Assistir romances antigos é sempre uma tarefa árdua de passar raiva e torcer contra o casal. No final desse filme, eu e minha amiga ficamos gritando "NÃO! NÃO FAZ ISSO! VOCÊ MERECE UMA PESSOA MELHOR! DEIXA ELE FICAR COM A TYRA!". Infelizmente, não adiantou, o filme acaba tendo um final triste.
Mais um romance tóxico de uma mulher forte e poderosa se rebaixando por um homem que a tratou como lixo.
OBS: Desculpa, mas eu só consegui enxergar o Dr. Foreman o filme inteiro. E a trilha sonora era bem aleatória.
As Panteras (2000) foi um filme que marcou muito a minha infância. Mesmo odiando filmes de ação e aventura, eu abria um exceção para esse filme e o assistia sempre que passava na TV. Era sensacional assistir Drew, Cameron e Lucy lutando e sendo bad ass. Com tudo isso, eu tinha grandes expectativas com uma provável sequência ou remake.
E, infelizmente, essas expectativas foram frustradas.
A Angel em treinamento me irritou o filme inteiro (MUITO), até porque eram basicamente duas angels e uma intrusa ali atrapalhando (custava ter colocado três angels de fato?); a questão delas não serem uma equipe; o roteiro bastante previsível (pra mim o único plot real foi o final com todas as angels); as atrizes pouco carismáticas, Kirsten pode até estar melhor do que comumente é, mas ainda não me convence muito; aquele romance inexplicável; até mesmo as cenas de ação foram muito fracas
No entanto, existe um tom feminista muito importante no filme e isso eu tenho que reconhecer que foi fantástico. A própria questão de Charlie e Bosley serem mulheres, sem liderança masculina. Algumas discussões sobre mulheres sendo menosprezadas ou ignoradas no meio de trabalho; assédio, enfim. Elizabeth Banks acertou bem nesse aspecto.
Não assisti a versão de 1976. E acho que talvez tenha assistido o filme com os sentimentos errados de querer ver mais do que eu assisti em 2000 e 2003. Por isso, o filme acabou sendo apenas frustrante. Fiquei o tempo todo com a sensação de que poderia ser feito algo melhor.
Esse foi o primeiro filme produzido na Nigéria que eu assisti.
Creio que talvez a participação da Netflix na produção e as constantes publicidades da Nike tenham tirado a originalidade de um filme nigeriano, mesmo assim a experiência cultural ainda é bastante interessante. Os figurinos, as comidas, o retrato de uma África rica e diversa (sem estar atrelado a uma figura ocidentalizada de pobreza e fome) por si só ja comprovam isso.
Com relação ao roteiro, Lionheart inicia-se como tantos outros filmes Hollywoodianos a que estamos acostumados, porém no desenrolar ele se envereda por um caminho totalmente diferente. Tu fica esperando pelo clichê do tio ensinando a ela várias lições de vida, ou então, que ela seja orgulhosa e o pai dela a ensine a ser uma administradora melhor; até mesmo um provável relacionamento que começa a surgir quase no final. E nenhum desses clichês acontece. Ada, na verdade, é uma personagem muito independente, segura e dedicada (e muito melhor empresária que qualquer personagem do filme diga-se de passagem), e o estranhamento surge em termos nos acostumado a ver filmes americanos transformarem mulheres que estão em posição de liderança em: 1) personagens arrogantes ou, 2) que não conseguem conciliar vida pessoal e profissional. E não, Ada também não precisa de um salvador, ela mesma busca soluções para a situação em que se encontra e nisso esbarra em várias formas de machismo. Aliás, o filme não tem nenhum diálogo sobre o tema, mas ele mostra o tempo todo, como Ada é objetificada e menosprezada como empresária por ser mulher, mesmo sendo quase sempre a pessoa mais profissional no ambiente onde está.
Mesmo avançando em todos esses aspectos, o filme ainda peca na falta de um plot/conflito que o torne mais interessante. Por falar tanto sobre negócios, em certo momento parece que assistimos apenas a reuniões em sequência. Além disso, o filme tem também alguns furos (como a prisão por ex.) e diálogos um pouco incoerentes.
De forma geral, o filme tem alguns tropeços, mas é muito revolucionário em sua abordagem e vou aguardar ansioso para mais filmes dessa diretora (que também foi roteirista e é a atriz principal).
Ano passado, depois de observar com revolta a pouca quantidade de filmes dirigidos por mulheres negras, decidi montar uma lista no Filmow reunindo todos eles. E infelizmente, foi muito difícil de montar esssa lista, mas não surpreendente, afinal se já é difícil encontrar mulheres diretoras, imagina mulheres negras. Enfim, encontrei Little Woods de Nia DaCosta assim.
O filme é um pouco lento, e talvez alguns até o considerem arrastado. Porém, eu achei o ritmo adequado para todo o contexto. Achei que o roteiro e a construção das cenas (cinza, frio, mórbido) conseguiu mostrar a desesperança dos personagens que se encontram "aprisionados" na pequena cidade. Ressalta, inclusive, a incredulidade da própria personagem em poder escapar daquele lugar.
Achei que faltou um pouco de concisão no conflito principal (da Ollie tendo que colocar a condicional em risco por conta da necessidade de dinheiro, pagar a hipoteca, a gravidez...), as coisas mudaram muito de perspectiva durante o filme e isso não foi considerado. Aliás, é bem interessante ver situações em filmes americanos que não aconteceriam no Brasil, porque temos o SUS hihi.
E o final em aberto, que na verdade não é tão aberto assim, finalizou bem o filme.
Não poderia deixar de falar das atuações de Lily James e, em especial, de Tessa Thompson que são incríveis. A profundidade que elas aplicam nos personagens me deixou impressionado. Inclusive, fiquei muito triste por esse filme ter sido ignorado em tantas premiações.
É um ótimo primeiro filme, bem experimental em alguns aspectos, e espero poder assistir mais filmes da Nia em breve.
Por não estar preso a legendas e ser uma cultura conhecida, acabo exigindo mais da atuação em filmes brasileiros. Naturalmente, é difícil eu me incomodar com esse aspecto em filmes estrangeiros. Sendo brasileiro, Tinta Bruta foi um filme em que isso me chamou atenção quase o tempo todo. As atuações eram péssimas.
E o roteiro não é de todo ruim. Temos um personagem principal que necessitava de uma ótima interpretação para conseguir transmitir a complexidade que ele tinha. Os coadjuvantes também. Mas a maneira como foram interpretados, deixou todo o filme muito raso. Além disso, o som estava péssimo (eles não usaram microfone, gente? não é possível). Tinha a sensação o tempo todo de que eles estavam sussurrando.
Gostei de ter deixado um final em aberto, sem a resolução do julgamento, como era a expectativa desde o começo. Ele foi abandonado por todos, a irmã, a avó e até mesmo o relacionamento que tinha. E no final, sem nenhuma perspectiva e com um vazio existencial enorme, ele conseguiu perder toda a tensão e dançar.
Achei pior que Beira-Mar. Que também tinha esses mesmos problemas que falei ali em cima, porém de forma menos ressaltada do que esse. No fim, o filme acabou se tornando desgastante, arrastado e incômodo pelas potencialidades dos personagens que não foram alcançadas
PS: Algumas cenas com a tinta neon foram muito bem-feitas. Outras ficaram péssimas.
Eu li um livro nesse ano chamado "A mão esquerda da escuridão". A história se passa em um planeta, no qual não há diferenciação binária dos sexos de forma permanente. Isso gerou uma estrutura de sociedade completamente diferente da nossa. E uma das consequências, que tive dificuldade de entender naquele momento, foi a ausência de guerras. A ideia de não existir a relação oprimido x opressor, de não haver papéis de gênero, fez com que os conflitos não fossem mais resolvidos através da força e da guerra. É um pouco extremo pensar assim, mas esse filme me ajudou a entender o que a escritora Ursula K. Le Guin quis dizer com isso.
