Comédia adultescente emaconhada: um novo gênero? Se sim, "Madrugada Muito Louca" seria seu primeiro clássico. Primeiramente pela escolha dos protagonistas, representantes de tipos bastante estereotipados na maioria dos filmes cômicos. E subverte alguns clichês a eles associados (a predileção de indianos por medicina, a de asiáticos por ciências exatas) de forma cômica e, por que não, crítica. Além disso, traz uma série de incidentes deliciosamente absurdos na trajetória de dois amigos em busca do lanche perfeito. Usando a dose exata de escatologia e outras formas de humor, "Madrugada Muito Louca" é uma comédia genuinamente engraçada e, em certos momentos, dotada de uma insuspeita simpatia. Para quem já passou dos vinte anos, difícil não se identificar com Harold ou Kumar, seja nas dúvidas sobre o rumo a seguir na vida, seja pela vontade de mitigá-las por meio da diversão descompromissada, lúcida ou não. Para olhares mais atentos, é bem mais do que uma comédia descerebrada. Ainda mais se considerarmos que o diretor é o mesmo do anêmico "Cara, Cadê Meu Carro?". Uma evolução e tanto.
Para não dizer que é um filme totalmente inócuo, há, em alguns momentos, aquela impressão nostálgica do tempo em que os filmes da "Sessão da Tarde" eram assistíveis. Mas passa rápido. Apesar dos bons atores mirins, é um filme esquecível.
Estreia razoável na direção de George Clooney. Sam Rockwell é o grande motivo para se assistir a este filme. História curiosa, pouco importando se baseada em fatos ou não. Não vai revolucionar o cinema, mas...
Ivan Reitman foi abduzido por alienígenas. Seria uma ótima desculpa para esta perda de tempo disfarçada de filme. Uma comédia que tem o dom de saber irritar o espectador. Ainda mais pelo desperdício do talento da ótima Julianne Moore. Nada aqui funciona, exceto a imagem do cartaz, a única prova de inteligência relacionada a este filme. Lamentável.
Pressão dos produtores? Falta de inspiração dos roteiristas ou mesmo do diretor? O certo é que, apesar de dirigido por Christopher Guest, "A Grande Comédia" é um filme anêmico, por vezes difícil de assistir, de tão enfadonho. Daqueles filmes que, com um pouco mais de empenho e um roteiro mais bem ajustado, poderiam valer a pena.
Um tanto irregular, se comparado a outras obras de Christopher Guest e seu sólido grupo de colaboradores. Fugindo levemente do típico mockumentary, o roteiro se vale da hipotética indicação de um dos intérpretes de um dramalhão ao Oscar para falar do vazio por trás dessa insana busca por prêmios e reconhecimento artístico. Em particular, é impiedoso com programas de entretenimento onde o cinema é mero pretexto (Canal E!, alô!). A irregularidade no roteiro se reflete nas atuações. Alguns brilham em absoluto. Outros ficam na média. E, em especial, Catherine O'Hara encarna com coragem o desafio de interpretar uma atriz de meia-idade, até então mais interessada em atuar de forma convincente, se deixar levar pelos artifícios usados por muitas atrizes de sua faixa etária para sustentarem suas carreiras. Resta saber se este filme indicará o rumo dos próximos trabalhos de Christopher Guest (este é o seu mais recente trabalho a que assisti) ou se voltará ao mockumentary de sempre.
Impressionante saber que houve, em plena década de 40, a ousada iniciativa de se fazer espetáculos de teatro musical com mulheres nuas, dentro do que a época permitia. Considerando a II Guerra Mundial, com seus bombardeios e demais formas de ataque, a coragem dessa iniciativa é ainda mais notável. Stephen Frears, se não produziu uma obra-prima, ao menos conseguiu realizar um filme simpático, bem conduzido pelos ótimos atores, encabeçados por Judi Dench e Bob Hoskins. Vale espiar.
Já se disse que este filme é o "Spinal Tap" da música folk, inclusive por dividirem atores e roteiristas em comum. Contudo, "A Mighty Wind" é mais simpático e leve, não apenas por conta do gênero musical que homenageia/esculhamba. A maturidade do grupo de Christopher Guest, somada ao seu forte entrosamento, faz deste filme algo mais do que um mero entretenimento. E as canções originais, aproveitando vários clichês da música folk americana, são encantadoras. Em especial "A Kiss At The End of The Rainbow", dueto de Eugene Levy e Catherine O'Hara, que chegou a ser indicada ao Oscar, não levando o prêmio. Pior para o Oscar e suas xaropadas. "A Mighty Wind" é maior que isso tudo.
