Tem boas subtramas, ousadia visual (as mulheres se beijam pra valer, muita pele à mostra), questões relevantes sobre maternidade, família e traição no contexto das mulheres homossexuais ou bissexuais, vistas aqui como nunca foram tratadas antes, ou seja, com franqueza e sem pudores.
Pena que o elenco seja irregular (o destaque é a ótima Jennifer Beals, muito carismática) e, principalmente, tenha um quê de classe média estadunidense que me bloqueou na empatia com alguns trechos, como o ridículo enterro do gato no episódio final. Nessas horas, a série parece virar uma espécie de Sex & The City com lésbicas, o que compromete bastante o resultado final. Mas não foi o suficiente para desmerecer a experiência, sobretudo pelo ótimo arco que envolve a conturbada descoberta da bissexualidade de Jenny (Mia Kirshner, do Dália Negra, faz uma cara de dó irresistivelmente tesuda). Vale a assistida, mas com ressalvas.
Com personagens cativantes e elenco afiado, encabeçado pelo competente Michael C. Hall no papel-título, a série narra os tormentos e descobertas de um serial killer que trabalha no departamento da polícia de Miami.
Filho adotivo de um policial ilustre (vivido com austeridade pelo ótimo James Remar), cuja doutrina compõe o "Código de Harry" que dirige seus assassinatos (sempre endereçados à criminosos, rigorosamente investigados antes do ataque), Dexter Morgan tornou-se especialista na investrigação forense de pistas relacionadas à sangue de vítimas de homicídio. A rotina do protagonista, dividida entre o trabalho pacato na investigação policial durante o dia e os assassinatos à noite, é conturbada com o surgimento de outro serial killer, cuja ação parece estar vinculada com o passado trágico de Dexter, que é levado à uma jornada de auto-descobrimento com mil reviravoltas por episódio, até o desfecho arrebatador.
O melhor da série com certeza é o roteiro, que faz ótimo uso da narração em off, amarra todas as pontas com brilhantismo e traz corajosas (e perturbadoras) discussões morais em seu bojo, especialmente no tocante ao antagonista, cujo aparecimento está logo no meio da temporada, mas com revelações mostradas à conta-gotas até a última, no clímax, de arrepiar os cabelos do pé. Além disso, Dexter aproveita-se com maestria da linguagem episódica de série televisiva, deixando o espectador roendo as unhas no fim de cada capítulo, ansioso pelo próximo. Tanto é que vi toda essa primeira temporada em dois dias!
P.S.: Existe uma subtrama nas entrelinhas, muito latente (embora perdida na próxima temporada) sugerindo uma carência afetiva muito especial da irmã de Dexter pelo nosso (anti)herói. Eu curti, claro!
Após uma primeira temporada de tirar o fôlego, a qualidade da série caiu drasticamente nessa segunda temporada, de 2007, cujos episódios finais são vergonhosos pelo número de furos abissais no roteiro (o qual era justamente o grande trunfo da temporada de 2006), sobretudo aqueles relativos ao encarceramento do sargento Doakes. Esses últimos episódios, por sinal, são com certeza os piores da série entre os que já conferi, ficando muito aquém do final perturbador da temporada antecessora.
Há abandono de subtramas promissoras da primeira temporada e algumas surgidas nos episódios iniciais da segunda (o dilema de Rita entre confiar ou não no ex-marido presidiário; a obsessão da Tenente Laguerta pela recuperação do posto, chegando à uma solução controversa; um possível affair entre a mãe e o pai adotivo de Dexter, etc, etc, etc). Os personagens secundários perderam o foco do roteiro, caso do carismático oficial hispânico Angel, para dar lugar à novos coadjuvantes insossos, como a sogra de Dexter e, sobretudo, a ex-junkie obsessiva Lila, sem dúvidas o ponto mais baixo dessa temporada.
Apesar de tudo isso, Dexter ainda tem suas virtudes nesses episódios de 2007. Os episódios contam com ótimas performances (Rita contando aos prantos a morte de um dos personagens impressionou bastante) e o carisma da policial Debra Morgan, irmã do protagonista, muito impulsiva, mas autêntica e espontânea (com direito à palavrões divertidíssimos), à meu ver a melhor personagem da série. Algumas tiradas ácidas da narração em off sobre a investigação dos corpos deixados por Dexter também ajudam a salvar a segunda temporada do fiasco total. Mas não foi o suficiente pra chegar aos pés da primeira.
Na minha modesta opinião a melhor temporada da série. O roteiro está bem afinado e os coadjuvantes são aproveitados na plenitude em torno da trama principal envolvendo a investigação da Strike Team. Até a Claudette, que era um pé no saco nas temporadas anteriores, foi bem mobilizada, inclusive na relação com o workaholic Dutch Wagenbach (Jay Karnes), personagem com o qual mais me identifico. Os únicos que ficaram deslocados são a novata incompetente Tina e o homossexual enrustido Julien, cuja promissora subtrama que permeou as duas primeiras temporadas parece ter sido abandonada de vez.
Mas é muito pouco para comprometer as virtudes dos onze episódios que The Shiled lançou em 2006, com ênfase para a competência do elenco. Quem rouba a cena é o astro convidado, Forest Whitaker, ator que geralmente me soa patético demais mas que andava em estado de graça naquela época - mesmo ano em que fez bonito com seu papel oscarizado em O Último Rei da Escócia.
Kavanaugh, o investigador da corregedoria vivido por Whitaker, é comovente sem cair no coitadismo, despertando (ao menos em mim) até uma certa admiração pela determinação em obter a verdade sobre o Strike Team, engolindo sapos pessoais relativos à instável ex-esposa (numa performance estupenda de Gina Torres, da série "Firefly"), que aparece no meio da temporada causando enorme rebuliço e confere outras nuances ao conflito de Kavanaugh. Em contrapartida, a Strike Team do ultra reacionário Vic Mackey nunca foi tão ambígua entre as mentiras pra encobrir o passado sujíssimo, de um lado, e a união inabalável entre seus membros, de outro. A partir daí, os roteiristas bolaram um crescendo de suspense e dilemas morais que culminam num desfecho pra lá de antológico - mérito de Shane, o Fredo Corleone da série.
