Tabu subverte a trama convencional flertando com o surreal e com narrativa pós-estruturalista, dividido em duas partes : Paradise Lost/Paradise e contando com um prólogo, o filme funciona como uma exploração conceitual da memória das personagens presas ao passado, ao mesmo tempo a linda fotografia preto-e-branco e a 2ª parte sem diálogos presta homenagem aos filmes da época de ouro do cinema. Simples, evocativo, gostoso de assistir, um ótimo filme do Miguel Gomes.
As memórias da infância de Terence Davies serviram de inspiração para o filme, que é dividido em duas partes filmadas com 2 anos de diferença. Quem diria que da cinzenta e miserável Liverpool Pós-II Guerra fotografada em cores sombre, sairia algo tão sublime e poético como Distant Voices, Still Lives... música e cultura popular como salvação, expressão direta dos sentimentos, emoção profundamente sentida, como um gatilho da memória, a ultima esperança, o último raio de fé... quando a vida nos oprime, encontramos na arte uma forma de redenção. Uma das coisas mais lindas e emocionantes que eu já assisti, melhor filme sobre exorcismo de memórias desde O espelho do Tarkovski.
Uma biografia inortodoxa e minimalista, porém poética, ousada, delirante e fiel ao espírito da arte de Caravaggio e de Derek Jarmam que extrai máximo efeito emocional com pouquíssimos elementos. Interessante a noção de tempo e espaço adicionada aos quadros e linda de se olhar a fotografia que simula chiaroscuro nessa busca do homem em conciliar a vida e a arte. "All art is against lived experience. How can you compare flesh and blood with oil, ground pigment?"
O filme foca na relação conturbada entre Francis Bacon e seu modelo e amante George Dyer, um criminoso não lá muito inteligente e com fortes tendências auto-destrutivas. No quarto Bacon era masoquista, mas em público era sádico, o diretor ousa e mostra com certa brutalidade o monstro que vivia por debaixo do artista que não teve medo de se aventurar pelos lugares mais sombrios da alma e leva o público ao lado macabro que habita a mente de um grande gênio.
Atuação eletrizante de Derek Jacobi, e o elenco ainda conta com Tilda Swinton. Uma biografia que observa a mente do artista pela ótica de suas próprias obras. Usando lentes distorcidas e edição rápida, fragmentada, o filme recria o clima de pesadelo das obras do pintor pós-guerra que recusou se render ao abstracionismo, a tela pela qual presenciamos sua vida pessoal e seus pensamentos simula as pinturas do próprio Bacon, fazendo inúmeras referências visuais. O único porém é referente à estrutura que se utiliza de cenas rápidas e atmosféricas com a intenção de criar uma experiência mais imersiva, o que pode acabar alienando o público que não tem conhecimento prévio sobre o pintor.
Volver é um retorno das atrizes ( Carmen e Penélope), retorno temático, retorno tonal ( onde se nota influência de Hitchcock, Douglas Sirk, Fassbinder), retorno do próprio diretor ao passado ( filmado em La Mancha, onde ele nasceu). Centrado no melodrama mãe-filha e cercado de temas pesados o filme parece ter uns bons punhados de auto-biografia ou pelo menos demonstra uma sensibilidade de quem tem experiência - e isso é recorrente nos filmes que já vi do Almodóvar : vitimização, conflitos familiares, sentimentos à flor da pele e experiências sexuais bizarras são temas onipresentes nas obras do diretor. ㅤ Outro retorno é o do estilo decorativo cheio de cores fortes e ângulos inclinados que é gostoso de se ver e serve como afirmação da assinatura visual. Penélope Cruz também é sempre muito boa de se ver e Almodóvar ultrapassa o fetiche em enquadramentos e composições curiosas com o corpo da atriz que evocam humor-negro. Mas nem só de retornos é feito Volver, o filme é um grande passo evolutivo na carreira do diretor ( o que já não posso dizer de Los Abrazos Rotos e La Piel que Habito ) juntando de forma efetiva entretenimento popular e arte.
