O filme tem uma premissa interessante, que no início é bastante satisfatória, mas a medida que acontecem as mortes, o filme vai caindo na qualidade. Alguns escapes rooms são bastante forçados e gente, que sorte do cacete que eles tinham para seguir uma única pista em 5 minutos de um raio-X encontrado ao acaso numa sala enorme com vários objetos. Isso estragou muito a narrativa.
O que eu ache que complica filmes com essa temática, é a ideia de um mestre desconhecido por trás de tudo e como a história no final acabou voltando muito para isso. Óbvio que alguém estaria por trás organizando todos os jogos, mas ver o filme no final se resumir a uma disputa de gato e rato, para dar motivo às sequências foi bem negativo. Talvez porque a expectativa de que as coisas se finalizem ou de que as pessoas vivenciem o trauma de verdade acabe sendo frustrada.
Eu achei tudo muito mediano e acho que somente pelo fato de eu amar MUITO filmes de sobrevivência, eu não o considerei de todo ruim. Porém, o filme peca muito e tu fica o tempo todo com a sensação de "Poderia ser melhor".
Nos últimos meses, eu tenho tentado comentar todos os filmes que eu assisto. E isso tem sido uma tarefa interessante. Cada filme gera sentimentos muito diferentes. Com alguns, eu não tenho muito que escrever, com outros eu poderia publicar livros. Com alguns, o texto sai em 10 minutos, com outros, eu escrevo, refaço, edito e ainda assim não é suficiente.
Com Democracia em Vertigem, eu experimentei a sensação de ter muito o que escrever, mas não conseguir colocar em palavras. Esse provavelmente seja o melhor documentário que eu já vi, e nada do que eu escrever aqui poderá mensurar a angústia que eu senti ao assisti-lo.
O golpe, um julgamento imparcial, o ódio, um político fascista, tantos absurdos... Gente, o que as pessoas querem afinal? Aonde vamos chegar?
Acho que a frase de Dilma ficará pra sempre na minha mente: "Todos nós seremos julgados pela história". E, sim, eu sonho que daqui alguns anos, alguma racionalidade surja e mostre para as pessoas como elas estavam perdidas.
E Petra Costa é uma rainha, mais uma vez me fez chorar com seus documentários.
Cheguei a esse documentário por indicação de um amigo.
O relato das mulheres que lutam para serem reconhecidas, que têm que mostrar-se muito mais competentes do que seus colegas homens, para conseguir o mínimo de reconhecimento que lhes são de direito, é tão doído. E eu nem sinto isso na minha pele pra poder mensurar o impacto disso na vida de alguém.
A estrutura social que repercute isso. Um presidente que indica um filho que não entende nada de relações políticas para um posto importante. Pessoas competentes sendo chamadas de incompetentes. Uma política bizarra apoiada por ignorantes arrogantes.
E com toda a nossa conjuntura atual, eu digo que o Brasil é um país estranho. Um país que anseia a grandeza, mas não consegue perceber o quão limitante ele mesmo se desenha.
Eu queria poder terminar o documentário e pensar "as coisas estão melhorando", mas acho que não posso dizer isso, e eu não consigo imaginar aonde chegaremos. O que me dá esperança, é que a existência desse documentário é a prova de que temos pessoas questionando, que temos pessoas lutando.
No fim, eu gostei bastante do documentário, mesmo que tenha tido algumas críticas desfavoráveis em relação a produção, eu acho que isso não limitou a experiência. Além do fato de eu ter um fraco enorme com solos de piano. Senti um pouco de falta de falarem sobre a trajetória dessas mulheres até o Instituto Rio Branco, mas foi só isso.
De Menor é um filme que dá pano para muita discussão.
O modo como apresenta os diferentes casos que são defendidos pela protagonista, os quais envolvem menores de idade cometendo infrações, é de uma sensibilidade incrível. Obviamente, que pelo tamanho do filme e quantidade de casos apresentados, muito pouco poderia se aprofundar em cada um. No entanto, a meu ver, isso só contribui ainda mais para a ideia central do filme, que é mostrar como esses casos são vistos pela justiça. E que debruçando-se um pouco neles, muito se percebe que a construção de um menor infrator geralmente vem de um contexto social que contribua para isso.
Além disso, é impossível não se encontrar na protagonista, que sente tão impotente com tudo que vê diariamente. Incapaz de mudar a realidade das pessoas que acompanha.
E o clímax do filme que consiste na dor que ela sente com o seu irmão, na sua incapacidade de conseguir entendê-lo e o julgamento é também muito impactante. Rita Batata inclusive faz um trabalho muito bom, que fica ressaltado até demais devido ao contraste com os demais atores que não são tão bons.
Vale a pena assistir.
PS: Foi MUITO dificil conseguir o torrent desse filme hahaha
Eu não sei muito bem o que falar sobre esse filme...
Daqui um mês eu provavelmente não vou me lembrar dele. É simples e leve. O título não faz muito sentido, já que se refere apenas a história de uma das meninas, embora todas dancem ballet inicialmente. Sobre a história, queria ter visto mais de Petrova, a garota que queria ser aviadora. Ela tinha a história mais desafiadora e conflitante, mas meio que se perdeu no filme, ofuscada pela carreira da irmã, Pauline, não só no enredo como no filme no geral. Poderia ter questionado mais os desafios enfrentados pela mulher na década de 30, mas seria audacioso demais para ele.
Basicamente temos a história perfeita pré-trauma e depois o desenrolar de Franck tentando se adaptar às consequências do incêndio. Achei o filme muito morno. O ponto positivo talvez tenha sido mostrar a reação da família a isso, principalmente Cecile, mesmo que eu ache que ela poderia ter sido melhor explorada. Porém, a necessidade de resolver a história (e acho que filmes como esse não deveriam ter esse objetivo) para mostrar a superação, força algumas situações e diálogos.
