Desde Kurosawa-Mifune ou Truffaut-Léaud, tivemos algumas colaborações diretor-ator que marcaram suas respectivas épocas. Este filme é o exemplo definitivo de por que James Gray e Joaquin Phoenix marcam a nossa.
Era Uma Vez em Nova York (The Immigrant) conta a história de Ewa (Marion Cotillard), uma imigrante polonesa que aceita a ajuda do cafetão Bruno (Joaquin Phoenix) quando sua irmã é barrada de entrar em Nova York por ter uma doença pulmonar. Enquanto isso, o mágico Emil (Jeremy Renner), primo de Bruno, se envolve com Ewa e traz a ela um lado que Bruno não seria capaz de trazer.
Como todos triângulos amorosos, temos aqui os dois lados de uma moeda. Bruno é cru, frio e direto sobre seus sentimentos e vontades, como um homem rico e poderoso pode (ou poderia, na década de 20 em Nova York) ser. Enquanto Emil é doce e cheio de ilusões, bem como Orlando, o pseudônimo mágico que encarna nos palcos dos bares da cidade.
Essa dualidade funciona de maneira excepcional, nesta obra prima contemporânea, pelas atuações. Marion Cotillard faz uma Ewa indecisa e perdida no mundo, buscando apenas o bem de quem ama. Marion atua de maneira minimalista e contida, porém seus olhos melancólicos com sotaque polonês dizem tudo o que há de necessário.
Dito isso, Joaquin Phoenix é o astro do filme. Um dos melhores atores de sua geração, o porto-riquenho dá uma performance perturbadamente genial em uma de suas mais bem escritas personagens. Se faltava algo a ser provado depois de O Mestre (2012, Paul Thomas Anderson), está óbvio agora que Phoenix é, indubitavelmente, um gênio na frente das câmeras.
O figurino e o set não deixam a desejar, retratando de maneira já muito comum a Nova York dos anos 20. A trilha sonora, porém, tragicamente acompanha o ritmo do filme como duas crianças correndo de mãos dadas - uma nunca deixando a outra ficar muito para trás
A direção de Gray é muito parecida com a de seus trabalhos anteriores, a paleta talvez um pouco mais depressivamente amarela, e a câmera estática, mas nunca monótona.
James Gray é um excelente cineasta e um ótimo diretor de atores, sua parceria com Joaquin Phoenix está, agora, mais estabelecida do que nunca; Marion Cotillard prova que sabe atuar tão bem em polonês quanto em inglês ou francês; Jeremy Renner não se destaca, porém acompanha bem o resto do elenco.
Era Uma Vez em Nova York é um filme difícil, pesado, porém recompensador, talvez como a própria vida de Ewa em Nova York.
Filme que pode ser visto como definitiva homenagem a Beethoven mistura temas de maneira competente com elenco capaz e roteiro coeso.
O Último Concerto conta a história de um quarteto músical composto pelo casal Robert e Juliette (Philip Seymour Hoffman; Catherine Keener), Peter (Christopher Walken) - a figura paterna da esposa - e Daniel (Mark Ivanir), um ex-namorado dela. Quando Peter descobre que tem Parkinson em fase inicial, as vidas de todos os membros do Quarteto Fugue começam a desmoronar. Assim que essa trama se desenvolve, várias outras secundárias começam a seguir. Algumas tão boas quanto, outras mais fracas, porém nenhuma chega a ser cansativa.
O filme, dirigido por Yaron Zilberman, é o seu primeiro longa de ficção. E apesar de a direção não ser fraca, é um dos poucos elementos que não chama atenção. Ao contrário, por exemplo, das atuações esplêndidas que dão o tom ao filme.
Temos Philip Seymour Hoffman muito à vontade em um papel contido e reprimido, porém quando precisa extravasar, faz da maneira que melhor sabe. Catherine Keener faz a personagem mais emocionante/emocionada do filme e passa tamanha emoção para o espectador de maneira delicada e ao mesmo tempo imponente enquanto Christopher Walken dispensa comentários em um dos seus melhores papéis dos últimos dez anos. E Mark Ivanir, apesar de não conseguir chegar ao nível de seus três colegas, dá uma performance boa, sem chamar muita atenção.
Contudo, foco precisa ser dado para a jovem Imogen Poots, que faz Alexandra, a filha de Robert e Juliette. Imogen, que tem apenas 25 anos, consegue atuar de maneira surpreendente, segurar cenas com veteranos como Walken ou Hoffman e ainda se destacar. Tem, por exemplo, uma cena de discussão, mais ou menos no meio do filme, com a mãe que é um exemplo de atuação.