A sexta temporada da série é sem sombra de dúvidas a pior. Essa impressão fica ainda mais forte se lembrarmos o quanto a temporada anterior foi boa, deixando uma pá de oportunidades para os roteiristas explorarem subtramas nos dez episódios de 2007. A resolução para o empreendimento de Jon Kavannaugh é simplória, além do irritante Shane ter assumido de vez sua faceta mais patética e hipócrita. E o que dizer, então, da descoberta de Vic sobre o grande segredo de Shane, que ocorre sem a menor tensão? E não pára por aí: os novos integrantes da Strike Team, incluindo o subexplorado Julien, pouco ou nada tem a dizer e apenas somam a inexpressividade do chatíssimo Ronnie.
Vale notar que apesar desta ser a temporada mais curta, é de um marasmo inacreditável a partir do terceiro episódio até o penúltimo, quando a coisa finalmente engata e The Shield mostra sua força ao recuperar o trauma de David Aceveda na terceira temporada. Mas nem assim posso elogiar esses últimos capítulos sem ressalvas, já que justamente quando a proposta dos episódios de 2007 decola tudo parece truncado e os roteiristas mais prometem do que cumprem, deixando um excesso de subtramas para ganhar resolução em 2008, quando a série termina. Bem diferente do que vimos na quinta temporada, a qual apesar de deixar alguns ganchos não teve medo de lançar um clímax ousado que encerrava parcialmente o arco dramático sobre a investigação da Strike
Após dez episódios medíocres na temporada anterior, o criador Shawn Ryan e os roteiristas conseguiram dar a volta por cima ao findar a jornada da decadente e abalada Strike Team com maestria, deixando poucas pontas soltas até o clímax. Na verdade essa temporada só não foi melhor porque a personagem loira da Imigração (Laurie Holden, apática) tem muito espaço e foi inserida na trama de modo meio intrusivo, sem dúvidas para tornar viável a saída encontrada para Vic Mackey no desfecho.
Mais uma vez me identifiquei bastante com o detetive loser social Dutch (Jay Karnes, impagável), o qual ficou mais maduro e lúcido a cada episódio, mas também mais workaholic e obsessivo. O contraponto de Ducth desde a sexta temporada é o folgado desprezível Billings, que arranja até uma subtrama de plantar provas na casa de ex-detento para garantir o sono dos "cidadãos de bem" ianques. Discussões sobre a necessidade de se comprometer etica e profissionalmente com os impostos que bancam a polícia vieram a calhar no conflito entre ambos, mas pra mim ficou um gosto de assunto pouco explorado, tal como ocorreu com a "conversão" heterossexual de Julien, tema pertinente negligenciado desde 2004, sem retorno.
Nos episódios finais há um crescendo de tensão corretamente centrado nas figuras do reacionário corrupto Mackey, de um lado, e o emocional e patético Shane, do outro. No miolo da última temporada os criadores apontam claramente pra uma solução meio moralista com o pega pra capar entre os tiras da combalida Strike Team, previsão confirmada apenas em parte. O roteiro, apoiado nas performances estupendas de Chiklis e Goggins, encontrou uma solução criativa que foge de clichês e dá um encerramento irônico, mas ainda perturbador, para a trilha de sangue legada por Mackey.
Uma curiosidade: reparei que The Shield é bem melhor e mais homogênea em todas as temporadas ímpares, enquanto as pares são progressivamente inferiores.
Se você achou brusca a queda da primeira para a segunda temporada da série Dexter, não perde por esperar. Esta terceira é ainda mais monótona, clichê e vazia que a anterior.
Como as tramas relativas ao cotidiano do mentalmente perturbado Dexter Morgan (Michael C. Hall, perdendo a mão em seu trabalho mais canastrão na série) foram dissecadas ao longo dos vinte e quatro episódios anteriores, sobrou para os roteiristas improvisarem novas idéias visando injetar criatividade no programa televisivo. Algumas idéias são até louváveis, porém mal aproveitadas, como a migraçar das memórias do pai adotivo (James Remar) para o presente, rompendo com os flashbacks que víamos antes.
Entretanto, o turbilhão de idéias apresentadas ao longo dos maçantes cinco primeiros episódios (levaram metade da temporada só pra "introduzir" as novas tramas!) se perde no excesso e caiu em desdobramentos clichês, como o insosso romance de Debra com o informante; ou então são simplesmente abandonadas, como a polêmica morte em legítima defesa do irmão de um promotor no primeiro episódio.
O que dizer, então, da ultra previsível trama principal, com o estereotipado "chicano" fazendo as vezes de amigo de Dexter? Fica ainda pior quando metem o esfolador no meio, pra tentar amarrar às pressas os pontos soltos, com direito a uma luta entre serial killers na qual Dexter é transformado num Indiana Jones psicopata, trocando sopapos e escapando miraculosamente de cativeiros! Risível.
O impossível aconteceu. A guinada da lamentável terceira temporada da série para a quarta é notória, conseguindo até a façanha de aproveitar as deixas das malsucedidas subtramas nas fracas temporadas 2 e 3 de modo criativo. Faltou pouco para alcançarem mais uma vez o brilhantismo da temporada inicial. Cada episódio é um espetáculo em si e sempre nos convida, com efeito, a manter o interesse até o final do último capítulo.
Resgataram o agente Lundy (o veterano Keith Carradine, de Os Duelistas) o inseriram na trama com maestria; elevaram a sempre ótima Debra Morgan (Jennifer Carpenter, excelente!) a um nível de complexidade nunca antes visto, injetando carga dramática forte; progrediram maravilhosamente no senso de responsabilidade de Dexter, agora pai, conflitanto com sua faceta de serial killer; transformaram a insossa Rita numa mulher madura e interessante. TODOS os personagens da temporada foram tratados com respaldo e cuidado.
