Se Harley Quinn era um dos pontos que salvaram "Esquadrão Suicida" do completo desastre, a sua aventura solo é intragável, da execução de uma ação sem qualquer imaginação (especialmente aquela dentro da casa assombrada) e que abusa de uma trilha sonora descolada como muleta até a pior introdução de personagens secundários que há muito não testemunhava no cinema, do vilão de um Ewan McGregor que parece emprestado dos intervalos das gravações de "Doutor Sono" a uma futura "ave de rapina" que ficamos conhecendo as origens a partir do recurso de rebobinar a narrativa.
Difícil acreditar como estão levando essa tralha a sério, uma paródia extremamente estúpida e que busca redimir o seu protagonista nazistinha pelas vias mais patéticas possíveis: coitado, ele é só um guri de 10 anos e alguns meses que, assim como os judeus, também perdeu membros da família e que aplaca as suas inadequações tendo Hitler como amigo imaginário.
Não surpreende nem um pouco que seja finalista em seis categorias do Oscar (melhor filme! melhor roteiro adaptado!!!). Deve ter recebido sinal verde de algum produtor tonto que viu os posts engraçadinhos do diretor em alguma rede social.
Um filme de François Ozon que pouco dialoga com a sua filmografia, pois o seu crédito na direção pode ser difícil de se perceber principalmente pela condução convencional da narrativa. Compreende-se, pois o cineasta está aqui tratando de algo muito delicado a partir de dados factuais: o tal padre Preynat, acusado de ter molestado um sem número de meninos, inclusive tentou mover um processo para impedir o lançamento do filme.
Melhora demais quando Melvil Poupaud (e aqueles intermináveis offs simulando troca de correspondências eletrônicas) cede espaço para Denis Ménochet e Swann Arlaud, atores espetaculares que dão vida a personagens muito mais complexos e críveis no modo como reagem diante das injustiças.
Praticamente uma visita ao Castelo dos Horrores do Playcenter. Sinto inclusive que um lançamento em formato 4D foi uma ideia desperdiçada pelos envolvidos. Se beneficiaria com uns 10 minutos a menos e o excesso de fantasminhas atrás dos personagens (sempre presentes somente em nosso campo de visão) satura um pouco a experiência, mas é uma boa inclusão ao "Conjuring Universe" após o fraco "A Freira" e que ainda dá merecido protagonismo à filha dos Warren, acompanhada por três personagens adolescentes bem carismáticos.
A carreira de Woody Allen tem ciclos muito bem definidos e o seu contrato com a Amazon (prematuramente encerrado e com termos não divulgados de uma disputa judicial que deve ter rendido umas cifras pro realizador) parecia seguir o caminho da zona de conforto com algumas tentativas de formar uma geração jovem para adentrar o seu universo particular, evidente com a escalação dos casais de "Café Society" e este "Um Dia de Chuva em Nova York" e até de Miley Cyrus como uma personagem central no malfadado "Crise em Seis Cenas".
Aqui, o resultado é um dos piores filmes de sua carreira. Excetuando a mãe do protagonista (Cherry Jones tem um monólogo excelente) e, vá lá, a Chan Tyrell de Selena Gomez, os personagens de "Um Dia de Chuva em Nova York" são insuportáveis. Elle Fanning, uma das atrizes mais superestimadas hoje, vai ficando cada vez pior em cena conforme precisa fingir que está bêbada. O fato de concentrar bagagens emocionais em um dia específico também demonstra a preguiça dramatúrgica de Woody Allen, que em filmes mais recentes ao menos apresentou alguma coisa atraente reciclando a si mesmo.
Mal posso esperar pela nova fase europeia que se desenha com "Rifkin's Festival", que chega em 2020 na Espanha - nos States, vá saber...
