A série perdeu um pouco ao fazer uma transição estranha da primeira para a segunda temporada. No decorrer da temporada as coisas foram se ajustando, com a excelente Harry Korn interpretada por Kathy Bates mais uma vez segurando a onda mesmo quando a coisa não está muito ajustada. Uma menção também honrosa é o Tommy Jefferson, talvez o personagem mais Saulgoodmaniano sem ser o Saul Goodman que a TV já produziu. Interpretado com maestria pelo Christopher McDonald.
Uma pena o cancelamento da série, mas recomendo muito a quem se interessa pelo estilo.
Uma série que tinha tudo pra dar errado, meio caótica, com um começo um tanto sem saber pra onde ir. Mas que por conta de uma performance sensacional de Kathy Bates, conseguiu encontrar um caminho e proporcionar momentos memoráveis.
Uma boa série de advocacia, bastante fora do lugar comum e com um texto que vai melhorando a cada episódio. Tiradas sensacionais. Vale a pena assistir.
À medida que a trama avança, fica visível uma boa complementação das peculiaridades e complexidades dos personagens da família, notadamente os irmãos. O processo que se iniciou na temporada anterior com muito mais foco no Danny, acaba justamente por causa dele e do que acontece com ele, mostrando que o sangue é mais grosso que a água e os frutos não caem muito longe da árvore. Papai Rayburn deixou uma herança genética e tanto: explosões de violência, bebedeiras e/ou drogas (e as merdas subsequentes), pouco compromisso com a sensatez e um maldito chuveiro em um dos quartos da pousada que, até simbolicamente, parece que nunca tem conserto.
Enquanto isso, John segue com o título de policial mais tapado que já vi nos últimos anos em qualquer obra de ficção. Kevin tenta a todo custo tirar o título de Vida Loka da família do falecido Danny. O título de mulher mais burra da região de Keys já é da mulher dele, porque olha... arrumar um bacuri com um zé droguinha desse naipe é querer condenar muito a coitada da criança! E a Meg, coitada... Perde o emprego, perde o peguete, perde a linha, mas não perde a chance de tomar umas e tentar um revivalzinho com o Marco. Enquanto isso, fica aquela desconfiança de que a Sally coloca mais Whisky do que chá naquela jarra.
Eis que a lição que fica dessa temporada é: ô familiazinha merdeira esses Rayburn.
Jon Snow com cara de "filha, baixa essa bola draconiana, segura essa tua marra aí que tu não sabe o que eu sei, e olha que eu sou Jon Snow, aquele que não sabe nada".
Bloodline é capaz de te conquistar de maneira crescente, à medida que se percebe que seu ritmo diferenciado passa longe de torná-la desinteressante.
Creio que não seja uma série para qualquer um, o que acaba sendo mais atraente para quem gosta de histórias onde o tempo de cada segredo ser desenterrado (e o peso de cada revelação) tenham uma razão específica de ser. Esse me parece o grande trunfo da série.
Por mais que alguns reclamem de seu ritmo, ele não é assim por um defeito. Nota-se à medida que a história se desenvolve, que série foi pensada assim, e para quem consegue absorver essa característica do desenvolvimento, o que para alguns é motivo de crítica, para outros se torna um tempo adequado para ir formando opiniões, fazendo (e desfazendo) impressões sobre o caráter de praticamente todos os personagens, e se preparar para surpresas que vão acontecendo a cada episódio, até os últimos minutos do final da temporada.
O ritmo do qual alguns reclamam é justamente o que potencializa (e tornam mais compreensíveis) as mágoas guardadas, as ânsias por reparações e vingança e as motivações de uma daquelas típicas famílias que são perfeitas para quem olha de fora, mas que tem tragédias no passado e segredos bem desagradáveis da porta de casa pra dentro.
Uma primeira temporada promissora. A mecânica interpessoal dos personagens centrais da trama é interessante, e fato da história se passar em um ambiente pouco explorado em séries, o de uma seita ou culto alternativo, ou "new age" visto por dentro e através da visão de seus próprios membros é algo que consegue prender a atenção e a curiosidade até de quem é mais calejado em séries. Mesmo o mais seriemaníaco irá ter aqueles momentos de "já vi isso tudo antes" com muita frequência. Percebe-se que não é uma série com muitas pirotecnias, e que não tem uma produção lá muito cara ou sofisticada. Por sorte, todo o universo da série foi bem construído para não depender de grandes orçamentos, e para ter o mínimo de situações onde um orçamento pequeno não atrapalhe tanto a produção.
As atuações do elenco central são talvez o ponto forte da série. Aaron Paul e Hugh Dancy conferem bastante honestidade a seus personagens, o que é um fator definitivo para que "compremos" a história e as suas trajetórias. A maestria com que Aaron interpreta o "homem comum" sem cair no simplório empresta a seu Eddie uma facilidade tão grande de se torcer por ele, de se identificar com sua humanidade quanto tínhamos pelo seu Jesse Pinkman em Breaking Bad, independente do quanto ambos personagens e séries são diferentes.
Hugh Dancy faz um Cal Roberts perfeitamente dúbio, arrisco dizer que em uma interpretação até melhor que seu trabalho em Hannibal. Conferir honestidade e veracidade a um cara que consegue ser ao mesmo tempo o líder de uma religião que passa toda uma imagem de paz e equilíbrio ao mesmo tempo em que esconde um lado perturbadíssimo, com um passado pesado e desajustado e capaz de cometer atos desesperados e impensados, e ainda assim conseguir fazê-lo de maneira convincente, sem exageros e sem caricaturas é de uma competência a toda prova.
Michelle Monaghan está um arraso, em todos os sentidos. Dá vida com talento a uma Sarah Cleary complexa e finamente interpretada. Seu personagem cresce na trama à medida que lentamente (de forma bem mais lenta que seu marido Eddie) suas bases de crença vão sendo testadas, de forma diferente das de Eddie. Essa diferença de ritmo e de backgrounds entre os personagens é algo que ajuda a enriquecer a trama do casal, a relação familiar entre os dois e os filhos e acaba se tornando um dos pilares de sustentação da história.
The Path é uma série mais centrada nos personagens e em seu desenvolvimento do que nas especificidades da trama ou na forma como a história "anda". É comum que as cenas mais complexas e mais interessantes sejam cenas de construção do passado e da trajetória dos personagens, e que nesse aspecto, a série não se preocupe tanto em "correr" com a história. Algumas pessoas gostam mais de série centradas nos personagens, enquanto outras preferem que a história ande num ritmo mais predeterminado, não se importando tanto se houverem personagens mal escritos, vazios ou com quem não se cria conexão.
Sendo assim, essa série é certamente do tipo que agrada mais a quem prefere personagens tridimensionais e com questões que aproximam e criam identificações com o público que os assiste. Estarei meditando para a luz (rs) permitir que o nível continue o mesmo (ou melhore) na segunda temporada.
A segunda temporada de "The Americans" é com relação à temporada inicial da série consideravelmente mais sombria, mais densa, um pouco menos "fácil", com um roteiro um pouco mais truncado e menos fluido. <br> <br> Em alguns casos, essas diferenças poderiam afastar algumas pessoas, que se sentiam mais à vontade com o tom menos intrincado da série na temporada anterior. Por outro lado, o crescimento de algumas questões dramáticas, de relacionamento, assim como novas revelações do passado e da natureza do trabalho de Elizabeth e Phillip, e principalmente o preço pago pelas consequências que seu modo de vida geram em seu relacionamento com os filhos são características marcantes nessa segunda temporada.<br> <br> Com isso, se a série perde por um lado, por outro ganha: Há também um perceptível salto de qualidade na questão artística com relação à temporada anterior. Certas cenas exercitam um lirismo na fotografia que são comuns apenas em séries de primeiríssima linha, coisa que na temporada anterior não eram tão comuns. Há também um aumento de cenas onde o trabalho e talento dos atores é muito mais explícito, cenas onde o silêncio faz com que toda uma carga sentimental seja passada apenas através de enquadramentos e pelo belo trabalho dos atores na composição de seus personagens e na linguagem corporal. No geral, tirando o ritmo um pouco mais lento e menos aventuresco, quase tudo está um degrau acima da temporada anterior.<br> <br>
O ponto forte da série nessa temporada de estréia (e o que me fez dar um desconto na suspensão de descrença) fica por conta da atuação de Matthew Rhys e Keri Russel como o casal de protagonistas, e da forma como o roteiro procura ao máximo (mesmo que não consiga sempre, vale por tentar) contornar as inverossimilhanças e deixar outros aspectos da trama amenizarem os eventuais exageros. <br> <br> Outro ponto que merece destaque é o bom trabalho com a ambientação nos anos 80, que não se garante só através da direção de arte, figurinos, etc., mas também conta com um suporte competente do roteiro e da trama em geral, que criam um conjunto mais coeso do que simplesmente o visual da época ao apresentar elementos, inovações tecnológicas, novidades de produtos e mudanças na rotina comum das pessoas no período, e não apenas os acontecimentos ligados diretamente à trama.<br> <br> The Americans não é uma série de primeiríssima linha, mas não faz feio de maneira nenhuma no escalão a que pertence.<br> <br>
Aí você vê que o mundo chegou a um estado de coisas onde os "pretty little liars" "grey's anatomys" e "supernaturals" da vida pulam o tubarão e seguem, mas séries com o vigor, a audácia e a qualidade bruta de uma Vinyl só duram uma temporada...