" La Belle et la Bête é a mais perfeita fábula cinematográfica já contada. Depois de Méliès, apenas Cocteau entendeu que para contar um conto de fadas é necessária perfeita simplicidade - e que nada além do puro poder do cinema é necessário para criar espanto e admiração." - Guillermo del Toro
Destruição como um ato de criação, um artista que assassina a própria tela, um diretor que passa com uma serra elétrica no próprio filme por puro desprezo ao status quo. Irma Vep é um respiro de Nouvelle Vague + Maggie Cheung.
Poética das sombras cheias de fantasia e horror. Intuitivo, primitivo, mágico. Vampirismo é tratado como algo espiritual, psíquico... não tenho adjetivos suficientes para Vampyr.
Showgirls não é um filme sexy, é um dos mais anti-sexy que eu já assisti. Iria mais longe e diria que é um filme moralista. Os bastidores de clubes de entretenimento de Las Vegas são utilizados por Paul Verhoeven como meio pra uma crítica ao sistema hierárquico e capitalista que corrompe e oprime. Opressão da mulher aliás, parece ser o tema principal do filme. Todas dançam como uma máquina treinada, sujeitas a uma linguagem extremamente vulgar e constante humilhação, a nudez é tão excessiva que de certa forma se torna fria e esterilizada, tudo pelo dinheiro. O sexo é mecânico e agressivo, pura exploração do corpo numa cena onde a protagonista
faz sexo na piscina e em outra cena que mostra abuso sexual
isso é perceptível. Claro que toda essa temática é embalada em uma narrativa clássica do tipo 'a ascensão de uma estrela', cheio de momentos canastrões, atuações over-the-top, cenário extravagante, muitas strippers, muito, muito peito de fora e diálogos bem bregas pra você poder imitar com os amigos depois, do jeito que a gente gosta. Mais divertido do que muito filme bem cotado por aí. "Sooner or later, you're going to have to sell it."
ATENÇÃO, SPOILERS LEVES ! “It is the blight man was born for It is Margaret you mourn for” Margaret é um conto de amadurecimento que merece o aclame crítico que tem. Uma adolescente se encontra em uma situação que ela obviamente não tem as ferramentas psicológicas ou emocionais necessárias pra lidar, o idealismo juvenil se choca com o caos do mundo real e se encontra querendo forçar um sentido onde não existe nenhum, tentando trazer um senso de justiça a uma situação que está totalmente fora de seu controle. O conselho 'realista' da mãe, que já se conformou faz tempo e entende que no mundo adulto é necessário mentir ou omitir pra que se mantenham a ordem e o status quo, ( em uma das discussões de classe um professor diz à Lisa : “Think of the implications of what you’re saying.” ) cria uma ruptura entre mãe e filha ( experiência vs. idealismo ) que vai se alargando com a duração do filme e se fecha numa cena catártica. Minha interpretação é que o trecho do poema ' Spring and Fall ' do Gerard M. Hopkins, que fala sobre o luto por Margaret e intitula o filme, é um comentário sutil à morte dos ideais inocentes de Lisa, que se nomeou heroína desse drama, e destrambelhada como qualquer adolescente, não mediu consequências na busca do que acreditava ser sua redenção e paz de espírito. Sua vida é só um dos dramas, uma das óperas, o mundo não é um lugar onde ela pode forçar sua moralidade impunemente, ela é só mais uma pessoa numa rede de acontecimentos caóticos. Margaret tem força titânica.
A iniquidade em um filme. Aqui os motivos e justificativas empalidecem perante o horror de nossas transgressões . O espírito está ausente do homem e Bresson -com um controle absurdo do tema- procura capturar através do físico o que não pode ser visto E CONSEGUE ! Na cena final
o burrinho Balthazar que por muitos anos carregou fardos nas costas e foi testemunha silenciosa dos pecados do homem finalmente morre, e vemos ovelhas ao redor:
quantas vezes uma analogia foi empregada com tal destreza ? A profundidade e o mistério de Au Hasard Balthazar são do tamanho da profundidade e do mistério da vida. Um filme pra se rever e rever e rever eternamente.