Os grandes acertos da temporada foram dois. Primeiro, o antagonista vivido com genialidade por John Lithgow, cuja trama tem nuances muito corajosas sobre a hipocrisia da instituição familiar e o papel dos filhos em romper (ou não) com esse legado doentio, regado à hipocrisia. Segundo, toda a discussão, compreendida em vários personagens, sobre a tênue linha que separa as esferas pessoal e profissional, com ênfase no inusitado romance entre dois colegas de trabalho, conhecidos e admirados pelos fãs da série desde 2006.
De quebra, o roteiro ainda nos brinda com um final antológico, contundente e perturbador, levando às últimas consequencias os temores freudianos de Dexter Morgan e reavaliando, de modo polêmico, o peso da instituição familiar sobre si própria.
Decidi conferir esta série sobre investigações de nuances faciais para rastrear mentiras e, com isso, ajudar a polícia ou quem mais se interessar nos serviços do personagem de Tim Roth e seus auxiliares. A premissa é muito boa, porém na prática a série derrapa em erros primários, como se ater demais tecnicamente nas tais "microexpressões" que são o mote da série, dando um tom didático e arrastado à narrativa.
O protagonista Lightman (Roth, eficaz) é endeusado pelo roteiro, quase transformado num polígrafo humano, espécie de House da mentira. Em vista disso, perde-se a chance de explorar as questões morais que de vez em quando pipocam no roteiro, como a fronteira entre o uso profissional das habilidades de Lightman e sua incapacudade de "desligar" o rastreamento das mentiras na esfera pessoal. Os coadjuvantes também são rasos, apesar dos esforços do elenco. É uma pena que o potencial interessante da aprendiz Torres e do sincero compulsivo Loker são desenvolvidos sem muito interesse, preferindo focar as tramas todas nas investigações da trupe, sem complexidade na interação entre personagens.
Também atrapalha o fato de sempre colocarem duas tramas paralelas em cada episódio, ao invés de desenvolver uma linha narrativa que evoque todos os episódios da temporada em prol de uma trama principal (vide Dexter). Porém, a série tem virtudes ao trazer alguns questionamentos pertinentes sobre a onipresença inevitável da mentira na sociedade, onde nem tudo o que parece é, guardando reviravoltas surpreendentes. Certos episódios são muito bem bolados (o das mulheres cegas e o do embaixador coreano são legais), o tema é bem relevante e a gente até consegue acreditar que a tese defendida pelo grupo Lightman, no fundo, pode ter algum embasamento científico.
A série ainda é bem legal até a quarta temporada (os últimos episódios são jóias, estão entre os melhores da série toda), mas se perdeu no excesso de personagens e naquela imbecilidade competitiva com os candidatos às vagas na nova equipe de House, no pior estilo "Roberto Justus encontra Plantão Médico". Dos novos integrantes da equipe, só aquela Treze é legal do início ao fim.
Mesmo sendo a pior das temporadas já conferidas, ainda vale o ingresso pelo carisma do elenco. Alguns episódios são excelentes, como "Mirror Mirror" e o da CIA dirigido por ninguém menos que Juan José Campanella - o argentino recém-oscarizado na categoria Melhor Filme Estrangeiro - com críticas pertinentes à soberba dos States e seu imperialismo na América do Sul. Mas que a old team vai deixar saudades, isso vai!
Depois de uma temporada de transição curta e irregular, a série reafirma sua nova identidade com a new team composta por Thirteen, Taub e Kutner, sendo apenas a primeira interessante e o último criminosamente mal desenvolvido. Da old team só o Foreman continua de fato presente no roteiro, enquanto os saudosos Chase e Cameron se limitam à figuração de luxo.
O que mais foi gritante nessa nova temporada é a cara de novela que ganhou (com direito ao clichê manjadíssimo do casamento no final!), especialmente na condução do sexualmente apreensivo relacionamento do casal Huddy (House + Cuddy). As implicações dessa escolha renderam bons momentos no miolo da temporada, porém culminaram num season finale bem frustrante e covarde, do tipo que promete mas não cumpre, e um certo descaso com o Wilson, que passou meio em branco para privilegiar o desenvolvimento da reitora, sua nova vida como mãe adotiva e a tensão com House (vivido com intensidade pelo sempre carismático Hugh Laurie).
Um episódio que me chamou bastante a atenção foi o vigésimo, com uma reviravolta supostamente grande no todo da série tratada com a devida carga de dramaticidade dentro da estrutura em si do episódio, mas cuja denúncia sobre o conflito interno (não solucionado) de um dos personagens acaba ganhando um amargo sabor de hipocrisia pela negligência do mesmo no todo da temporada, em episódios anteriores e posteriores que simplesmente não se atrevem a meter o dedo na ferida e tornar o personagem menos raso para que a virada ocorrida tivesse mais impacto antes e após a descoberta.
No mais, "House" é que nem sexo: até ruim é bom. Então pra mim é difícil não gostar, mesmo compreendendo que os tempos áureos do doutor anti-social com a old team provavelmente não voltam mais.
A primeira temporada da série é boa, mas nem de longe tudo aquilo que diziam. Todas as posteriores são melhores. Os personagens secundários em geral são rasos, alguns inclusive bem irritantes (destaque para a abominável mãe do protagonista). O próprio Tony Soprano é carismático e leva a série nas costas, mas nem por isso dá pra fazer vista grossa aos defeitos, como o verniz técnico/estético precário (que melhora significativamente a partir da segunda teporada) e alguns momentos bem ruinzinhos, como todo o episódio 10, com certeza o pior da temporada e um dos piores da série.
Só que tem ótimas sacadas, principalmente a inserção da psicanálise e toda a subtrama envolvendo a psiquiatra de Tony, com direito a tensão sexual. Na minha opinião foi o maior acerto dos roteiristas e fica melhor ainda porque tanto o ator que interpreta Tony quanto a atriz da psiquiatra são competentes e tem química em cena. Tem também vários momentos tensos acerca das intrigas familiares na máfia, apesar dos clichês virem carregados nesse aspecto. Vale a conferida sem dúvidas, mas não esperem nenhuma obra-prima logo de cara. Sopranos engata pra valer a partir da season 2.