No fim, não é um filme ruim. Porém, também não é um filme que eu indicaria para se assistir no Varilux.
Uma das cenas desse filme vai ficar na minha cabeça por muito tempo. Em determinado momento da sessão da psicóloga (que basicamente dura o filme todo), ela começa a questionar a personagem principal sobre o motivo dela estar agindo daquela forma, e termina com a seguinte afirmativa "Você é assim, porque tem medo de morrer". A personagem responde de forma bem calma: "Eu não tenho medo de morrer, eu tenho medo de ser abandonada".
E basicamente esse diálogo resume todo o filme e todas as angústias dos personagens. A necessidade de estar com alguém, de se sentir desejado move o ser humano e no caso é o que leva o personagem principal a sua tragédia. Interessante também como o filme consegue mostrar como um trauma ou um abandono pode definir a história de alguém. E isso ter sido esclarecido aos poucos, leva a um processo de condenação-compreensão do personagem por quem assiste, durante todo o filme. A complexidade que ela apresenta provavelmente fará tu pensar nela por vários dias (principalmente com o desfecho). É uma comédia dramática muito boa, e os plot twists são ótimos (em determinado momento eu fiquei muito chocado com as consequências e o desenrolar dos fatos kk).
E Juliette Binoche é muito maravilhosa, ela ofusca qualquer um que estiver contracenando com ela e estou muito triste por esse ser o primeiro filme que assisto com ela.
O quanto saber quem é o diretor nos faz direcionar as expectativas do filme? Assisti a Us, esperando captar a crítica social que Jordan Peele provavelmente faria. E depois, ao terminar de assistir e ler os textos de análise e resenha do filme, percebi o quanto muitos extrapolam as vezes o real intuito do filme, ou então o restringem a uma situação específica. Inclusive muito li sobre o filme se referir a xenofobia. É muito limitante tu considerar que uma situação em que uma população subalterna se reconhece como explorada e se revolta contra esse sistema representa apenas uma crítica a xenofobia. Sim, xenofobia é uma das situações em que isso pode ser aplicado e principalmente por conta da questão "We are americans", mas qualquer sistema de privilegiado/desfavorecido, dominante/submisso, ou de silenciamento pode ter essa crítica associada.
E Us não é só um filme de críticas. Na verdade, eu acho que isso é deixado tão em segundo plano, que o grande auê de filme militante feito sobre ele se deve mais ao seu antecessor, Get Out, do que realmente a sua essência.
E sobre sua essência, ele é um suspense que brilha. A construção dual dos atores foi incrível. Lupita mostra mais uma vez porque é uma das melhores atrizes da atualidade. A construção que ela, em específico, fez da sua personagem (mais ressaltado nas cenas finais) é paralizante de tão maravilhoso.
Sinceramente, eu gostei mais desse filme do que o outro. Mesmo que, assim como Get Out, ele seja inovador, a ausência das pitadas cômicas desnecessárias que Get Out trazia ajuda muito na construção do suspense. Ele é o ótimo terror que eu havia comentado há alguns dias: capaz de gerar tensão (e que tensão) e com história interessante, .
Um dos melhores remédios para estresse pra mim é assistir um filme do estúdio Ghibli.
Então, depois de um dia estressante e cansativo, eu resolvi assistir esse filme e foi tão maravilhoso se encantar com ele, entrar na história e cativar-se por Sophie.
Acho muito interessante poder sair daquela construção maniqueísta e ocidental dos personagens, taxados como vilão ou heroi. No filme, mesmo quando você acha que existe um vilão (como a Bruxa do Pântano) consegue depois ao decorrer da trama enxergar a humanidade dele; ou então no personagem que a princípio parecia ser bom e perfeito, tu começa a ver uma faceta orgulhosa e vaidosa (que é o caso de Howl). Todos somos imperfeitos e nossas imperfeições não são simplesmente aleatórias.
Castelo Animado, mesmo sendo bastante fantasioso com bruxos, demônios e magia, nos apresenta personagens muito sinceros no que são. O que faz muito bem a nossa mente ainda presa a estereótipos narrativos que fazem o clichê acontecer.
PS: Acho engraçado, quando eu digo que assisti uma animação japonesa, e as pessoas fazem uma cara de "Nossa, e isso presta?". Enquanto que, na minha opinião, são as melhores animações feitas atualmente, para qualquer que seja a faixa etária.
Havia assistido o curta-metragem que deu origem a esse filme e estava muito ansioso para ver no que daria ao ser transformado em um longa.
Há algumas falhas realmente, mas eu gostei do resultado geral. Amo filmes de terror que usam muito da câmera em 1ª pessoa. Outra técnica muito boa é a de não colocar o "monstro" no centro da câmera, usando a periferia. E Lights Out explora isso muito bem, criando um suspense digno, e deixando ótimas as cenas de perseguição e de sustos. Talvez a falta de uma história concisa para explicar o sobrenatural do filme, tenha me desanimado (senti a falta de um quê de Babadook aí). Poderia também ter melhorado esses personagens, que eram extremamente sem graça, e espero que um dia eu encontre um namorado tão paciente quanto esse do filme (haha).
Pra mim pareceu que realmente o diretor conseguiu colocar todo o terror do curta em um longa-metragem. Porém, o roteiro que poderia ter sido super incrementado ficou muito a desejar.
Eu acho que filmes como esse se limitam muito por ter um único objetivo: gerar tensão. E sim, isso ele conseguiu em boa parte do tempo. Porém, filmes de terror realmente bons são aqueles que criam tensão, tendo uma história interessante.
Definitivamente, um dos piores filmes de fantasia que já assisti.
Eu gosto muito da diretora, Ava DuVernay, e mesmo com as expectativas baixas (por resenhas lidas sobre o filme), eu fiquei bem decepcionado com o filme. O enredo é desconexo, aleatório e sem explicação. Vários personagens tinham atitudes que não faziam sentido, e serviam apenas para conseguir dar sequência a história. A fantasia exigia uma abstração absurda pra tu entender o que estava acontecendo. O surgimento do personagem Calvin foi mal explicada. E o irmão mais novo, Charles Wallace, conseguiu se tornar o personagem mirim mais irritante que eu já assisti em um filme.