A cena em que os pedaços de uma carta de amor rasgada se transformam em flocos de neve é uma das coisas mais sublimes que já tive a oportunidade ver, Max Ophüls fez um filme pra se guardar no coração.
Filmado pela Claire Denis de maneira fluída e sensível, como se ela não quisesse incomodar ou não entendesse tudo mas ao mesmo tempo deixa claro o completo fascínio e atração pelas cenas que se desenrolam na frente de suas lentes, pura cumplicidade.
Se você precisa de quase 3 horas com Jared Leto pra perceber que a vida tem infinitas possibilidades e descobrir as maravilhas da física quântica... o que eu posso dizer ? Vai ler um livro, saia mais de casa, procure ter conversas estimulantes, tome riscos na vida, seja mais curioso ou sei lá, pinte um quadro e veja ele secar, qualquer atividade é mais interessante do que Mr. Nobody.
Filme de super-herói bom é filme assumidamente 'camp'. Esse aqui tem a dose certa de ação, romance e humor. Nada de roteiro que se acha mais inteligente do que é ou de clima ultra-realista feito para adultos sem imaginação. Talvez o melhor filme de super-herói da década passada.
A tragédia de não conseguir comunicar. Godard acertou em cheio o tom das discussões de um relacionamento fracassado, o cinismo e a indiferença nos diálogos são tão verdadeiros que dói no coração. Chega a ser patético o modo como Paul joga Camille em cima do produtor em uma das primeiras cenas, atirando um relacionamento que já estava em estado frágil em uma espiral de insegurança. E mais tarde, quando ela
tira as balas do revólver de Paul deixando ele completamente impotente
o subtexto é desmoralizante e percebemos que o rancor se transformou em completo desprezo. Outra sequência marcante é a do apartamento, extremamente claustrofóbica e cruel , o movimento ping-pong da câmera numa cena em que um abajur se interpõe entre o casal, triste e lindo, coisa de gênio. E só falei de um dos temas do filme, O desprezo é riquíssimo e merece ser visto inúmeras vezes : atuações maravilhosas ( inclusive da Bardot ), a trilha sonora melodramática dá uma aflição, quase um prenúncio de desastre e fotografia daquelas que te deixa deslumbrado. Mas pra mim o que faz dele uma obra-prima é o sentimento extremamente sincero demonstrado em cada frame , em nenhum momento achei o filme 'falso', ele parece vida-real, é por isso que funciona e causa impacto, é um retrato perfeito de um casal se 'desapaixonando'. Provavelmente porque o diretor vivenciou isso em seu relacionamento com a atriz Anna Karina - ele até faz a personagem Camille usar uma peruca preta parecida com o cabelo da ex-mulher. A direção é extremamente sofisticada e ousada pra um filme de grande orçamento, eita homem moderno esse Godard ! E de lambuja os produtores exigiram que houvesse ao menos uma cena com a Bardot nua : " There's nothing like the movies. Usually, when you see women, they're dressed. But put them in a movie, and you see their backsides.
Cinematografia cheia de sacadas ótimas, esse filme é a definição de tensão sexual. Com certeza um dos melhores filmes americanos de todos os tempos, está no panteão do gênero 'gótico sulista'.
O que achei curioso sobre esse filme meio neo-noir do Almodóvar é que o diretor é famoso pela maneira como retrata mulheres na tela porém não me lembro de ter visto UMA mulher biológica em cena aqui, mas o filme funciona e as temáticas tipicamente almodovarianas ainda estão lá, intactas.
Curioso pra saber como o público vai reagir a esse filme, acho que é bem daqueles casos : ame ou odeie, sem meio-termo.
Recluso desde 1998, Whit Stillman, diretor que influenciou cineastas como Wes Anderson e Noah Baumbach retorna com um filme que é uma pequena jóia de otimismo, acho que só posso descrever "Damsels in Distress" como uma sincera fábula utópica sobre jovens idealistas hiper-articulados banhada em diálogos a lá Jane Austen (um toque bacana é que o filme é dividido em capítulos e ao final tem 'notas de rodapé' ) que presta homenagem às comédias 'screwball' e musicais americanos dos anos 30, tudo isso com um humor ingênuo e encantador.