O filme (que só depois fui ver que se passa no Líbano), coloca a história de um povoado retratando no micro a convivência entre duas religiões: islamismo e cristianismo. O começo é bem arrastado e lento. Porém, aos poucos a história vai se desenvolvendo e a mistura entre o cômico e o trágico torna o filme muito interessante. Mulheres que tanto sofreram com os conflitos no povoado lutam para que a disputa religiosa não leve a um novo conflito. É lindo ver o respeito e a união entre elas. Aliás, uma crítica interessante é como elas tentam a todo modo impedir o contato deles com a televisão, rádio e outros meios de comunicação, entendendo que esse conflito é algo muito mais externo do que real dentro da vila. O machismo mostrado na forma da impossibilidade do diálogo na resolução dos problemas (tudo é motivo para força bruta, vingança e armas) é outro ponto para entender como essa questão se desenvolve. Um machismo que sobrepõe a própria dor de já ter perdido tantos parentes.
O filme é um banho de sororidade. Até mesmo com as mulheres que são contratadas para desviar a atenção; estas desenvolvem profunda afeição pelas mulheres da vila e não as deixam no momento em que o conflito começa a se mostrar como inevitável. A solução dada no final é bastante cômica e o enterro no final mostra o quão surreal é horrível são esses conflitos de cunho religioso.
É um filme maravilhoso. Nadine Labaki já entrou pra minha listinha de diretores a serem assistidos sempre.
Alguns filmes eu não sou capaz de compreender e esse é um deles. É um non-sense que foge a minha capacidade interpretativa. E senti que foi um tempo perdido da minha vida.
Depois de assistir a "Zero Dark Thirty" e ouvir tantas comparações, resolvi colocar logo esse filme na minha listinha. Além disso, as várias premiações que o filme recebeu me fizeram criar uma grande expectativa.
E no geral, o filme é bom. Ele é feito em forma de sketchs. Não é um filme exatamente corrido com uma trama do início ao fim. Essa estrutura diferenciou bastante o outro filme. E ele não é exatamente focado na guerra, vista de uma forma externa, mas em personagens consumidos por ela. (Aliás, só um paralelo, eu fico muito puto em como as produções sobre guerra de maior sucesso são focados nos soldados e não na população - o que faz sentido já que os EUA são sempre quem as causa e o maior mercado cinematográfico ao mesmo tempo - porém, não deixo de ficar incomodado). Porém, voltando ao filme, eu diria que ele não tem um clímax, ou então algo de muito especial. É, sim um filme bem feito. Tecnicamente, ele é ótimo, ainda mais considerando o orçamento pequeno que teve (e estamos falando de um ano em que Avatar existiu). Só que, ele é bem OK. Roteiro bom, mas não marcante. E no geral, achei inferior ao outro filme da Kathryn. Vale a pena assistir, mas não é algo de outro mundo.
O jovem de esquerda de hoje não consegue falar em outra coisa que não seja Bacurau.
E é justificável. O cinema de resistência feito no nordeste (com destaque para o Pernambuco), mais uma vez brilhou e mostrou que é o lugar onde as melhores produções brasileiras tem sido feitas atualmente.
O filme é fantástico. O plot, em que o imperialismo representando nas figuras dos estrangeiros é enfrentado pelo povo explorado e desumanizado, é visceral. Saí do cinema, impactado com tudo aquilo. E depois, escutar os nomes dos mortos e ver o de Mariele, deu um aperto no coração.
Uma das cenas mais bem feitas pra mim é a dos brasileiros contratados para ajudar os estrangeiros na matança do povo (um deles que aliás trabalha como servidor público). O diálogo que eles tem com os americanos, é o que todo paga pau das grandes potências, inclusive nosso presidente, deveria escutar,
Bacurau é um filme feito para o Brasil. Assisti-lo é ver 500 anos de história. Entendê-lo é encontrar o poder popular.
Encontrei esse filme de forma bem aleatória, passeando pelas listas do filmow. Não li sinopse nenhuma e baixei o filme. E ele foi uma ótima surpresa.
O filme debate conservadorismo, machismo e liberdade o tempo todo. Embora tenhamos uma protagonista (a caçula), o filme não deixa em nenhum momento que isso apague as outras quatro irmãs. Cada uma delas acaba tendo um momento, enfrentando desafios que ora são individuais, ora são comuns a todas.
Obviamente que por ser um filme turco, existe um grande distanciamento cultural para uma pessoa da América Latina. Porém, ele consegue questionar a opressão dessa sociedade. sem parecer que fazer isso é algo de outro mundo. Assim, o filme mostra as incongruências de uma cultura feminicida sem ter que usar de um ponto de vista externo. E isso é muito bem construído pelo roteiro.
Algumas cenas me marcaram, A cena da família a espera da primeira relação sexual e a ruptura do hímen para comprovar a virgindade é muito chocante. A própria forma como se é acordado os casamentos. O sofrimento mental de uma das meninas com toda a situação de repressão e abuso. A garota que queria poder assistir um jogo de futebol em um estádio, que queria aprender a dirigir. O jeito como elas são apresentadas simplesmente como objetos de prazer e trabalho. A casa delas que se torna uma prisão, cada vez mais tendo as grades aumentadas. E ao mesmo tempo em que em casa, elas são violentadas. A força que as une, e o entendimento entre elas através do olhar. Isso só para falar de forma bem simplória do impacto que esse filme traz, em seus 97 minutos.
O final tem realmente uma saída hollywoodiana que é um pouco surreal. Mas me deu uma baita alegria ver elas enfrentando todo aquele casamento pedófilo e conseguindo fugir.
Por alguma infelicidade eu li em algum lugar, e mesmo tentando esquecer, só consegui pensar isso do início ao fim do filme. Então, acabou parecendo tudo meio óbvio pra mim. Odeio spoilers de filmes.
O filme é muito bom. O Haley Joel Osment brilha muito, que criança talentosa. Bruce Willis fica apagado perto dele. O roteiro é muito bem linkado, e esse talvez seja o melhor filme do Shyamalan (que estranho que um dos seus primeiros filmes foi justamente o que mais lhe rendeu prêmios).
Primeiro ponto. Tecnicamente, ele é péssimo. O enquadramento da câmera é horrível. A forma como as cenas tem sequência é muito mal feita. O roteiro também não ajuda. Eu até tentei colocar a culpa do ano em que o filme foi feito. Mas já nessa época haviam filmes muito bem produzidos no Brasil.
E tema da história é bastante interessante. Discutir sobre os hospitais psiquiátricos, manicômios e internação compulsória é muito importante. Ainda mais ressaltado, quando consideramos a realidade do Brasil. E fico feliz, que pela repercussão que teve, essa discussão acabou sendo bastante levantada.
No entanto, não acho que seja um filme bom. Explora de maneira muito limitada os hospitais psiquiátricos. Levando para situações bem extremas de maneira muito rápida. É quase como se o filme tivesse cortado algumas cenas que deixaram um vácuo na história, e o tornaram corrido. O personagem principal acaba ficando sem profundidade nenhuma. Aliás, para o contexto do filme, o início tem muito pouca importância. E ele poderia ter explorado mais a vivência no hospital. Senti falta de abordarem um pouco mais da família e dos outros pacientes. Mas o que é um pouco perdoado, visto que é baseado em uma auto biografia.
Ah e aquela cena final de quase suicídio dentro de uma espécie de "solitária" foi muito mal feita. De tantas formas que aquilo poderia ser montado, acho que escolheram a pior.
E uma opinião bem polêmica: essa trilha sonora com músicas do Arnaldo Antunes foi o fim.
O ponto bom é que ele não se enveredou pelo lado hollywoodiano de filmes como esse, de mostrar essas clínicas como um local para se fazer amigos.
Uns aqui e ali perdidos pela minha infância. E agora tenho visto alguns, os quais na verdade estou reassistindo depois de mais velho. Esse, em especial, eu nunca tinha assistido.
E assim como os outros, é um bom filme. Chaplin fez esse em um período em que o cinema já estava deixando de ser mudo. E mesmo assim conseguiu ser um sucesso. E é fácil de entender o porquê. Tem o tom de comédia despretensiosa que os filmes de comédia atualmente não conseguem reproduzir. É leve e você consegue se divertir bastante.