Achei interessante pela diversidade de etnias no filme, e por ter sido uma personagem principal preta, e o filme avança nesse sentido.
De resto, foi uma tentativa miserável de tentar compensar a péssima história com efeitos especiais (que pra mim foram até desnecessários) e atores famosos.
É tão refrescante quando um filme te estimula a pensar. Apenas filmes extremamente inteligentes e bem construídos conseguem fazer isso. E Mulholland Drive é com certeza um dos filmes mais brilhantes que eu já vi nessa questão. Acho que seria possível escrever um livro sobre a análise desse filme.
Eu estava bem sem expectativas. E depois de vê-lo, fiquei por uma semana digerindo-o, pensando sobre algumas passagens, tentando entender o porque disso ou daquilo ter acontecido. E é interessante que todas as respostas estão nele, basta entender que os fatos e cenas não são aleatórios. E por isso, ele exige do espectador mais do que 2h30 em um sofá.
Se tu quer assistir um filme inteligente, ele é um prato cheio!
PS: Esse título brasileiro entrega mais do que deveria, então vou dar uma dica que não é spoiler: ler um pouquinho sobre a noção freudiana sobre os sonhos vai tornar a experiência mais interessante.
É mais um daqueles filmes de comédia, que você provavelmente já viu outros cem com a mesma história. Acrescente a isso, algumas cenas péssimas que não são engraçadas, piadas machistas e roteiro sem graça.
E foi bad assistir, porque eu gosto das atrizes principais, mas nesse filme não deu.
É interessante como pra nós hoje, 100 anos depois, o sufrágio universal é algo tão aceito pela nossa sociedade. Me faz ter esperança, de que daqui há 100 anos, os direitos sociais pelos quais lutamos e que são tão duramente combatidos, também sejam aceitos por todos.
É um filme lindo. Para lembrar que nenhum direito é dado. Todo direito é conquistado.
"Never surrender Never give up the fight"
PS: Eu fiquei esperando pela Meryl Streep durante todo o filme, e ela na verdade só faz uma cena de dois minutos.
Primeiramente, eu não conhecia bem o Polanski, e só me dei conta das denúncias contra ele depois de assistir Venus a la forroure e pesquisar sobre o filme. O que me fez sentir mal porque tenho tentado evitar filmes de diretores envolvidos em assédios sexuais. Com tantas diretoras fazendo produções maravilhosas e ignoradas, acho importante dar valor a elas. Farei esse review, mas também como forma de um lembrete para sempre pesquisar antes sobre os envolvidos na produção e direção dos filmes que assisto.
La Venus a la fourrure é um filme teatral. Com apenas um cenário, e dois atores que sustentam durante uma hora e meia, um roteiro fantástico. Com um filme preso a tal estrutura, os atores realmente têm de ser muito bons para tornar um filme assim atraente. E eles são. Embora Mathieu Amalric se saia muito bem, quem rouba toda cena é Emmanuelle Seigner. Não sei nem como descrever o quão ela é talentosa. A troca entre encenação da peça e interpretação do personagem, feita pelos atores a todo momento, e que se confundem para mostrar a identificação de cada um com o personagem da peça, é uma das coisas mais fantásticas que já vi em performances no cinema.
Porém, por mais que eles sejam ótimos, o filme se torna um pouco cansativo em determinado momento. Algo que seria de certa forma inevitável com um filme sem grandes plots ou suspense, até pela estrutura mencionada.
Interessante como assisti esse filme e A Pele de Vênus em sequência e por coincidência. Os dois filmes brincam com o teatro através do cinema. Usam o palco e a atuação como catarse e misturam atores e personagens. Por isso, fica difícil falar somente de um ou de outro sem comparação, mas vou tentar.
Escolhi assistir Madeline's Madeline, exclusivamente por conta de Helena Howard, sua atuação foi muito elogiada e concorreu a vários prêmios, inclusive o Independent. E realmente, ela é fantástica. A cena clímax do filme é sustentada somente por ela. É de arrepiar como ela se sai tão bem, e consegue mudar tão rápido entre o ator personagem e o ator personagem que atua, algo que também acontece em A Pele de Vênus.
Sobre o filme. No geral, ele é interessante, mas muito experimental. Entendo a necessidade dele tentar traduzir a mente confusa de Madeline, que só se sentia confortável e liberta através da expressão corporal. Isso acaba compondo as cenas mais artísticas do filme, principalmente o desfecho. Porém o filme talvez exagere nisso, esqueça um pouco da história construída e quando você o termina, fica um sentimento de "ok, poderia ter sido mais". Para uma atriz tão poderosa como Helena se mostrou, o restante do filme fica aquém do esperado.
Não porque seja enfadonho ou algo do tipo, mas para qualquer um que vivencie um pouco do que é ser homossexual, acaba se tornando bem doloroso. E isso tudo é amplificado pelas questões do conflito entre Palestina e Israel. Por um momento, eu não quis acreditar que aquilo poderia acontecer daquela forma, uma fonteira definindo pena capital pela própria família ou liberdade, mas lendo sobre isso depois, eu vi que a história de Nimr é algo comum no país.
As atuações são fracas em alguns momentos, mas o filme é interessante. É fantástico o que o diretor conseguiu fazer, ainda mais quando se pensa que ele foi produzido em Israel.
E o final em aberto mesmo que talvez já saibamos o desfecho, dá certa esperança. Esperança de que as coisas melhorem e de que um dia a gente possa amar que quisermos amar em qualquer lugar do mundo.
Esse foi mais um filme que eu assisti sem saber a sinopse ou qualquer ideia de qual era a trama. E foi uma surpresa boa.