Então se você curte algo do que já foi citado por mim, assista, caso contrário, vai se decepcionar e ter dificuldade pra entrar no ritmo do filme e até pra entender as referências e sacadas tão típicas da escrita do Whit Stillman.
( e pros fãs de Parks and Recreation : a Aubrey Plaza faz uma pontinha no filme :D )
Incrível como qualquer filme do Whit Stillman vale por 5 da maioria dos diretores americanos, você pode assistir repetidas vezes e sempre vai encontrar algo novo ou uma sacada que você não tinha notado antes. Status social, política e barreiras culturais são temas presentes nesse filme de humor inteligente e sofisticado que talvez seja o favorito de muitos fãs do diretor. É bem diferente da maioria dos filmes do 'gênero', deliciosamente afiado !
Na minha opinião embora seja um bom filme esse é o mais fraco do Jason Reitman. Não funciona como uma sátira porque não é ousado o suficiente, colocar em cheque a moral de companhias de tabaco não é nenhuma novidade. Outra coisa que não funciona muito são os personagens, o relacionamento entre pai e filho parece ligeiramente forçado. Sobre os diálogos 'persuasivos' que o pessoal tanto comenta aqui, o filme é baseado em um livro, então eu tenho dúvidas se é isso é mérito do roteiro ou uma característica do livro. Um bom elenco que não foi aproveitado ao máximo, se houvesse um foco maior na dinâmica entre os lobistas seria bem mais divertido.
Tabu
4.1 110 Assista AgoraTabu subverte a trama convencional flertando com o surreal e com narrativa pós-estruturalista, dividido em duas partes : Paradise Lost/Paradise e contando com um prólogo, o filme funciona como uma exploração conceitual da memória das personagens presas ao passado, ao mesmo tempo a linda fotografia preto-e-branco e a 2ª parte sem diálogos presta homenagem aos filmes da época de ouro do cinema. Simples, evocativo, gostoso de assistir, um ótimo filme do Miguel Gomes.
Vozes Distantes
3.5 13 Assista AgoraAs memórias da infância de Terence Davies serviram de inspiração para o filme, que é dividido em duas partes filmadas com 2 anos de diferença. Quem diria que da cinzenta e miserável Liverpool Pós-II Guerra fotografada em cores sombre, sairia algo tão sublime e poético como Distant Voices, Still Lives... música e cultura popular como salvação, expressão direta dos sentimentos, emoção profundamente sentida, como um gatilho da memória, a ultima esperança, o último raio de fé... quando a vida nos oprime, encontramos na arte uma forma de redenção. Uma das coisas mais lindas e emocionantes que eu já assisti, melhor filme sobre exorcismo de memórias desde O espelho do Tarkovski.
Caravaggio
3.5 63Uma biografia inortodoxa e minimalista, porém poética, ousada, delirante e fiel ao espírito da arte de Caravaggio e de Derek Jarmam que extrai máximo efeito emocional com pouquíssimos elementos. Interessante a noção de tempo e espaço adicionada aos quadros e linda de se olhar a fotografia que simula chiaroscuro nessa busca do homem em conciliar a vida e a arte.
"All art is against lived experience. How can you compare flesh and blood with oil, ground pigment?"
Love Is the Devil: Study for a Portrait of Francis …
3.2 25O filme foca na relação conturbada entre Francis Bacon e seu modelo e amante George Dyer, um criminoso não lá muito inteligente e com fortes tendências auto-destrutivas. No quarto Bacon era masoquista, mas em público era sádico, o diretor ousa e mostra com certa brutalidade o monstro que vivia por debaixo do artista que não teve medo de se aventurar pelos lugares mais sombrios da alma e leva o público ao lado macabro que habita a mente de um grande gênio.