Eu tenho um pouco de dificuldades com o personagem comum de Chaplin. Algumas cenas engraçadas se misturam com uma certa revolta por sua inocência. Mas entendo que isso faz parte do humor criado por ele. Aliás, adorei as cenas do jantar com o milionário e da luta no boxe.
O final acaba sendo bastante melancólico. A garota cega consegue fazer a milagrosa cirurgia com o dinheiro roubado, mas o herói rico que ela esperava ter não é como ela imaginava. Gostei da maneira como terminou. O filme não entregou tudo. E você fica imaginando como ela terá reagido.
Gostaria de pensar que ela o teria aceitado como ele é. Mas meu lado mais racional tem a certeza de que o personagem "vagabundo" será recompensado apenas com um abraço. Pois para ela acabará sendo uma decepção. E ele estará satisfeito com isso, afinal o amor dele nunca veio de uma ilusão.
É como eu consigo descrever esse filme. Gosto muito de roteiros que usam de situações ordinárias para levar os personagens ao extremo (Como acontece em Relatos Selvagens, por exemplo). Nesse, o que era para ser uma confraternização entre os membros de uma companhia de dança explode em uma série de cenas intensas, envolvendo morte, incesto, agressões, aborto... Ai é tanta coisa que acontece, que nem sei como descrever.
Aliás, o plano-sequência ter sido quase único é fantástico, por nunca deixar o filme cair em um antí-clímax. Toda a montagem e cor do filme também foram muito bem construídos. Ainda mais quando percebe-se que ele utiliza basicamente de apenas um cenário, e consegue manter a história interessante. Aliás, ele tinha tudo para ser um filme cansativo: sem um personagem principal, sem um plot inicial, ou a criação de um ápice. Mas cansativo é tudo o que esse filme não é. Manteve minha atenção e quando terminei de assistir, revi várias cenas e permaneci com ele na cabeça por muito tempo.
O filme é um soco, basicamente. Não espere se recuperar dele tão rápido.
Cenas que ficaram na minha cabeça: A cena de quando a energia apaga e a criança para de gritar. A guria chorando ácido contrastando com o que ela disse no início e revelando que possivelmente foi ela a culpada de todo o caos. Os policiais entrando no galpão e a camera focando pelo alto em cada personagem. A cena da dança que é fantástica (ai aquele instrumental é a marca do filme). Aliás tem no youtube somente essa cena, para quem quiser revê-la. A cena da guria colocando fogo na cabeça da outra e rindo. A da guria que estava grávida sendo acusada e machucada pelos outros colegas da companhia.
É bem good vibes o filme. Eu curti bastante, embora a história do casal adolescente tenha me irritado um pouco e o desfecho meio que acontecendo nos créditos também não foi bem feito. Ficou parecendo que a verba do filme acabou e resolveram tudo com algumas imagens soltas. Porém, tirando isso, o filme é bom. Ideal para um dia pesado em que você quer assistir um filme para relaxar.
Uma cena bastante memorável é a do clímax da apresentação na escola, em que o áudio é cortado, e você começa a entender um pouco da família Bélier. Foi brilhante.
PS: Eu já havia assistido a cena final várias vezes antes devido a uma aula de Francês na faculdade. E ainda continuo reassistindo. Aquela cena é linda.
Mais um clássico que eu nunca havia assistido. O filme é mais um desses adolescentes com personagens estereotipados. É divertido, mas um pouco bobinho hahah.
Estou muito feliz por agora entender todas as referências de Fancy.
Ai, essa questão da tradução errada e se foi ou não incesto gera tantas discussões na internet. De qualquer forma, eu achei bem estranho, e um casal bem improvável.
Eu fui assistir o documentário com uma expectativa e saí bem frustrado. Não achei que a montagem das cenas do pornochanchada ficou boa. Na verdade, achei que tudo ficou bem desordenado e ruim. Tanto que fiquei contando quanto tempo faltava para acabar o tempo todo.
Talvez seja um gosto pessoal mesmo, não estou acostumado com esse tipo de documentário, e realmente tive uma estranheza quando notei que seria somente as cenas, sem especificar o contexto e um pouco do lado atrás das câmeras dessas obras.
A Jessica Chastain é muito maravilhosa. Eu não lembro de mais ninguém que atuou no filme, só dela mesmo haha.
Eu gostei muito do filme. Particularmente, filmes de espionagem e investigação me atraem muito, então, prendeu minha atenção o tempo todo, mesmo sendo bastante longo.
Achei que a tensão foi bem construído, as inseguranças com relação ao ataque também. As relações de gênero no filme são bastante interessantes mesmo que implícitas. As tantas reuniões em que ela é a única mulher, a necessidade de ter que se mostrar muito segura para ser levada a sério. Achei interessante a abordagem disso.
Pretendo assistir a Guerra ao Terror em breve (vi muitas comparações aqui no site e fiquei interessado).
Assisti esse filme pela primeira vez em 2011, quando tinha 13 anos, em uma aula. Lembro de ter achado o filme maravilhoso, o Vik Muniz um cara fantástico e as obras de arte incríveis
Assisti novamente o filme nesse ano e meu olhar sobre o filme foi totalmente o oposto. Vou tentar explicar o porquê.
Primeiro, nós temos uma pessoa branca que nasceu em um contexto difícil e se tornou um dos maiores artistas plásticos do Brasil e no início do documentário mora em outro país. Ok.
Essa pessoa decide fazer um trabalho com os catadores de material reciclável no Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, com o objetivo de dar um retorno a população pobre do país onde ele nasceu. Todo o dinheiro das obras seria revertido para a associação do aterro. Beleza.
E com isso, ele permite a construção de um documentário sobre essa boa ação que ele fez.
Sabe, o grande problema dessa gente estar nessa situação é o fato de existirem pessoas como Vik Muniz.
E isso fica bem claro em determinado momento do documentário, em que ele tem uma discussão com outras duas pessoas. E aquela conversa resume toda a problemática hipócrita e absurda desse filme.
Começamos com um cara falando que tinha a sensação inicialmente de que as pessoas que moravam no Jardim Gramacho eram felizes por trabalharem no lixão. Mesmo com todas as histórias de vida relatadas sobre as dificuldades e expectativas daquela população. E daí uma mulher, talvez a pessoa mais coerente de toda a produção, questiona sobre a questão delicada deles estarem mexendo com a vida dessas pessoas. mostrando um estilo de vida diferente e depois não dando nenhuma oportunidade ou possibilidade de mudança. Na discussão o Vik dá respostas absurdas sobre "qual é o problema de mudar a vida dessa pessoa pra sempre?" "acho que não existe algo que possa mexer com a cabeça dessas pessoas" "essa pessoa pode decidir não querer voltar para o Jardim Gramacho depois de trabalhar conosco". A mulher que acaba sendo silenciada por ele, tenta explicar o óbvio para ele: Responsabilidade.
Você não pode ir em uma comunidade, dar uma de Caldeirão do Huck, ter a presunção de que já conhece todas aquelas pessoas, ouvindo simplesmente relatos e achar que tem o direito de usar a vida dessas pessoas. Ele basicamente usou elas para construir suas produções artísticas por dois anos. Vendeu o quadro em Londres. E achou que fez uma boa ação enorme, colocando essas pessoas em uma exposição de arte.
Tu não pode achar que está mudando as vidas dessas pessoas sem dar nenhuma ferramente ou caminho para que ela possam fazer isso. E não pode pressupor o que essas pessoas querem, de que qualquer boa ação para você é uma boa ação para aquela população.
O lixão do Jardim Gramacho não é bom. Ele não é bonito. As pessoas terem que se submeter a uma condição de trabalho deplorável como aquela é algo triste. Elas ainda tem que lutar por direitos mínimos. A vida do Vik Muniz não foi nem 1% da vida daquela gente. As pessoas não tinham parede para colocar o quadro que elas fizeram. E o documentário achou bonito mostrar o Vik Muniz entregando as obras de arte para aquelas pessoas. Detalhe: depois de todo o trabalho que ele fez as pessoas ainda estavam nas mesmas condições de moradia nas quais ele as encontrou.