A cinematografia é fechada e quase claustrofóbica, deixando clara a situação que os personagens estão vivendo. E o roteiro tem algumas tramas secundárias que poderiam ser cortadas, mas não é menos competente por isso. Temos, por exemplo, cenas em que o passado de um personagem é contado através de uma frase dita pelo próprio. E dita tão bem que nenhum flashback é necessário, pois, ouvindo aquilo, o espectador entende o que o personagem quer dizer.
Há também a bela trilha sonora - que não poderia deixar de ser em um filme sobre música clássica - que faz uma homenagem da natureza mais pura ao Opus 131, de Beethoven.
O Último Concerto é um filme minimalista e frio, uma belíssima homenagem ao maior compositor de todos os tempos e repleto de atuações talentosas e sucintas. Poderia ter 15 minutos a menos, e algumas subtramas não chamam atenção, mas é um filme que merece ser assistido.
O filme mais ousado de Buñuel, A Idade do Ouro tem um ar documentarista único, até então, no surrealismo.
Luis Buñuel e Salvador Dalí se juntam novamente para criar algo tão genial quanto Um Cão Andaluz [1929]. Um filme mais ácido e crítico do que Cão, A Idade do Ouro não tem medo de ser direto e apontar alguns dedos.
A sinopse, se existe uma no surrealismo, é de um homem e uma jovem mulher que querem muito ficar juntos porém sempre são impedidos por algo ou alguém. Mas os primeiros minutos do filme são um documentário sobre escorpiões. Quem senta no cinema esperando um filme "romântico" e recebe isso deve, definitivamente, se surpreender.
Porém o filme não faz mal em logo mudar o seu foco para uma quase guerra civil entre soldados/igreja e os maiorquinos. Cria-se uma história que mostra o quanto veio a influenciar John Ford e Alfred Hitchcock, mais para frente, contudo o filme não perde o tom surrealista já esperado da dupla, a essa altura.
Logo mais o filme muda de foco, desta vez focando na jovem garota que quer o homem misterioso. E aí sim temos a melhor parte da história.
O amor entre uma garota que tem tendências sadomasoquistas e um homem violento é algo quase cômico de tão inteligente. Temos, nesse período do filme, algumas das cenas mais engraçadas e também as mais críticas. Buñuel ataca a burguesia, a religião e a modernidade falando sobre sexo e morte - tabus tanto na época quanto hoje em dia.
A Idade de Ouro é definitivamente um filme à frente de seu tempo, com uma direção brilhante de Buñuel, metáforas e alusões visualmente geniais e críticas sociais e políticas sobre temas importantíssimos e cada vez mais atuais.
Luis Buñuel mistura sádicas analogias visuais com uma edição revolucionária e mostra porque é, e deve permanecer sendo, o mestre do surrealismo no cinema.
Um Cão Andaluz faz em 16 minutos o que muitos filmes falham em fazer em duas horas: surpreender. Buñuel, junto com Salvador Dalí, cria um universo em que nada faz muito sentido, e isso é aceitável, porque, nesse universo, nada precisa fazer.
Buñuel sempre calcou seu filme em sonhos e na não realidade, muito mais aceita por ele do que a própria realidade. Ao contrário da maioria dos diretores, ele quis alienar os espectadores.
Usando técnicas revolucionárias para a época e atuais até hoje, Buñuel, junto com Dalí, criou algumas das cenas mais icônicas da história do cinema, em seu primeiro curta-metragem. Não deve haver um ser humano que não conheça a cena da nuvem cortando o céu e, em seguida, da navalha cortando o olho. Ou a cena em que começam a nascer formigas da palma da mão de um homem. Ou a cena dos burros nos pianos.
É um erro tentar entender esse filme e um erro maior ainda tentar explicá-lo. Um Cão Andaluz, um título que faz tão pouco sentido quanto o filme em si, pode ser interpretado de diversas maneiras, e, como todo filme surrealista, não há certo ou errado. O cinismo sádico que Buñuel cria é único e não deve, nunca, ser esquecido.
Brincando com humor negro, o novo drama de David Fincher (Seven; Clube da Luta) traz cinismo e suspense em uma combinação que é a especialidade do diretor.
Gone Girl conta a história de Amy Dunne (Rosamund Pike), uma subcelebridade que, em seu 5º aniversário de casamento, desaparece misteriosamente. O seu casamento com Amy estando em um momento difícil faz de Nick (Ben Affleck) o principal suspeito no desaparecimento.