Atuação eletrizante de Derek Jacobi, e o elenco ainda conta com Tilda Swinton. Uma biografia que observa a mente do artista pela ótica de suas próprias obras. Usando lentes distorcidas e edição rápida, fragmentada, o filme recria o clima de pesadelo das obras do pintor pós-guerra que recusou se render ao abstracionismo, a tela pela qual presenciamos sua vida pessoal e seus pensamentos simula as pinturas do próprio Bacon, fazendo inúmeras referências visuais. O único porém é referente à estrutura que se utiliza de cenas rápidas e atmosféricas com a intenção de criar uma experiência mais imersiva, o que pode acabar alienando o público que não tem conhecimento prévio sobre o pintor.
Biutiful
4.0 1,1KAquela impressão de que em algum lugar, enterrado aqui, existiu um bom filme.
A Alegre Divorciada
3.9 28Mark Sandrich muito subestimado quando o assunto é comédia musical, esse filme é um clássico absoluto.
Volver
4.1 1,1K Assista AgoraVolver é um retorno das atrizes ( Carmen e Penélope), retorno temático, retorno tonal ( onde se nota influência de Hitchcock, Douglas Sirk, Fassbinder), retorno do próprio diretor ao passado ( filmado em La Mancha, onde ele nasceu). Centrado no melodrama mãe-filha e cercado de temas pesados o filme parece ter uns bons punhados de auto-biografia ou pelo menos demonstra uma sensibilidade de quem tem experiência - e isso é recorrente nos filmes que já vi do Almodóvar : vitimização, conflitos familiares, sentimentos à flor da pele e experiências sexuais bizarras são temas onipresentes nas obras do diretor.
ㅤ
Outro retorno é o do estilo decorativo cheio de cores fortes e ângulos inclinados que é gostoso de se ver e serve como afirmação da assinatura visual. Penélope Cruz também é sempre muito boa de se ver e Almodóvar ultrapassa o fetiche em enquadramentos e composições curiosas com o corpo da atriz que evocam humor-negro. Mas nem só de retornos é feito Volver, o filme é um grande passo evolutivo na carreira do diretor ( o que já não posso dizer de Los Abrazos Rotos e La Piel que Habito ) juntando de forma efetiva entretenimento popular e arte.
A Bela e a Fera
4.0 80" La Belle et la Bête é a mais perfeita fábula cinematográfica já contada. Depois de Méliès, apenas Cocteau entendeu que para contar um conto de fadas é necessária perfeita simplicidade - e que nada além do puro poder do cinema é necessário para criar espanto e admiração." - Guillermo del Toro
Elefante
3.6 1,2K Assista AgoraTerror social.
Irma Vep
3.8 47Destruição como um ato de criação, um artista que assassina a própria tela, um diretor que passa com uma serra elétrica no próprio filme por puro desprezo ao status quo. Irma Vep é um respiro de Nouvelle Vague + Maggie Cheung.
O Vampiro
4.0 77Poética das sombras cheias de fantasia e horror. Intuitivo, primitivo, mágico. Vampirismo é tratado como algo espiritual, psíquico... não tenho adjetivos suficientes para Vampyr.
Showgirls
3.0 210 Assista AgoraShowgirls não é um filme sexy, é um dos mais anti-sexy que eu já assisti. Iria mais longe e diria que é um filme moralista. Os bastidores de clubes de entretenimento de Las Vegas são utilizados por Paul Verhoeven como meio pra uma crítica ao sistema hierárquico e capitalista que corrompe e oprime. Opressão da mulher aliás, parece ser o tema principal do filme. Todas dançam como uma máquina treinada, sujeitas a uma linguagem extremamente vulgar e constante humilhação, a nudez é tão excessiva que de certa forma se torna fria e esterilizada, tudo pelo dinheiro. O sexo é mecânico e agressivo, pura exploração do corpo numa cena onde a protagonista
faz sexo na piscina e em outra cena que mostra abuso sexual
"Sooner or later, you're going to have to sell it."
Margaret
2.9 175ATENÇÃO, SPOILERS LEVES !