Embora não seja tão constrangedoramente ruim quanto a terceira, tem o pior season finale da série e o roteiro mais furado, cheio de pontas soltas (a mais gritante é a do caso "Santa Muerte", simplesmente esquecido pelos realizadores no meio do enredo!).
Tem gente que implicou com Lumen, a personagem que Dexter salva lá pelas tantas e vira sua parceira (ideia reciclada da terceira temporada). Eu, particularmente, não tive tantos problemas com ela e até achei a premissa válida, embora mal explorada. O que empacou a trama foi o desenvolvimento pífio dos vilões e as soluções mágicas para a dupla sempre se dar bem, algo especialmente absurdo num
resgate feito na palestra do principal antagonista, que chega a beirar o ridículo de tão improvável!
Todas as tramas paralelas, como os desentendimentos do casal Batista/Laguerta e o já referido caso Santa Muerte, são medonhas de tão ruins. Ao menos dá pra aplaudir o esforço da atriz Jennifer Carpenter no papel de Debra Morgan, pra mim a personagem mais carismática da série. Também tiro o chapéu para o singelo tema musical composto para Lumen, ainda que pouco usado. Mas fora isso, infelizmente, ficou uma sensação frustrante de que o serial killer que marcou as telas na temporada de 2006 e nos surpreendeu novamente em 2009 sofreu uma nova recaída...
Não vejo muita graça em vampiros. Por isso mesmo, senti que a série de Alan Ball, o premiado roteirista de Beleza Americana, só engata lá pelo episódio quatro, quando os realizadores se concentram mais nas subtramas envolvendo os personagens secundários que no insosso casal principal. O elenco está bem à vontade e os personagens são bastante carismáticos, com destaque para o traficante desbocado Lafayette e a desajustada Tara.
True Blood exige um pouquinho de vista grossa com as coincidências e reviravoltas mirabolantes demais que o roteiro arranja pra tocar o enredo, mas os diretores foram espertos no uso dos efeitos visuais bons e discretos (tirando os "flashes" relativos a super velocidade dos vampiros, que são bem intrusivos) e principalmente na mão firme ao conduzir o elenco brilhante. Boa pedida, mas vá sem pretensões.
Ficou ainda mais interessante e divertida a série idealizada pelo roteirista de Beleza Amaricana, Alan Ball. Elenco cativante como de praxe, mil reviravoltas interessantes e sexo à pleno vapor são os ingrediantes que fazem essa segunda temporada ser tão saborosa. Mais que isso, o roteiro está mais coeso e força menos nas coincidências, além de costurar com sabedoria as subtramas paralelas dos personagens até o confronto final com a ultra-hedonista Maryann.
As novidades em relação à temporada anterior, como o desenvolvimento da recém-transformada vampira com a nova rotina e a volta da criadora de Bill são colocados no enredo com habilidade, chamando a atenção sobretudo a crítica às religiões como fomentadoras da intolerância contra as diferenças. Também tiro o chapéu para o verniz técnico da obra, com cenografia e figurinos impecáveis.
Como advertência, recomendo mais uma vez que os espectadores abram a mente para as fantasias rocambolescas da série e curtam a diversão sem cobrar mais de um entretenimento deste naipe do que ele pode oferecer. Felizmente, Ball e os diretores estão cientes disso e jamais caem na pretensão nos doze novos capítulos de True Blood. Divertidíssimo!
Acabou a primeira temporada da série televisiva The Borgias, idealizada por Neil Jordan.
Não é uma investida hardcore na história da família Bórgia, sobretudo pq quiseram bancar os "sutis" nas cenas sexuais e simplesmente limaram as subtramas envolvendo incesto (ah, se fosse do Verhoeven!). Mas tem o impecável Jeremy Irons, um elenco de apoio bom (mas não impressionante), tecnicamente é um espetáculo de primeira linha, a violência é filmada sem jamais cair no grotesco e o roteiro é bem amarrado. Fora a relevância de escancarar as convergências entre política e religião.
Série recomendada com louvor para quem não conhece nada sobre a família Bórgia e quer se inteirar. Pra quem já conhece outras adaptações, em especial a versão literária de Mario Puzo (nada menos que o melhor livro que eu li, até hoje), fica a sensação de produto bastante competente, mas que peca na falta de ousadia erótica. De qualquer forma, vale a conferida.
A série de western realista da HBO não era tudo o que me diziam, mas ainda vale o ingresso. A direção e o roteiro são firmes quase sempre, mas nem todos os personagens são carismáticos e falta ação e humor em alguns episódios. Os mocinhos, em especial, são rasos e unidimensionais, caso do cowboy pouco expressivo de Timothy Olyphant, a viúva viciada e a chatíssima Calamity Jane. Há também passagens em que dão uma forçada para o roteiro ir adiante, como quando colocam o papagaio de pirata E.B. falando sozinho, pra explicar a trama.
Em contrapartida, a turma do mal dá show em cena, sobretudo o excepcional Ian McShane na pele do cafetão diabólico Al Swearengen. Também destaco o médico vivido com bastante sensibilidade por Brad Dourif (de Alien 4 e Um Estranho no Ninho), pra mim o melhor personagem da série até agora. Fora isso, tecnicamente Deadwood é um primor, com fotografia em sépia, parecendo foto do século XIX mesmo, e cenografia/fugurinos de cair o queixo, de fazer frente a qualquer blockbuster holywoodiano. Vale o ingresso, mas com algumas ressalvas.
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Pena que o elenco seja irregular (o destaque é a ótima Jennifer Beals, muito carismática) e, principalmente, tenha um quê de classe média estadunidense que me bloqueou na empatia com alguns trechos, como o ridículo enterro do gato no episódio final. Nessas horas, a série parece virar uma espécie de Sex & The City com lésbicas, o que compromete bastante o resultado final. Mas não foi o suficiente para desmerecer a experiência, sobretudo pelo ótimo arco que envolve a conturbada descoberta da bissexualidade de Jenny (Mia Kirshner, do Dália Negra, faz uma cara de dó irresistivelmente tesuda). Vale a assistida, mas com ressalvas.
