Tinha tudo pra ser melhor. A série mostrou que tinha potencial para ser um player de respeito no mercado das "sucessoras do legado de Game of Thrones".
No lado dos prós, tivemos um Henry Cavill adequado ao personagem, vestindo muito bem o macambúzio Geralt. Yennefer e Ciri muito bem escolhidas e satisfatoriamente vividas por suas intérpretes. Produção, direção de arte, efeitos, tudo bem dentro do esperado, e embora com um tropeço ou um efeito mais fraco aqui e ali, no geral o aspecto visual conteve muito mais acertos que erros.
Porém, no lado dos contras, a série sofreu com a irregularidade de um texto descuidado, muito pobre em diálogos - ainda mais quando o termo de comparação é uma série do porte de Game of Thrones. Não ajudou também o fato de roteiro e trama demonstrarem muitas vezes mais preocupação com a maldição atual do panfletarismo midiático do que com o bom desenvolvimento da história em boa parte da temporada. A escolha da forma de narrativa com idas e vindas na linha do tempo, de maneira bruta, com praticamente nenhum cuidado de marcação de passagem de tempo e carente de uma linguagem visual para dar suporte ao recurso narrativo também se provou uma lástima.
Se esses problemas não forem resolvidos em uma segunda temporada, acredito que dificilmente veremos uma terceira.
A série é muito bem atuada, dirigida e tem uma ambientação e clima perfeitos, tudo muito condizente com o tom da história. O mistério por trás de tudo também é constantemente "relembrado" enquanto você assiste (fala Cernunnos, aquele abraço) mesmo que este não seja o assunto central da série. Apenas duas coisas me causaram espécie nessa temporada:
• Uma cidade NA FRANÇA que desde a idade média não tem uma igreja e ninguém achar isso estranho é meio extrapolar a suspensão de descrença, podiam ter inventado uma desculpa melhor pra isso.
• Toda santa vez que alguém pisa no diabo da floresta começa aquele barulhinho desgraçado e NINGUÉM na cidade comentar nada a respeito disso também é meio sacanagem com a suspensão de descrença da gente.
Uma boa série, tanto que quis comentar antes de qualquer onda de hype semelhante a que aconteceu com La Casa de Papel venha,a coisa toda vire modinha e com isso traga o risco (alto) de imbecilizar a experiência por conta de torcidinha e fanatismos babacas.
O grande acerto da série começa por conseguir juntar um estilo de história que remete a elementos do terror de Stephen King e autores semelhantes (a cidadezinha pacata e ao mesmo tempo sombria, a importância dos amigos e a necessidade de rever situações do passado, as antigas maldições, está tudo lá) com bom ritmo de narrativa que impede que a trama crie barrigas indesejáveis, e fecha com chave de ouro ao fazer um terror que se apoia muito menos em jumpscares e outras saídas fáceis (e preguiçosas e manjadas) do gênero e muito mais no próprio apelo do macabro, dos acontecimentos do roteiro por si só e de uma saraivada de situações que não dão descanso à protagonista e aos assombrados. É o tipo de filme desgracento que te prende e dá a percepção de qualidade pela quantidade de vezes que faz você repetir "desconjuro credo" assistindo.
No mais, um elenco de bons atores que na média seguram bem seus papéis, uma protagonista tridimensional, uma boa dinâmica de investigação dos eventos paranormais e muito, mas muito menos babaquice e perda de tempo do que a grande maioria dos filmes e séries de terror que saem por aí hoje. Não é uma obra prima da teledramaturgia, tem uns errinhos bobos aqui e ali, mas merece palmas por fazer o trabalho com uma dignidade enorme.
E uma menção honrosa ao trabalho da atriz Mireille Herbstmeyer, que sozinha, praticamente sem maquiagem, só com uma expressão corporal monstruosamente bem feita em conjunção com uma boa direção de arte consegue assustar MUITO mais do que qualquer coisa que Hollywood tenha gasto milhões e milhões de dólares pra fazer nos últimos anos. Tá de parabéns a véia.
Um clássico instantâneo. Nunca em meus 45 anos de vida testemunhei uma obra de ficção traduzir tão bem o mais puro medo e angústia com sons tão discretos e ao mesmo tempo tão poderosos quanto os pequenos ruídos de um medidor de radiação. A construção do roteiro pelos capítulos afora também é feita de maneira tão magistral que a cena da explosão do reator, embora comparativamente muito menos impressionante que a de uma bomba atômica, causa (justamente por você saber tudo que levou até ali) um impacto fortíssimo, o exato equivalente oposto ao que o cogumelo atômico é em obviedade catastrófica.
Isso não é uma minissérie. É um soco na boca do estômago. De primeiríssima qualidade. E olha que nem falei das atuações. Pra encurtar - o trio Jared Harris, Emily Watson e Stellan Skarsgard está nada menos que magistral.
Nos 2 episódios que assisti até o momento, já deu pra sentir que a série começa ainda mais fiel ao livro do que o filme dos anos 80. Embora não tenha o mesmo star power da produção cinematográfica, a série compensa com as locações, as possibilidades visuais, o ganho em exploração do ambiente e paisagens, e com o maior tempo para contar a história, coisa que uma versão para cinema não permite.
Embora John Turturro tenha composto um William de Baskerville bem diferente do clássico de Sean Connery, não deixa em nada a desejar. Contribui o fato de Turturro ser um ator de primeiríssima qualidade. O restante do elenco, de várias nacionalidades europeias, ajuda a compor o colorido cultural do que seria um mosteiro beneditino medieval, que recebia para estudos irmãos de várias nacionalidades. No geral, o elenco de apoio não decepciona, e os sotaques e línguas variadas adicionam autenticidade à série.
Uma produção a se observar com atenção. Para quem já gostava do livro ou do filme dos anos 80 e dos temas tratados por essas obras então, obrigatória!
Ingredientes: • Uma porção de Constantine (mais o das HQs do que o do cinema); • Um tablete de cultura de filmes de exorcismo; • Uma boa dose de Supernatural, (mas que fique bem claro: tem que ser aquele Supernatural moleque, de várzea, das primeiras temporadas, não a papagaiada que a série virou depois que pulou o tubarão); • Cultura local a gosto, com todo o colorido, o visual e a ambientação da metrópole mexicana; • Um elenco competente, que dá conta direitinho de seus papéis;
Modo de fazer: - Misture isso tudo aí com uma boa equipe técnica desde a direção até a edição e fotografia; -Use a riqueza visual como disfarce para uma limitação nos recursos de efeitos especiais, o que acaba dando certo na maioria das vezes, embora uma vez ou outra não tenha jeito e um ou outro demônio fique mais ridículo que assustador; - Adicione um tom de humor que ajuda a fazer a série uma peça mais de entretenimento e aventura do que de terror, propriamente; - Faça toda a mistura de maneira bastante despretensiosa, o que ajuda e muito a dar uma cara bem mais agradável e criar simpatia pelos personagens.
O resultado disso tudo é uma série que te faz rir mais do que dá medo, que te faz torcer pelos personagens e que tem uma trilha sonora muito interessante e vibrante, que casa perfeitamente com o tom ao mesmo tempo moderno, confuso, variado, cosmopolita e caótico da metrópole onde a história se desenrola.
Não entendi muito bem a queda da nota da primeira temporada para essa por aqui. Acredito que seja muito por conta de um entusiasmo juvenil por tudo que é novidade, que porventura tenha capturado uma grande parte da fanbase dessa série. Ou talvez uma incapacidade emocional de controlar expectativas, que talvez tenha feito as pessoas esperarem demais e não conseguirem aproveitar o que a realidade trouxe. Enfim, a redução de nota é amplamente injusta.