Esse debute potente do realizador Camille Vidal-Naquet, que no Festival de Cannes assegurou para Félix Maritaud o prêmio de ator estreante na Semana da Crítica, é explicito na exposição do que há de mais cruel na idealização de um amor e na prática sexual ditada por um desejo de poder. Léo é uma vítima constante das duas situações e contrariar as nossas expectativas e se recolher a uma condição de ser selvagem ao fim causa um efeito demolidor.
Sem as pressões de atender ao formato convencional de uma cinebiografia como “10 Segundos para Vencer”, Alvarenga Jr. encontra aqui maior tranquilidade para dar a sua identidade ao texto da autoria de Matheus Souza, de “Ana e Vitória“. Mesmo exagerando um pouquinho na metragem (o filme quase encosta nas duas horas), o seu “Intimidade Entre Estranhos” avalia os choques de gerações entre os protagonistas sem afetações e com uma densidade que nunca resvala para o melodrama.
+ www.goo.gl/P9C1qv + Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Desinteressada em fazer apenas um thriller convencional, Tata Amaral se apropria da história real de Ana Beatriz Elorza para desenvolver situações em que os abismos sociais se sobressaem diante da ação do sequestro. Quando tem o cartão de crédito de Isabel em mãos, a primeira coisa que Matheus compra são fraldas para o seu filho. Mais adiante, Japonês quer repassar o carro de Isabel por 10 mil reais, mas ela intervém na negociação apontando que ele vale muito mais que isso.
A simplificação de "Sequestro Relâmpago" é a de incrementar essas situações com diálogos de gosto duvidoso, quase como se fossem textões de redes sociais. É embaraçoso ouvir saindo da boca de Marina Ruy Barbosa que a sua Isabel faz parte com Matheus e Japonês dos mesmos 99% da população oprimidos pelo 1% de privilegiados. Isso quando não chama um vigia de "machista!" após ignorar o seu pedido de socorro ou de afirmar que, no fim das contas, ela não é como os seus sequestradores porque compreende um comando em inglês de seu automóvel. Canhestro como cinema e sobretudo como comentário sobre o estado das coisas.
Embora nada convencional e divertido na medida do possível, “A Favorita” perde com a ausência do nome de Yorgos Lanthimos nos créditos do roteiro assinado por Deborah Davi e Tony McNamara. Fica a sensação de que a interferência do grego no texto, que é cheio de um coloquialismo quase anacrônico, elevaria o filme em seu sarcasmo.
+ www.goo.gl/3R1GaV + Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
O “Halloween” 2018 é competente, muitas vezes aterrador e encena em seu terceiro ato um embate memorável. Mas é também um filme desprovido de ousadias, uma vez que não acrescenta quase nada de novo a esse reencontro entre Laurie e o vilão mascarado Michael Myers.
+ Análise no YouTube: www.youtube.com/watch?v=dEKu4X699tc&t
Com atos reservados integralmente para Eugene e Jane e um encaminhamento para o final que pretende compreender o que deu errado entre os dois, “A Casa Dividida” logo diagnostica uma geração que posa de moderna inclusive em sua vaidade (o penteado dele para esconder a calvície prematura, as axilas não depiladas dela para contestar um padrão feminino) e nos seus vínculos amorosos (o tal relacionamento aberto) somente para ilustrar uma juventude mais perdida do que nunca e incapaz de assumir mudanças radicais. Tudo conduzido com um bom humor às vezes desconcertante em sua precisão em captar comportamentos críveis.
Com censura 16 anos no Brasil e R nos Estados Unidos (em que menores de 17 anos só podem ir à sessão acompanhados por maiores responsáveis), não há economia na sanguinolência. No entanto, “Operação Overlord” só funciona mesmo pelo entrosamento de figuras heróicas nada convencionais, de um protagonista que nunca usou a sua arma até Chloe, a única presença feminina do filme – por sinal, fiquem de olho em sua intérprete, Mathilde Ollivier, simplesmente um arraso em cena!
Maria Flor defende “Filme Ensaio” como uma obra honesta. Talvez seja até demais. Apaixonados pela atuação ou estudantes de teatro encontrarão um prato cheio a ser saboreado.