Série inglesa fechada, que começou super bem mas terminou bem aquém do que prometeu. Traz um trabalho sólido dos atores, boas atuações no geral, e a possibilidade de fazer aquela brincadeira que já é praxe nas produções britânicas: brincar de achar gente do elenco de Game of Thrones. James Purefoy segura bem o protagonista da série, mas o destaque fica para a generosidade de Charlie Creed-Miles, que nos dá de presente o Detetive Wenborn, um daqueles personagens tão detestáveis,mas tão detestáveis que você torce episódio a episódio pra ver se ferrar de verde e amarelo.
A série começa com um bom ritmo e uma trama bastante promissora e que vale muito a pena assistir, pelo menos até os últimos 2 episódios. À medida em que o desenrolar da história vai chegando ao fim, algumas soluções de roteiro altamente discutíveis e apressadas aparecem em sequência, o que ao invés de criar plot twists, deixa aquela sensação de WTF no ar. E isso ocorre porque são soluções tão descasadas com tudo que estava sendo construído na história que quase ameaçam a qualidade total da série. Mas no fim, entre os prós e contras os prós vencem e o fim meio apressado e desastrado não consegue destruir completamente essa (de certo modo) charmosa série com vários detalhes interessantes.
Haters gonna hate, só pra pagar de diferentões mesmo.
Porque digam o que disserem, mesmo quem não gosta (mas for minimamente honesto) terá que admitir: a série é bem feita pra caralho, capturou muito bem não só o visual mas também vários estilos, subtextos e o feeling de uma época. E não o fez só na composição dos personagens, mas em vários dos mínimos aspectos que circundam a produção. Parabéns aos envolvidos.
A série é interessante. Dá uma leitura com foco feminino ao famoso período histórico da Guerra das Rosas semelhante à que Marion Zimmer Bradley deu às lendas do Rei Arthur na série de livros As Brumas de Avalon.
Apesar de não ser uma superprodução das mais ricas, a série desperta o interesse pelas reviravoltas que tornaram esse período histórico tão peculiar. A ponto de o próprio autor de Guerra dos Tronos ter declarado ser admirador desse período e se inspirado largamente nas intrigas da Guerra das Rosas para criar parte da trama de sua famosíssima série.
É interessante para quem conhece Game of Thrones observar os paralelos e tentar fazer alguns paralelos. De resto, Rebecca Ferguson prova que não é "só um rostinho bonito": além de segurar bem sua protagonista, é uma visão dos céus. E a Margaret de Amanda Hale é um daqueles personagens por quem você sente tanta raiva que percebe que a atriz que a está interpretando está realmente fazendo um excelente trabalho.
The OA é melhor série ruim que já vi na minha vida.
O que pode ser dito de mais sincero e pessoal sobre uma série é justamente o efeito que ela tem sobre você quando termina de assiti-la. É nesse momento em que seu coração decide se achou a coisa toda genial ou uma perda de tempo. Ao assistir os últimos 10 minutos do season finale, você se pega surpreso pela estupidez do final do episódio. É difícil descrever o quanto foi corajosamente barato (e covarde) aquele final. Chega ao ponto de valer realmente a pena assistir toda a série só pra conseguir entender o quanto o final é desprovido de coragem.
Para quem conseguiu ler esse comentário até aqui sem dar um siricotico, um faniquito ou qualquer outra irracionalidade emocional própria de fanáticos em geral, pode até parecer que eu não gostei da série. Pois é. Só que não. Eu gostei. Olha lá em cima a nota. Agora (caso você foi um dos que deu chilique) deixa de ser babaca e chiliquento(a) e deixa eu esclarecer o que eu achei e porque. E fique à vontade pra discordar.
A série tenta, de maneira competentíssima, mostrar de uma forma verdadeiramente pessoal, poética e em alguns momentos até onírica, a importância de amigos, da família e do auto-conhecimento. A genialidade da série consiste em fazer com que se perceba que cada pequeno detalhe em nossas vidas é passível de ser questionado. E consegue fazer isso de uma maneira extremamente bem produzida e bem atuada. Há momentos de qualidade cênica e de um apuro técnico que até mesmo o cinema tem tido grande dificuldade em reproduzir nos últimos tempos.
A construção da maioria dos personagens é carregada de sinceridade e sensibilidade. Embora haja alguns que não foram adequadamente desenvolvidos, o que gerou um pouco de heterogeneidade, não chega a ser um demérito muito grande, principalmente caso a série prossiga com tempo para desenvolvê-los em episódios mais à frente numa próxima temporada. Quem foi desenvolvido, o foi de maneira primorosa, mostrando as mudanças na forma como cada um trabalhou seus pequenos (também médios, grandes e até enormes) dramas pessoais de maneira fluida por todos os episódios desta primeira temporada. Outra coisa capaz de encantar foi o véu de sensibilidade que envolveu o elenco, fazendo com que a maioria das atuações não só tivessem um bom desempenho, mas à maneira dos movimentos coreográficos da OA, conseguissem uma sinergia espetacular. No quesito atuação, a soma das partes foi um número bem maior do que o esperado.
Até a série desembocar num final apressado, completamente atabalhoado, brusco, deselegante, anticlímax e baixo astral, por mais que tentassem disfarçar através daquele clima "da união dos seus poderes, eu sou o Capitão Planeta"! Não funcionou o disfarce. Por mais que o tempo todo se soubesse que a união iria acontecer, a FORMA como isso foi trabalhado e preparado para chegar a um plot twist baratíssimo e desrespeitoso à elegância que permeou a maioria dessa primeira temporada, não houve como evitar de deixar um quê de decepção. Para reforçar minha opinião (e nota) para a série: por mais estranho que seja, esse final não consegue prejudicar a série como um todo. Apenas deixa claro (para mim) que é um ponto infinitamente abaixo da média de todo o resto da produção.
Como palavra de despedida, deixo aqui os meus respeitos pro tio da cafeteria, porque foi ele o verdadeiro herói dessa porra.
• E a Gretchen Mol, hein... depois de todo esse tempo ainda está um filezão.
• O D de Ethan Suplee é disparado o melhor personagem da série. Se houver prosseguimento no projeto, ele ainda pode ser bem explorado para melhorar o potencial da série.
• Porra, Eldon Chance! Me admira você, um cara velho e cascudo que nem ti, trouxa desse jeito! Toma vergonha nessa cara, Eldon Chance!
Esperei o hype inicial passar um pouco pra poder assistir com menos ruído externo. É uma boa série, com uma proposta muito interessante, e uma execução muito competente. Mas como todo hype, não corresponde ao fogo no cu dos fanboys. Fanboy é fanboy, se rasga até por uma bosta se for fã daquela bosta, então não dá pra levar os superlativos emocionais a sério.
A primeira temporada é boa na medida, o primeiro episódio é uma pedrada na vidraça, e chega mostrando que o papo da série é reto. Embora a série tenha o mérito de propor discussões, é também o tipo pesadão, que você não sente lá muita vontade de assistir mais de um episódio num mesmo dia, a não ser que você seja daquelas pessoas "deprimido modinha" que não respeita a doença dos outros e ache "bonito" ficar pagando de deprimido.