Uma comédia típica de Christopher Guest, com seus colaboradores habituais, sempre acima da média. Difícil destacar algum desempenho, tamanha a uniformidade das atuações. Perfeitamente assistível.
Na primeira vez em que assisti a este filme, pareceu-me uma comédia ácida a tratar do espírito de competitividade tão típico dos EUA. Genial a escalação de Matthew Broderick, o eterno Ferris Buller, para o papel de um professor careta que encontra numa estudante e arrivista política o seu nêmesis. Visto recentemente, porém, algo neste filme envelheceu. Talvez o embate entre o professor e a aluna soe um tanto esquemático para mim. E os demais personagens, esmaecidos. Exceto pela memorável Jessica Campbell (Tammy Metzler). Sua presença no filme é um achado, tanto por representar o nilismo político de uma boa parcela da juventude, seja americana ou de qualquer outro país, quanto por sua sagacidade em busca dos seus objetivos. Em suma, "Eleição" é um filme inteligente. Porém, conforme acontece com as pessoas, isso não é o bastante para que seja atraente.
Podem pegar aquela frase que diziam sobre os filmes medianos do Woody Allen e passá-la para Paul Thomas Anderson. Este filme, embora não seja o melhor que ele pode fazer, ainda fica acima da média do cinema atual. E o risco aqui corrido foi enorme. Fazer uma comédia romântica com Adam Sandler no papel principal? Muitos torceram o nariz sem nem mesmo terem assistido ao filme. O fato é que Sandler, em "Embriagado de Amor", é mais convincente do que jamais foi em qualquer outro filme (salvo em "Afinado no Amor", sua comédia mais assistível). Contar com a excelente Emily Watson interpretando a mulher dos seus sonhos foi uma escolha acertadíssima. E é patente a simpatia de PTA pela trajetória de um homem que busca superar a educação sufocante legada por suas várias irmãs e encontrar o tal amor que muita gente morre sem ter conhecido. Na verdade, penso que o diretor, junto a esse encanto, aliou alguma subversão a um gênero tão batido, adicionando elementos originais. Quem se alimenta cinematograficamente com porcarias estreladas por Julia Roberts e Sarah Jessica Parker poderá não digerir de primeira "Embriagado de Amor". Mas vale o esforço. Muito.
Ótima premissa, direção razoável, bons atores... por que, apesar de tudo isso, este filme não consegue ser dos mais empolgantes? Talvez tudo pareça redondo demais, ou haja reviravoltas demais. Ou era para ser assim mesmo? Enquanto não surge uma versão do diretor, "O Suspeito da Rua Arlington" fica na média, e olhe lá.
Apesar da hegemonia da animação digital em longa-metragem, ainda há quem aposte na animação por meios mais tradicionais. Mantendo a competência de sempre, tanto na série "Wallace e Gromit" (recomendo o episódio do pinguim) quanto em "A Fuga das Galinhas", temos este movimentado e divertido "A Batalha dos Vegetais". Periga dos pais gostarem do filme mais até do que os filhos.
Até hoje, quando topo com alguma criatura que tenha aversão ao cinema de Woody Allen sem ter visto um só dos seus filmes, posso dizer: "Veja 'A Rosa Púrpura do Cairo' e depois a gente conversa". Difícil não gostar dessa comédia onde a metalinguagem cinematográfica não serve de mera muleta narrativa. Este filme funciona em praticamente tudo. E em comparação com os recentes filmes do turista de ocasião Woody Allen, "A Rosa..." fica ainda mais grandioso. A ver. Mesmo.
Pela sua meia hora inicial, "Chumbo Grosso" (que título nacional odioso!) perigava ser apenas uma paródia aos filmes de ação. Melhor do que a média dos filmes-paródia, mas não muito além disso. Porém, em vez de se acomodar em referências pop e abusar do contraste cômico entre um competentíssimo policial e seus colegas ineptos, o roteiro toma rumos incrivelmente bem urdidos, os quais não anteciparei para que tenham a mesma grata surpresa que tive ao assistir esta que, ressalto, não é uma mera comédia. É bem mais que isso, sem a pretensão vazia de certos cineastas injustamente louvados pelos cinéfilos atualmente. Há muito tempo eu não assistia a um filme que conseguisse aliar diversos gêneros sem perder a linha nem o ritmo. E para os que torceram o nariz ao ver a capa desse filme por aí, só lamento.