Para os demais, a sensação é de que Maria talvez devesse ir além da observação, pois explora poucas possibilidades estéticas e narrativas em um templo de preparação extremamente limitado. É notório como organiza em um pouco mais de uma hora um material bruto que totalizou mais de 100 horas de captação, mas há um abuso inclusive no uso da sua narração em off para dar forma a algo que soará incompleto ao fim.
“Cameron Post” é também um filme inebriado de energia, dessa presente em muitos indivíduos que são alvos de preconceito e que ainda assim não se deixam abater na demonstração do espaço que ocupam no mundo. Mas é também um retrato devastador sobre essas mesmas pessoas, que encontram na quebra de laços familiares e em uma trajetória sem rumo e sem garantias a fuga pela sobrevivência.
Para as quebras desse cotidiano, Mocarzel intervém com características oriundas da ficção, como os textos recitados por Holtz e as tomadas na praia que evocam uma estética particular. A se lamentar que as irmãs de Holtz, que não são atrizes, não tenham mais espaço para que as suas falas também assumam algum protagonismo no registro.
A fidelidade a essa visão de mundo instável talvez seja, ironicamente, o maior problema de "A Madeline de Madeline". De tão ruidoso e fragmentado, o filme mais afasta do que aproxima, até porque não estabelece uma base consistente o suficiente para sustentar principalmente a relação conturbada entre mãe e filha, que mais parece servir como cobaias para um fim artístico (de Evangeline e consequentemente de Josephine Decker) do que para qualquer outra possibilidade mais honesta.
+ www.goo.gl/QtkK7W + Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
A impressão é a de que faltou um roteiro em “Friday’s Child”. Principalmente pela presunção visual. Feito quase integralmente com a razão de aspecto de 1.33 : 1, Edwards vai surrupiando o estilo maçante de Terrence Malick sem qualquer cerimônia, ao final apresentando questões como a culpa, o trauma e a redenção sem constituir um Ritchie em sua totalidade e totalmente sufocado pelo enclausuramento estético proposto.
+ www.goo.gl/Sq26aS + Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Sem julgamentos morais, Heller, com o auxílio do roteiro de Jeff Whitty e Nicole Holofcener (que é também uma notável cineasta), busca compreender antes de mais nada o contexto que cerca a sua protagonista, que não reconhece a sua depressão e os vícios que se inseriu como fuga das adversidades, ampliadas inclusive por uma questão de orientação sexual tratada com muita sutileza. É aquela experiência rara em que calçamos os sapatos de seus personagens antes de qualquer avaliação que se possa fazer sobre os seus passos.
+ www.goo.gl/R394Rv + Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Com um senso de humor reconhecível em sua filmografia, Maddin costura algo que às vezes causa o riso por conta de algumas escolhas engraçadinhas em sua montagem, como a de limar os diálogos. Há também intervenções no material original. Na mais hilária delas, Rock Hudson e Susan Saint James contracenam juntos em uma cena do seriado setentista “McMillan & Wife” com uma tevê transmitindo um clipe da boy band “‘N Sync”.
Por parecer mais uma colagem do que necessariamente a (re)construção de todo um filme, o resultado pode soar cansativo em alguns momentos. Felizmente, Maddin ao menos está em sua versão mais branda, com uma metragem que totaliza um pouco mais de uma hora. Além do mais, vale a pena dar essa única chance de assistir “A Névoa Verde” na tela grande. Com evidente violação de direitos autorais, certamente não passaria no circuito comercial.
+ www.goo.gl/ZRUK4Y + Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
A tonalidade obscura para esse roteiro também escrito por Haywood se manifesta com uma reação de Lyn quando a vemos ser ridicularizada pela aparência pela primeira vez: se não fosse a intervenção da filha, ela teria serrado toda a deformidade de sua coluna com uma serra.