Black Mirror não é uma série perfeita, só foi "descoberta" no Brasil quando já estava lá pela terceira temporada, mas é uma obra televisiva de valor considerável. Por conta de sua intenção de gerar desconforto e reflexão através de um tema recorrente e contando histórias completamente diferentes a cada episódio, a série acabou merecendo o destaque que tem recebido. O hype não, mas o destaque sim.
A melhor série que assisti em muito tempo. Direção, atuações, roteiro, produção, tudo de primeiro nível.
A série dá um show no quesito de mostrar O SISTEMA como o personagem principal, sempre silencioso mas presente, envolvente e em todo o decorrer da trama. A direção de arte, a fotografia, os enquadramentos, tudo é primoroso, lembra em alguns momentos o apuro técnico de Breaking Bad nesse mesmo quesito, apesar de serem 2 obras de estilos bem diferentes.
John Turturo, um MONSTRO. Há muito não via um ator conseguir oferecer interpretação tão gráfica, e ao mesmo tempo tão intimista e sutil no mesmo personagem. Riz Ahmed, Amara Karan, excelentes. Jeannie Berlin e Bill Camp, irretocáveis. Até mesmo papéis pequenos como o farmacêutico de Fisher Stevens, o juiz de Glenn Fleshler, e a policial Wiggins de Afton Williamson, tiveram uma importância fundamental para a qualidade da série. Como elos de uma corrente (ou peças dele, o sistema), todos os citados contam com cenas onde a contribuição dramática de um personagem pequeno, com um bom texto e um papel bem colocado no roteiro acabam dando uma profundidade e uma contribuição ao conjunto da obra que ultrapassa muito o tamanho de seus papéis.
A construção do roteiro é outra peça de alta competência, o tempo todo deixando claro que o sistema é um misto de personagem e pano de fundo: ao mesmo tempo em que aqueles personagens desenrolam seus dramas e trajetórias pessoais diante desse sistema como pano de fundo, também contracenam com ele, como personagem. Outro aspecto inteligente do roteiro: por mais que a postura narrativa seja de crítica ao sistema, a forma expositiva e não argumentativa com que o roteiro faz essa crítica é fundamental para desenrolar a trama. Não fosse assim, provavelmente a série assumiria um tom mais panfletário, mesmo que involuntariamente, e isso resultaria numa obra bem menos atraente e instigante.
A série acerta ao mostrar as entranhas do sistema através da via crucis de um Naz encarcerado aguardando o desenrolar do seu destino, de seus pais e das consequências à família causadas por sua prisão, dos advogados e policiais envolvidos na investigação. Essa visão é crua e todo o tempo procura manter uma estética neutra, fazendo com que o espectador veja com clareza e de maneira inexorável a cada episódio (por mais diferente que seja sua opinião com relação ao COMO) que o sistema PRECISA mudar.
The Night Of chega ao fim deixando aquela sensação de que parece mais próxima de um filmaço, (daqueles redondos, contundentes e perfeitamente conduzidos) dividido em 8 capítulos do que de uma simples "série de TV". Alcançou o status de ser uma daquelas experiências midiáticas que renovam a nossa fé de que num mundo de Gossip Girls e afins, tentativas adolescentes de repetir o sucesso de Crepúsculo na TV e reality shows imbecilizados ao extremo, AINDA é possível assistir conteúdo inteligente e de ótima qualidade produzido para o meio televisivo.
Uma série de orçamento mais modesto, com uma excelente premissa, mas com um enorme ponto de interrogação: será que ser semelhante a uma Sense 8 sem o mesmo brilho da produção, sem o mesmo apuro visual e sem o proselitismo LGBT será o suficiente para manter a série no ar?
Até o momento, temos um elenco com pouca expressão mas que não compromete muito, uma história interessante mas que tem tanto espaço pra crescer quanto para afundar e uma forte tendência a virar um seriado convencional em tempos onde os que fazem mais sucesso são justamente os que procuram escapar do convencionalismo, mesmo que de maneira sutil. A sorte está lançada. Top or flop? Só o futuro vai dizer.
Não comprei o hype. Não embarquei no trem de Westworld como a maioria dos que vejo louvando a série com 100% de sentimentalismo e 0% de raciocínio. A partir do momento em que fiz isso, consegui aproveitar o que a série tem de bom. E os acertos superam em muito as eventuais falhas. Infelizmente quem embarca no hype geralmente não consegue perceber essas minúcias que tornam a vida tão mais saborosa e variada.
Talvez o único problema real de Westworld (talvez seu maior defeito) seja uma questão estrutural. Basear-se na estrutura de um filme de ficção dos anos 70 (cult, porém bastante despretensioso) para fazer-se uma série que pretende discutir assuntos com um nível de profundidade filosófica e implicações morais de um Ghost In The Shell ou de um Blade Runner, é como tentar meter um motor de Porsche num Celta. Até dá pra fazer, mas a estrutura original irá sentir a potência maior do novo conteúdo e poderão aparecer rachaduras no chassi.
À medida que as discussões e implicações filosóficas do aumento da perfeição dos anfitriões com relação aos humanos evoluem na trama, fica meio cambeta e fraca a idéia de que se criou uma verdadeira nova forma de vida, verdadeiros replicantes, com zilhões de possibilidades e implicações na vida humana, e eles ainda são usados primordialmente como brinquedos em um parque de diversões pra ricos. Se essa ideia não for desconstruída no futuro da série, meio que contrariando o próprio material em que a série se originou, pode acabar criando mais e mais inconsistências de roteiro. Esse é um ponto de interrogação válido, algo a se aguardar e conferir.
De resto, a série é um primor. Atuações, Evan Rachel Wood, casting, Evan Rachel Wood, produção impecável, Evan Rachel Wood, um roteiro e (desenvolvimento do mesmo) intrincado, inteligente e sofisticado na medida certa. Junte-se a isso toda uma abertura de conceitos que possibilitam um nível de discussão conceitual semelhante a outras obras que tratam de maneira séria da inteligência artificial e dos limites da humanidade, fica claro que Westworld teve um bom começo e tem um futuro promissor.
O sucesso da série se justifica. Mas o hype, coisa de humanos falíveis, é sempre digno de dúvidas.
Candle Cove, essa primeira temporada da série Channel Zero consegue trazer para uma série de TV um clima de terror bastante diversificado do que se tem visto no gênero. Embora a temporada careça de um pouco mais de apuro técnico, principalmente no casting e no desempenho geral do elenco, isso não é suficiente para estragar a experiência. Basta deixar os purismos um pouco de lado e ligar a suspensão de chatice. Embora o elenco não seja lá uma maravilha, também não é tão ruim a ponto de comprometer o impacto que a série precisa ter.
O ponto alto da série é mesmo a tradução para o audiovisual da creepypasta original, criando uma história que ao mesmo tempo repele e intriga, que em alguns momentos incomoda mais que assusta, e em outros causa mais aflição que terror. O grande acerto fica por conta do roteiro sempre preferir o efeito psicológico ao susto barato. Isso é o tipo de coisa que ajuda muito a tornar uma série mediana em algo acima da média por conta da novidade, do clima angustiante, e da facilidade de fazer com que o espectador consiga se colocar no lugar dos personagens.
Impossível assistir sem pensar várias vezes por episódio: "que merda se isso acontecesse comigo (com meus filhos, com minha família, com meus irmãos, etc.)" . Torço para que a série consiga acertar onde a hypada (com pouca razão) AHS errou.
Com alguns episódios assistidos, e uma segunda temporada confirmada, já dá pra dizer algumas palavras de Young Pope. A produção ítalo-americana começa com muito gás e sem papas na língua (trocaralho do cadilho) mostrando o que aconteceria se o Vaticano decidisse inovar e colocar um papa jovem (47 anos) à frente da Sé Romana.