Dexter (1ª Temporada)
4.6 1,0K Assista Agora(AUTO-)DESCOBERTA SANGRENTA
Com personagens cativantes e elenco afiado, encabeçado pelo competente Michael C. Hall no papel-título, a série narra os tormentos e descobertas de um serial killer que trabalha no departamento da polícia de Miami.
Filho adotivo de um policial ilustre (vivido com austeridade pelo ótimo James Remar), cuja doutrina compõe o "Código de Harry" que dirige seus assassinatos (sempre endereçados à criminosos, rigorosamente investigados antes do ataque), Dexter Morgan tornou-se especialista na investrigação forense de pistas relacionadas à sangue de vítimas de homicídio. A rotina do protagonista, dividida entre o trabalho pacato na investigação policial durante o dia e os assassinatos à noite, é conturbada com o surgimento de outro serial killer, cuja ação parece estar vinculada com o passado trágico de Dexter, que é levado à uma jornada de auto-descobrimento com mil reviravoltas por episódio, até o desfecho arrebatador.
O melhor da série com certeza é o roteiro, que faz ótimo uso da narração em off, amarra todas as pontas com brilhantismo e traz corajosas (e perturbadoras) discussões morais em seu bojo, especialmente no tocante ao antagonista, cujo aparecimento está logo no meio da temporada, mas com revelações mostradas à conta-gotas até a última, no clímax, de arrepiar os cabelos do pé. Além disso, Dexter aproveita-se com maestria da linguagem episódica de série televisiva, deixando o espectador roendo as unhas no fim de cada capítulo, ansioso pelo próximo. Tanto é que vi toda essa primeira temporada em dois dias!
P.S.: Existe uma subtrama nas entrelinhas, muito latente (embora perdida na próxima temporada) sugerindo uma carência afetiva muito especial da irmã de Dexter pelo nosso (anti)herói. Eu curti, claro!
Dexter (2ª Temporada)
4.5 552 Assista AgoraApós uma primeira temporada de tirar o fôlego, a qualidade da série caiu drasticamente nessa segunda temporada, de 2007, cujos episódios finais são vergonhosos pelo número de furos abissais no roteiro (o qual era justamente o grande trunfo da temporada de 2006), sobretudo aqueles relativos ao encarceramento do sargento Doakes. Esses últimos episódios, por sinal, são com certeza os piores da série entre os que já conferi, ficando muito aquém do final perturbador da temporada antecessora.
Há abandono de subtramas promissoras da primeira temporada e algumas surgidas nos episódios iniciais da segunda (o dilema de Rita entre confiar ou não no ex-marido presidiário; a obsessão da Tenente Laguerta pela recuperação do posto, chegando à uma solução controversa; um possível affair entre a mãe e o pai adotivo de Dexter, etc, etc, etc). Os personagens secundários perderam o foco do roteiro, caso do carismático oficial hispânico Angel, para dar lugar à novos coadjuvantes insossos, como a sogra de Dexter e, sobretudo, a ex-junkie obsessiva Lila, sem dúvidas o ponto mais baixo dessa temporada.
Apesar de tudo isso, Dexter ainda tem suas virtudes nesses episódios de 2007. Os episódios contam com ótimas performances (Rita contando aos prantos a morte de um dos personagens impressionou bastante) e o carisma da policial Debra Morgan, irmã do protagonista, muito impulsiva, mas autêntica e espontânea (com direito à palavrões divertidíssimos), à meu ver a melhor personagem da série. Algumas tiradas ácidas da narração em off sobre a investigação dos corpos deixados por Dexter também ajudam a salvar a segunda temporada do fiasco total. Mas não foi o suficiente pra chegar aos pés da primeira.
The Shield - Acima da Lei (5ª temporada)
4.6 21MORAL EM CONVULSÃO
Na minha modesta opinião a melhor temporada da série. O roteiro está bem afinado e os coadjuvantes são aproveitados na plenitude em torno da trama principal envolvendo a investigação da Strike Team. Até a Claudette, que era um pé no saco nas temporadas anteriores, foi bem mobilizada, inclusive na relação com o workaholic Dutch Wagenbach (Jay Karnes), personagem com o qual mais me identifico. Os únicos que ficaram deslocados são a novata incompetente Tina e o homossexual enrustido Julien, cuja promissora subtrama que permeou as duas primeiras temporadas parece ter sido abandonada de vez.
Mas é muito pouco para comprometer as virtudes dos onze episódios que The Shiled lançou em 2006, com ênfase para a competência do elenco. Quem rouba a cena é o astro convidado, Forest Whitaker, ator que geralmente me soa patético demais mas que andava em estado de graça naquela época - mesmo ano em que fez bonito com seu papel oscarizado em O Último Rei da Escócia.
Kavanaugh, o investigador da corregedoria vivido por Whitaker, é comovente sem cair no coitadismo, despertando (ao menos em mim) até uma certa admiração pela determinação em obter a verdade sobre o Strike Team, engolindo sapos pessoais relativos à instável ex-esposa (numa performance estupenda de Gina Torres, da série "Firefly"), que aparece no meio da temporada causando enorme rebuliço e confere outras nuances ao conflito de Kavanaugh. Em contrapartida, a Strike Team do ultra reacionário Vic Mackey nunca foi tão ambígua entre as mentiras pra encobrir o passado sujíssimo, de um lado, e a união inabalável entre seus membros, de outro. A partir daí, os roteiristas bolaram um crescendo de suspense e dilemas morais que culminam num desfecho pra lá de antológico - mérito de Shane, o Fredo Corleone da série.
The Shield - Acima da Lei (6ª temporada)
4.4 12LATE MAS NÃO MORDE
A sexta temporada da série é sem sombra de dúvidas a pior. Essa impressão fica ainda mais forte se lembrarmos o quanto a temporada anterior foi boa, deixando uma pá de oportunidades para os roteiristas explorarem subtramas nos dez episódios de 2007. A resolução para o empreendimento de Jon Kavannaugh é simplória, além do irritante Shane ter assumido de vez sua faceta mais patética e hipócrita. E o que dizer, então, da descoberta de Vic sobre o grande segredo de Shane, que ocorre sem a menor tensão? E não pára por aí: os novos integrantes da Strike Team, incluindo o subexplorado Julien, pouco ou nada tem a dizer e apenas somam a inexpressividade do chatíssimo Ronnie.
