Uma excelente premissa com alguns atores de primeira linha desperdiçados em um filme com um CGI (que é a espinha dorsal do filme) muito irregular, com uma edição horrível, roteiro abaixo da média, dirigido desajeitadamente, zoado e altamente esquecível. Uns poucos bons momentos aqui e ali não salvaram o filme do que ele realmente é: um pacote gigante de expectativas frustradas.
Embora o filme não seja uma completa novidade, fazendo parte do subgênero bastante comum de "inteligência artificial aparentemente inofensiva dá terrivelmente errado", o que me deixou mais impressionado no filme não foi o componente de terror e suspense que já se sabia que a boneca traria. Embora o aspecto "Chucky com esteróides" do filme tenha rendido o esperado, a parte mais profundamente terrível do terror proposto pelo filme talvez tenha escapado a quem bolou esse roteiro. O mais aterrorizante do filme não é a boneca M3gan. Nem de longe. É a Tia. A horrenda personagem da Tia Gemma.
Gemma é um ser humano imaturo e mesquinho, uma mulher adulta porém com uma mentalidade adolescente e um desenvolvimento emocional infantil. Ela foi diretamente responsável por todas as tragédias e traumas que se abateram sobre sua inocente sobrinha a partir do momento em que a criança chegou à sua casa. Uma mãe adotiva tão egoísta e autocentrada que foi incapaz de sequer receber de maneira minimamente adequada a filha da própria irmã falecida (que tinha passado pela pior das tragédias) sem conseguir nem ao menos dar um pingo de conforto emocional, acolhimento e carinho. Isso é o ponto mais traumatizante do filme, saber que todos os desdobramentos do sofrimento que a pobre Cady tem que passar são ligados diretamente à incapacidade de Gemma de assumir a responsabilidade de uma mulher adulta.
À medida que os saltos de credibilidade que o roteiro precisou dar para fazer a história ir adiante, a desgraça que é o caráter de Gemma vai perdendo um pouco de espaço para outros erros, só que esses tipicamente Hollywoodianos, e que vão competindo pra que o filme perca, ali do meio do segundo ato até o final, todo o ar de novidade que a vilã-boneca ofereceu no princípio, e se renda a um amontoado de clichês
Começa com a boneca que foi projetada como um brinquedo, mas tem a força de um super-herói (na segurança do brinquedo ninguém pensou, não?); temos o aprendizado da AI que suplanta qualquer coisa que a humanidade já tenha feito (sem que sua genial projetista Gemma tenha sequer se dado conta disso, ou ao menos previsto que podia dar MUITO errado) a suspensão de descrença agradece; temos TODOS os personagens masculinos do filme, forçosa e artificialmente imbecilizados (até o pai da menina que morre logo no começo) diminuídos moral e espiritualmente, porque feminazismo woke hollywoodiano; e temos o final tão clichê e tão idiotizado que parece ter saído de um filme estilo "Shark Boy e Lava Girl", ou "Pequenos espiões".
Sinceramente, um filme que até tinha uma boa premissa, um vilão com potencial seriamente assustador, mas com um roteiro péssimo, preguiçoso, com personagens ingostáveis e que no final só consegue fazer a gente ficar com pena da criança mesmo.
Mais um que podia ter sido beeeeem melhor, mas não foi. Começa com os efeitos especiais bem ruins, às vezes parecendo os daqueles filmes trash pra TV do canal Sci-Fi. Podiam ter caprichado mais nisso, já que o filme não teve tantas cenas com eles.
A Maika Monroe, coitada, uma atriz que eu sempre gostei, caiu fazendo uma personagem ingostável, insuportável de chata, mal escrita, problemática e com pouca ou nenhuma construção (o namorado também, mas no caso dela é pior por conta da Ruth ser a espinha dorsal da trama). Desde o começo você fica desconfiado que o Harry na verdade é um serial killer que enganou a moça e a levou pra floresta, porque fica difícil de entender como aqueles dois sequer tem um relacionamento.
O desdobramento do mau-aproveitamento do potencial da história vai fazendo com que cada vez mais as explicações ruins e as idéias ridículas
(aquele dedinho que corta, por exemplo foi de uma indigência criativa ímpar, minha mulher ficou puta com o clichê barato e ofensivo e parou de ver o filme nessa hora)
fiquem mais aparentes e tenham mais destaque, tirando a importância dos plot twists.
No fim, os caras podiam ter aproveitado tão melhor a premissa. É até compreensível que alguns tenham até gostado, pois na superfície (bem na superfície mesmo) o filme até passa. Mas quem já tem uma certa experiência com esse tipo de trama (invasões secretas, shape-shifting, etc) já viu tanta coisa melhor que esse filme se torna apenas uma perda de tempo, desnecessário e pobre.
Salva apenas a fotografia e as locações, uma excelente ambientação na região do noroeste do pacífico que ajudaram a criar um bom clima e atmosfera pro filme.
Poderia apenas ser um western pobre-porém-limpinho, mas a escolha criativa foi de em vez disso, fazer o que é na verdade um filme de perrengue com uma roupagem western. As adaptações de roteiro necessárias pra criar as situações de suspense e tensão ao invés dos mecanismos já consagrados nos filmes de velho-oeste mais tradicionais acabaram atrapalhando bastante.
Talvez a decisão desagrade mais fãs de western e agrade mais quem prefira filmes de perseguição, dramas de encurralamento e coisas do tipo. De qualquer modo, a sensação é de que se o filme tivesse se desenvolvido mais como um western tradicional, teria tirado mais proveito dos cenários, locações e dos talentos envolvidos.
Gina Carano, por exemplo teria mais condições de desempenhar melhor em um western tradicional, visto que sua experiência em filmes de ação é bem maior que seu alcance dramático. E Nick Searcy, um ator experiente, que por mais que tente emular algo como o vilão de Gene Hackman em Os Imperdoáveis, sofre pra dar vida com dignidade a um antagonista muito mal escrito. Seu personagem passa 80% do tempo de tela citando versículos bíblicos como muleta e só consegue explicar sua história de fundo quando o filme já fez com que não nos importássemos mais com os motivos de nada.
Às vezes quando um filme é ruim demais, além de qualquer possibilidade de sucesso, acabamos nos divertindo involuntariamente com alguns ridículos que aparecem, mas quando (como é o caso desse) o filme mostra que tinha potencial pra ser melhor, mas acaba ficando pelo meio do caminho, tudo que resta é a decepção.
Gosto do Chazelle, entretanto fiquei completamente dividido com esse filme. Uma verdadeira guerra de prós e contras, com os prós ganhando por bem pouco. Mas ainda assim é um fílme relevante.
Vamos a eles.