Trata-se da primeira amostra oferecida por “Almofada de Alfinetes” (um título que parece aludir a indivíduos doces e bem-intencionados feridos por outros essencialmente espinhosos e perversos) para preparar o espectador para as consequências devastadoras provocadas no bullying praticando tanto por jovens quando por adultos. Mesmo numa roupagem ingênua, a inocência pode ser profanada, alerta Haywood.
+ www.goo.gl/rQQ4RH + Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
"Some people claim that the atrocities we commit in our fiction are those inner desires, which we cannot commit, in our controlled civilization. So they are expressed instead through our art. I don’t agree. I believe heaven and hell are one and the same. The soul belongs to heaven and the body to hell."
Meu comentário sobre "A Casa Que Jack Construiu" no YouTube: www.youtube.com/watch?v=zI9L5dzOVu0&feature=youtu.be
Malgorzata Szumowska gerencia as suas intenções com uma clareza duvidosa. Talvez a principal delas seja avaliar, com certa chacota, as posturas de indivíduos quando um conhecido passa a ser tratado como uma criatura de outro mundo.
+ www.goo.gl/ppGX41 + Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Em Busca do Ultrassexo
2.7 3O "número musical" do robô Daft Punk é sensa!
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa
3.4 1,4KSe Harley Quinn era um dos pontos que salvaram "Esquadrão Suicida" do completo desastre, a sua aventura solo é intragável, da execução de uma ação sem qualquer imaginação (especialmente aquela dentro da casa assombrada) e que abusa de uma trilha sonora descolada como muleta até a pior introdução de personagens secundários que há muito não testemunhava no cinema, do vilão de um Ewan McGregor que parece emprestado dos intervalos das gravações de "Doutor Sono" a uma futura "ave de rapina" que ficamos conhecendo as origens a partir do recurso de rebobinar a narrativa.
O Grito
1.9 331 Assista AgoraTorço para que a mesma maldição persiga a todos que convenceram Andrea Riseborough a protagonizar essa tralha. Amém!
(e depois disto e de "Piercing", só voltarei a ver algo do Nicolas Pesce sob tortura)
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista AgoraDifícil acreditar como estão levando essa tralha a sério, uma paródia extremamente estúpida e que busca redimir o seu protagonista nazistinha pelas vias mais patéticas possíveis: coitado, ele é só um guri de 10 anos e alguns meses que, assim como os judeus, também perdeu membros da família e que aplaca as suas inadequações tendo Hitler como amigo imaginário.
Não surpreende nem um pouco que seja finalista em seis categorias do Oscar (melhor filme! melhor roteiro adaptado!!!). Deve ter recebido sinal verde de algum produtor tonto que viu os posts engraçadinhos do diretor em alguma rede social.
Graças a Deus
3.8 83 Assista AgoraUm filme de François Ozon que pouco dialoga com a sua filmografia, pois o seu crédito na direção pode ser difícil de se perceber principalmente pela condução convencional da narrativa. Compreende-se, pois o cineasta está aqui tratando de algo muito delicado a partir de dados factuais: o tal padre Preynat, acusado de ter molestado um sem número de meninos, inclusive tentou mover um processo para impedir o lançamento do filme.
Melhora demais quando Melvil Poupaud (e aqueles intermináveis offs simulando troca de correspondências eletrônicas) cede espaço para Denis Ménochet e Swann Arlaud, atores espetaculares que dão vida a personagens muito mais complexos e críveis no modo como reagem diante das injustiças.
Annabelle 3: De Volta Para Casa
2.8 680 Assista AgoraPraticamente uma visita ao Castelo dos Horrores do Playcenter. Sinto inclusive que um lançamento em formato 4D foi uma ideia desperdiçada pelos envolvidos. Se beneficiaria com uns 10 minutos a menos e o excesso de fantasminhas atrás dos personagens (sempre presentes somente em nosso campo de visão) satura um pouco a experiência, mas é uma boa inclusão ao "Conjuring Universe" após o fraco "A Freira" e que ainda dá merecido protagonismo à filha dos Warren, acompanhada por três personagens adolescentes bem carismáticos.