Vale notar que apesar desta ser a temporada mais curta, é de um marasmo inacreditável a partir do terceiro episódio até o penúltimo, quando a coisa finalmente engata e The Shield mostra sua força ao recuperar o trauma de David Aceveda na terceira temporada. Mas nem assim posso elogiar esses últimos capítulos sem ressalvas, já que justamente quando a proposta dos episódios de 2007 decola tudo parece truncado e os roteiristas mais prometem do que cumprem, deixando um excesso de subtramas para ganhar resolução em 2008, quando a série termina. Bem diferente do que vimos na quinta temporada, a qual apesar de deixar alguns ganchos não teve medo de lançar um clímax ousado que encerrava parcialmente o arco dramático sobre a investigação da Strike
The Shield - Acima da Lei (7ª temporada)
4.6 31CRIME E CASTIGO
Após dez episódios medíocres na temporada anterior, o criador Shawn Ryan e os roteiristas conseguiram dar a volta por cima ao findar a jornada da decadente e abalada Strike Team com maestria, deixando poucas pontas soltas até o clímax. Na verdade essa temporada só não foi melhor porque a personagem loira da Imigração (Laurie Holden, apática) tem muito espaço e foi inserida na trama de modo meio intrusivo, sem dúvidas para tornar viável a saída encontrada para Vic Mackey no desfecho.
Mais uma vez me identifiquei bastante com o detetive loser social Dutch (Jay Karnes, impagável), o qual ficou mais maduro e lúcido a cada episódio, mas também mais workaholic e obsessivo. O contraponto de Ducth desde a sexta temporada é o folgado desprezível Billings, que arranja até uma subtrama de plantar provas na casa de ex-detento para garantir o sono dos "cidadãos de bem" ianques. Discussões sobre a necessidade de se comprometer etica e profissionalmente com os impostos que bancam a polícia vieram a calhar no conflito entre ambos, mas pra mim ficou um gosto de assunto pouco explorado, tal como ocorreu com a "conversão" heterossexual de Julien, tema pertinente negligenciado desde 2004, sem retorno.
Nos episódios finais há um crescendo de tensão corretamente centrado nas figuras do reacionário corrupto Mackey, de um lado, e o emocional e patético Shane, do outro. No miolo da última temporada os criadores apontam claramente pra uma solução meio moralista com o pega pra capar entre os tiras da combalida Strike Team, previsão confirmada apenas em parte. O roteiro, apoiado nas performances estupendas de Chiklis e Goggins, encontrou uma solução criativa que foge de clichês e dá um encerramento irônico, mas ainda perturbador, para a trilha de sangue legada por Mackey.
Uma curiosidade: reparei que The Shield é bem melhor e mais homogênea em todas as temporadas ímpares, enquanto as pares são progressivamente inferiores.
Dexter (3ª Temporada)
4.2 525 Assista AgoraCLICHÊ SANGUINOLENTO
Se você achou brusca a queda da primeira para a segunda temporada da série Dexter, não perde por esperar. Esta terceira é ainda mais monótona, clichê e vazia que a anterior.
Como as tramas relativas ao cotidiano do mentalmente perturbado Dexter Morgan (Michael C. Hall, perdendo a mão em seu trabalho mais canastrão na série) foram dissecadas ao longo dos vinte e quatro episódios anteriores, sobrou para os roteiristas improvisarem novas idéias visando injetar criatividade no programa televisivo. Algumas idéias são até louváveis, porém mal aproveitadas, como a migraçar das memórias do pai adotivo (James Remar) para o presente, rompendo com os flashbacks que víamos antes.
Entretanto, o turbilhão de idéias apresentadas ao longo dos maçantes cinco primeiros episódios (levaram metade da temporada só pra "introduzir" as novas tramas!) se perde no excesso e caiu em desdobramentos clichês, como o insosso romance de Debra com o informante; ou então são simplesmente abandonadas, como a polêmica morte em legítima defesa do irmão de um promotor no primeiro episódio.
O que dizer, então, da ultra previsível trama principal, com o estereotipado "chicano" fazendo as vezes de amigo de Dexter? Fica ainda pior quando metem o esfolador no meio, pra tentar amarrar às pressas os pontos soltos, com direito a uma luta entre serial killers na qual Dexter é transformado num Indiana Jones psicopata, trocando sopapos e escapando miraculosamente de cativeiros! Risível.
Dexter (4ª Temporada)
4.6 1,0K Assista AgoraSANGUE DO MEU SANGUE
O impossível aconteceu. A guinada da lamentável terceira temporada da série para a quarta é notória, conseguindo até a façanha de aproveitar as deixas das malsucedidas subtramas nas fracas temporadas 2 e 3 de modo criativo. Faltou pouco para alcançarem mais uma vez o brilhantismo da temporada inicial. Cada episódio é um espetáculo em si e sempre nos convida, com efeito, a manter o interesse até o final do último capítulo.
Resgataram o agente Lundy (o veterano Keith Carradine, de Os Duelistas) o inseriram na trama com maestria; elevaram a sempre ótima Debra Morgan (Jennifer Carpenter, excelente!) a um nível de complexidade nunca antes visto, injetando carga dramática forte; progrediram maravilhosamente no senso de responsabilidade de Dexter, agora pai, conflitanto com sua faceta de serial killer; transformaram a insossa Rita numa mulher madura e interessante. TODOS os personagens da temporada foram tratados com respaldo e cuidado.
Os grandes acertos da temporada foram dois. Primeiro, o antagonista vivido com genialidade por John Lithgow, cuja trama tem nuances muito corajosas sobre a hipocrisia da instituição familiar e o papel dos filhos em romper (ou não) com esse legado doentio, regado à hipocrisia. Segundo, toda a discussão, compreendida em vários personagens, sobre a tênue linha que separa as esferas pessoal e profissional, com ênfase no inusitado romance entre dois colegas de trabalho, conhecidos e admirados pelos fãs da série desde 2006.