E o documentário tem a todo momento esse tom pomposo de que algo maravilhosamente de bom está sendo feito.
E no final o que ele fez foi isso: as pessoas continuam indo dormir sem uma vida digna, porém agora com um quadro na parede. E o Vik dormindo melhor a noite por achar que fez uma ótima ação.
Sabe o que esse documentário deveria ter feito? Focado nas lutas e anseios dessa população. Ter permitido que eles falassem o que eles queriam. Ter dado visibilidade. E minha nota mínima nesse documentário vai para os momentos em que ele faz isso. Mas o Vik Muniz é uma verdadeira palhaçada.
No fim, esse filme me mostrou que nesses 8 anos que se passaram desde que eu o assisti pela primeira vez, eu aprendi uma coisa básica que me fez olhar esse filme com outros olhos: boa ação não adianta absolutamente nada se tu não está lutando por mudança social.
As imagens desse filme são lindas. Bem frase de cinéfilo metido a chato: mas realmente a fotografia é fantástica.
O problema é a história. No começo do filme você até vislumbra uma coisa meio Amèlie, a história começa a empolgar. E de repente, a coisa fica muito absurda. Vários conflitos familiares começam a surgir e no decorrer do filme, tu espera que eles sejam abordados, mas não são. No final, depois de uma conversa da mãe do protagonista num talk show inusitado e bem aleatório, o roteirista achou que tinha resolvido TUDO. E o filme termina como se tudo tivesse ok de maneira bem simples.
Olha não funcionou, a história não é coesa. E é bem frustrante porque no início uma expectativa boa é criada e você termina o filme bastante frustrado.
Poderiam ter economizado os milhões dos cenários e se preocupado mais com o roteiro.
PS: Assisti sem saber que o diretor do filme era o mesmo de Amèlie, mas desconfiei logo no início haha.
Assim como 90% dos filmes com personagens protagonistas gays, esse trata sobre o processo de descoberta e aceitação da sexualidade.
Não é que eu acho que ele seja um filme ruim, mas por já ter assistido muitos filmes com temática parecida, ele acabou parecendo um clichê pra mim. Principalmente, porque os últimos filmes que eu assisti, saíram do lugar comum dessa temática. Esse ao menos focou na violência que os dois usavam como escapismo para evitar o desejo.
É um bom filme mas não espere algo muito diferente.
PS: Eu fiquei impressionado na forma como a mãe fazia questão de "adotar" o outro guri. Ela trouxe ele pra casa com muita facilidade kkk. E aquela neve era isopor? Pq não é possível, eu sentia frio só de olhar. E o povo nem usava luva.
Ao assistir esse filme, você deve saber que: 1. Esse é o primeiro filme produzido na Arábia Saudita 2. Esse filme foi dirigido por uma mulher. 3. A protagonista é uma menina que questiona a sociedade conservadora em que vive.
Eu nem consigo imaginar a importância histórica desse filme para as mulheres dos países árabes e/ou de cultura muçulmana. Li várias entrevistas da diretora depois que eu assisti o filme, e ele com certeza significa muito para um país que só há 2 anos teve sua primeira sala de cinema inaugurada. Ainda mais por tratar de temáticas feministas tão importantes.
Primeiro, que sim, a gente tem uma visão muito estereotipada do que é a Arábia Saudita, que nem de longe era o que eu imaginava ao assistir o filme. Quebrei a cara com isso. Segundo, o trabalho da diretora foi fantástico. E as pessoas dizem: "Ah, mas a produção foi meio fraquinha". Realmente, comparado aos filmes de grandes estúdios que temos nos EUA, a produção do filme pode não parecer tão boa. Porém, quando a gente para pra pensar que a diretora teve que dirigir o filme de dentro de uma van em certas ocasiões, porque a população local poderia não reagir bem ao fato de ter uma mulher diretora, a gente começa a entender as dificuldades de se fazer um filme como esse, ainda mais sendo pioneiro. E de verdade, eu não achei o filme mal produzido não. Inclusive, achei a cena final com os fogos de artifícios, muito bem produzida.
Gostei muito da atuação da personagem de Wadjda. A teimosia, o espírito questionador, a rebeldia parecia ser muito natural. Também achei muito fantástica a atuação da mãe, principalmente na cena do casamento. O filme teve personagens femininas muito bem concebidas, questionando de forma implícita (e algumas vezes de forma explícita) aspectos de uma sociedade muito diferente dos valores ocidentais. O sonho de Wadjda (que logo no começo você descobre que é simplesmente poder ter uma bicicleta) pode parecer simples, mas mostra ser um desafio muito grande para uma sociedade como a dela. Além disso ele aborda várias questões que podem parecer muito distantes da nossa realidade, e que são vivenciadas pelas mulheres sauditas, como o casamento poligâmico, a autorização do trabalho para a mulher, o casamento infantil e precoce, o uso do hijab e a burca, etc. Assim, o filme consegue pelas beiras perpassar vários aspectos do que é ser mulher dentro da cultura árabe
No fim, "Wadjda" é um filme lindo, um grito de resistência e esperança dentro da Arábia Saudita.
E se alguém achar que o mundo árabe não está mudando. O fato de Haifaa Al-Mansour não ter precisado gravar o seu segundo filme de dentro de uma van, deixa claro que isso não é verdade.
Esse é um filme que já estava na minha lista há um tempinho. Tinha mais ou menos uma noção da sinopse, mas não fazia ideia de como isso poderia ser montado. E o resultado é um filme maravilhoso.
Depois que assisti fui tentar ler mais sobre o período histórico em que ele foi produzido e a própria história do Buñuel (aliás esse é o primeiro filme dele que assisto) - E recomendo a todos que assistirem o filme, que façam esse mesmo recorte.
É interessante que existem muitas controvérsias sobre a interpretação do filme. O diretor diz uma coisa, os fãs de cinema dizem outra. E no final das contas, acho que o propósito do filme é simplesmente mostrar a destruição dos valores morais e éticos quando o ser humano é colocado em situação extremas. E isso fica mais interessante por ele ter usado personagens ricos, que por sua posição social, têm esses valores ainda mais petrificados. No fim, o desespero e o sofrimento vão fazendo com que cada personagem se livre de toda máscara e hipocrisia, e mostre a natureza humana egoísta como ela realmente é.
Algumas pessoas conseguiram associar o filme a uma crítica a Ditadura Franquista na Espanha (da qual inclusive Buñuel foi exilado e por isso o filme é rodado no México e não na Espanha, sua terra natal). Acredito que poderia sim, se associar bastante as classes privilegiadas nesse período histórico da Espanha. Porém, acho que a crítica de Buñuel pode se aplicar a qualquer situação em que o ser humano siga convenções e valores puramente por aceitação social.
No final do filme, fiquei muito curioso para saber como aquela situação na igreja se desenvolveria. Imagina como seria interessante ver o confinamento da sala da casa, acontecendo em uma igreja? No final, das contas o artista é o Anjo Exterminador.
A história do filme é terrivelmente sem graça. Temos 4 irmãs, cada uma com uma vida sem muitas emoções. A exceção de Jo talvez, e é a que tem o melhor desfecho.
Além dos Limites
3.5 29 Assista AgoraAssistir romances antigos é sempre uma tarefa árdua de passar raiva e torcer contra o casal. No final desse filme, eu e minha amiga ficamos gritando "NÃO! NÃO FAZ ISSO! VOCÊ MERECE UMA PESSOA MELHOR! DEIXA ELE FICAR COM A TYRA!". Infelizmente, não adiantou, o filme acaba tendo um final triste.
Mais um romance tóxico de uma mulher forte e poderosa se rebaixando por um homem que a tratou como lixo.
OBS: Desculpa, mas eu só consegui enxergar o Dr. Foreman o filme inteiro. E a trilha sonora era bem aleatória.