A produção continua de primeira, a qualidade do texto e o ritmo da série também mantém o interesse em saber o que virá depois capítulo a capítulo. Nnesse quesito, até um pouco mais que na primeira temporada, que tinha capítulos meio cansativos aqui e ali. Carrie Coon abrilhanta esta temporada com uma atuação melhor que qualquer outra da primeira. Bill Pullman mais à vontade em seu personagem, deixando a atuação mais sutil e ao mesmo tempo mais poderosa e convincente que na primeira temporada (que já era muito boa).
Se a segunda temporada perde o impacto da novidade, em alguns aspectos ela é superior à primeira. Atuação da Carrie Coon, magistral. Elisha Henig, perfeitamente convincente no papel. Tratamento da trama da "religião alternativa": excelente, servindo como pano de fundo perfeito, se enredando na trama não só como ambiente de motivação, mas como um cenário para várias questões entranhadas na cidade e nos comportamentos de seus habitantes.
Tão boa quanto a primeira temporada, apenas diferente.
Dá raiva porque tinha potencial de história, atmosfera e visual pra ser bem melhor do que foi. Mas à medida que a trama avança, as descobertas vão acontecendo e a expectativa pelo desfecho das linhas narrativas aumenta, aumenta junto a decepção.
Decepciona-se com a falta de empatia pela pessoa insuportável que é a personagem principal (embora a atriz esteja bem, ganhou de "presente" uma personagem escrotíssima), decepciona-se com o destino ruim dado a personagens com os quais se simpatiza (o Hal, coitado, que vida de merda), toda a família da Carys, que vida de merda que tiveram sem terem feito nada de ruim pra merecer isso, e outros... E decepciona-se também com o clímax do season finale, que pedia que se economizasse um pouco para gastar ali com alguns efeitnhos especiais a mais. O final que o roteiro foi construindo exigia que ao menos no clímax se tivesse um apogeu da trama escorado no fantástico, numa aparição, num ser mítico aparecendo claramente, e não num mero contorcionismo combinado com olhinhos mudando de cor.
Enfim, uma pena. Tinha potencial pra ser muito mais.
Trust é uma série ímpar: tanto seu assunto, a época em que se passa ou parte de sua temática podem não agradar a todos (estão longe de ser meus assuntos favoritos), mas ainda assim a excelência técnica, a produção esmerada, a beleza visual e a excelente qualidade artística fazem com que seja uma série que precisa ser vista.
Temos um elenco monstruoso de bom (Sutherland pai, Hillary Swank e Harris Dickinson, pqp 3 atuações de luxo!). Temos uma fotografia que coloca boa parte do cinema atual no chinelo. Temos uma generosa oportunidade de ver alguns bons atores italianos contribuindo bastante para a qualidade e para o autêntico colorido da série. Temos o retorno do Brendan Fraser, um ator muito querido do público a um papel digno de nota, uma verdadeira volta por cima. Só a cena do helicóptero no ep. 6 já vale metade da série! Que cena, senhores... que cena.
E temos algo que no meu ver, enriquece qualquer produção: cenas inteiras faladas no idioma local, (inclusive com um dialeto ferrado de enrolado que até quem entende a língua acha difícil entender!).
Concordo com alguns comentários que reclamaram da longa duração, acho que se tivesse uns 8 episódios em vez de 10 daria perfeitamente para contar a história e ficar menos cansativa. Mas mesmo nos momentos mais esticados, a série jamais deixa de primar pela excelência, o que ajuda a suportar bem melhor o ritmo mais devagar da coisa toda.
Um dos documentários mais assistidos da história da TV americana. Obrigatório para quem se interessa pela história do período. Interessante para amantes de História e documentários em geral, pela qualidade da pesquisa apresentada.
Mesmo sendo uma obra quase toda baseada em imagens estáticas, entremeadas por alguns depoimentos de historiadores e estudiosos do assunto, o texto é tão bom que consegue prender a atenção facilmente, mais até que muitos filmes recheados de pirotecnias visuais. A narrativa se estabelece através de uma linha narrativa clara, que se desenrola de forma viva e dinâmica através da alternância e intercorrelação entre depoimentos de personalidades, escravos e soldados comuns da época, descrições de fatos e batalhas, atos oficiais e acontecimentos rotineiros.
Conta com as vozes de conhecidos atores (Morgan Freeman narrando Frederick Douglass é ótimo), todas muito bem escolhidas, ajudando a dar brilho e clima a um texto muito bom. Obviamente não é o tipo de produto que vá atrair a qualquer espectador, mas para quem procura esse conhecimento, trata-se uma obra inestimável e que merece reconhecimento por sua abrangência e qualidade.
Boa série! Do tipo que você começa meio que não dando nada, mas que aos poucos vai crescendo no seu coração. Adulta, pouco óbvia, não mira mais alto do que consegue acertar.
E é justamente no aspecto de respeitar as próprias limitações (seja pelo setting, seja pelo tamanho pouco grandiloquente da própria história ou pela não-tentativa de tentar parecer mais que seu orçamento permite) que a série ganha seus maiores pontos. Ao transitar em um universo limitado, tanto no aspecto prático (o cenário ser uma região mais interiorana, consideravelmente afastada da metrópole) quanto no aspecto simbólico (todo o frio e a neve, um constante personagem silencioso durante todos os episódios da temporada) a coesão e o tom correto se solidificam episódio a episódio e tornam a série estranhamente fácil de assistir. O fato de ter poucos episódios também ajuda bastante a evitar penduricalhos e histórias paralelas desnecessárias, comuns em séries mais compridas.
Protagonistas interessantes sem serem exagerados, extremamente humanos e com os quais se consegue conectar facilmente. Antagonistas perturbadores sem serem irreais, que incomodam justamente por parecerem (ou se fazerem parecer) extremamente próximos de uma normalidade desconfortavelmente familiar.
Bom rever Billy "Rocketeer" Campbell em um desempenho competente, entregando um protagonista convincente, sofrido, amargurado. Karine Vanasse consegue emprestar seu charme pessoal à sua Lise Delorme sem em momento algum comprometer a seriedade e competência que a personagem precisava ter. Essa química entre atriz e personagem ajudou bastante a elevar o nível de qualidade. A cena das lágrimas no confronto entre Lise e John consegue passar muito, por mais estranha que a situação pareça.
Uma primeira temporada promissora. Parabéns aos envolvidos.
Personagens pouco carismáticos, irregular, lenta, confunde melancolia com qualidade. Meio poser, um pouco hipster e bastante overrated. É ruim, pra cacete? Não, nem é. Mas está longe de ser essa Coca-Cola toda que se tem falado.
A série em si nem é tão ruim. Tirando o fato de que as situações que envolvem a série que Jane produz versus a realidade da polícia de LA com que ela se envolve serem um pouco forçadas, de resto daria pra passar na boa. O que realmente incomoda é a composição de alguns dos personagens.
Ver a Kyra Sedgwick com sua cara de vovó, totalmente fora de propósito em um personagem que exigiria uma mulher BEM mais jovem, não por questão da idade apenas, mas simplesmente por questão de verossimilhança: a atriz que faz sua irmã parece sua filha, e a que faz sua filha parece sua netinha. O que não teria problema nenhum, se isso FOSSE FATO, se fosse falado na série (fulana é velha mesmo, foi mãe aos 51, etc). Só que a personagem Jane age como se fosse realmente jovem, com uma irmã jovem, uma filha criança. Rola um desconforto, é como se a ATRIZ não aceitasse o fato de que não está na idade certa para o papel. E ainda tenta convencer como a poderosa drogadaça de hollywood que conquista todos os caras por onde passa e tal. Menos, minha senhora...