Eu achei o título brasileiro muito melhor que o americano, o que como todos sabem, é algo muito raro. Sobre a história, ele é um filme que se desenrola muito bem na primeira hora, depois disso alguns fatos absurdos do roteiro, principalmente ligados a como ela descobre o verdadeiro pai, a busca no reformatório, o encontro de todos os personagens, enfim, uma série de situações ilógicas, acabam por estragar um pouco o ótimo andamento do filme.
Sobre o desfecho, na minha interpretação, ela se engravidou do padastro pelo abuso. Várias reações dele, a atitude da mãe, a religião e a reclusão tratada de forma cética, são alguns fatores que corroboram para essa ideia. Gostei de como a diretora deixou isso de forma implícita para quem assiste, de forma a não solucionar ou entregar todas as respostas ao fechar o filme.
Sobre o relacionamento entre Rachel e Clyde: achei bastante forçado e destoante. Não imaginava que teria aquele desenrolar, e não fez muito sentido pra mim.
O filme acaba acertando bastante na fotografia, nas montagens e com os personagens bem construídos. A atuação da Julia Garner foi muito boa, e ela é muito cativante. Espero poder assistir mais filmes com ela.
Enfim, com alguns acertos aqui e alguns erros ali, a minha impressão geral é de que o filme é bom. Quero poder acompanhar essa diretora (fiquei super triste que ela não fez outros filmes desde então, mas ao menos está com vários projetos).
Olhando isoladamente, é um filme leve, parecido com tantos outros que já assisti. Olhando o ano que ele foi feito, você entende porque ele é um marco na história do cinema. Muitos colocam esse filme como o inaugurante das comédias românticas. E, realmente, quando se pensa na distância temporal do filme, feito há 85 anos, e o quanto os filmes atuais ainda apostam na sua fórmula de roteiro, fica fácil de perceber a influência que teve. Ele praticamente inventou o clichê.
Obviamente que o filme, pela época que foi feito, tem algumas cenas e conversas bastante machistas. E isso tem sido uma dificuldade geral, ao assistir muitos filmes antigos cultuados, de uma Hollywood ainda mais machista que hoje.
No mais, é um filme ok, que poderia ser muito menos incômodo aos dias de hoje, se tivesse personagens mulheres mais aprofundadas e personagens homens menos controladores
É um filme complicado de avaliar. Primeiro, porque ele é um filme feito na Colômbia, um país que não tem um cinema tão forte como o Brasil, Chile ou Argentina. E por trazer uma sinopse tão revolucionária de um filme feito em um país com pouco incentivo ao cinema, a gente acaba tendendo a ser menos crítico Segundo, porque ele é um dos piores filmes que já vi. A intenção do filme foi limitada, já que ele tem um propósito que me parece ser exclusivamente educativo e conscientizador. Porém mesmo sendo tão despretensioso, ele é extremamente mal feito. Tanto que acho que vai demorar muito tempo para eu encontrar um roteiro pior, com tantas cenas desconexas e mal construídas. Além dele ser bastante perigoso para a função que ele se apropria, por abordar alguns temas pesados de forma tão superficial e despreocupada. E para completar, os atores são tão ruins, que dá até certo incômodo. Eu me arrastei para conseguir terminar de assisti-lo.
No fim, eu entendo que é um filme importante para a realidade da Colômbia, mas mesmo considerando isso, não dá para negar o quanto ele é ruim.
Geralmente, eu me irrito muito com filmes que exploram o processo de autodescoberta sobre a sexualidade. Talvez, porque já esteja um pouco saturado dessa temática. Por isso, comecei a assistir o filme com a expectativa de que eu iria me irritar. E acabei sendo surpreendido. O personagem principal é bastante maduro ao meu ver, e ele mesmo tem consciência de tudo que está passando. Sabe que seus dilemas e complexos são importantes, mesmo que eles o confunda. É interessante ver como em tão pouco tempo, ele é retratado com tanta sensibilidade, não só com Caíto, mas até consigo mesmo. Isso fica claro quando ele é confrontado pela mãe. Ele não nega nenhum afeto maior que uma amizade, mas entende que não é o momento de conversar sobre aquilo. Internamente ele está trabalhando todo aquele turbilhão de sentimentos. Todos que passaram por um processo de descoberta sobre sua sexualidade, sabe que não é através da força que a gente se aceita e se entende. Ninguém pode dizer o que somos ou o que sentimos.
Mesmo que os minutos finais tenham sido meio toscos (tenho que dizer que aquela trilha sonora não funcionou e o drama final foi extremamente repentino e apressado), é um bom filme. Muitos esperam a realização do casal, como se a reciprocidade fosse fundamental para que alguém vivencie o processo de auto conhecimento, sendo que essa vivência é na maioria das vezes, solitária. Assim, embora bastante sustentado pela tensão entre os dois, percebemos que o foco do filme não é um possível casal, mas sim Lorenzo e como ele vivencia a confusão que a amizade de Caíto lhe traz.
E é argentino. Mais uma obra linda do cinema latino.
Escape Room: O Jogo
3.1 754 Assista AgoraO filme tem uma premissa interessante, que no início é bastante satisfatória, mas a medida que acontecem as mortes, o filme vai caindo na qualidade. Alguns escapes rooms são bastante forçados e gente, que sorte do cacete que eles tinham para seguir uma única pista em 5 minutos de um raio-X encontrado ao acaso numa sala enorme com vários objetos. Isso estragou muito a narrativa.
O que eu ache que complica filmes com essa temática, é a ideia de um mestre desconhecido por trás de tudo e como a história no final acabou voltando muito para isso. Óbvio que alguém estaria por trás organizando todos os jogos, mas ver o filme no final se resumir a uma disputa de gato e rato, para dar motivo às sequências foi bem negativo. Talvez porque a expectativa de que as coisas se finalizem ou de que as pessoas vivenciem o trauma de verdade acabe sendo frustrada.