Ao mesmo tempo em que se notam referências do mundo real, que ajudam a tornar a trama mais identificável com a nossa atual realidade (e o próprio estilo mais despojado e midiaticamente surpreendente Papa atual) o roteiro espertamente se utiliza de situações não tão prováveis de serem implementadas pela igreja atual para deixar a série com um potencial mais, digamos, escandalizador. A esperteza dessa mistura é provavelmente o que dará o tom à série. Ou pelo menos é uma força que, caso mantida, pode impedir que a série fique chata ou caia na mesmice mais à frente.
O Papa Pio XIII interpretado de forma competentíssima por Jude Law tem potencial para se tornar o equivalente religioso de um Frank Underwood em House of Cards: um personagem astuto, dúbio, complexo, com muitos segredos enterrados e que chega a uma posição de poder sem que seus possíveis adversários (e o espectador também) saibam muita coisa sobre ele. Até mesmo sua postura (muito diferente daquela esperada de um "homem santo", de um líder espiritual de qualquer uma das chamadas grandes religiões) é utilizada como um recurso de roteiro que ajuda a tornar o personagem mais misterioso e criar um estado de interesse no desenrolar de sua trajetória. O que ele deseja? Com qual objetivo foi alçado ao poder? Quais são suas reais intenções? Seu comportamento excêntrico é natural ou cuidadosamente estudado?
Enfim, a série é muito bem produzida e conta com atuações destacadas, além da do próprio Jude Law, Diane Keaton e Silvio Orlando batem uma bola de altíssimo nível. Não raro, cenas deliciosas acontecem quando algum dos dois está presente. Recomendo com vontade e se a série continuar nessa levada, grandes chances de prêmios e reconhecimento vindo por aí.
Quando se prova que não é necessário fazer remake filmes de outras épocas pra ter uma série legal. Stranger Things conseguiu a façanha de capitalizar muito a receptividade do público para com a nostalgia de uma época, um elenco muito bem afinado, uma produção bacana, e um roteiro cheio de referências.
Criou-se uma série simpática e altamente consumível, sem ser simplesmente uma cópia de algum filme dos anos 80. Bastou criar-se uma história simples (sim, porque não) e utilizar-se de tantos, mas tantos, mas taaaantos aspectos oitentistas que o resultado deixou de ser uma mera cópia, mas algo novo, que através da mistura de situações, da troca de alguns clichês e do equilíbrio entre o suspense, o drama, a ficção, criou um produto de qualidade, e embalado com uma qualidade técnica bastante condizente com o sucesso que a série alcançou.
É claro que haters gonna hate (embora uma série tão simpática terá haters muito mais por attentionwhorism do que por coerência mesmo), mas o fato é que Stranger Things deu muito certo, agradou muita, muita gente e chega a deixar dúvidas de que caso haja uma segunda temporada, será capaz repetir o sucesso dessa primeira. Já entrou pra história dos sucessos televisivos. Durma-se com um Demogorgon desses.
Produção perfeita, bem cuidada, bem atuada, uma festa visual em um ambiente urbano e tecnológico, onde não é normal esse tipo de direção artística ser tão bem-sucedida. A série vinha me conquistando até o meio da primeira temporada, com um clímax absurdo no episódio do desfecho da situação da Shayla.
Passado esse pico, a história infelizmente descambou para um crescente de utilização do mesmo recurso para evidenciar a confusão mental a um ponto onde certos recursos narrativos e soluções de roteiro que a princípio eram algo muito cinematográfico, mas coisas muito bem-vindas por serem pouco comuns no universo das séries (se bem dosadas) passaram a ser utilizadas em demasia, tornando a série mais e mais cansativa e desfocada. Todas as surpresas e reviravoltas que iam se acumulando iam gradativamente perdendo seu impacto à medida em que seu uso ia sendo banalizado no roteiro.
No fim da primeira temporada, fica aquela ponta de preocupação: será que a segunda temporada consegue manter a qualidade artístico-autoral-técnica tão diferenciada que conquistou tantas pessoas ou essa nova personalidade tão esquizofrênica e desconfortavelmente esponjosa que o roteiro assumiu no último terço da primeira temporada vai virar a tônica da série.
Não consegui gostar tanto da segunda temporada quanto gostei da primeira. O nível de qualidade da série continuou bem alto, no quesito produção, irretocável. Sigo sendo fã da série por conta do respeito demonstrado para com o visual, a atmosfera e a ambientação, algo que ajuda muito a nos transportar para o universo dos personagens. Esse aspecto, por bem, se manteve da 1ª para a 2ª temporada, e foi o que me fez não desanimar da série.
O que ficou flagrante nessa segunda temporada em face à primeira foi um certo desequilíbrio entre faltas e excessos. Se quando anunciado eu duvidei um pouco do quão seria bom o Justiceiro do Jon Bernthal, posso dizer que essa foi a grata surpresa da temporada. O ator soube incorporar um Frank Castle que ao meu ver, dialoga muito mais com a versão dos quadrinhos do que na grande maioria das tentativas de adaptações do personagem para o cinema. No quesito personificação, interpretação, nota 10. O maior problema do personagem foi o desequilíbrio, onde pudemos vê-lo muito pouco em ação, seja contra/ao lado do Demolidor, seja fazendo o que ele faz melhor. Em contrapartida, as cenas "dramalhão" "buá buá perdi minha família me ajuda moça" que nos quadrinhos são praticamente inexistentes, aqui tiveram um tamanho enorme. Daí o desequilíbrio.
As cenas de ação e violência, algo que fez diferença na série em sua primeira temporada avançaram pouco, sendo que em alguns momentos apareceu um certo caráter de simples repetição de fórmula. Um exemplo disso é a famosa "cena do corredor" da primeira temporada que teve um verdadeiro xerox nessa temporada. Não deixam de ser boas cenas, mas fica flagrante que a produção apostou demais em uma fórmula pronta que deu certo. O problema é que a repetição excessiva desgasta até mesmo uma excelente ideia.
Um pouco incômodo também foi o excesso de fermento que colocaram na Karen. Não importa que Deborah Ann Woll seja linda, charmosa, um verdadeiro eye candy. O problema é que se começam a dar tanto tempo de tela para um personagem que não tem esse peso, o desequilíbrio começa a aumentar. Nessa temporada, só faltou a Karen vestir um uniforme e começar a bater em bandidos também, ou descobrir que tem algum superpoder. É compreensível que na primeira temporada a atriz tenha se destacado com sua personagem, mas usar esse fato para inchar de maneira artificial a personagem dentro da trama faz a coisa ficar meio forçada.
A absurda investigação de Karen na casa de Frank Castle, que levou à desnecessária subtrama da "origem do Justiceiro", perigosamente diversa da dos quadrinhos é um exemplo, do quanto a série se distanciar demais do material de origem pode acabar diminuindo seu interesse.
Por fim, o elo fraco da série ficou com a Elektra de Elodie Yung. Faltou charme, faltou química, faltou um desenvolvimento melhor da personagem. Por algum motivo, a capacidade que Jon Bernthal teve de "vestir" o Justiceiro foi a capacidade que Elodie Yung não teve de "vestir" Elektra. Enquanto o matador de gangsters de Bernthal era facilmente identificável com sua contraparte nos quadrinhos, a assassina ninja de Yung precisava de um esforço enorme para que a associássemos à personagem que Frank Miller desenvolveu de maneira magistral. Mas não tem problema, mesmo com mais problemas que na primeira temporada, Demolidor ainda tem muita lenha pra queimar, sendo hoje um material baseado em quadrinhos melhor do que muito filme de estúdio grande. Sigo fã da série e aguardo uma terceira temporada.
A Lei de Harry (2ª Temporada)
4.2 6A série perdeu um pouco ao fazer uma transição estranha da primeira para a segunda temporada. No decorrer da temporada as coisas foram se ajustando, com a excelente Harry Korn interpretada por Kathy Bates mais uma vez segurando a onda mesmo quando a coisa não está muito ajustada. Uma menção também honrosa é o Tommy Jefferson, talvez o personagem mais Saulgoodmaniano sem ser o Saul Goodman que a TV já produziu. Interpretado com maestria pelo Christopher McDonald.
Uma pena o cancelamento da série, mas recomendo muito a quem se interessa pelo estilo.