Fincher volta, com Gone Girl, às suas raízes dirigindo um filme irônico e tortuoso que traz o espectador à extremidade de seu assento diversas vezes ao longo do filme. O roteiro, escrito por Gillian Flynn (autora do livro no qual o filme é baseado), é algésico de tão humano e niilista (passivo).
O extraordinário, porém, é o eficiente elenco. Enquanto Affleck mostra que consegue atuar sob o comando de outro diretor (além de si próprio), Pike está estonteante em uma performance que é, irrefutavelmente, a melhor de sua carreira. O destoante (positivamente), porém, é a relação de coadjuvantes que destoam mais da classificação que do resto do filme. Temos Carrie Coon como a irmã gêmea de Nick, Tyler Perry como um advogado canastrão e Neil Patrick Harris fazendo um ex-namorado ainda apaixonado por Amy. Harris é, talvez, o elo mais fraco em um filme que beira a perfeição, com uma performance quase unilateral.
A trilha sonora da dupla Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Atticus Ross é impecável e acompanha o filme de maneira magistral, o que solidifica a parceria Reznor-Ross/Fincher. A fotografia é maravilhosa e brinca com a história de uma maneira que poucos sabem fazer.
A nudez e a violência não podem chegar a ser consideradas excessivas, mas são sim essenciais para a trama do filme. Sinuoso e labiríntico desde o começo, é difícil falar sobre Gone Girl sem estragar a experiência do espectador. Mas o que pode ser dito é: ninguém é quem parece ser.
Um filme longo (149 min) e denso, Gone Girl é fincado em relacionamentos, desde o casamento desgastado de Nick e Amy, até o relacionamento fraterno mais puro possível entre Nick e Margo e, enquanto faz uma crítica à mídia contemporânea, humaniza, em uma história pitoresca, seus personagens - sem pintá-los de preto ou de branco.
O Pátio
3.1 30Glauber fazendo Godard
Era Uma Vez em Nova York
3.5 295 Assista AgoraERA UMA VEZ EM NOVA YORK [2014] - CRÍTICA
Desde Kurosawa-Mifune ou Truffaut-Léaud, tivemos algumas colaborações diretor-ator que marcaram suas respectivas épocas. Este filme é o exemplo definitivo de por que James Gray e Joaquin Phoenix marcam a nossa.
Era Uma Vez em Nova York (The Immigrant) conta a história de Ewa (Marion Cotillard), uma imigrante polonesa que aceita a ajuda do cafetão Bruno (Joaquin Phoenix) quando sua irmã é barrada de entrar em Nova York por ter uma doença pulmonar. Enquanto isso, o mágico Emil (Jeremy Renner), primo de Bruno, se envolve com Ewa e traz a ela um lado que Bruno não seria capaz de trazer.
Como todos triângulos amorosos, temos aqui os dois lados de uma moeda. Bruno é cru, frio e direto sobre seus sentimentos e vontades, como um homem rico e poderoso pode (ou poderia, na década de 20 em Nova York) ser. Enquanto Emil é doce e cheio de ilusões, bem como Orlando, o pseudônimo mágico que encarna nos palcos dos bares da cidade.
Essa dualidade funciona de maneira excepcional, nesta obra prima contemporânea, pelas atuações. Marion Cotillard faz uma Ewa indecisa e perdida no mundo, buscando apenas o bem de quem ama. Marion atua de maneira minimalista e contida, porém seus olhos melancólicos com sotaque polonês dizem tudo o que há de necessário.
Dito isso, Joaquin Phoenix é o astro do filme. Um dos melhores atores de sua geração, o porto-riquenho dá uma performance perturbadamente genial em uma de suas mais bem escritas personagens. Se faltava algo a ser provado depois de O Mestre (2012, Paul Thomas Anderson), está óbvio agora que Phoenix é, indubitavelmente, um gênio na frente das câmeras.
O figurino e o set não deixam a desejar, retratando de maneira já muito comum a Nova York dos anos 20. A trilha sonora, porém, tragicamente acompanha o ritmo do filme como duas crianças correndo de mãos dadas - uma nunca deixando a outra ficar muito para trás
A direção de Gray é muito parecida com a de seus trabalhos anteriores, a paleta talvez um pouco mais depressivamente amarela, e a câmera estática, mas nunca monótona.
James Gray é um excelente cineasta e um ótimo diretor de atores, sua parceria com Joaquin Phoenix está, agora, mais estabelecida do que nunca; Marion Cotillard prova que sabe atuar tão bem em polonês quanto em inglês ou francês; Jeremy Renner não se destaca, porém acompanha bem o resto do elenco.
Era Uma Vez em Nova York é um filme difícil, pesado, porém recompensador, talvez como a própria vida de Ewa em Nova York.