Eu achei tudo muito mediano e acho que somente pelo fato de eu amar MUITO filmes de sobrevivência, eu não o considerei de todo ruim. Porém, o filme peca muito e tu fica o tempo todo com a sensação de "Poderia ser melhor".
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KNos últimos meses, eu tenho tentado comentar todos os filmes que eu assisto. E isso tem sido uma tarefa interessante. Cada filme gera sentimentos muito diferentes. Com alguns, eu não tenho muito que escrever, com outros eu poderia publicar livros. Com alguns, o texto sai em 10 minutos, com outros, eu escrevo, refaço, edito e ainda assim não é suficiente.
Com Democracia em Vertigem, eu experimentei a sensação de ter muito o que escrever, mas não conseguir colocar em palavras. Esse provavelmente seja o melhor documentário que eu já vi, e nada do que eu escrever aqui poderá mensurar a angústia que eu senti ao assisti-lo.
O golpe, um julgamento imparcial, o ódio, um político fascista, tantos absurdos... Gente, o que as pessoas querem afinal? Aonde vamos chegar?
Acho que a frase de Dilma ficará pra sempre na minha mente: "Todos nós seremos julgados pela história". E, sim, eu sonho que daqui alguns anos, alguma racionalidade surja e mostre para as pessoas como elas estavam perdidas.
E Petra Costa é uma rainha, mais uma vez me fez chorar com seus documentários.
Exteriores - Mulheres Brasileiras na Diplomacia
4.1 2Cheguei a esse documentário por indicação de um amigo.
O relato das mulheres que lutam para serem reconhecidas, que têm que mostrar-se muito mais competentes do que seus colegas homens, para conseguir o mínimo de reconhecimento que lhes são de direito, é tão doído. E eu nem sinto isso na minha pele pra poder mensurar o impacto disso na vida de alguém.
A estrutura social que repercute isso. Um presidente que indica um filho que não entende nada de relações políticas para um posto importante. Pessoas competentes sendo chamadas de incompetentes. Uma política bizarra apoiada por ignorantes arrogantes.
E com toda a nossa conjuntura atual, eu digo que o Brasil é um país estranho. Um país que anseia a grandeza, mas não consegue perceber o quão limitante ele mesmo se desenha.
Eu queria poder terminar o documentário e pensar "as coisas estão melhorando", mas acho que não posso dizer isso, e eu não consigo imaginar aonde chegaremos. O que me dá esperança, é que a existência desse documentário é a prova de que temos pessoas questionando, que temos pessoas lutando.
No fim, eu gostei bastante do documentário, mesmo que tenha tido algumas críticas desfavoráveis em relação a produção, eu acho que isso não limitou a experiência. Além do fato de eu ter um fraco enorme com solos de piano. Senti um pouco de falta de falarem sobre a trajetória dessas mulheres até o Instituto Rio Branco, mas foi só isso.
ASSISTAM. Ele está disponível online.
De Menor
3.0 61De Menor é um filme que dá pano para muita discussão.
O modo como apresenta os diferentes casos que são defendidos pela protagonista, os quais envolvem menores de idade cometendo infrações, é de uma sensibilidade incrível. Obviamente, que pelo tamanho do filme e quantidade de casos apresentados, muito pouco poderia se aprofundar em cada um. No entanto, a meu ver, isso só contribui ainda mais para a ideia central do filme, que é mostrar como esses casos são vistos pela justiça. E que debruçando-se um pouco neles, muito se percebe que a construção de um menor infrator geralmente vem de um contexto social que contribua para isso.
Além disso, é impossível não se encontrar na protagonista, que sente tão impotente com tudo que vê diariamente. Incapaz de mudar a realidade das pessoas que acompanha.
E o clímax do filme que consiste na dor que ela sente com o seu irmão, na sua incapacidade de conseguir entendê-lo e o julgamento é também muito impactante.
Rita Batata inclusive faz um trabalho muito bom, que fica ressaltado até demais devido ao contraste com os demais atores que não são tão bons.
Vale a pena assistir.
PS: Foi MUITO dificil conseguir o torrent desse filme hahaha
Dançando Para a Vida
3.5 233Eu não sei muito bem o que falar sobre esse filme...
Daqui um mês eu provavelmente não vou me lembrar dele. É simples e leve. O título não faz muito sentido, já que se refere apenas a história de uma das meninas, embora todas dancem ballet inicialmente. Sobre a história, queria ter visto mais de Petrova, a garota que queria ser aviadora. Ela tinha a história mais desafiadora e conflitante, mas meio que se perdeu no filme, ofuscada pela carreira da irmã, Pauline, não só no enredo como no filme no geral. Poderia ter questionado mais os desafios enfrentados pela mulher na década de 30, mas seria audacioso demais para ele.
Filme sabor flocos.
Através do Fogo
3.4 12 Assista AgoraÉ um filme comum.
Basicamente temos a história perfeita pré-trauma e depois o desenrolar de Franck tentando se adaptar às consequências do incêndio.
Achei o filme muito morno. O ponto positivo talvez tenha sido mostrar a reação da família a isso, principalmente Cecile, mesmo que eu ache que ela poderia ter sido melhor explorada. Porém, a necessidade de resolver a história (e acho que filmes como esse não deveriam ter esse objetivo) para mostrar a superação, força algumas situações e diálogos.
No fim, não é um filme ruim. Porém, também não é um filme que eu indicaria para se assistir no Varilux.
Quem Você Pensa Que Sou
3.9 109 Assista AgoraUma das cenas desse filme vai ficar na minha cabeça por muito tempo.
Em determinado momento da sessão da psicóloga (que basicamente dura o filme todo), ela começa a questionar a personagem principal sobre o motivo dela estar agindo daquela forma, e termina com a seguinte afirmativa "Você é assim, porque tem medo de morrer". A personagem responde de forma bem calma: "Eu não tenho medo de morrer, eu tenho medo de ser abandonada".