A Lei de Harry (1ª Temporada)
4.0 10Uma série que tinha tudo pra dar errado, meio caótica, com um começo um tanto sem saber pra onde ir. Mas que por conta de uma performance sensacional de Kathy Bates, conseguiu encontrar um caminho e proporcionar momentos memoráveis.
Uma boa série de advocacia, bastante fora do lugar comum e com um texto que vai melhorando a cada episódio. Tiradas sensacionais. Vale a pena assistir.
Bloodline (2ª Temporada)
4.1 63 Assista AgoraÀ medida que a trama avança, fica visível uma boa complementação das peculiaridades e complexidades dos personagens da família, notadamente os irmãos. O processo que se iniciou na temporada anterior com muito mais foco no Danny, acaba justamente por causa dele e do que acontece com ele, mostrando que o sangue é mais grosso que a água e os frutos não caem muito longe da árvore. Papai Rayburn deixou uma herança genética e tanto: explosões de violência, bebedeiras e/ou drogas (e as merdas subsequentes), pouco compromisso com a sensatez e um maldito chuveiro em um dos quartos da pousada que, até simbolicamente, parece que nunca tem conserto.
Enquanto isso, John segue com o título de policial mais tapado que já vi nos últimos anos em qualquer obra de ficção. Kevin tenta a todo custo tirar o título de Vida Loka da família do falecido Danny. O título de mulher mais burra da região de Keys já é da mulher dele, porque olha... arrumar um bacuri com um zé droguinha desse naipe é querer condenar muito a coitada da criança! E a Meg, coitada... Perde o emprego, perde o peguete, perde a linha, mas não perde a chance de tomar umas e tentar um revivalzinho com o Marco. Enquanto isso, fica aquela desconfiança de que a Sally coloca mais Whisky do que chá naquela jarra.
Eis que a lição que fica dessa temporada é: ô familiazinha merdeira esses Rayburn.
Segue o jogo!
Game of Thrones (7ª Temporada)
4.1 1,2K Assista AgoraEP03
Jon Snow com cara de "filha, baixa essa bola draconiana, segura essa tua marra aí que tu não sabe o que eu sei, e olha que eu sou Jon Snow, aquele que não sabe nada".
Bloodline (1ª Temporada)
4.1 142 Assista AgoraBloodline é capaz de te conquistar de maneira crescente, à medida que se percebe que seu ritmo diferenciado passa longe de torná-la desinteressante.
Creio que não seja uma série para qualquer um, o que acaba sendo mais atraente para quem gosta de histórias onde o tempo de cada segredo ser desenterrado (e o peso de cada revelação) tenham uma razão específica de ser. Esse me parece o grande trunfo da série.
Por mais que alguns reclamem de seu ritmo, ele não é assim por um defeito. Nota-se à medida que a história se desenvolve, que série foi pensada assim, e para quem consegue absorver essa característica do desenvolvimento, o que para alguns é motivo de crítica, para outros se torna um tempo adequado para ir formando opiniões, fazendo (e desfazendo) impressões sobre o caráter de praticamente todos os personagens, e se preparar para surpresas que vão acontecendo a cada episódio, até os últimos minutos do final da temporada.
O ritmo do qual alguns reclamam é justamente o que potencializa (e tornam mais compreensíveis) as mágoas guardadas, as ânsias por reparações e vingança e as motivações de uma daquelas típicas famílias que são perfeitas para quem olha de fora, mas que tem tragédias no passado e segredos bem desagradáveis da porta de casa pra dentro.
O Caminho (1ª Temporada)
3.9 35Uma primeira temporada promissora. A mecânica interpessoal dos personagens centrais da trama é interessante, e fato da história se passar em um ambiente pouco explorado em séries, o de uma seita ou culto alternativo, ou "new age" visto por dentro e através da visão de seus próprios membros é algo que consegue prender a atenção e a curiosidade até de quem é mais calejado em séries. Mesmo o mais seriemaníaco irá ter aqueles momentos de "já vi isso tudo antes" com muita frequência. Percebe-se que não é uma série com muitas pirotecnias, e que não tem uma produção lá muito cara ou sofisticada. Por sorte, todo o universo da série foi bem construído para não depender de grandes orçamentos, e para ter o mínimo de situações onde um orçamento pequeno não atrapalhe tanto a produção.
As atuações do elenco central são talvez o ponto forte da série. Aaron Paul e Hugh Dancy conferem bastante honestidade a seus personagens, o que é um fator definitivo para que "compremos" a história e as suas trajetórias. A maestria com que Aaron interpreta o "homem comum" sem cair no simplório empresta a seu Eddie uma facilidade tão grande de se torcer por ele, de se identificar com sua humanidade quanto tínhamos pelo seu Jesse Pinkman em Breaking Bad, independente do quanto ambos personagens e séries são diferentes.
Hugh Dancy faz um Cal Roberts perfeitamente dúbio, arrisco dizer que em uma interpretação até melhor que seu trabalho em Hannibal. Conferir honestidade e veracidade a um cara que consegue ser ao mesmo tempo o líder de uma religião que passa toda uma imagem de paz e equilíbrio ao mesmo tempo em que esconde um lado perturbadíssimo, com um passado pesado e desajustado e capaz de cometer atos desesperados e impensados, e ainda assim conseguir fazê-lo de maneira convincente, sem exageros e sem caricaturas é de uma competência a toda prova.
Michelle Monaghan está um arraso, em todos os sentidos. Dá vida com talento a uma Sarah Cleary complexa e finamente interpretada. Seu personagem cresce na trama à medida que lentamente (de forma bem mais lenta que seu marido Eddie) suas bases de crença vão sendo testadas, de forma diferente das de Eddie. Essa diferença de ritmo e de backgrounds entre os personagens é algo que ajuda a enriquecer a trama do casal, a relação familiar entre os dois e os filhos e acaba se tornando um dos pilares de sustentação da história.
The Path é uma série mais centrada nos personagens e em seu desenvolvimento do que nas especificidades da trama ou na forma como a história "anda". É comum que as cenas mais complexas e mais interessantes sejam cenas de construção do passado e da trajetória dos personagens, e que nesse aspecto, a série não se preocupe tanto em "correr" com a história. Algumas pessoas gostam mais de série centradas nos personagens, enquanto outras preferem que a história ande num ritmo mais predeterminado, não se importando tanto se houverem personagens mal escritos, vazios ou com quem não se cria conexão.
Sendo assim, essa série é certamente do tipo que agrada mais a quem prefere personagens tridimensionais e com questões que aproximam e criam identificações com o público que os assiste. Estarei meditando para a luz (rs) permitir que o nível continue o mesmo (ou melhore) na segunda temporada.
The Americans (2ª Temporada)
4.3 50 Assista AgoraA segunda temporada de "The Americans" é com relação à temporada inicial da série consideravelmente mais sombria, mais densa, um pouco menos "fácil", com um roteiro um pouco mais truncado e menos fluido. <br>
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Em alguns casos, essas diferenças poderiam afastar algumas pessoas, que se sentiam mais à vontade com o tom menos intrincado da série na temporada anterior. Por outro lado, o crescimento de algumas questões dramáticas, de relacionamento, assim como novas revelações do passado e da natureza do trabalho de Elizabeth e Phillip, e principalmente o preço pago pelas consequências que seu modo de vida geram em seu relacionamento com os filhos são características marcantes nessa segunda temporada.<br>
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Com isso, se a série perde por um lado, por outro ganha: Há também um perceptível salto de qualidade na questão artística com relação à temporada anterior. Certas cenas exercitam um lirismo na fotografia que são comuns apenas em séries de primeiríssima linha, coisa que na temporada anterior não eram tão comuns. Há também um aumento de cenas onde o trabalho e talento dos atores é muito mais explícito, cenas onde o silêncio faz com que toda uma carga sentimental seja passada apenas através de enquadramentos e pelo belo trabalho dos atores na composição de seus personagens e na linguagem corporal. No geral, tirando o ritmo um pouco mais lento e menos aventuresco, quase tudo está um degrau acima da temporada anterior.<br>
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The Americans (1ª Temporada)
4.3 126 Assista AgoraO ponto forte da série nessa temporada de estréia (e o que me fez dar um desconto na suspensão de descrença) fica por conta da atuação de Matthew Rhys e Keri Russel como o casal de protagonistas, e da forma como o roteiro procura ao máximo (mesmo que não consiga sempre, vale por tentar) contornar as inverossimilhanças e deixar outros aspectos da trama amenizarem os eventuais exageros. <br>
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Outro ponto que merece destaque é o bom trabalho com a ambientação nos anos 80, que não se garante só através da direção de arte, figurinos, etc., mas também conta com um suporte competente do roteiro e da trama em geral, que criam um conjunto mais coeso do que simplesmente o visual da época ao apresentar elementos, inovações tecnológicas, novidades de produtos e mudanças na rotina comum das pessoas no período, e não apenas os acontecimentos ligados diretamente à trama.<br>
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The Americans não é uma série de primeiríssima linha, mas não faz feio de maneira nenhuma no escalão a que pertence.<br>
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Vinyl (1ª Temporada)
4.1 145Aí você vê que o mundo chegou a um estado de coisas onde os "pretty little liars" "grey's anatomys" e "supernaturals" da vida pulam o tubarão e seguem, mas séries com o vigor, a audácia e a qualidade bruta de uma Vinyl só duram uma temporada...