Prós: • As performances do elenco em geral. Brad Pitt, certeiro, numa atuação de alta classe. Margot Robbie, sem palavras. Matou o filme no peito, driblou e chutou pro gol sem medo de ser feliz. Irretocável sua atuação. O novato Diego Calva, que não se intimidou pelas performances estelares de Pitt e Robbie e deu conta do seu papel com graça e profissionalismo, e todo o elenco em geral, (até mesmo o tantas vezes canastrão Eric Roberts) todos muito bem em seus papéis.
• A direção de arte, que ajudou muito a ambientar e compor a atmosfera das décadas de 1920 e 30.
• O dinamismo da trama, que mesmo com o filme tendo sido um tanto longo, conseguiu impor uma certa agilidade no desenrolar da história e fez com que poucas vezes quem assiste se dê conta de que o filme é um tanto mais longo (e preocupado em contar mais hisórias) do que poderia.
• A trilha sonora, que consegue criar uma sonoridade que conversa perfeitamente bem com o ouvido de quem assiste o filme hoje, ao mesmo tempo em que parece totalmente plausível nos momentos mais selvagens e hedonistas das festas regadas a jazz dos anos 20. Um acerto e tanto, com faixas empolgantes e eletrizantes em certos momentos e em outros, com tons melancólicos e suaves que casam perfeitamente com os pontos mais definidores e dramáticos dos arcos de cada personagem.
Contras: • A necessidade de "enfiar" obrigatoriamente temas de identitarismo no filme, pra torná-lo mais "militante" e "problematizador", quase conseguem quebrar o ritmo da narrativa. Fica clara durante toda a história que existe uma obrigatoriedade de "fazer reparação histórica" mesmo que arriscando que o filme ficasse inchado. Sente-se que teve que se "rebolar" para poder encaixar tudo que se queria (e o que precisa senão "fica feio") num filme só. Esse contra demonstra muito mais uma subserviência às exigências externas por parte dos executivos de Hollywood, ou uma subserviência dos próprios criadores a uma tendência atual, cada vez mais autoritária e impositória.
• A falta de desenvolvimento na construção da relação entre Manny e Nellie, que embora parecesse crível na interpretação dos atores, ficou com pouco subsídio.
• A descarada auto-indulgência Hollywoodiana. Por mais que se admita que a Terra do Cinema tenha sempre sido um local onde os mais baixos e sórdidos instintos humanos se misturam como em um caldeirão fervente, sempre no fim, existe um subtexto (ou até mesmo um discurso aberto) que tenta minimizar esses excessos e ignorar as inúmeras tragédias pessoais que eles geraram em décadas, para tentar vender toda a "aura de magia do cinema", como um preço justo a pagar. "O que são algumas vidas irrelevantes (de gente que vai morrer um dia, de qualquer maneira mesmo) quando daqui a 50 anos ainda vão poder ver seu nome na tela?"
A carreira de Jordan Peele parece avançar ao mesmo tempo para dois lados de uma reta. Após assistir a esse filme e pensar nele numa perspectiva que contempla suas outras duas obras de mais destaque, "Get Out" e "Us", parece que o diretor ao mesmo tempo evolui e involui.
Pro lado positivo, o diretor refinou mais ainda sua capacidade técnica e artística. Um crescimento de potência criativa, com ainda mais domínio da linguagem cinematográfica que nos outros dois filmes citados. Talvez obra de mais treino, mais experiência, de se estar mais à vontade, enfim... neste filme, artisticamente falando, vemos um Peele "gostando mais do jogo", mais até do que nos seus dois outros filmes mais famosos.
Enquanto isso, empurrando pro lado negativo, fica o aspecto da militância e do insistente (e repetitivo, manjado, formulaico) estufamento de discurso político em seus produtos, a ponto do melhor em seu trabalho se tornar mera casca para embalar um produto. Peele nesse aspecto parece regredir, azedar, e involuir. Há o excesso de metáforas que tentam ser profundas, mas saem deselegantes e cruas. Há a clara submissão do potencial para um teor mais artístico e transcendente no seu trabalho a um maniqueísmo divisório e adolescente. Um clima mal-disfarçado de "crítica social foda" querendo passar por papo cabeça. Tudo isso em uma quantidade que vai empanturrando:
• A crítica à aridez simbólica na relação entre pai e filho, muito sintomática;
• O elemento alienígena que gera um fascínio folclórico na "sociedade branca", mas que para o protagonista se torna mera fonte de medo e ressentimento;
• A referência a casos horrendos da vida real reduzidos no próprio filme a um dos envolvidos no caso retratado no filme reduzindo o próprio caso a um sketch do SNL com o chimpanzé que fica violento ao ouvir "menções à selva";
• A crítica ao desconforto social da juventude urbana (nem tão jovem assim, mas que se recusa a assumir um caráter adulto) e à falta de encontro de uma identidade e de um objetivo de vida no comportamento (e nas dicas para a construção do personagem), unidos a uma subserviência à cultura das celebridades, à moda e às tendências ditadas pela mídia, todas codificadas brutalmente na personalidade da irmã, diametralmente oposta à do irmão;
• A crítica mordaz (e preconceituosa) aos orientais, retratados na criança traumatizada que cresce e se vê interpretando para viver um papel de cowboy que o "homem branco" (eterno vilão) já deixou pra trás. Claramente tenta sugerir uma submissão do oriental ao branco no contexto americano, condenando e fazendo pilhéria da falta da postura de antagonismo do asiático para com o branco;
• A visão também preconceituosa do negro para com o latino, retratado como um indivíduo cinicamente "de bem" com seu status subalterno, que aceita com naturalidade sofrer por ser escravo de uma relação amorosa, e que apesar de sua competência técnica, não assume um "protagonismo" que a imagem negro retratado no filme faz questão de mostrar, com um verniz de pioneirismo, inclusive.
No fim, por conta de um subtexto tão mão-pesada, o filme acaba seguindo mais os passos de Us (no sentido de pesar tanto no lado da crítica social foda) do que os de Get Out ( que por mais que tenha a parte da crítica, conseguia balanceá-la mais com a parte artística, sendo um filme que conseguia em vários momentos rir de si mesmo, ao menos mais que os outros).
Não estranha que bastante gente não tenha embarcado na vibe do NOPE, por mais que em alguns aspectos o filme seja muito bom. A brutalidade e excesso de amargor do subtexto acabam atrapalhando e deixando desnecessariamente desconfortável um filme que se tivesse ênfase maior em seu aspecto meramente técnico e artístico, seria infinitamente melhor.
Uma baita premissa, um bom argumento, visual muito inspirado, direção de arte e atmosfera de primeira linha, mas com personagens fracos e ingostáveis, roteiro que promete muito mas entrega pouco, e uma conclusão de dar vergonha.
Um filme daquele tipo pobre mas limpinho, até bem intencionado, mas que infelizmente acabou ficando muito aquém do que deveria ser. E olha que o fato de ser uma produção pequena, claramente de baixíssimo orçamento, não foi nem de longe o problema.