“It is the blight man was born for
It is Margaret you mourn for”
Margaret é um conto de amadurecimento que merece o aclame crítico que tem. Uma adolescente se encontra em uma situação que ela obviamente não tem as ferramentas psicológicas ou emocionais necessárias pra lidar, o idealismo juvenil se choca com o caos do mundo real e se encontra querendo forçar um sentido onde não existe nenhum, tentando trazer um senso de justiça a uma situação que está totalmente fora de seu controle. O conselho 'realista' da mãe, que já se conformou faz tempo e entende que no mundo adulto é necessário mentir ou omitir pra que se mantenham a ordem e o status quo, ( em uma das discussões de classe um professor diz à Lisa : “Think of the implications of what you’re saying.” ) cria uma ruptura entre mãe e filha ( experiência vs. idealismo ) que vai se alargando com a duração do filme e se fecha numa cena catártica. Minha interpretação é que o trecho do poema ' Spring and Fall ' do Gerard M. Hopkins, que fala sobre o luto por Margaret e intitula o filme, é um comentário sutil à morte dos ideais inocentes de Lisa, que se nomeou heroína desse drama, e destrambelhada como qualquer adolescente, não mediu consequências na busca do que acreditava ser sua redenção e paz de espírito. Sua vida é só um dos dramas, uma das óperas, o mundo não é um lugar onde ela pode forçar sua moralidade impunemente, ela é só mais uma pessoa numa rede de acontecimentos caóticos. Margaret tem força titânica.
A Grande Testemunha
4.0 94 Assista AgoraA iniquidade em um filme. Aqui os motivos e justificativas empalidecem perante o horror de nossas transgressões . O espírito está ausente do homem e Bresson -com um controle absurdo do tema- procura capturar através do físico o que não pode ser visto E CONSEGUE ! Na cena final
o burrinho Balthazar que por muitos anos carregou fardos nas costas e foi testemunha silenciosa dos pecados do homem finalmente morre, e vemos ovelhas ao redor:
Desejos Proibidos
3.9 27 Assista AgoraA cena em que os pedaços de uma carta de amor rasgada se transformam em flocos de neve é uma das coisas mais sublimes que já tive a oportunidade ver, Max Ophüls fez um filme pra se guardar no coração.
Bom Trabalho
3.8 76 Assista AgoraFilmado pela Claire Denis de maneira fluída e sensível, como se ela não quisesse incomodar ou não entendesse tudo mas ao mesmo tempo deixa claro o completo fascínio e atração pelas cenas que se desenrolam na frente de suas lentes, pura cumplicidade.
Sr. Ninguém
4.3 2,7KSe você precisa de quase 3 horas com Jared Leto pra perceber que a vida tem infinitas possibilidades e descobrir as maravilhas da física quântica... o que eu posso dizer ? Vai ler um livro, saia mais de casa, procure ter conversas estimulantes, tome riscos na vida, seja mais curioso ou sei lá, pinte um quadro e veja ele secar, qualquer atividade é mais interessante do que Mr. Nobody.
Homem-Aranha 2
3.6 1,1K Assista AgoraFilme de super-herói bom é filme assumidamente 'camp'.
Esse aqui tem a dose certa de ação, romance e humor. Nada de roteiro que se acha mais inteligente do que é ou de clima ultra-realista feito para adultos sem imaginação.
Talvez o melhor filme de super-herói da década passada.
O Desprezo
4.0 266A tragédia de não conseguir comunicar.
Godard acertou em cheio o tom das discussões de um relacionamento fracassado, o cinismo e a indiferença nos diálogos são tão verdadeiros que dói no coração.
Chega a ser patético o modo como Paul joga Camille em cima do produtor em uma das primeiras cenas, atirando um relacionamento que já estava em estado frágil em uma espiral de insegurança. E mais tarde, quando ela
tira as balas do revólver de Paul deixando ele completamente impotente
o subtexto é desmoralizante e percebemos que o rancor se transformou em completo desprezo.
Outra sequência marcante é a do apartamento, extremamente claustrofóbica e cruel , o movimento ping-pong da câmera numa cena em que um abajur se interpõe entre o casal, triste e lindo, coisa de gênio.