Foda, viu?
Injustiça (1ª Temporada)
3.7 7Série inglesa fechada, que começou super bem mas terminou bem aquém do que prometeu. Traz um trabalho sólido dos atores, boas atuações no geral, e a possibilidade de fazer aquela brincadeira que já é praxe nas produções britânicas: brincar de achar gente do elenco de Game of Thrones. James Purefoy segura bem o protagonista da série, mas o destaque fica para a generosidade de Charlie Creed-Miles, que nos dá de presente o Detetive Wenborn, um daqueles personagens tão detestáveis,mas tão detestáveis que você torce episódio a episódio pra ver se ferrar de verde e amarelo.
A série começa com um bom ritmo e uma trama bastante promissora e que vale muito a pena assistir, pelo menos até os últimos 2 episódios. À medida em que o desenrolar da história vai chegando ao fim, algumas soluções de roteiro altamente discutíveis e apressadas aparecem em sequência, o que ao invés de criar plot twists, deixa aquela sensação de WTF no ar. E isso ocorre porque são soluções tão descasadas com tudo que estava sendo construído na história que quase ameaçam a qualidade total da série. Mas no fim, entre os prós e contras os prós vencem e o fim meio apressado e desastrado não consegue destruir completamente essa (de certo modo) charmosa série com vários detalhes interessantes.
Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraHaters gonna hate, só pra pagar de diferentões mesmo.
Porque digam o que disserem, mesmo quem não gosta (mas for minimamente honesto) terá que admitir: a série é bem feita pra caralho, capturou muito bem não só o visual mas também vários estilos, subtextos e o feeling de uma época. E não o fez só na composição dos personagens, mas em vários dos mínimos aspectos que circundam a produção. Parabéns aos envolvidos.
The White Queen
4.3 112 Assista AgoraA série é interessante. Dá uma leitura com foco feminino ao famoso período histórico da Guerra das Rosas semelhante à que Marion Zimmer Bradley deu às lendas do Rei Arthur na série de livros As Brumas de Avalon.
Apesar de não ser uma superprodução das mais ricas, a série desperta o interesse pelas reviravoltas que tornaram esse período histórico tão peculiar. A ponto de o próprio autor de Guerra dos Tronos ter declarado ser admirador desse período e se inspirado largamente nas intrigas da Guerra das Rosas para criar parte da trama de sua famosíssima série.
É interessante para quem conhece Game of Thrones observar os paralelos e tentar fazer alguns paralelos. De resto, Rebecca Ferguson prova que não é "só um rostinho bonito": além de segurar bem sua protagonista, é uma visão dos céus. E a Margaret de Amanda Hale é um daqueles personagens por quem você sente tanta raiva que percebe que a atriz que a está interpretando está realmente fazendo um excelente trabalho.
The OA (Parte 1)
4.1 981 Assista AgoraThe OA é melhor série ruim que já vi na minha vida.
O que pode ser dito de mais sincero e pessoal sobre uma série é justamente o efeito que ela tem sobre você quando termina de assiti-la. É nesse momento em que seu coração decide se achou a coisa toda genial ou uma perda de tempo. Ao assistir os últimos 10 minutos do season finale, você se pega surpreso pela estupidez do final do episódio. É difícil descrever o quanto foi corajosamente barato (e covarde) aquele final. Chega ao ponto de valer realmente a pena assistir toda a série só pra conseguir entender o quanto o final é desprovido de coragem.
Para quem conseguiu ler esse comentário até aqui sem dar um siricotico, um faniquito ou qualquer outra irracionalidade emocional própria de fanáticos em geral, pode até parecer que eu não gostei da série. Pois é. Só que não. Eu gostei. Olha lá em cima a nota. Agora (caso você foi um dos que deu chilique) deixa de ser babaca e chiliquento(a) e deixa eu esclarecer o que eu achei e porque. E fique à vontade pra discordar.
A série tenta, de maneira competentíssima, mostrar de uma forma verdadeiramente pessoal, poética e em alguns momentos até onírica, a importância de amigos, da família e do auto-conhecimento. A genialidade da série consiste em fazer com que se perceba que cada pequeno detalhe em nossas vidas é passível de ser questionado. E consegue fazer isso de uma maneira extremamente bem produzida e bem atuada. Há momentos de qualidade cênica e de um apuro técnico que até mesmo o cinema tem tido grande dificuldade em reproduzir nos últimos tempos.
A construção da maioria dos personagens é carregada de sinceridade e sensibilidade. Embora haja alguns que não foram adequadamente desenvolvidos, o que gerou um pouco de heterogeneidade, não chega a ser um demérito muito grande, principalmente caso a série prossiga com tempo para desenvolvê-los em episódios mais à frente numa próxima temporada. Quem foi desenvolvido, o foi de maneira primorosa, mostrando as mudanças na forma como cada um trabalhou seus pequenos (também médios, grandes e até enormes) dramas pessoais de maneira fluida por todos os episódios desta primeira temporada. Outra coisa capaz de encantar foi o véu de sensibilidade que envolveu o elenco, fazendo com que a maioria das atuações não só tivessem um bom desempenho, mas à maneira dos movimentos coreográficos da OA, conseguissem uma sinergia espetacular. No quesito atuação, a soma das partes foi um número bem maior do que o esperado.
Até a série desembocar num final apressado, completamente atabalhoado, brusco, deselegante, anticlímax e baixo astral, por mais que tentassem disfarçar através daquele clima "da união dos seus poderes, eu sou o Capitão Planeta"! Não funcionou o disfarce. Por mais que o tempo todo se soubesse que a união iria acontecer, a FORMA como isso foi trabalhado e preparado para chegar a um plot twist baratíssimo e desrespeitoso à elegância que permeou a maioria dessa primeira temporada, não houve como evitar de deixar um quê de decepção. Para reforçar minha opinião (e nota) para a série: por mais estranho que seja, esse final não consegue prejudicar a série como um todo. Apenas deixa claro (para mim) que é um ponto infinitamente abaixo da média de todo o resto da produção.
Como palavra de despedida, deixo aqui os meus respeitos pro tio da cafeteria, porque foi ele o verdadeiro herói dessa porra.
Chance (1ª Temporada)
3.5 18Apenas 3 coisas a dizer sobre essa série:
• E a Gretchen Mol, hein... depois de todo esse tempo ainda está um filezão.
• O D de Ethan Suplee é disparado o melhor personagem da série. Se houver prosseguimento no projeto, ele ainda pode ser bem explorado para melhorar o potencial da série.
• Porra, Eldon Chance! Me admira você, um cara velho e cascudo que nem ti, trouxa desse jeito! Toma vergonha nessa cara, Eldon Chance!
Cidade das Esmeraldas
3.6 34...E eles conseguiram. Crepusculizaram até O Mágico de Oz
Black Mirror (1ª Temporada)
4.4 1,3K Assista AgoraEsperei o hype inicial passar um pouco pra poder assistir com menos ruído externo. É uma boa série, com uma proposta muito interessante, e uma execução muito competente. Mas como todo hype, não corresponde ao fogo no cu dos fanboys. Fanboy é fanboy, se rasga até por uma bosta se for fã daquela bosta, então não dá pra levar os superlativos emocionais a sério.