O filme acerta no argumento. Embora seja baseado numa premissa comuníssima no cinema (a questão da redenção e do arrependimento por uma culpa passada) a história do cara consumido pelas consequências de uma tragédia pessoal, que encontra aquela famosa "última chance de redenção antes da perda total de sentido da vida" aqui acaba conseguindo conquistar simpatia, apoiado pelas atuações corretas e até certo ponto simpáticas da dupla protagonista. O filme também acerta na produção, que consegue com poucos atores e com uma economia brutal, explorar de maneira ótima a locação onde se passa a maior parte da história. A belíssima paisagem e a atmosfera selvagem ajudam a "economizar" e a fotografia competente consegue até fazer o espectador esquecer durante a maior parte do tempo que é um filme de baixo orçamento.
O que quebrou o filme ficou no roteiro, que cria situações muito pouco críveis para justificar a situação de vida da menina que não fala. A construção de sua história, as circunstâncias de sua fuga e sua relação com os vilões que a perseguem são muito pouco crívei. O mesmo erro se repete justamente no clímax do filme, onde o roteiro faz com que a típica cena de "acerto de contas" seja absurda de tão mal escrita.
Uma pena, se tivesse um roteiro menos descuidado, seria um ótimo filho de redenção e resgate de almas, e relação de pais e filhos.
Poucas vezes uma continuação (embora este esteja mais pra um baita Revival e não uma mera continuação) honrou tão bem o material original. Cinemão pipoca em sua melhor forma, foco em simplesmente contar a história e não em esfregar lacração na cara, como há um bom tempo não se vê Hollywood fazendo. Só pela curtição e pelo clima, já vale a experiência. Parte a isso, a produção soube muito bem capitalizar em cima do saudosismo dos anos 80, das referências, da trilha sonora e construiu um produto de entretenimento que realmente entretém. Vale muito a pena assistir no cinema, com a maior tela que você puder encontrar.
Pra não perder muito tempo escrevendo uma lista interminável de absurdos, posso resumir em uma cena apenas a qualidade desse roteiro:
Detetive dirige em alta velocidade nas ruas da cidade. Pelo rádio, a equipe tática enviada pro consultório do terapeuta malvado avisa que o local está vazio. Detetive pede à central, que pesquisem o endereço da casa do terapeuta malvado, e antes de saber o endereço dá um cavalo de pau e segue na direção contrária. Aí fica a dúvida: se não sabe o endereço ainda, pra que fazer uma manobra perigosa, colocando a própria vida e a de outros em perigo, pra ir em direção oposta à que estava indo, se ainda não sabia pra que lado tinha que ir? Além disso por que ele manda uma equipe completa da SWAT pra um local onde o vilão talvez estivesse, mas quando descobre o local correto, vai sozinho, sem pedir reforço algum, mesmo sabendo que o cara é perigoso?
O roteiro do filme todo é feito nesse grau de desrespeito à inteligência de quem assiste. O texto é péssimo, os diálogos são uma vergonha, as ideias são manjadas, os personagens pessimamente construídos. Um desperdício uma boa atriz como a Kate Siegel em um filme tão ruim, com um roteiro tão indigente como esse.
Imagine uma mistura de "Além da Vida" com "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", só que diluída em água da torneira, até ficar tão fraco e tão sonolento que você não consegue sequer perceber o gosto da influência.
Talvez seja por causa de uma direção de atores fraca, talvez seja por conta do estilo mambembe (o visual geral evoca mais um filme de terror barato do que qualquer outra coisa), ou talvez seja por conta de personagens com muito pouca profundidade e com os quais você não consiga se importar. Talentos desperdiçados em papéis que exigem pouco de gente como Mary Steenburgen, Robert Redford, e Jesse Plemons. Não deixe o bom elenco te enganar.
Pra fechar, um Jason Segel neurastêmico e uma Rooney Mara tão escrota e desagradável que você torce pra que se mate logo formam o "par romântico" mais desesperador que o cinema já viu em muito tempo.
Dou uma estrela em ação de graças pela premissa e idéia originais, que poderiam ter rendido um filme infinitamente melhor.
Em vários momentos a tentativa de uma certa autoralidade estilística esbarra em uma mão pesadíssima, cortes horrorosos e uma trilha sonora que incomoda mais que ajuda a compor. Acabou saindo uma mistura de Sangue Negro com Brokeback Mountain, só que combinando o pior de cada uma dessas influências. No fim algumas cenas de crueldade animal feitas pra gerar desconforto gratuito e fácil, acabam chamando mais atenção que "a grande questão" central do roteiro, também muito prejudicada por certos clichês imperdoáveis de tão manjados. Uma decepção, dados os talentos envolvidos.
Por mais que o gênero seja saturado, de tempos em tempos surge um found footage que se destaca (ao menos um pouco) da multidão e por sorte (ou por mérito), acaba divertindo mais que decepcionando, desde que não se espere grandes genialidades. Neste "found footage de pé-grande", a equação conseguiu juntar mais fatores positivos que negativos, sendo que até esses últimos se forem vistos com um pouco de boa vontade, dá pra relevar e tirar proveito.
O monstro/antagonista é bem produzido. Tomaram a decisão certa ao preferir um personagem feito com efeitos práticos, ao invés de se investir em um CGI que correria muito risco de ficar tosco e estragar parte da experiência do filme. Ele aparece quando tem que aparecer, na medida correta entre o "visto de relance pra gerar suspense e criar medo" e o "se mostrando mais claramente", e só numa altura da trama em que já não prejudica tanto o monstro aparecer com mais detalhes. O desempenho do elenco é bom, natural, parecendo "gente comum", e conseguindo evitar alguns exageros que estragam muitos found footages. E dei meia estrela a mais do que daria pela forma como o filme mostra o comportamento do bigfoot: é a melhor decisão do filme. Talvez seja nesse sentido, o filme de pé grande que tenha tratado nosso amigo criptídeo da forma mais perto da "realidade" possível. Meio que um "se o pé grande realmente existisse, é mais provável que fosse assim mesmo".
Por mais que o Momoa seja ótimo no papel de "cara legal e bom de briga, com um passado forças especiais, que só queria viver em paz que é arrastado para um conflito inevitável por alguma vilania terrível", nesse filme, o roteiro descuidado e preguiçoso não ajuda o nosso amigo Aquaman.
A suspensão de descrença necessária pra esse tipo de filme é abusada além do razoável, a quantidade de clichês e furos ou situações de roteiro mal explicadas ou no mínimo nada razoáveis deixam o filme desagradável até mesmo pra quem curte um tiro, porrada e bomba. Aliás, falando em porrada: por mais que as lutas sejam razoavelmente bem coreografadas, é absurdo que homens que lutam para viver, assassinos profissionais, soldados, etc. percam tanto tempo trocando socos e empurrando uns aos outros contra paredes. Fica irreal, algo que lembra mais as comédias do Bud Spencer e Terence Hill, só que sem a comédia. Gente que é eficiente não perde tempo trocando socos em brigas sem fim.