De quebra, o roteiro ainda nos brinda com um final antológico, contundente e perturbador, levando às últimas consequencias os temores freudianos de Dexter Morgan e reavaliando, de modo polêmico, o peso da instituição familiar sobre si própria.
Engana-me se Puder (1ª Temporada)
4.3 218CSI DA MENTIRA
Decidi conferir esta série sobre investigações de nuances faciais para rastrear mentiras e, com isso, ajudar a polícia ou quem mais se interessar nos serviços do personagem de Tim Roth e seus auxiliares. A premissa é muito boa, porém na prática a série derrapa em erros primários, como se ater demais tecnicamente nas tais "microexpressões" que são o mote da série, dando um tom didático e arrastado à narrativa.
O protagonista Lightman (Roth, eficaz) é endeusado pelo roteiro, quase transformado num polígrafo humano, espécie de House da mentira. Em vista disso, perde-se a chance de explorar as questões morais que de vez em quando pipocam no roteiro, como a fronteira entre o uso profissional das habilidades de Lightman e sua incapacudade de "desligar" o rastreamento das mentiras na esfera pessoal. Os coadjuvantes também são rasos, apesar dos esforços do elenco. É uma pena que o potencial interessante da aprendiz Torres e do sincero compulsivo Loker são desenvolvidos sem muito interesse, preferindo focar as tramas todas nas investigações da trupe, sem complexidade na interação entre personagens.
Também atrapalha o fato de sempre colocarem duas tramas paralelas em cada episódio, ao invés de desenvolver uma linha narrativa que evoque todos os episódios da temporada em prol de uma trama principal (vide Dexter). Porém, a série tem virtudes ao trazer alguns questionamentos pertinentes sobre a onipresença inevitável da mentira na sociedade, onde nem tudo o que parece é, guardando reviravoltas surpreendentes. Certos episódios são muito bem bolados (o das mulheres cegas e o do embaixador coreano são legais), o tema é bem relevante e a gente até consegue acreditar que a tese defendida pelo grupo Lightman, no fundo, pode ter algum embasamento científico.
Dr. House (4ª Temporada)
4.5 224A série ainda é bem legal até a quarta temporada (os últimos episódios são jóias, estão entre os melhores da série toda), mas se perdeu no excesso de personagens e naquela imbecilidade competitiva com os candidatos às vagas na nova equipe de House, no pior estilo "Roberto Justus encontra Plantão Médico". Dos novos integrantes da equipe, só aquela Treze é legal do início ao fim.
Mesmo sendo a pior das temporadas já conferidas, ainda vale o ingresso pelo carisma do elenco. Alguns episódios são excelentes, como "Mirror Mirror" e o da CIA dirigido por ninguém menos que Juan José Campanella - o argentino recém-oscarizado na categoria Melhor Filme Estrangeiro - com críticas pertinentes à soberba dos States e seu imperialismo na América do Sul. Mas que a old team vai deixar saudades, isso vai!
Dr. House (5ª Temporada)
4.5 171NOVELESCO PORÉM DIVERTIDO
Depois de uma temporada de transição curta e irregular, a série reafirma sua nova identidade com a new team composta por Thirteen, Taub e Kutner, sendo apenas a primeira interessante e o último criminosamente mal desenvolvido. Da old team só o Foreman continua de fato presente no roteiro, enquanto os saudosos Chase e Cameron se limitam à figuração de luxo.
O que mais foi gritante nessa nova temporada é a cara de novela que ganhou (com direito ao clichê manjadíssimo do casamento no final!), especialmente na condução do sexualmente apreensivo relacionamento do casal Huddy (House + Cuddy). As implicações dessa escolha renderam bons momentos no miolo da temporada, porém culminaram num season finale bem frustrante e covarde, do tipo que promete mas não cumpre, e um certo descaso com o Wilson, que passou meio em branco para privilegiar o desenvolvimento da reitora, sua nova vida como mãe adotiva e a tensão com House (vivido com intensidade pelo sempre carismático Hugh Laurie).
Um episódio que me chamou bastante a atenção foi o vigésimo, com uma reviravolta supostamente grande no todo da série tratada com a devida carga de dramaticidade dentro da estrutura em si do episódio, mas cuja denúncia sobre o conflito interno (não solucionado) de um dos personagens acaba ganhando um amargo sabor de hipocrisia pela negligência do mesmo no todo da temporada, em episódios anteriores e posteriores que simplesmente não se atrevem a meter o dedo na ferida e tornar o personagem menos raso para que a virada ocorrida tivesse mais impacto antes e após a descoberta.
No mais, "House" é que nem sexo: até ruim é bom. Então pra mim é difícil não gostar, mesmo compreendendo que os tempos áureos do doutor anti-social com a old team provavelmente não voltam mais.
Família Soprano (1ª Temporada)
4.5 257 Assista AgoraA MÁFIA NO DIVÃ
A primeira temporada da série é boa, mas nem de longe tudo aquilo que diziam. Todas as posteriores são melhores. Os personagens secundários em geral são rasos, alguns inclusive bem irritantes (destaque para a abominável mãe do protagonista). O próprio Tony Soprano é carismático e leva a série nas costas, mas nem por isso dá pra fazer vista grossa aos defeitos, como o verniz técnico/estético precário (que melhora significativamente a partir da segunda teporada) e alguns momentos bem ruinzinhos, como todo o episódio 10, com certeza o pior da temporada e um dos piores da série.
Só que tem ótimas sacadas, principalmente a inserção da psicanálise e toda a subtrama envolvendo a psiquiatra de Tony, com direito a tensão sexual. Na minha opinião foi o maior acerto dos roteiristas e fica melhor ainda porque tanto o ator que interpreta Tony quanto a atriz da psiquiatra são competentes e tem química em cena. Tem também vários momentos tensos acerca das intrigas familiares na máfia, apesar dos clichês virem carregados nesse aspecto. Vale a conferida sem dúvidas, mas não esperem nenhuma obra-prima logo de cara. Sopranos engata pra valer a partir da season 2.