Embora tenda, vez ou outra, a parecer-se com um filme-coral (no mau sentido), "Na Época do Ragtime" cumpre as expectativas de mostrar um painel humanista dos Estados Unidos em um tempo em que, já consolidados enquanto nação, ainda não se livrara de certos hábitos vergonhosos, retratados em especial pela trajetória de Coalhouse Walker Jr. (Howard E. Rollins Jr., precocemente falecido), cuja cor não apenas o impede de ser reconhecido por suas qualidades artísticas, mas também lhe causa males ainda maiores. Destaque também para Mandy Patinkin, fantástico na cena em que expulsa a mulher de casa, em meio a uma multidão de curiosos. Notório também por mostrar dois ícones da antiga Hollywood, James Cagney e Pat O'Brien, no crepúsculo de suas carreiras e vidas, "Na Época do Ragtime" conta com uma excelente trilha sonora composta por Randy Newman (alguns dos temas, vários de vocês reconhecerão por terem sido usados no seriado "Chaves"!), homenageando o ritmo que dá nome tanto ao filme quanto ao livro no qual se baseou. Um filme bem realizado e interpretado, a ser mais visto.
Na época, pode ter chamado alguma atenção por mostrar Robin Williams atuando de forma contida em um personagem obsessivo. Pena que ele viesse a se acomodar também nesse tipo. De resto, "Retratos de uma Obsessão" é um tanto anêmico, embora as interpretações sejam corretas. Difícil não se sentir frustrado logo que chegam os créditos.
Religião se discute, sim. E como! Ainda mais com equilíbrio e humor. Em vez de partir para a virulência oca e hipócrita dum Michael Moore, Larry Charles demonstra quão salutar é a liberdade de expressão quando se é usada a contento. Contar com o apresentador e humorista Bill Maher conduzindo a narrativa é outro acerto. A reparar apenas alguns momentos em que o filme flerta com o extremismo à la Richard Dawkins. No mais, é elogiável o modo como questiona certos hábitos religiosos, mostrando o quanto são incoerentes. "Religulous" deveria ser obrigatório nas escolas, antes que passemos a viver numa teocracia. Ou já estamos perdidos?
Nada contra filmes chororô. Ainda mais com um elenco tão afinado. Porém, em termos de cinema, pouca coisa sobra além de alguns bons diálogos e a famigerada canção-tema de Carly Simon, "Coming Around Again", favorita das madrugadas das rádios.
Um dos mais originais filmes noir, senão o mais insólito. Só por apresentar um detetive que se apaixona pelo retrato de uma mulher, digamos, morta, já mereceria atenção. O resto é pura excelência cinematográfica.
Um filme reflexivo não precisa ser arrastado. Suspense não precisa ser apenas um meio para entreter. E ter dirigido um sucesso de bilheteria arrasador e praticamente inesperado é a melhor credencial para um cineasta obter liberdade de criação. Eis algumas lições depreendidas de "A Conversação".
Eis um Stephen Frears a merecer atenção. Gângsteres ingleses na Espanha, traição, vingança: elementos que poderiam fazer deste filme algo muito banal. Felizmente, a ambientação tensa, combinando com a trilha sonora de Paco de Lucia e a desempenhos estupendos do trio principal, justifica a atenção do espectador.
Madrugada Muito Louca
3.2 244Comédia adultescente emaconhada: um novo gênero?
Se sim, "Madrugada Muito Louca" seria seu primeiro clássico.
Primeiramente pela escolha dos protagonistas, representantes de tipos bastante estereotipados na maioria dos filmes cômicos.
E subverte alguns clichês a eles associados (a predileção de indianos por medicina, a de asiáticos por ciências exatas) de forma cômica e, por que não, crítica.
Além disso, traz uma série de incidentes deliciosamente absurdos na trajetória de dois amigos em busca do lanche perfeito.
Usando a dose exata de escatologia e outras formas de humor, "Madrugada Muito Louca" é uma comédia genuinamente engraçada e, em certos momentos, dotada de uma insuspeita simpatia.
