igualmente conflituoso. A mudança no tom do filme é corajosa e admirável — esse caráter cada vez mais perturbador ao decorrer da história certamente desconcertará a maior parte do público, mas por isso mesmo torna a obra tão interessante.
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista Agora“Bohemian Rhapsody” é um bom filme, que nos traz a história da grande banda “Queen” com o eixo principal focado na figura do vocalista Freddie Mercury.
Tecnicamente a obra impressiona — direção, fotografia, figurino, design de produção, efeitos especiais, todos esses muito bem realizados. O destaque fica com o trabalho de som, que potencializa toda a grandeza das músicas do Queen e da voz excepcional de Mercury. Basta reparar nos créditos finais, onde não é feita a edição e mixagem de som, para perceber como esse trabalho faz toda (e que!) diferença.
O roteiro realmente deixa a desejar. Mesmo apresentando um desenvolvimento fluído e eficiente da carreira da banda, alguns pontos específicos do filme são mal explorados ou ainda mal resolvidos. A título de exemplo, pode se citar o conflito de Mercury com sua origem étnica ou ainda sua relação com Jim Hutton, ambos pessimamente resolvidos ao final do filme.
Outro ponto que deve ser ressaltado é a atuação (ou melhor — não atuação!) de Rami Malek. Entendam, Malek realiza uma imitação impecável de Mercury. Nos shows, por exemplo, é inegável a sua ótima performance, quase como se estivesse ali o verdadeiro vocalista. Entretanto, digo que não há atuação, pois o trabalho de Malek não oferece vida a Mercury — o ator soa como uma máquina de trejeitos. Para os shows isso funciona, mas e quanto às cenas dos dramas pessoais de Mercury? Ele não desenvolve o personagem, não o torna orgânico, se contem, mostrando um resultado vazio.
Mesmo com esses pontos problemáticos, o filme convence, diverte, faz acreditar. Recomendo!