Dexter (5ª Temporada)
4.2 858 Assista AgoraSANGUE AGUADO
Embora não seja tão constrangedoramente ruim quanto a terceira, tem o pior season finale da série e o roteiro mais furado, cheio de pontas soltas (a mais gritante é a do caso "Santa Muerte", simplesmente esquecido pelos realizadores no meio do enredo!).
Tem gente que implicou com Lumen, a personagem que Dexter salva lá pelas tantas e vira sua parceira (ideia reciclada da terceira temporada). Eu, particularmente, não tive tantos problemas com ela e até achei a premissa válida, embora mal explorada. O que empacou a trama foi o desenvolvimento pífio dos vilões e as soluções mágicas para a dupla sempre se dar bem, algo especialmente absurdo num
resgate feito na palestra do principal antagonista, que chega a beirar o ridículo de tão improvável!
Todas as tramas paralelas, como os desentendimentos do casal Batista/Laguerta e o já referido caso Santa Muerte, são medonhas de tão ruins. Ao menos dá pra aplaudir o esforço da atriz Jennifer Carpenter no papel de Debra Morgan, pra mim a personagem mais carismática da série. Também tiro o chapéu para o singelo tema musical composto para Lumen, ainda que pouco usado. Mas fora isso, infelizmente, ficou uma sensação frustrante de que o serial killer que marcou as telas na temporada de 2006 e nos surpreendeu novamente em 2009 sofreu uma nova recaída...
True Blood (1ª Temporada)
4.2 592 Assista AgoraNão vejo muita graça em vampiros. Por isso mesmo, senti que a série de Alan Ball, o premiado roteirista de Beleza Americana, só engata lá pelo episódio quatro, quando os realizadores se concentram mais nas subtramas envolvendo os personagens secundários que no insosso casal principal. O elenco está bem à vontade e os personagens são bastante carismáticos, com destaque para o traficante desbocado Lafayette e a desajustada Tara.
True Blood exige um pouquinho de vista grossa com as coincidências e reviravoltas mirabolantes demais que o roteiro arranja pra tocar o enredo, mas os diretores foram espertos no uso dos efeitos visuais bons e discretos (tirando os "flashes" relativos a super velocidade dos vampiros, que são bem intrusivos) e principalmente na mão firme ao conduzir o elenco brilhante. Boa pedida, mas vá sem pretensões.
True Blood (2ª Temporada)
4.2 373SEXO, DROGAS E CANINOS AFIADOS
Ficou ainda mais interessante e divertida a série idealizada pelo roteirista de Beleza Amaricana, Alan Ball. Elenco cativante como de praxe, mil reviravoltas interessantes e sexo à pleno vapor são os ingrediantes que fazem essa segunda temporada ser tão saborosa. Mais que isso, o roteiro está mais coeso e força menos nas coincidências, além de costurar com sabedoria as subtramas paralelas dos personagens até o confronto final com a ultra-hedonista Maryann.
As novidades em relação à temporada anterior, como o desenvolvimento da recém-transformada vampira com a nova rotina e a volta da criadora de Bill são colocados no enredo com habilidade, chamando a atenção sobretudo a crítica às religiões como fomentadoras da intolerância contra as diferenças. Também tiro o chapéu para o verniz técnico da obra, com cenografia e figurinos impecáveis.
Como advertência, recomendo mais uma vez que os espectadores abram a mente para as fantasias rocambolescas da série e curtam a diversão sem cobrar mais de um entretenimento deste naipe do que ele pode oferecer. Felizmente, Ball e os diretores estão cientes disso e jamais caem na pretensão nos doze novos capítulos de True Blood. Divertidíssimo!
Os Bórgias (1ª Temporada)
4.3 129 Assista AgoraAcabou a primeira temporada da série televisiva The Borgias, idealizada por Neil Jordan.
Não é uma investida hardcore na história da família Bórgia, sobretudo pq quiseram bancar os "sutis" nas cenas sexuais e simplesmente limaram as subtramas envolvendo incesto (ah, se fosse do Verhoeven!). Mas tem o impecável Jeremy Irons, um elenco de apoio bom (mas não impressionante), tecnicamente é um espetáculo de primeira linha, a violência é filmada sem jamais cair no grotesco e o roteiro é bem amarrado. Fora a relevância de escancarar as convergências entre política e religião.
Série recomendada com louvor para quem não conhece nada sobre a família Bórgia e quer se inteirar. Pra quem já conhece outras adaptações, em especial a versão literária de Mario Puzo (nada menos que o melhor livro que eu li, até hoje), fica a sensação de produto bastante competente, mas que peca na falta de ousadia erótica. De qualquer forma, vale a conferida.
Deadwood - Cidade Sem Lei (1ª Temporada)
4.3 28A série de western realista da HBO não era tudo o que me diziam, mas ainda vale o ingresso. A direção e o roteiro são firmes quase sempre, mas nem todos os personagens são carismáticos e falta ação e humor em alguns episódios. Os mocinhos, em especial, são rasos e unidimensionais, caso do cowboy pouco expressivo de Timothy Olyphant, a viúva viciada e a chatíssima Calamity Jane. Há também passagens em que dão uma forçada para o roteiro ir adiante, como quando colocam o papagaio de pirata E.B. falando sozinho, pra explicar a trama.
Em contrapartida, a turma do mal dá show em cena, sobretudo o excepcional Ian McShane na pele do cafetão diabólico Al Swearengen. Também destaco o médico vivido com bastante sensibilidade por Brad Dourif (de Alien 4 e Um Estranho no Ninho), pra mim o melhor personagem da série até agora. Fora isso, tecnicamente Deadwood é um primor, com fotografia em sépia, parecendo foto do século XIX mesmo, e cenografia/fugurinos de cair o queixo, de fazer frente a qualquer blockbuster holywoodiano. Vale o ingresso, mas com algumas ressalvas.