O personagem Pete (o ex-marido de Jane) é dolorosamente ruim, não só mal escrito mas com uma atuação bem irregular, que não consegue passar muito bem a vibe de um pai que teve sua filha sequestrada praticamente em momento algum. Alguns personagens coadjuvantes também nem são tão ruins, nem mal-interpretados por seus atores, mas com tratamentos de roteiro bem irregulares, que fazem com que algumas linhas do roteiro os levem para lugar nenhum, e fiquem bastante mal-aproveitados.
É uma pena, porque a premissa da série era bastante interessante, e no geral tem um suspense bom e uma produção até bem-feitinha. Merecia um tratamento melhor.
Pontos fortes: o excelente trabalho de Jon Bernthal, ao criar um Frank Castle crível, humano, perturbado e o mais próximo possível de uma transposição do personagem dos quadrinhos para uma obra em live action. O tom necessário de fúria e violência necessário para retratar o personagem não foi contemporizado, preferiram não amenizar e manter toda a violência gráfica que é característica do Justiceiro, sem a qual a série ficaria capenga.
Pontos fracos: seria muito mais equilibrado se tivesse 8 episódios em vez de 13. Enrolaram excessivamente, várias barrigas no meio do caminho, narrativas secudárias e ritmo muito irregulares, subtramas e personagens com qualidade muito variável quase estragaram a experiência. Felizmente a série se redime nos seus últimos capítulos e deixa um bom caminho aberto para uma segunda temporada que se evitar os erros desta primeira, tem tudo para se firmar como a melhor dessa franquia Netflix/Marvel até o momento.
Um período histórico tão complexo e tão rico em possibilidades merecia um roteiro menos aguado, e principalmente personagens mais profundos. A roteirização rasa dos personagens, beirando a desonestidade e o desrespeito histórico (algo bem diferente do visto em Vikings, que procurou um estofo histórico o mais acurado quanto possível na maior parte do tempo) chega a ser algo irritante.
Personagens medievais com posturas, maneirismos e atitudes que só seriam possíveis e compreensíveis no mundo de hoje deixaram a sére extremamente pasteurizada e artificial para qualquer um que tenha um mínimo de conhecimento e interesse pelo período histórico retratado. Um protagonista fraco e clichê, um vilão unidimensional e clichê e uma trama amorosa fraca e clichê também ajudam a afastar quem procura algo com mais qualidade.
É uma série muito boa em alguns aspectos, embora o hype não faça justiça a outros. É muito comum ver pessoas simplesmente elogiando na base do "ameeeeeiiiii" como se a série fosse perfeita, coisa que não é. Ao mesmo tempo, vale a pena assisti-la de coração aberto, para que se possa aproveitar e pesar tanto seus aspectos positivos quanto negativos.
Trata-se, pelo lado positivo, de um belo estudo da culpa e da psicologia das experiências definidoras de personalidade e caráter do ser humano. Jessica Biel está bem na pele de uma mulher atormentada por situações para as quais mal consegue encontrar explicações. É muito rico o mergulho nos traumas e vivências que criam os caminhos pelos quais sua vida irá trilhar. O mundo subterrâneo da mente da personagem Cora, os comos e os porquês, são o que há de melhor na série. A natureza de sua relação com o detetive Harry Ambrose também é outro ponto alto. Diferente de um padrão muito clichê e superutilizado na mídia - o da aproximação via tensão sexual e identificação, da dúvida do "será vai rolar ou não"- a história escolheu (de modo extremamente feliz, diga-se) retratar de forma corajosa o encontro de almas entre o investigador e a investigada, criando um laço mais especial e humano e fazendo a trama menos previsível nesse sentido.
The Sinner é uma produção honesta e bem-cuidada no geral, com destaque para as ótimas atuações de Biel e Pullman. Ruim apenas a forma como alguns personagens secundários foram escritos de maneira muito destoante da qualidade dos personagens mais centrais, e também os indícios de subtramas que não levaram a lugar algum. Mas de forma geral, uma série interessante que ganha pontos por fugir um pouco do clichê.
Mas que mãe filha da puta de desgraçada, parece a mãe da Carrie a Estranha. Não bastasse ser ruim de tudo, a entidade ainda me bota no mundo um encosto na forma de irmã doentinha que instrumentaliza a própria condição (tão filha da puta quanto a mãe) pra atormentar a vida da Cora. Ô mundo cão!
Quem gosta de séries adultas com temática policial, psicopatas, serial killers e afins, ou ambientadas em períodos específicos do passado (nesse caso os 70's), ou ainda simplesmente séries bem escritas e interessantes, faça-se um favor e assista.
Mindhunter está pro tema "crime" exatamente como Masters of Sex esteve para o tema "sexualidade humana". E digo mais: se próximas temporadas tiverem a qualidade dessa primeira, desbanca facilmente Masters of Sex (que começou muito bem, mas foi ficando cagada em ritmo crescente da S03 em diante).
O foco da série é o período seminal da pesquisa dos métodos dos criminosos mais insanos, na investigação de em que eles se diferenciavam dos criminosos "comuns" para cometerem crimes que ficaram folclóricos por seus requintes de violência e crueldade. A narrativa é construída em torno do trabalho de uma equipe disposta a contribuir para a evolução do combate e prevenção a esse tipo de crime (e também aumentar a compreensão da mente e das motivações dos assassinos especialmente brutais). Esse acaba por ser o melhor aspecto da série, e o que a torna diferenciada mesmo tratando de um assunto já tão explorado pela TV e pelo cinema.
Ao evitar de maneira elegante (e consciente) seguir o caminho fácil de chocar através do grotesco ou do mórbido, as mentes criativas por trás da série optaram por focar a motivação de roteiro e narrativa partindo de um sentimento de admiração, descoberta, curiosidade científica e na interação desse impulso com uma maior compreensão da dinâmica criminal. É justamente nessa escolha acertada de tom narrativo que a série tem seu maior diferencial dentro do gênero em que transita. Obviamente, os fatos assustadores e sangrentos ainda estão lá, mas o roteiro é estruturado de forma inteligente o suficiente para evitar pôr o peso de sua qualidade apenas na saída mais clichê (e também por isso, rapidamente cansativa) de tentar impactar o público com violência gráfica e descritiva ou exibir de modo gratuito, apologético ou romantizado detalhes sangrentos de crimes célebres. Em vez disso, o enredo prefere confiar em um elenco competente, que dá vida a personagens interessantes e variados. A boa construção apresentação dos estilos, backgrounds, e personalidades de cada um dos personagens principais demonstra ser tão bem cuidada quanto a escolha acertada do tom da série. À medida que se vai assistindo e conhecendo mais cada um dos personagens, fica claro que ali estão pessoas bastante diferentes que se reuniram com um interesse em comum, não apenas saber mais sobre esse campo de interesse, mas também interessados em realizar algo grande com isso.
Esses aspectos citados fazem uma grande diferença entre Mindhunter e um monte de séries muito mais hypadas e "populares" na atualidade, aquele tipo de programa que quando vamos finalmente assistir se mostram algo tão mais do mesmo que ficamos nos perguntando porque se fala tanto sobre elas. Não é o que acontece aqui. Mr. David Fincher e companhia criaram uma série do tipo que chega como quem não quer nada, mas que acaba deixando muita produção mais famosa simplesmente sem saber de onde veio o serial killer que as atingiu.