Uma boa direção de atores, uma boa cinematografia, fotografia correta, ambientação, direção de arte de primeira, roteiro redondo, diálogos adequados, adaptação de época melhor que muito filme de western, atores comprometidos, tinha tudo pra ser se não um filmaço, ao menos um filme acima da média dos últimos tempos. Concorria a favor também o fato de ser um interessante estudo a respeito de um problema real (pesquise sobre Prairie Madness no Google) disfarçado no gênero de suspense e terror.
Infelizmente, mesmo com tudo isso teria sido um filme bem melhor se a diretora não tivesse optado por fazer a narrativa "quebrada" temporalmente, sem uma necessidade clara de suspense ou de plot twist que justificasse essa escolha. Por todo o filme, a sensação que fica é que a narrativa é quebrada simplesmente "porque sim". Algo que não teria importância se essa escolha ajudasse no conjunto final, mas ocorre justamente o contrário. A quebra da linha temporal da narrativa estraga a escalada da tensão na história, atrapalha a prender a atenção do espectador e dificulta a identificação com os conflitos e as razões por trás de cada personagem.
No fim, o saldo é positivo pelo capricho da produção, por uns bons sustos e pela proposta geral, mas fica aquela pena de que poderia ser bem melhor se dona Emma Tammi não tivesse tentado "inventar moda" onde não havia necessidade.
Um filme que tinha tudo pra ser melhor, mas que se perdeu na falta de uma direção melhor. A história por mais que seja manjada no formato e estrutura narrativa, tinha um enfoque interessante ao mostrar um espírito 171 aplicando um belo golpe em uma comunidade inteira, ao invés de só mostrar o velho "fantasma vingativo" de sempre. O problema fica por conta da falta de imaginação visual e artística da produção, da direção frouxa, do clima de episódio de seriado ruim, mesmo com atores razoáveis, alguns até bem conhecidos. E que poderiam certamente render mais nas mãos de uma direção mais firme. Uma pena, mas aqui os contras vencem os prós.
Uma mistura de Independence Day com Tropas Estelares e No Limite do Amanhã. Pipocão pra divertir a família, e que perde metade da graça se for levado a sério demais.
O primeiro terço era promissor, conseguia manter o interesse com uma estética que conseguia funcionar bem para um momento em que a trama era mais claustrofóbica. Do segundo terço em diante, a coisa descamba em ritmo acelerado à medida em que aumentam os furos de roteiro e as inconsistências lógicas, e a vontade de problematizar fica clarmente maior que a de fazer cinema. Uma pena, tinha potencial. Uma versão baixa-renda de A Ilha, com um tom exageradamente panfletário e desprovido de sutileza.
Western intimista que inova ao ser contado sob o ponto de vista daquele tipo de personagem que só serve pra morrer na maioria dos filmes do gênero: o capanga de baixo escalão do vilão principal. Aqui, os irmãos Charlie e Eli, interpretados com maestria por Joaquin Phoenix e com verdadeira genialidade por John C. Reilly (o ponto mais alto do filme é seu desempenho na pele do irmão mais "humano" e pé-no-chão da dupla) se envolvem em uma trama simples, que percorre um largo cenário em que muitas questões humanas acabam por chegar a pontos-limite, ora de ruptura, ora de renovação, ora de conflito e até mesmo de um certo grau de redenção.
E pensar que o "último filme", em vez de ser o fechamento de luxo que a história merecia, acabou sendo um esforço desesperador para consertar a catástrofe conceitual que fizeram no episódio anterior da saga. Que fim melancólico.
O filme tem uma direção/produção/visuais bons, uma estabelecimento de trama e roteiro regulares, um desenvolvimento de personagens irregular, um "núcleo de vilões" péssimo ("Cactus Bill"? Sério mesmo?) e um ritmo bem ruim.
Em algum momento do filme, acontece um cansaço que faz toda a simpatia/antipatia que você esperava sentir pelos personagens ir se esvaindo até que chegue um ponto em que tudo que você quer é que o filme termine logo. O que é uma pena, tinha potencial pra render algo bem melhor.
Não é um filme memorável ou de grande destaque, mas dito isto, tem pontos bem positivos, capazes de surpreender. Se assistido sem alimentar expectativas, sabendo ser apenas uma comédia boba, estilo sessão da tarde, descendente direto daquela linhagem de filmes tipo "Dennis o Pimentinha" ou "O Pestinha".
Numa época em que as comédias estão idiotizadas além do suportável, o filme surpreendeu por várias vezes trocar o pastelão fácil por espertas referências a clássicos do terror. Uma ótima troca, porque é muito melhor arrancar aquele sorriso de canto de boca do que buscar a gargalhada fácil e falhar. A atuação de Adam Scott (que é um ator que eu não gosto de quase nada que faz) veio no tom correto, muito bem no personagem. O menino Owen Atlas fazendo bem sua parte, coisa que nem sempre os atores mirins acertam nesse estilo de filme. Junta isso à também boa escolha de Evangeline Lilly para o papel da mãe, são outros fatores que ajudaram a fazer o filme ficar melhor do que poderia ser.
No fim, é um filme despretensioso e divertidão, com várias referências pra quem é fã de terror, e que numa época em que as comédias andam tão idiotas que em muitas oportunidades não se consegue assistir uma até o fim, o fato deste aqui manter o interesse na história (e chegar até a divertir um pouco ao invés de provocar vergonha alheia) já é um grande mérito.
Western bem mediano. Atuações corretas, produção e visuais bem ok.Parte técnica pouco compromete. O que derruba a nota é o fato do filme sofrer com um roteiro bem mão pesada, principalmente no quesito do panfletarismo.Querer fazer personagens de quase um século e meio atrás terem atitudes que só seriam coerentes se partissem de pessoas de hoje em dia só pra provar um ponto ou levantar uma bandeira pode até funcionar para algumas audiências mais incautas, mas é algo que deixa um gosto péssimo na receita.
No mais, Irmão do Thor, irmão do Thor... essa Marisol é furada, só te aviso isso.
Assisti pela primeira vez lá por 2008 e foi o filme responsável por me chamar a atenção para a crescente qualidade (e frescor imaginativo) do cinema Sul-Coreano. Só por isso já merece um crédito, embora seja um daqueles filmes que por mais que você não dê nada à primeira vista, quando você presta mais atenção fica claro ser muito mais do que parece.
O Urso do Pó Branco
2.9 332 Assista AgoraUma excelente premissa com alguns atores de primeira linha desperdiçados em um filme com um CGI (que é a espinha dorsal do filme) muito irregular, com uma edição horrível, roteiro abaixo da média, dirigido desajeitadamente, zoado e altamente esquecível. Uns poucos bons momentos aqui e ali não salvaram o filme do que ele realmente é: um pacote gigante de expectativas frustradas.