Para quem já passou dos vinte anos, difícil não se identificar com Harold ou Kumar, seja nas dúvidas sobre o rumo a seguir na vida, seja pela vontade de mitigá-las por meio da diversão descompromissada, lúcida ou não.
Para olhares mais atentos, é bem mais do que uma comédia descerebrada. Ainda mais se considerarmos que o diretor é o mesmo do anêmico "Cara, Cadê Meu Carro?".
Uma evolução e tanto.
Menores Desacompanhados
3.1 133 Assista AgoraPara não dizer que é um filme totalmente inócuo, há, em alguns momentos, aquela impressão nostálgica do tempo em que os filmes da "Sessão da Tarde" eram assistíveis. Mas passa rápido. Apesar dos bons atores mirins, é um filme esquecível.
Confissões de uma Mente Perigosa
3.4 146 Assista AgoraEstreia razoável na direção de George Clooney.
Sam Rockwell é o grande motivo para se assistir a este filme.
História curiosa, pouco importando se baseada em fatos ou não.
Não vai revolucionar o cinema, mas...
Evolução
2.7 307 Assista AgoraIvan Reitman foi abduzido por alienígenas.
Seria uma ótima desculpa para esta perda de tempo disfarçada de filme.
Uma comédia que tem o dom de saber irritar o espectador.
Ainda mais pelo desperdício do talento da ótima Julianne Moore.
Nada aqui funciona, exceto a imagem do cartaz, a única prova de inteligência relacionada a este filme.
Lamentável.
A Grande Comédia
2.7 7 Assista AgoraPressão dos produtores? Falta de inspiração dos roteiristas ou mesmo do diretor?
O certo é que, apesar de dirigido por Christopher Guest, "A Grande Comédia" é um filme anêmico, por vezes difícil de assistir, de tão enfadonho.
Daqueles filmes que, com um pouco mais de empenho e um roteiro mais bem ajustado, poderiam valer a pena.
Por Trás das Câmeras
2.9 6Um tanto irregular, se comparado a outras obras de Christopher Guest e seu sólido grupo de colaboradores. Fugindo levemente do típico mockumentary, o roteiro se vale da hipotética indicação de um dos intérpretes de um dramalhão ao Oscar para falar do vazio por trás dessa insana busca por prêmios e reconhecimento artístico. Em particular, é impiedoso com programas de entretenimento onde o cinema é mero pretexto (Canal E!, alô!). A irregularidade no roteiro se reflete nas atuações. Alguns brilham em absoluto. Outros ficam na média. E, em especial, Catherine O'Hara encarna com coragem o desafio de interpretar uma atriz de meia-idade, até então mais interessada em atuar de forma convincente, se deixar levar pelos artifícios usados por muitas atrizes de sua faixa etária para sustentarem suas carreiras. Resta saber se este filme indicará o rumo dos próximos trabalhos de Christopher Guest (este é o seu mais recente trabalho a que assisti) ou se voltará ao mockumentary de sempre.
Sra. Henderson Apresenta
3.5 38Impressionante saber que houve, em plena década de 40, a ousada iniciativa de se fazer espetáculos de teatro musical com mulheres nuas, dentro do que a época permitia. Considerando a II Guerra Mundial, com seus bombardeios e demais formas de ataque, a coragem dessa iniciativa é ainda mais notável. Stephen Frears, se não produziu uma obra-prima, ao menos conseguiu realizar um filme simpático, bem conduzido pelos ótimos atores, encabeçados por Judi Dench e Bob Hoskins. Vale espiar.
Alta Frequência
3.9 389 Assista AgoraMais indicado para pessoas previamente interessadas em comunicação entre vivos e mortos, viagem no tempo, etc.
Atuações e direção apenas OK.
Os Grandes Músicos
3.5 7Já se disse que este filme é o "Spinal Tap" da música folk, inclusive por dividirem atores e roteiristas em comum. Contudo, "A Mighty Wind" é mais simpático e leve, não apenas por conta do gênero musical que homenageia/esculhamba. A maturidade do grupo de Christopher Guest, somada ao seu forte entrosamento, faz deste filme algo mais do que um mero entretenimento. E as canções originais, aproveitando vários clichês da música folk americana, são encantadoras. Em especial "A Kiss At The End of The Rainbow", dueto de Eugene Levy e Catherine O'Hara, que chegou a ser indicada ao Oscar, não levando o prêmio. Pior para o Oscar e suas xaropadas. "A Mighty Wind" é maior que isso tudo.