E basicamente esse diálogo resume todo o filme e todas as angústias dos personagens.
A necessidade de estar com alguém, de se sentir desejado move o ser humano e no caso é o que leva o personagem principal a sua tragédia.
Interessante também como o filme consegue mostrar como um trauma ou um abandono pode definir a história de alguém. E isso ter sido esclarecido aos poucos, leva a um processo de condenação-compreensão do personagem por quem assiste, durante todo o filme. A complexidade que ela apresenta provavelmente fará tu pensar nela por vários dias (principalmente com o desfecho).
É uma comédia dramática muito boa, e os plot twists são ótimos (em determinado momento eu fiquei muito chocado com as consequências e o desenrolar dos fatos kk).
E Juliette Binoche é muito maravilhosa, ela ofusca qualquer um que estiver contracenando com ela e estou muito triste por esse ser o primeiro filme que assisto com ela.
Meu primeiro filme do Varilux 2019!
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraO quanto saber quem é o diretor nos faz direcionar as expectativas do filme?
Assisti a Us, esperando captar a crítica social que Jordan Peele provavelmente faria. E depois, ao terminar de assistir e ler os textos de análise e resenha do filme, percebi o quanto muitos extrapolam as vezes o real intuito do filme, ou então o restringem a uma situação específica.
Inclusive muito li sobre o filme se referir a xenofobia. É muito limitante tu considerar que uma situação em que uma população subalterna se reconhece como explorada e se revolta contra esse sistema representa apenas uma crítica a xenofobia. Sim, xenofobia é uma das situações em que isso pode ser aplicado e principalmente por conta da questão "We are americans", mas qualquer sistema de privilegiado/desfavorecido, dominante/submisso, ou de silenciamento pode ter essa crítica associada.
E Us não é só um filme de críticas. Na verdade, eu acho que isso é deixado tão em segundo plano, que o grande auê de filme militante feito sobre ele se deve mais ao seu antecessor, Get Out, do que realmente a sua essência.
E sobre sua essência, ele é um suspense que brilha. A construção dual dos atores foi incrível. Lupita mostra mais uma vez porque é uma das melhores atrizes da atualidade. A construção que ela, em específico, fez da sua personagem (mais ressaltado nas cenas finais) é paralizante de tão maravilhoso.
Sinceramente, eu gostei mais desse filme do que o outro. Mesmo que, assim como Get Out, ele seja inovador, a ausência das pitadas cômicas desnecessárias que Get Out trazia ajuda muito na construção do suspense.
Ele é o ótimo terror que eu havia comentado há alguns dias: capaz de gerar tensão (e que tensão) e com história interessante,
.
O Castelo Animado
4.5 1,3K Assista AgoraUm dos melhores remédios para estresse pra mim é assistir um filme do estúdio Ghibli.
Então, depois de um dia estressante e cansativo, eu resolvi assistir esse filme e foi tão maravilhoso se encantar com ele, entrar na história e cativar-se por Sophie.
Acho muito interessante poder sair daquela construção maniqueísta e ocidental dos personagens, taxados como vilão ou heroi. No filme, mesmo quando você acha que existe um vilão (como a Bruxa do Pântano) consegue depois ao decorrer da trama enxergar a humanidade dele; ou então no personagem que a princípio parecia ser bom e perfeito, tu começa a ver uma faceta orgulhosa e vaidosa (que é o caso de Howl). Todos somos imperfeitos e nossas imperfeições não são simplesmente aleatórias.
Castelo Animado, mesmo sendo bastante fantasioso com bruxos, demônios e magia, nos apresenta personagens muito sinceros no que são. O que faz muito bem a nossa mente ainda presa a estereótipos narrativos que fazem o clichê acontecer.
PS: Acho engraçado, quando eu digo que assisti uma animação japonesa, e as pessoas fazem uma cara de "Nossa, e isso presta?". Enquanto que, na minha opinião, são as melhores animações feitas atualmente, para qualquer que seja a faixa etária.
Quando as Luzes se Apagam
3.1 1,1K Assista AgoraHavia assistido o curta-metragem que deu origem a esse filme e estava muito ansioso para ver no que daria ao ser transformado em um longa.
Há algumas falhas realmente, mas eu gostei do resultado geral. Amo filmes de terror que usam muito da câmera em 1ª pessoa. Outra técnica muito boa é a de não colocar o "monstro" no centro da câmera, usando a periferia. E Lights Out explora isso muito bem, criando um suspense digno, e deixando ótimas as cenas de perseguição e de sustos.
Talvez a falta de uma história concisa para explicar o sobrenatural do filme, tenha me desanimado (senti a falta de um quê de Babadook aí).
Poderia também ter melhorado esses personagens, que eram extremamente sem graça, e espero que um dia eu encontre um namorado tão paciente quanto esse do filme (haha).
Pra mim pareceu que realmente o diretor conseguiu colocar todo o terror do curta em um longa-metragem. Porém, o roteiro que poderia ter sido super incrementado ficou muito a desejar.
Eu acho que filmes como esse se limitam muito por ter um único objetivo: gerar tensão. E sim, isso ele conseguiu em boa parte do tempo. Porém, filmes de terror realmente bons são aqueles que criam tensão, tendo uma história interessante.
Uma Dobra no Tempo
2.3 329 Assista AgoraDefinitivamente, um dos piores filmes de fantasia que já assisti.
Eu gosto muito da diretora, Ava DuVernay, e mesmo com as expectativas baixas (por resenhas lidas sobre o filme), eu fiquei bem decepcionado com o filme.
O enredo é desconexo, aleatório e sem explicação. Vários personagens tinham atitudes que não faziam sentido, e serviam apenas para conseguir dar sequência a história. A fantasia exigia uma abstração absurda pra tu entender o que estava acontecendo. O surgimento do personagem Calvin foi mal explicada. E o irmão mais novo, Charles Wallace, conseguiu se tornar o personagem mirim mais irritante que eu já assisti em um filme.