Um Dia de Chuva em Nova York
3.2 294 Assista AgoraA carreira de Woody Allen tem ciclos muito bem definidos e o seu contrato com a Amazon (prematuramente encerrado e com termos não divulgados de uma disputa judicial que deve ter rendido umas cifras pro realizador) parecia seguir o caminho da zona de conforto com algumas tentativas de formar uma geração jovem para adentrar o seu universo particular, evidente com a escalação dos casais de "Café Society" e este "Um Dia de Chuva em Nova York" e até de Miley Cyrus como uma personagem central no malfadado "Crise em Seis Cenas".
Aqui, o resultado é um dos piores filmes de sua carreira. Excetuando a mãe do protagonista (Cherry Jones tem um monólogo excelente) e, vá lá, a Chan Tyrell de Selena Gomez, os personagens de "Um Dia de Chuva em Nova York" são insuportáveis. Elle Fanning, uma das atrizes mais superestimadas hoje, vai ficando cada vez pior em cena conforme precisa fingir que está bêbada. O fato de concentrar bagagens emocionais em um dia específico também demonstra a preguiça dramatúrgica de Woody Allen, que em filmes mais recentes ao menos apresentou alguma coisa atraente reciclando a si mesmo.
Mal posso esperar pela nova fase europeia que se desenha com "Rifkin's Festival", que chega em 2020 na Espanha - nos States, vá saber...
Selvagem
3.6 87Esse debute potente do realizador Camille Vidal-Naquet, que no Festival de Cannes assegurou para Félix Maritaud o prêmio de ator estreante na Semana da Crítica, é explicito na exposição do que há de mais cruel na idealização de um amor e na prática sexual ditada por um desejo de poder. Léo é uma vítima constante das duas situações e contrariar as nossas expectativas e se recolher a uma condição de ser selvagem ao fim causa um efeito demolidor.
+ www.goo.gl/BSCGat
Intimidade Entre Estranhos
3.0 36Sem as pressões de atender ao formato convencional de uma cinebiografia como “10 Segundos para Vencer”, Alvarenga Jr. encontra aqui maior tranquilidade para dar a sua identidade ao texto da autoria de Matheus Souza, de “Ana e Vitória“. Mesmo exagerando um pouquinho na metragem (o filme quase encosta nas duas horas), o seu “Intimidade Entre Estranhos” avalia os choques de gerações entre os protagonistas sem afetações e com uma densidade que nunca resvala para o melodrama.
+ www.goo.gl/P9C1qv
+ Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Sequestro Relâmpago
2.3 137Desinteressada em fazer apenas um thriller convencional, Tata Amaral se apropria da história real de Ana Beatriz Elorza para desenvolver situações em que os abismos sociais se sobressaem diante da ação do sequestro. Quando tem o cartão de crédito de Isabel em mãos, a primeira coisa que Matheus compra são fraldas para o seu filho. Mais adiante, Japonês quer repassar o carro de Isabel por 10 mil reais, mas ela intervém na negociação apontando que ele vale muito mais que isso.
A simplificação de "Sequestro Relâmpago" é a de incrementar essas situações com diálogos de gosto duvidoso, quase como se fossem textões de redes sociais. É embaraçoso ouvir saindo da boca de Marina Ruy Barbosa que a sua Isabel faz parte com Matheus e Japonês dos mesmos 99% da população oprimidos pelo 1% de privilegiados. Isso quando não chama um vigia de "machista!" após ignorar o seu pedido de socorro ou de afirmar que, no fim das contas, ela não é como os seus sequestradores porque compreende um comando em inglês de seu automóvel. Canhestro como cinema e sobretudo como comentário sobre o estado das coisas.