O Melhor do Show
3.0 14 Assista AgoraUma comédia típica de Christopher Guest, com seus colaboradores habituais, sempre acima da média. Difícil destacar algum desempenho, tamanha a uniformidade das atuações. Perfeitamente assistível.
Eleição
3.4 178 Assista AgoraNa primeira vez em que assisti a este filme, pareceu-me uma comédia ácida a tratar do espírito de competitividade tão típico dos EUA. Genial a escalação de Matthew Broderick, o eterno Ferris Buller, para o papel de um professor careta que encontra numa estudante e arrivista política o seu nêmesis.
Visto recentemente, porém, algo neste filme envelheceu. Talvez o embate entre o professor e a aluna soe um tanto esquemático para mim. E os demais personagens, esmaecidos.
Exceto pela memorável Jessica Campbell (Tammy Metzler). Sua presença no filme é um achado, tanto por representar o nilismo político de uma boa parcela da juventude, seja americana ou de qualquer outro país, quanto por sua sagacidade em busca dos seus objetivos.
Em suma, "Eleição" é um filme inteligente. Porém, conforme acontece com as pessoas, isso não é o bastante para que seja atraente.
Embriagado de Amor
3.6 479 Assista AgoraPodem pegar aquela frase que diziam sobre os filmes medianos do Woody Allen e passá-la para Paul Thomas Anderson. Este filme, embora não seja o melhor que ele pode fazer, ainda fica acima da média do cinema atual.
E o risco aqui corrido foi enorme. Fazer uma comédia romântica com Adam Sandler no papel principal? Muitos torceram o nariz sem nem mesmo terem assistido ao filme.
O fato é que Sandler, em "Embriagado de Amor", é mais convincente do que jamais foi em qualquer outro filme (salvo em "Afinado no Amor", sua comédia mais assistível). Contar com a excelente Emily Watson interpretando a mulher dos seus sonhos foi uma escolha acertadíssima. E é patente a simpatia de PTA pela trajetória de um homem que busca superar a educação sufocante legada por suas várias irmãs e encontrar o tal amor que muita gente morre sem ter conhecido. Na verdade, penso que o diretor, junto a esse encanto, aliou alguma subversão a um gênero tão batido, adicionando elementos originais. Quem se alimenta cinematograficamente com porcarias estreladas por Julia Roberts e Sarah Jessica Parker poderá não digerir de primeira "Embriagado de Amor". Mas vale o esforço. Muito.
O Suspeito da Rua Arlington
3.7 213Ótima premissa, direção razoável, bons atores... por que, apesar de tudo isso, este filme não consegue ser dos mais empolgantes?
Talvez tudo pareça redondo demais, ou haja reviravoltas demais.
Ou era para ser assim mesmo?
Enquanto não surge uma versão do diretor, "O Suspeito da Rua Arlington" fica na média, e olhe lá.
Wallace e Gromit: A Batalha dos Vegetais
3.4 199 Assista AgoraApesar da hegemonia da animação digital em longa-metragem, ainda há quem aposte na animação por meios mais tradicionais. Mantendo a competência de sempre, tanto na série "Wallace e Gromit" (recomendo o episódio do pinguim) quanto em "A Fuga das Galinhas", temos este movimentado e divertido "A Batalha dos Vegetais". Periga dos pais gostarem do filme mais até do que os filhos.
A Rosa Púrpura do Cairo
4.1 591 Assista AgoraAté hoje, quando topo com alguma criatura que tenha aversão ao cinema de Woody Allen sem ter visto um só dos seus filmes, posso dizer: "Veja 'A Rosa Púrpura do Cairo' e depois a gente conversa".
Difícil não gostar dessa comédia onde a metalinguagem cinematográfica não serve de mera muleta narrativa. Este filme funciona em praticamente tudo.
E em comparação com os recentes filmes do turista de ocasião Woody Allen, "A Rosa..." fica ainda mais grandioso.
A ver. Mesmo.