As Panteras
3.1 705 Assista AgoraAs Panteras (2000) foi um filme que marcou muito a minha infância. Mesmo odiando filmes de ação e aventura, eu abria um exceção para esse filme e o assistia sempre que passava na TV. Era sensacional assistir Drew, Cameron e Lucy lutando e sendo bad ass. Com tudo isso, eu tinha grandes expectativas com uma provável sequência ou remake.
E, infelizmente, essas expectativas foram frustradas.
A Angel em treinamento me irritou o filme inteiro (MUITO), até porque eram basicamente duas angels e uma intrusa ali atrapalhando (custava ter colocado três angels de fato?); a questão delas não serem uma equipe; o roteiro bastante previsível (pra mim o único plot real foi o final com todas as angels); as atrizes pouco carismáticas, Kirsten pode até estar melhor do que comumente é, mas ainda não me convence muito; aquele romance inexplicável; até mesmo as cenas de ação foram muito fracas
No entanto, existe um tom feminista muito importante no filme e isso eu tenho que reconhecer que foi fantástico. A própria questão de Charlie e Bosley serem mulheres, sem liderança masculina. Algumas discussões sobre mulheres sendo menosprezadas ou ignoradas no meio de trabalho; assédio, enfim. Elizabeth Banks acertou bem nesse aspecto.
Não assisti a versão de 1976. E acho que talvez tenha assistido o filme com os sentimentos errados de querer ver mais do que eu assisti em 2000 e 2003.
Por isso, o filme acabou sendo apenas frustrante. Fiquei o tempo todo com a sensação de que poderia ser feito algo melhor.
Lionheart
3.3 34Esse foi o primeiro filme produzido na Nigéria que eu assisti.
Creio que talvez a participação da Netflix na produção e as constantes publicidades da Nike tenham tirado a originalidade de um filme nigeriano, mesmo assim a experiência cultural ainda é bastante interessante. Os figurinos, as comidas, o retrato de uma África rica e diversa (sem estar atrelado a uma figura ocidentalizada de pobreza e fome) por si só ja comprovam isso.
Com relação ao roteiro, Lionheart inicia-se como tantos outros filmes Hollywoodianos a que estamos acostumados, porém no desenrolar ele se envereda por um caminho totalmente diferente. Tu fica esperando pelo clichê do tio ensinando a ela várias lições de vida, ou então, que ela seja orgulhosa e o pai dela a ensine a ser uma administradora melhor; até mesmo um provável relacionamento que começa a surgir quase no final. E nenhum desses clichês acontece. Ada, na verdade, é uma personagem muito independente, segura e dedicada (e muito melhor empresária que qualquer personagem do filme diga-se de passagem), e o estranhamento surge em termos nos acostumado a ver filmes americanos transformarem mulheres que estão em posição de liderança em: 1) personagens arrogantes ou, 2) que não conseguem conciliar vida pessoal e profissional. E não, Ada também não precisa de um salvador, ela mesma busca soluções para a situação em que se encontra e nisso esbarra em várias formas de machismo. Aliás, o filme não tem nenhum diálogo sobre o tema, mas ele mostra o tempo todo, como Ada é objetificada e menosprezada como empresária por ser mulher, mesmo sendo quase sempre a pessoa mais profissional no ambiente onde está.
Mesmo avançando em todos esses aspectos, o filme ainda peca na falta de um plot/conflito que o torne mais interessante. Por falar tanto sobre negócios, em certo momento parece que assistimos apenas a reuniões em sequência. Além disso, o filme tem também alguns furos (como a prisão por ex.) e diálogos um pouco incoerentes.
De forma geral, o filme tem alguns tropeços, mas é muito revolucionário em sua abordagem e vou aguardar ansioso para mais filmes dessa diretora (que também foi roteirista e é a atriz principal).
Passando dos Limites
3.3 12Ano passado, depois de observar com revolta a pouca quantidade de filmes dirigidos por mulheres negras, decidi montar uma lista no Filmow reunindo todos eles. E infelizmente, foi muito difícil de montar esssa lista, mas não surpreendente, afinal se já é difícil encontrar mulheres diretoras, imagina mulheres negras.
Enfim, encontrei Little Woods de Nia DaCosta assim.
O filme é um pouco lento, e talvez alguns até o considerem arrastado. Porém, eu achei o ritmo adequado para todo o contexto. Achei que o roteiro e a construção das cenas (cinza, frio, mórbido) conseguiu mostrar a desesperança dos personagens que se encontram "aprisionados" na pequena cidade. Ressalta, inclusive, a incredulidade da própria personagem em poder escapar daquele lugar.
Achei que faltou um pouco de concisão no conflito principal (da Ollie tendo que colocar a condicional em risco por conta da necessidade de dinheiro, pagar a hipoteca, a gravidez...), as coisas mudaram muito de perspectiva durante o filme e isso não foi considerado.
Aliás, é bem interessante ver situações em filmes americanos que não aconteceriam no Brasil, porque temos o SUS hihi.
E o final em aberto, que na verdade não é tão aberto assim, finalizou bem o filme.
Não poderia deixar de falar das atuações de Lily James e, em especial, de Tessa Thompson que são incríveis. A profundidade que elas aplicam nos personagens me deixou impressionado. Inclusive, fiquei muito triste por esse filme ter sido ignorado em tantas premiações.
É um ótimo primeiro filme, bem experimental em alguns aspectos, e espero poder assistir mais filmes da Nia em breve.
Tinta Bruta
3.5 87 Assista AgoraPor não estar preso a legendas e ser uma cultura conhecida, acabo exigindo mais da atuação em filmes brasileiros. Naturalmente, é difícil eu me incomodar com esse aspecto em filmes estrangeiros. Sendo brasileiro, Tinta Bruta foi um filme em que isso me chamou atenção quase o tempo todo. As atuações eram péssimas.
E o roteiro não é de todo ruim. Temos um personagem principal que necessitava de uma ótima interpretação para conseguir transmitir a complexidade que ele tinha. Os coadjuvantes também. Mas a maneira como foram interpretados, deixou todo o filme muito raso.
Além disso, o som estava péssimo (eles não usaram microfone, gente? não é possível). Tinha a sensação o tempo todo de que eles estavam sussurrando.
Gostei de ter deixado um final em aberto, sem a resolução do julgamento, como era a expectativa desde o começo.
Ele foi abandonado por todos, a irmã, a avó e até mesmo o relacionamento que tinha. E no final, sem nenhuma perspectiva e com um vazio existencial enorme, ele conseguiu perder toda a tensão e dançar.
Achei pior que Beira-Mar. Que também tinha esses mesmos problemas que falei ali em cima, porém de forma menos ressaltada do que esse.
No fim, o filme acabou se tornando desgastante, arrastado e incômodo pelas potencialidades dos personagens que não foram alcançadas
PS: Algumas cenas com a tinta neon foram muito bem-feitas. Outras ficaram péssimas.
E Agora, Aonde Vamos?
4.2 144Eu li um livro nesse ano chamado "A mão esquerda da escuridão". A história se passa em um planeta, no qual não há diferenciação binária dos sexos de forma permanente. Isso gerou uma estrutura de sociedade completamente diferente da nossa. E uma das consequências, que tive dificuldade de entender naquele momento, foi a ausência de guerras. A ideia de não existir a relação oprimido x opressor, de não haver papéis de gênero, fez com que os conflitos não fossem mais resolvidos através da força e da guerra.
É um pouco extremo pensar assim, mas esse filme me ajudou a entender o que a escritora Ursula K. Le Guin quis dizer com isso.
O filme (que só depois fui ver que se passa no Líbano), coloca a história de um povoado retratando no micro a convivência entre duas religiões: islamismo e cristianismo. O começo é bem arrastado e lento. Porém, aos poucos a história vai se desenvolvendo e a mistura entre o cômico e o trágico torna o filme muito interessante. Mulheres que tanto sofreram com os conflitos no povoado lutam para que a disputa religiosa não leve a um novo conflito. É lindo ver o respeito e a união entre elas.
Aliás, uma crítica interessante é como elas tentam a todo modo impedir o contato deles com a televisão, rádio e outros meios de comunicação, entendendo que esse conflito é algo muito mais externo do que real dentro da vila. O machismo mostrado na forma da impossibilidade do diálogo na resolução dos problemas (tudo é motivo para força bruta, vingança e armas) é outro ponto para entender como essa questão se desenvolve. Um machismo que sobrepõe a própria dor de já ter perdido tantos parentes.