+ www.goo.gl/yjUXXc
A Favorita
3.9 1,2K Assista AgoraEmbora nada convencional e divertido na medida do possível, “A Favorita” perde com a ausência do nome de Yorgos Lanthimos nos créditos do roteiro assinado por Deborah Davi e Tony McNamara. Fica a sensação de que a interferência do grego no texto, que é cheio de um coloquialismo quase anacrônico, elevaria o filme em seu sarcasmo.
+ www.goo.gl/3R1GaV
+ Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Halloween
3.4 1,1KO “Halloween” 2018 é competente, muitas vezes aterrador e encena em seu terceiro ato um embate memorável. Mas é também um filme desprovido de ousadias, uma vez que não acrescenta quase nada de novo a esse reencontro entre Laurie e o vilão mascarado Michael Myers.
+ Análise no YouTube: www.youtube.com/watch?v=dEKu4X699tc&t
A Casa Dividida
2.9 2Com atos reservados integralmente para Eugene e Jane e um encaminhamento para o final que pretende compreender o que deu errado entre os dois, “A Casa Dividida” logo diagnostica uma geração que posa de moderna inclusive em sua vaidade (o penteado dele para esconder a calvície prematura, as axilas não depiladas dela para contestar um padrão feminino) e nos seus vínculos amorosos (o tal relacionamento aberto) somente para ilustrar uma juventude mais perdida do que nunca e incapaz de assumir mudanças radicais. Tudo conduzido com um bom humor às vezes desconcertante em sua precisão em captar comportamentos críveis.
+ www.goo.gl/MyuV3T
Operação Overlord
3.3 502 Assista AgoraCom censura 16 anos no Brasil e R nos Estados Unidos (em que menores de 17 anos só podem ir à sessão acompanhados por maiores responsáveis), não há economia na sanguinolência. No entanto, “Operação Overlord” só funciona mesmo pelo entrosamento de figuras heróicas nada convencionais, de um protagonista que nunca usou a sua arma até Chloe, a única presença feminina do filme – por sinal, fiquem de olho em sua intérprete, Mathilde Ollivier, simplesmente um arraso em cena!
+ www.goo.gl/DAaNin
Filme Ensaio
2.0 2Maria Flor defende “Filme Ensaio” como uma obra honesta. Talvez seja até demais. Apaixonados pela atuação ou estudantes de teatro encontrarão um prato cheio a ser saboreado.
Para os demais, a sensação é de que Maria talvez devesse ir além da observação, pois explora poucas possibilidades estéticas e narrativas em um templo de preparação extremamente limitado. É notório como organiza em um pouco mais de uma hora um material bruto que totalizou mais de 100 horas de captação, mas há um abuso inclusive no uso da sua narração em off para dar forma a algo que soará incompleto ao fim.
+ www.goo.gl/Ajdf69
O Mau Exemplo de Cameron Post
3.4 319 Assista Agora“Cameron Post” é também um filme inebriado de energia, dessa presente em muitos indivíduos que são alvos de preconceito e que ainda assim não se deixam abater na demonstração do espaço que ocupam no mundo. Mas é também um retrato devastador sobre essas mesmas pessoas, que encontram na quebra de laços familiares e em uma trajetória sem rumo e sem garantias a fuga pela sobrevivência.
+ www.goo.gl/UTDdrM
As Quatro Irmãs
3.3 1Para as quebras desse cotidiano, Mocarzel intervém com características oriundas da ficção, como os textos recitados por Holtz e as tomadas na praia que evocam uma estética particular. A se lamentar que as irmãs de Holtz, que não são atrizes, não tenham mais espaço para que as suas falas também assumam algum protagonismo no registro.
+ www.goo.gl/fYC2zk
A Madeline de Madeline
3.2 17A fidelidade a essa visão de mundo instável talvez seja, ironicamente, o maior problema de "A Madeline de Madeline". De tão ruidoso e fragmentado, o filme mais afasta do que aproxima, até porque não estabelece uma base consistente o suficiente para sustentar principalmente a relação conturbada entre mãe e filha, que mais parece servir como cobaias para um fim artístico (de Evangeline e consequentemente de Josephine Decker) do que para qualquer outra possibilidade mais honesta.