5/5
Dois Dias, Uma Noite
3.8 543A melhor atriz de sua geração
O Último Concerto
3.6 48 Assista grátisO ÚLTIMO CONCERTO [2014]
Filme que pode ser visto como definitiva homenagem a Beethoven mistura temas de maneira competente com elenco capaz e roteiro coeso.
O Último Concerto conta a história de um quarteto músical composto pelo casal Robert e Juliette (Philip Seymour Hoffman; Catherine Keener), Peter (Christopher Walken) - a figura paterna da esposa - e Daniel (Mark Ivanir), um ex-namorado dela. Quando Peter descobre que tem Parkinson em fase inicial, as vidas de todos os membros do Quarteto Fugue começam a desmoronar. Assim que essa trama se desenvolve, várias outras secundárias começam a seguir. Algumas tão boas quanto, outras mais fracas, porém nenhuma chega a ser cansativa.
O filme, dirigido por Yaron Zilberman, é o seu primeiro longa de ficção. E apesar de a direção não ser fraca, é um dos poucos elementos que não chama atenção. Ao contrário, por exemplo, das atuações esplêndidas que dão o tom ao filme.
Temos Philip Seymour Hoffman muito à vontade em um papel contido e reprimido, porém quando precisa extravasar, faz da maneira que melhor sabe. Catherine Keener faz a personagem mais emocionante/emocionada do filme e passa tamanha emoção para o espectador de maneira delicada e ao mesmo tempo imponente enquanto Christopher Walken dispensa comentários em um dos seus melhores papéis dos últimos dez anos. E Mark Ivanir, apesar de não conseguir chegar ao nível de seus três colegas, dá uma performance boa, sem chamar muita atenção.
Contudo, foco precisa ser dado para a jovem Imogen Poots, que faz Alexandra, a filha de Robert e Juliette. Imogen, que tem apenas 25 anos, consegue atuar de maneira surpreendente, segurar cenas com veteranos como Walken ou Hoffman e ainda se destacar. Tem, por exemplo, uma cena de discussão, mais ou menos no meio do filme, com a mãe que é um exemplo de atuação.
A cinematografia é fechada e quase claustrofóbica, deixando clara a situação que os personagens estão vivendo. E o roteiro tem algumas tramas secundárias que poderiam ser cortadas, mas não é menos competente por isso. Temos, por exemplo, cenas em que o passado de um personagem é contado através de uma frase dita pelo próprio. E dita tão bem que nenhum flashback é necessário, pois, ouvindo aquilo, o espectador entende o que o personagem quer dizer.
Há também a bela trilha sonora - que não poderia deixar de ser em um filme sobre música clássica - que faz uma homenagem da natureza mais pura ao Opus 131, de Beethoven.
O Último Concerto é um filme minimalista e frio, uma belíssima homenagem ao maior compositor de todos os tempos e repleto de atuações talentosas e sucintas. Poderia ter 15 minutos a menos, e algumas subtramas não chamam atenção, mas é um filme que merece ser assistido.
4/5
A Idade do Ouro
3.8 85A IDADE DO OURO [1930]
O filme mais ousado de Buñuel, A Idade do Ouro tem um ar documentarista único, até então, no surrealismo.
Luis Buñuel e Salvador Dalí se juntam novamente para criar algo tão genial quanto Um Cão Andaluz [1929]. Um filme mais ácido e crítico do que Cão, A Idade do Ouro não tem medo de ser direto e apontar alguns dedos.
A sinopse, se existe uma no surrealismo, é de um homem e uma jovem mulher que querem muito ficar juntos porém sempre são impedidos por algo ou alguém. Mas os primeiros minutos do filme são um documentário sobre escorpiões. Quem senta no cinema esperando um filme "romântico" e recebe isso deve, definitivamente, se surpreender.
Porém o filme não faz mal em logo mudar o seu foco para uma quase guerra civil entre soldados/igreja e os maiorquinos. Cria-se uma história que mostra o quanto veio a influenciar John Ford e Alfred Hitchcock, mais para frente, contudo o filme não perde o tom surrealista já esperado da dupla, a essa altura.
Logo mais o filme muda de foco, desta vez focando na jovem garota que quer o homem misterioso. E aí sim temos a melhor parte da história.
O amor entre uma garota que tem tendências sadomasoquistas e um homem violento é algo quase cômico de tão inteligente. Temos, nesse período do filme, algumas das cenas mais engraçadas e também as mais críticas. Buñuel ataca a burguesia, a religião e a modernidade falando sobre sexo e morte - tabus tanto na época quanto hoje em dia.