Uma ótima série. Do tipo que conquista por pequenos detalhes, sendo uma produção que tem o cuidado em não apostar demais em coisas que não se pode bancar depois. Também é digna de nota por ter o pé numa certa "realidade" que poucos roteiros pra TV hoje em dia conseguem passar sem esquecer que são ficção. Conta também com um elenco equilibrado e que não segue certos padrõezinhos de beleza que são cada vez mais normais nas séries atuais (o que contribui e muito para o tom de realidade urbana pretendido, adequado ao tom da trama), um vilão muito bem projetado (e interpretado), uma trama investigativa equilibrada, nem complexa demais a ponto de se tornar cansativa, nem simples demais a ponto de se tornar boboca ou previsível.
E um protagonista totalmente condizente com o universo criado na série, onde a cidade, a delegacia e a própria investigação aparecem como personagens, e onde o protagonista não precisa ser alguém lindamente magnético, que atraia a câmera o tempo todo. Sendo assim, o Harry Bosch interpretado por Titus Welliver é perfeitamente adequado. Além de tudo, o fato do personagem principal ser apreciador de Jazz é uma excelente desculpa para que a série abuse da qualidade em sua trilha sonora.
Essa terceira temporada foi bem mais "amor e ódio" que as duas anteriores.
Se como fechamento da série deixou a desejar em alguns pontos, em outros veio com muito mais contundência. Kyle Chandler que fez um John um tanto apagado na primeira temporada quase toda, viu sua atuação e composição do personagem crescer bastante na segunda e nesta terceira entregou uma atuação luxuosa. Um personagem cada vez mais perturbado e ainda assim, coerente com o que vinha sendo construído nas 2 etapas anteriores da série. O elenco em geral teve oportunidades de brilhar em várias cenas fortes, coisa que na primeira temporada era praticamente só o Ben Mendelsohn quem teve mais chances de fazer.
Embora em alguns pontos o roteiro parece ter sido largado por alguém que estava escrevendo na primeira e segunda temporada e retomado por outra pessoa que cagou solenemente pra várias linhas ou simplesmente bagunçou total. Por exemplo, que coisa mais WTF foi a participação do Ozzy nessa S03? Também como a daquela "amiga do Danny" que não foi apresentada mas começou a aparecer do nada... E que a mãe do Nolan sumiu e lembraram de explicar o paradeiro dela só nos 45 do segundo tempo? Só que mesmo com todas essas pontas soltas estranhas que tentaram amarrar de um jeito mais estranho ainda, a qualidade dramática teve um ganho muito forte. Acompanhar o foco na espiral descendente de John acabou distraindo um pouco das falhas e no fim quem curtiu a série ficou com aquela sensação de ao mesmo tempo que foi uma porcaria de temporada final foi bom pra cacete também.
Uma série fascinante, com uma produção primorosa e um bem-vindo foco na interação entre a vida pessoal e profissional de uma personalidade única que deixou marcado seu lugar na história.
Tirando os já esperados bons desempenhos dos já consagradíssimos Geoffrey Rush e Emily Watson, não deixarei de fazer justiça aos jovens Johnny Flynn e Samantha Colley, que foram monstruosos de bons em suas atuações também.
A sofrida e angustiada Mileva Maric de Colley e o conturbado e incongruente jovem Albert de Flynn foram responsáveis por momentos da mais pura qualidade dramática nessa primeira temporada. Palmas para eles.
Uma ótima série. A despeito das inevitáveis comparações com Breaking Bad, os showrunners tiveram a louvável decisão de não investir nas semelhanças, mas sim em explorar as diferenças entre as duas séries. Tal decisão ajudou Ozark a se tornar um produto com cara própria, com um ritmo próprio e com uma linguagem própria, de maneira que tudo isso permitisse que o espectador entre mais no universo de coisas criado em torno da situação vivenciada pela família Byrde, e não nas semelhanças com a outra série citada.
Jason Bateman, Laura Linney e Julia Garner em interpretações de luxo, em meio a um elenco bem escolhido e com desempenhos entre o muito bom e o ótimo no geral.
Como ponto negativo e destoante da qualidade geral da série destaco apenas a forma como foi escrito o personagem Roy Petty. Embora interpretado com competência por Jason Butler Harner (um ator de talento que costuma ter papéis beeem abaixo de sua capacidade), o personagem é escrito de forma um tanto exagerada, por vezes histriônica, sempre carregado demais nas tintas. Tal escolha criativa acaba como uma nota exageradamente dissonante em meio a uma narrativa onde o tom "down to earth" da maioria dos personagens é uma das características mais positivas e harmoniosas da série.
Ainda assim, uma bela peça de entretenimento, mais uma bola dentro da Netflix. Aguardo as surpresas que a segunda temporada reservam.
Uma série com uma proposta muito interessante. Caiu um pouco no meu conceito depois que assisti ao (ótimo) documentário de 2012 que conta a história do programa de TV real no qual a série se inspira, e percebi que a série pesou um pouco demais (e sem tanta necessidade) na tinta do "empoderamento".
Se valeram em vários momentos mais de piadas e tropes moderninhos (que tem muito mais a ver com o momento atual do que com a época em que se passa a série) e menos na autenticidade da história original, o que já conferiria à série toda a importância, coisa que no documentário é perceptível sem o tempero SJW tão forte.
Ainda assim, vale muito a pena pela parte da boa reconstituição de época, pelo humor bem calibrado e sarcástico, pelos tipos criados, pelo excelente nível de atuação e por muitas, infinitas referências espertas aos 80's.
Talvez a única coisa que me tenha deixado com uma grande pulga atrás da orelha: embora seja perfeitamente interpretada por Alison Brie, porque Ruth, justamente a protagonista foi escrita como uma talarica, uma pegadora de marido canalha de amiga?
Me surpreendeu. Uma série britânica bem produzida, honesta, direta,sem muitas firulas. Excelente a idéia de brincar com um "o que aconteceria se fosse no mundo real', ao experimentar dar uma releitura de uma obra de terror para a realidade da mesma época em que ela foi escrita. Chegou-se a uma vibe semelhante ao que Bernard Cornwell fez com as lendas arturianas em seus livros.
Uma excelente reprodução de época, mostrando a realidade de ruas sujas e dos bairros mais pobres de uma Londres nada glamourosa. Sean Bean esbanja competência neste papel, segurando bem o protagonismo e contribuindo muito para a qualidade da obra.
The Witcher (1ª Temporada)
3.9 926 Assista AgoraTinha tudo pra ser melhor. A série mostrou que tinha potencial para ser um player de respeito no mercado das "sucessoras do legado de Game of Thrones".
No lado dos prós, tivemos um Henry Cavill adequado ao personagem, vestindo muito bem o macambúzio Geralt. Yennefer e Ciri muito bem escolhidas e satisfatoriamente vividas por suas intérpretes. Produção, direção de arte, efeitos, tudo bem dentro do esperado, e embora com um tropeço ou um efeito mais fraco aqui e ali, no geral o aspecto visual conteve muito mais acertos que erros.