O filme é um banho de sororidade. Até mesmo com as mulheres que são contratadas para desviar a atenção; estas desenvolvem profunda afeição pelas mulheres da vila e não as deixam no momento em que o conflito começa a se mostrar como inevitável.
A solução dada no final é bastante cômica e o enterro no final mostra o quão surreal é horrível são esses conflitos de cunho religioso.
É um filme maravilhoso. Nadine Labaki já entrou pra minha listinha de diretores a serem assistidos sempre.
As Pequenas Margaridas
4.2 267 Assista AgoraAlguns filmes eu não sou capaz de compreender e esse é um deles. É um non-sense que foge a minha capacidade interpretativa. E senti que foi um tempo perdido da minha vida.
Guerra ao Terror
3.5 1,4K Assista AgoraDepois de assistir a "Zero Dark Thirty" e ouvir tantas comparações, resolvi colocar logo esse filme na minha listinha. Além disso, as várias premiações que o filme recebeu me fizeram criar uma grande expectativa.
E no geral, o filme é bom.
Ele é feito em forma de sketchs. Não é um filme exatamente corrido com uma trama do início ao fim. Essa estrutura diferenciou bastante o outro filme. E ele não é exatamente focado na guerra, vista de uma forma externa, mas em personagens consumidos por ela. (Aliás, só um paralelo, eu fico muito puto em como as produções sobre guerra de maior sucesso são focados nos soldados e não na população - o que faz sentido já que os EUA são sempre quem as causa e o maior mercado cinematográfico ao mesmo tempo - porém, não deixo de ficar incomodado).
Porém, voltando ao filme, eu diria que ele não tem um clímax, ou então algo de muito especial. É, sim um filme bem feito. Tecnicamente, ele é ótimo, ainda mais considerando o orçamento pequeno que teve (e estamos falando de um ano em que Avatar existiu). Só que, ele é bem OK. Roteiro bom, mas não marcante. E no geral, achei inferior ao outro filme da Kathryn. Vale a pena assistir, mas não é algo de outro mundo.
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraO jovem de esquerda de hoje não consegue falar em outra coisa que não seja Bacurau.
E é justificável. O cinema de resistência feito no nordeste (com destaque para o Pernambuco), mais uma vez brilhou e mostrou que é o lugar onde as melhores produções brasileiras tem sido feitas atualmente.
O filme é fantástico. O plot, em que o imperialismo representando nas figuras dos estrangeiros é enfrentado pelo povo explorado e desumanizado, é visceral. Saí do cinema, impactado com tudo aquilo. E depois, escutar os nomes dos mortos e ver o de Mariele, deu um aperto no coração.
Uma das cenas mais bem feitas pra mim é a dos brasileiros contratados para ajudar os estrangeiros na matança do povo (um deles que aliás trabalha como servidor público). O diálogo que eles tem com os americanos, é o que todo paga pau das grandes potências, inclusive nosso presidente, deveria escutar,
Bacurau é um filme feito para o Brasil. Assisti-lo é ver 500 anos de história. Entendê-lo é encontrar o poder popular.
E é impossível não vibrar nas cenas finais.
Cinco Graças
4.3 329 Assista AgoraEncontrei esse filme de forma bem aleatória, passeando pelas listas do filmow. Não li sinopse nenhuma e baixei o filme. E ele foi uma ótima surpresa.
O filme debate conservadorismo, machismo e liberdade o tempo todo. Embora tenhamos uma protagonista (a caçula), o filme não deixa em nenhum momento que isso apague as outras quatro irmãs. Cada uma delas acaba tendo um momento, enfrentando desafios que ora são individuais, ora são comuns a todas.
Obviamente que por ser um filme turco, existe um grande distanciamento cultural para uma pessoa da América Latina. Porém, ele consegue questionar a opressão dessa sociedade. sem parecer que fazer isso é algo de outro mundo. Assim, o filme mostra as incongruências de uma cultura feminicida sem ter que usar de um ponto de vista externo. E isso é muito bem construído pelo roteiro.
Algumas cenas me marcaram, A cena da família a espera da primeira relação sexual e a ruptura do hímen para comprovar a virgindade é muito chocante. A própria forma como se é acordado os casamentos. O sofrimento mental de uma das meninas com toda a situação de repressão e abuso. A garota que queria poder assistir um jogo de futebol em um estádio, que queria aprender a dirigir. O jeito como elas são apresentadas simplesmente como objetos de prazer e trabalho. A casa delas que se torna uma prisão, cada vez mais tendo as grades aumentadas. E ao mesmo tempo em que em casa, elas são violentadas.
A força que as une, e o entendimento entre elas através do olhar. Isso só para falar de forma bem simplória do impacto que esse filme traz, em seus 97 minutos.
O final tem realmente uma saída hollywoodiana que é um pouco surreal. Mas me deu uma baita alegria ver elas enfrentando todo aquele casamento pedófilo e conseguindo fugir.
É um filme muito lindo. E muito humano também.
O Sexto Sentido
4.2 2,4K Assista AgoraO filme perde a graça se tu souber o grande plot.
Por alguma infelicidade eu li em algum lugar, e mesmo tentando esquecer, só consegui pensar isso do início ao fim do filme. Então, acabou parecendo tudo meio óbvio pra mim. Odeio spoilers de filmes.
O filme é muito bom. O Haley Joel Osment brilha muito, que criança talentosa. Bruce Willis fica apagado perto dele. O roteiro é muito bem linkado, e esse talvez seja o melhor filme do Shyamalan (que estranho que um dos seus primeiros filmes foi justamente o que mais lhe rendeu prêmios).
PS: Gostei muito da história da guria que tinha a mãe com Síndrome de Münchhausen, e deu vontade de ver mais do Cole ajudando fantasmas.
Bicho de Sete Cabeças
4.0 1,1K Assista AgoraNão curti o filme.
Primeiro ponto. Tecnicamente, ele é péssimo. O enquadramento da câmera é horrível. A forma como as cenas tem sequência é muito mal feita. O roteiro também não ajuda.
Eu até tentei colocar a culpa do ano em que o filme foi feito. Mas já nessa época haviam filmes muito bem produzidos no Brasil.
E tema da história é bastante interessante. Discutir sobre os hospitais psiquiátricos, manicômios e internação compulsória é muito importante. Ainda mais ressaltado, quando consideramos a realidade do Brasil. E fico feliz, que pela repercussão que teve, essa discussão acabou sendo bastante levantada.
No entanto, não acho que seja um filme bom. Explora de maneira muito limitada os hospitais psiquiátricos. Levando para situações bem extremas de maneira muito rápida. É quase como se o filme tivesse cortado algumas cenas que deixaram um vácuo na história, e o tornaram corrido. O personagem principal acaba ficando sem profundidade nenhuma.
Aliás, para o contexto do filme, o início tem muito pouca importância. E ele poderia ter explorado mais a vivência no hospital.
Senti falta de abordarem um pouco mais da família e dos outros pacientes. Mas o que é um pouco perdoado, visto que é baseado em uma auto biografia.
Ah e aquela cena final de quase suicídio dentro de uma espécie de "solitária" foi muito mal feita. De tantas formas que aquilo poderia ser montado, acho que escolheram a pior.
E uma opinião bem polêmica: essa trilha sonora com músicas do Arnaldo Antunes foi o fim.
O ponto bom é que ele não se enveredou pelo lado hollywoodiano de filmes como esse, de mostrar essas clínicas como um local para se fazer amigos.
Luzes da Cidade
4.6 622 Assista AgoraNão assisti a muitos filmes do Chaplin.
Uns aqui e ali perdidos pela minha infância. E agora tenho visto alguns, os quais na verdade estou reassistindo depois de mais velho. Esse, em especial, eu nunca tinha assistido.
E assim como os outros, é um bom filme. Chaplin fez esse em um período em que o cinema já estava deixando de ser mudo. E mesmo assim conseguiu ser um sucesso. E é fácil de entender o porquê.