+ www.goo.gl/QtkK7W
+ Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Age Out
2.8 4 Assista AgoraA impressão é a de que faltou um roteiro em “Friday’s Child”. Principalmente pela presunção visual. Feito quase integralmente com a razão de aspecto de 1.33 : 1, Edwards vai surrupiando o estilo maçante de Terrence Malick sem qualquer cerimônia, ao final apresentando questões como a culpa, o trauma e a redenção sem constituir um Ritchie em sua totalidade e totalmente sufocado pelo enclausuramento estético proposto.
+ www.goo.gl/Sq26aS
+ Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Poderia Me Perdoar?
3.6 266Sem julgamentos morais, Heller, com o auxílio do roteiro de Jeff Whitty e Nicole Holofcener (que é também uma notável cineasta), busca compreender antes de mais nada o contexto que cerca a sua protagonista, que não reconhece a sua depressão e os vícios que se inseriu como fuga das adversidades, ampliadas inclusive por uma questão de orientação sexual tratada com muita sutileza. É aquela experiência rara em que calçamos os sapatos de seus personagens antes de qualquer avaliação que se possa fazer sobre os seus passos.
+ www.goo.gl/R394Rv
+ Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
A Névoa Verde
3.2 3Com um senso de humor reconhecível em sua filmografia, Maddin costura algo que às vezes causa o riso por conta de algumas escolhas engraçadinhas em sua montagem, como a de limar os diálogos. Há também intervenções no material original. Na mais hilária delas, Rock Hudson e Susan Saint James contracenam juntos em uma cena do seriado setentista “McMillan & Wife” com uma tevê transmitindo um clipe da boy band “‘N Sync”.
Por parecer mais uma colagem do que necessariamente a (re)construção de todo um filme, o resultado pode soar cansativo em alguns momentos. Felizmente, Maddin ao menos está em sua versão mais branda, com uma metragem que totaliza um pouco mais de uma hora. Além do mais, vale a pena dar essa única chance de assistir “A Névoa Verde” na tela grande. Com evidente violação de direitos autorais, certamente não passaria no circuito comercial.
+ www.goo.gl/ZRUK4Y
+ Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
Almofada de Alfinetes
3.5 5A tonalidade obscura para esse roteiro também escrito por Haywood se manifesta com uma reação de Lyn quando a vemos ser ridicularizada pela aparência pela primeira vez: se não fosse a intervenção da filha, ela teria serrado toda a deformidade de sua coluna com uma serra.
Trata-se da primeira amostra oferecida por “Almofada de Alfinetes” (um título que parece aludir a indivíduos doces e bem-intencionados feridos por outros essencialmente espinhosos e perversos) para preparar o espectador para as consequências devastadoras provocadas no bullying praticando tanto por jovens quando por adultos. Mesmo numa roupagem ingênua, a inocência pode ser profanada, alerta Haywood.
+ www.goo.gl/rQQ4RH
+ Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista Agora"Some people claim that the atrocities we commit in our fiction are those inner desires, which we cannot commit, in our controlled civilization. So they are expressed instead through our art. I don’t agree. I believe heaven and hell are one and the same. The soul belongs to heaven and the body to hell."
Meu comentário sobre "A Casa Que Jack Construiu" no YouTube: www.youtube.com/watch?v=zI9L5dzOVu0&feature=youtu.be
O Rosto
3.4 11Malgorzata Szumowska gerencia as suas intenções com uma clareza duvidosa. Talvez a principal delas seja avaliar, com certa chacota, as posturas de indivíduos quando um conhecido passa a ser tratado como uma criatura de outro mundo.
+ www.goo.gl/ppGX41
+ Cobertura da 42ª Mostra: www.goo.gl/V1xNJr