A primeira temporada é boa na medida, o primeiro episódio é uma pedrada na vidraça, e chega mostrando que o papo da série é reto. Embora a série tenha o mérito de propor discussões, é também o tipo pesadão, que você não sente lá muita vontade de assistir mais de um episódio num mesmo dia, a não ser que você seja daquelas pessoas "deprimido modinha" que não respeita a doença dos outros e ache "bonito" ficar pagando de deprimido.
Black Mirror não é uma série perfeita, só foi "descoberta" no Brasil quando já estava lá pela terceira temporada, mas é uma obra televisiva de valor considerável. Por conta de sua intenção de gerar desconforto e reflexão através de um tema recorrente e contando histórias completamente diferentes a cada episódio, a série acabou merecendo o destaque que tem recebido. O hype não, mas o destaque sim.
The Night Of
4.3 316 Assista AgoraA melhor série que assisti em muito tempo. Direção, atuações, roteiro, produção, tudo de primeiro nível.
A série dá um show no quesito de mostrar O SISTEMA como o personagem principal, sempre silencioso mas presente, envolvente e em todo o decorrer da trama. A direção de arte, a fotografia, os enquadramentos, tudo é primoroso, lembra em alguns momentos o apuro técnico de Breaking Bad nesse mesmo quesito, apesar de serem 2 obras de estilos bem diferentes.
John Turturo, um MONSTRO. Há muito não via um ator conseguir oferecer interpretação tão gráfica, e ao mesmo tempo tão intimista e sutil no mesmo personagem. Riz Ahmed, Amara Karan, excelentes. Jeannie Berlin e Bill Camp, irretocáveis. Até mesmo papéis pequenos como o farmacêutico de Fisher Stevens, o juiz de Glenn Fleshler, e a policial Wiggins de Afton Williamson, tiveram uma importância fundamental para a qualidade da série. Como elos de uma corrente (ou peças dele, o sistema), todos os citados contam com cenas onde a contribuição dramática de um personagem pequeno, com um bom texto e um papel bem colocado no roteiro acabam dando uma profundidade e uma contribuição ao conjunto da obra que ultrapassa muito o tamanho de seus papéis.
A construção do roteiro é outra peça de alta competência, o tempo todo deixando claro que o sistema é um misto de personagem e pano de fundo: ao mesmo tempo em que aqueles personagens desenrolam seus dramas e trajetórias pessoais diante desse sistema como pano de fundo, também contracenam com ele, como personagem. Outro aspecto inteligente do roteiro: por mais que a postura narrativa seja de crítica ao sistema, a forma expositiva e não argumentativa com que o roteiro faz essa crítica é fundamental para desenrolar a trama. Não fosse assim, provavelmente a série assumiria um tom mais panfletário, mesmo que involuntariamente, e isso resultaria numa obra bem menos atraente e instigante.
A série acerta ao mostrar as entranhas do sistema através da via crucis de um Naz encarcerado aguardando o desenrolar do seu destino, de seus pais e das consequências à família causadas por sua prisão, dos advogados e policiais envolvidos na investigação. Essa visão é crua e todo o tempo procura manter uma estética neutra, fazendo com que o espectador veja com clareza e de maneira inexorável a cada episódio (por mais diferente que seja sua opinião com relação ao COMO) que o sistema PRECISA mudar.
The Night Of chega ao fim deixando aquela sensação de que parece mais próxima de um filmaço, (daqueles redondos, contundentes e perfeitamente conduzidos) dividido em 8 capítulos do que de uma simples "série de TV". Alcançou o status de ser uma daquelas experiências midiáticas que renovam a nossa fé de que num mundo de Gossip Girls e afins, tentativas adolescentes de repetir o sucesso de Crepúsculo na TV e reality shows imbecilizados ao extremo, AINDA é possível assistir conteúdo inteligente e de ótima qualidade produzido para o meio televisivo.
Travelers (1ª Temporada)
3.8 82 Assista AgoraUma série de orçamento mais modesto, com uma excelente premissa, mas com um enorme ponto de interrogação: será que ser semelhante a uma Sense 8 sem o mesmo brilho da produção, sem o mesmo apuro visual e sem o proselitismo LGBT será o suficiente para manter a série no ar?
Até o momento, temos um elenco com pouca expressão mas que não compromete muito, uma história interessante mas que tem tanto espaço pra crescer quanto para afundar e uma forte tendência a virar um seriado convencional em tempos onde os que fazem mais sucesso são justamente os que procuram escapar do convencionalismo, mesmo que de maneira sutil. A sorte está lançada. Top or flop? Só o futuro vai dizer.
Westworld (1ª Temporada)
4.5 1,3KNão comprei o hype. Não embarquei no trem de Westworld como a maioria dos que vejo louvando a série com 100% de sentimentalismo e 0% de raciocínio. A partir do momento em que fiz isso, consegui aproveitar o que a série tem de bom. E os acertos superam em muito as eventuais falhas. Infelizmente quem embarca no hype geralmente não consegue perceber essas minúcias que tornam a vida tão mais saborosa e variada.
Talvez o único problema real de Westworld (talvez seu maior defeito) seja uma questão estrutural. Basear-se na estrutura de um filme de ficção dos anos 70 (cult, porém bastante despretensioso) para fazer-se uma série que pretende discutir assuntos com um nível de profundidade filosófica e implicações morais de um Ghost In The Shell ou de um Blade Runner, é como tentar meter um motor de Porsche num Celta. Até dá pra fazer, mas a estrutura original irá sentir a potência maior do novo conteúdo e poderão aparecer rachaduras no chassi.
À medida que as discussões e implicações filosóficas do aumento da perfeição dos anfitriões com relação aos humanos evoluem na trama, fica meio cambeta e fraca a idéia de que se criou uma verdadeira nova forma de vida, verdadeiros replicantes, com zilhões de possibilidades e implicações na vida humana, e eles ainda são usados primordialmente como brinquedos em um parque de diversões pra ricos. Se essa ideia não for desconstruída no futuro da série, meio que contrariando o próprio material em que a série se originou, pode acabar criando mais e mais inconsistências de roteiro. Esse é um ponto de interrogação válido, algo a se aguardar e conferir.
De resto, a série é um primor. Atuações, Evan Rachel Wood, casting, Evan Rachel Wood, produção impecável, Evan Rachel Wood, um roteiro e (desenvolvimento do mesmo) intrincado, inteligente e sofisticado na medida certa. Junte-se a isso toda uma abertura de conceitos que possibilitam um nível de discussão conceitual semelhante a outras obras que tratam de maneira séria da inteligência artificial e dos limites da humanidade, fica claro que Westworld teve um bom começo e tem um futuro promissor.
O sucesso da série se justifica. Mas o hype, coisa de humanos falíveis, é sempre digno de dúvidas.
Channel Zero: Candle Cove (1ª Temporada)
3.4 98Candle Cove, essa primeira temporada da série Channel Zero consegue trazer para uma série de TV um clima de terror bastante diversificado do que se tem visto no gênero. Embora a temporada careça de um pouco mais de apuro técnico, principalmente no casting e no desempenho geral do elenco, isso não é suficiente para estragar a experiência. Basta deixar os purismos um pouco de lado e ligar a suspensão de chatice. Embora o elenco não seja lá uma maravilha, também não é tão ruim a ponto de comprometer o impacto que a série precisa ter.
O ponto alto da série é mesmo a tradução para o audiovisual da creepypasta original, criando uma história que ao mesmo tempo repele e intriga, que em alguns momentos incomoda mais que assusta, e em outros causa mais aflição que terror. O grande acerto fica por conta do roteiro sempre preferir o efeito psicológico ao susto barato. Isso é o tipo de coisa que ajuda muito a tornar uma série mediana em algo acima da média por conta da novidade, do clima angustiante, e da facilidade de fazer com que o espectador consiga se colocar no lugar dos personagens.
Impossível assistir sem pensar várias vezes por episódio: "que merda se isso acontecesse comigo (com meus filhos, com minha família, com meus irmãos, etc.)" . Torço para que a série consiga acertar onde a hypada (com pouca razão) AHS errou.