M3gan
3.0 799 Assista AgoraEmbora o filme não seja uma completa novidade, fazendo parte do subgênero bastante comum de "inteligência artificial aparentemente inofensiva dá terrivelmente errado", o que me deixou mais impressionado no filme não foi o componente de terror e suspense que já se sabia que a boneca traria. Embora o aspecto "Chucky com esteróides" do filme tenha rendido o esperado, a parte mais profundamente terrível do terror proposto pelo filme talvez tenha escapado a quem bolou esse roteiro. O mais aterrorizante do filme não é a boneca M3gan. Nem de longe. É a Tia. A horrenda personagem da Tia Gemma.
Gemma é um ser humano imaturo e mesquinho, uma mulher adulta porém com uma mentalidade adolescente e um desenvolvimento emocional infantil. Ela foi diretamente responsável por todas as tragédias e traumas que se abateram sobre sua inocente sobrinha a partir do momento em que a criança chegou à sua casa. Uma mãe adotiva tão egoísta e autocentrada que foi incapaz de sequer receber de maneira minimamente adequada a filha da própria irmã falecida (que tinha passado pela pior das tragédias) sem conseguir nem ao menos dar um pingo de conforto emocional, acolhimento e carinho. Isso é o ponto mais traumatizante do filme, saber que todos os desdobramentos do sofrimento que a pobre Cady tem que passar são ligados diretamente à incapacidade de Gemma de assumir a responsabilidade de uma mulher adulta.
À medida que os saltos de credibilidade que o roteiro precisou dar para fazer a história ir adiante, a desgraça que é o caráter de Gemma vai perdendo um pouco de espaço para outros erros, só que esses tipicamente Hollywoodianos, e que vão competindo pra que o filme perca, ali do meio do segundo ato até o final, todo o ar de novidade que a vilã-boneca ofereceu no princípio, e se renda a um amontoado de clichês
Começa com a boneca que foi projetada como um brinquedo, mas tem a força de um super-herói (na segurança do brinquedo ninguém pensou, não?); temos o aprendizado da AI que suplanta qualquer coisa que a humanidade já tenha feito (sem que sua genial projetista Gemma tenha sequer se dado conta disso, ou ao menos previsto que podia dar MUITO errado) a suspensão de descrença agradece; temos TODOS os personagens masculinos do filme, forçosa e artificialmente imbecilizados (até o pai da menina que morre logo no começo) diminuídos moral e espiritualmente, porque feminazismo woke hollywoodiano; e temos o final tão clichê e tão idiotizado que parece ter saído de um filme estilo "Shark Boy e Lava Girl", ou "Pequenos espiões".
Sinceramente, um filme que até tinha uma boa premissa, um vilão com potencial seriamente assustador, mas com um roteiro péssimo, preguiçoso, com personagens ingostáveis e que no final só consegue fazer a gente ficar com pena da criança mesmo.
Uma Obsessão Desconhecida
2.6 94 Assista AgoraMais um que podia ter sido beeeeem melhor, mas não foi. Começa com os efeitos especiais bem ruins, às vezes parecendo os daqueles filmes trash pra TV do canal Sci-Fi. Podiam ter caprichado mais nisso, já que o filme não teve tantas cenas com eles.
A Maika Monroe, coitada, uma atriz que eu sempre gostei, caiu fazendo uma personagem ingostável, insuportável de chata, mal escrita, problemática e com pouca ou nenhuma construção (o namorado também, mas no caso dela é pior por conta da Ruth ser a espinha dorsal da trama). Desde o começo você fica desconfiado que o Harry na verdade é um serial killer que enganou a moça e a levou pra floresta, porque fica difícil de entender como aqueles dois sequer tem um relacionamento.
O desdobramento do mau-aproveitamento do potencial da história vai fazendo com que cada vez mais as explicações ruins e as idéias ridículas
(aquele dedinho que corta, por exemplo foi de uma indigência criativa ímpar, minha mulher ficou puta com o clichê barato e ofensivo e parou de ver o filme nessa hora)
No fim, os caras podiam ter aproveitado tão melhor a premissa. É até compreensível que alguns tenham até gostado, pois na superfície (bem na superfície mesmo) o filme até passa. Mas quem já tem uma certa experiência com esse tipo de trama (invasões secretas, shape-shifting, etc) já viu tanta coisa melhor que esse filme se torna apenas uma perda de tempo, desnecessário e pobre.
Salva apenas a fotografia e as locações, uma excelente ambientação na região do noroeste do pacífico que ajudaram a criar um bom clima e atmosfera pro filme.
Tensão em Montana
2.5 11 Assista AgoraPoderia apenas ser um western pobre-porém-limpinho, mas a escolha criativa foi de em vez disso, fazer o que é na verdade um filme de perrengue com uma roupagem western. As adaptações de roteiro necessárias pra criar as situações de suspense e tensão ao invés dos mecanismos já consagrados nos filmes de velho-oeste mais tradicionais acabaram atrapalhando bastante.
Talvez a decisão desagrade mais fãs de western e agrade mais quem prefira filmes de perseguição, dramas de encurralamento e coisas do tipo. De qualquer modo, a sensação é de que se o filme tivesse se desenvolvido mais como um western tradicional, teria tirado mais proveito dos cenários, locações e dos talentos envolvidos.
Gina Carano, por exemplo teria mais condições de desempenhar melhor em um western tradicional, visto que sua experiência em filmes de ação é bem maior que seu alcance dramático. E Nick Searcy, um ator experiente, que por mais que tente emular algo como o vilão de Gene Hackman em Os Imperdoáveis, sofre pra dar vida com dignidade a um antagonista muito mal escrito. Seu personagem passa 80% do tempo de tela citando versículos bíblicos como muleta e só consegue explicar sua história de fundo quando o filme já fez com que não nos importássemos mais com os motivos de nada.
Às vezes quando um filme é ruim demais, além de qualquer possibilidade de sucesso, acabamos nos divertindo involuntariamente com alguns ridículos que aparecem, mas quando (como é o caso desse) o filme mostra que tinha potencial pra ser melhor, mas acaba ficando pelo meio do caminho, tudo que resta é a decepção.
Babilônia
3.6 332 Assista AgoraGosto do Chazelle, entretanto fiquei completamente dividido com esse filme. Uma verdadeira guerra de prós e contras, com os prós ganhando por bem pouco. Mas ainda assim é um fílme relevante.
Vamos a eles.
Prós:
• As performances do elenco em geral. Brad Pitt, certeiro, numa atuação de alta classe. Margot Robbie, sem palavras. Matou o filme no peito, driblou e chutou pro gol sem medo de ser feliz. Irretocável sua atuação. O novato Diego Calva, que não se intimidou pelas performances estelares de Pitt e Robbie e deu conta do seu papel com graça e profissionalismo, e todo o elenco em geral, (até mesmo o tantas vezes canastrão Eric Roberts) todos muito bem em seus papéis.
• A direção de arte, que ajudou muito a ambientar e compor a atmosfera das décadas de 1920 e 30.