Tem o tom de comédia despretensiosa que os filmes de comédia atualmente não conseguem reproduzir. É leve e você consegue se divertir bastante.
Eu tenho um pouco de dificuldades com o personagem comum de Chaplin. Algumas cenas engraçadas se misturam com uma certa revolta por sua inocência. Mas entendo que isso faz parte do humor criado por ele.
Aliás, adorei as cenas do jantar com o milionário e da luta no boxe.
O final acaba sendo bastante melancólico. A garota cega consegue fazer a milagrosa cirurgia com o dinheiro roubado, mas o herói rico que ela esperava ter não é como ela imaginava. Gostei da maneira como terminou. O filme não entregou tudo. E você fica imaginando como ela terá reagido.
Gostaria de pensar que ela o teria aceitado como ele é. Mas meu lado mais racional tem a certeza de que o personagem "vagabundo" será recompensado apenas com um abraço. Pois para ela acabará sendo uma decepção. E ele estará satisfeito com isso, afinal o amor dele nunca veio de uma ilusão.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraFrenético.
É como eu consigo descrever esse filme. Gosto muito de roteiros que usam de situações ordinárias para levar os personagens ao extremo (Como acontece em Relatos Selvagens, por exemplo). Nesse, o que era para ser uma confraternização entre os membros de uma companhia de dança explode em uma série de cenas intensas, envolvendo morte, incesto, agressões, aborto... Ai é tanta coisa que acontece, que nem sei como descrever.
Aliás, o plano-sequência ter sido quase único é fantástico, por nunca deixar o filme cair em um antí-clímax. Toda a montagem e cor do filme também foram muito bem construídos. Ainda mais quando percebe-se que ele utiliza basicamente de apenas um cenário, e consegue manter a história interessante. Aliás, ele tinha tudo para ser um filme cansativo: sem um personagem principal, sem um plot inicial, ou a criação de um ápice. Mas cansativo é tudo o que esse filme não é. Manteve minha atenção e quando terminei de assistir, revi várias cenas e permaneci com ele na cabeça por muito tempo.
O filme é um soco, basicamente.
Não espere se recuperar dele tão rápido.
Cenas que ficaram na minha cabeça:
A cena de quando a energia apaga e a criança para de gritar. A guria chorando ácido contrastando com o que ela disse no início e revelando que possivelmente foi ela a culpada de todo o caos. Os policiais entrando no galpão e a camera focando pelo alto em cada personagem.
A cena da dança que é fantástica (ai aquele instrumental é a marca do filme). Aliás tem no youtube somente essa cena, para quem quiser revê-la.
A cena da guria colocando fogo na cabeça da outra e rindo.
A da guria que estava grávida sendo acusada e machucada pelos outros colegas da companhia.
Caralho, que loucura.
A Família Bélier
4.2 436É bem good vibes o filme. Eu curti bastante, embora a história do casal adolescente tenha me irritado um pouco e o desfecho meio que acontecendo nos créditos também não foi bem feito. Ficou parecendo que a verba do filme acabou e resolveram tudo com algumas imagens soltas. Porém, tirando isso, o filme é bom. Ideal para um dia pesado em que você quer assistir um filme para relaxar.
Uma cena bastante memorável é a do clímax da apresentação na escola, em que o áudio é cortado, e você começa a entender um pouco da família Bélier. Foi brilhante.
PS: Eu já havia assistido a cena final várias vezes antes devido a uma aula de Francês na faculdade. E ainda continuo reassistindo. Aquela cena é linda.
As Patricinhas de Beverly Hills
3.4 1,0K Assista AgoraMais um clássico que eu nunca havia assistido.
O filme é mais um desses adolescentes com personagens estereotipados. É divertido, mas um pouco bobinho hahah.
Estou muito feliz por agora entender todas as referências de Fancy.
Ai, essa questão da tradução errada e se foi ou não incesto gera tantas discussões na internet. De qualquer forma, eu achei bem estranho, e um casal bem improvável.
Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava
3.7 71Eu fui assistir o documentário com uma expectativa e saí bem frustrado. Não achei que a montagem das cenas do pornochanchada ficou boa. Na verdade, achei que tudo ficou bem desordenado e ruim. Tanto que fiquei contando quanto tempo faltava para acabar o tempo todo.
Talvez seja um gosto pessoal mesmo, não estou acostumado com esse tipo de documentário, e realmente tive uma estranheza quando notei que seria somente as cenas, sem especificar o contexto e um pouco do lado atrás das câmeras dessas obras.
A Hora Mais Escura
3.6 1,1K Assista AgoraA Jessica Chastain é muito maravilhosa. Eu não lembro de mais ninguém que atuou no filme, só dela mesmo haha.
Eu gostei muito do filme. Particularmente, filmes de espionagem e investigação me atraem muito, então, prendeu minha atenção o tempo todo, mesmo sendo bastante longo.
Achei que a tensão foi bem construído, as inseguranças com relação ao ataque também. As relações de gênero no filme são bastante interessantes mesmo que implícitas. As tantas reuniões em que ela é a única mulher, a necessidade de ter que se mostrar muito segura para ser levada a sério. Achei interessante a abordagem disso.
Pretendo assistir a Guerra ao Terror em breve (vi muitas comparações aqui no site e fiquei interessado).
Lixo Extraordinário
4.3 655Assisti esse filme pela primeira vez em 2011, quando tinha 13 anos, em uma aula. Lembro de ter achado o filme maravilhoso, o Vik Muniz um cara fantástico e as obras de arte incríveis
Assisti novamente o filme nesse ano e meu olhar sobre o filme foi totalmente o oposto. Vou tentar explicar o porquê.
Primeiro, nós temos uma pessoa branca que nasceu em um contexto difícil e se tornou um dos maiores artistas plásticos do Brasil e no início do documentário mora em outro país. Ok.
Essa pessoa decide fazer um trabalho com os catadores de material reciclável no Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, com o objetivo de dar um retorno a população pobre do país onde ele nasceu. Todo o dinheiro das obras seria revertido para a associação do aterro. Beleza.
E com isso, ele permite a construção de um documentário sobre essa boa ação que ele fez.
Sabe, o grande problema dessa gente estar nessa situação é o fato de existirem pessoas como Vik Muniz.
E isso fica bem claro em determinado momento do documentário, em que ele tem uma discussão com outras duas pessoas. E aquela conversa resume toda a problemática hipócrita e absurda desse filme.
Começamos com um cara falando que tinha a sensação inicialmente de que as pessoas que moravam no Jardim Gramacho eram felizes por trabalharem no lixão. Mesmo com todas as histórias de vida relatadas sobre as dificuldades e expectativas daquela população. E daí uma mulher, talvez a pessoa mais coerente de toda a produção, questiona sobre a questão delicada deles estarem mexendo com a vida dessas pessoas. mostrando um estilo de vida diferente e depois não dando nenhuma oportunidade ou possibilidade de mudança. Na discussão o Vik dá respostas absurdas sobre "qual é o problema de mudar a vida dessa pessoa pra sempre?" "acho que não existe algo que possa mexer com a cabeça dessas pessoas" "essa pessoa pode decidir não querer voltar para o Jardim Gramacho depois de trabalhar conosco". A mulher que acaba sendo silenciada por ele, tenta explicar o óbvio para ele: Responsabilidade.
Você não pode ir em uma comunidade, dar uma de Caldeirão do Huck, ter a presunção de que já conhece todas aquelas pessoas, ouvindo simplesmente relatos e achar que tem o direito de usar a vida dessas pessoas.
Ele basicamente usou elas para construir suas produções artísticas por dois anos. Vendeu o quadro em Londres. E achou que fez uma boa ação enorme, colocando essas pessoas em uma exposição de arte.
Tu não pode achar que está mudando as vidas dessas pessoas sem dar nenhuma ferramente ou caminho para que ela possam fazer isso. E não pode pressupor o que essas pessoas querem, de que qualquer boa ação para você é uma boa ação para aquela população.