Porém, no lado dos contras, a série sofreu com a irregularidade de um texto descuidado, muito pobre em diálogos - ainda mais quando o termo de comparação é uma série do porte de Game of Thrones. Não ajudou também o fato de roteiro e trama demonstrarem muitas vezes mais preocupação com a maldição atual do panfletarismo midiático do que com o bom desenvolvimento da história em boa parte da temporada. A escolha da forma de narrativa com idas e vindas na linha do tempo, de maneira bruta, com praticamente nenhum cuidado de marcação de passagem de tempo e carente de uma linguagem visual para dar suporte ao recurso narrativo também se provou uma lástima.
Se esses problemas não forem resolvidos em uma segunda temporada, acredito que dificilmente veremos uma terceira.
Labirinto Verde (1ª Temporada)
3.6 63 Assista AgoraA série é muito bem atuada, dirigida e tem uma ambientação e clima perfeitos, tudo muito condizente com o tom da história. O mistério por trás de tudo também é constantemente "relembrado" enquanto você assiste (fala Cernunnos, aquele abraço) mesmo que este não seja o assunto central da série. Apenas duas coisas me causaram espécie nessa temporada:
• Uma cidade NA FRANÇA que desde a idade média não tem uma igreja e ninguém achar isso estranho é meio extrapolar a suspensão de descrença, podiam ter inventado uma desculpa melhor pra isso.
• Toda santa vez que alguém pisa no diabo da floresta começa aquele barulhinho desgraçado e NINGUÉM na cidade comentar nada a respeito disso também é meio sacanagem com a suspensão de descrença da gente.
De resto, lá vou eu pra segunda temporada.
Marianne (1ª Temporada)
3.5 249Uma boa série, tanto que quis comentar antes de qualquer onda de hype semelhante a que aconteceu com La Casa de Papel venha,a coisa toda vire modinha e com isso traga o risco (alto) de imbecilizar a experiência por conta de torcidinha e fanatismos babacas.
O grande acerto da série começa por conseguir juntar um estilo de história que remete a elementos do terror de Stephen King e autores semelhantes (a cidadezinha pacata e ao mesmo tempo sombria, a importância dos amigos e a necessidade de rever situações do passado, as antigas maldições, está tudo lá) com bom ritmo de narrativa que impede que a trama crie barrigas indesejáveis, e fecha com chave de ouro ao fazer um terror que se apoia muito menos em jumpscares e outras saídas fáceis (e preguiçosas e manjadas) do gênero e muito mais no próprio apelo do macabro, dos acontecimentos do roteiro por si só e de uma saraivada de situações que não dão descanso à protagonista e aos assombrados. É o tipo de filme desgracento que te prende e dá a percepção de qualidade pela quantidade de vezes que faz você repetir "desconjuro credo" assistindo.
No mais, um elenco de bons atores que na média seguram bem seus papéis, uma protagonista tridimensional, uma boa dinâmica de investigação dos eventos paranormais e muito, mas muito menos babaquice e perda de tempo do que a grande maioria dos filmes e séries de terror que saem por aí hoje. Não é uma obra prima da teledramaturgia, tem uns errinhos bobos aqui e ali, mas merece palmas por fazer o trabalho com uma dignidade enorme.
E uma menção honrosa ao trabalho da atriz Mireille Herbstmeyer, que sozinha, praticamente sem maquiagem, só com uma expressão corporal monstruosamente bem feita em conjunção com uma boa direção de arte consegue assustar MUITO mais do que qualquer coisa que Hollywood tenha gasto milhões e milhões de dólares pra fazer nos últimos anos. Tá de parabéns a véia.
Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraUm clássico instantâneo. Nunca em meus 45 anos de vida testemunhei uma obra de ficção traduzir tão bem o mais puro medo e angústia com sons tão discretos e ao mesmo tempo tão poderosos quanto os pequenos ruídos de um medidor de radiação. A construção do roteiro pelos capítulos afora também é feita de maneira tão magistral que a cena da explosão do reator, embora comparativamente muito menos impressionante que a de uma bomba atômica, causa (justamente por você saber tudo que levou até ali) um impacto fortíssimo, o exato equivalente oposto ao que o cogumelo atômico é em obviedade catastrófica.
Isso não é uma minissérie. É um soco na boca do estômago. De primeiríssima qualidade. E olha que nem falei das atuações. Pra encurtar - o trio Jared Harris, Emily Watson e Stellan Skarsgard está nada menos que magistral.
O Nome da Rosa
3.7 17Nos 2 episódios que assisti até o momento, já deu pra sentir que a série começa ainda mais fiel ao livro do que o filme dos anos 80. Embora não tenha o mesmo star power da produção cinematográfica, a série compensa com as locações, as possibilidades visuais, o ganho em exploração do ambiente e paisagens, e com o maior tempo para contar a história, coisa que uma versão para cinema não permite.
Embora John Turturro tenha composto um William de Baskerville bem diferente do clássico de Sean Connery, não deixa em nada a desejar. Contribui o fato de Turturro ser um ator de primeiríssima qualidade. O restante do elenco, de várias nacionalidades europeias, ajuda a compor o colorido cultural do que seria um mosteiro beneditino medieval, que recebia para estudos irmãos de várias nacionalidades. No geral, o elenco de apoio não decepciona, e os sotaques e línguas variadas adicionam autenticidade à série.
Uma produção a se observar com atenção. Para quem já gostava do livro ou do filme dos anos 80 e dos temas tratados por essas obras então, obrigatória!
Diablero (1ª Temporada)
3.5 31Ingredientes:
• Uma porção de Constantine (mais o das HQs do que o do cinema);
• Um tablete de cultura de filmes de exorcismo;
• Uma boa dose de Supernatural, (mas que fique bem claro: tem que ser aquele Supernatural moleque, de várzea, das primeiras temporadas, não a papagaiada que a série virou depois que pulou o tubarão);
• Cultura local a gosto, com todo o colorido, o visual e a ambientação da metrópole mexicana;
• Um elenco competente, que dá conta direitinho de seus papéis;
Modo de fazer:
- Misture isso tudo aí com uma boa equipe técnica desde a direção até a edição e fotografia;
-Use a riqueza visual como disfarce para uma limitação nos recursos de efeitos especiais, o que acaba dando certo na maioria das vezes, embora uma vez ou outra não tenha jeito e um ou outro demônio fique mais ridículo que assustador;
- Adicione um tom de humor que ajuda a fazer a série uma peça mais de entretenimento e aventura do que de terror, propriamente;
- Faça toda a mistura de maneira bastante despretensiosa, o que ajuda e muito a dar uma cara bem mais agradável e criar simpatia pelos personagens.
O resultado disso tudo é uma série que te faz rir mais do que dá medo, que te faz torcer pelos personagens e que tem uma trilha sonora muito interessante e vibrante, que casa perfeitamente com o tom ao mesmo tempo moderno, confuso, variado, cosmopolita e caótico da metrópole onde a história se desenrola.
The Sinner (2ª Temporada)
3.6 352Não entendi muito bem a queda da nota da primeira temporada para essa por aqui. Acredito que seja muito por conta de um entusiasmo juvenil por tudo que é novidade, que porventura tenha capturado uma grande parte da fanbase dessa série. Ou talvez uma incapacidade emocional de controlar expectativas, que talvez tenha feito as pessoas esperarem demais e não conseguirem aproveitar o que a realidade trouxe. Enfim, a redução de nota é amplamente injusta.