• O dinamismo da trama, que mesmo com o filme tendo sido um tanto longo, conseguiu impor uma certa agilidade no desenrolar da história e fez com que poucas vezes quem assiste se dê conta de que o filme é um tanto mais longo (e preocupado em contar mais hisórias) do que poderia.
• A trilha sonora, que consegue criar uma sonoridade que conversa perfeitamente bem com o ouvido de quem assiste o filme hoje, ao mesmo tempo em que parece totalmente plausível nos momentos mais selvagens e hedonistas das festas regadas a jazz dos anos 20. Um acerto e tanto, com faixas empolgantes e eletrizantes em certos momentos e em outros, com tons melancólicos e suaves que casam perfeitamente com os pontos mais definidores e dramáticos dos arcos de cada personagem.
Contras:
• A necessidade de "enfiar" obrigatoriamente temas de identitarismo no filme, pra torná-lo mais "militante" e "problematizador", quase conseguem quebrar o ritmo da narrativa. Fica clara durante toda a história que existe uma obrigatoriedade de "fazer reparação histórica" mesmo que arriscando que o filme ficasse inchado. Sente-se que teve que se "rebolar" para poder encaixar tudo que se queria (e o que precisa senão "fica feio") num filme só. Esse contra demonstra muito mais uma subserviência às exigências externas por parte dos executivos de Hollywood, ou uma subserviência dos próprios criadores a uma tendência atual, cada vez mais autoritária e impositória.
• A falta de desenvolvimento na construção da relação entre Manny e Nellie, que embora parecesse crível na interpretação dos atores, ficou com pouco subsídio.
• A descarada auto-indulgência Hollywoodiana. Por mais que se admita que a Terra do Cinema tenha sempre sido um local onde os mais baixos e sórdidos instintos humanos se misturam como em um caldeirão fervente, sempre no fim, existe um subtexto (ou até mesmo um discurso aberto) que tenta minimizar esses excessos e ignorar as inúmeras tragédias pessoais que eles geraram em décadas, para tentar vender toda a "aura de magia do cinema", como um preço justo a pagar. "O que são algumas vidas irrelevantes (de gente que vai morrer um dia, de qualquer maneira mesmo) quando daqui a 50 anos ainda vão poder ver seu nome na tela?"
Não! Não Olhe!
3.5 1,3K Assista AgoraA carreira de Jordan Peele parece avançar ao mesmo tempo para dois lados de uma reta. Após assistir a esse filme e pensar nele numa perspectiva que contempla suas outras duas obras de mais destaque, "Get Out" e "Us", parece que o diretor ao mesmo tempo evolui e involui.
Pro lado positivo, o diretor refinou mais ainda sua capacidade técnica e artística. Um crescimento de potência criativa, com ainda mais domínio da linguagem cinematográfica que nos outros dois filmes citados. Talvez obra de mais treino, mais experiência, de se estar mais à vontade, enfim... neste filme, artisticamente falando, vemos um Peele "gostando mais do jogo", mais até do que nos seus dois outros filmes mais famosos.
Enquanto isso, empurrando pro lado negativo, fica o aspecto da militância e do insistente (e repetitivo, manjado, formulaico) estufamento de discurso político em seus produtos, a ponto do melhor em seu trabalho se tornar mera casca para embalar um produto. Peele nesse aspecto parece regredir, azedar, e involuir. Há o excesso de metáforas que tentam ser profundas, mas saem deselegantes e cruas. Há a clara submissão do potencial para um teor mais artístico e transcendente no seu trabalho a um maniqueísmo divisório e adolescente. Um clima mal-disfarçado de "crítica social foda" querendo passar por papo cabeça. Tudo isso em uma quantidade que vai empanturrando:
• A crítica à aridez simbólica na relação entre pai e filho, muito sintomática;
• O elemento alienígena que gera um fascínio folclórico na "sociedade branca", mas que para o protagonista se torna mera fonte de medo e ressentimento;
• A referência a casos horrendos da vida real reduzidos no próprio filme a um dos envolvidos no caso retratado no filme reduzindo o próprio caso a um sketch do SNL com o chimpanzé que fica violento ao ouvir "menções à selva";
• A crítica ao desconforto social da juventude urbana (nem tão jovem assim, mas que se recusa a assumir um caráter adulto) e à falta de encontro de uma identidade e de um objetivo de vida no comportamento (e nas dicas para a construção do personagem), unidos a uma subserviência à cultura das celebridades, à moda e às tendências ditadas pela mídia, todas codificadas brutalmente na personalidade da irmã, diametralmente oposta à do irmão;
• A crítica mordaz (e preconceituosa) aos orientais, retratados na criança traumatizada que cresce e se vê interpretando para viver um papel de cowboy que o "homem branco" (eterno vilão) já deixou pra trás. Claramente tenta sugerir uma submissão do oriental ao branco no contexto americano, condenando e fazendo pilhéria da falta da postura de antagonismo do asiático para com o branco;
• A visão também preconceituosa do negro para com o latino, retratado como um indivíduo cinicamente "de bem" com seu status subalterno, que aceita com naturalidade sofrer por ser escravo de uma relação amorosa, e que apesar de sua competência técnica, não assume um "protagonismo" que a imagem negro retratado no filme faz questão de mostrar, com um verniz de pioneirismo, inclusive.
No fim, por conta de um subtexto tão mão-pesada, o filme acaba seguindo mais os passos de Us (no sentido de pesar tanto no lado da crítica social foda) do que os de Get Out ( que por mais que tenha a parte da crítica, conseguia balanceá-la mais com a parte artística, sendo um filme que conseguia em vários momentos rir de si mesmo, ao menos mais que os outros).
Não estranha que bastante gente não tenha embarcado na vibe do NOPE, por mais que em alguns aspectos o filme seja muito bom. A brutalidade e excesso de amargor do subtexto acabam atrapalhando e deixando desnecessariamente desconfortável um filme que se tivesse ênfase maior em seu aspecto meramente técnico e artístico, seria infinitamente melhor.
Noite Passada em Soho
3.5 741 Assista AgoraUma baita premissa, um bom argumento, visual muito inspirado, direção de arte e atmosfera de primeira linha, mas com personagens fracos e ingostáveis, roteiro que promete muito mas entrega pouco, e uma conclusão de dar vergonha.
A Garota na Montanha
2.4 1Um filme daquele tipo pobre mas limpinho, até bem intencionado, mas que infelizmente acabou ficando muito aquém do que deveria ser. E olha que o fato de ser uma produção pequena, claramente de baixíssimo orçamento, não foi nem de longe o problema.