E só falei de um dos temas do filme, O desprezo é riquíssimo e merece ser visto inúmeras vezes : atuações maravilhosas ( inclusive da Bardot ), a trilha sonora melodramática dá uma aflição, quase um prenúncio de desastre e fotografia daquelas que te deixa deslumbrado. Mas pra mim o que faz dele uma obra-prima é o sentimento extremamente sincero demonstrado em cada frame , em nenhum momento achei o filme 'falso', ele parece vida-real, é por isso que funciona e causa impacto, é um retrato perfeito de um casal se 'desapaixonando'. Provavelmente porque o diretor vivenciou isso em seu relacionamento com a atriz Anna Karina - ele até faz a personagem Camille usar uma peruca preta parecida com o cabelo da ex-mulher.
A direção é extremamente sofisticada e ousada pra um filme de grande orçamento, eita homem moderno esse Godard !
E de lambuja os produtores exigiram que houvesse ao menos uma cena com a Bardot nua : " There's nothing like the movies. Usually, when you see women, they're dressed. But put them in a movie, and you see their backsides.
Boneca de Carne
4.0 34Cinematografia cheia de sacadas ótimas, esse filme é a definição de tensão sexual. Com certeza um dos melhores filmes americanos de todos os tempos, está no panteão do gênero 'gótico sulista'.
Má Educação
4.2 1,1K Assista AgoraO que achei curioso sobre esse filme meio neo-noir do Almodóvar é que o diretor é famoso pela maneira como retrata mulheres na tela porém não me lembro de ter visto UMA mulher biológica em cena aqui, mas o filme funciona e as temáticas tipicamente almodovarianas ainda estão lá, intactas.
Descobrindo o Amor
2.5 97 Assista AgoraCurioso pra saber como o público vai reagir a esse filme, acho que é bem daqueles casos : ame ou odeie, sem meio-termo.
Recluso desde 1998, Whit Stillman, diretor que influenciou cineastas como Wes Anderson e Noah Baumbach retorna com um filme que é uma pequena jóia de otimismo, acho que só posso descrever "Damsels in Distress" como uma sincera fábula utópica sobre jovens idealistas
hiper-articulados banhada em diálogos a lá Jane Austen (um toque bacana é que o filme é dividido em capítulos e ao final tem 'notas de rodapé' ) que presta homenagem às comédias 'screwball' e musicais americanos dos anos 30, tudo isso com um humor ingênuo e encantador.
Então se você curte algo do que já foi citado por mim, assista, caso contrário, vai se decepcionar e ter dificuldade pra entrar no ritmo do filme e até pra entender as referências e sacadas tão típicas da escrita do Whit Stillman.
( e pros fãs de Parks and Recreation : a Aubrey Plaza faz uma pontinha no filme :D )
Barcelona
3.4 5Incrível como qualquer filme do Whit Stillman vale por 5 da maioria dos diretores americanos, você pode assistir repetidas vezes e sempre vai encontrar algo novo ou uma sacada que você não tinha notado antes. Status social, política e barreiras culturais são temas presentes nesse filme de humor inteligente e sofisticado que talvez seja o favorito de muitos fãs do diretor. É bem diferente da maioria dos filmes do 'gênero', deliciosamente afiado !
Obrigado por Fumar
3.9 797 Assista AgoraNa minha opinião embora seja um bom filme esse é o mais fraco do Jason Reitman. Não funciona como uma sátira porque não é ousado o suficiente, colocar em cheque a moral de companhias de tabaco não é nenhuma novidade. Outra coisa que não funciona muito são os personagens, o relacionamento entre pai e filho parece ligeiramente forçado. Sobre os diálogos 'persuasivos' que o pessoal tanto comenta aqui, o filme é baseado em um livro, então eu tenho dúvidas se é isso é mérito do roteiro ou uma característica do livro. Um bom elenco que não foi aproveitado ao máximo, se houvesse um foco maior na dinâmica entre os lobistas seria bem mais divertido.