A produção continua de primeira, a qualidade do texto e o ritmo da série também mantém o interesse em saber o que virá depois capítulo a capítulo. Nnesse quesito, até um pouco mais que na primeira temporada, que tinha capítulos meio cansativos aqui e ali. Carrie Coon abrilhanta esta temporada com uma atuação melhor que qualquer outra da primeira. Bill Pullman mais à vontade em seu personagem, deixando a atuação mais sutil e ao mesmo tempo mais poderosa e convincente que na primeira temporada (que já era muito boa).
Se a segunda temporada perde o impacto da novidade, em alguns aspectos ela é superior à primeira. Atuação da Carrie Coon, magistral. Elisha Henig, perfeitamente convincente no papel. Tratamento da trama da "religião alternativa": excelente, servindo como pano de fundo perfeito, se enredando na trama não só como ambiente de motivação, mas como um cenário para várias questões entranhadas na cidade e nos comportamentos de seus habitantes.
Tão boa quanto a primeira temporada, apenas diferente.
Requiem
3.2 84Dá raiva porque tinha potencial de história, atmosfera e visual pra ser bem melhor do que foi. Mas à medida que a trama avança, as descobertas vão acontecendo e a expectativa pelo desfecho das linhas narrativas aumenta, aumenta junto a decepção.
Decepciona-se com a falta de empatia pela pessoa insuportável que é a personagem principal (embora a atriz esteja bem, ganhou de "presente" uma personagem escrotíssima), decepciona-se com o destino ruim dado a personagens com os quais se simpatiza (o Hal, coitado, que vida de merda), toda a família da Carys, que vida de merda que tiveram sem terem feito nada de ruim pra merecer isso, e outros... E decepciona-se também com o clímax do season finale, que pedia que se economizasse um pouco para gastar ali com alguns efeitnhos especiais a mais. O final que o roteiro foi construindo exigia que ao menos no clímax se tivesse um apogeu da trama escorado no fantástico, numa aparição, num ser mítico aparecendo claramente, e não num mero contorcionismo combinado com olhinhos mudando de cor.
Enfim, uma pena. Tinha potencial pra ser muito mais.
Trust (1ª Temporada)
4.1 22 Assista AgoraTrust é uma série ímpar: tanto seu assunto, a época em que se passa ou parte de sua temática podem não agradar a todos (estão longe de ser meus assuntos favoritos), mas ainda assim a excelência técnica, a produção esmerada, a beleza visual e a excelente qualidade artística fazem com que seja uma série que precisa ser vista.
Temos um elenco monstruoso de bom (Sutherland pai, Hillary Swank e Harris Dickinson, pqp 3 atuações de luxo!). Temos uma fotografia que coloca boa parte do cinema atual no chinelo. Temos uma generosa oportunidade de ver alguns bons atores italianos contribuindo bastante para a qualidade e para o autêntico colorido da série. Temos o retorno do Brendan Fraser, um ator muito querido do público a um papel digno de nota, uma verdadeira volta por cima. Só a cena do helicóptero no ep. 6 já vale metade da série! Que cena, senhores... que cena.
E temos algo que no meu ver, enriquece qualquer produção: cenas inteiras faladas no idioma local, (inclusive com um dialeto ferrado de enrolado que até quem entende a língua acha difícil entender!).
Concordo com alguns comentários que reclamaram da longa duração, acho que se tivesse uns 8 episódios em vez de 10 daria perfeitamente para contar a história e ficar menos cansativa. Mas mesmo nos momentos mais esticados, a série jamais deixa de primar pela excelência, o que ajuda a suportar bem melhor o ritmo mais devagar da coisa toda.
A Guerra Civil
4.0 1Um dos documentários mais assistidos da história da TV americana. Obrigatório para quem se interessa pela história do período. Interessante para amantes de História e documentários em geral, pela qualidade da pesquisa apresentada.
Mesmo sendo uma obra quase toda baseada em imagens estáticas, entremeadas por alguns depoimentos de historiadores e estudiosos do assunto, o texto é tão bom que consegue prender a atenção facilmente, mais até que muitos filmes recheados de pirotecnias visuais. A narrativa se estabelece através de uma linha narrativa clara, que se desenrola de forma viva e dinâmica através da alternância e intercorrelação entre depoimentos de personalidades, escravos e soldados comuns da época, descrições de fatos e batalhas, atos oficiais e acontecimentos rotineiros.
Conta com as vozes de conhecidos atores (Morgan Freeman narrando Frederick Douglass é ótimo), todas muito bem escolhidas, ajudando a dar brilho e clima a um texto muito bom. Obviamente não é o tipo de produto que vá atrair a qualquer espectador, mas para quem procura esse conhecimento, trata-se uma obra inestimável e que merece reconhecimento por sua abrangência e qualidade.
Cardinal (1ª Temporada)
4.0 12 Assista AgoraBoa série! Do tipo que você começa meio que não dando nada, mas que aos poucos vai crescendo no seu coração. Adulta, pouco óbvia, não mira mais alto do que consegue acertar.
E é justamente no aspecto de respeitar as próprias limitações (seja pelo setting, seja pelo tamanho pouco grandiloquente da própria história ou pela não-tentativa de tentar parecer mais que seu orçamento permite) que a série ganha seus maiores pontos. Ao transitar em um universo limitado, tanto no aspecto prático (o cenário ser uma região mais interiorana, consideravelmente afastada da metrópole) quanto no aspecto simbólico (todo o frio e a neve, um constante personagem silencioso durante todos os episódios da temporada) a coesão e o tom correto se solidificam episódio a episódio e tornam a série estranhamente fácil de assistir. O fato de ter poucos episódios também ajuda bastante a evitar penduricalhos e histórias paralelas desnecessárias, comuns em séries mais compridas.
Protagonistas interessantes sem serem exagerados, extremamente humanos e com os quais se consegue conectar facilmente. Antagonistas perturbadores sem serem irreais, que incomodam justamente por parecerem (ou se fazerem parecer) extremamente próximos de uma normalidade desconfortavelmente familiar.
Bom rever Billy "Rocketeer" Campbell em um desempenho competente, entregando um protagonista convincente, sofrido, amargurado. Karine Vanasse consegue emprestar seu charme pessoal à sua Lise Delorme sem em momento algum comprometer a seriedade e competência que a personagem precisava ter. Essa química entre atriz e personagem ajudou bastante a elevar o nível de qualidade. A cena das lágrimas no confronto entre Lise e John consegue passar muito, por mais estranha que a situação pareça.
Uma primeira temporada promissora. Parabéns aos envolvidos.
Dark (1ª Temporada)
4.4 1,6KPersonagens pouco carismáticos, irregular, lenta, confunde melancolia com qualidade. Meio poser, um pouco hipster e bastante overrated. É ruim, pra cacete? Não, nem é. Mas está longe de ser essa Coca-Cola toda que se tem falado.
Ten Days in the Valley (1ª Temporada)
2.5 6A série em si nem é tão ruim. Tirando o fato de que as situações que envolvem a série que Jane produz versus a realidade da polícia de LA com que ela se envolve serem um pouco forçadas, de resto daria pra passar na boa. O que realmente incomoda é a composição de alguns dos personagens.
Ver a Kyra Sedgwick com sua cara de vovó, totalmente fora de propósito em um personagem que exigiria uma mulher BEM mais jovem, não por questão da idade apenas, mas simplesmente por questão de verossimilhança: a atriz que faz sua irmã parece sua filha, e a que faz sua filha parece sua netinha. O que não teria problema nenhum, se isso FOSSE FATO, se fosse falado na série (fulana é velha mesmo, foi mãe aos 51, etc). Só que a personagem Jane age como se fosse realmente jovem, com uma irmã jovem, uma filha criança. Rola um desconforto, é como se a ATRIZ não aceitasse o fato de que não está na idade certa para o papel. E ainda tenta convencer como a poderosa drogadaça de hollywood que conquista todos os caras por onde passa e tal. Menos, minha senhora...