O filme acerta no argumento. Embora seja baseado numa premissa comuníssima no cinema (a questão da redenção e do arrependimento por uma culpa passada) a história do cara consumido pelas consequências de uma tragédia pessoal, que encontra aquela famosa "última chance de redenção antes da perda total de sentido da vida" aqui acaba conseguindo conquistar simpatia, apoiado pelas atuações corretas e até certo ponto simpáticas da dupla protagonista. O filme também acerta na produção, que consegue com poucos atores e com uma economia brutal, explorar de maneira ótima a locação onde se passa a maior parte da história. A belíssima paisagem e a atmosfera selvagem ajudam a "economizar" e a fotografia competente consegue até fazer o espectador esquecer durante a maior parte do tempo que é um filme de baixo orçamento.
O que quebrou o filme ficou no roteiro, que cria situações muito pouco críveis para justificar a situação de vida da menina que não fala. A construção de sua história, as circunstâncias de sua fuga e sua relação com os vilões que a perseguem são muito pouco crívei. O mesmo erro se repete justamente no clímax do filme, onde o roteiro faz com que a típica cena de "acerto de contas" seja absurda de tão mal escrita.
Uma pena, se tivesse um roteiro menos descuidado, seria um ótimo filho de redenção e resgate de almas, e relação de pais e filhos.
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraPoucas vezes uma continuação (embora este esteja mais pra um baita Revival e não uma mera continuação) honrou tão bem o material original. Cinemão pipoca em sua melhor forma, foco em simplesmente contar a história e não em esfregar lacração na cara, como há um bom tempo não se vê Hollywood fazendo. Só pela curtição e pelo clima, já vale a experiência. Parte a isso, a produção soube muito bem capitalizar em cima do saudosismo dos anos 80, das referências, da trilha sonora e construiu um produto de entretenimento que realmente entretém. Vale muito a pena assistir no cinema, com a maior tela que você puder encontrar.
Hypnotic
2.6 196Pra não perder muito tempo escrevendo uma lista interminável de absurdos, posso resumir em uma cena apenas a qualidade desse roteiro:
Detetive dirige em alta velocidade nas ruas da cidade. Pelo rádio, a equipe tática enviada pro consultório do terapeuta malvado avisa que o local está vazio. Detetive pede à central, que pesquisem o endereço da casa do terapeuta malvado, e antes de saber o endereço dá um cavalo de pau e segue na direção contrária. Aí fica a dúvida: se não sabe o endereço ainda, pra que fazer uma manobra perigosa, colocando a própria vida e a de outros em perigo, pra ir em direção oposta à que estava indo, se ainda não sabia pra que lado tinha que ir? Além disso por que ele manda uma equipe completa da SWAT pra um local onde o vilão talvez estivesse, mas quando descobre o local correto, vai sozinho, sem pedir reforço algum, mesmo sabendo que o cara é perigoso?
O roteiro do filme todo é feito nesse grau de desrespeito à inteligência de quem assiste. O texto é péssimo, os diálogos são uma vergonha, as ideias são manjadas, os personagens pessimamente construídos. Um desperdício uma boa atriz como a Kate Siegel em um filme tão ruim, com um roteiro tão indigente como esse.
A Descoberta
3.3 385 Assista AgoraDecepcionante.
Imagine uma mistura de "Além da Vida" com "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", só que diluída em água da torneira, até ficar tão fraco e tão sonolento que você não consegue sequer perceber o gosto da influência.
Talvez seja por causa de uma direção de atores fraca, talvez seja por conta do estilo mambembe (o visual geral evoca mais um filme de terror barato do que qualquer outra coisa), ou talvez seja por conta de personagens com muito pouca profundidade e com os quais você não consiga se importar. Talentos desperdiçados em papéis que exigem pouco de gente como Mary Steenburgen, Robert Redford, e Jesse Plemons. Não deixe o bom elenco te enganar.
Pra fechar, um Jason Segel neurastêmico e uma Rooney Mara tão escrota e desagradável que você torce pra que se mate logo formam o "par romântico" mais desesperador que o cinema já viu em muito tempo.
Dou uma estrela em ação de graças pela premissa e idéia originais, que poderiam ter rendido um filme infinitamente melhor.
Ataque dos Cães
3.7 933Em vários momentos a tentativa de uma certa autoralidade estilística esbarra em uma mão pesadíssima, cortes horrorosos e uma trilha sonora que incomoda mais que ajuda a compor. Acabou saindo uma mistura de Sangue Negro com Brokeback Mountain, só que combinando o pior de cada uma dessas influências. No fim algumas cenas de crueldade animal feitas pra gerar desconforto gratuito e fácil, acabam chamando mais atenção que "a grande questão" central do roteiro, também muito prejudicada por certos clichês imperdoáveis de tão manjados. Uma decepção, dados os talentos envolvidos.
Eles Existem
2.8 150 Assista AgoraPor mais que o gênero seja saturado, de tempos em tempos surge um found footage que se destaca (ao menos um pouco) da multidão e por sorte (ou por mérito), acaba divertindo mais que decepcionando, desde que não se espere grandes genialidades. Neste "found footage de pé-grande", a equação conseguiu juntar mais fatores positivos que negativos, sendo que até esses últimos se forem vistos com um pouco de boa vontade, dá pra relevar e tirar proveito.
O monstro/antagonista é bem produzido. Tomaram a decisão certa ao preferir um personagem feito com efeitos práticos, ao invés de se investir em um CGI que correria muito risco de ficar tosco e estragar parte da experiência do filme. Ele aparece quando tem que aparecer, na medida correta entre o "visto de relance pra gerar suspense e criar medo" e o "se mostrando mais claramente", e só numa altura da trama em que já não prejudica tanto o monstro aparecer com mais detalhes. O desempenho do elenco é bom, natural, parecendo "gente comum", e conseguindo evitar alguns exageros que estragam muitos found footages. E dei meia estrela a mais do que daria pela forma como o filme mostra o comportamento do bigfoot: é a melhor decisão do filme. Talvez seja nesse sentido, o filme de pé grande que tenha tratado nosso amigo criptídeo da forma mais perto da "realidade" possível. Meio que um "se o pé grande realmente existisse, é mais provável que fosse assim mesmo".
Justiça em Família
2.7 169 Assista AgoraNem pra divertir serve.
Por mais que o Momoa seja ótimo no papel de "cara legal e bom de briga, com um passado forças especiais, que só queria viver em paz que é arrastado para um conflito inevitável por alguma vilania terrível", nesse filme, o roteiro descuidado e preguiçoso não ajuda o nosso amigo Aquaman.
A suspensão de descrença necessária pra esse tipo de filme é abusada além do razoável, a quantidade de clichês e furos ou situações de roteiro mal explicadas ou no mínimo nada razoáveis deixam o filme desagradável até mesmo pra quem curte um tiro, porrada e bomba. Aliás, falando em porrada: por mais que as lutas sejam razoavelmente bem coreografadas, é absurdo que homens que lutam para viver, assassinos profissionais, soldados, etc. percam tanto tempo trocando socos e empurrando uns aos outros contra paredes. Fica irreal, algo que lembra mais as comédias do Bud Spencer e Terence Hill, só que sem a comédia. Gente que é eficiente não perde tempo trocando socos em brigas sem fim.