Chumbo Grosso
3.9 532 Assista AgoraPela sua meia hora inicial, "Chumbo Grosso" (que título nacional odioso!) perigava ser apenas uma paródia aos filmes de ação. Melhor do que a média dos filmes-paródia, mas não muito além disso. Porém, em vez de se acomodar em referências pop e abusar do contraste cômico entre um competentíssimo policial e seus colegas ineptos, o roteiro toma rumos incrivelmente bem urdidos, os quais não anteciparei para que tenham a mesma grata surpresa que tive ao assistir esta que, ressalto, não é uma mera comédia. É bem mais que isso, sem a pretensão vazia de certos cineastas injustamente louvados pelos cinéfilos atualmente. Há muito tempo eu não assistia a um filme que conseguisse aliar diversos gêneros sem perder a linha nem o ritmo. E para os que torceram o nariz ao ver a capa desse filme por aí, só lamento.
Na Época do Ragtime
3.8 34 Assista AgoraEmbora tenda, vez ou outra, a parecer-se com um filme-coral (no mau sentido), "Na Época do Ragtime" cumpre as expectativas de mostrar um painel humanista dos Estados Unidos em um tempo em que, já consolidados enquanto nação, ainda não se livrara de certos hábitos vergonhosos, retratados em especial pela trajetória de Coalhouse Walker Jr. (Howard E. Rollins Jr., precocemente falecido), cuja cor não apenas o impede de ser reconhecido por suas qualidades artísticas, mas também lhe causa males ainda maiores. Destaque também para Mandy Patinkin, fantástico na cena em que expulsa a mulher de casa, em meio a uma multidão de curiosos. Notório também por mostrar dois ícones da antiga Hollywood, James Cagney e Pat O'Brien, no crepúsculo de suas carreiras e vidas, "Na Época do Ragtime" conta com uma excelente trilha sonora composta por Randy Newman (alguns dos temas, vários de vocês reconhecerão por terem sido usados no seriado "Chaves"!), homenageando o ritmo que dá nome tanto ao filme quanto ao livro no qual se baseou. Um filme bem realizado e interpretado, a ser mais visto.
Retratos de uma Obsessão
3.3 212Na época, pode ter chamado alguma atenção por mostrar Robin Williams atuando de forma contida em um personagem obsessivo. Pena que ele viesse a se acomodar também nesse tipo. De resto, "Retratos de uma Obsessão" é um tanto anêmico, embora as interpretações sejam corretas. Difícil não se sentir frustrado logo que chegam os créditos.
Religulous
4.1 245Religião se discute, sim.
E como!
Ainda mais com equilíbrio e humor.
Em vez de partir para a virulência oca e hipócrita dum Michael Moore, Larry Charles demonstra quão salutar é a liberdade de expressão quando se é usada a contento. Contar com o apresentador e humorista Bill Maher conduzindo a narrativa é outro acerto. A reparar apenas alguns momentos em que o filme flerta com o extremismo à la Richard Dawkins. No mais, é elogiável o modo como questiona certos hábitos religiosos, mostrando o quanto são incoerentes.
"Religulous" deveria ser obrigatório nas escolas, antes que passemos a viver numa teocracia. Ou já estamos perdidos?
Laços de Ternura
3.9 247 Assista AgoraNada contra filmes chororô. Ainda mais com um elenco tão afinado. Porém, em termos de cinema, pouca coisa sobra além de alguns bons diálogos e a famigerada canção-tema de Carly Simon, "Coming Around Again", favorita das madrugadas das rádios.
Laura
4.1 132 Assista AgoraUm dos mais originais filmes noir, senão o mais insólito. Só por apresentar um detetive que se apaixona pelo retrato de uma mulher, digamos, morta, já mereceria atenção. O resto é pura excelência cinematográfica.
O Mercador de Almas
3.8 31Um filme acima da média, com desempenhos exagerados, exceto pelo eternamente cool Paul Newman. Não chega a ser clássico, mas tem seus méritos.
A Conversação
4.0 231 Assista AgoraUm filme reflexivo não precisa ser arrastado. Suspense não precisa ser apenas um meio para entreter. E ter dirigido um sucesso de bilheteria arrasador e praticamente inesperado é a melhor credencial para um cineasta obter liberdade de criação. Eis algumas lições depreendidas de "A Conversação".
O Traidor
3.6 20Eis um Stephen Frears a merecer atenção. Gângsteres ingleses na Espanha, traição, vingança: elementos que poderiam fazer deste filme algo muito banal. Felizmente, a ambientação tensa, combinando com a trilha sonora de Paco de Lucia e a desempenhos estupendos do trio principal, justifica a atenção do espectador.