Achei interessante pela diversidade de etnias no filme, e por ter sido uma personagem principal preta, e o filme avança nesse sentido.
De resto, foi uma tentativa miserável de tentar compensar a péssima história com efeitos especiais (que pra mim foram até desnecessários) e atores famosos.
Não vale a pena.
Cidade dos Sonhos
4.2 1,7K Assista AgoraÉ tão refrescante quando um filme te estimula a pensar. Apenas filmes extremamente inteligentes e bem construídos conseguem fazer isso. E Mulholland Drive é com certeza um dos filmes mais brilhantes que eu já vi nessa questão. Acho que seria possível escrever um livro sobre a análise desse filme.
Eu estava bem sem expectativas. E depois de vê-lo, fiquei por uma semana digerindo-o, pensando sobre algumas passagens, tentando entender o porque disso ou daquilo ter acontecido. E é interessante que todas as respostas estão nele, basta entender que os fatos e cenas não são aleatórios. E por isso, ele exige do espectador mais do que 2h30 em um sofá.
Se tu quer assistir um filme inteligente, ele é um prato cheio!
PS: Esse título brasileiro entrega mais do que deveria, então vou dar uma dica que não é spoiler: ler um pouquinho sobre a noção freudiana sobre os sonhos vai tornar a experiência mais interessante.
Belas e Perseguidas
2.8 307 Assista AgoraGente, porque a Reese fez isso com ela?
É mais um daqueles filmes de comédia, que você provavelmente já viu outros cem com a mesma história. Acrescente a isso, algumas cenas péssimas que não são engraçadas, piadas machistas e roteiro sem graça.
E foi bad assistir, porque eu gosto das atrizes principais, mas nesse filme não deu.
As Sufragistas
4.1 778 Assista AgoraOh céus, que filme.
É interessante como pra nós hoje, 100 anos depois, o sufrágio universal é algo tão aceito pela nossa sociedade. Me faz ter esperança, de que daqui há 100 anos, os direitos sociais pelos quais lutamos e que são tão duramente combatidos, também sejam aceitos por todos.
É um filme lindo. Para lembrar que nenhum direito é dado.
Todo direito é conquistado.
"Never surrender
Never give up the fight"
PS: Eu fiquei esperando pela Meryl Streep durante todo o filme, e ela na verdade só faz uma cena de dois minutos.
A Pele de Vênus
4.0 218 Assista AgoraPrimeiramente, eu não conhecia bem o Polanski, e só me dei conta das denúncias contra ele depois de assistir Venus a la forroure e pesquisar sobre o filme. O que me fez sentir mal porque tenho tentado evitar filmes de diretores envolvidos em assédios sexuais. Com tantas diretoras fazendo produções maravilhosas e ignoradas, acho importante dar valor a elas. Farei esse review, mas também como forma de um lembrete para sempre pesquisar antes sobre os envolvidos na produção e direção dos filmes que assisto.
La Venus a la fourrure é um filme teatral. Com apenas um cenário, e dois atores que sustentam durante uma hora e meia, um roteiro fantástico. Com um filme preso a tal estrutura, os atores realmente têm de ser muito bons para tornar um filme assim atraente. E eles são. Embora Mathieu Amalric se saia muito bem, quem rouba toda cena é Emmanuelle Seigner. Não sei nem como descrever o quão ela é talentosa.
A troca entre encenação da peça e interpretação do personagem, feita pelos atores a todo momento, e que se confundem para mostrar a identificação de cada um com o personagem da peça, é uma das coisas mais fantásticas que já vi em performances no cinema.
Porém, por mais que eles sejam ótimos, o filme se torna um pouco cansativo em determinado momento. Algo que seria de certa forma inevitável com um filme sem grandes plots ou suspense, até pela estrutura mencionada.
A Madeline de Madeline
3.2 17Interessante como assisti esse filme e A Pele de Vênus em sequência e por coincidência. Os dois filmes brincam com o teatro através do cinema. Usam o palco e a atuação como catarse e misturam atores e personagens. Por isso, fica difícil falar somente de um ou de outro sem comparação, mas vou tentar.
Escolhi assistir Madeline's Madeline, exclusivamente por conta de Helena Howard, sua atuação foi muito elogiada e concorreu a vários prêmios, inclusive o Independent. E realmente, ela é fantástica. A cena clímax do filme é sustentada somente por ela. É de arrepiar como ela se sai tão bem, e consegue mudar tão rápido entre o ator personagem e o ator personagem que atua, algo que também acontece em A Pele de Vênus.
Sobre o filme. No geral, ele é interessante, mas muito experimental. Entendo a necessidade dele tentar traduzir a mente confusa de Madeline, que só se sentia confortável e liberta através da expressão corporal. Isso acaba compondo as cenas mais artísticas do filme, principalmente o desfecho.
Porém o filme talvez exagere nisso, esqueça um pouco da história construída e quando você o termina, fica um sentimento de "ok, poderia ter sido mais". Para uma atriz tão poderosa como Helena se mostrou, o restante do filme fica aquém do esperado.
Além da Fronteira
3.8 440 Assista AgoraÉ um filme difícil de terminar.
Não porque seja enfadonho ou algo do tipo, mas para qualquer um que vivencie um pouco do que é ser homossexual, acaba se tornando bem doloroso.
E isso tudo é amplificado pelas questões do conflito entre Palestina e Israel. Por um momento, eu não quis acreditar que aquilo poderia acontecer daquela forma, uma fonteira definindo pena capital pela própria família ou liberdade, mas lendo sobre isso depois, eu vi que a história de Nimr é algo comum no país.
As atuações são fracas em alguns momentos, mas o filme é interessante. É fantástico o que o diretor conseguiu fazer, ainda mais quando se pensa que ele foi produzido em Israel.