Terra Assombrada
3.0 74 Assista AgoraUma boa direção de atores, uma boa cinematografia, fotografia correta, ambientação, direção de arte de primeira, roteiro redondo, diálogos adequados, adaptação de época melhor que muito filme de western, atores comprometidos, tinha tudo pra ser se não um filmaço, ao menos um filme acima da média dos últimos tempos. Concorria a favor também o fato de ser um interessante estudo a respeito de um problema real (pesquise sobre Prairie Madness no Google) disfarçado no gênero de suspense e terror.
Infelizmente, mesmo com tudo isso teria sido um filme bem melhor se a diretora não tivesse optado por fazer a narrativa "quebrada" temporalmente, sem uma necessidade clara de suspense ou de plot twist que justificasse essa escolha. Por todo o filme, a sensação que fica é que a narrativa é quebrada simplesmente "porque sim". Algo que não teria importância se essa escolha ajudasse no conjunto final, mas ocorre justamente o contrário. A quebra da linha temporal da narrativa estraga a escalada da tensão na história, atrapalha a prender a atenção do espectador e dificulta a identificação com os conflitos e as razões por trás de cada personagem.
No fim, o saldo é positivo pelo capricho da produção, por uns bons sustos e pela proposta geral, mas fica aquela pena de que poderia ser bem melhor se dona Emma Tammi não tivesse tentado "inventar moda" onde não havia necessidade.
Rogai Por Nós
2.3 409 Assista AgoraUm filme que tinha tudo pra ser melhor, mas que se perdeu na falta de uma direção melhor. A história por mais que seja manjada no formato e estrutura narrativa, tinha um enfoque interessante ao mostrar um espírito 171 aplicando um belo golpe em uma comunidade inteira, ao invés de só mostrar o velho "fantasma vingativo" de sempre. O problema fica por conta da falta de imaginação visual e artística da produção, da direção frouxa, do clima de episódio de seriado ruim, mesmo com atores razoáveis, alguns até bem conhecidos. E que poderiam certamente render mais nas mãos de uma direção mais firme. Uma pena, mas aqui os contras vencem os prós.
A Guerra do Amanhã
3.2 710 Assista AgoraUma mistura de Independence Day com Tropas Estelares e No Limite do Amanhã. Pipocão pra divertir a família, e que perde metade da graça se for levado a sério demais.
Level 16
3.1 34 Assista AgoraO primeiro terço era promissor, conseguia manter o interesse com uma estética que conseguia funcionar bem para um momento em que a trama era mais claustrofóbica. Do segundo terço em diante, a coisa descamba em ritmo acelerado à medida em que aumentam os furos de roteiro e as inconsistências lógicas, e a vontade de problematizar fica clarmente maior que a de fazer cinema. Uma pena, tinha potencial. Uma versão baixa-renda de A Ilha, com um tom exageradamente panfletário e desprovido de sutileza.
Os Irmãos Sisters
3.5 105Western intimista que inova ao ser contado sob o ponto de vista daquele tipo de personagem que só serve pra morrer na maioria dos filmes do gênero: o capanga de baixo escalão do vilão principal. Aqui, os irmãos Charlie e Eli, interpretados com maestria por Joaquin Phoenix e com verdadeira genialidade por John C. Reilly (o ponto mais alto do filme é seu desempenho na pele do irmão mais "humano" e pé-no-chão da dupla) se envolvem em uma trama simples, que percorre um largo cenário em que muitas questões humanas acabam por chegar a pontos-limite, ora de ruptura, ora de renovação, ora de conflito e até mesmo de um certo grau de redenção.
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista AgoraE pensar que o "último filme", em vez de ser o fechamento de luxo que a história merecia, acabou sendo um esforço desesperador para consertar a catástrofe conceitual que fizeram no episódio anterior da saga. Que fim melancólico.
Mudo
2.6 240O filme tem uma direção/produção/visuais bons, uma estabelecimento de trama e roteiro regulares, um desenvolvimento de personagens irregular, um "núcleo de vilões" péssimo ("Cactus Bill"? Sério mesmo?) e um ritmo bem ruim.
Em algum momento do filme, acontece um cansaço que faz toda a simpatia/antipatia que você esperava sentir pelos personagens ir se esvaindo até que chegue um ponto em que tudo que você quer é que o filme termine logo. O que é uma pena, tinha potencial pra render algo bem melhor.
Pequeno Demônio
2.7 240 Assista AgoraNão é um filme memorável ou de grande destaque, mas dito isto, tem pontos bem positivos, capazes de surpreender. Se assistido sem alimentar expectativas, sabendo ser apenas uma comédia boba, estilo sessão da tarde, descendente direto daquela linhagem de filmes tipo "Dennis o Pimentinha" ou "O Pestinha".
Numa época em que as comédias estão idiotizadas além do suportável, o filme surpreendeu por várias vezes trocar o pastelão fácil por espertas referências a clássicos do terror. Uma ótima troca, porque é muito melhor arrancar aquele sorriso de canto de boca do que buscar a gargalhada fácil e falhar. A atuação de Adam Scott (que é um ator que eu não gosto de quase nada que faz) veio no tom correto, muito bem no personagem. O menino Owen Atlas fazendo bem sua parte, coisa que nem sempre os atores mirins acertam nesse estilo de filme. Junta isso à também boa escolha de Evangeline Lilly para o papel da mãe, são outros fatores que ajudaram a fazer o filme ficar melhor do que poderia ser.
No fim, é um filme despretensioso e divertidão, com várias referências pra quem é fã de terror, e que numa época em que as comédias andam tão idiotas que em muitas oportunidades não se consegue assistir uma até o fim, o fato deste aqui manter o interesse na história (e chegar até a divertir um pouco ao invés de provocar vergonha alheia) já é um grande mérito.
O Duelo
2.8 65 Assista AgoraWestern bem mediano. Atuações corretas, produção e visuais bem ok.Parte técnica pouco compromete. O que derruba a nota é o fato do filme sofrer com um roteiro bem mão pesada, principalmente no quesito do panfletarismo.Querer fazer personagens de quase um século e meio atrás terem atitudes que só seriam coerentes se partissem de pessoas de hoje em dia só pra provar um ponto ou levantar uma bandeira pode até funcionar para algumas audiências mais incautas, mas é algo que deixa um gosto péssimo na receita.
No mais, Irmão do Thor, irmão do Thor... essa Marisol é furada, só te aviso isso.
O Hospedeiro
3.6 549 Assista AgoraAssisti pela primeira vez lá por 2008 e foi o filme responsável por me chamar a atenção para a crescente qualidade (e frescor imaginativo) do cinema Sul-Coreano. Só por isso já merece um crédito, embora seja um daqueles filmes que por mais que você não dê nada à primeira vista, quando você presta mais atenção fica claro ser muito mais do que parece.