O lixão do Jardim Gramacho não é bom. Ele não é bonito. As pessoas terem que se submeter a uma condição de trabalho deplorável como aquela é algo triste. Elas ainda tem que lutar por direitos mínimos. A vida do Vik Muniz não foi nem 1% da vida daquela gente. As pessoas não tinham parede para colocar o quadro que elas fizeram. E o documentário achou bonito mostrar o Vik Muniz entregando as obras de arte para aquelas pessoas. Detalhe: depois de todo o trabalho que ele fez as pessoas ainda estavam nas mesmas condições de moradia nas quais ele as encontrou.
E o documentário tem a todo momento esse tom pomposo de que algo maravilhosamente de bom está sendo feito.
E no final o que ele fez foi isso: as pessoas continuam indo dormir sem uma vida digna, porém agora com um quadro na parede. E o Vik dormindo melhor a noite por achar que fez uma ótima ação.
Sabe o que esse documentário deveria ter feito? Focado nas lutas e anseios dessa população. Ter permitido que eles falassem o que eles queriam. Ter dado visibilidade. E minha nota mínima nesse documentário vai para os momentos em que ele faz isso.
Mas o Vik Muniz é uma verdadeira palhaçada.
No fim, esse filme me mostrou que nesses 8 anos que se passaram desde que eu o assisti pela primeira vez, eu aprendi uma coisa básica que me fez olhar esse filme com outros olhos: boa ação não adianta absolutamente nada se tu não está lutando por mudança social.
Uma Viagem Extraordinária
4.1 611 Assista AgoraAs imagens desse filme são lindas. Bem frase de cinéfilo metido a chato: mas realmente a fotografia é fantástica.
O problema é a história. No começo do filme você até vislumbra uma coisa meio Amèlie, a história começa a empolgar. E de repente, a coisa fica muito absurda. Vários conflitos familiares começam a surgir e no decorrer do filme, tu espera que eles sejam abordados, mas não são.
No final, depois de uma conversa da mãe do protagonista num talk show inusitado e bem aleatório, o roteirista achou que tinha resolvido TUDO. E o filme termina como se tudo tivesse ok de maneira bem simples.
Olha não funcionou, a história não é coesa. E é bem frustrante porque no início uma expectativa boa é criada e você termina o filme bastante frustrado.
Poderiam ter economizado os milhões dos cenários e se preocupado mais com o roteiro.
PS: Assisti sem saber que o diretor do filme era o mesmo de Amèlie, mas desconfiei logo no início haha.
Quando Se Tem 17 Anos
3.8 71Assim como 90% dos filmes com personagens protagonistas gays, esse trata sobre o processo de descoberta e aceitação da sexualidade.
Não é que eu acho que ele seja um filme ruim, mas por já ter assistido muitos filmes com temática parecida, ele acabou parecendo um clichê pra mim. Principalmente, porque os últimos filmes que eu assisti, saíram do lugar comum dessa temática. Esse ao menos focou na violência que os dois usavam como escapismo para evitar o desejo.
É um bom filme mas não espere algo muito diferente.
PS: Eu fiquei impressionado na forma como a mãe fazia questão de "adotar" o outro guri. Ela trouxe ele pra casa com muita facilidade kkk.
E aquela neve era isopor? Pq não é possível, eu sentia frio só de olhar. E o povo nem usava luva.
O Sonho de Wadjda
4.2 137 Assista AgoraAo assistir esse filme, você deve saber que:
1. Esse é o primeiro filme produzido na Arábia Saudita
2. Esse filme foi dirigido por uma mulher.
3. A protagonista é uma menina que questiona a sociedade conservadora em que vive.
Eu nem consigo imaginar a importância histórica desse filme para as mulheres dos países árabes e/ou de cultura muçulmana. Li várias entrevistas da diretora depois que eu assisti o filme, e ele com certeza significa muito para um país que só há 2 anos teve sua primeira sala de cinema inaugurada. Ainda mais por tratar de temáticas feministas tão importantes.
Primeiro, que sim, a gente tem uma visão muito estereotipada do que é a Arábia Saudita, que nem de longe era o que eu imaginava ao assistir o filme. Quebrei a cara com isso.
Segundo, o trabalho da diretora foi fantástico. E as pessoas dizem: "Ah, mas a produção foi meio fraquinha". Realmente, comparado aos filmes de grandes estúdios que temos nos EUA, a produção do filme pode não parecer tão boa. Porém, quando a gente para pra pensar que a diretora teve que dirigir o filme de dentro de uma van em certas ocasiões, porque a população local poderia não reagir bem ao fato de ter uma mulher diretora, a gente começa a entender as dificuldades de se fazer um filme como esse, ainda mais sendo pioneiro.
E de verdade, eu não achei o filme mal produzido não. Inclusive, achei a cena final com os fogos de artifícios, muito bem produzida.
Gostei muito da atuação da personagem de Wadjda. A teimosia, o espírito questionador, a rebeldia parecia ser muito natural. Também achei muito fantástica a atuação da mãe, principalmente na cena do casamento.
O filme teve personagens femininas muito bem concebidas, questionando de forma implícita (e algumas vezes de forma explícita) aspectos de uma sociedade muito diferente dos valores ocidentais. O sonho de Wadjda (que logo no começo você descobre que é simplesmente poder ter uma bicicleta) pode parecer simples, mas mostra ser um desafio muito grande para uma sociedade como a dela. Além disso ele aborda várias questões que podem parecer muito distantes da nossa realidade, e que são vivenciadas pelas mulheres sauditas, como o casamento poligâmico, a autorização do trabalho para a mulher, o casamento infantil e precoce, o uso do hijab e a burca, etc. Assim, o filme consegue pelas beiras perpassar vários aspectos do que é ser mulher dentro da cultura árabe
No fim, "Wadjda" é um filme lindo, um grito de resistência e esperança dentro da Arábia Saudita.
E se alguém achar que o mundo árabe não está mudando. O fato de Haifaa Al-Mansour não ter precisado gravar o seu segundo filme de dentro de uma van, deixa claro que isso não é verdade.
A cena do resultado do concurso é de cortar o coração. :(
O Anjo Exterminador
4.3 375 Assista AgoraEsse é um filme que já estava na minha lista há um tempinho. Tinha mais ou menos uma noção da sinopse, mas não fazia ideia de como isso poderia ser montado.
E o resultado é um filme maravilhoso.
Depois que assisti fui tentar ler mais sobre o período histórico em que ele foi produzido e a própria história do Buñuel (aliás esse é o primeiro filme dele que assisto) - E recomendo a todos que assistirem o filme, que façam esse mesmo recorte.
É interessante que existem muitas controvérsias sobre a interpretação do filme. O diretor diz uma coisa, os fãs de cinema dizem outra. E no final das contas, acho que o propósito do filme é simplesmente mostrar a destruição dos valores morais e éticos quando o ser humano é colocado em situação extremas. E isso fica mais interessante por ele ter usado personagens ricos, que por sua posição social, têm esses valores ainda mais petrificados. No fim, o desespero e o sofrimento vão fazendo com que cada personagem se livre de toda máscara e hipocrisia, e mostre a natureza humana egoísta como ela realmente é.
Algumas pessoas conseguiram associar o filme a uma crítica a Ditadura Franquista na Espanha (da qual inclusive Buñuel foi exilado e por isso o filme é rodado no México e não na Espanha, sua terra natal). Acredito que poderia sim, se associar bastante as classes privilegiadas nesse período histórico da Espanha. Porém, acho que a crítica de Buñuel pode se aplicar a qualquer situação em que o ser humano siga convenções e valores puramente por aceitação social.
No final do filme, fiquei muito curioso para saber como aquela situação na igreja se desenvolveria. Imagina como seria interessante ver o confinamento da sala da casa, acontecendo em uma igreja?
No final, das contas o artista é o Anjo Exterminador.
Adoráveis Mulheres
3.8 231 Assista AgoraA história do filme é terrivelmente sem graça. Temos 4 irmãs, cada uma com uma vida sem muitas emoções. A exceção de Jo talvez, e é a que tem o melhor desfecho.
É um filme bem esquecível