A Idade de Ouro é definitivamente um filme à frente de seu tempo, com uma direção brilhante de Buñuel, metáforas e alusões visualmente geniais e críticas sociais e políticas sobre temas importantíssimos e cada vez mais atuais.
5/5
Um Cão Andaluz
4.1 707UM CÃO ANDALUZ [1929]
Luis Buñuel mistura sádicas analogias visuais com uma edição revolucionária e mostra porque é, e deve permanecer sendo, o mestre do surrealismo no cinema.
Um Cão Andaluz faz em 16 minutos o que muitos filmes falham em fazer em duas horas: surpreender. Buñuel, junto com Salvador Dalí, cria um universo em que nada faz muito sentido, e isso é aceitável, porque, nesse universo, nada precisa fazer.
Buñuel sempre calcou seu filme em sonhos e na não realidade, muito mais aceita por ele do que a própria realidade. Ao contrário da maioria dos diretores, ele quis alienar os espectadores.
Usando técnicas revolucionárias para a época e atuais até hoje, Buñuel, junto com Dalí, criou algumas das cenas mais icônicas da história do cinema, em seu primeiro curta-metragem. Não deve haver um ser humano que não conheça a cena da nuvem cortando o céu e, em seguida, da navalha cortando o olho. Ou a cena em que começam a nascer formigas da palma da mão de um homem. Ou a cena dos burros nos pianos.
É um erro tentar entender esse filme e um erro maior ainda tentar explicá-lo. Um Cão Andaluz, um título que faz tão pouco sentido quanto o filme em si, pode ser interpretado de diversas maneiras, e, como todo filme surrealista, não há certo ou errado. O cinismo sádico que Buñuel cria é único e não deve, nunca, ser esquecido.
5/5
Veludo Azul
3.9 777 Assista AgoraIsabella Rossellini, sua linda <3
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraGONE GIRL [2014] - CRÍTICA
Brincando com humor negro, o novo drama de David Fincher (Seven; Clube da Luta) traz cinismo e suspense em uma combinação que é a especialidade do diretor.
Gone Girl conta a história de Amy Dunne (Rosamund Pike), uma subcelebridade que, em seu 5º aniversário de casamento, desaparece misteriosamente. O seu casamento com Amy estando em um momento difícil faz de Nick (Ben Affleck) o principal suspeito no desaparecimento.
Fincher volta, com Gone Girl, às suas raízes dirigindo um filme irônico e tortuoso que traz o espectador à extremidade de seu assento diversas vezes ao longo do filme. O roteiro, escrito por Gillian Flynn (autora do livro no qual o filme é baseado), é algésico de tão humano e niilista (passivo).
O extraordinário, porém, é o eficiente elenco. Enquanto Affleck mostra que consegue atuar sob o comando de outro diretor (além de si próprio), Pike está estonteante em uma performance que é, irrefutavelmente, a melhor de sua carreira. O destoante (positivamente), porém, é a relação de coadjuvantes que destoam mais da classificação que do resto do filme. Temos Carrie Coon como a irmã gêmea de Nick, Tyler Perry como um advogado canastrão e Neil Patrick Harris fazendo um ex-namorado ainda apaixonado por Amy. Harris é, talvez, o elo mais fraco em um filme que beira a perfeição, com uma performance quase unilateral.
A trilha sonora da dupla Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Atticus Ross é impecável e acompanha o filme de maneira magistral, o que solidifica a parceria Reznor-Ross/Fincher. A fotografia é maravilhosa e brinca com a história de uma maneira que poucos sabem fazer.
A nudez e a violência não podem chegar a ser consideradas excessivas, mas são sim essenciais para a trama do filme. Sinuoso e labiríntico desde o começo, é difícil falar sobre Gone Girl sem estragar a experiência do espectador. Mas o que pode ser dito é: ninguém é quem parece ser.
Um filme longo (149 min) e denso, Gone Girl é fincado em relacionamentos, desde o casamento desgastado de Nick e Amy, até o relacionamento fraterno mais puro possível entre Nick e Margo e, enquanto faz uma crítica à mídia contemporânea, humaniza, em uma história pitoresca, seus personagens - sem pintá-los de preto ou de branco.
5/5
Pedro Dib
Capote
3.8 372 Assista AgoraHoffman, seu gênio <3
Gran Torino
4.2 1,5K Assista Agoraque final incrível!
Lucy
3.3 3,4K Assista AgoraAh, Luc Besson... o que houve? :/
Apocalypse Now
4.3 1,2K Assista AgoraAh, Brando <3