O personagem Pete (o ex-marido de Jane) é dolorosamente ruim, não só mal escrito mas com uma atuação bem irregular, que não consegue passar muito bem a vibe de um pai que teve sua filha sequestrada praticamente em momento algum. Alguns personagens coadjuvantes também nem são tão ruins, nem mal-interpretados por seus atores, mas com tratamentos de roteiro bem irregulares, que fazem com que algumas linhas do roteiro os levem para lugar nenhum, e fiquem bastante mal-aproveitados.
É uma pena, porque a premissa da série era bastante interessante, e no geral tem um suspense bom e uma produção até bem-feitinha. Merecia um tratamento melhor.
O Justiceiro (1ª Temporada)
4.2 569Pontos fortes: o excelente trabalho de Jon Bernthal, ao criar um Frank Castle crível, humano, perturbado e o mais próximo possível de uma transposição do personagem dos quadrinhos para uma obra em live action. O tom necessário de fúria e violência necessário para retratar o personagem não foi contemporizado, preferiram não amenizar e manter toda a violência gráfica que é característica do Justiceiro, sem a qual a série ficaria capenga.
Pontos fracos: seria muito mais equilibrado se tivesse 8 episódios em vez de 13. Enrolaram excessivamente, várias barrigas no meio do caminho, narrativas secudárias e ritmo muito irregulares, subtramas e personagens com qualidade muito variável quase estragaram a experiência. Felizmente a série se redime nos seus últimos capítulos e deixa um bom caminho aberto para uma segunda temporada que se evitar os erros desta primeira, tem tudo para se firmar como a melhor dessa franquia Netflix/Marvel até o momento.
Knightfall: A Guerra do Santo Graal (1ª Temporada)
3.5 40Um período histórico tão complexo e tão rico em possibilidades merecia um roteiro menos aguado, e principalmente personagens mais profundos. A roteirização rasa dos personagens, beirando a desonestidade e o desrespeito histórico (algo bem diferente do visto em Vikings, que procurou um estofo histórico o mais acurado quanto possível na maior parte do tempo) chega a ser algo irritante.
Personagens medievais com posturas, maneirismos e atitudes que só seriam possíveis e compreensíveis no mundo de hoje deixaram a sére extremamente pasteurizada e artificial para qualquer um que tenha um mínimo de conhecimento e interesse pelo período histórico retratado. Um protagonista fraco e clichê, um vilão unidimensional e clichê e uma trama amorosa fraca e clichê também ajudam a afastar quem procura algo com mais qualidade.
The Sinner (1ª Temporada)
4.2 716 Assista AgoraÉ uma série muito boa em alguns aspectos, embora o hype não faça justiça a outros. É muito comum ver pessoas simplesmente elogiando na base do "ameeeeeiiiii" como se a série fosse perfeita, coisa que não é. Ao mesmo tempo, vale a pena assisti-la de coração aberto, para que se possa aproveitar e pesar tanto seus aspectos positivos quanto negativos.
Trata-se, pelo lado positivo, de um belo estudo da culpa e da psicologia das experiências definidoras de personalidade e caráter do ser humano. Jessica Biel está bem na pele de uma mulher atormentada por situações para as quais mal consegue encontrar explicações. É muito rico o mergulho nos traumas e vivências que criam os caminhos pelos quais sua vida irá trilhar. O mundo subterrâneo da mente da personagem Cora, os comos e os porquês, são o que há de melhor na série. A natureza de sua relação com o detetive Harry Ambrose também é outro ponto alto. Diferente de um padrão muito clichê e superutilizado na mídia - o da aproximação via tensão sexual e identificação, da dúvida do "será vai rolar ou não"- a história escolheu (de modo extremamente feliz, diga-se) retratar de forma corajosa o encontro de almas entre o investigador e a investigada, criando um laço mais especial e humano e fazendo a trama menos previsível nesse sentido.
The Sinner é uma produção honesta e bem-cuidada no geral, com destaque para as ótimas atuações de Biel e Pullman. Ruim apenas a forma como alguns personagens secundários foram escritos de maneira muito destoante da qualidade dos personagens mais centrais, e também os indícios de subtramas que não levaram a lugar algum. Mas de forma geral, uma série interessante que ganha pontos por fugir um pouco do clichê.
Mas que mãe filha da puta de desgraçada, parece a mãe da Carrie a Estranha. Não bastasse ser ruim de tudo, a entidade ainda me bota no mundo um encosto na forma de irmã doentinha que instrumentaliza a própria condição (tão filha da puta quanto a mãe) pra atormentar a vida da Cora. Ô mundo cão!
Mindhunter (1ª Temporada)
4.4 804 Assista AgoraQuem gosta de séries adultas com temática policial, psicopatas, serial killers e afins, ou ambientadas em períodos específicos do passado (nesse caso os 70's), ou ainda simplesmente séries bem escritas e interessantes, faça-se um favor e assista.
Mindhunter está pro tema "crime" exatamente como Masters of Sex esteve para o tema "sexualidade humana". E digo mais: se próximas temporadas tiverem a qualidade dessa primeira, desbanca facilmente Masters of Sex (que começou muito bem, mas foi ficando cagada em ritmo crescente da S03 em diante).
O foco da série é o período seminal da pesquisa dos métodos dos criminosos mais insanos, na investigação de em que eles se diferenciavam dos criminosos "comuns" para cometerem crimes que ficaram folclóricos por seus requintes de violência e crueldade. A narrativa é construída em torno do trabalho de uma equipe disposta a contribuir para a evolução do combate e prevenção a esse tipo de crime (e também aumentar a compreensão da mente e das motivações dos assassinos especialmente brutais). Esse acaba por ser o melhor aspecto da série, e o que a torna diferenciada mesmo tratando de um assunto já tão explorado pela TV e pelo cinema.
Ao evitar de maneira elegante (e consciente) seguir o caminho fácil de chocar através do grotesco ou do mórbido, as mentes criativas por trás da série optaram por focar a motivação de roteiro e narrativa partindo de um sentimento de admiração, descoberta, curiosidade científica e na interação desse impulso com uma maior compreensão da dinâmica criminal. É justamente nessa escolha acertada de tom narrativo que a série tem seu maior diferencial dentro do gênero em que transita. Obviamente, os fatos assustadores e sangrentos ainda estão lá, mas o roteiro é estruturado de forma inteligente o suficiente para evitar pôr o peso de sua qualidade apenas na saída mais clichê (e também por isso, rapidamente cansativa) de tentar impactar o público com violência gráfica e descritiva ou exibir de modo gratuito, apologético ou romantizado detalhes sangrentos de crimes célebres. Em vez disso, o enredo prefere confiar em um elenco competente, que dá vida a personagens interessantes e variados. A boa construção apresentação dos estilos, backgrounds, e personalidades de cada um dos personagens principais demonstra ser tão bem cuidada quanto a escolha acertada do tom da série. À medida que se vai assistindo e conhecendo mais cada um dos personagens, fica claro que ali estão pessoas bastante diferentes que se reuniram com um interesse em comum, não apenas saber mais sobre esse campo de interesse, mas também interessados em realizar algo grande com isso.