O Jovem Papa
4.4 76Com alguns episódios assistidos, e uma segunda temporada confirmada, já dá pra dizer algumas palavras de Young Pope. A produção ítalo-americana começa com muito gás e sem papas na língua (trocaralho do cadilho) mostrando o que aconteceria se o Vaticano decidisse inovar e colocar um papa jovem (47 anos) à frente da Sé Romana.
Ao mesmo tempo em que se notam referências do mundo real, que ajudam a tornar a trama mais identificável com a nossa atual realidade (e o próprio estilo mais despojado e midiaticamente surpreendente Papa atual) o roteiro espertamente se utiliza de situações não tão prováveis de serem implementadas pela igreja atual para deixar a série com um potencial mais, digamos, escandalizador. A esperteza dessa mistura é provavelmente o que dará o tom à série. Ou pelo menos é uma força que, caso mantida, pode impedir que a série fique chata ou caia na mesmice mais à frente.
O Papa Pio XIII interpretado de forma competentíssima por Jude Law tem potencial para se tornar o equivalente religioso de um Frank Underwood em House of Cards: um personagem astuto, dúbio, complexo, com muitos segredos enterrados e que chega a uma posição de poder sem que seus possíveis adversários (e o espectador também) saibam muita coisa sobre ele. Até mesmo sua postura (muito diferente daquela esperada de um "homem santo", de um líder espiritual de qualquer uma das chamadas grandes religiões) é utilizada como um recurso de roteiro que ajuda a tornar o personagem mais misterioso e criar um estado de interesse no desenrolar de sua trajetória. O que ele deseja? Com qual objetivo foi alçado ao poder? Quais são suas reais intenções? Seu comportamento excêntrico é natural ou cuidadosamente estudado?
Enfim, a série é muito bem produzida e conta com atuações destacadas, além da do próprio Jude Law, Diane Keaton e Silvio Orlando batem uma bola de altíssimo nível. Não raro, cenas deliciosas acontecem quando algum dos dois está presente. Recomendo com vontade e se a série continuar nessa levada, grandes chances de prêmios e reconhecimento vindo por aí.
Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraQuando se prova que não é necessário fazer remake filmes de outras épocas pra ter uma série legal. Stranger Things conseguiu a façanha de capitalizar muito a receptividade do público para com a nostalgia de uma época, um elenco muito bem afinado, uma produção bacana, e um roteiro cheio de referências.
Criou-se uma série simpática e altamente consumível, sem ser simplesmente uma cópia de algum filme dos anos 80. Bastou criar-se uma história simples (sim, porque não) e utilizar-se de tantos, mas tantos, mas taaaantos aspectos oitentistas que o resultado deixou de ser uma mera cópia, mas algo novo, que através da mistura de situações, da troca de alguns clichês e do equilíbrio entre o suspense, o drama, a ficção, criou um produto de qualidade, e embalado com uma qualidade técnica bastante condizente com o sucesso que a série alcançou.
É claro que haters gonna hate (embora uma série tão simpática terá haters muito mais por attentionwhorism do que por coerência mesmo), mas o fato é que Stranger Things deu muito certo, agradou muita, muita gente e chega a deixar dúvidas de que caso haja uma segunda temporada, será capaz repetir o sucesso dessa primeira. Já entrou pra história dos sucessos televisivos. Durma-se com um Demogorgon desses.
Mr. Robot (1ª Temporada)
4.5 1,0KProdução perfeita, bem cuidada, bem atuada, uma festa visual em um ambiente urbano e tecnológico, onde não é normal esse tipo de direção artística ser tão bem-sucedida. A série vinha me conquistando até o meio da primeira temporada, com um clímax absurdo no episódio do desfecho da situação da Shayla.
Passado esse pico, a história infelizmente descambou para um crescente de utilização do mesmo recurso para evidenciar a confusão mental a um ponto onde certos recursos narrativos e soluções de roteiro que a princípio eram algo muito cinematográfico, mas coisas muito bem-vindas por serem pouco comuns no universo das séries (se bem dosadas) passaram a ser utilizadas em demasia, tornando a série mais e mais cansativa e desfocada. Todas as surpresas e reviravoltas que iam se acumulando iam gradativamente perdendo seu impacto à medida em que seu uso ia sendo banalizado no roteiro.
No fim da primeira temporada, fica aquela ponta de preocupação: será que a segunda temporada consegue manter a qualidade artístico-autoral-técnica tão diferenciada que conquistou tantas pessoas ou essa nova personalidade tão esquizofrênica e desconfortavelmente esponjosa que o roteiro assumiu no último terço da primeira temporada vai virar a tônica da série.
Ainda pensando se assisto a segunda ou não...
Demolidor (2ª Temporada)
4.3 967 Assista AgoraNão consegui gostar tanto da segunda temporada quanto gostei da primeira. O nível de qualidade da série continuou bem alto, no quesito produção, irretocável. Sigo sendo fã da série por conta do respeito demonstrado para com o visual, a atmosfera e a ambientação, algo que ajuda muito a nos transportar para o universo dos personagens. Esse aspecto, por bem, se manteve da 1ª para a 2ª temporada, e foi o que me fez não desanimar da série.
O que ficou flagrante nessa segunda temporada em face à primeira foi um certo desequilíbrio entre faltas e excessos. Se quando anunciado eu duvidei um pouco do quão seria bom o Justiceiro do Jon Bernthal, posso dizer que essa foi a grata surpresa da temporada. O ator soube incorporar um Frank Castle que ao meu ver, dialoga muito mais com a versão dos quadrinhos do que na grande maioria das tentativas de adaptações do personagem para o cinema. No quesito personificação, interpretação, nota 10. O maior problema do personagem foi o desequilíbrio, onde pudemos vê-lo muito pouco em ação, seja contra/ao lado do Demolidor, seja fazendo o que ele faz melhor. Em contrapartida, as cenas "dramalhão" "buá buá perdi minha família me ajuda moça" que nos quadrinhos são praticamente inexistentes, aqui tiveram um tamanho enorme. Daí o desequilíbrio.
As cenas de ação e violência, algo que fez diferença na série em sua primeira temporada avançaram pouco, sendo que em alguns momentos apareceu um certo caráter de simples repetição de fórmula. Um exemplo disso é a famosa "cena do corredor" da primeira temporada que teve um verdadeiro xerox nessa temporada. Não deixam de ser boas cenas, mas fica flagrante que a produção apostou demais em uma fórmula pronta que deu certo. O problema é que a repetição excessiva desgasta até mesmo uma excelente ideia.
Um pouco incômodo também foi o excesso de fermento que colocaram na Karen. Não importa que Deborah Ann Woll seja linda, charmosa, um verdadeiro eye candy. O problema é que se começam a dar tanto tempo de tela para um personagem que não tem esse peso, o desequilíbrio começa a aumentar. Nessa temporada, só faltou a Karen vestir um uniforme e começar a bater em bandidos também, ou descobrir que tem algum superpoder. É compreensível que na primeira temporada a atriz tenha se destacado com sua personagem, mas usar esse fato para inchar de maneira artificial a personagem dentro da trama faz a coisa ficar meio forçada.
A absurda investigação de Karen na casa de Frank Castle, que levou à desnecessária subtrama da "origem do Justiceiro", perigosamente diversa da dos quadrinhos é um exemplo, do quanto a série se distanciar demais do material de origem pode acabar diminuindo seu interesse.
Por fim, o elo fraco da série ficou com a Elektra de Elodie Yung. Faltou charme, faltou química, faltou um desenvolvimento melhor da personagem. Por algum motivo, a capacidade que Jon Bernthal teve de "vestir" o Justiceiro foi a capacidade que Elodie Yung não teve de "vestir" Elektra. Enquanto o matador de gangsters de Bernthal era facilmente identificável com sua contraparte nos quadrinhos, a assassina ninja de Yung precisava de um esforço enorme para que a associássemos à personagem que Frank Miller desenvolveu de maneira magistral. Mas não tem problema, mesmo com mais problemas que na primeira temporada, Demolidor ainda tem muita lenha pra queimar, sendo hoje um material baseado em quadrinhos melhor do que muito filme de estúdio grande. Sigo fã da série e aguardo uma terceira temporada.