E o final em aberto mesmo que talvez já saibamos o desfecho, dá certa esperança.
Esperança de que as coisas melhorem e de que um dia a gente possa amar que quisermos amar em qualquer lugar do mundo.
A Fita Azul
3.7 186 Assista AgoraEsse foi mais um filme que eu assisti sem saber a sinopse ou qualquer ideia de qual era a trama. E foi uma surpresa boa.
Eu achei o título brasileiro muito melhor que o americano, o que como todos sabem, é algo muito raro. Sobre a história, ele é um filme que se desenrola muito bem na primeira hora, depois disso alguns fatos absurdos do roteiro, principalmente ligados a como ela descobre o verdadeiro pai, a busca no reformatório, o encontro de todos os personagens, enfim, uma série de situações ilógicas, acabam por estragar um pouco o ótimo andamento do filme.
Sobre o desfecho, na minha interpretação, ela se engravidou do padastro pelo abuso. Várias reações dele, a atitude da mãe, a religião e a reclusão tratada de forma cética, são alguns fatores que corroboram para essa ideia. Gostei de como a diretora deixou isso de forma implícita para quem assiste, de forma a não solucionar ou entregar todas as respostas ao fechar o filme.
Sobre o relacionamento entre Rachel e Clyde: achei bastante forçado e destoante. Não imaginava que teria aquele desenrolar, e não fez muito sentido pra mim.
O filme acaba acertando bastante na fotografia, nas montagens e com os personagens bem construídos. A atuação da Julia Garner foi muito boa, e ela é muito cativante. Espero poder assistir mais filmes com ela.
Enfim, com alguns acertos aqui e alguns erros ali, a minha impressão geral é de que o filme é bom. Quero poder acompanhar essa diretora (fiquei super triste que ela não fez outros filmes desde então, mas ao menos está com vários projetos).
Aconteceu Naquela Noite
4.2 332 Assista AgoraOlhando isoladamente, é um filme leve, parecido com tantos outros que já assisti.
Olhando o ano que ele foi feito, você entende porque ele é um marco na história do cinema. Muitos colocam esse filme como o inaugurante das comédias românticas. E, realmente, quando se pensa na distância temporal do filme, feito há 85 anos, e o quanto os filmes atuais ainda apostam na sua fórmula de roteiro, fica fácil de perceber a influência que teve. Ele praticamente inventou o clichê.
Obviamente que o filme, pela época que foi feito, tem algumas cenas e conversas bastante machistas. E isso tem sido uma dificuldade geral, ao assistir muitos filmes antigos cultuados, de uma Hollywood ainda mais machista que hoje.
No mais, é um filme ok, que poderia ser muito menos incômodo aos dias de hoje, se tivesse personagens mulheres mais aprofundadas e personagens homens menos controladores
Borboletas Verdes
2.2 52É um filme complicado de avaliar.
Primeiro, porque ele é um filme feito na Colômbia, um país que não tem um cinema tão forte como o Brasil, Chile ou Argentina. E por trazer uma sinopse tão revolucionária de um filme feito em um país com pouco incentivo ao cinema, a gente acaba tendendo a ser menos crítico
Segundo, porque ele é um dos piores filmes que já vi. A intenção do filme foi limitada, já que ele tem um propósito que me parece ser exclusivamente educativo e conscientizador. Porém mesmo sendo tão despretensioso, ele é extremamente mal feito. Tanto que acho que vai demorar muito tempo para eu encontrar um roteiro pior, com tantas cenas desconexas e mal construídas. Além dele ser bastante perigoso para a função que ele se apropria, por abordar alguns temas pesados de forma tão superficial e despreocupada. E para completar, os atores são tão ruins, que dá até certo incômodo.
Eu me arrastei para conseguir terminar de assisti-lo.
No fim, eu entendo que é um filme importante para a realidade da Colômbia, mas mesmo considerando isso, não dá para negar o quanto ele é ruim.
Meu Melhor Amigo
3.2 168Como o cinema argentino pode ser tão maravilhoso?
Geralmente, eu me irrito muito com filmes que exploram o processo de autodescoberta sobre a sexualidade. Talvez, porque já esteja um pouco saturado dessa temática.
Por isso, comecei a assistir o filme com a expectativa de que eu iria me irritar. E acabei sendo surpreendido.
O personagem principal é bastante maduro ao meu ver, e ele mesmo tem consciência de tudo que está passando. Sabe que seus dilemas e complexos são importantes, mesmo que eles o confunda. É interessante ver como em tão pouco tempo, ele é retratado com tanta sensibilidade, não só com Caíto, mas até consigo mesmo.
Isso fica claro quando ele é confrontado pela mãe. Ele não nega nenhum afeto maior que uma amizade, mas entende que não é o momento de conversar sobre aquilo. Internamente ele está trabalhando todo aquele turbilhão de sentimentos. Todos que passaram por um processo de descoberta sobre sua sexualidade, sabe que não é através da força que a gente se aceita e se entende. Ninguém pode dizer o que somos ou o que sentimos.
Mesmo que os minutos finais tenham sido meio toscos (tenho que dizer que aquela trilha sonora não funcionou e o drama final foi extremamente repentino e apressado), é um bom filme. Muitos esperam a realização do casal, como se a reciprocidade fosse fundamental para que alguém vivencie o processo de auto conhecimento, sendo que essa vivência é na maioria das vezes, solitária.
Assim, embora bastante sustentado pela tensão entre os dois, percebemos que o foco do filme não é um possível casal, mas sim Lorenzo e como ele vivencia a confusão que a amizade de Caíto lhe traz.
E é argentino. Mais uma obra linda do cinema latino.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraDepois de ler o livro, esperava mais do filme. Kubrick estragou toda a história.
Vanilla Sky
3.8 2,0K Assista AgoraMe apaixonei pela Penélope Cruz depois desse filme!
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraAcho que eu nunca tive tanta vontade de bater em uma criança.