Esses aspectos citados fazem uma grande diferença entre Mindhunter e um monte de séries muito mais hypadas e "populares" na atualidade, aquele tipo de programa que quando vamos finalmente assistir se mostram algo tão mais do mesmo que ficamos nos perguntando porque se fala tanto sobre elas. Não é o que acontece aqui. Mr. David Fincher e companhia criaram uma série do tipo que chega como quem não quer nada, mas que acaba deixando muita produção mais famosa simplesmente sem saber de onde veio o serial killer que as atingiu.
Mr. Mercedes (1ª Temporada)
4.1 81 Assista AgoraKelly Lynch, Harry Treadaway e Brendan Gleeson dando show. Excelente série, momentos angustiantes e atuações de alto nível.
Bosch (1° Temporada)
4.1 44 Assista AgoraUma ótima série. Do tipo que conquista por pequenos detalhes, sendo uma produção que tem o cuidado em não apostar demais em coisas que não se pode bancar depois. Também é digna de nota por ter o pé numa certa "realidade" que poucos roteiros pra TV hoje em dia conseguem passar sem esquecer que são ficção. Conta também com um elenco equilibrado e que não segue certos padrõezinhos de beleza que são cada vez mais normais nas séries atuais (o que contribui e muito para o tom de realidade urbana pretendido, adequado ao tom da trama), um vilão muito bem projetado (e interpretado), uma trama investigativa equilibrada, nem complexa demais a ponto de se tornar cansativa, nem simples demais a ponto de se tornar boboca ou previsível.
E um protagonista totalmente condizente com o universo criado na série, onde a cidade, a delegacia e a própria investigação aparecem como personagens, e onde o protagonista não precisa ser alguém lindamente magnético, que atraia a câmera o tempo todo. Sendo assim, o Harry Bosch interpretado por Titus Welliver é perfeitamente adequado. Além de tudo, o fato do personagem principal ser apreciador de Jazz é uma excelente desculpa para que a série abuse da qualidade em sua trilha sonora.
Espero bastante que a série mantenha o nível.
Bloodline (3ª Temporada)
3.4 53 Assista AgoraEssa terceira temporada foi bem mais "amor e ódio" que as duas anteriores.
Se como fechamento da série deixou a desejar em alguns pontos, em outros veio com muito mais contundência. Kyle Chandler que fez um John um tanto apagado na primeira temporada quase toda, viu sua atuação e composição do personagem crescer bastante na segunda e nesta terceira entregou uma atuação luxuosa. Um personagem cada vez mais perturbado e ainda assim, coerente com o que vinha sendo construído nas 2 etapas anteriores da série. O elenco em geral teve oportunidades de brilhar em várias cenas fortes, coisa que na primeira temporada era praticamente só o Ben Mendelsohn quem teve mais chances de fazer.
Embora em alguns pontos o roteiro parece ter sido largado por alguém que estava escrevendo na primeira e segunda temporada e retomado por outra pessoa que cagou solenemente pra várias linhas ou simplesmente bagunçou total. Por exemplo, que coisa mais WTF foi a participação do Ozzy nessa S03? Também como a daquela "amiga do Danny" que não foi apresentada mas começou a aparecer do nada... E que a mãe do Nolan sumiu e lembraram de explicar o paradeiro dela só nos 45 do segundo tempo? Só que mesmo com todas essas pontas soltas estranhas que tentaram amarrar de um jeito mais estranho ainda, a qualidade dramática teve um ganho muito forte. Acompanhar o foco na espiral descendente de John acabou distraindo um pouco das falhas e no fim quem curtiu a série ficou com aquela sensação de ao mesmo tempo que foi uma porcaria de temporada final foi bom pra cacete também.
Genius: A Vida de Einstein (1ª Temporada)
4.4 52 Assista AgoraUma série fascinante, com uma produção primorosa e um bem-vindo foco na interação entre a vida pessoal e profissional de uma personalidade única que deixou marcado seu lugar na história.
Tirando os já esperados bons desempenhos dos já consagradíssimos Geoffrey Rush e Emily Watson, não deixarei de fazer justiça aos jovens Johnny Flynn e Samantha Colley, que foram monstruosos de bons em suas atuações também.
A sofrida e angustiada Mileva Maric de Colley e o conturbado e incongruente jovem Albert de Flynn foram responsáveis por momentos da mais pura qualidade dramática nessa primeira temporada. Palmas para eles.
Ozark (1ª Temporada)
4.1 394 Assista AgoraUma ótima série. A despeito das inevitáveis comparações com Breaking Bad, os showrunners tiveram a louvável decisão de não investir nas semelhanças, mas sim em explorar as diferenças entre as duas séries. Tal decisão ajudou Ozark a se tornar um produto com cara própria, com um ritmo próprio e com uma linguagem própria, de maneira que tudo isso permitisse que o espectador entre mais no universo de coisas criado em torno da situação vivenciada pela família Byrde, e não nas semelhanças com a outra série citada.
Jason Bateman, Laura Linney e Julia Garner em interpretações de luxo, em meio a um elenco bem escolhido e com desempenhos entre o muito bom e o ótimo no geral.
Como ponto negativo e destoante da qualidade geral da série destaco apenas a forma como foi escrito o personagem Roy Petty. Embora interpretado com competência por Jason Butler Harner (um ator de talento que costuma ter papéis beeem abaixo de sua capacidade), o personagem é escrito de forma um tanto exagerada, por vezes histriônica, sempre carregado demais nas tintas. Tal escolha criativa acaba como uma nota exageradamente dissonante em meio a uma narrativa onde o tom "down to earth" da maioria dos personagens é uma das características mais positivas e harmoniosas da série.
Ainda assim, uma bela peça de entretenimento, mais uma bola dentro da Netflix. Aguardo as surpresas que a segunda temporada reservam.
GLOW (1ª Temporada)
3.9 161 Assista AgoraUma série com uma proposta muito interessante. Caiu um pouco no meu conceito depois que assisti ao (ótimo) documentário de 2012 que conta a história do programa de TV real no qual a série se inspira, e percebi que a série pesou um pouco demais (e sem tanta necessidade) na tinta do "empoderamento".
Se valeram em vários momentos mais de piadas e tropes moderninhos (que tem muito mais a ver com o momento atual do que com a época em que se passa a série) e menos na autenticidade da história original, o que já conferiria à série toda a importância, coisa que no documentário é perceptível sem o tempero SJW tão forte.
Ainda assim, vale muito a pena pela parte da boa reconstituição de época, pelo humor bem calibrado e sarcástico, pelos tipos criados, pelo excelente nível de atuação e por muitas, infinitas referências espertas aos 80's.
Talvez a única coisa que me tenha deixado com uma grande pulga atrás da orelha: embora seja perfeitamente interpretada por Alison Brie, porque Ruth, justamente a protagonista foi escrita como uma talarica, uma pegadora de marido canalha de amiga?
As Crônicas de Frankenstein (1º Temporada)
3.7 39Me surpreendeu. Uma série britânica bem produzida, honesta, direta,sem muitas firulas. Excelente a idéia de brincar com um "o que aconteceria se fosse no mundo real', ao experimentar dar uma releitura de uma obra de terror para a realidade da mesma época em que ela foi escrita. Chegou-se a uma vibe semelhante ao que Bernard Cornwell fez com as lendas arturianas em seus livros.
Uma excelente reprodução de época, mostrando a realidade de ruas sujas e dos bairros mais pobres de uma Londres nada glamourosa. Sean Bean esbanja competência neste papel, segurando bem o protagonismo e contribuindo muito para a qualidade da obra.